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Desenvolvimento: origens, conceitos e interpretações Bibliografia Paula (2016): Hegel desenvolvimento, para ser legítimo, tem que mobilizar e valorizar as potencialidades emancipatórias todo processo de desenvolvimento, para ser legítimo e efetivamente emancipatório tem que mobilizar o que no local, no regional, no nacional é constitutivo do que é a melhor realização do humano “Com efeito, é possível dizer que a questão do desenvolvimento está sempre sendo redefinida histórica e espacialmente, assumindo, a cada período e em cada local, peculiaridades, que, em última análise, refletem as condições concretas da dominação capitalista, as condições concretas da luta de classes, em suas múltiplas dimensões.” “É esse papel nuclear e imantador, como "fato social total" que se quer ver no conceito de "desenvolvimento", que para se realizar, efetivamente, tem que ser a um só tempo social, econômico, político, cultural, o institucional.” DESENVOLVIMENTO COMO FATO SOCIAL TOTAL “qual a razão para que estejamos tão atrasados na construção de instrumentos capazes de aferir, acompanhar, monitorar indicadores de qualidade de vida humana, para além do estabelecimento de relações de causalidade fracas e parciais?” “recorrente tendência a se ignorar que o sucesso capitalista dos países centrais não é um atributo natural, que o desenvolvimento desses países também precisa ser explicado como processo histórico” “Trata-se, no caso do desenvolvimento do capitalismo na América Latina, de considerar os constrangimentos estruturais decorrentes tanto da herança colonial, quanto da dominação imperialista, de que resultará o subdesenvolvimento, que não é senão um outro nome para designar o desenvolvimento capitalista em países em que a condição periférica impõe a concentração da renda e da riqueza, e daí uma série de desdobramentos negativos sobre a produtividade do trabalho, sobre o desenvolvimento tecnológico, sobre a inserção no mercado internacional.” “Por certo, tanto as perspectivas liberais, quanto as estatistas contribuíram tanto para significativos surtos de crescimento econômico, para a modernização da América Latina, sem que isso tenha significado, efetivamente, a superação da condição periférica, a superação do subdesenvolvimento.” “Nesse contexto, a Revolução Cubana seria a expressão mais acabada da constatação da perspectiva que entende que a superação da condição dependente, subdesenvolvida do capitalismo latino americano, passa pela superação do capitalismo.” o desenvolvimentismo brasileiro “Sobre esses chamados ‘modelos de crescimento’, diga-se, que se o desenvolvimento, de fato, pressupõe o crescimento da renda e da riqueza, de nenhum modelo devem ser tomados como sinônimos crescimento e desenvolvimento, que esta última realidade significa transformações estruturais, enquanto o crescimento econômico pode ser alcançado sem qualquer modificação qualitativa.” pag 15: Furtado e Castro Bresser (2014): “A ideia de progresso nasceu de um Iluminismo racionalista e anti religioso. Se pudéssemos definir os filósofos do século XVIII por apenas uma reivindicação, esta seria a da secularização do Estado – a separação entre religião e Estado. Uma coisa é a ideia de providência, outra, a de progresso. Progresso e desenvolvimento são conceitos modernos, datam da Revolução Capitalista.” “Hoje, minha tese é a de que o desenvolvimento humano ou progresso é o processo histórico pelo qual as sociedades nacionais alcançam seus objetivos políticos de segurança, liberdade, avanço material, redução da injustiça social e proteção do meio ambiente a partir do momento em que realizam sua Revolução Capitalista; ou, em outras palavras, o desenvolvimento humano é a conquista gradual dos direitos correspondentes que as sociedades modernas ou capitalistas definiram para si mesmas como direitos humanos: os direitos civis, ou as liberdades básicas que caracterizam o Estado de direito; os direitos políticos, o direito universal de eleger e ser eleito para o governo; os direitos sociais, os direitos básicos voltados para a justiça social; e os direitos republicanos, os direitos à res publica ou ao patrimônio público (inclusive o meio ambiente natural), o direito de que o patrimônio público seja utilizado para fins públicos ou à luz do interesse público” “As sociedades primitivas não produziam excedente econômico, razão pela qual não havia dominação; todos viviam no nível da subsistência. No momento em que um modesto progresso tecnológico – a descoberta da agricultura nas bacias hidrográficas – possibilitou a produção de um excedente permanente, surgiu a dominação, na medida em