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Garde Manger Professor Esp. Cláudio da Silva Júnior Professora Me. Queila Turchetto Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP S586g Silva Júnior, Cláudio Garde manger / Cláudio Silva Júnior, Queila Turchetto. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 120 p.: il. Color. 1. Gastronomia. 2. Culinária (pratos frios). 3. Cozinhas I. Turchetto, Queila. II. Centro Universitário UniFatecie. III. Núcleo de Educação a Distância. IV. Título. CDD : 23 ed. 641.013 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites Shutterstock, Pixabay, Freepik e Google. AUTORES Professor Esp. Cláudio da Silva Júnior ● Mestrando em Agroecologia (UEM); ● MBA em Gestão Empresarial (UniFatecie); ● Especialização em Didática e Tecnologia do Ensino Básico e Superior (UniFatecie); ● MBA em Gestão e Estratégia de Pessoas (UniFatecie); ● Especialista em Gastronomia e Cozinha Autoral pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul); ● Gastrónomo (Curso Superior em Tecnologia em Gastronomia) (UniCesumar); ● Docente do Curso Técnico de Gastronomia e Alta Cozinha – IGA (Instituto Gastronômico das Américas); ● Professor Formador EAD – UniFatecie; ● Docente do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia – UniFatecie; ● Coordenador do Curso Superior em Tecnologia em Gastronomia (nas modalidades: Presencial, Híbrido e EAD) – UniFatecie; ● Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria – UniFatecie; ● Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Processos Cervejeiro – UniFatecie; ● Coordenador do Eixo de Hospitalidade, Turismo e Lazer – UniFatecie. No mercado desde 2010, traz consigo uma longa bagagem e diversas parcerias de sucesso, nos mais diversos segmentos. Chef de Cozinha, Personal Chef, Consultor A&B, Pesquisador, ministra vários cursos compartilhando sobre valorização da produção local, KM 0, produtos orgânicos em feiras gastronômicas e cursos de Pós-graduação pelo Brasil. Estuda a ligação da cozinha empírica com a cozinha técnica, e resgata a culinária do seu estado, Paraná, mostrando ingredientes de origem, assim como seus preparos. Considerado um cozinheiro regional urbano, traz aquela cozinha de conforto demonstrada através de técnicas da alta gastronomia. Um defensor, ao usar 100% dos alimentos que trabalha, usa-se a expressão “De cabo a rabo” – ao usar o alimento por completo. Sua influência é a mistura étnica ocorrida na região Sul que resultou em uma culi- nária completamente diferente do resto do país, e ainda, conta com a presença da culinária indígena, sobretudo, as técnicas, raízes e grãos. Inovar. Essa é a palavra que caminha junto com Chef Cláudio Jr., trazendo as características do interior do estado do Paraná, para o mundo. Mostrar que sua culinária e cultura andam de mãos dadas. CURRICULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1305124107737825 Professora Me. Queila Turchetto ● Mestre em Tecnologias Limpas (Unicesumar); ● Bacharel em Nutrição (UniCesumar); ● Especialista em Fisiologia (Universidade Estadual de Maringá); ● Professor Formador EAD - UniCesumar. Ampla experiência como professor em ensino presencial desde 2008 e EAD desde de 2015, empresária no ramo da alimentação, nutrição e estética. Vasto atendimento em consultorias em Restaurante com enfoque em processo criativo em cardápios e gestão. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Olá querido aluno (a) seja bem vindo ao material de Garde Manger do curso de Gastronomia. Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo por estar adquirindo conhecimento, independente do seu futuro profissional dentro da cozinha, técnicas, receitas, ingredientes formam a base do processo criativo, por este motivo, abra sua mente e coração e esteja preparado para os conteúdos que serão abordados em nossa disciplina. Na Unidade I, vamos conhecer o histórico de Garde Manger e abordar os conceitos e definições da antiga cozinha fria, levando os estudos ao Garde Manger moderno e finali- zando com as características da cozinha fria moderna. Na Unidade II, apresentaremos os conceitos e definições importantes para o Garde Manger associando ao histórico do profissional e a setorização da cozinha, completando com as informações sobre os tipos de equipamentos e utensílios necessários na organiza- ção da praça fria. Já na Unidade III, determinaremos os conceitos e definições de molhos frios, sopas frias, vinagretes e óleos aromatizados corroborando aos estudos na composição de saladas, montagem de sanduíches e aos tipos de conservação de alimentos através do método clássico. E finalizamos este livro na Unidade IV, em que reforçamos os conceitos e definições de embutidos, patês, terrines, galantines e pâtés en croûte, rematando à base histórica e composições de queijos utilizando na cozinha de Garde, alcançando a composição e estrutu- ra dos aperitivos e hors d`oeuvre, perfazendo os tipos de apresentação de bufê e de pratos. Espero que este livro possa te ajudar a enriquecer em conteúdo, de instigar a cozi- nhar, testar novas receitas e abrir um novo mundo ou seria, uma nova praça, a da cozinha fria em sua trajetória, muito obrigada e até uma próxima. SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 O Garde Manger UNIDADE II ................................................................................................... 19 A Cozinha do Garde Manger UNIDADE III .................................................................................................. 37 Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos UNIDADE IV .................................................................................................. 87 O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações 3 Plano de Estudo: ● Histórico do Garde Manger; ● Conceitos e Definições da antiga cozinha fria; ● Campos de estudo no Garde Manger moderno; ● Características da Cozinha Fria Moderna. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar a história do Garde Manger; ● Compreenderos campos de estudo no Garde Manger moderno; ● Estabelecer a importância da cozinha fria moderna. UNIDADE I O Garde Manger Professor Esp. Cláudio da Silva Junior Professora Me. Queila Turchetto 4UNIDADE I O Garde Manger INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), nesta primeira unidade do material “A Cozinha de Garde Manger”, veremos a importância do setor e deste profissional de cozinha. Mas o que é Garde Manger ? É o profissional responsável pelas preparações (pratos) frias, saladas, molhos, hors d’oeuvres frios, decoração de buffets e pratos. Nesse sentido, o Garde Manger é classificado como a cozinha de preparações frias, de tal modo que os molhos, saladas, sanduíches frios, canapés frios, terrines e galantines, além da charcutaria (embutidos) façam parte deste setor, no qual o profissional responsável deve zelar pelo ambiente, equipamentos e utensílios utilizados nas produções, a fim de garantir a máxima qualidade e frescor dos alimentos. Nesta unidade, iniciaremos nosso conteúdo abordando conceitos históricos sobre o Garde Manger, iremos abranger nosso conhecimentos através da passagem pela cozinha fria antiga e iremos associar ao Garde Manger moderno finalizando nas características da cozinha fria moderna. 5UNIDADE I O Garde Manger 1. HISTÓRICO DO GARDE MANGER Iniciar falando de história é explanar a beleza da transformação do Garde em sua origem em uma atividade vibrante e estimulante, o termo “Garde Manger” originalmente foi usado para identificar um local fresco de armazenagem de alimentos como presuntos, linguiças, picles, queijo e pratos para banquetes, e, com o tempo passou a significar muito mais do que um local, mas, sim, uma área de cozinha que produzia alimentos ornamen- tados, com grande grau de excentricidade. Eram produzidas verdadeiras “esculturas” de comida, geralmente apresentadas em travessas ou espelhos. Verdadeiros mosaicos eram armados, graças ao estilo e facilidade de mão de obra e custo da época (nada apropriado para os tempos de hoje). A produção oriunda do Garde Manger era realmente apresentada em grande estilo, como se fosse uma exposição, com um caráter demasiadamente decorativo e nada prático, mesmo para os comensais da época. FIGURA 1 - EXEMPLO DE UMA COZINHA HISTÓRICA 6UNIDADE I O Garde Manger Porém, onde tudo começou? Evidências históricas relatam que os gregos já produ- ziam peixe salgado antes dos romanos. Escrituras de 63 a.C., detalham a importância de centros de salgamento de peixe na Espanha e a existência de produtores de sal na Crimea. O bacalhau é um exemplo de preparo de peixe salgado que manteve sua tradição culinária. As habilidades e os ingredientes para conservar os alimentos como sal, especiarias e açúcar eram considerados ingredientes de grande valor. A cidade de Roma Moderna tinha em sua disponibilidade grandes quantidades de sal, pois foi fundada perto de fontes, com isso, conforme sua expansão além terras, os romanos conquistaram ingredientes e levavam consigo suas especiarias e receitas específicas para conservar, tais como peixe, queijo e carnes. Conforme suas conquistas territoriais, os romanos levavam seus costumes alimentares e, claro, sempre existe uma troca. Os gauleses que viviam sobre a terra atual onde é a França, eram famosos pelo preparo de presunto e bacon defumados, e obviamente que esses produtos eram servidos em lendários banquetes em Roma. E após a queda do império romano, os nobres e a igreja mantiveram vivas por toda eternidade as tradições alimentares. SAIBA MAIS Podemos considerar que a história do bacon começa com a domesticação dos porcos. A origem do cultivo é datada na China em 4.900 a.C e também na Europa por volta de 1500 a.C, eles curavam barriga de porco com sal, criando uma forma inicial desse ingrediente. Especula-se que romanos e gregos aprenderam a produzir e curar bacon por meio de conquistas no Oriente Médio. Os romanos melhoraram a criação de porcos e espalha- ram a produção de suínos por todo o império. Para saber mais acesse: https://guiadohamburguer.com/bacon-day-conheca-a-historia-e-a-ascensao-do- -bacon-como-um-dos-ingredientes-mais-consumidos-do-mundo/. A partir das técnicas e dos preparos como presunto e queijos, o comércio começou a utilizar os ingredientes ao lado dos animais, empregados e até joias como forma de moeda na aquisição de outros produtos entre as cidades e estados. 7UNIDADE I O Garde Manger 2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA ANTIGA COZINHA FRIA Após a Revolução Francesa, os restaurantes tiveram uma grande procura e, na época, um chef francês, chamado Georges Auguste Escoffier, com seu conhecimento de cozinha e hotelaria, e, com o volume de produção elevado, contribuiu para a organização da cozinha em si, pois, para atender à alta demanda, foi necessário organizar e padronizar os processos, a fim de garantir qualidade. Para isso, Escoffier teve a brilhante ideia de ajustar o que o seu grande antecessor, Marie-Antoine Carême, já havia feito (1784 – 1833), cujo ajustou a forma de apresentação dos pratos e deixou o mais prático possível, além de organizar uma brigada de cozinha. Com base no sistema de produção em série (Fordismo), Escoffier criou a brigada de cozinha ou brigada de serviços, a fim de que os setores pudessem ser mais organizados e ágeis. Após a inserção da brigada de cozinha, percebemos o seu impacto até os dias de hoje, pois não se planeja um empreendimento sem pensar no cardápio, além da brigada de cozinha necessária para atender à demanda. FIGURA 2 - BRIGADA DE COZINHA 8UNIDADE I O Garde Manger O objetivo de Escoffier, na implementação da brigada de cozinha, foi guiado por vários motivos: ● organização e limpeza; ● otimização de insumos (menos desperdícios de alimentos); ● agilidade na produção; ● definição da função de cada cargo, com intenção de cada setor assumir as suas responsabilidades sem acumular funções e ou atividades; ● diminuição de tempo de cada turno de trabalho; ● organização na logística operacional. A seguir, vemos o planejamento e a organização de uma cozinha e como esta é fundamental para suas atividades. FIGURA 3 - COZINHA PLANEJADA E ORGANIZADA De tal modo, a inserção da brigada de cozinha contribuiu para o crescimento do empreendimento, pois os constantes atrasos de pedidos dos clientes e/ou desperdícios podem ter uma considerável diminuição nas vendas, o que reflete diretamente no setor financeiro e na imagem do estabelecimento. Portanto, possuir uma brigada de cozinha é fundamental para o sucesso do estabelecimento. Vale ressaltar que, de acordo com a tipologia do estabelecimento e porte (pequeno, médio ou grande), cada estabelecimento terá a sua brigada de cozinha por especificidade do empreendimento, isto é, terão seus setores (praças) específicos, de acordo com o cardápio ofertado. 9UNIDADE I O Garde Manger Na linguagem popular, praças dizem respeito a bancadas, em muitas vezes nos estabelecimentos, porém, independente disso, a proposta da brigada desenvolvida por Escoffier foi organizar sistematicamente a cozinha, a fim de ter produções mais ágeis, bem como possuir controle de qualidade. É importante ressaltar que a brigada de cozinha de um empreendimento gastronô- mico vai depender de alguns fatores, tais quais: ● tipologia do empreendimento; ● tipo de cardápio; ● tipo de serviço oferecido; ● estrutura física e funcional do estabelecimento; ● perfil do público a ser atingido; ● horário de funcionamento; ● quantidade de funcionários; ● equipamentos e utensílios disponíveis. Neste viés, após a análise desses aspectos, é possível delinear uma brigada de cozinha. Vale ressaltar que, após a sua setorização, foram trazidos vários benefícios aos gestores e proprietários de estabelecimentos de alimentos e bebidas, sendo o principal, o controle de produção que está ligado diretamente ao estoque, compras e custos. Sendo as- sim, independente do seu segmento, delegar e setorizar permitirá mais tempopara o chefe de cozinha ser criativo e auxiliar nesses controles, e o resultado final é uma rentabilidade melhor ao final de cada período (mês). REFLITA Como no setor de Garde Manger, a decoração dos buffets frios é de responsabilidade deste profissional, para poder incrementar o charme da apresentação, existe um curso, chamado Carving Fruits, no qual são apreendidas várias técnicas para esculpir em fru- tas e legumes. Para tanto, existe a necessidade de investir em boas facas e deixá-las afiadas para chegar a um acabamento perfeito. Em Cruzeiros Marítimos, existe uma equipe de profissionais para fazer somente as esculturas em frutas, legumes e gelos. Fonte: WILLIAM. A hierarquia das brigadas de cozinha. Chit Chat, 2010. Disponível em: https://chitchatba- bel.wordpress.com/2010/02/11/a-hierarquia-das-brigadas-de-cozinha/. Acesso em: 10 out. 2021. 10UNIDADE I O Garde Manger 3. CAMPOS DE ESTUDO NO GARDE MANGER MODERNO Como visto na introdução deste livro, o termo Garde Manger, de origem francesa, sig- nifica “guarda comida”, isto é, diz respeito ao profissional responsável por estocar os alimen- tos em locais frios, a fim de prolongar a “sua vida útil”, ou seja, aumentar a durabilidade dos alimentos. Então, o profissional responsável pela cozinha fria é denominado Garde Manger. FIGURA 4 - SALADA GREGA O profissional moderno desse setor deve estar focado nas preparações frias, por- tanto, são diversas as responsabilidades do chef de Garde Manger. Dentre as diversas preparações, temos: 11UNIDADE I O Garde Manger ● Molhos frios: podem ser emulsionados, como o vinagrete, maionese, queijos, coulis, etc.; ● Sopas frias: uma das mais clássicas é a espanhola, Gaspacho, à base de pepino, tomate e azeite; ● Saladas (desde as mais simples para as mais complexas, que levam mix de folhas, frutas e molhos agridoces); ● Entradas frias: canapés, patês e antepastos; ● Terrines, galantines e roulades; ● Conservas: curas, defumadas e salmouras; ● Decorações para os pratos e buffets (as decorações, normalmente, mais utiliza das em buffets são as de frutas e/ou gelo; vai depender da disponibilidade de alimentos). Dependendo da tipologia do estabelecimento, o Garde Manger poderá ser res- ponsável pelas produções de sanduíches, tábuas de frios (queijos e embutidos) e azeites aromatizados. Tudo vai depender da estrutura física e funcional, além do cardápio do em- preendimento em questão. Além disso, outras atividades correlacionadas a este setor são: ● Preparo de queijos brancos: queijo tipo minas, coalhada e ricota; ● Molhos à base de queijos; ● Preparo de marinadas e temperos diversos; ● Higienizar e manter organizadas as câmaras frias e bancadas do setor; ● Abastecer, diariamente, a bancada da cozinha quente com os legumes, frutas e molhos frios, conforme orientação do chef de cozinha. FIGURA 5 - PREPARO NO SETOR DE GARDE MANGER 12UNIDADE I O Garde Manger Caso o restaurante não tenha espaço físico específico para o boucher (açougue), esse espaço físico pode ser compartilhado para tal, mas as bancadas, como em todos os setores, devem estar devidamente higienizadas, antes da manipulação dos alimentos, para não haver contaminação cruzada. Em estabelecimentos de grande porte, como grandes Hotéis e Resorts, o café da manhã e o buffet de almoço e jantar, bem como tudo o que fizer parte do cardápio de frutas, frios, embutidos e molhos frios, são de sua responsabilidade também. Existem hotéis que oferecem mais de 120 opções para os comensais deliciarem-se no café da manhã, e o buffet do almoço e jantar com mais de 60 opções. Portanto, ser organizado e planejado é fundamental para desempenhar as atividades diárias, a fim de executar tudo com qualida- des sanitárias e sensoriais, de acordo com o cardápio proposto. FIGURA 6 - BUFFET DE CAFÉ DA MANHÃ EM HOTEL DE MÉDIO PORTE É importante ressaltar que, o profissional que atuará no setor Garde Manger deve abranger o seu leque de conhecimentos técnicos, como os tipos de cocção, tipos de cortes de carnes, peixes e frutos do mar, pois, a qualquer momento, este pode ser chamado para cobrir folga ou férias em outro setor, devendo estar preparado para o imprevisto. Neste sentido, como em qualquer profissão, devemos estar sempre atentos às tendências, pois, por mais distante que esteja do Brasil, mas sendo na gastronomia, cujo em pouco tempo se propaga, são diversos os canais de propagação existentes. Portanto, quem estiver preparado terá muito mais facilidade de assimilar e/ou introduzir novidades em seu cardápio ou em seu empreendimento. Para superar as expectativas de seus clientes, você sempre deverá estar à frente de seus concorrentes. 13UNIDADE I O Garde Manger SAIBA MAIS Leia este artigo que trata dos impactos das tendências de alimentos no Brasil e os no- vos hábitos de consumo dos clientes, além de como a indústria da alimentação está delineando os processos das estratégias da inovação por meio do perfil do consumidor: http://www.brasilfoodtrends.com.br/docs/tendencias_alimentacao.pdf. http://www.brasilfoodtrends.com.br/docs/tendencias_alimentacao.pdf http://www.brasilfoodtrends.com.br/docs/tendencias_alimentacao.pdf 14UNIDADE I O Garde Manger 4. CARACTERÍSTICAS DA COZINHA FRIA MODERNA Atualmente, o setor de “Garde Manger” foi adaptado ao restaurante, porém man- teve-se as tradições culinárias para o preparo de diversos alimentos frios e processados. O setor de “Garde Manger” contemporâneo refere-se a itens que se diferenciam dentro da cozinha profissional, em algumas cozinhas com conceitos mais clássicos mantém o local com as produções padrões que mantendo as tradições culinárias, outros o tornaram local de destaque em seus restaurantes. Podemos observar atualmente, como a cozinha fria tem ganhado destaque e isso deve-se ao perfil de cuidado dos detalhes desde a apresentação, cores, sabores e harmo- nização. Nos dias de hoje costumamos ver os preparos de Garde abrilhantado grandes eventos como festas de casamentos e itens de preparos de grandes pratos que trouxeram as técnicas “antigas” como elementos principais do processo criativo. 