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12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=X… 1/23 Introdução Autoria: Jamilly Dias dos Santos – Revisão técnica: Jorge Lisandro Maia Ussan Desenvolvimento socioeconômico UNIDADE 2 - TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO ECONÔMICO 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=X… 2/23 Nos estudos econômicos, existe uma grande diferença entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento econômico. Essa distinção se dá sobre a forma como é analisado cada conceito: o de desenvolvimento é observado sob a visão qualitativa, ao passo que o de crescimento é avaliado sob a visão quantitativa. Contudo, ambos possuem medidas que são utilizadas na contabilidade social. Cabe dizer que o crescimento econômico tem sua teoria explicada com base em modelos matemáticos, enquanto o desenvolvimento tem suas ideias baseadas em modelos teóricos, os quais partem da visão de diferentes autores sobre o conceito e o tipo de desenvolvimento econômico que se encontra nos países. Esta unidade, então, tem como objetivo aprofundar as duas teorias, apresentando tanto os modelos teóricos quanto os matemáticos, a fim de responder questões como “qual é a definição de subdesenvolvimento?”, “existe crescimento econômico equilibrado?”, “o que é um crescimento não equilibrado?” e “o que explica a diferença de renda e desenvolvimento entre os diversos países do globo?”. Todos esses questionamentos serão analisados de forma clara e didática ao longo desta unidade. Aproveite o conhecimento! Bons estudos! 2.1 Teorias do desenvolvimento equilibrado As teorias do desenvolvimento equilibrado trazem diferentes conclusões sobre o que deve ser feito para que uma economia alcance, de fato, o desenvolvimento. Para uma melhor apresentação das ideias abordadas por essas vertentes, este tópico será dividido em dois itens, de acordo com as abordagens dos autores relacionados. Desse modo, vamos conhecer as etapas do desenvolvimento econômico e o círculo vicioso da pobreza. Acompanhe o conteúdo atentamente! 2.1.1 Etapas do desenvolvimento econômico Paul Rosenstein-Rodan (1902-1985) foi um economista nascido em Cracóvia, na Polônia. Ele trabalhou no Banco Mundial e foi professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), sendo o responsável pela criação do modelo de big-push. Nesta, o autor menciona sobre a criação de programas planejados de investimento em larga escala, na industrialização, para países com grande superávit de força de trabalho na agricultura (LEITE, 2017). 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=X… 3/23 Para Rosenstein-Rodan, o desenvolvimento das regiões pobres precisava ser encarado como uma questão de interesse global, pois, para que se alcançasse uma distribuição de renda mundial mais equitativa, era necessário o investimento nas regiões mais pobres do globo (LEITE, 2017). O modelo de big-push — traduzido como modelo de grande impulso — teve sua origem a partir do artigo Problems of Industrialization of Eastern and South-Eastern Europe, no qual o economista estudou o problema da industrialização da Europa Oriental e Sul-Oriental. Com esse estudo, pôde sugerir direcionamentos para se chegar ao desenvolvimento econômico. Nesse sentido, conforme Rosenstein-Rodan, existem três principais desafios que uma região ou um país pobre devem enfrentar: baixa oferta de capital, baixa oferta de poupança e baixa demanda. A solução colocada pelo autor é o investimento massivo em diversas indústrias, o qual deveria ser realizado pelo Estado. Como resultado, seria possível ter mão de obra empregada e, consequentemente, maior geração de renda para aquecer o mercado consumidor (ZANELA, 2018). Dentro desse cenário, investir na indústria geraria um mercado de mão de obra, visto a existência de muitos desempregados em países pobres. Contudo, para isso, era necessário qualificar essa mão de obra. Assim, para Rosenstein-Rodan, o papel de qualificação seria do Estado, já que não se mostrava uma atividade lucrativa para os empresários privados (LEITE, 2017). #PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de um profissional carregando um projeto com as mãos esquerdas e um capacete embaixo do braço. Ele aparece apenas do peito ao quadril. Acima, há uma edição digital com efeito de gradiente, em que surge um construção com estruturas de uma indústria. O fundo é branco e há a luz do sol em meio à construção. Figura 1 - Investir na indústria poderia ajudar regiões ou países pobres Fonte: Blue Planet Studio, Shutterstock, 2021. 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=X… 4/23 Além disso, de acordo com o economista, para que a industrialização fosse intensiva, era preciso que o investimento fosse realizado em diferentes tipos de indústrias. Afinal, não existiria desenvolvimento de uma região se todos os trabalhadores fossem empregados em uma única indústria. Ademais, a existência desta estimularia a importação de bens que não fossem produzidos internamente. Outro ponto importante da visão de Rosenstein-Rodan sobre o desenvolvimento equilibrado é que, para ele, a mola propulsora para a realização do investimento é a expectativa de lucro do empresariado (ZANELA, 2018). No entanto, Zanela (2018) cita que o autor defende a coordenação desses investimentos — seja nacional, seja estrangeiro — sendo feita pelo Estado. Em sua visão, se o direcionamento ficar apenas sobre a tutela do setor privado, o desenvolvimento será mais lento, visto que tal setor não equilibra seus investimentos e direciona o capital em proporções diferentes para várias áreas. 