que um pequeno grupo se apropriou dele pela força militar legitimada pela religião. Nesse quadro histórico, a dominação e a exploração dependiam do poder militar e religioso do grupo dominante. As coisas mudaram com a Revolução Capitalista. Agora, a apropriação do excedente econômico deixou de depender do uso da força para ser o resultado das trocas no mercado” “Desenvolvimento econômico é o processo histórico de acumulação de capital incorporando conhecimento técnico que aumenta o padrão de vida da população.” “O crescimento econômico às vezes pode ser injusto, às vezes ser ofensivo à natureza; o desenvolvimento humano, por definição, não pode, porque para que este se materialize não é suficiente melhorar os padrões de vida; é também necessário observar algum avanço nos outros quatro objetivos políticos que as sociedades modernas definiram para si próprias” “Definido o desenvolvimento econômico como a melhoria dos padrões de vida causada pela acumulação de capital com a incorporação do progresso técnico, e o desenvolvimento humano como o avanço das sociedades modernas em direção a seus cinco objetivos políticos autodefinidos, podemos distinguir formas de desenvolvimento relativas a cada um desses objetivos: desenvolvimento da segurança (maior paz entre as nações e menos crimes), desenvolvimento econômico (maior bem-estar), desenvolvimento político (maior igualdade política e maior participação no governo), desenvolvimento social (maior igualdade econômica) e desenvolvimento ambiental (maior proteção do ambiente). Argumentei que a primeira forma de desenvolvimento, a econômica, era a mais estratégica, mas todas são interdependentes e é impossível dizer qual é a mais importante.” “Uma constatação que emerge dessas pesquisas é que as pessoas pobres tendem a ser menos felizes ou mais infelizes, mas, assim que suas necessidades básicas são satisfeitas, a felicidade deixa de ter qualquer relação com o desenvolvimento econômico. Isso faz sentido. Assim como a realização pessoal, a felicidade é uma conquista individual que exige a satisfação de certas condições materiais básicas, mas não riqueza.” Furtado (2004): Brasil: sem correspondência entre crescimento econômico e desenvolvimento política voltada/com foco no desenvolvimento “o crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se fundando na preservação dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente.” “Porém, nesses anos e nos decênios seguintes, os salários reais da massa da população não refletiram o crescimento econômico. A taxa de subemprego invisível, isto é, de pessoas ganhando até um salário mínimo na ocupação principal, manteve-se surpreendentemente alta. E, mais grave, a grande maioria da população rural pouco ou nada se beneficiou desse crescimento.” “A recessão que se abate atualmente sobre o Brasil tem sua principal causa no corte desmedido nos investimentos públicos, o que gera efeitos particularmente nefastos nas regiões mais dependentes de aplicações do governo federal. Forçar um país que ainda não atendeu às necessidades mínimas de grande parte da população a paralisar os setores mais modernos de sua economia, a congelar investimentos em áreas básicas como saúde e educação, para que se cumpram metas de ajustamento da balança de pagamentos impostas por beneficiários de altas taxas de jurosé algo que escapa a qualquer racionalidade.” “O desenvolvimento não é apenas um processo de acumulação e de aumento de produtividade macroeconômica, mas principalmente o caminho de acesso a formas sociais mais aptas a estimular a criatividade humana e responder às aspirações da coletividade.” conceito: representação mental. descrição de uma realidade. conceituação de desenvolvimento. o que significa desenvolvimento. o que significa os qualitativos “econômico” e “social”. compreender a ideia e o processo. carga valorativa do sentido de desenvolvimento: desenvolvidos são os eua, europa… desenvolvimento não é copiável. impossível uma ideia enrijecida e engessada de desenvolvimento. necessária a ampliação do termo. desenvolvimento não é um consenso, mas sim um processo social, sendo resultado de uma construção social conflituosa. todos querem “desenvolvimento”. o caminho e os processos que mudam. conceito de desenvolvimento não escapa do público e do Estado. progresso como produto de uma construção social. capitalismo como uma civilização universal. progresso pode acontecer às custas dos mais fracos. fugir da ideia de que o desenvolvimento é o desejado e ideal para todos. exploração dos países “desenvolvidos” aos “em desenvolvimento exemplo dos países nórdicos: racismo ambiental problemas em países diferentes não podem ser