15UNIDADE I O Garde Manger FIGURA 7 - GALANTINE DE PATO EXEMPLIFICADO EM ESFERAS Hoje, os preparos de Garde tem abrilhantado os pratos em Delicatessens, charcu- tarias e empórios, além de ser base para criação de um negócio em que já se fornece ao consumidor local ou para restaurantes os preparos. 16UNIDADE I O Garde Manger CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro aluno (a), chegamos ao final da nossa primeira unidade do livro de Garde Manger. Podemos concluir que, até aqui estamos adentrando a um mundo novo, recheado de história que se torna base para os conhecimentos para o profissional de cozinha. Nesta unidade, compreendemos onde surgiu o setor de Garde Manger que até hoje nos apresenta técnicas e receitas fantásticas para serem utilizadas na cozinha moderna, associamos ao nosso conhecimento as características da cozinha fria antiga a cozinha moderna e ao profissional atual. Agora que você já conhece de onde tudo começou e no qual está atualmente o setor de Garde, podemos começar nossos estudos nos conceitos importantes relacionados a Garde, tais como as características necessárias do profissional. Por fim, compreender como deve ser proposta a estrutura física e funcional, além dos equipamentos e utensílios necessários para a produção das receitas. 17UNIDADE I O Garde Manger LEITURA COMPLEMENTAR Bacalhau, o peixe que mudou o mundo Por João Lara Mesquita Bacalhau, o peixe está em perigo há pelo menos 650 anos. “A história da pesca do bacalhau pelos portugueses’’ é pela primeira vez referenciada em 1353, quando D. Pedro I e Edward II da Inglaterra estabelecem um acordo para pescadores de Lisboa e do Porto poderem pescar o bacalhau nas costas da Inglaterra por 50 anos”. Mas, se seguirmos a história da pesca do bacalhau através dos séculos, apren- deremosmuito sobre a história de vários povos navegadores. Não foram poucos os que se fizeram ao mar, desde a Idade Média, atrás de seus grandes cardumes. Neste trajeto, foram escritas algumas das mais bonitas epopeias náuticas. 1353: portugueses fazem acordo sobre pesca de bacalhau. Necessidade sugere sobrepesca desde séc. XIV “A necessidade de estabelecer um acordo indica que esta ativi- dade já se realizava em anos anteriores, e em tal quantidade, que justificava a necessidade de a enquadrar nas relações entre os dois reinos”. Bacalhau: ‘o fim de uma farra de mil anos de pesca’ A frase ‘o fim de uma farra de mil anos de pesca’ está no delicioso livro ‘Bacalhau – A história do peixe que mudou o mundo”, de Mark Kurlansky, disponível no Brasil em edição da Nova Fronteira. Fonte: MESQUITA, J. L. Bacalhau, o peixe que mudou o mundo. Mar sem fim, 2017. Disponível em: https://marsemfim.com.br/bacalhau-o-peixe-que-mudou-o-mundo/. Acesso em: 10 set.2021. 18UNIDADE I O Garde Manger MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Cozinhas Profissionais Autor: Renata Zambom Monteiro. Editora: Senac-SP. Sinopse: Da celebração do convívio social em banquetes, na An- tiguidade, à oferta de refeições em albergues, séculos mais tarde, e em hotéis e restaurantes, na era Contemporânea, a história dos serviços de alimentação percorreu várias etapas de evolução. Cozinhas profissionais historiam esse processo, ilustrando a evolução desse segmento, e discute sua constituição hoje, discor- rendo sobre as necessidades inerentes ao projeto e à operação de diferentes tipos de cozinhas profissionais. FILME / VÍDEO Título: Pegando Fogo Ano: 2015. Sinopse: O chefe de cozinha Adam Jones (Bradley Cooper) já foi um dos mais respeitados em Paris, mas o envolvimento com álcool e drogas fez com que sua carreira fosse ladeira abaixo. Após um período de isolamento em Nova Orleans, ele parte para Londres disposto a recomeçar a carreira e conquistar a sonhada terceira estrela no badalado guia Michelin de restaurantes. Para tanto ele conta com a ajuda de Tony (Daniel Brühl), que gerencia um restaurante na capital britânica, e recruta uma equipe de velhos conhecidos. 19 Plano de Estudo: ● Conceitos e Definições importantes para o Garde Manger; ● Breve histórico do profissional e o setor de cozinha de Garde; ● Tipos de equipamentos, utensílios e organização da cozinha de Garde. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar parâmetros importantes abordados na cozinha de Garde Manger; ● Compreender os tipos de utensílios e equipamentos necessários para uma cozinha organizada; ● Estabelecer a importância do profissional atual para a cozinha de Garde. UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger Professor Esp. Cláudio da Silva Junior Professora Me. Queila Turchetto 20UNIDADE I O Garde Manger 20UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger INTRODUÇÃO Olá, caro aluno (a), iniciamos nossa segunda unidade do livro de Garde Manger. Quero lembrá-los da importância de se profissionalizar, estudar, treinar e praticar muito, quando se trata de campos especificos na gastronomia, e é imprescindível que este setor seja sua especialidade. Costumo dizer que o chef de cozinha quente não é bom em preparo de sobremesas, existem exceções, claro, mas o perfil metódico da confeitaria não combina muito com o dinamismo do chefe de cozinha quente, e o profissional de garde? Este é um profissional particular que necessita de prática, um misto do clássico e no campo atual um pouco de ousadia, pois sabemos que “velho” - “clássico” está voltando de forma moderna e isto inclui diversas técnicas abordadas na Cozinha de Garde. Nesta unidade, iremos abordar os conceitos básicos e mais importantes para o profissional, alinhando ao setor contemporâneo da praça e, iremos finalizar demonstrando como funciona o sistema organizacional de uma cozinha alinhando os equipamentos e utensílios necessários. Preparados? 21UNIDADE I O Garde Manger 21UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger 1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES IMPORTANTES PARA O GARDE MANGER O ato de comer é muito mais do que a simples satisfação de uma necessidade natural do ser humano. Assim, as entradas despertam o apetite e estimulam o interesse pelos pratos que seguirão em um evento, jantar ou restaurante que os comensais podem estar. Preparar entradas frias requer conhecimentos técnicos e muita criatividade, pois são necessárias escolhas bem assertivas para todas as ocasiões, desde um simples ou mais refinado petisco e/ou jantar com vários pratos (sequências). O prazer de cozinhar também estimula a cultura e o conhecimento, pois a gastrono- mia mundial possui heranças e costumes que remetem aos antepassados, os quais foram moldados ao longo dos séculos. Com a troca de experiências culinárias, surgiu a cozinha moderna dos nossos dias. O Garde Manger é o termo em francês que significa: garde = guardar e manger = comer. De forma genérica, este profissional é responsável, na brigada de cozinha, pelos alimentos fora do almoxarifado, no pré-preparo e conservação dos alimentos, sendo o mesmo especialista em comidas frias. Este especialista em cozinha fria teve o seu início na pré-revolução francesa, pois necessitava-se de comida em estoque, além de ser para a sua restauração, sendo dotado de poder, saúde e prestígio. Assim, as atividades sob sua responsabilidade diziam respeito a porcionar salgados curados e defumados durante o outono, para estes serem armaze- nados durante o inverno, a fim de terem alimentos suficientes nesta época do ano, na qual diminuía-se a oferta de alimentos frescos. 22UNIDADE I O Garde Manger 22UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger Após o movimento da Nouvelle Cuisine, na década de 1970, em reação à cozinha tradicional, existiu a influência de chefs como Paul Bocuse, em que a comida deve ser ela- borada em pouco tempo, com molhos mais leves e porções menores, além de apresentada de forma requintada e decorativa. Assim, após esse movimento, o profissional de Garde Manger é amplamente requisitado em restaurantes, pois, as decorações e a finalização dos pratos são de sua responsabilidade. Este movimento Nouvelle Cuisine também influenciou o Garde Manger, pois as produções de canapés, com a inserção dos finger foods (petiscos), exigiram, do profissio- nal, atualização e seguimento da tendência que veio para eternizar. FIGURA 1 - PINTXOS: PETISCOS COMPARTILHADOS SERVIDOS NA ESPANHA (SAN SEBASTIAN) Portanto, nas produções de Garde Manger, existem muitos aspectos a serem ob- servados para o sucesso do resultado final. Não importa se os pratos são frios ou quentes, estes precisam ter um bom sabor, quase precioso, pois, normalmente, diz respeito ao início das refeições. Surpreender os clientes é fundamental, e o visual do prato deve ser minima- lista, para conquistar os comensais pelos olhos e, depois, pelo sabor. SAIBA MAIS Leia este artigo, o qual retrata o profissional de Garde Manger do século XXI, além de suas principais atribuições, bem como as principais preparações (mise en place), que são executadas no dia a dia. Para saber mais acesse: https://www20.opovo.com.br/app/colunas/gastronomia/2012/09/15/noticiasgas- tronomia,2918731/o-guarda-comidas.shtml. 23UNIDADE I O Garde Manger 23UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger SAIBA MAIS Qual impacto a apresentação do prato e/ou buffet tem sobre os clientes? São vários os impactos que se pode ter, tanto positivamente quanto negativamente, mas a apre- sentação dos pratos deve ser muito bem pensada e planejada, pois o uso de cores dos alimentos disponíveis pode e deve despertar, nos comensais, o desejo de realização de experiências gastronômicas. Ademais, as cores contribuem com determinadas vi- taminas e/ou compostos químicos que auxiliam em uma alimentação mais funcional e saudável. Para mais informações, acesse o link disponível em: https://www.jasmineali- mentos.com/alimentacao/alimentos-coloridos/. Hoje, o Garde Manger estádiretamente ligado a uma produção que visa não só a cria- ção de pratos com critérios decorativos e bem montados, mas também a otimização de custos e mão de obra. Como ênfase, temos: SABOR e APRESENTAÇÃO. Pratos saborosos devem, por obrigação, ser bonitos. Baseado nestes conceitos, o Garde Manger tem como regra e obrigação alguns critérios de trabalho: ● Independentemente do prato a ser preparado, a filosofia indica que ele deve ser BOM; ● Ao preparar coquetéis, aperitivos e buffet frio, a primeira impressão é a aparência visual; ● Evitar manipular e decorar demasiadamente os pratos; ● As cores devem ser suaves, compatíveis e naturais. Diferenças drásticas de cor não são mais aceitas (circo); ● As porções devem ser pequenas e a decoração deve ter somente o caráter de realçar o prato, e não ser o foco principal; ● Deve-se criar um equilíbrio entre a simplicidade e a elegância, aparência e sabor, fazen- do um design que contenha um fluxo natural; ● Nas produções quentes, o aroma é quem convida a pessoa a querer comer aquele pra- to. Nas comidas frias, é a aparência. Portanto, a relação entre sabor e apresentação é estreita e obrigatória. 24UNIDADE I O Garde Manger 24UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger 2. BREVE HISTÓRICO DO PROFISSIONAL E O SETOR DE COZINHA DE GARDE No setor gastronômico atual, a função do Garde Manger mantém as características obtidas nas tradições culinárias, porém, incluiu aos preparos de uma variedade de alimento processados e frios a produção de aperitivos, hors-d ́oeuvre, saladas, sanduíches, sopas frias e os condimentos que acompanham. Além do serviço à la carte, hoje apresenta-se em banquetes, recepções, bufês e serviços de catering. Costumo dizer que a gastronomia é como um grande leque de setores, para cada es- pecialidade exige tempo de estudo na teoria e na prática. No setor de Garde Manger o domínio no preparo de patês, terrines, linguiças e queijos frescos manteve-se no setor e é comum que o profissional que se especializa-se nesta área inicia-se como aprendiz, ou commis. Houve nos últimos anos, um resgate das tradições culinárias, devido alguns movimentos na alta gastronomia, voltando a produção dos queijos artesanais, presuntos, linguiças e até terrines sendo servidos na alta gastronomia, assim evidenciando o setor e o trazendo para a modernidade. 25UNIDADE I O Garde Manger 25UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger FIGURA 2 - TERRINE DE GANSO, PURÊ DE PISTACHE ASSADO COM ASPARGOS SERVIDOS EM UM MOLHO DE LARANJA E ANIS Atualmente, as áreas de atuação do profissional de Garde se encontram em hotéis e clubes particulares que possuem a finalidade de oferecer menu à la carte. É comum neste perfil de serviço a elaboração de pratos de saladas e entradas frias, em alguns lugares o setor de garde pode ser denominado de dispensa, praça de salada ou área fria. Inicialmente, o trabalho na cozinha de garde inclui limpar e cortar ingredientes, preparar vinagretes e manteigas aromatizadas e o mercado de trabalho já concluiu que apenas a educação formal não prepara um profissional de excelência. O segredo está na prática, por isso inicialmente é preciso perguntar, escutar conselhos, seguir receitas, testar e começar a criar uma base de conhecimentos colecionando livros, jornais, revistas, bem como reunindo contatos importantes e é claro usar a internet como fonte de pesquisa. Com o desenvolvimento avançado das suas habilidades, o profissional pode passar para posições de destaque e que exigem maior responsabilidade, podendo chegar à chefe executivo e tornando-se agora o professor, quem cria, registra receitas padrões e claro realiza todos os cálculos das produções. REFLITA Qualquer profissão envolve múltiplos aspectos, e a vocação gastronômica não foge à regra. O profissional da área gastronomia é um misto de artista, empresário, cientista e explorador cultural - ser um profissional de excelência é uma viagem que dura a vida toda. Fonte: A autora (2021). 26UNIDADE I O Garde Manger 26UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger Independente do trabalho do chef de Garde estar focado na cozinha fria, o profis- sional não deve limitar seus conhecimentos nas técnicas de garde, mas sim aplicar com perfeição outras técnicas de cozinha, como todos os métodos de cocção, tipos de cortes e preparos quentes. Assim concluímos que este profissional não possui uma função simples, pois se exige conhecimento técnico, postura profissional e vocação. 27UNIDADE I O Garde Manger 27UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger 3. TIPOS DE EQUIPAMENTOS, UTENSÍLIOS E ORGANIZAÇÃO DA COZINHA DE GARDE A organização do espaço físico de um restaurante gastronômico é a base de seu sucesso, pois está interligada aos valores de investimentos em equipamentos e utensílios que, por sua vez, estão no cardápio proposto, a fim de alinhar ao seu público-alvo. Portanto, a organização do espaço físico do setor de Garde Manger tem algumas peculiaridades, as quais estão ligadas à logística operacional da cozinha e do salão, sendo: quantos (as) colaboradores (as) irão trabalhar; a quantidade de alimentos manipulados; a quantidade de alimentos produzidos; como serão distribuídos esses alimentos ou como serão acondicio- nados (como serão estocados); e por quanto tempo serão estocados. Isto é, são diversos os fatores que devem ser analisados antes da compra de equipamentos e utensílios. Primeiro, é preciso planejar e organizar os espaços físicos disponíveis. 28UNIDADE I O Garde Manger 28UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger FIGURA 3 - BRIGADA DE COZINHA Fonte: Acervo Pessoal. Nesse sentido, o Garde Manger, como manipula os hortifrutis e distribui para outros setores (cozinhas), deve respeitar os fluxos operacionais, isto é, para que os colaboradores não fiquem cruzando várias vezes e deixando o ambiente tumultuado. O planejamento e organização dos espaços físicos devem estar de acordo com as normas da Vigilância Sanitária, lembrando que existem as Resoluções da Diretoria Colegiada da Anvisa - RDCs, nas quais se têm diversas informações e orientações sobre como devem estar os espaços físicos dos locais de manipulação, cuidados do manipulador, etc. Ademais, o setor de ali- mentos e bebidas tem, como norte, a RDC 216/2004: Este regulamento estabelece os procedimentos de Boas Práticas para ser- viços de alimentação, a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado. Aplica-se aos serviços de alimentação que realizam al- gumas das seguintes atividades: manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de alimentos preparados ao consumo (ANVISA, 2004, on-line). Neste sentido, o espaço físico do empreendimento, em si, deve estar todo ajustado, conforme as leis. Vale ressaltar que existem as Leis Municipais, cujo podem inserir mais adequações nos setores, portanto, antes de iniciar uma reforma ou construção, consulte o departamento de vigilância sanitária do seu município. Portanto, segundo Monteiro (2013), na hora em que for planejar uma cozinha para fins comerciais, é necessário estar atento aos seguintes detalhes: 29UNIDADE I O Garde Manger 29UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger ● pisos: devem ser de materiais antiderrapantes, impermeáveis e fáceis de lim- par, bem como ter ralos tipo grelha, a fim de escoar a água e, ao mesmo tempo, não permitir que insetos e roedores possam entrar por estes na cozinha; ● paredes: devem ser de materiais também impermeáveis, não porosos, para facilitar a higienização ao final do expediente; ● iluminação: as lâmpadas devem estar protegidas com uma capa de acrílico ou outro material, a fim de que elimine em uma possível contaminação física, de tal modo, se possível, dentro do projeto utilizar o máximo de luz natural, para que a cozinha fique clara e de fácil higienização; ● portas: devem estar equipadas com molas, para que se fechem sozinhas, tendo uma aberturapara que os funcionários possam enxergar uns aos outros e, assim, evitem acidentes. Ademais, é necessário que sejam revestidas de material (inox ou acrílico) na parte inferior, para que facilite a sua abertura com os pés, sendo de fácil higienização; ● tetos: devem ser de alvenaria e pintura que não acumule sujeira, como a tinta epóxi. Vale ressaltar que o pé direito (altura) contribui para manter a tempera- tura da cozinha mais agradável, portanto, fique atento a este detalhe, pois a temperatura ideal do setor de Garde Manger é de 22º C a 26º C; ● instalações e bancadas: de acordo com os tipos de equipamentos e seu modo de funcionamento, se são a gás, elétricos e que tipo de voltagem, entrada e saída de água, bem como sua ergonomia (altura de trabalho), que deve estar entre 85 cm a 95 cm de altura; ● coifas (sistema de exaustão): essa é a parte que mais incomoda no projeto de uma cozinha, pois são aqueles dutos de inox que transpassam os setores, a fim de “sugar” a fumaça e a gordura, auxiliando na manutenção da temperatura ideal da cozinha. Devem possuir grelhas de fácil acesso para a higienização. Existem modelos disponíveis em fornecedores que são autolimpantes, isto é, possuem um sistema integrado, com temporizador de funcionamento, aos quais, de tempo em tempo, liberem os produtos específicos para fazer a higienização. Veja, a seguir, uma imagem que representa um modelo de cozinha profissional. 