2.1.2 Círculo vicioso da pobreza Ragnar Nurkse (1907-1959), por sua vez, nasceu na Estônia. Ele foi um economista e formulador de políticas, sobretudo nas áreas de finanças internacionais e desenvolvimento econômico. Contribuiu, junto com Rosenstein-Rodan, para a formulação do modelo de big- push. Para Nurkse, países pobres possuem mercados internos pequenos, o que limita a utilização de equipamentos na produção de bens e serviços. Isso reflete diretamente na falta de poder de compra real e, portanto, em nenhum incentivo para o investimento. Trata-se do cerne da ideia do círculo vicioso da pobreza (LEITE, 2017). O autor identificou que economias pobres consomem menos, o que reduz a propensão a investir, contribuindo com o círculo vicioso do subdesenvolvimento. Suas ideias são fundamentadas nos princípios clássicos da economia. Para ele, o baixo consumo e a inexistência de demanda não são deficiências de demanda efetiva, mas derivados do escasso poder de compra da população (LEITE, 2017). 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=X… 5/23 #PraCegoVer: na figura, temos uma fotografia editada digitalmente. À esquerda, encontramos uma seta indicativa de declínio. Ao lado, à direita, há as mãos de um homem, o qual segura sua carteira aberta e saem moedas de dentro. Ao fundo, em segundo plano, temos pilhas de moedas à direitas e, mais à esquerda, um carrinho de compras dourado. O fundo da figura é de um degradê bem claro. De acordo com Gumiero (2011), o escasso poder de compra, identificado por Nurkse em economias deprimidas, é resultado da baixa produtividade. Segundo o autor, não existe insuficiência de demanda monetária nessas economias pobres, portanto, não há possibilidade de deflação. Além disso, a demanda monetária existente nas economias deprimidas é excessiva em relação à capacidade produtiva. Figura 2 - Para Nurkse, existe um baixo poder de compra da população Fonte: FOTOGRIN,Shutterstock, 2021. A deflação é o movimento contrário da inflação, ou seja, na economia, é um fenômeno em que os preços de bens e serviços diminuem por determinado período. Geralmente, uma das causas da deflação é a crise econômica, na qual os consumidores compram menos e forçam as empresas a reduzirem seus preços. Você sabia? 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=X… 6/23 Seguindo sua fundamentação nos princípios clássicos, Nurkse nos explica que a oferta cria sua própria demanda, porém, em economias pobres, a oferta é muito reduzida. Isto é, a Lei de Say pode ser empregada em regiões pobres, mas, por não existir condições para um deflação, ela não se legitima (GUMIERO, 2011). No cerce dessa lei, podemos dizer que isso se dá de tal maneira porque a oferta de produção de uma indústria isolada, em uma região atrasada economicamente, não gera sua própria demanda, visto que a população ocupada nessa indústria dificilmente irá direcionar toda a sua renda à produção. Gumiero (2011) menciona que, ainda de acordo com Nurkse, a expansão econômica e superação do atraso se dão por “saltos” de investimentos. A solução proposta é aumentar o mercado interno para que haja crescimento da oferta e demanda. Com isso, pode haver um crescimento sustentável do mercado doméstico. Contudo, a expansão econômica não ocorre de modo automático ou de forma espontânea. Na verdade, conforme as ideias de Nurkse, em economias atrasadas existe um sistema com forças naturais, as quais tendem a manter a economia sempre no mesmo nível, ou seja, no círculo vicioso. Agora, antes de seguirmos com o conteúdo, vamos realizar uma atividade para fixarmos nossos conhecimentos? Acompanhe a proposta na sequência e tente responder à questão com base no que estudamos até o momento! Jean-Baptiste Say foi um economista francês que desenvolveu a Lei de Say, a qual nos traz que toda oferta gera sua própria demanda. A ideia do autor reproduz um importante princípio da contabilidade social: produto é igual à renda, que é igual à despesa. Em outras palavras, tudo que é produzido, é consumido. Vale pesquisar a respeito do economista e se aprofundar sobre suas ideias! Você o conhece? Teste seus conhecimentos (Atividade não pontuada) Leia o trecho a seguir. “Até 1920, as ideias econômicas vigentes tinham como pano de fundo a filosofia do liberalismo econômico. Essa filosofia defendia a ideia da não intervenção do Estado na economia, da livre-concorrência, do câmbio flutuante e da propriedade privada. É nesse contexto que, em 1803, o economista industrial francês Jean Baptiste Say cria a lei de mercado, que ficou conhecida como a Lei de Say. Além da Lei de Say, ele também elaborou a teoria dos três fatores de produção e a teoria das funções dos empresários”. 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=X… 7/23 Retomando nossos estudos, apesar de identificar esse círculo vicioso, Nurkse menciona que se trata de um círculo superável. Para tanto, porém, o capital investido precisa ser partilhado de forma proporcional entre os vários tipos de indústrias (GUMIERO, 2011). O investimento em indústrias complementares gera um melhor retorno em economias atrasadas. Contudo, também é preciso que a produção acompanhe a demanda para não gerar pressões no mercado. Assim, para Nurkse, o crescimento econômico deve der feito de modo equilibrado (GUMIERO, 2011). Alguns países oferecem benefícios eventuais e oficiais de auxílio para a população menos favorecida, no processo de concentração de renda. Por exemplo, no Brasil, os benefícios eventuais são antigos e estão ligados à política de previdência em casos de natalidade ou morte, com um pecúnio com base na contribuição prévia. A partir da sanção da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), em 1993, os benefícios eventuais passaram a ser de responsabilidade da política de assistência social. Além dos SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 755. Analisando esse contexto, com base em nossos estudos até o momento, qual era a ideia da Lei de Mercado de Say ou Lei de Say? a. Em um mercado livre de intervencionismo, toda oferta gera sua própria demanda, que é o fundamento da Lei de Say. b. Para a perfeita mobilidade dos fatores, é importante que a economia crie a sua oferta e gere demanda. c. Toda oferta cria sua própria demanda, sendo o inverso (toda demanda cria sua própria oferta) também verdadeiro. d. Ela foi formulada por Jean Cloude Say, citando que todos os trabalhadores dever ter um salário equivalente às suas necessidades de compra. e. É a lei que determina o movimento dos preços da economia a partir do nível de oferta e demanda dos bens e serviços. Verificar Caso 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=X… 8/23 benefícios para nascimento e morte, puderam ser implementados outros com prioridade para criança, família, idoso, pessoa portadora de deficiência, gestante a nutriz e em calamidades públicas. Visto que pudemos melhor compreender a respeito das teorias do desenvolvimento equilibrado neste tópico, vamos continuar o conteúdo na sequência, estudando a respeito da Teoria do Desenvolvimento Não Equilibrado. No entanto, antes de irmos em frente, devemos realizar a atividade prática proposta a seguir! As teorias do desenvolvimento equilibrado envolvem ideias de diversos teóricos da área, com destaque para Rosenstein-Rodan e a Teoria do Grande Impulso, e Nurkse com a Teoria do Círculo Vicioso da Pobreza. A hipótese de crescimento equilibrado parte do pressuposto de que investimentos não rentáveis podem se transformar em empreendimentos rentáveis, quando considerados em conjunto com outros empreendimentos. Além disso, essas teorias têm suas bases nos fundamentos clássicos de equilíbrio entre oferta e demanda. Assim sendo, busque identificar os pontos de convergência e divergência entre as ideias de Rosenstein-Rodan e Nurkse. Depois, elabore um pequeno texto dissertativo sobre o assunto. Não se esqueça de compartilhar com os colegas! Vamos Praticar! 2.2 Teoria do Desenvolvimento Não Equilibrado A Teoria do Desenvolvimento Desigual ou Teoria do Desenvolvimento Não Equilibrado reforça a ideia de que o crescimento econômico não é contínuo, nem cumulativo. Assim, sua essência consiste na concentração do investimento para otimizar o retorno e não fragmentar os poucos recursos disponíveis. Os teóricos dessa ideia defendem que o investimento deve ser concentrado em poucos setores industriais, para que reflitam em um crescimento maior na região. Vamos, então, conhecer quais personagens estão envolvidos nessa temática e quais são suas vertentes de estudos? 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=X… 9/23 Acompanhe o tópico! 2.2.1 Capacidade completiva do desenvolvimento Conforme Leite (2017), Albert Hirschman (1915-2012) foi um economista alemão, professor nas Universidades de Berkley, Yale, Columbia, Harvard e Princeton, chefe da sessão europeia do Federal Reserve Board, durante o qual contribuiu para a elaboração do Plano Marshall. Para Hirschman, a Teoria do Desenvolvimento Equilibrado se mostrava contra a roda da economia. Países economicamente atrasados possuem recursos escassos, portanto insuficientes para uma gama de investimentos em vários setores econômicos. Nesse contexto, o economista propõe a Teoria do Desenvolvimento Não Equilibrado, que surge para se contrapor à proposta de investimentos em vários setores da economia (LEITE, 2017). A abordagem do desenvolvimento não equilibrado propõe um investimento induzido em setores estratégicos,de modo a economizar os recursos escassos e aumentar a capacidade de intervenção do Estado. De acordo com Leite (2017), Hirschman enxerga os desequilíbrios na economia como molas propulsoras do crescimento. Segundo o teórico, eles podem ser causados por inovações na produção ou no investimento em capital, os quais são absorvidos pela economia de mercado por meio da redução dos custos de produção e, consequentemente, do aumento das vendas. Pode-se dizer que, conforme as ideias de Hirschman, os desequilíbrios existentes no mercado modificam sua antiga estrutura, resultando na necessidade de adequação, o que provoca aumento nos investimentos e, portanto, crescimento da economia (LEITE, 2017). É sabido que, quando uma região se desenvolve economicamente, reflete seu crescimento nas regiões vizinhas, ou seja, há escoamento dos benefícios causados pelo crescimento. Esse escoamento cria o que Hirschman chama de economias externas, resultantes do efeito completivo do investimento (LEITE, 2017). Leite (2017) ainda nos traz que, nesse contexto, o progresso de determinada região pode refletir em um aumento das compras e dos investimentos em outra localidade, caso ambas possuam economias complementares. Sendo assim, Hirschman destaca a possibilidade de uma das regiões possuir crescimento mais acelerado, podendo oferecer emprego para a classe trabalhadora até então desempregada da outra região. Isso desencadeia aumento de renda e consumo daquele local com crescimento menos acelerado. O Plano Marshal teve como pano de fundo a Guerra Fria. Para saber mais sobre o contexto em que ele estava envolvido, sugerimos que assista ao filme Boa Noite e Boa Sorte, dirigido por George Clooney. No longa, temos um âncora de televisão criticando um senador sobre os métodos e as estratégias que este utiliza em sua caça aos supostos comunistas, os quais estão em atividade nos Estados Unidos. Vale tirar um tempo para assistir à produção na íntegra! Você quer ver? 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 10/23 #PraCegoVer: na figura, temos uma fotografia editada digitalmente Em primeiro plano, aparecem índices ilustrativos transparentes. Em segundo plano, temos a foto de pilhas de moedas divididas de modo desigual. Cabe destacar, porém, que o investimento induzido, concentrado em áreas estratégicas, pode provocar barreiras de transmissão de crescimento para outras regiões. Quando várias se desenvolvem, é possível que haja concentração nos mesmos setores, não havendo disseminação do crescimento para outros locais. As barreiras de transmissão de crescimento podem acontecer, por exemplo, devido à determinada região sofrer depressão do seu nível industrial, causada pela concorrência ou por uma baixa produção, muitas vezes provocada pela região mais desenvolvida economicamente. Para Hirschman, a existência de uma região atrasada reflete na economia global, visto que reduz a renda total e aumenta a desigualdade. A solução proposta é a adoção de políticas públicas que minimizem os efeitos da concentração e estimulem a queda das barreiras de transmissão de crescimento. A solução é a atuação do Estado. Essa intervenção, no entanto, não dever ser feita por meio de projetos de baixo investimento, o que não seria eficaz. Na concepção de Hirschman, inúmeros projetos de pequeno vulto se configuram em interesse político, visando ao apoio da maior quantidade de regiões para o governo (LEITE, 2017). A melhor atuação estatal, de acordo com o teórico, seria que, inicialmente, o governo financiasse projetos de grande escala, aumentando a capacidade de capital social básico em infraestrutura e serviços públicos. Isso atrairia investidores e promoveria o crescimento. Após a etapa inicial de aumento da capital social, o Estado passaria a atuar no equilíbrio das forças do mercado (LEITE, 2017). 2.2.2 Causação circular e acumulativa Gunnar Myrdal (1898-1987) foi um advogado com doutorado em economia, nascido na Suécia. Ele trabalhou como professor do Instituto de Estudos Internacionais de Genebra e recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1974 por seu trabalho junto a Dom Hayek sobre a Teoria da Moeda e Flutuações Econômicas (GUMIERO, 2011). Figura 3 - Hirschman via os desequilíbrios como molas propulsoras Fonte: Number1411, Shutterstock, 2021. 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 11/23 Assim como Hirschman, Myrdal apresentou críticas à Teoria do Desenvolvimento Equilibrado. Segundo o teórico, existe uma dificuldade para se elaborar e implementar uma política industrial estruturada, pois países atrasados economicamente possuem estrutura desequilibrada. Dessa maneira, o equilíbrio não deve ser o objetivo. Gumiero (2011) menciona que, para o advogado, a intenção, em países de economia atrasada, é alcançar o desenvolvimento a partir de um processo de industrialização estimulada por desequilíbrios. Isso jamais será igual para as regiões, visto que o desequilíbrio existe porque visa ao favorecimento dos países mais desenvolvidos. #PraCegoVer: na figura, temos uma fotografia editada digitalmente. Em primeiro plano, encontramos índices desiguais de desenvolvimento. Depois, surge o mapa do mundo em branco, com certa transparência. Ao fundo, podemos observar alguns prédios com luzes acessar, retratando a sociedade. Na concepção de Myrdal, a economia é constituída por um encadeamento de desequilíbrios, no qual o sistema não se direciona para o equilíbrio de forma automática, mas tende a se afastar dessa situação. O autor defende a ideia de um círculo vicioso que ocorre não só no sentido da pobreza, mas no sentido da riqueza. A esse círculo, Myrdal atribuiu o nome de causação circular acumulativa (GUMIERO, 2011). A ideia do advogado economista lembra a abordagem de Nurkse, porém, para Myrdal, o círculo vicioso pode ocorrer tanto no sentido de progresso quanto no sentido de regresso. Inclusive, Gumiero (2011) cita que o princípio da causação circular acumulativa desenvolvido por ele se deu a partir de uma análise sobre o racismo nos Estados Unidos da América: o racismo norte- americano envolve a interdependência de mudanças circulares e acumulativas. Myrdal nos explica que o processo acumulativo, se não for controlado de maneira adequada, resultará em desigualdades crescentes. Em países pobres, há tendências à promoção das desigualdades econômica e regional, o que vai de encontro à ideia de convergência (GUMIERO, 2011). Figura 4 - O desequilíbrio está ligado ao favorecimento de países desenvolvidos Fonte: newroadboy, Shutterstock, 2021. 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 12/23 Nesse contexto, a teoria desenvolvida por Myrdal se assemelha à ideia de Hirschman, pois, para o autor, o processo de crescimento dos países gera economia externas no sentido de progresso. Entretanto, pode desencadear efeitos regressivos em regiões que não acompanhem a expansão. Para solucionar os efeitos regressivos, os propulsores, o movimento de capital e o comércio devem ser aplicados, os quais seriam utilizados na direção do centro de expansão econômica para as demais regiões, de modo que, quanto mais alto for o nível de uma economia, mais intensos serão os efeitos provocados pelos propulsores (GUMIERO, 2011). Cabe mencionar, no entanto, que, em países com economias atrasadas, as molas propulsoras são obviamente fracas. Isso ocorre, sobretudo, se deixarmos o mercado atuar livremente, visto que assim as desigualdades surgirão e as já existentes serão evidenciadas. Tal cenário resultará em falta de estímulo para o crescimento, causando o que Myrdal e Hirschman denominam de círculo vicioso da pobreza, ou seja, a pobreza é a causa da própria pobreza (GUMIERO, 2011). O artigo CapitalHumano, Especialização Produtiva e Convergência de Renda em Um Modelo Ricardiano/Estruturalista, de Isabella Caroline Santos Souza e Luciano Dias de Carvalho, apresenta a influência da especialização produtiva sobre a convergência de renda entre os países. Vale ler sobre o assunto para se aprofundar em seus estudos. O texto na íntegra pode ser acessado clicando no botão abaixo! Acesse (https://www.anpec.org.br/encontro/2019/submissao/ files_I/i6-20a217768cde7ddf1316f54c19849e41.pdf) Você quer ler? As teorias do desenvolvimento desequilibrado envolve ideias de pensadores como Myrdal e Hirschman. Os defensores apregoam que o crescimento econômico não ocorre simultânea e automaticamente em todas as regiões, mas em polos específicos de crescimento, para depois se espalhar por toda a economia. Com esse diagnostico tais teorias sugerem que os investimentos sejam realizados em setores-chave da economia. Nesse sentido, identifique os pontos de convergência e divergência entre as ideias de Myrdal e Hirschman. Depois, elabore um pequeno texto dissertativo a respeito da temática! Vamos Praticar! https://www.anpec.org.br/encontro/2019/submissao/files_I/i6-20a217768cde7ddf1316f54c19849e41.pdf 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 13/23 2.3 Teoria Estruturalista O estruturalismo é utilizado nas áreas científica e cultural, tratando-se de uma perspectiva teórica associada às ciências sociais. Dentro da ciência econômica, a perspectiva estruturalista identifica as barreiras existentes em países com economias em desenvolvimento. Ela geralmente é associada à Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), para a qual os primeiros trabalhos foram desenvolvidos na década de 1950. 2.3.1 Pensadores cepalinos: discussão de centro e periferia Os dois principais estudiosos da escola de pensamento da CEPAL são Raúl Prebisch e Celso Furtado. Ambos desenvolveram um método dedutivo abstrato que passou a ser utilizado em toda a construção teórica da corrente cepalina. Raúl Prebisch foi o percussor do estruturalismo na América Latina, o qual mostrou como se deu a formação estrutural periférica nessa região a partir das características capitalistas dos países latinos. Em 1949, o autor apresentou a ideia de que a estrutura mundial é dividida em duas partes: centro hegemônico industrial e periferia agraria dependente. A existência das duas propicia o surgimento de um desenvolvimento desigual (GUMIERO, 2011). Celso Furtado, por sua vez, aprofundou a discussão elaborando uma construção histórica do processo de subdesenvolvimento latino-americano, tendo como base os contextos cultural e social dos países da periferia. O autor retratou o desenvolvimento dos países centrais e o subdesenvolvimento dos países periféricos. A partir da descrição das características de ambos, apontou como os países periféricos se envolveram em uma espiral da pobreza (GUMIERO, 2011). Na Teoria Econômica, os fundamentos do estruturalismo estão ligados à ideia de centro- periferia, ou seja, a forma como o progresso se desenvolveu na economia mundial. Os estruturalistas são reconhecidos por suas investigações quanto à existência de deficiências A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) tem como objetivo incentivar a cooperação econômica entre os países membros. Ela é constituída por todos os países da América Latina e do Caribe, além de Canadá, França, Japão, Noruega, Países Baixos, Portugal, Espanha, Reino Unido, Turquia, Itália e Estados Unidos da América. Você sabia? 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 14/23 estruturais, gargalos ou desajustes internos como fatores causadores do atraso no desenvolvimento dos países latino-americanos. A Teoria Estruturalista atribui as origens das deficiências estruturais dos países da América Latina a fatores externos e internos. Assim, os principais conceitos elaborados por Prebisch e Furtado que direcionaram as políticas estruturalistas tinham como fundamento a participação ativa do Estado na superação do subdesenvolvimento. O primeiro autor, inclusive, defendia a industrialização como medida de superação. Para Prebisch, era urgente que a industrialização ocorresse, pois, caso contrário, os países subdesenvolvidos estariam sempre enfrentando uma condição de desequilíbrio estrutural no balanço de pagamentos. A ideia era que o capital acumulado na atividade agrícola fosse redistribuído para a indústria e, com isso, os países subdesenvolvidos obtivessem ganhos no comércio internacional (GUMIERO, 2011). Além disso, Gumiero (2011) nos explica que o autor criticou a ideia das vantagens comparativas. Segundo Prebisch, tal conceito não leva em consideração a relação comercial desigual existente, sobretudo em países da periferia. Desse modo, defendia a industrialização nos países pobres periféricos para que estes obtivessem ganhos no aumento da produtividade. #PraCegoVer: na figura, temos uma fotografia macro do mapa mundial, focando no Brasil e em países próximos. Aparece parte do oceano e cada localidade está de uma cor diferente, sendo que o Brasil é de um tom alaranjado. Figura 5 - Prebisch acreditava na industrialização Fonte: timyee, Shutterstock, 2021. Refere-se às poucas condições do comércio internacional, bem como à capacidade limitada de realizar importações. Refere-se ao rápido crescimento populacional, aliado a uma urbanização incipiente, pequenos mercados internos e ineficiência dos sistemas tributários. Fatores externos Fatores internos 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 15/23 Na macroeconomia, a Teoria do Desenvolvimento Econômico explica as causas do crescimento da produtividade do fator trabalho, bem como os reflexos disso no sistema produtivo e no modo como se distribui o produto gerado. Para Celso Furtado, o crescimento da produtividade do trabalho e a distribuição do produto é um questão central. Na visão do autor, o desenvolvimento econômico possui características diferentes em cada região, ocorrendo de acordo com seu processo histórico (GUMIERO, 2011). Nas explicações de Gumiero (2011), Furtado ainda traz que, para entendermos o subdesenvolvimento, faz-se necessário compreendermos como se deu o desenvolvimento industrial a partir da Revolução Industrial. O autor sintetiza as transformações ocorridas a partir dessa época em duas partes: uma atrela o crescimento econômico a fatores endógenos do sistema econômico, enquanto a segunda parte justifica o crescimento econômico com o avanço tecnológico, ou seja, um fator exógeno. Os fatores endógenos do crescimento econômico atuam pelo lado da oferta por meio da redução de custos, perseguida pelos empresários. Essa redução, a partir da produção, refletiu na queda de preços e no consequente aumento do consumo, fatores determinantes para o fim da antiga estrutura econômica baseada em trabalho artesanal. Em relação ao crescimento econômico pelo avanço tecnológico (fator exógeno), Celso Furtado menciona que o setor de bens de capital foi o que mais absorveu os avanços proporcionados pela tecnologia, com o intuito de aumentar os lucros. A tecnologia no setor de produção de bens substituiu a mão de obra por maquinaria, contribuindo para resolver a questão levantada na primeira parte (GUMIERO, 2011). 2.3.2 Pensadores sociais: efeito de demonstração A década de 1950 foi marcada pelo proposta de uma teoria sociológica nacionalista, a qual tinha a ideia de contribuir para o processo de libertação nacional, tendo como pano de fundo a Teoria da Modernização. Esta analisa o processo de transição da sociedade tradicional para uma sociedade moderna. A preocupação central era a possibilidade de desenvolvimento democráticourbano e industrial da sociedade. Nesse contexto, conforme Gumiero (2011), o processo de desenvolvimento é enxergado como uma transição da sociedade até então existente e denominada tradicional para uma moderna e industrial. Porém, cabe dizer que, caso essa transição não seja realizada de forma completa, resulta na existência das duas formas de sociedade, o que passa a se caracterizar como uma sociedade dual. O que você conhece sobre a primeira Revolução Industrial? O filme Germinal, dirigido por Claude Berri, demonstra os acontecimentos durante o século XIX em uma cidade francesa. No caso, os mineradores da região decidem entrar em greve e se rebelar contra seus chefes. Vale assistir ao longa e se aprofundar na temática! Você quer ver? 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 16/23 Os países da América Latina são caracterizados pela sociedade dual, sendo que coexistem, pelo menos, duas subsociedades: a tradicional e a moderna. Sociedade tradicional Caracte rizada por relaçõe s familiar es e pessoai s, na qual existe rigidez, e a mobilida de social é quase inexiste nte. 1 Sociedade moderna Caracte rizada por relaçõe s sociais secund árias, com a possibili dade de mobilida de social entre as classes. A possibili dade de mobilida de social se dá por meio de esforço pessoal. É uma socieda de na qual os indivídu os têm valores guiados pela necessi dade de progres so, mudanç 2 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 17/23 Apesar da definição de sociedade dual como sendo aquela constituída pelo tradicionais e pela modernidade, há quem defenda que a existência dos dois grupos não pode ser classificado por dual, visto uma existência única, ou seja, uma sociedade oriunda de um único processo histórico. Deixando de lado as divergências entre a existência de uma sociedade dual ou não, precisamos focar no efeito de demonstração que foi observado a partir de trocas internacionais entre países. O efeito demonstração pode ser definido como a tendência que países subdesenvolvidos possuem ao tentarem reproduzir em sua região os hábitos de consumo adotados por países caracterizados por economias desenvolvidas (GUMIERO, 2011). Em países subdesenvolvidos, é de se esperar que a classe empresarial procure atingir mercados que garantam um alto volume de produção e, com isso, consigam produzir a baixos custos e oferecer o produto a preços baixos. A ideia é atingir consumidores de poder aquisitivo limitado. No entanto, na prática, não é isso que ocorre. A maioria da classe empresarial, em países subdesenvolvidos, prefere produzir bens de alto valor por acreditar na arrecadação de lucros mais rápidos por meio das classes mais favorecidas, com a concentração de renda. Outro motivo é a falta de planejamento de longo prazo, necessário para a produção em grande escala exigida pelo mercado de bens de consumo de baixo valor. O consumo ostentativo gerado por bens de alto valor é muito estimulado pelo efeito de demonstração, dada sua influência sobre o status social que aparenta oferecer. Assim, quanto maior é o efeito demonstração, maior é o número de pessoas que irão demandar bens de alto valor monetário. as e inovaçõ es. O artigo Efeitos e Defeitos dos Encadeamentos, escrito por Nogueira da Costa, mostra a presença do efeito demonstração nos tempos atuais. No artigo, podemos entender não apenas sobre o efeito demonstração, mas diversos outros efeitos presentes na economia dos países, como o efeito dominó. Você pode ler o texto na íntegra clicando no botão abaixo! Acesse (https://www.eco.unicamp.br/midia/efeitos- e-defeitos-dos-encadeamentos) Você quer ler? Vamos Praticar! https://www.eco.unicamp.br/midia/efeitos-e-defeitos-dos-encadeamentos 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 18/23 As teorias da Cepal tiveram como um de seus objetivos explicar, no âmbito do capitalismo internacional, a relação estabelecida entre as nações desenvolvidas e subdesenvolvidas. Embora com muitas diferenças metodológicas e de abordagem do tema, é possível concluir que há certa convergência nas conclusões das duas grandes correntes teóricas sobre o subdesenvolvimento. Como exemplo mais importante, destaca-se que ambas descobriram que o próprio sistema capitalista gera a desigualdade entre os países. Isso ocorre devido ao tipo de produção majoritária existente, fazendo com que haja constante deterioração dos termos de troca em prejuízo dos países latino-americanos. Assim sendo, suponha que você irá fazer uma palestra sobre as relações comerciais entre o Brasil e os EUA na década de 1950. Escreva um texto dissertativo utilizando, pelo menos, um exemplo que demonstre a dependência de uma país em relação ao outro! 2.4 Teorias do crescimento econômico Na literatura econômica, mais especificamente na macroeconomia, existem duas abordagens quando se trata de analisar os modelos de crescimento econômico: modelos de crescimento exógenos e modelos de crescimento endógenos. Desse modo, ao longo deste tópico, conheceremos as duas abordagens a partir de modelos neoclássicos e de convergência. Acompanhe o conteúdo! 2.4.1 Modelo neoclássico com mudança tecnológica Dentro da literatura econômica neoclássica, há os modelos de curto prazo e os de longo prazo. Os de curto prazo são aqueles em que a capacidade produtiva (estoque de mão de obra e nível de conhecimento tecnológico) é considerada como dada, ou seja, é fixa, variando apenas o grau de utilização. Já os modelos de longo prazo são aqueles que buscam explicar a elevação da capacidade produtiva ao longo do tempo. Nesse contexto, o crescimento econômico é dado pela expansão do produto real ao longo do tempo. Enquanto no curto prazo os agregados como consumo ou gastos do governo são importantes para a expansão do produto, no longo prazo o crescimento é dado, por exemplo, pela acumulação de capital, pelas inovações tecnológicas ou pela elevação da eficiência do trabalho. Os modelos de crescimento exógenos têm suas origens no modelo de Solow. Eles possuem como principal característica, dentro da linha de modelos neoclássicos de crescimento, a consideração da função de produção. 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 19/23 O modelo de Solow atribui o crescimento econômico a três principais fatores: acumulação de capital, crescimento da força de trabalho e alterações tecnológicas. Além disso, considera a seguinte função de produção neoclássica: Y = F (K, L), em que Y é a produção, K representa o capital e L corresponde à força de trabalho (DALPIAZ et al., 2016). Essa função de produção apresenta, como hipótese, retornos constantes de escala. Em outras palavras, retrata um aumento dos insumos de produção com elevação da produção final na mesma proporção. A função de produção apresentada aqui pressupõe que a tecnologia é dada. Porém, podemos incorporá-la no modelo inserindo um parâmetro que represente a eficiência do trabalho. Esse parâmetro, representado por A, altera-se devido ao progresso tecnológico. Isso quer dizer que o avanço tecnológico se traduz em um aumento da eficiência dos trabalhadores para produzir bens e serviços. A função de produção com tecnologia, então, é representada por F (K, AL). #PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de uma mulher negra trabalhando em um laboratório. Ela está à direita da foto, vestindo jaleco e um óculos de proteção. A mulher mexe em um equipamento, o qual está mais no centro da figura. Ao fundo, podemos observar outros maquinários. Considerando Dalpiaz et al. (2016), o progresso tecnológicoé fundamentalmente exógeno no modelo de Solow. Isso significa que, com esse modelo, não é possível determinar de forma endógena o ritmo de crescimento do fator de produção e da eficiência do trabalho. Trata-se de um resultado da própria estrutura do modelo, pois, ao supor que existe concorrência perfeita nos mercados de fatores e retornos constantes de escala, todo produto será esgotado na remuneração dos fatores de produção. Assim, ao exaurir toda a produção na remuneração dos fatores, não resta produto real na economia para a atividade de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. Dito isso, considera-se a tecnologia como um bem livre, o qual é disponibilizado de forma gratuita para Figura 6 - O avanço tecnológico está ligado ao aumento da eficiência dos trabalhadores Fonte: skynesher, iStock, 2021. 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 20/23 todos que desejam fazer uso. Daí se explica a necessidade da suposição de que a eficiência do trabalho cresce à uma taxa exógena (DALPIAZ et al., 2016). 2.4.2 Convergência do crescimento econômico Para finalizarmos, importante citar que existe, na economia mundial, uma grande diferença entre os termos renda per capita, tecnologia, produtividade, acumulação de capital dos países. A distinção é ainda mais discrepante quando se compara economias desenvolvidas com economias subdesenvolvidas. Existem diferentes explicações teóricas para essa discrepância. Para os pensadores cepalinos, ela é explicada pela forma de propagação do progresso tecnológico, que ocorreu como uma extensão das economias desenvolvidas. De acordo com a visão cepalina, as nações desenvolvidas determinaram a divisão internacional do trabalho, detendo a produção de industrializados com alto valor, deixando para as nações periféricas a produção de produtos primários. Isso, logicamente, refletiu na relação desigual do comércio e consequente deterioração dos termos de troca (DALPIAZ et al., 2016). Antes de entendermos a outra explicação a respeito da temática, vamos realizar mais uma atividade para fixação de conteúdo. Leia atentamente à questão proposta a seguir e tente responde-la de acordo com o que estudamos! Teste seus conhecimentos (Atividade não pontuada) Leia o trecho na sequência. “[…] deflação é o contrário da inflação. A inflação de custo ou de oferta ocorre quando fatores, preços de matéria prima ou salários aumentam e com isso elevam os custos de produção. Isto pode acontecer como resultado de choques de oferta. Um exemplo clássico de choque de oferta aconteceu nos anos de 1970 com os chamados choques do petróleo, que quadruplicou os preços mundiais do petróleo. Esse fenômeno contribuiu para a estagflação”. LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. (org.). Manual de macroeconomia: básico e intermediário. São Paulo: Atlas, 2008. p. 297. Nesse sentido, de acordo com Nurkse, em qual momento a deflação será inexistente? a. Não há possibilidade de deflação quando não houver insuficiência de demanda monetária nas economias pobres. b. A deflação é inexistente quando a demanda agregada em uma economia supera a oferta agregada. c. A deflação é inexistente quando fatores, preços de matéria-prima ou salários aumentam, elevando os custos de produção. 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 21/23 Voltando ao conteúdo, outra explicação para a diferença entre as economias mundiais é dada pela Teoria do Crescimento Econômico. De acordo com ela, as discrepâncias são causadas pelos desequilíbrios regionais resultantes da concentração espacial do desenvolvimento (DALPIAZ et al., 2016). Conforme nos explicam Dalpiaz et al. (2016), para a Teoria do Crescimento Convergente, a redução da desigualdade é alcançada quando a economia atinge o estado estacionário, ou seja, quando há a convergência absoluta das rendas per capitas. Nesse cenário, as economias entram em processo de aperfeiçoamento, maior bem-estar social e melhor distribuição de renda. Caso cresçam, mas não em direção à convergência, há concentração de renda e aumento da pobreza. Gunnar Myrdal e Albert Hirschman são defensores da visão do crescimento divergente. Utilizando a visão de causação circular e acumulativa, assim como a visão do círculo vicioso da pobreza, ambos explicaram como se dá o movimento cumulativo dos fatores de modo a causar impactos negativos sobre os demais fatores de produção, os quais são, ao mesmo tempo, causa e efeito da geração dos movimentos propulsores e regressivos. d. A deflação é inexistente quando houver o financiamento de armas e mantimentos para a Guerra. e. A deflação é inexistente enquanto o controle de preços e salários existir para conter a inflação de demanda herdada do governo anterior. Verificar As teorias do desenvolvimento equilibrado advogam a ideia de que investimentos não viáveis podem se transformar em empreendimentos viáveis quando considerados em conjunto com outros investimentos. Já as teorias do desenvolvimento desequilibrado acreditam que o crescimento não surge espontaneamente ao mesmo tempo em todas as regiões. Com base nisso, elabore um quadro comparativo com as ideias dos principais teóricos do desenvolvimento equilibrado e do desenvolvimento desequilibrado, evidenciando as divergências e possíveis semelhanças. Depois, compartilhe com seus colegas e toque informações! Vamos Praticar! 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 22/23 Chegamos ao fim de mais uma unidade de estudos. É fato a existência de discrepâncias em termos de crescimento e desenvolvimento econômico dos países, por isso, aqui, pudemos conhecer diferentes teorias que explicam o porquê de as nações apresentarem diferenças no que diz respeito ao desenvolvimento. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: Conclusão conhecer a Teoria do Desenvolvimento Equilibrado, com base nas ideias desenvolvidas pelos principais teóricos da área; avaliar como se desenvolve o círculo vicioso da pobreza nos países periféricos; entender a Teoria do Desenvolvimento Não Equilibrado, definindo a capacidade completiva do desenvolvimento, bem como a causação circular; analisar as ideias desenvolvidas pelo pensadores cepalinos a partir da década de 1950, com o surgimento da Teoria Estruturalista. BOA noite e boa sorte. Direção: George Clooney. Estados Unidos: [s. e.], 2006. 1 DVD (93 min.), son., p&b. COSTA, F. N. da. Efeitos e defeitos dos encadeamentos. Instituto de Economia, Campinas, 6 abr. 2020. Disponível em: https://www.eco.unicamp.br/midia/efeitos-e-defeitos-dos-encadeamentos (https://www.eco.unicamp.br/midia/efeitos-e-defeitos-dos-encadeamentos). Acesso em: 29 jan. 2021. DALPIAZ, R. M. G. et al. Teorias do crescimento econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S/A., 2016. GERMINAL. Direção: Claude Berri. França/Itália/Bélgica: [s. e.], [s. d.]. 1 DVD (160 min.), son., color. GUMIERO, R. G. Diálogo das teses do subdesenvolvimento de Rostow, Nurkse e Myrdal com a Teoria do Desenvolvimento de Celso Furtado. 2011. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2011. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/986 (https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/986). Acesso em: 1 fev. 2021. Referências https://www.eco.unicamp.br/midia/efeitos-e-defeitos-dos-encadeamentos https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/986 12/09/22, 17:30 Desenvolvimento socioeconômico https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=m%2bSy9XInFioYsaZvtFtTTA%3d%3d&l=B7TSPK84jQV5S%2byVMscUKA%3d%3d&cd=… 23/23 LEITE, A. C. Teorias do desenvolvimento econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S/A., 2017. SOUZA, I. C. S.; CARVALHO, L. D. de. Capital humano, especializaçãoprodutiva e convergência de renda em um modelo ricardiano/estruturalista. ANPEC, Niterói, 2019. Disponível em: https://www.anpec.org.br/encontro/2019/submissao/files_I/i6- 20a217768cde7ddf1316f54c19849e41.pdf (https://www.anpec.org.br/encontro/2019/submissao/files_I/i6- 20a217768cde7ddf1316f54c19849e41.pdf). Acesso em: 29 jan. 2021. ZANELA, A. B. Rosenstein-Rodan e Simonsen: pensamentos que convergem ante os projetos de desenvolvimento econômico. ANPEC, Niterói, 2018. Disponível em: https://www.anpec.org.br/sul/2018/submissao/files_I/i1- c72daedbb3020071cdc9241ed4cd4cc9.pdf (https://www.anpec.org.br/sul/2018/submissao/files_I/i1- c72daedbb3020071cdc9241ed4cd4cc9.pdf). Acesso em: 1 fev. 2021. https://www.anpec.org.br/encontro/2019/submissao/files_I/i6-20a217768cde7ddf1316f54c19849e41.pdf https://www.anpec.org.br/sul/2018/submissao/files_I/i1-c72daedbb3020071cdc9241ed4cd4cc9.pdf
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