resolvidos da mesma forma: pobreza no BR e pobreza na Europa. Desenvolvimento = potencial de emancipação, criatividade e liberdade aula 15/12 etapas do desenvolvimento econômico de Walt Rostow o desenvolvimento como jornada possibilista de Albert Hirschman teoria evolucionária do desenvolvimento de Schumpeter Walt Rostow Albert Hirschman Joseph Schumpeter NIEDERLE E RADOMSKY (2016) Rostow e os estágios para o desenvolvimento considera o desenvolvimento de cada economia em etapas que permitiria classificar as sociedades de acordo com seus estágios econômicos específicos observação de sociedades realmente existentes desenvolvimento vinculado ao crescimento econômico, advindo da industrialização crescimento industrial traduzido em modernização alternativa à teoria marxista necessidade de inclusão de fatores não econômicos para a determinação dos fenômenos sociais visualização da sociedade como um tempo e do relacionamento entre os componentes econômicos e os não econômicos os 3 fatores principais: poupança, investimento e consumo (demanda) as etapas: 1. sociedade tradicional (produção rudimentar e tradicional) 2. precondições para o arranco ou decolagem 3. o arranco 4. a marcha para a maturidade 5. a era do consumo em massa (sistema econômico centrado no consumo intensivo) nesse sentido os países subdesenvolvidos chegariam ao desenvolvimento seguindo idêntica trajetória de modernização modelo serve para sustentar a ideologia do progresso fragilidade na acepção de que existe um modelo único a ser replicado em toda parte Schumpeter e a teoria do desenvolvimento econômico aspecto fundamental do desenvolvimento econômico diz respeito ao processo de inovação o papel do empresário inovador enquanto novos produtos e processos forem gerados, a economia estará e crescimento crescimento: resultado de incrementos cumulativos e quantitativos que ocorrem em determinado sistema econômico desenvolvimento: uma mudança qualitativa mais ou menos radical na forma de organização desse sistema, gerada em decorrência de uma inovação suficientemente original para romper com o seu movimento regular e ordenado. modelo schumpeteriano de “economia estacionária” = economia sem desenvolvimento existência do desenvolvimento envolve mudanças que perturbam esse estado de equilíbrio papel que tem a inovação ao introduzir descontinuidades que produzem desequilíbrios no sistema, levando a uma nova configuração qualitativamente distinta da anterior. novos produtos sempre provocam sua demanda (lei de Say) crédito como mecanismo de financiamento dos processos de inovação são as inovações financiadas pelo crédito as responsáveis pelo crescimento econômico concorrência graças a competição entre as firmas para o lançamento de nova tecnologia ou mercadoria existência de ondas de desenvolvimento desenvolvimento produzido através de ondas ou surtos de inovação associados à introdução de novos produtos e processos, ou à criação de novos mercados ascensão, recessão, depressão e recuperação o modelo supõe um contexto sociopolítico favorável às mudanças, um espírito empreendedor e a busca do lucro como objetivo legítimo. Hirschman e a economia do desenvolvimento distintos contextos sociais definem diferentes trajetórias de desenvolvimento desenvolvimento como objeto de opções políticas e não de determinações naturais atribuía ao Estado a função de coordenar o desenvolvimento visando a garantir que a busca pela equidade se constituísse em um componente indissociável desse processo o crescimento econômico é inexoravelmente criador de desigualdades, é mister que alguém – o Estado – execute escolhas que favoreçam os desfavorecido “bons governos” cercados por “boas pressões sociais” e um ambiente democrático propício ao diálogo e à concertação abordagem “possibilitista”: mais importante identificar possibilidades do que prever probabilidades a negação das experiências passadas criava uma cultura de imprevisibilidade e descontinuidade é possível realizar um progresso econômico considerável sem avanço democrático desenvolvimento refere-se à “mobilização de habilidades e recursos ocultos” o “princípio da mão-oculta” crescimento criador de desigualdades, porquanto é decorrente de escolhas que beneficiam alguns em detrimento de outros “crescimento desequilibrado” “círculo vicioso da pobreza”: um país é pobre porque é pobre. NIEDERLE E RADOMSKY (2016) cap 3: celso furtado e america latina “As diferenças e divergências em relação à vertente dominante que permeou o de- bate político-institucional do desenvolvimento têm como ponto inicial a recusa do que Hirschman (1996) chama de monoeconomics, isto é, a pretensão universalista da existência de um único modelo explicativo capaz de abarcar a diversidade das situações históricas (vide infra, cap. 4). Como afirma Celso Furtado (1992, p. 5), era necessária uma nova formulação capaz de “descer ao estudo de situações concretas” e reconhecer que “os processos de desenvolvimento não se davam fora da história”, no caso, o contexto peculiar do desenvolvimento periférico latino-americano.” “Desta forma, Celso Furtado e outros intelectuais vinculados à Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) passaram a destacar a necessidade de construção de um corpo teórico distinto para a interpretação e a análise dos processos econômicos dos países não centrais (periféricos), que levasse em consideração as peculiaridades históricas de formação social dessas economias. Para tanto, esses autores apropriam-se de modo original de distintas matrizes teóricas – marxismo, keynesianismo, estruturalismo – para constituir um método – estruturalismo histórico – e um conjunto de conceitos e categorias analíticas – relações centro-periferia, subdesenvolvimento, heterogeneidade estrutural, padrões de desenvolvimento desigual – que sirvam de base a uma consistente construção analítica. Esse conjunto permite analisar as economias periféricas a partir de suas diferenças e de suas distintas formas de inserção no sistema capitalista global.“ “No caso do Brasil, essa modalidade de intervenção em favor da industrialização deu-se, majoritariamente, via “substituição de importações” e do apoio à produção nacional. Esse processo iniciou-se pelas indústrias mais simples, pouco exigentes em tecnologia e capital, para, em seguida, alcançar as indústrias de bens de capital e de matérias-primas intermediárias. Na formulação cepalina, todavia, esse processo tenderia à estagnação, uma vez que, quanto mais ele evoluía para bens exigentes em tecnologia e capital, mais difícil se tornava sustentá-lo. Obter os recursos necessários para manter o ritmo de industrialização foi possível mediante o endividamentoexterno e o aumento da pressão inflacionária, problemas que explodiram na recessão econômica dos anos 80.” “Com base nestas constatações acerca da ineficiência do processo de industrializa- ção via substituição de importações – levado a cabo pelo Estado para promover as mu- danças sociais esperadas –, Furtado propõe o aprimoramento das análises cepalinas por meio da construção de uma “teoria do subdesenvolvimento”. Ao se dar conta de que o subdesenvolvimento era parte indissociável do processo de desenvolvimento, o autor passou a problematizar a questão a fim de entender por que os países latino-americanos, e especialmente o Brasil, eram subdesenvolvidos e qual era a dinâmica desse processo.” “Essa formulação, segundo Prebisch, desconsiderava o fenômeno da “deterioração dos termos de intercâmbio” que alicerçava as relações desiguais entre países centrais e periféricos, desigualdade essa proveniente da natureza dos bens que compunham a pauta de importações e exportações.” “Diferentemente de Rostow (1961), que aponta a existência de diferentes “etapas de desenvolvimento”, Furtado caracteriza o subdesenvolvimento como uma variante do processo de desenvolvimento decorrente da trajetória desigual entre os países. Trata-se, portanto, de “um processo autônomo, e não [de] uma etapa pela qual tenham, necessariamente, passado as economias que já alcançaram grau superior de desenvolvimento” É um processo histórico peculiar em que a difusão do progresso técnico – a inovação – não conduz à homogeneização social, mas à concentração de renda e ao aumento da desigualdade social.” “Ou seja, de acordo com Furtado, o subdesenvolvimento é uma condição estrutural dos países pouco industrializados (os latino-americanos), pelo fato de que, nesses países, as inovações nos padrões de consumo – e a adoção de um estilo de vida nos moldes dos países centrais – não suscitaram, como contrapartida, a adoção de métodos produtivos eficazes. Em suma, o processo de modernização não pode ser completado nos países periféricos, na medida em que há um descompasso entre os padrões de consumo e os métodos produtivos. É esse descompasso o responsável pela manutenção da heteroge- neidade social, já que a dinamização da demanda – o consumo – esteve em contradição com o relativo imobilismo social gerado pelo lento desenvolvimento das forças produti- vas, processo que resultou no subdesenvolvimento.” relações desiguais entre centro e periferia a dimensão cultural do subdesenvolvimento Hobsbawm (2012): a era do capital: 1848 a 1875 avanços feitos nas telecomunicações por volta do ano de 1848 aproximaram muito os países, mas também exacerbaram a diferença de desenvolvimento entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos. estradas de ferro, telégrafo, cabos submarinos “Esta aceleração extraordinária na velocidade das comunicações teve um resultado paradoxal. Aumentando o abismo entre os lugares acessíveis à nova tecnologia e o resto, intensificou o atraso relativo daquelas partes do mundo onde o cavalo, o boi, a mula, o homem, ou o barco ainda determinavam a velocidade do transporte. Numa época em que Nova York podia telegrafar a Tóquio numa questão de minutos ou horas, tornou-se mais espantoso que as imensas disponibilidades do New York Herald não fossem suficientes para obter uma carta de David Livingstone do centro da África em menos de oito ou nove meses (1871-72); e, mais espantoso ainda, o Times de Londres poder reproduzir aquela mesma carta no dia seguinte à sua publicação em Nova York. A "selvageria" do "Oeste Selvagem" e a "escuridão" do "continente escuro" eram devidos parcialmente a estes contrastes.” corrida do ouro califórnia “Mas, mesmo no plano internacional de negócios, a unificação global não era uma vantagem indiscutível, pois ela criava uma economia mundial onde todas as partes estavam de tal modo dependentes umas das outras que um empurrão numa delas ameaçava inevitavelmente pôr todas as outras em movimento. Disto era ilustração clássica a crise internacional.” “Já que vastas áreas e populações – virtualmente toda a Ásia e África, a maior parte da América Latina e mesmo partes substanciais da Europa – ainda existiam fora de qualquer economia que não fosse a da pura troca local e longe de portos, estradas de ferro e telégrafo, deveríamos não exagerar a unificação do mundo completada no período de 1848 a 1875. Afinal, como um eminente cronista da época colocou, "A. economia mundial está apenas nos seus primórdios"; mas também, acrescentando com toda a correção: "mesmo estes primórdios nos permitem imaginar sua futura importância, já que neste estágio presente representam uma transformação genuinamente espantosa da produtividade da humanidade" “As operações destes chefes de estado ainda inspiram admiração por seu brilhantismo técnico. Entretanto, o que os fazia tão surpreendentes não era apenas talento pessoal, mas a amplitude pouco usual de ação de que dispunham, graças à falta de um sério perigo revolucionário e a existência de rivalidade internacional a um nível incontrolável. “as únicas questões internacionais que contavam eram as relações entre as cinco grandes potências europeias, cujos conflitos pudessem resultar em guerras de maior importância, ou seja, Inglaterra, Rússia, França, Áustria e Prússia (ver A Era das Revoluções, capítulo 5). O único estado além destes com suficiente ambição e poder para ser levado em conta, os Estados Unidos, era desprezível, já que confinava seus interesses a outros continentes, e nenhuma potência européia tinha ambições vivas nas Américas que não fossem econômicas – e estas eram do interesse de empresários privados, não de governos.” “Por onde for que se observe, a década de 1860 foi uma década de sangue. O que fez com que este período da história fosse relativamente tão sangrento? Em primeiro lugar, o próprio processo de expansão capitalista global que multiplicava as tensões no mundo não- europeu, as ambições do mundo industrial e os conflitos diretos e indiretos dali surgidos. Em segundo lugar, como já vimos – especialmente na Europa –, foi graças a recuperação da guerra como um instrumento normal de política governamental, já que não mais se acreditava que a guerra devia ser evitada por medo da conseqüente revolução, e já que estava também convencido (corretamente) de que os mecanismos de poder eram capazes de mantê-las nos limites desejados. A rivalidade econômica não levava além de atritos locais numa era de expansão, onde parecia haver lugar para todos. Mais ainda, nesta Era clássica de liberalismo econômico, a competição comercial estava mais próxima de independência frente a qualquer apoio governamental do que nunca, antes ou depois. Ninguém neste período – nem mesmo Marx, contrariamente a uma suposição corrente –, entendeu as guerras européias como basicamente econômicas na sua origem. Em terceiro lugar, estas guerras agora podiam ser promovidas com a nova tecnologia do capitalismo.” “Sobre o que girava a política internacional entre os anos de 1848 e 1870? A historiografia tradicional ocidental tem pouca dúvida a este respeito: era sobre a criação de uma Europa de nações-estados. Talvez haja considerável dúvida sobre a relação entre esta faceta da era e outras que estavam evidentemente em conexão com ela, tais como o progresso econômico, liberalismo, talvez até democracia, mas nenhuma sobre o papel central da nacionalidade.” “Tão evidente, que a natureza do fenômeno praticamente não foi investigada. "A nação" era dada. Como Bagehot colocou: "Não podemos imaginar aqueles para os quais isto é uma dificuldade: sabemos do que se trata quando vocês não nos perguntam, mas não conseguimos explicá-la ou defini-la rapidamente", e poucos pensavam que precisavam.” TRABALHO FINAL Kay (2018): AS CONTRIBUIÇÕES LATINO-AMERICANAS PARA A TEORIA CRÍTICA DE DESENVOLVIMENTO Mariátegui: que a classe feudal de proprietários de terra e a burguesia nacional, aliadas ao imperialismo, reproduziram continuamente o sistema de exploração e dominação. povos indígenas. previuo estruturalismo (reformar o capitalismo) e a teoria da dependência (vertente marxista planejava derrubá-lo). Teoria Estruturalista do Desenvolvimento Raúl Prebisch argumentou que, através do comércio, aumenta-se a desigualdade de renda, ao invés de diminuir. desafio à ortodoxia da época divisão em países centrais e periféricos assimetria de poder entre as nações do mundo deterioração dos termos de troca entre eles estratégia de desenvolvimento para dentro: substituição de importações, desenvolvimentismo de estado espiral inflacionária “Por conseguinte, para a perspectiva estruturalista, domar a inflação também requeria um novo pacto entre as forças sociais em conflito. Em resumo, uma distribuição de renda mais equitativa é necessária. Essa questão da equidade se torna um componente importante para os pensadores neoestruturalistas do desenvolvimento, o que será discutido mais adiante.” “colonialismo interno” e “marginalidade” complemento do estruturalismo Teoria da Dependência processo de desenvolvimento de países emergentes pode ser entendido apenas no contexto das relações com os países desenvolvidos dependência tem origens históricas no colonialismo e no imperialismo “Em grande parte, o subdesenvolvimento contemporâneo é o produto histórico das relações econômicas passadas e contínuas entre os países subdesenvolvidos e as metrópoles, agora desenvolvidas”. 2 vertentes, estruturalista e marxista: diferença está nas ferramentas analíticas e na solução proposta “o desenvolvimento do subdesenvolvimento”, o qual significa que a relação de dependência reproduz o subdesenvolvimento dos países, ao invés de levá-los a um caminho de desenvolvimento sustentável. Raúl Prebisch argumentou que, através do comércio, aumenta-se a desigualdade de renda, ao invés de diminuir. desafio à ortodoxia da época esse comércio internacional, tão sagrado para os liberais e para a o ortodoxia da época, acabava por beneficiar os países de centro, uma vez que devido à estrutura dessas trocas e os produtos tipicamente exportados pela periferia, aos poucos as condições de troca vão se deteriorando, a periferia precisa exportar muito mais do que o centro tendências de longo prazo América Latina: exportadora de produtos primários, minerais e commodities agrícolas e importação de manufaturados troca desigual tese Prebisch-Singer obre a deterioração dos termos de troca divisão em países centrais e periféricos assimetria de poder entre as nações do mundo deterioração dos termos de troca entre eles periferia deveria mudar sua estratégia de desenvolvimento desenvolvimento “para dentro” industrialização promovida através do protecionismo, invesntimentos em infraestrutura substituição de importações para reduzir a dependência em exportação de produtos primarios desenvolvimentismo de Estado centralidade assumida pelos entes estatais nesse processo debate monetário estruturalista sobre a inflação fatores estruturais subjacentes ao fenômeno inflacionário espiral inflacionária que deveria ser encarada com reformas estruturais (reforma agrária e política de substituição de importações mais competitiva e voltada para exportações) interpretação de Noyola economista estruturalista pressões inflacionárias surgiram como consequência da luta de classes domar a inflação equeria um novo pacto entre as forças sociais em conflito distribuição de renda mais equitativa é necessária contexto mundial contemporâneo mostra que países como China, Coria do Sul e Taiwam estão remodelando esses termos de troca, quebrando um pouco esse paradigma binário de centro e periferia. porém eles o fazem dentro do contexto de globalização neoliberal, que não é a solução ideal pensada pelos estruturalistas, que viam a solução para o problema estudado em sua teoria reformas estruturais que, mesmo atuando ainda dentro dos limites institucionais capitalistas, tivessem efeito de diminuição de desigualdades entre centro e periferia
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