30UNIDADE I O Garde Manger 30UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger FIGURA 4 - COZINHA PROFISSIONAL SAIBA MAIS Leia este artigo, que retrata sobre o que a Anvisa solicita de dados técnicos, que devem ter nos pisos e paredes nas cozinhas industriais, e os tipos de materiais mais utilizados nas cozinhas atuais.: https://a2tecnica.com.br/blog/o-que-diz-a-anvisa-sobre-o-piso-pa- ra-cozinha-industrial/. No setor de Garde Manger, o ideal é estar em um local à parte, separado, isto é, ter uma praça própria, a qual deve ser totalmente refrigerada, a fim de garantir a manipulação dos alimentos em uma temperatura segura. Normalmente, na parede frontal instalam-se vidros, a fim de que o chef possa ver o “time” de produção sem, necessariamente, ter de ficar perguntando a todo o tempo sobre como estão os processos operacionais. As portas devem, também, estar equipadas com molas, para que esta mantenha-se sempre fechada, bem como ter o visor para evitar acidentes. Atualmente, o Garde Manger está interligado com a cozinha e deve estar mais longe dos preparos quentes, sendo dividido ao menos com uma meia parede. Portanto, para ter uma produção eficiente, é preciso, primeiro, pensar no layout, com direcionamento para a proposta do estabelecimento, bem como o público-alvo a ser atendido, pois tornam-se mais assertivos os projetos de sua cozinha. 31UNIDADE I O Garde Manger 31UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger De tal modo, ao planejar o setor de Garde Manger, além de pensar no fluxo ope- racional de trabalho, deve-se estar atento ao mercado das tecnologias disponíveis, as técnicas que serão empregadas nas receitas e a viabilidade de retorno, para, assim, criar um filtro e chegar a um consenso criterioso, o qual possa eliminar os erros e diminuir os riscos de mercado. Sendo assim, segue, abaixo, uma lista base do que se deve ter no setor de Garde Manger. QUADRO 1 - LISTA BASE DO QUE SE DEVE TER NO SETOR DE GARDE MANGER Bancadas de inox Bowls (vários tamanhos) Balcões refrigerado de inox Ramekins (vários tamanhos) Freezers Fouets Ultra congelador Espátulas Pista fria para mise en place Formas diversas Balanças Tapetes de silicone Descascador de legumes Peneiras Processador de Alimentos Jarras Batedeiras Abridor de latas Liquidificadores Abridor de garrafas Moedor de Carne Tesouras Fatiador de Frios Maçaricos Tábuas de corte (polietileno) Defumador a frio Facas Ralador Facas diversas Termômetros Fonte: A autora (2021). De forma mais didática, veja, a seguir, na imagem, alguns utensílios utilizados na cozinha de Garde Manger. 32UNIDADE I O Garde Manger 32UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger FIGURA 5 - UTENSÍLIOS DE COZINHA Em relação ao uniforme do Garde Manger, irá depender do estabelecimento o que será adotado, mas dólmã, calça e sapato fechado são fundamentais para a segurança física dos funcionários. Os demais itens, como touca e aventais, cada empreendimento adotará um tipo de conceito ou uniforme padrão do local. FIGURA 6 - UNIFORME DE COZINHA Independente do setor da cozinha, os responsáveis devem estar atentos sempre às tendências de mercado, bem como às inovações tecnológicas do setor de alimentos e bebidas, pois, muitas vezes, os ajustes são encontrados nesse meio. 33UNIDADE I O Garde Manger 33UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger REFLITA Ano após ano, surgem, sempre, novas tendências gastronômicas, fato que ser empre- sário nesse segmento exige dedicação, além de muita atenção ao mercado, pois, em al- gum momento, uma dessas tendências chegará ao estabelecimento. A sustentabilidade, a acessibilidade e as tecnologias são as tendências da vez. Vocês estão preparados? Fonte: Os autores (2021). 34UNIDADE I O Garde Manger 34UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final de mais uma unidade do livro de Garde Manger, até aqui ini- ciamos uma familiarização do profissional de garde manger para criar uma paixão por esta praça fascinante. Levando como princípio uma base de conhecimento sólida do setor. Nesta unidade abordamos quais conceitos são considerados importantes para a cozinha de garde manger, no que se diz respeito ao profissional ele é responsável pelo preparo dos pratos frios que vão de saladas combinadas, terrines e as famosas conservas. Abordamos também sobre o ambiente de trabalho, além da organização padrão das bancadas que toda cozinha profissional deve obter, a lista de utensílios, equipamentos necessários para um bom ofício do profissional. Agora, que já trabalhamos estes conteúdos, podemos iniciar os estudos nas prepa- rações de garde, assunto que iremos trabalhar nas próximas unidades deste livro. 35UNIDADE I O Garde Manger 35UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger LEITURA COMPLEMENTAR Garde Manger: uma breve revisão bibliográfica sobre canapés A gastronomia pode ser considerada um ramo de estudo e conhecimentos sobre alimentos e bebidas e dentre as várias ramificações desta, se encontra a Cozinha Fria, na qual o seu chef responsável leva o nome de Garde-Manger, podendo este ser também a mesma nomenclatura de brigada. A este chef são atribuídas as tarefas de preparar os alimentos frios, tais como saladas, patës, entre outros, incluindo os canapés, o objeto de estudo desta pesquisa. Hors-d´-oeuvres podem se diferenciar de ca- napés (ou tira-gostos) por uma característica simples: tamanho do alimento e momento de ser servido. Vale ser ressaltado que ambos são sempre oferecidos em pequenas porções e fácil manuseio para os comensais (CULINARY INSTITUTE OF AMERICA, 2009). Fonte: MARCHI, F; AMARAL, C; SILVA, J; RODRIGUES, L; GURGEL, R. Garde Manger: uma bre- ve revisão bibliográfica sobre canapés, 2021. Disponivel em: https://doity.com.br/media/doity/submissoes/ artigo-9a6f46e7393b3c08ddb8dfe44cbbd3c83168187c-arquivo.pdf/. Acesso em: 15 set.2021. https://doity.com.br/media/doity/submissoes/artigo-9a6f46e7393b3c08ddb8dfe44cbbd3c83168187c-arquivo.pdf/ https://doity.com.br/media/doity/submissoes/artigo-9a6f46e7393b3c08ddb8dfe44cbbd3c83168187c-arquivo.pdf/ https://doity.com.br/media/doity/submissoes/artigo-9a6f46e7393b3c08ddb8dfe44cbbd3c83168187c-arquivo.pdf/ 36UNIDADE I O Garde Manger 36UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Garde manger: a arte e o ofício da cozinha fria Autor: Instituto Americano de Culinária. Editora: Senac. Sinopse: O garde manger tem conquistado cada vez mais impor- tância na gastronomia. Isso se deve ao fato de que a cozinha fria se preocupacom os mínimos detalhes, desde a apresentação e a harmonização das cores do prato até a união de sabor e textura dos ingredientes. Tantos detalhes requerem o domínio de como manusear corretamente os alimentos. Garde manger: a arte e o ofício da cozinha fria baseia-se na prática contemporânea da gastronomia, traduzindo habilidades e técnicas em palavras, ima- gens e receitas. Com linguagem acessível, apresenta informações detalhadas sobre o preparo de molhos frios e sopas, saladas, sanduíches, produtos embutidos, galantines, conservas, queijos, hors-d’oeuvre e aperitivos, além de trazer dicas de como organizar e dispor os pratos em um buffet. FILME / VÍDEO Título: Os Sabores Do Palácio Ano: 2013. Sinopse: Hortense Laborie (Catherine Frot) é uma respeitada chef que é pega de surpresa ao ser escolhida pelo presidente da França para trabalhar no Palácio de Eliseu. Inicialmente, ela se torna objeto de inveja, sendo mal-vista pelos outros cozinheiros do local. Com o tempo, no entanto, Hortense consegue mudar a situação. Seus pratos conquistam o presidente, mas terá sempre que se manter atenta, afinal os bastidores do poder estarão cheios de armadilhas. 37 Plano de Estudo: ● Conceitos e Definições de Molhos frios, sopas frias, vinagretes e óleos aromatizados; ● Campos de estudo em composição de saladas; ● Breve histórico e montagem de sanduíches; ● Tipos de Conservação de alimentos no método clássico. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar as bases clássicas dos molhos frios, sopas e vinagretes; ● Compreender os tipos de de folhas e montagem de saladas; ● Estabelecer a importância dos métodos de conservação dos alimentos. UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Professor Esp. Cláudio da Silva Junior Professora Me. Queila Turchetto 38UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), nesta unidade do material da disciplina de Garde Manger, va- mos mergulhar no mundo prático das preparações frias. Convido você a surpreender-se com as preparações que em um primeiro momento, até parecem simples, mas que exigem precisão e compreensão de técnicas. Executar um molho e uma sopa fria perfeita estão no currículo dos primeiros testes de habilidades de um grande chef, e podemos salientar que o grande segredo está no equilíbrio dos sabores, aromas e texturas. Não podemos banalizar o preparo simples de uma maionese que deve-se se apresentar perfeitamente emulsionada ou classificar como um preparo sim- ples o preparo de uma sopa cremosa devidamente descrita e aprimorada numa ficha técnica sem erros, parece tudo muito simples, porém exige muito conteúdo teórico e prático. Além dos desafios das emulsões, cremes e sopas, ainda nesta unidade, iremos trabalhar com o item do menu que, talvez, em um primeiro momento, não chame tanto a atenção do comensal. É a partir daí que se inicia o desafio. Costumo dizer que, se o sabor e a aparência não chamam a atenção, esta problemática está nas mãos do chef. Assim, desafio você: as saladas estão presentes em todos os serviços, como entrada, associada a uma base ácida para estimular o paladar, como acompanhamento de um prato, nos lanches e podem ser vistas, hoje, até em sobremesas, com efeito decorativo. Eu diria ser uma carta na manga, conhecer a variedade de ingredientes que estão dentro deste grupo e, ao co- nhecê-los, aposto que você enxergará as saladas com outros olhos dentro de sua cozinha. Nesta unidade também abordaremos as bases de apresentação e montagem de sanduíches, visto sua versatilidade, aprender sobre a composição e o preparo nos traz um diferencial no dia a dia do trabalho da cozinha e para finalizar esta unidade, trago os conceitos e preparos de conservas, através do modo clássico que tenhos certeza que irá se apaixonar. 39UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE MOLHOS FRIOS, SOPAS FRIAS, VINAGRETES E ÓLEOS AROMATIZADOS É de suma importância ter consciência de que os molhos clássicos são inúmeros e, todos os dias, por meio das técnicas compreendidas, novas receitas são desenvolvi- das. Podemos dizer que parte da culpa da fidelização de um prato está no molho, e obter sucesso na combinação de um prato cabe à compreensão de avaliar sabores, texturas e cores para uma perfeita harmonização de um prato. Entender que o molho pode enaltecer ou apagar sua produção traz lições valiosas para um grande chef. A acidez ressaltará ou anulará? Qual o sabor básico do alimento complementando o sabor? Qual é o seu gosto? Não pense que podemos classificar os molhos como meros acompanhamentos. Este pode ser o ator coadjuvante de sua obra prima. Em Garde Manger, cabe a execução do seguinte repertório de molhos: ● molhos frios emulsionados: vinagretes e maioneses. ● molhos à base de laticínios. ● coulis e purês. ● aspic. A seguir, veremos os molhos frios emulsionados. Vamos lá?! 40UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 1.1 Tipos de Molhos 1.1.1 Molhos frios emulsionados Os melhores exemplos para os molhos emulsionados são: Maionese e Vinagrete. De acordo com o conceito de emulsão definido por Sebess (2014) entendemos que emul- são é uma mistura de dois líquidos através de ação mecânica que pode ser realizada por um fouet, liquidificador ou até agitando um pote hermeticamente fechado de ingredientes que não se misturam naturalmente. Existem duas fases que caracterizam a emulsão: a dis- persa e a contínua, e elas podem ser representadas em dois tipos: temporária (vinagrete), permanente (maionese). FIGURA 1 - VINAGRETE O vinagrete (em francês, vinaigrette) é a soma do vinagre ou outra base ácida com azeite de oliva, sal e pimenta-do-reino. Podemos dizer que esta forma de emulsão é temporária. Nesse molho, podemos visualizar que a fase dispersa é constituída pelo azeite, promovendo uma emulsão de óleo em água. O óleo é manipulado de forma que se disperse em gotículas, como podemos ver na Figura 2, e cada gota fica dispersa em gotículas durante toda a fase contínua, neste caso o vinagre, bastando uma ligeira mistura para que volte à normalidade. FIGURA 2 - EMULSÃO DE ÓLEO EM ÁGUA 41UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos A proporção mais conhecida para a elaboração do molho vinagrete é de três partes de óleo para uma parte de ácido. Esta é uma boa base, porém todo bom chef precisa provar, analisar e, se julgar necessário, ajustar. Para realizar uma análise sensorial corretamente, pegue uma folha de alface (alface tem sabor neutro), adicione ao molho, retire o excesso e prove. A avaliação está no sabor que fica na folha. Além da referência básica, Sebess (2014) indica a proporção de ácidos diversos e suas referências, que podemos visualizar na Tabela. TABELA 1 - OPÇÕES DE VINAGRETES BÁSICOS Vinagres 1 + Óleo 3 Aceto Balsâmico 2 + Óleo 3 Suco de Limão 3 + Óleo 3 Fonte: Sebess (2014, p. 213). Pode-se observar que, independente da referência da proporção, o óleo sempre é utilizado em maior quantidade que o vinagre e o molho leve, o nome da base ácida. Isso acontece devido ao sabor predominante do ácido sobre o óleo. Porém, quando o sabor do óleo utilizado sobrepõe o sabor ácido, o vinagrete pode levar o seu nome. Para manter a emulsão do molho durante o serviço, todo vinagrete básico deve ser servido logo após o seu preparo. Ao ser armazenado, deve, novamente, ser emulsionado antes de servir. Comumente, associamos os vinagretes às saladas verdes, mas também podem ser usados de outras maneiras, tais quais marinada e tempero de massas. Hoje em dia, estes são servidos de forma aquecida. Os molhos à base de vinagrete podem ser ousados e feitos com frutas ou vegetais crus; podem levar, muitas vezes, suco cítrico como base ácida ou vinho, que deixa o sabor bem acentuado, bem como adicionar especiarias,ervas e pimentas, as quais acrescentam sabor forte e picância, que é apreciada por muitos. REFLITA No Brasil, temos uma curiosidade bastante interessante sobre vinagretes: o que é tra- tado, culturalmente, como molho vinagrete é, na verdade, o molho Campana. O Molho Campanha é composto por: tomate, molho e salsa. Fonte: BARRETO, 2008. 42UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Para inspiração, a seguir, temos a receita de um vinagrete de mostarda e nozes (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014): TABELA 2 - INGREDIENTES PARA VINAGRETE DE MOSTARDA E NOZES INGREDIENTES ● 240ml de vinaigre de champagne; ● 57g de mostarda marrom condimentada; ● 14g de açúcar; ● 4 chalotas; ● 600ml de azeite de oliva; ● 120ml de óleo de nozes; ● 14g de dill picado; ● 14g de salsinha lisa; ● 2 colheres de sopa / 6g de bicoulette bem picada; ● Sal a gosto; ● Pimenta do reino. MODO DE PREPARO 1. Misture o vinagre, a mostarda, o açúcar e as chalotas. 2. Acrescente o óleo e o azeite aos poucos, batendo a mistura. 3. Acrescente as ervas e tempere, misturando o sal e a pimenta do reino. 4. Sirva o vinagrete imediatamente ou cubra-o e leve-o à geladeira. Fonte: Adaptada de: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014). Outro molho bem conhecido é a maionese, cujo podemos definir como a combinação perfeita entre gemas, ácido e óleo. As gemas do ovo possuem lecitina, que promove uma ação emulsificante. Podemos dizer que a maionese é uma emulsão estável ou permanente, mantendo as gotículas de óleo em suspensão, visto que, mesmo depois de um certo tempo, os ingredientes base não se separam mais. As emulsões estáveis só são possíveis porque existe um agente estabilizador, que, no caso, é a lecitina, que é capaz de produzir uma membrana, denominada quimicamente, de solvatação, ao redor dos corpúsculos do líquido que está emulsionado. Ornellas (2013) ainda salienta que as moléculas superficiais mantêm uma determinada estabilidade, por serem atraídas entre si, por meio do fenômeno de adesão, resultando em, quanto maior for a tensão superficial do líquido, maior será a estabilidade. Molhos à base de maionese podem ser usados para temperar saladas, servido para o acompanhamento de porções (dip) ou para passar no pão. A proporção básica para a elaboração de uma maionese é de 180ml de óleo para 1 gema. Na produção, pode-se utilizar suco de limão e diferentes tipos de vinagre. O ácido é utilizado tanto para saborizar quanto para ajudar na consistência. 43UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Ao preparar a maionese, para atingir a emulsificação correta, todos os ingredientes devem estar em temperatura ambiente. A adição de óleo deve ser lenta e gradual; quando adicionado muito rápido, este poderá fazer com que o molho quebre. Quando isso aconte- cer, não se desespere, pois existe uma solução: bata uma gema até formar uma espuma e incorpore à maionese desandada aos poucos, batendo sem parar. A maionese pronta deverá ser armazenada sob refrigeração constante e consumida em, no máximo, 3 dias. Neste caso, esta não pode ter sofrido alteração de temperatura. Para evitar qualquer risco de contaminação, como a salmonelose, ocasionada pela bactéria salmonella, aconselha-se a sua preparação utilizando-se de ovos pasteurizados, para um maior controle de segurança alimentar do restaurante. Veja, a seguir, a receita de maionese básica. TABELA 3 - INGREDIENTES PARA MAIONESE BÁSICA INGREDIENTES ● 1 gema de ovo grande (20g); ● 240ml de óleo neutro; ● 20ml de base ácida (vinagre branco ou suco de limão); ● 6g de mostarda; ● 3g de sal. MODO DE PREPARO 1. Coloque as gemas em um bowl (tigela). 2. Adicione a base ácida e bata com as gemas. 3. Adicione o óleo em fio lentamente no início para emulsionar. 4. Após a emulsão, agregue sabor com mostarda e sal. Obs.: a base da receita está pronta e podemos, a partir desta, aromatizar ou acrescentar outros ingredientes que, por fim, resultarão em tipos variados de maionese. Fonte: Adaptada de Potter (2017). A imagem a seguir representa o modo de preparo da maionese utilizando os ingre- dientes básicos. 44UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações FIGURA 3 - MODO DE PREPARO DA MAIONESE BÁSICA Fonte: Adaptada de: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014). No preparo da maionese, quase sempre é escolhida a gema de ovo como base em emulsificante, porque é mais simples. Sem a gema de ovo ou a lecitina propriamente dita, não seria possível fazermos uma maionese. As sementes de mostarda podem, tempora- riamente, auxiliar na emulsificação, diminuindo a velocidade que os líquidos aglutinam-se. Este é um dos motivos que torna a mostarda um dos ingredientes da receita base. 1.1.2 Molhos à base de laticínios Os molhos à base de laticínios, de maneira geral, são utilizados para temperar sala- das ou como acompanhamentos (dip), isto é, não seguem uma regra ou técnica específica. Sua base é, geralmente, cremosa e composta por queijos moles (como quark, mascarpone ou cream cheese), leites fermentados, sour cream ou creme de leite. Ademais, são de co- loração branco-amarelada e facilmente coloridos por meio da adição de frutas ou vegetais. O creme azedo (sour cream) é feito de leite fermentado naturalmente ou por meio da adição de bactérias. Além disso, possui textura suave e sabor ácido, sendo mais espesso que o creme de leite fresco (KOVESI, 2007). Adições clássicas para estes preparos são a utilização de outros queijos com sa- bores mais marcantes, como gorgonzola, roquefort e parmesão, bem como de ingredientes como alcaparras, azeitonas e picles que, além de sabor, irão proporcionar textura ao molho. Os molhos cremosos podem adquirir texturas variadas, ou seja, podem ser rela- tivamente firmes, para serem servidos como dip ou pasta para pão, ou mais fluídos, para facilitar a adição no preparo das saladas. A seguir, veremos o preparo do creme azedo (sour cream) (KOVESI, 2007). 45UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos TABELA 4 - CREME AZEDO INGREDIENTES ● 2 colheres (sopa) de leite desnatado; ● 1 colher (sopa) de suco de limão; ● 1 xícara de queijo cottage; ● 250ml de creme de leite fresco; ● Sal e pimenta a gosto. MODO DE PREPARO 1. Bata, com um fouet, o creme de leite fresco, com um pouco de sal e pimenta, até espessar ligeiramente. 2. Adicione o suco de limão e bata até a ponto de chantilly. 3. Prove e ajuste a acidez adicionando mais gostas de limão, se necessário. 4. Reserve sob refrigeração. Fonte: Adaptada de: Kovesi (2007). A seguir, veremos os coulis e purês, além de suas especificidades. 1.2 Coulis e purês Coulis ou Koli, como se pronuncia, caracteriza-se pelo purê de legumes ou frutas, cujo podem ser de sabores básicos (salgados ou doces), aquecidos em banho-maria ou cozidos lentamente. Neste, pode-se acrescentar manteiga ou creme de leite e, comumente, são utilizados para espelhar ou decorar pratos, proporcionando uma harmonia de sabores. Sua textura, muitas vezes, assemelha-se a um purê e costuma-se, conforme o tempo de serviço, soltar líquido naturalmente. Para evitar isso, adicione ao molho, durante a fervura, uma pequena quantidade de araruta diluída. Assim, sempre que for necessário servir o prato com mais antecedência, não verá manchas no recipiente. FIGURA 4 - COULIS DE FRUTAS E VEGETAIS 46UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos A coloração dos coulis é fator fundamental de sucesso para o preparo do prato. Fique atento ao pigmento natural do vegetal/fruta utilizado na receita e veja as reações em meio ácido ou alcalino, bem como em cocção prolongada. Por exemplo, os pigmentos vermelhos arroxeados, como os da beterraba e morangos, em meio ácido, ficam mais avermelhados e, em meio alcalino (adição de bicarbonato), podem ficarmais roxos e, em excesso, escurecer. 1.3 Aspic Aspic ou molhos para revestir é a nomenclatura utilizada para um consommé ge- latinizado. Atualmente, este não é tão popular quanto no passado, porém, ainda o vemos como cobertura ou finalizações em produções frias da cozinha de Garde. FIGURA 5 - ASPIC Chaud froid, que significa quente-frio, é um dos exemplos de molhos para revestir, derivado do Aspic. Para a sua produção, é utilizada gelatina e uma base de molho, como demi-glace, bechamel ou velouté. Não é muito comum encontrarmos pratos assim sendo servidos no Brasil, porém é tradicional em buffets frios de hotéis internacionais e muito comum na Europa, sendo encontrado facilmente em rotisserias e charcutarias. Veja, a seguir, a receita de chaud froid (KOVESI, 2007). 47UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos INGREDIENTES ● 24g de gelatina em pó incolor; ● 60ml de fundo; ● 400ml de velouté bem temperado (feito com fundo de carne utiliza- da); ● 100ml de creme de leite fresco. MODO DE PREPARO 1. Hidrate a gelatina polvilhando o pó fino no fundo frio. 2. Misture e deixe que ela o absorva. 3. Depois de alguns minutos, junte a gelatina hidratada ao velouté aque- cido e misture bem. 4. Adicione o creme de leite fresco e deixe chegar à temperatura ambiente coberto com filme plástico. 5. Quando estiver na consistência nappé, mas não duro, pegue um pouco de molho, com uma concha, e cubra a peça escolhida, usando uma grande, para que o molho escorra sem deixar rebarbas. 6. Leve à geladeira até firmar e repita o processo mais uma ou duas ve- zes, até que a produção esteja bem coberta e brilhante. 7. Decore conforme desejado e sirva gelado. Fonte: Adaptada de Kovesi (2007). A seguir, o chaud froid sob fatias de peito de pato. FIGURA 6 - CHAUD FROID EM FATIAS DE PEITO DE PATO Fonte: Wright e Treuille (2014, p. 225). 48UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Nas receitas clássicas, é tradicional o uso de molhos específicos para cada tipo de proteína. Em ovos e peixes, utilize o molho bechamel. Para carnes vermelhas ou de caça, é comumente utilizado caldo de carne ou aspic. A técnica, tal qual apresentada na receita, é simples (aqueça - chaud e gele - froid), até endurecer para a decoração. SAIBA MAIS Óleos aromatizados são uma combinação de sucos de vegetais, ervas, raízes e outras especiarias com óleos. Estes podem ser utilizados como molho, por si só, para decorar e finalizar produções ou, ainda, na composição de outros molhos. Para saber mais, as- sista ao vídeo no link: https://www.youtube.com/watch?v=NaeMfAUbgDk, e comece a desenvolver sua alquimia própria, isto é, sua identidade até no azeite. 1.4 Introdução a Sopas Frias As sopas são alternativas nutritivas e saborosas para o consumo diário. O valor nutricional depende de sua composição e de como esta é enriquecida. Por exemplo, cada gema adicionada será um acréscimo de 6g de gordura e 2g de proteínas. Adicionar grãos de soja e farinhas ajusta o teor proteico associado às sopas de vegetais ou cereais, corrigindo o aminograma. Para tornar as sopas mais calóricas, basta a adição de azeite ou manteiga. Por que iniciar este capítulo falando sobre nutrientes e calorias? Na Idade Média, se conhecia o poder medicinal das sopas. Na mesa dos menos favorecidos, estes eram, de longe, o alimento complementar nutritivo mais importante. Na mesa da nobreza, iniciou-se a presença dos caldos e sopas bem encorpadas, condimenta- das, agridoces e toda a alquimia presente na elaboração desses preparos. As sopas preparadas pelo Garde Manger são, geralmente, servidas frias, como entradas, aperitivos, hors-d’oeuvres ou sobremesas. Suas apresentações podem ser va- riadas: em taças resfriadas, em pratos e xícaras de sopa tradicionais ou em pequenas porções de degustação. Sopas frias renovam o palato, não importa o momento da refeição. Para servir, o ideal é após preparo ou “tempo de maturação”. Ademais, as sopas podem ser preparadas de três maneiras: ● sopa de vegetais e frutas (purê); ● sopas cremes (base engrossada); ● sopas claras (caldo fortificado). 49UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos As sopas são líquidos aromatizados, servidas não só como entradas, mas também podemos vê-las em alguns menus como prato principal. Quando falamos em sopas frias, queremos dizer que são aquelas cujo podem ser cozidas ou cruas, mas que sempre serão servidas frias ou bem geladas. 1.5 Sopa de vegetais e frutas Tradicionais às estações mais quentes do ano, são populares em todo o mundo. Essas sopas acompanham a sazonalidade dos ingredientes, podendo ter características mais rústicas, tal qual a famosa sopa espanhola, Gazpacho Andaluz, até características mais leves e cremosas, como a sopa de melão. Em inúmeras bases, adicionam-se vegetais ou frutas, para dar uma boa consistência, de modo que pode ser ajustada com adição de outros ingredientes, como creme de leite e/ou leite. No livro Le Cordon Bleu: todas as técnicas culinárias, podemos visualizar algumas técnicas de preparo à base de sopa de vegetais e frutas. FIGURA 7 - OUTROS MÉTODOS DE PREPARO DE SOPAS DE VEGETAIS E FRUTAS Fonte: Wright e Treuille (2014, p. 24). Exemplificando a sopa de vegetais e frutas, com respaldo, trago a receita do Gaz- pacho Andaluz, extraída do livro Instituto Americano de Culinária (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014). Esta receita rende 3,84l ou 20 porções de 180ml cada. 50UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos TABELA 6 - GAZPACHO ANDALUZ INGREDIENTES ● 680g de tomate sem miolo e em cubos; ● 567g de pepino descascado e em cubos; ● 284g de pimentão verde sem sementes e em cubos; ● 454g de cebola fatiada; ● 567g de pão branco sem casca e em cubos; ● 720ml de suco de tomate; ● 60ml de purê de tomate; ● 4 dentes de alho amassados até formar uma pasta; ● ½ colher (chá) / 150 g de pimenta jalapeño bem picada; ● 90ml de vinagre de vinho branco; ● 2 colheres (chá) / 6,5 g de sal; ● 1 colher (chá) / 2 g de pimenta do reino moída; ● 133g de croûton ao alho. MODO DE PREPARO 1. Reserve, aproximadamente, 2 colheres (sopa) / 30ml de cada um dos se- guintes ingredientes para a guarnição: tomate, pepino, pimentões e cebola. 2. Embeba os cubos de pão no suco de tomate. 3. Bata o pão ensopado com os vegetais em cubos, purê de tomate, o alho, a pimenta jalapenõ, o azeite de oliva e o vinagre, até formar um purê. 4. Ajuste o tempero com sal e pimenta, cubra o molho e leve-o à geladeira até o momento de servir. 5. Sirva-se com guarnições de vegetais em cubos e croûtons reservados. Fonte: Adaptada de: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014). A seguir, veremos o Gazpacho Andaluz. FIGURA 8 - GAZPACHO ANDALUZ 51UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Podemos concluir que, o melhor método de preparo das sopas de frutas e vegetais é, inicialmente, batendo os alimentos em formato de purê. Em nossa receita exemplo, utili- zamos o vinagre como base líquida. Este pode ser substituído por vinho ou suco de frutas, diversificando as receitas das sopas geladas, as quais são ideais para servir no verão. 1.6 Sopas Cremes Cozinhar tradicionalmente não é uma tarefa simples e exige, do chef, um conhecimento amplo em técnicas, além de criatividade nas adaptações, conforme a modernização dos menus. As sopas cremes são exemplos do processo evolutivo dentro dos cardápios. O que chamamos, hoje em dia, de sopas cremes, era dividido em dois grupos: veloutés e cremes. As sopas veloutés eram compostas por: molho velouté, ingredientes de sabor em forma de purê, fundo claro para diluir e liga fina para finalizar. Já as sopas cremes eram constituídas por molho bechamel, ingredientes de sabor em forma de purê, leite ou fundo claro para diluir e cremede leite para finalizar. Essas bases nas cozinhas, antigamente, eram facilmente aplicadas, porque, tradicionalmente, os molhos estavam sempre disponí- veis e, em questão de minutos, uma sopa era finalizada. Hoje em dia, as receitas clássicas que traduzem as técnicas tradicionais são bases para criar novas logísticas dentro dos restaurantes, porém a ordem não continua a mesma. As sopas cremes frias devem apresentar a mesma textura aveludada de uma sopa creme quente. O ponto avaliativo de uma sopa fria é a sensação de palato: não deve apresentar alta sensação de untuosidade e, para isso, é necessário sempre avaliar o sabor e a textura quando a sopa for resfriada. Para exemplificar, trazemos uma sopa fria tradicional francesa, a Vichyssoise. Atualmente, esta é conhecida e apreciada no mundo todo, feita à base de batata e alho poró. Essa receita foi extraída do livro “Instituto Americano de Culinária” (INSTITUTO AME- RICANO DE CULINÁRIA, 2014) e rende 3,84 litros ou 20 porções de 180ml. Veja, a seguir, a receita de Vichyssoise. 52UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos TABELA 7 - VICHYSSOISE INGREDIENTES ● 567g de alho-poró (apenas as partes verdes claras e brancas) fina- mente picadas; ● 1 cebola bem picada; ● 3 colheres (sopa) / 45ml de óleo vegetal; ● 1,3kg de batata em cubos; ● 2,4l de caldo de galinha; ● 1 mão de ciboulette picado. MODO DE PREPARO 1. Refogue o alho-poró e a cebola no óleo até que estes fiquem macios e translúcidos. 2. Acrescente a batata e o caldo e espere levantar fervura. Em seguida, reduza o fogo, cozinhando suavemente a batata, até que esta comece a desmanchar. 3. Bata a sopa até formar um purê. Esfrie-a rapidamente. Cubra e leve à geladeira até o momento de servir. 4. Para finalizar a sopa, incorpore a ciboulette e ajuste o tempero com sal e pimenta branca. Fonte: Adaptada de: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014). A seguir, veremos um exemplo de preparo da sopa Vichyssoise. FIGURA 9 - SOPA VICHYSSOISE Na cozinha francesa, o uso do nome Parmentier, em um menu, indica que o prato contém batata. Essa nomenclatura é resultante de Antoine-Augustin Parmentier (1737- 1813), que foi responsável pela popularização da batata como alimentação no século XVIII. Antes de Parmentier, as batatas eram consumidas na Europa somente como fonte de alimento para animais, porque não eram consideradas seguras para o consumo humano. 53UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos REFLITA Os padrões de qualidade para o serviço das sopas cremes incluem densidade, que deve aproximar-se da textura padrão do creme de leite fresco, não muito grossa; textura, sem granulosidade ou pedaços (exceto se for da guarnição); sabor, sendo claro o gosto do ingrediente principal (creme de aspargos com gosto de aspargos), sem a percepção de amido cru. Fonte: GISSLEN, 2013. 1.7 Sopas Claras Para o preparo de sopas claras, é necessário um bom caldo ou suco clarificado. É a simplicidade e a facilidade de elaborar algo que as tornam mais complexas. A base das sopas claras frias normalmente é gelatinosa, porém, algumas receitas apresentam somente um cal- do saboroso para ser guarnecido. As receitas tradicionais deste tipo de sopa são realizadas a partir de vegetais finamente picados, que são cozidos lentamente, até ficarem macios. As sopas clarificadas, também conhecidas como consomês, foram introduzidas no século XVI. Na culinária, a base de cocção dessas sopas é carne, ave ou peixe, e o resultado final, que as diferenciam de caldos comuns, é o processo de clarificação. Hoje em dia, classificamos esse processo como sopa, que pode ser servida fria ou quente, podendo ser usada como base do aspic, algo já visto nesta unidade. Para exemplificar as sopas claras, vamos trazer uma receita do livro “Le Cordon Bleu: Os Chefes”, que rende 4 porções de um Consommé Brunoise. 54UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos TABELA 8 - SOPA CLARA INGREDIENTES ● 2,5l de caldo claro; ● ½ unidade de aparas (cenoura, aipo e alho-poró); ● 1 tomate pequeno; ● ¼ unidade de cebola grande; ● 250g de carne bovina moída; ● 4 claras de ovos; ● 1 galho de tomilho; ● 1 folha de louro; ● 12 grãos de pimenta do reino; ● QB (Quanto baste) de sal. PARA A GUARNIÇÃO, OS INGREDIENTES SÃO : ● 500ml de consommé para escalfar; ● 2 cenouras; ● 1 alho-poró; ● 3 aipos; ● 60g de ervilhas erves; ● QB (Quanto baste) de sal. MODO DE PREPARO : Clarificação 1. Descasque e enxague as cenouras e o aipo. 2. Corte a brunoise e junte-a com o alho-poró e reserve a guarnição. 3. Pique as apras finamente e reserve para a clarificação. 4. Descasque e retire as sementes (émonder, épépiner) do tomate. 5. Em uma panela pequena, junte os ingredientes da clarificação. 6. Combinar a carne moída, as aparas de legumes picados, claras de ovos, tomilho, folha de louro, sal e a pimenta do reino. 7. Misture bem e acrescente lentamente o caldo de frango frio. 8. Aqueça lentamente, mexendo de vez em quando, para que as pro- teínas não grudem no fundo da panela. Quando o líquido começar a ferver e a clarificação subir para a superfície, pare de mexer. 9. As proteínas cozidas subirão para a superfície do líquido, formando uma camada de ingredientes coagulados no topo da fervura (gâteau). Não mexa e deixe ferver lentamente, em fogo baixo, por cerca de 20 a 30 minutos. 10. Gentilmente, despeje o líquido do buraco por cima da cama (gâteau) regularmente durante o cozimento. Isso faz com que o líquido seja temperado enquanto cozinha. 11. Forre uma peneira de malha fina (chinois) com filtro de café. 12. Quando a clarificação estiver terminada, use a concha, cuidadosa- mente, para retirar o líquido claro pelo buraco da camada de ingre- dientes (gâteau) e passe pela peneira forrada para uma panela limpa. 13. Mantenha o consommé aquecido em bain marie e não coloque so- bre o fogo diretamente, pois não pode ferver. Fonte: Adaptada de Fundamentos (2011). 55UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Veja, na Figura , um exemplo de Consommé. FIGURA 10 - CONSOMMÉ Em nossa receita, por exemplo, utilizamos uma guarnição de vegetais, para com- plementar a sopa clara. Quando utilizamos a adição de ingredientes, além de valorizar a produção, proporcionamos mais sabor. Utilize, para variações, legumes variados picados finamente, cogumelos, cebolinha, frango cozido e desfiado, bem como tipos de queijos, camarões e vieiras, além de croutons ou raspas de limão. 56UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 2. CAMPOS DE ESTUDO EM COMPOSIÇÃO DE SALADAS Nesta categoria, escolhendo folhas mais molho apropriados, é possível desenvol- ver uma grande variedade de saladas, que pode atender à exigência de qualquer conceito de menu: leve, amarga, adocicada e/ou picante. Inicialmente, é necessário conhecer e classificar os tipos de verduras (nomenclatura utilizada para relacionarmos as folhas e hor- taliças) e suas características organolépticas. O chef de Garde pode relacionar verduras leves; verduras amargas e chicórias; verduras picantes; misturas de folhas; ervas e flores comestíveis; além de mini verduras. As variedades de alface representam o grupo de verduras leves, e podemos citar, para conhecimento, a grande variedade: americana, roxa, lisa, crespa, mimosa, frisée e romana. As alfaces possuem sabores neutros e facilitam a harmonia na composição das saladas. FIGURA 11 - VARIEDADE DE ALFACES 57UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Para o pré-preparo, é importante selecionar as folhas crocantes, retirar as folhas murchas, machucadas ou queimadas e, posteriormente, higienizá-las com água fria. Faça a higienização com hipoclorito a 2% (200ppm), sendo 15ml (1 colher de sopa paracada litro de água). Deixe em imersão por 15 minutos, enxague novamente e seque. Para o serviço, evite picar com faca e rasgue em pequenos pedaços. REFLITA As regras de etiqueta sob a mesa são claras, na hora do consumo de folhas. Faca na mão direita para cortar, e garfo na mão esquerda para levar a comida à boca. Essa é a forma correta, e nem é tão difícil assim, não é? Evite cortar as folhas de alface e treine dobrá-las com a faca na mão direita. Juro que não é tão complicado quanto parece. (MATARAZZO, 1995) Fonte: MATARAZZO, 1995. Na classificação das verduras leves, também são incluídas as alface-de-cordeiro e algumas variedades de verduras de folhas babys picantes ou amargas. As verduras amargas e chicórias normalmente passam por processos de cocção, antes do serviço, porém nada impede que algumas variedades sejam servidas cruas, pois são macias o suficiente para isso. Em nenhum momento é excluído o pré-preparo de hi- gienização das hortaliças. Este grupo é representado pela escarola, alface frisée, rúcula, agrião, radicchio, dentre outros. FIGURA 12 - ESCAROLA 58UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos As verduras picantes possuem uma ardência delicada que permite a utilização na composição de saladas. Quanto mais jovem for a folha, menos picante, como a rúcula e o agrião. Nesse sentido, podemos observar que algumas hortaliças encaixam-se em uma ou mais categorias. FIGURA 13 - VERDURAS PICANTES - MIZUNA O mundo contemporâneo está cada vez mais exigente e, no mercado, encon- tram-se inúmeras opções de hortaliças já higienizadas e mescladas, prontas para o con- sumo. Em alguns casos, vemos até o molho em forma de acompanhamento ou a receita anexada como sugestão. Algumas misturas já são tradicionais, tal qual a mesclum, cujo utiliza uma mistura de folhas leves e picantes e, em alguns locais, ervas e flores. A baby mix, que mistura uma variedade de folhas jovens, e a oriental, que mescla uma variedade de folhas picantes e fortes. Associar o aroma do orégano à pizza está em nosso subconsciente. A utilização de ervas aromáticas no preparo é quase que obrigatória na cozinha. Em saladas, comumente utilizamos ervas mais tenras, como a ciboulette, manjericão e hortelã. Ao utilizá-las, analisar a sua qualidade é importante para obtenção de bons resultados. As folhas frescas devem estar exalando aromas característicos, e os talos e folhas devem estar saudáveis; isso vale, também, para as desidratadas, pois é importante sempre verificar se não existe mofo ou folhas muito velhas. 59UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos FIGURA 14 - ERVAS AROMÁTICAS Além das citadas anteriormente, existe uma gama de ervas comuns no preparo de saladas: louro, estragão, cerefólio, dill, sálvia, tomilho, manjerona, orégano e alecrim. São tantas opções que uma horta de temperos em casa ou em um restaurante seria uma alternativa interessante e de fácil manejo. As ervas frescas, de um modo geral, são sensíveis e delicadas e devem ser adicionadas somente ao final da preparação. Isso acontece devido à presença de óleos essenciais que, se forem aquecidos por tempo prolongado, perdem-se rapidamente, levando junto o seu aroma. As flores comestíveis não devem ser subestimadas, pois podem transformar uma salada simples em algo belo e único. Estas possuem sabores surpreendentes, porém ainda temos um longo caminho pela frente para o tornar comum seu consumo. Em primeiro lugar, devemos conhecer quais são as flores comestíveis e conhecer o produtor ou suas origens, para que estas estejam livres de qualquer produto químico tóxico ao consumo humano. Podemos dividir as flores em duas classificações: flores de jardim e flores de ervas. Em alguns casos, não utilizamos a flor inteira, apenas as pétalas. Um mix pode até ser bem aceito, o importante é provar e verificar a harmonia de sabores. As opções de flores mais utilizadas são: capuchinha e amor-perfeito, umas das mais belas cujo possui variedade de cores, e as pétalas de rosas. 60UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos FIGURA 15 - FLORES COMESTÍVEIS - AMOR-PERFEITO SAIBA MAIS Sempre questionamos a variedade e frescor principalmente das hortaliças que encon- tramos no mercado. Alguns restaurantes de São Paulo pensaram: por que não produzir o que iremos servir com mais qualidade e mais diversidade? Leia a reportagem postada no site do Globo Rural por meio do link: https://revistagloborural.globo.com/Noticias/ Agricultura/noticia/2015/03/restaurantes-com-horta-propria-recebem-estrela-no-guia- -michelin-brasileiro.html. Mini Verduras e brotos são mudinhas de diversos tipos de ervas e verduras que, além de lindas, conferem sabor diferenciado às preparações. Seu cultivo já existe há muitos anos, porém, recentemente, estas tornaram-se mais comuns e ficaram mais baratas. Seu cultivo é simples, porém o início da germinação encarece o produto. Os brotos possuem sabor semelhante à planta madura e, normalmente, são utilizados como decora- ção e complemento, nunca como ingrediente principal. Contudo, uma pequena quantidade já diferencia positivamente o produto apresentado. Na imagem, podemos ver algumas opções de brotos. https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/noticia/2015/03/restaurantes-com-horta-propria-recebem-estrela-no-guia-michelin-brasileiro.html https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/noticia/2015/03/restaurantes-com-horta-propria-recebem-estrela-no-guia-michelin-brasileiro.html https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/noticia/2015/03/restaurantes-com-horta-propria-recebem-estrela-no-guia-michelin-brasileiro.html 61UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos FIGURA 16 - BROTOS Os brotos podem ser caríssimos para a compra no mercado. Algumas variedades são fáceis de produzir e necessitam de pouco espaço. O brotinho de girassol é um destes e, para plantar, você só precisa de terra vegetal e sementes. A primeira etapa é hidratar a semente para a germinação. Dizemos que, quando a semente acorda, nós adormecemos, então, durante nossa noite de sono, as sementinhas estão prontas para plantar. Espalhe-as sobre uma vasilha de plástico, com 3 dedos de terra. Mantenha em exposição solar por 4 horas diárias e regue com borrifador de 2 a 3 vezes ao dia. Em uma semana, você poderá utilizar os brotos de girassol em suas saladas. REFLITA É importante salientar que, a quantidade de molho servida deve ser suficiente para incor- porar a quantidade total de folhas servidas e não existir sobra no fundo do prato. De acor- do com o INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA (2014), ao temperar a salada, utilize cerca de 57g ou 180ml por porção, temperando com sal e pimenta-do-reino, e despeje uma concha de molho sobre estas (entre 15ml e 22,5ml por porção), com movimentos de baixo para cima, verificando se cada pedaço de folha está coberto com o molho. Fonte: INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014. 62UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 2.1 Saladas para Acompanhamentos As melhores saladas apresentam uma grande variedade de cores, texturas e sabores. As saladas oferecidas tal qual acompanhamentos utilizam, como base, os vegetais, mas podem ser associadas a grãos, massas, leguminosas e frutas. Cada receita tem uma exigência no pré-preparo, porque, além de crus, podem ser necessárias outras técnicas de cocção. As saladas de batatas, inicialmente, devem estar devidamente cozidas. De acordo com as bases de cozinha, a cocção de vegetais à base de amido deve ser iniciada em água fria. Após a cocção, devem ser resfriadas, se forem temperadas à base de maionese (consumo muito comum em alguns estados do nosso país, e a salada de batata tradicional norte-americana). Porém, se a base for um vinagrete ou gordura, visto em algumas receitas tradicionaiseuropeias, cujo utilizam gordura de bacon fervida, as batatas devem, ainda, estar quentes, na hora de temperar, para melhorar a absorção do sabor. Grãos de cereais e massas exigem cuidados no ponto de cocção. Cozinhar em demasia poderá fazer com que o molho seja absorvido em excesso, deixando as saladas em um ponto empapado. Portanto, o ponto dos grãos e massas devem ser resistentes à mordida antes de serem temperados e servidos. As saladas com adição de leguminosas, como as de grãos de cereais, exigem cuidados na cocção. A primeira observação é sobre o ponto de cocção: os grãos de le- guminosas devem estar macios e, posteriormente, resfriados em seu líquido de preparo. Utilizando variações de feijões, estas devem ser cozidas separadamente. Sabemos que o molho de serviço não deixará o grão mais macio, neste caso, porém podemos observar que, em molhos ácidos, tendem a endurecer o grão, por isso, é indicado o preparo e serviço em, no máximo, 4 horas. REFLITA As leguminosas possuem fatores antinutricionais, como os inibidores de tripsina, os fitatos, os polifenóis e os oligossacarídeos. Para inativar os inibidores de tripsina, é indicado o tratamento térmico à cocção por, aproximadamente, 60min, a uma tempe- ratura acima de 100oC. Esta técnica elimina quase 90% dos inibidores. Os fitatos e os polifenóis ligam-se ao ferro e zinco, tornando-os indisponíveis, e a ingestão de vitamina C facilita a absorção do ferro. Por fim, ainda não existem técnicas que solubilizam, de forma eficaz, no preparo dos feijões, os oligossacarídeos, responsáveis por ocasionar flatulência nas pessoas. Fonte: Ornellas, 2013. p. 119. 63UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos As saladas à base de frutas desafiam o chef a diferenciá-las, de acordo com a gama de variedades em cores, texturas e composições, o que as tornam extremamente diferentes em exigências de pré-preparo. Para exemplificar, temos algumas frutas que escurecem, em contato com o oxigênio (após o corte de sua película de proteção, a casca), e começam a oxidar, ficando escuras. Para evitar esse escurecimento, adicionamos suco de limão (base ácida). Como exemplo desse fenômeno de oxidação, temos a banana e a maçã. No preparo da salada de frutas, iniciamos com as frutas mais resistentes (melão, abacaxi e manga) e, posteriormente, na hora do serviço, com as mais delicadas (laranja, morango, maçã e banana), para manter o frescor e a qualidade no serviço da salada de fruta. Não necessariamente precisamos servir as frutas com base adocicada. Podemos surpreender o comensal associando temperos salgados ao preparo. Um ceviche de frutas tropicais, por exemplo, é servido com chips de batata mexicana, preparado com um mix de frutas picadas e temperadas com azeite, sal, limão e pimenta. Experimente! Fica divina- mente surpreendente. FIGURA 17 - CEVICHE Para bons preparos na cozinha de Garde, tenha bons ingredientes como principais aliados às técnicas aplicadas. Portanto, ir às compras é função do chefe de cozinha, e a escolha do melhor ingrediente garantirá um bom resultado ao final do processo. 64UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 2.2 Saladas Compostas Elaborar saladas compostas é uma forma divertida de usar a criatividade. Não existem regras específicas, porém alguns princípios devem ser seguidos. O INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA (2014) determina: ● seja consciente, pois sabores contrastantes podem ser interessantes, porém sabores conflitantes podem ser desastrosos; ● evite repetir uma cor ou sabor; ● todos os ingredientes utilizados devem ser percebidos em todas as mordidas; ● a cor e a textura devem ser pensadas para a aparência do prato ser altamente atrativa. Gentry (2014) diz que, com os ingredientes certos, você consegue fazer de uma simples salada, uma refeição completa e suficientemente nutritiva. Na imagem a seguir, temos um exemplo de uma salada composta, elaborada para um restaurante para o menu de saladas completas, que pode ser ou não acompanhada de proteínas grelhadas. FIGURA 18 - SALADA VERDE COMPOSTA POR MOLHO ROMANO E PICLES DE RABANETE, DECORADO COM AZEITE, GERGELIM PRETO E BROTOS DE AGRIÃO (AGRIÃO DE JARDIM) Fonte: A autora (2021). 65UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Ao escolher os ingredientes para o preparo de suas saladas, procure sempre evidenciar o frescor. Ingredientes de qualidade e sazonais sempre serão grandes auxilia- res das apresentações esplêndidas. Nas compras, observe as folhas. Folhas murchas e queimadas já mostram uma má qualidade, assim, procure, nas folhas verdes, se os talos estão esverdeados e se as folhas estão bem cheias. Ao compor cenouras em sua salada composta, as folhas devem estar frescas. Mas a cenoura compra-se com folhas? Na feira, sim! A cebola roxa, por exemplo, não pode ter partes acastanhadas. A escolha do melhor ingrediente fará toda a diferença. 66UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 3. BREVE HISTÓRICO E MONTAGEM DE SANDUÍCHES Os famosos sanduíches, quem não gosta da mistura pão, carne e queijo. Essa combinação prazerosa surgiu muito antes da escrita, porém é claro que não levava exa- tamente este nome. A honra de nomear essa preparação foi de John Montagu, o quarto conde de Sanduwick. A lenda diz que ele se recusou a se levantar de uma mesa de jogos para não interromper a sua sorte, assim ordenou que o trouxessem pão recheado de carne e assim iniciou a mania do sanduíche. Os sanduíches variam desde delicados aperitivos que podem ser servidos em coquetéis, até o pan bagnat que, servido em papeis personalizados, são considerados a verdadeira comida de rua, passando por uma elegante porção individual de foie gras servido em brioche tostado como “amuse-bouche”. Podemos dizer que existem diversas tradições culinárias, com lanches clássicos, porém o que une todos os sanduíches é o conceito de recheio delicioso servido sobre ou dentro do pão ou algo similar. Os sanduíches podem ser classificados como: ● Sanduíches quentes: costumam ter recheios quentes. Podem ser grelhados, sanduíche de carne de porco desfiado na brasa; ● Sanduíches frios: incluem versões tradicionais com carne fatiada ou salada temperada com maionese. ● Sanduíches para coquetel: itens delicados, feitos com pães de grãos refinados sem a casca e cortados com precisão em formatos e tamanhos que possam ser consumidos em duas mordidas. 67UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos FIGURA 19 - SANDUÍCHES PARA COQUETEL 3.1 Elementos do Sanduíche O chef de garde pode ter de preparar sanduíches para diversas situações, tais quais a preparação de chás, menus de almoço estilo brunch, piqueniques e tira-gostos especiais. Para elaborar um excelente sanduíche é importante entender que, além das técnicas básicas de rechear, detalhes em cortar, ingredientes de qualidade contribuem para um resultado satisfatório. Lembrando que, todos os elementos que compõem o sanduíche, devem apresentar qualidade em sabor, textura e aparência. Falando nestes constituintes, o primeiro deles é o pão. A quantidade de pães para elaboração de um sanduíche é enorme, e a variação do preparo em ingredientes e até resultados diferenciados na fermentação torna-se um ingrediente chave tanto em lanches clássicos quanto em inovação. Os pães brancos em formato de forma são usados em inúmeras receitas de lanches frios, e, a massa, por ser firme torna-o um excelente fator para elaborar lanches para co- quetéis e chás, cujo a apresentação exige cortes mais finos, já os pães integrais costumam esfarelar tornando-o neste caso, mais difícil a finalização. Ao escolher o pão, devemos observar que ele precisa ter base de sustentação para o recheio e ao mesmo tempo não deixar o lanche seco. As opções de pão incluem: 68UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradase Conservação dos Alimentos ● Pães de forma branco, de trigo ou de centeio; ● Pães de estilo camponês, como o de massa azeda, as baguetes e outros pães artesanais; ● Pães chatos, incluindo a focaccia, o pão sírio, a ciabatta e o lavash; ● Pãezinhos, cujo podem ser macios ou duros, incluindo o pão kaiser; ● Invólucros, como creme, papel de arroz e pão de ovos; ● Tortillas de farinha e de milho. FIGURA 20 - TIPOS DE PÃES REFLITA O sanduíche, montado com uma fatia de pão por cima e outra por baixo, é conhecido como lanche fechado. Sanduíches com três fatias são conhecidos como club sandwiches, já os lanches com apenas uma fatia são conhecidos como lanches abertos ou “open face”. Fonte: Os autores (2021). Incluímos como elementos do sanduíche os molhos, que são servidos diretamente sobre o pão, costumo dizer que o molho fideliza o cliente, porém, além do aspecto de sabor ele age como uma barreira para impedir que o pão fique molhado demais e acabe desmontando. 69UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Os molhos podem ser bem simples e temperados com leveza, já acompanhar o preparo do recheio tal qual um delicioso lanche de atum com salada de repolho temperado com maionese, mas, também podem ser elemento principal do preparo. A lista a seguir traz algumas opções: ● Maionese (simples ou aromatizada) ou molhos de salada cremosos; ● Manteigas simples ou aromatizadas; ● Mostarda ou ketchup; ● Queijos macios, como ricota, cream cheese ou mascarpone; ● Tahine, pastas de azeitona ou de ervas, como humos, tapenade ou pesto; ● Manteiga de frutos secos; ● Geleias, compotas, chutneys e outras conservas de frutas; ● Polpa de abacate ou guacamole; ● Óleos ou vinagretes. FIGURA 21 - MOLHOS ACOMPANHAMENTOS Sem recheio, não existe sanduíche, por este motivo torna-se elemento principal. Os recheios podem ser frios ou quentes, com sustância ou mais leves, o fator primordial é que ele na mordida ou corte esteja perfeito. O recheio determina o preparo e os outros elementos. As opções incluem: 70UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos ● Carnes assadas ou levemente cozidas (carne bovina, pastrami, peru, presunto, patê de salsicha); ● Queijos fatiados; ● Vegetais grelhados, assados, ou frescos; ● Hambúrgueres, linguiças, peixes ou aves grelhadas ou fritas; ● Saladas de carnes, aves, ovos, peixes ou vegetais. Para acompanhar, é necessário uma guarnição, a guarnição traz frescor e sabor ao preparo do lanche. São usados em inúmeros casos alface, tomate, queijo, aposto que você quase cantou uma musiquinha mentalmente não é? Além destes clássicos, podemos incluir brotos, tal como a cebola, o mais importante é que ele seja incorporado como fator de sabor e textura. Segue algumas opções de guarnições para lanches: Alface, fatias de tomate, de queijo ou de cebola e brotos podem ser usados para guarnecer diversos sanduíches. Essas guarnições se incorporam à sua estrutura geral. ● Saladas verdes ou de acompanhamento; ● Alface ou brotos; ● Vegetais frescos ou fatiados; ● Pickles ou azeitona; ● Dips, molhos, relishes; ● Frutas fatiadas. FIGURA 22 - SANDUÍCHES VARIADOS 71UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 4. TIPOS DE CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS NO MÉTODO CLÁSSICO Podemos conceituar as conservas como qualquer alimento base salmourado, como frutas, vegetais e ovos. Sua descoberta foi realizada ainda na antiguidade, como forma de conservação de alimentos. A desidratação é a forma mais antiga de conservação de alimentos e, após a descoberta do fogo e do sal, surgiu a primeira conversa in natura. Com o passar dos anos, foram inventadas e criadas conservas existentes até hoje. Existem, basicamente, duas formas de produzir conservas. O que diferencia uma da outra é o ingrediente base a ser utilizado. As frutas e o tomate, que possuem base ácida, podem ser envasados depois de processados em banho-maria. Os demais ingredientes devem ser elevados a uma temperatura capaz de eliminar qualquer patógeno presente. Assim, necessitam passar por uma envasadora sob pressão. A habilidade do sal de matar patógenos e de conservar as coisas não se limita aos alimentos. Para um humano adulto, a dose letal de sal é de 80 gramas (mais ou menos a quantidade de um saleiro à mesa). A morte por excesso de sal é um jeito realmente doloroso de partir, já que o cérebro incha e explode. Além disto, é improvável que os médicos de emergência venham diagnosticar corretamente a causa antes que seja tarde demais (POTTER, 2017). 72UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 4.1 Conservas em banho-maria É apropriada para produzir conservas de frutas, picles e tomates com teores de acidez apropriados. Algumas variedades de tomates não possuem a quantidade de acidez adequada, assim, sugere-se a adição de 2 colheres de chá de vinagre ou suco de limão para cada quilo de tomate ao preparo, para garantir o teor de acidez. Podemos, também, utilizar o ácido cítrico, porém, a quantidade será ½ colher por quilo de tomate triturado. FIGURA 23 - CONSERVA DE TOMATE Os equipamentos necessários para produzir conservas em banho-maria consistem em uma caldeira com tampa e grade de metal, além de vidros com borda lisa e vedação adequada. De acordo com Mc Williams (2016), a caldeira deve ter a profundidade de, pelo menos, 3,8cm a mais que a altura dos vidros utilizados. Ademais, a grade de metal deve manter os vidros, pelo menos, 0,64cm suspensos acima do fundo da caldeira, para que a água em ebulição circule. FIGURA 24 - POTE DE CONSERVA (OBS: SE ACHAREM UM VAZIO É MELHOR) 73UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Os alimentos, após pré-preparo, são acondicionados nos vidros até o nível máximo de 1,25cm abaixo da tampa do vidro. A calda, o suco ou a água em ebulição são adiciona- dos até o nível máximo de 3,8cm. O conteúdo deve ser mexido para liberar qualquer bolha de ar presente e, se necessário, adicionar mais calda. As caldas utilizadas em conservas podem ser de baixa, média ou calda consistente. Para adquirir essas texturas, faça a fervura das seguintes proporções da tabela por 5 minutos. TABELA 9 - CONCENTRAÇÃO DE AÇÚCAR PARA A PRODUÇÃO DE CALDAS EM CONSERVAS Calda de baixa consistência 2 xícaras de açúcar + 4 xícaras de água Calda de consistência mediana 3 xícaras de açúcar + 4 xícaras de água Calda consistência 4 ¾ xícaras de açúcar + 4 xícaras de água Fonte: Mc Willians (2016, p. 473). Posteriormente, a tampa do vidro é fechada manualmente e o mesmo é erguido com auxílio de uma pinça, para ser colocado em banho-maria. Após o período de cocção, o vidro é retirado e resfriado na posição vertical, em temperatura ambiente. No dia seguinte, a vedação deve ser verificada, para garantir o armazenamento do produto por período prolongado. A técnica de elaboração de conservas em banho-maria foi abrilhantada por Nicolas Appert (1749 -1841), um confeiteiro francês, que se instalou em Paris, no ano de 1780, um ano após a Revolução Francesa. Após seu longo trabalho na confeitaria, começou a dedi- car os seus estudos para desenvolver métodos de conservação de alimentos. Após anos de estudo, seus produtos conservados receberam um relatório do Ministro da Marinha, recebendo elogios sobre a frescura dos alimentos consumidos, e ele foi premiado em 1809, tornando públicas as suas descobertas. Em 1810, o livro de Appert, intitulado L’art de Conserver, pendant pulsieurs années, toutes les Substances Animales et Vegétales (A arte de conservar, por vários anos todas as substâncias animais e vegetais), foi publicado, replicando o aperfeiçoamento de seu mé- todo com processos de conservação em mais de 50 tipos de alimentos. Na época, Appert acreditava que a conservação dava-se pela ausência de ar dentro dos vidros. O método utilizado por Appert, denominado apertização, era caracterizadopela co- locação de alimentos dentro de garrafas de vidro com cuidado e fechadas com rolhas. Após isso, era realizada a cocção em banho-maria, com tempos diferenciados para cada alimento. Esse método promovia a conservação de alimentos por meio do tratamento térmico que, até hoje, é utilizado pelas indústrias de conservas. 74UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 4.2 Conservas por envasamento por pressão Algumas bactérias são extremamente resistentes ao calor e podem ser desenvol- vidas em alimentos com baixo teor de acidez. O Clostridium botulinum é uma bactéria Gram-positiva, pertencente à família Bacillaceae, e, se este contaminar o alimento, pode provocar uma intoxicação alimentar, denominada de botulismo, a qual pode levar à morte. Ao elaborar as conservas sob pressão de 10 libras, a alta temperatura (116 oC) é suficiente para inativar os esporos da bactéria e tornar o alimento seguro por um período razoável. REFLITA A bottarga são ovos de tainha desidratados. Porém, você pode produzir um tipo de Bot- targa de gema de ovo em sua casa, sendo de fácil preparo. Essa receita eu aprendi com o chef Carlos Bertolazzi, em 2017. Para isso, você precisará de: 300g de sal grosso, mais 300g de sal fino, mais 300g de açúcar refinado e gemas de ovo de galinha (podem ser caipiras ou de granja). O modo de preparo consiste em misturar os secos, dispor metade em uma travessa e sobrepor as gemas com cuidado. Cubra com o restante dos secos e deixe na geladeira por 7 dias. Após retirar com cuidado, fatiar para servir. Com- bina muito bem com massas. Fonte: Os autores (2021). SAIBA MAIS Os cuidados com a higiene e a segurança dentro da cozinha são imprescindíveis para manter o alimento seguro. O botulismo é uma doença ocasionada pelo consumo de ali- mentos contaminados pela bactéria Clostridium botulinum, causadora de intoxicação alimentar grave. Esta é resistente ao calor e ao pH em algumas condições. Para saber mais acesse: http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemio- logica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/botulismo.html. 75UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Para o preparo de conservas sob pressão, no pré-preparo dos alimentos, é preci- so antecipar o aquecimento de 5cm de água na envasadora até a fervura. Após isso, os alimentos são envasados até a altura máxima da boca de 2,5cm e adicionados à água fervente, na altura máxima de 1,25cm. Os vidros devem ser fechados imediatamente e colocados sobre a grade. Ao concluir o tempo de cocção, é necessário que os vidros esfriem dentro da en- vasadora, evitando, assim, o choque térmico desnecessário, prevenindo-se de acidentes. O processo de verificação de vedação é necessário para manter a integridade do produto. FIGURA 25 - COMO COZINHAR POTES DE CONSERVAS EM PANELAS DE PRESSÃO Fonte: Modernist Cuisine at home (2014, p. 33). REFLITA As panelas de pressão são como os microondas à moda antiga: um equipamento que acelera o cozimento. O cientista francês Denis Papin serviu a primeira refeição feita em panela de pressão por volta de 1679, para um grupo de cientistas em Londres. Chaman- do-a de digestor ósseo, ele serviu ossos preparados sob forma gelatinosa (junto com carnes cozidas). Fonte: Potter, 2017, p.309. Para inspirar o capítulo sobre conservas, segue uma receita de picles, simples e prática, que pode ser realizada em sua cozinha doméstica. Lembre-se de esterilizar os potes de vidro antes do processo. 76UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos TABELA 10 - RECEITA DE PICLES MEIO AZEDOS Picles meio azedo: Rendimento 450 INGREDIENTES ● 3,5g de ramos de dill; ● 1 dente de alho amassado; ● 1 folha de louro; ● 450g de pepino para picles cortado em formato de lança. (*) Salmoura ● 480ml de água; ● 60ml de vinagre branco; ● 42,5g de sal. MODO DE PREPARO 1. Coloque o dill, o alho e as folhas de louro em um recipiente não corro- sivo. 2. Coloque as lanças de pepino por cima. 3. Ferva a água, o vinagre, o sal e despeje o líquido sobre as lanças, dei- xando-as esfriar. 4. Cubra e refrigere os picles por, no mínimo, 3 dias e, no máximo, 4 se- manas. Fonte: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014, p. 594). A seguir, veja alguns exemplos de conserva de vegetais. FIGURA 26 - CONSERVAS DE VEGETAIS 77UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Os picles são acompanhamentos conhecidos e proporcionam aquele toque picante ao prato. Em geral, para produzir o picles, é necessário adição de vinagre ou vinho branco para manter o pH ácido da preparação e do sal. Os ingredientes mais utilizados para a preparação de picles são cenouras, pepinos, rabanetes, cebolas, pimentas e couve-flor. O modo de preparo consiste em escaldar os vegetais e dispor no vidro já esterilizado, acres- centar o vinagre aquecido aos temperos escolhidos e fechar hermeticamente. Deixa-se curtir por semanas. REFLITA A técnica moderna de industrialização de alimentos alcançou um nível tão alto que, utilizando hortaliças e frutas da melhor qualidade, consegue-se apresentar alimentos enlatados com teor nutritivo igual ou melhor que certos alimentos frescos encontrados no mercado. Fonte: ORNELLAS, 2013, p. 189. 4.2 Defumação Iniciamos esta unidade com uma frase que descreve bem o que é defumação: uma arte. Defumar não é somente aplicar fumaça. Exige domínio de técnica, compreender os aromas da madeira e todo complexo químico e físico que ocorre durante a defumação. REFLITA Essa minha arte é um império de fumaça” – Demétrio, O areopagita. Fonte: POLLAN, 2014, s/p. Podemos dizer que a defumação foi desenvolvida acidentalmente. Os homens penduravam carnes e outros mantimentos perto do fogo para manter os animais longe de suas caças. Estes alimentos, que eram pendurados, adquiriam sabor peculiar, tornando-se mais atrativos. 78UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos SAIBA MAIS Já parou para pensar se a disponibilidade de alimentos fosse escassa, ou se a compra de um determinado ingrediente fosse difícil em sua região? Ou se você quisesse que a sua matéria-prima tivesse um sabor diferente? Alguns chefs de cozinha, pela escas- sez ou pelo excesso, têm utilizado algumas técnicas ditas como ancestrais para mudar a sua matéria-prima. Inspire-se na reportagem que mostra a visão de grandes chefs brasileiros na cura e defumação de peixes. Para saber mais acesse: https://www.acida- deon.com/ribeiraopreto/cotidiano/cidades/NOT,0,0,1356092,chefs+dao+novos+contor- nos+a+pratica+de+curar+peixes.aspx. A madeira utilizada para defumação pode apresentar uma composição complexa de compostos, como fenóis, ácidos orgânicos e seus derivados, álcoois, aldeídos, cetonas, compostos básicos e hidrocarbonetos, tornando a fumaça produzida, além de aromatizante com ação conservante, bacteriostática e bactericida. 4.3 Defumação a frio O processo de defumação a frio pode durar cerca de 3 a 4 semanas. A primeira etapa é preparar a matéria-prima por meio da salga seca. Após isso, o alimento é exposto à fonte de calor em temperaturas que não irão coccionar o alimento e manter a umidade do produto em cerca de 40%. Geralmente, este processo é realizado em período noturno e, no dia posterior, o alimento é resfriado. A defumação a frio proporcionará mais cor, sabor e manterá a suculência da carne, permitindo que esta passe por cocção posterior. A temperatura das defumadoras deve ser mantida entre 21o C e 38o C na defumação a frio. Essa faixa de temperatura evita a desnaturação das proteínas. Em temperaturas mais altas, as proteínas adquirem uma textura mais esfarelenta, como as de assado, desnaturadas. Queijos, vegetais e frutas podem ser defumados a frio, o que lhes proporciona o sabor único. Nesses alimentos, é indicado empregaruma pequena quantidade de fumaça. Para esses preparos, indico a utilização de uma smoking gun. 79UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos FIGURA 27- SMOKING GUN A seguir, vamos conhecer as especificidades da defumação a quente. Vamos lá?! 4.4 Defumação a Quente Na defumação a quente, o alimento é exposto à fumaça em câmaras de defumação com controle de temperaturas entre 85º C e 121º C. Temperaturas muito elevadas podem encolher, ressecar e quebrar o alimento, perdendo suas características finais de umidade e sabor. O produto final na defumação a quente já está pronto para o consumo, que deve seguir todas as normas de controle de segurança alimentar de tempo e temperatura para manter o alimento seguro para o consumo. FIGURA 28 - DEFUMADOR ARTESANAL Fonte: Os autores (2021). 80UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Para o preparo do alimento para a defumação a quente, é necessário realizar a cura seca ou úmida. Após isso, deve-se permanecer em refrigeração em contato com o ar para a formação da película. A película protetora ajuda no processo de defumação e na aderência do sabor ao produto final. REFLITA A cura é um processo de desidratação por meio da imersão do alimento em solução seca ou úmida rica em sal. Podem ser acrescentados elementos doces, ervas e condi- mentos, auxiliando no sabor e conservação dos alimentos. O processo de cura baixa a atividade de água, desidratando o alimento e evitando o crescimento de bactérias. Fonte: Os autores (2021). A película protetora tem papel fundamental para reter a umidade natural e manter as gorduras dentro da carne, que ajudam no processo de conservação, além da captura de cor e sabor da fumaça. A maioria dos alimentos pode ser seca de modo apropriado em racks, ou pendurada em ganchos ou varas, facilitando que o ar circule por todos os lados. Depois disso, o alimento deverá ser exposto à fonte de fumaça, sem que haja contato direto do alimento com o fogo ou produto a ser queimado, sobre uma grelha, em panela ou equipamento apropriado, sempre tampado. 4.5 Defumação em forno Churrasco ou fogo de chão são métodos de cocção por defumação que combinam o assar do alimento já defumando. Todo forno que alcance temperaturas acima de 121º C pode realizar esse processo, até o fogão convencional. Adicione uma forma cheia de lascas de madeira e deixe-as queimar lentamente, produzindo a fumaça enquanto assam. FIGURA 29 - COSTELA FOGO DE CHÃO 81UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Existe a lenda de que o churrasco de fogo de chão era comida de peão. Os patrões, ao abater o gado, ficavam com as carnes mais nobres para si e forneciam as carnes mais duras, como a costela, para os peões, que salgavam com o sal que era alimento para o próprio gado, e deixavam durante a noite em exposição à fumaça para amaciar a carne. 4.6 Defumação na assadeira Esta técnica é uma das que mais gosto, por alguns motivos, como ser rápida, barata e eficaz. Já pensou em produzir uma câmara defumadora na boca do seu fogão com pou- cos gastos? Esta técnica é basicamente isso, você precisará de duas formas de alumínio e uma grade de ferro para colocar entre as formas. Forre a forma, que ficará em contato com a chama do fogão, com papel alumínio, para dispor os elementos para defumação. Podem ser utilizadas, nesse processo, lascas de madeira, especiarias, mais arroz, mais açúcar, sendo que ambos os resultados são interessantes. A única desvantagem é a dificuldade de controle da fumaça, cujo pode ser bem intensa e tende a, em excesso, amargar. FIGURA 30 - DEFUMAÇÃO NA ASSADEIRA COM ARROZ, AÇÚCAR E ESPECIARIAS Fonte: Os autores (2021). Para inspirar este capítulo, segue a receita de peixe e camarão defumado. Essa receita foi utilizada pela autora no portfólio de harmonização de cachaças. 82UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos FIGURA 31 - ESPETINHO DE CAMARÃO DEFUMADO Esta receita é bastante versátil e pode, facilmente, ter alteração na utilização dos pescados. Fique atento, pois os pescados mais delicados, como camarão e vieiras, o tempo na cura é menor do que o de filés, como o de tilápia, utilizado na receita, ou o de salmão se, porventura, você queira utilizá-lo. Não deixe de preparar e fazer esta fumacinha em sua cozinha, porque, além de saborosa, o resultado é surpreendente. TABELA 11 - RECEITA DE TILÁPIA E CAMARÃO DEFUMADO Tilápia de Camarão Defumado INGREDIENTE ● 3 unidades de camarão rosa 21/1 - limpo; ● 250g de filé de tilápia; ● 40g de sal refinado; ● 20g de açúcar refinado; ● ½ colher (chá) de cravo em pó; ● ½ colher (chá) de louro em pó; ● ½ colher (chá) macis em pó; ● ½ colher (chá) de cebola em pó; ● ½ colher (chá) de pimenta da jamaica. 83UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos DEFUMAÇÃO ● 200g de arroz tipo 1 longo cru; ● 25g de açúcar refinado; ● 10g de gengibre em pó ou fresco ralado; ● ½ colher (chá) de canela em pau; ● ½ colher (chá) de anis estrelado; ● ½ colher (chá) de sementes de erva doce; ● ½ colher (chá) estragão seco. MODO DE PREPARO 1. Misture as especiarias, sal e cubra os camarões e a tilápia. 2. Deixe curando por 15 minutos o camarão e 30 minutos a tilápia. 3. Retire a cura, lavando em água corrente de forma cuidadosa e deixe sob refrigeração para a formação da película. PARA A DEFUMAÇÃO 1. Dispor de uma frigideira em cima da boca do fogão e cobrir com papel alumínio. 2. Adicione as especiarias e espere começar a produzir uma fumaça branca. 3. Coloque a grelha sobre a forma, os filés de tilápia e os camarões. 4. Tampe, com o auxílio de outra forma de alumínio, e deixe defumar em fogo baixo de 3 a 5 minutos. 5. Após isso, retire os pescados com cuidado e descarte os resíduos retirando com o papel alumínio. 6. Sirva com os acompanhamentos. Fonte: Os autores (2021). Contudo, já dizia Pollan (2014), que, com fumaça, tempo e molho de churrasco, redimirmos qualquer carne, transformamos o alimento em algo insosso, em algo prazeroso de se comer, e isso é arte, ou seja, gastronomia por meio do fogo e fumaça. 84UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro aluno (a), chegamos ao fim de mais uma unidade em nossos estudos em Garde Manger. Observe que o trabalho de um chefe de garde possui um leque incrível de possibilidades, que exige do profissional conhecimento, tanto teórico quanto prático. Nesta unidade, observamos que, além do conceito básico da cozinha fria, a praça de garde manger é responsável pela elaboração de sanduíches, lindas saladas, molhos simples e além de tudo isso é responsável por diversas técnicas de conservação de alimen- tos, incrível não acham? 85UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos LEITURA COMPLEMENTAR Defumação na Gastronomia: da conservação à técnica saborizante A defumação foi adotada historicamente como método de conservação de alimentos, pois o aprisionamento da fumaça na peça causa desidratação e redução do pH, evitando o desenvolvimento de microrganismos e o consequente apodrecimento. Por conseguin- te, a fumaça utilizada na defumação deve ser equilibrada com alguns compostos como a lignina, responsável pelo sabor e aroma característicos do produto defumado. Porém, apesar de conferir bons atributos à peça, pode produzir também compostos prejudiciais à saúde, tornando importante o controle de exposição da carne, a temperatura e a seleção de madeiras, evitando aquelas ricas em resina. Logo, têm-se dois tipos de defumação que diferem em temperaturas: a defumação a quente e a frio, além da fumaça líquida, que torna o processo mais simplificado. Em virtude disso, o presente trabalho reúne textos que abordam da história às consequências da defumação, com o objetivo de exposiçãode informações acerca do tema e que contribua para o aumento de produções bibliográficas do universo da gastronomia. Fonte: ALVES C. A. N.; ARAÚJO L. R. P. C. DE; NUNES M. H. N.; ARAÚJO A. A. L. . FILHO; LEMOS T. A. R DE O. Defumação na Gastronomia: da conservação à técnica saborizante, 2021. Disponível em: artigo-b223822b71de860902d6ec5c5f65bed7a83ef178-arquivo.pdf (doity.com.br). Acesso em 14 set. 2021. 86UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Cozinhando sem desperdício: Receitas sustentáveis para o gourmet consciente Autor: Lisa Casali. Editora: ALAUDE. Sinopse: Repleto de receitas práticas, Cozinhando sem desperdí- cio ensina ao leitor como aproveitar ao máximo os ingredientes do dia a dia, economizando no bolso e esbanjando saúde e vitalidade. Massas e risotos, bolos e tortas, sucos nutritivos e sobremesas deliciosas: neste livro, é possível preparar um cardápio completo e saboroso com criatividade e consciência FILME / VÍDEO Título: Fome de Poder (The Founder) (2016) Ano: 2016. Sinopse: O filme conta a história do homem que transformou o McDonald ‘s, uma pequena lanchonete, na maior rede de fast food do mundo, e mostra como não é preciso ter caráter pra ser bem-sucedido e, inclusive, não ter até ajuda. Ele era um vendedor de máquinas de milk shake (Michael Keaton) que vê uma oportuni- dade de adquirir uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice “Mac” McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco elimina os dois do negócio, transformando a marca em um império. 87 Plano de Estudo: ● Conceitos e Definições de embutidos, patês, terrines, galantines e pâtés en croûte; ● Bases histórica e composições de Queijos; ● Composição e estrutura em Aperitivos e hors d`oeuvre; ● Tipos de apresentação de bufê e de pratos. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar bases clássicas de terrines e galantines; ● Compreender os tipos de Queijos e suas produções; ● Estabelecer a importância da apresentação de bufê e suas produções. UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações Professor Esp. Cláudio da Silva Junior Professora Me. Queila Turchetto 88UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), nesta unidade do material da disciplina de Garde Manger, abor- daremos técnicas que nos levarão a sentir que estamos em outro período histórico, mas não pense que, por já possuirmos diversos métodos industriais para a compra do produto pronto, devemos descartar as técnicas artesanais. Em primeira instância, devemos enten- der que não se trata de técnicas de difícil aprendizado, mas sim do preparo pelas mãos do chef, que são únicas, trazendo, assim, o diferencial tão esperado. A necessidade de preservar os alimentos por não existir outra forma de conserva- ção, para possibilitar viagens, migrações e passar por períodos de escassez, fez com que o homem fosse criativo e possibilitou-nos, hoje, conhecermos lindas e saborosas produções clássicas que denominamos charcutaria, porém podemos relacionar a produção de embu- tidos, patês, terrines, galantines e pâtés em croûte. 89UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações 1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE EMBUTIDOS, PATÊS, TERRINES, GALANTINES E PÂTÉS EN CROÛTE Terrine refere-se à forma (utensílio de cozinha) que, antigamente, era produzida de terrine, isto é, terracota ou argila cozida em forno, que originou as farces assadas e molda- das em formas de cerâmica ou metal com tampa servidas frias. Atualmente, são produzidas formas de distintos materiais e estas possuem formatos diversos como a imagem a seguir. FIGURA 1 - FORMATOS DE FORMAS PARA TERRINE Fonte: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014, p. 309). 90UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações As formas dão o formato que leva ao nome clássico, porém antes de iniciarmos com os detalhes da produção, vamos entender as diferenças entre Terrines, Galantines e Roulades que, de acordo com Harrison (2013): ● Terrines: são produções feitas à base de mistura de carnes, peixes ou vegetais, em que são triturados e dispostos em formas, onde são cozidos e, posterior- mente, resfriados. Na hora do serviço são apresentados no próprio recipiente, podendo ou não desenformar; ● Galantines: são preparos realizados com recheios de carnes brancas (aves) ou patês, nos quais os recheios são colocados na pele da própria ave e, depois, enrolados, prensados, amarrados e escalfados (cozinhar entre 65ºC a 80ºC, sem tampar a panela, normalmente, em caldos feitos da própria ave). No serviço é servido frio e fatiado. ● Roulades: são preparos à base de patês e/ou pedaços de carne, que são temperados e, após enrolados em papel manteiga ou filme são escalfados, esfriados e como as Galantines são fatiados no serviço. A principal diferença do Roulade das Galantines é que podem ser usadas outras carnes, além da ave, e não se usa a pele, mas sim um papel manteiga ou plástico filme. FIGURA 2 - FARCE SIMPLES – TERRINE DE SALMÃO Somos gratos aos franceses por suas contribuições à charcutaria e ao mundo das terrines, dos patês e das farces. Ruhlman (2009), autor de “Elementos da Culinária de A a Z”, diferencia terrine de qualquer prato preparado em uma forma de terrine, pode ser assim chamado, como o clássico “patê enterrine”, e patês com recheios assados em diferentes 91UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações recipientes e apresentados de diversas formas, frios ou quentes. O Instituto Americano de Culinária (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014) designa farce como uma emulsão de carne magra e gordura estabelecida quando os ingredientes são combinados moídos, coados ou batidos em forma de purê. Para preparar as Terrines e Galantines, é necessário conhecer a base de preparo a qual é chamada de forcemeat, que é uma mistura de carnes moídas temperadas, as quais são utilizadas para rechear. O termo vem do francês farce, que significa recheio, e meat, do inglês carne. Existem três tipos de forcemeat, de acordo com Gisslen (2012): forcemeats simples ou farce simples: é a base clássica para fazer os patês e terrines mais tradicionais. As car- nes normalmente são moídas mais finas, podendo, algumas, ter granulagem maior. A sua base consiste em 50% a 65% de mistura de carnes magras e de 35% a 50% de gorduras. As forcemeats de campagne (do campo) tem a mesma base da forcemeats simples, porém as carnes são moídas de formas mais rústicas (grossas); ● Forcemeat gratin ou farce gratin: como o próprio nome diz, uma parte das carnes, ou em sua totalidade, é dourada, isto é, passa por um cozimento e, depois, é resfriada. Em seguida, vai para a moagem. É a técnica dos forcemeat menos utilizada; FIGURA 3 - TERRINE DE CARNE E FÍGADO 92UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações forcemeat mousseline: tendo, como base, proteínas brancas (aves ou vitelo), podendo ser estendido ao uso de frutos do mar, são processados até formar um tipo de purê e, em seguida, adiciona-se creme de leite e ovos. Segue, a seguir, uma imagem para que você possa analisar a textura da mousseline finalizada. FIGURA 4 - TERRINE DE FRANGO (MOUSSELINE) As mousselines devem ter uma textura aveludada, ao degustar, e leve, portanto, pos- suir equipamentos adequados permite conseguir chegar a esse ponto, como na figura anterior. As guarnições das terrines e patês têm por objetivo contribuir com o sabor, a textura, a apresentação visual e o valor nutricional, sendo usadas em diversos formatos, como em cubos, fatias, inteiras, pequenas, portanto, seguem alguns ingredientes bastante utilizados: ● Pistaches. ● Trufas. ● Toucinho fresco. ● Aspargos. ● Vitelo. ● Peito de Pato. ● Fígado de pato (foie gras). ● Presunto parma. 93UNIDADE IV O Mundodo Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações FIGURA 5 - FATIAS DE FARCES: 1) FARCE BÁSICA; 2) FARCE DE ESTILO CAMPONÊS; 3) FARCE GRATIN; 4) FARCE MOUSSELINE Fonte: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014, p. 308). As terrines são pratos versáteis do Garde Manger, as quais podem ser confecciona- das de qualquer tamanho, assim, permitindo uma flexibilidade no menu. Ademais, podem ser servidas como entradas, buffet de antepastos, saladas e, até mesmo, como guarnições. De tal modo, hoje existem diversos tipos de terrines, assim chamados de terrines contemporâ- neas. As terrines contemporâneas permitem que as entradas ou buffets de frios tornem-se mais sofisticados, bem como a sua apresentação visual pode chamar mais a atenção. Usar a criatividade e as bases de cozinha para criar molhos harmonizados com novos sabores de terrines é um caminho para incrementar os seus jantares, eventos e coquetéis. Agora que já sabemos quais os tipos de forcemeats existentes, vamos aprender o passo a passo de como montar uma terrine? 1º Eleja o tipo de terrine e prepare o forcemeat. 2º Eleja a forma a ser utilizada. 3º Prepare a guarnição, massa, toucinho ou presunto parma. Uma sugestão é deixar marinando, anteriormente, a sua guarnição para esta obter um sabor especial. 4º Prepare a forma, isto é, coloque a sua guarnição, a qual será a parte que ficará por cima da terrine. Ela vai dar a apresentação visual e contribuir para o seu sabor e textura. Aqui, de preferência, usar uma forma de fundo não removível, pois a terrine é cozida em banho-maria, para evitar entrar água na preparação. 94UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações 5º Coloque uma camada de forcemeat (farce) e bata a forma na bancada de traba- lho, a fim de tirar as possíveis bolhas de ar. Coloque as guarnições no meio ou em camadas; isso fará com que a terrine tenha um aspecto visual muito chamativo e, quanto mais cuidadoso for ao montar, melhor será a sua apresentação. Preencha até o final e, por fim, antes de fechar com a guarnição final, bata mais algumas vezes, para ter a certeza de que foi retirado todo o ar de dentro do forcemeat. 6º Feche com a guarnição que deixou o excesso para a forma, cubra com papel alumínio e faça dois furos, ao menos, para que o vapor possa ser expelido. 7º Coloque para assar em banho-maria (150ºC), por, aproximadamente, 1 hora. Isso dependerá do tamanho da forma utilizada, pois pode aumentar o tempo de cocção. 8º Deixe esfriar em temperatura ambiente e, quando estiver morna, coloque um peso sobre a terrine, para poder eliminar um pouco do líquido. 9º Quando estiver fria, leve à geladeira por 24 horas. 10º Se quiser selar a carne com aspic (Unidade II) ou gordura, deixe que ambos esfriem, mas que esteja líquido e adicione à terrine. 11º Agora, é só desenformar e usar a criatividade para a decoração (apresentação) da terrine. FIGURA 6 - TERRINE ITALIANA PARA O NATAL Fonte: https://blog.tbox.com.br/receita/terrine-italiana-para-o-natal/ Como já foram apresentados os tipos de terrines, os seus processos e a montagem, a seguir, abordaremos sobre as galantines, entradas clássicas que fazem da gastronomia algo ainda mais apaixonante. 95UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações 1.1 Galantine Já aprendeu a desossar um frango mantendo sua pele íntegra? O preparo desse prato exige tal habilidade culinária. O prato foi elaborado pelo chef M. Prévost, da casa do Marquês de Branca, e é caracterizado por uma ave desossada costurada dentro de sua pele, cozida em caldo. As galantines, como são conhecidas hoje, são populares desde a época da Revolução Francesa (1789-1799). FIGURA 7 - GALANTINE EM APRESENTAÇÃO CONTEMPORÂNEA Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/galantine-de-frango-fricass% C3%A9-de-cogumelo-jovem-repolho-e-molho-gm1041079290-278699537. A Figura ilustra o prato galantine de fricassé de cogumelos, folhas de repolho ácidas e ao molho do caldo de frango, conceito de alimentação saudável. 1.2 Dodine As dodines, como as galantines, são preparos à base de aves, especialmente pato e ganso. Costumo chamar as dodines de galantines assadas, porque é esta a principal diferença entre ambas. Enquanto a galantine é cozida em caldo e servida fria, a dodine é assada e servida quente. 96UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações REFLITA O preparo de desossa do frango foi uma das primeiras técnicas que aprendi na cozinha com minha mãe. Em minha família, temos um prato típico das festas de fim de ano, que se assemelha às dodines. Desossamos o frango, deixamos em uma marinada verde por 24 horas e, no outro dia, recheamos com farofa temperada, queijo, presunto, vegetais e bacon. Servimos frango assado e quente, com creme de milho e arroz branco. Fonte: Os autores (2021). SAIBA MAIS Desossar um frango com perfeição é questão de prática. Na cozinha de Garde, aprimo- rar esta técnica é uma exigência para elaborar, com perfeição, receitas clássicas, como galantines, ballotines e dodines. Por isso, mãos à faca e ao frango e vamos à cozinha. Para saber mais acesse: https://www.youtube.com/watch?v=v-stmN0kPWo pode ajudar nesta tarefa. Acesso em: 16 mar. 2020. 1.3 Ballotine As ballotines são semelhantes às galantines, mas são envolvidas em PVC ou Mou- sseline, podendo ser pochedas ou cozidas a vapor e servidas quentes ou frias. FIGURA 8 - BALLOTINE (1) E DODINE (2) Fonte: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014, p. 317). 97UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações Tradicionalmente, a ballotine é cozida em cocção lenta, em água ou líquido mais saboroso, após descansar uma noite, e é, geralmente, servida fria. Alguns preparos refo- gam-na com legumes e, nesses casos, é permitido o serviço a quente. 98UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações 2. BASES HISTÓRICAS E COMPOSIÇÕES DE QUEIJOS O conceito para queijos determina que o produto é fruto da coagulação da proteína do leite (caseína), drenado, produzido através da introdução de culturas vivas de bactérias “benéficas”, o processo é tão simples que parece mágica. REFLITA Na Serra da Canastra o queijo produzido em nosso país possui o “pingo” de cada pe- queno produtor. O pingo é a colônia de bactérias benéficas que existem apenas na re- gião que propiciam a característica única do queijo. Fonte: A autora (2021). Considerando-sea simplicidade do processo de produção e os poucos ingredientes utilizados em sua fabricação, é impressionante a variedade que se pode produzir, dizem que existem centenas de tipos catalogados em países europeus e em nosso país, possui belos exemplos que correspondem cerca de 70 tipos como: requeijão, minas. Para um entendimento maior sobre queijos é importante conhecer todos os passos e ingredientes são eles: 99UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações ● Seleção e tratamento do leite, com teste de qualidade, pasteurização, homoge- neização e padronização; ● Acidificação; ● Coagulação; ● Tratamento da massa; ● Drenagem ou dessora; ● Modelagem; ● Salga; ● Maturação. FIGURA 9 - PROCESSO DE MATURAÇÃO Fonte: http://www.queijocoalhobrasil.com/uso-de-madeira-na-maturacao- de-queijos-uma-tradicao-secular-a-ser-respeitada-parte-2/. Os queijos são classificados sob o ponto de vista prático ou tecnológico, é muito difícil classificar um queijo de forma coerente e definida. A primeira grande dificuldade se baseia nas inúmeras variedades, sendo que a diferenciação entre elas é baseada em fatos empíricos, regionais, climáticos e em hábitos alimentares. Tomando como base as características tecnológicas bem definidas, entre as dife- rentes classificações existem algumas que se destacaram e são hoje mais utilizadas, como as classificações pela textura da massa, a classificação pela origem da matéria-prima e a classificação pelo processo de fabricação.Mesmo as classificações mais técnicas e comple- xas não são completas, e um queijo pode estar, ao mesmo tempo, em dois ou mais grupos. 100UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DE QUEIJOS DE ACORDO COM PROCESSO DE PRODUÇÃO Classificação Teor de umidade % Tipos Massa Mole Fresca 56 a 80 Petit Suisse e Minas frescal Massa Mole Maturada 48 a 65 Camembert e Brie Massa semicozida 40 a 50 Gorgonzola e Prato Massa dura 30 a 39 Parmesão e chedder Massa filada 40 a 50 Mussarela e provolone Processos 30 a 42 Fundidos em geral. Fonte: Os autores (2021). Após a classificação vista de acordo com os processos de produção utilizaremos a classificação que separa os queijos por sua textura, maturação e tratamento: 2.1 Queijos moles FIGURA 10 - QUEIJO BRIE FATIADO COM FRAMBOESAS, MEL E NOZES Estes queijos não são maturados e tem sabor e textura suave, fresca e cremosa. São queijos mais perecíveis e podem ser mantidos em meio líquido. Alguns exemplos de queijos frescos são: minas, cottage, cream cheese, requeijão, ricota e mascarpone. 101UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações Maturados por fungos na superfície: são queijos que levam uma camada de cultura de fungos em sua superfície externa. Os tipos mais conhecidos são o Brie e o Camembert. Estes queijos podem ser mais ou menos ricos, de acordo com a proporção de gordura utilizada em sua produção. Seu sabor é suave, pode ser servido em temperatura ambiente e para determinar se ele está corretamente maturado, deve-se pressionar seu centro, que deve ceder ao toque, retornando logo após a pressão. 2.2 Queijos firmes FIGURA 11 - QUEIJO LIMBURGO Fonte : https://portaldoqueijo.com.br/noticias_queijos/2018/01/10/rotas-do-queijo- pelo-mundo-europa/attachment/queijo-limburger/ Maturados por microrganismos na superfície: são queijos que levam uma ca- mada de cultura de fungos em sua superfície externa. Os tipos mais conhecidos são o Port-Salut, Limburgo, Saint-Paulin e Tilsit. Maturados por fungos no interior (azulados): são queijos que possuem veios azulados, os mais antigos conhecidos. Para a produção destes queijos, utilizam-se agulhas que perfuram o queijo, permitindo a entrada de oxigênio, o que favorece o crescimento das culturas em seu interior. Após este processo, o queijo é salgado e armazenado em condi- ções “de caverna” para maturar (com umidade e baixa luminosidade). Os mais conhecidos são o Roquefort e o Gorgonzola. Maturados com leite tratado (massa semicozida): Gouda, Itálico e Estepe. 102UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações 2.3 Queijos semi-macios FIGURA 12 - PEDAÇO DE QUEIJO FRANCÊS CREMOSO DE SAINT PAULIN FEITO DE LEITE DE VACA PASTEURIZADO, ORIGINALMENTE FEITO POR MONGES TRAPISTAS Fonte: https://www.canastrapremium.com.br/pagina-de-produto/queijo-saint-paulin-serra-das-antas. Inclui uma enorme variedade de queijos, que vai desde os mais suaves aos mais aromáticos. Podem ser classificados quanto ao tipo de revestimento que influenciam a sua maturação. Ex: Muenster, Saint-Paulin e Bel Paese. 2.4 Queijos duros FIGURA 13 - QUEIJO PECORINO ENVELHECIDO DA SARDENHA Fonte: https://mundozumm.com.br/queijo-pecorino-a-tradicao-do-sabor-produzido-na-sardenha/. 103UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações Tipo grana ou conhecidos como “granas”, são queijos que possuem textura granulada e sabor forte e marcante devido ao longo período de maturação e à sua característica extre- mamente seca. Os mais conhecidos são o Parmesão, Pecorino, Parmigiano Reggiano e o Grana Padano. Outros tipos de sabor e consistência mais suave são o Cheddar, Manchego, Emmenthal e Gruyère. 2.5 Queijos de massa filada FIGURA 14 - QUEIJO BURRATA COM TOMATES DESIDRATADOS AO AZEITE E BERINJELA ASSADA Fonte: https://oglobo.globo.com/rioshow/doze-sugestoes-de-burrata-que-vao-derreter-voce-23497973 São queijos feitos de coalho imerso em água quente salgada (+/- 80ºC), e então mexidos e esticados formando filamentos. A textura do queijo varia em função do teor de umidade. Quanto mais seco, mais duro. O tempo de preservação das características bási- cas dos queijos é inversamente proporcional ao teor de umidade; assim, os queijos mais úmidos têm consistência mais macia e um tempo de vida útil mais curto. 2.6 Seleção e serviço de queijos Existem vários fatores que devem ser considerados ao se preparar uma tábua de queijos. Deve-se fazer uma escolha balanceada, envolvendo cores, texturas, corpo e intensi- dade de sabor dos queijos ou pode-se apresentar apenas um bom queijo de cada variedade. 104UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações A apresentação de queijos é algo singular, que deve contemplar o gosto dos co- mensais e pode seguir algumas regras básicas, como: ● Os queijos devem ser apresentados despidos da embalagem; ● Devemos evitar ao máximo a apresentação de queijos cortados em cubinhos, a não ser que eles estejam próximos da forma original; ● Cada queijo deve ser servido com sua própria faca; ● As bandejas devem ser montadas com queijos de apenas um tipo de leite; ● Os queijos devem ser servidos em temperatura ambiente; ● A bandeja utilizada pode ser simples, valorizando assim a beleza natural dos quei- jos servidos, ou estar coberta de folhas e espelhos para valorizar a apresentação; ● Servir sempre pães e torradas como acompanhamento, lembrando que frutas são também sempre bem vindas; ● Existem três itens que têm afinidade natural com os queijos: vinho ou cerveja, pães, torradas e frutas. FIGURA 15 - BUFÊ DE QUEIJOS Fonte: https://quintasantateresinha.com/servico/buffet-de-queijos/ 105UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações Para cada tipo de queijo há apenas um tipo de corte, eu diria o corte apropriado. Um grande queijo pode ter suas principais características arruinadas por um corte inade- quado. O corte deve seguir o princípio da proporcionalidade, isto é, cada pedaço deve possuir um pouco de tudo que a forma original. E como todo conceito clássico leva-se uma ordem adequada a sequência de degustação de queijos é dispor sobre uma mesa ou tábua de degustação, faça-o de modo que os mais suaves sejam servidos antes daqueles que possuem sabores médios e fortes. As frutas e pães servem como auxiliares para uma degustação adequada. SAIBA MAIS O Canastra é tombado pelo IPHAN como patrimônio cultural imaterial brasileiro, produzi- do há mais de 200 anos. É primo distante do queijo São Jorge, dos Açores, trazido pelos colonos durante o ciclo do ouro. Seu consumo ideal é após duas a três semana de cura, quando adquire seu sabor e texturas típicos, levemente firme e picante, salgadinho na medida certa.Essa presença discreta de sal e a picância fazem dele um ótimo parceiro para tintos mais robustos, com alguma presença de taninos: são suavizados pelo sal, que também destacará a fruta, que por sua vez suavizará a picância. Uma harmoniza- ção que tem que ser provada, com vinhos como o português Casa de Mouraz Private Selection 2014, no Dão. Para saber mais acesse: https://www.bellecave.com.br/harmo- nizacao-queijos-brasileiros-e-vinhos. 106UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações 3. COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA EM APERITIVOS E HORS D`OEUVRE Uma das tarefas do chef de Garde Manger é a produção de pratos para o serviço de coquetel. Este serviço é caracterizado por servir comidas quentes ou frias, de tamanho pequeno, para serem comidas com as mãos, sem a utilização de louça, talher ou mesa. O nome dessas pequenas produções na culinária é Hors d’Œuvre, que em francês significa “fora do trabalho”. São compostos de petiscos variados, canapés, crudités, salgadinhos etc. Geralmente são servidos para abrir o apetite dos comensais, e possuem um grande apelo visual, com sabores e texturas variadas. Os Hors d’Œuvre são preparados e servidos de acordo com asnecessidades e a natureza de cada evento, sejam casamentos, recepções ou como entrada em grandes banquetes. São sempre uma escolha natural para ocasiões onde os convidados não estarão sentados. Hors d’œuvres e tira-gostos são consideradas produções distintas: os Hors d’œuvres tradicionalmente são o antepasto, enquanto os tira-gostos são servidos separadamente da refeição, tendo como função estimular o paladar e abrir o apetite. (Chef Profissional, 2009) Além das saladas e dos molhos para saladas, o setor de Garde Manger muitas ve- zes é responsável por esses pequenos itens alimentícios conhecidos por vários nomes, tais como petiscos, antepastos, tira-gostos, aperitivos, acepipes ou, em francês hors d´ouvre. Tipos de hors d´oeuvres – frios ou quentes, são geralmente pequenos itens que podem ser servidos em uma recepção formal que antecede uma refeição, como parte de um evento separado sem relação com uma refeição (coquetéis), ou simplesmente acompa- nhando bebidas em uma reunião informal. As duas maneiras mais comuns de servir hors d´oeuvre são com serviço de garçons ou com serviço de bufê. 107UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações 3.1 Tipos de Hors D´Oeuvres Salgadinhos - são produções do tamanho de uma mordida. A escolha dos tipos é baseada nos costumes de cada país. No Brasil, são comuns os salgadinhos fritos, empa- nados e assados, tais como coxinhas, empadas, bolinhas de queijo, pastéis, croquetes etc. FIGURA 16 - SELEÇÃO DE PETISCOS BRASILEIROS Fonte: https://www.sabornamesa.com.br/cardapios/receitas-de-comida- de-boteco-e-petiscos-para-festa-faceis-e-baratos. Canapés quentes ou frios, pode ser composto de uma infinidade de ingredientes e variações. Sua composição é base + pasta + recheio + decoração. Sendo a Base um pão a sua escolha, ou base de canapé que pode ser pão cortado, bases industrializadas (tarte- lletes) ou bases feitas com vegetais, frutas secas, blinis, tortillas, massas (brisée e choux) etc. Para a pasta é utilizado um ingrediente cremoso que dê umidade e proteção à base, normalmente feita com queijos cremosos, manteiga, maionese ou creme de leite, etc. E para o recheio coloca-se ingredientes de sabor e pode ser utilizado isoladamente ou numa combinação com outros (frios, vegetais, ovas, defumados etc.). E por fim a decoração que pode ser ou não parte do recheio, serve para dar apelo visual. 108UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações FIGURA 17 - CANAPÉS Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/alimentos-canap%c3%a9s-comida-p%c3%a3o-sof%c3%a1-3825210/ O preparo de sanduíches é uma responsabilidade do garde manger. Além dos san- duíches tradicionais, existem os finger sandwichs, que são minissanduíches do tamanho de uma ou duas mordidas, servidos nos chás ingleses ou mesmo como hors-d´oeuvre. FIGURA 18 - SANDUÍCHES COM BATATAS ASSADAS Assim como os canapés, os sanduíches devem apresentar em sua composição: base + pasta + recheio; a decoração é facultativa, variando de acordo com a produção e finalidade. 109UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações SAIBA MAIS Os sanduíches têm lugar reservado em quase todos os menus, de recepções e chás elegantes a refeições substanciais, porém casuais. Constituídos de quatro elementos simples – pão, uma pasta para amaciá-lo, um recheio e uma guarnição -, eles são um bom exemplo de como a maneira pela qual uma abordagem global à culinária pode resultar em uma variedade quase infinita. (Chef Profissional, 2009) Fonte: Chef Profissional, 2009. 110UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações 4. TIPOS DE APRESENTAÇÃO DE BUFÊ E DE PRATOS As Regras para apresentação de Garde Manger são classificadas de acordo com os temas: Equilíbrio: na seleção dos alimentos, cor, métodos de cocção, forma, texturas, sabores e temperos; Unidade: na apresentação do prato, harmonia quanto ao sabor e à aparência; Ponto focal: a bandeja deve ter um ponto focal, um ponto onde o olho vai se dirigir automaticamente quando se olha à apresentação. Depende diretamente da forma em que são colocados os ingredientes da montagem e de sua relação entre os diversos componentes da Bandeja; Fluxo: o manejo adequado do equilíbrio, unidade e ponto focal possibilitam o desenvolvimento do fluxo. A Primeira regra Equilíbrio traz o conceito na apresentação de um prato que engloba muitos fatores. Esta apresentação deve ser equilibrada através da seleção dos alimentos, com a escolha de temperos complementares e de grupos de alimentos. A preparação do prato deve ainda envolver métodos de cocção diferentes, porém complementares. Além disso, o prato deve ser colocado em utensílio apropriado e de forma apetitosa. O conceito de equilíbrio pode ser mais bem compreendido através dos seguintes tópicos: => Seleção dos alimentos: Deve haver um equilíbrio entre tipos de alimentos complexos e simples. Ex: Escalope de vitela perfeitamente salteados (simples) servidos com risoto de legumes (complexo). => Cores: A cor é sempre importante, principalmente na apresentação de um prato. A cor reforça o frescor, a qualidade e a cocção adequados. 111UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações => Variedade: Crie uma variedade de cores sem dar em efeito de “circo”. Use tons de terra com cores vibrantes, o efeito é ótimo. Em geral, os alimentos que combinam em sabor, naturalmente => Cor natural: Dá destaque à técnica culinária usada; assados caramelizados (com o uso de glaceado); Sauté (uniformemente marrom); no vapor (cores frescas). => Métodos de cocção: Evite a repetição e use métodos diferentes, porém com- patíveis. Técnicas variadas de cocção naturalmente dão origem a texturas variadas na apresentação do prato. Alguns exemplos são: Carne assada com linguiça escalfada; Crosta assada com carnes braseadas; => Formas: Evite o uso de formas iguais no mesmo prato. Evite muitos legumes inteiros ou recheados, ou ainda, misturas soltas espalhadas pelo prato; => Texturas: Use purês, pudins, itens fritos e assados de modo a produzir texturas diferentes. Porém,evite a combinação de muitas texturas parecidas no mesmo prato. As texturas básicas com as quais se deve trabalhar são: Suave; Áspera; Sólida; Macia. => Sabores e temperos: Evite usar as mesmas ervas aromática e os mesmos con- dimentos para dar sabor. Não ponha alho, ervas e cebolinha em todos os componentes do prato. Os sabores devem se completar, por exemplo: Rico com magro; condimentado com suave; Defumado (salgado) com doce; Doce com azedo (ácido); Doce com condimentado. => Equilíbrio simétrico e assimétrico: Os acompanhamentos devem ser com- patíveis com a entrada: Evite servir um creme de legumes com um item que tenha um velouté, um creme ou um molho à base de bechamel; Evite servir acompanhamentos fortes com entradas de sabor delicado (como repolho roxo braseado e bem temperado com um linguado muito suave); Evite combinar legumes fritos com entradas fritas. REFLITA Quanto mais simples for a entrada, mais complexos devem ser os acompanhamentos. Quanto mais complexa a entrada, mais simples deve ser o acompanhamento. Fonte: Os autores (2021). 112UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações A segunda regra de Unidade se relaciona ao layout, que deve ter uma unidade de coesão. Já que a elegância é decorrência direta da simplicidade, quanto menos áreas de foco houver na apresentação do prato, melhor. A sensação deve ser a de estar apresentan- do uma deliciosa combinação de alimentos que se integram, e não a de componentes que, por acaso, estão no mesmo prato. A terceira regra é o Ponto Focal onde o layout da bandeja ou do prato deve exibir um ponto focal (um ponto ou área para o qual os olhos convergem naturalmente). A pre- sença e a localização deste ponto focal dependem muito da colocação e da relação dos diversos componentes do prato. E por último o Fluxo da apresentaçãoonde os fatores mencionados anteriormente (equilíbrio, unidade e ponto focal) são trabalhados adequadamente, pode-se desenvolver um sentido de movimento ou fluxo na bandeja. Se o layout é simétrico, o sentido de fluxo pode ser suprimido ao se” fixar” o olho no meio do prato ou da bandeja; se é assimétrico, existe um sentido mais forte de fluxo. Quando a apresentação não é unificada, é impossível formar-se um caminho lógico para os olhos seguirem. Portanto, não há nenhum fluxo evidente. Além disso, se a apresen- tação não é unificada, não existe um ponto focal forte. Este ponto focal é o ponto de partida necessário do qual o fluxo deve emanar. Aplicando as Faces, ao se fatiar um assado, um patê, uma galantine ou qualquer outra peça grande, cada fatia deve ser colocada com a face “externa” para cima. Isto asse- gura que qualquer padrão na face de uma peça inteira estará colocado de modo semelhante na face da fatia apresentada no prato. De acordo com a sequência deve-se dispor uma fileira de fatias na mesma ordem em que foram cortadas. Desta forma, haverá uma progressão consistente, qualquer que seja o padrão. A marmorização natural de um pedaço de carne ou diminuição gradual de tamanho na cauda de um peixe inteiro, muitas vezes estabelece um padrão palpável, e que pode ser facilmente interrompido por uma falha ou mudança na sequência. Se, ao arrumar uma fileira de fatias, uma ou mais delas são “invertidas”, o fluxo da fileira será interrompido, enfraquecendo aquela fileira. E por último use Linhas fortes para que a apresentação de um prato tenha sucesso, é importante que se compreenda e se desenvolva linhas “fortes” ou “claras”. Uma linha forte nos dá uma forte sensação de direção. Linhas fortes e claras ganham realce com formas, cocção, fatias, posição das faces e sequência adequadas. 113UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações Porém não se esqueça de não utilizar “Decorações não funcionais”. Uma decoração não funcional é qualquer item, comestível ou não, que não contribui para o sabor e a textura de um prato. Um chef deve sempre evitar o uso de decorações não funcionais em pratos e bandejas. Uma boa maneira de evitar o uso de uma decoração não funcional é fazer a si mesmo a seguinte pergunta: “Qual é o propósito disso?”. Se a única resposta é “dá cor”, provavelmente você está usando uma decoração não funcional. São exemplos de decorações não funcionais: ● Uma fatia de laranja num prato de ovos (mexidos, fritos ou omelete); ● Um gomo ou casca de limão num prato servido com molho; ● Folhas de alface como forro de uma comida quente em prato aquecido; ● O tradicional ramo de salsinha ou agrião. Muitas vezes, em pratos clássicos, o agrião e a salsinha são adequados. Pode-se usar agrião num prato que contém somente um item grelhado ou assado; ● “Cestinhas” feitas de laranja ou limão; ● Rosas feitas de tomate e pássaros feitos de maçãs; ● Franjas de papel alumínio. ● Os amidos e os legumes podem tornar-se decoração para: ● Dar cor e textura à entrada; ● Contribuir para a apresentação do prato; ● Eliminar o uso de decorações tradicionais não funcionais. 114UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro aluno (a) nesta quarta e última unidade, abordamos quatro conteúdos de exímia importância para o profissional da cozinha de Garde Manger. No preparo de Ter- rines, é importante compreender que o processo de produção pode ser realizado de três formas, compreendeu a diferença entre galantine, balotine e roulade, que muitas vezes são confundidos devido ao formato parecido. Trabalhamos os tipos de queijos e suas características. Além de identificar os tipos de entradas diferenciadas, conhecidas como Hors d`oevre que são lindas ao olhar e deli- ciosas ao paladar. Após apreciar todo este conteúdo, fechamos nossa unidade apresentando diversas técnicas para a apresentação de buffet. 115UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações LEITURA COMPLEMENTAR A ascensão do caviar De ração... a frisson. Por Marcos Nogueira 25 Fev 2019 17h57 Símbolo máximo do luxo, a ova de esturjão do mar cáspio já foi comida de cam- ponês. Entenda as reviravoltas geopolíticas que lançaram sobre o caviar o maior raio gourmetizador da história: Uma ova. O mundo consome as ovas de uma infinidade de criaturas aquáticas: salmão, capelim, bacalhau, tainha, ouriço-do-mar, peixe-voador. A rigor, nenhuma delas pode ser chamada de “caviar”. Caviar é o nome ... Fonte: NOGUEIRA, M. A ascensão do caviar: De ração... a frisson, 2019. Dispo- nível em: https://super.abril.com.br/especiais/a-origem-do-caviar/. Acesso em 14 set. 2021. 116UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Livro Queijos Brasileiros à Mesa: com Cachaça, Vinho e Cerveja Autor: Bruno Cabral; Manoel Beato. Editora: Senac (São Paulo). Sinopse: As surpresas reveladas em uma degustação de queijos com cachaça, vinho ou cerveja são muitas. A disputa de sabores e sensações entre o queijo e a bebida que o acompanha é intensa. Com personalidades fortes, um tenta prevalecer sobre o outro... Em alguns casos, um dos dois se sobressai. Mas, sim, há uniões felizes, resultando em uma dança harmoniosa, na qual as carac- terísticas de cada um dos parceiros é evidenciada, exaltada. Do mestre-queijeiro Bruno Cabral e do sommelier Manoel Beato, com colaboração de Cassio Piccolo - especialista em cerveja -, esta publicação do Senac São Paulo traz informações sobre as oito famílias de queijos e a melhor maneira de servi-los, e relata como se comportam os queijos brasileiros, as cachaças, os vinhos e as cervejas em um encontro de harmonização. FILME / VÍDEO Título: Estômago Ano: 2007. Sinopse: Raimundo Nonato (João Miguel) é um migrante nordesti- no que chega à cidade grande em busca de oportunidade. Aprende a profissão de cozinheiro, na qual se desenvolve e recebe uma melhor oportunidade de trabalho. Sua vida se complica ao se en- volver com a prostituta Iria (Fabíula Nascimento). O filme se passa entre o tempo atual na cadeia e a vida de Nonato no restaurante. 117 REFERÊNCIAS AN ESCOFFIER Biography. Society Escoffier. Disponível em: http://www.escoffier-society. com/biography.php. Acesso em: 06 nov. 2021. ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Boas Práticas de Fabricação. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-autorizacoes/alimentos/empresas/boas- -praticas-de-fabricacao. Acesso em: 10 out. 2021. ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RDC nº 216, de 15 de Setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília, DF, 2004. Disponível em: http://www.saude.al.gov.br/wp-content/uploads/2017/02/ RDC-N%C2%B0-216-ANVISA-out. 202a. Acesso em: 15 out. 2021. BARHAM, P. A Ciência da Culinária. São Paulo: Roca, 2002. BARRETO, R. L. P. Passaporte para o Sabor. São Paulo: Editora SENAC, 2008. CARVALHO, R. de. Cozinha Fria: da ornamentação à execução do cardápio. São Paulo: Érica/Saraiva, 2014. FUNDAMENTOS Culinários - Receitas Clássicas. Brasil: Delmar Cengage Learning, 2008. FUNDAMENTOS Culinários, Receitas Clássicas. São Paulo: Cengage Learning, 2011. GARDE Manger: a arte e o ofício da cozinha fria. São Paulo: Editora SENAC, 2014. GASTRONOMIA Básica. 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Acesso em: 10 out. 2021. WRIGHT, J.; TREUILLE, E. Todas as Técnicas Culinárias. São Paulo: Marco Zero, 2014. 120 CONCLUSÃO GERAL Prezado (a) aluno (a), Neste material, busquei trazer para vocês a base da cozinha de Garde Manger, apresentando esta praça como algo único, recheado de técnica, história e muito conheci- mento. Em nossa primeira unidade, abordamos a linda história do Garde Manger associan- do aos conceitos da cozinha antiga fria, de como ela era trabalhada nos grandes banquetes e apresentando hoje como o perfil do cozinheiro mostrou mudanças significativas para se adaptar a cozinha contemporânea. Destacamos também quais conceitos e definições são importantes para a formação do chef de Garde Manger, apresentando o histórico deste setor e figurando quais utensílios e equipamentos são necessários para operacionalizar uma cozinha de Garde Manger. Apresentamos o rico conteúdo na unidade três dos preparos, técnicas ingredientes na produção de molhos, sopas fritas, emulsões e desmistificando que vinagrete é apenas azeite e ácido com as suas variações de ingredientes. Abordamos também o preparo de saladas e suas composições diversificadas em tipos de folhas, flores ou mini plantas, os brotos. Ao pensarmos em cozinha fria, imaginamos que só trabalhamos com base fria em preparos de saladas, molhos, porém abordamos também nesta praça o preparo de lanches e suas composições como o preparo de conservas e defumação, então de fria a cozinha, passa a uma cozinha de conservação, entendeu a modernidade? Fechamos este livro com conteúdos mais fascinantes dos preparos clássicos como os patês, terrines e galantines que hoje tem-se apresentado nos pratos de alguns restauran- tes com uma nova cara, porém com o mesmo sabor fascinante do seu preparo, levantamos também os conhecimentos em aperitivos, queijo e como elaborar uma mesa de buffet. Acreditamos que com os conteúdos abordados neste livro, você estará preparado para ir em frente nos preparos desta praça fascinante, em criar, replicar e apresentar os mais belos pratos da cozinha fria clássica e moderna. +55 (44) 3045 9898 Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR www.unifatecie.edu.br UNIDADE I O Garde Manger UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações