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Desenvolvimento Socioeconomico

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Desenvolvimento 
socioeconômico
Prof. Diego Bohlke Vargas
Prof. Guilherme Nascimento Gomes
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Diego Bohlke Vargas
Prof. Guilherme Nascimento Gomes
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
V297d
 Vargas, Diego Bohlke
 Desenvolvimento socioeconômico. / Diego Bohlke Vargas; Guilherme 
Nascimento Gomes. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 177 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-129-5
 ISBN Digital 978-65-5663-124-0
1. Desenvolvimento econômico. - Brasil. I. Gomes, Guilherme Nascimento. 
II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 338.9
III
ApresentAção
Olá, acadêmico! O livro da disciplina de Desenvolvimento 
Socioeconômico traz, de maneira introdutória, os principais conceitos e 
abordagens para o estudo da disciplina de desenvolvimento econômico. 
Foi no contexto da Guerra Fria e na ânsia dos pesquisadores em dialogar 
com questões associadas à recuperação das economias, principalmente 
das economias capitalistas periféricas, que o desenvolvimento econômico 
surgiu como disciplina e passou a incorporar a Teoria Econômica. Nesse 
sentido, a primeira unidade mostra a origem, o contexto sociopolítico e as 
principais abordagens da disciplina ao longo da história. Longe de fazer 
parte do mainstream, os teóricos que se debruçam sobre o tema têm como 
ponto de partida fazer oposição à ortodoxia econômica que contrasta com 
o posicionamento dos governos neoliberais. Ainda, tratará em perspectiva 
histórica sobre o pensamento econômico que originou a disciplina. Por fim, 
o aluno será capaz de identificar e avaliar indicadores de desenvolvimento, 
além de conhecer técnicas para mensurar a produtividade e analisá-la de 
modo comparado.
A segunda unidade apresenta as contribuições de dois principais 
autores, Schumpeter e Keynes, para a teoria do desenvolvimento, que também 
pode ser denominada de desenvolvimentismo. Assim, buscará recuperar os 
aspectos teóricos gerais de cada autor, apresentando suas principais obras e 
trajetórias. A unidade ainda mostra a evolução da teoria shumpeteriana, sua 
base teórica – que serve de sustentação para políticas públicas – e o papel das 
tecnologias e da concorrência através das inovações para o desenvolvimento 
dos países. Do mesmo modo, a teoria desenvolvimentista keynesiana teceu 
contribuições fundamentais para os papeis da moeda, do investimento, dos 
juros, da geração de empregos e renda.
Por fim, a terceira unidade versa acerca das teorias contemporâneas 
do desenvolvimento, trazendo a dimensão ecológica para serem 
incorporadas nas análises. Além disso, busca-se aprofundar nas análises 
regionais, examinando a relevância do desenvolvimento para as políticas 
econômicas dos Estados. A partir de uma condição espacial, são apresentadas 
as desigualdades inerentes de cada região e suas possíveis soluções para o 
enfrentamento do problema de modo sustentável.
Esperamos que este material forneça as informações essenciais para 
que, no futuro, você possa desempenhar com excelência seu papel como 
profissional.
Bons estudos!
Prof. Diego Bohlke Vargas
Prof. Guilherme Nascimento Gomes
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: 
 UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE ...........................................................................1
TÓPICO 1 – AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS ............3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 ORIGEM E CONTEXTO SOCIOPOLÍTICO DA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO .........3
3 A QUESTÃO DO SUBDESENVOLVIMENTO ................................................................................8
3.1 CENTRALIDADE DA QUESTÃO DA POUPANÇA PARA A TEORIA DO 
DESENVOLVIMENTO ......................................................................................................................9
4 O PAPEL DO COMÉRCIO EXTERIOR ............................................................................................10
5 CRESCIMENTO VERSUS DESENVOLVIMENTO ......................................................................11
6 O NASCIMENTO DA DISCIPLINA DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E 
 DIAGNÓSTICO DO ATRASO ..........................................................................................................14
6.1 A ECONOMIA DO DESENVOLVIMENTO ................................................................................14
6.2 PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO E COM EXCESSO ESTRUTURAL DE MÃO DE OBRA ..... 16
7 O CAPITALISMO ATRASADO: ANALISANDO OS FATOS EM PERSPECTIVA 
 HISTÓRICA ...........................................................................................................................................18
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................27
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................28
TÓPICO 2 – O PENSAMENTO ECONÔMICO NACIONAL E INTERNACIONAL 
 EM PERSPECTIVA HISTÓRICA ..................................................................................29
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................29
2 DESENVOLVIMENTO E MODELOS HISTÓRICOS: AS ETAPAS PARA O 
 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE WALT WHITMAN ROSTOW ..............................30
3 O PAPEL DA INDUSTRIALIZAÇÃO PARA UMA AGENDA DE DESENVOLVIMENTO ......35
4 O PENSAMENTO LATINO-AMERICANO SOBRE O DESENVOLVIMENTO .....................36
RESUMO DOTÓPICO 2........................................................................................................................39
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................40
TÓPICO 3 – INDICADORES DE AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ............................41
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................41
2 MECANISMO DE AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 
 PELA ÓTICA DA RENDA E DA MUDANÇA ESTRUTURAL ...................................................41
2.1 RENDA PER CAPITA E RENDA PER CAPITA EM PAÍSES PRODUTORES DE PETRÓLEO .... 43
2.2 A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES ESTRUTURAIS ...................44
2.3 APRENDENDO A MENSURAR A PRODUTIVIDADE ............................................................51
3 DESIGUALDADES ENTRE OS PAÍSES E A PRODUÇÃO DE RIQUEZAS............................54
3.1 DESENVOLVIMENTO A PARTIR DA ÓTICA DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO 
HUMANO (IDH) ..............................................................................................................................54
3.2 AS DESIGUALDADES INTERNAS: IDHM DO BRASIL ..........................................................57
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................59
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................62
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................63
sumário
VIII
UNIDADE 2 – HISTÓRIA ECONÔMICA, DESENVOLVIMENTO E AS INSTITUIÇÕES 
 NO CAPITALISMO .......................................................................................................65
TÓPICO 1 – PADRÕES DE DESENVOLVIMENTO EM PERSPECTIVA HISTÓRICA ...........67
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................67
2 DESENVOLVIMENTISMO: AS CONTRIBUIÇÕES DE SCHUMPETER E KEYNES ...........67
2.1 O DESENVOLVIMENTO PARA SCHUMPETER .......................................................................67
2.2 DESTRUIÇÃO CRIADORA ...........................................................................................................70
2.3 ONDAS DE DESENVOLVIMENTO .............................................................................................72
2.4 DESENVOLVIMENTISMO A PARTIR DAS TEORIAS DE KEYNES ......................................73
2.4.1 A Teoria Geral ...........................................................................................................................75
2.4.2 A teoria de uma economia monetária .................................................................................75
2.4.3 Juros como prêmio para não entesourar dinheiro .............................................................76
2.4.4 Investimento como determinante do emprego ..................................................................76
2.4.5 A irracionalidade psicológica como causa da instabilidade ............................................76
2.5 A DEMANDA EFETIVA .................................................................................................................77
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................78
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................79
TÓPICO 2 – MODERNIZAÇÃO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ..............................................81
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................81
2 AS REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO .........83
2.1 REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS ................................................................................................84
2.2 CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM PERSPECTIVA HISTÓRICA .................................................85
3 CICLOS ECONÔMICOS E MUDANÇA TECNOLÓGICA .........................................................87
3.1 PARADIGMAS TÉCNICO-ECONÔMICOS ................................................................................88
3.2 INDÚSTRIA 4.0: UM NOVO PARADIGMA? .............................................................................91
4 A TEORIA NEOSCHUMPETERIANA: A CONCORRÊNCIA VIA INOVAÇÃO ...................94
5 SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO .........................................................................................98
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................100
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................101
TÓPICO 3 – ESTADO, PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS .......................................103
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103
2 O PAPEL DO ESTADO NA AGENDA DE DESENVOLVIMENTO ........................................105
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................110
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................112
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................113
UNIDADE 3 – NOVAS CONCEPÇÕES DO DESENVOLVIMENTO ........................................115
TÓPICO 1 – DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL AO DESENVOLVIMENTO 
 GEOGRÁFICO DESIGUAL .........................................................................................117
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................117
2 PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO ........................................................................................118
2.1 A ORIGEM DO PROGRESSO ......................................................................................................118
2.2 A RELEVÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO ...........................................................................121
2.3 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL ..........................................................125
3 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO GEOGRÁFICO DESIGUAL .....................................127
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................131
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................132
IX
TÓPICO 2 – A PERSPECTIVA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ..........................133
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................133
2 ORIGENS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...........................................................134
3 A CONSTRUÇÃO TEÓRICA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ........................136
4 AS CONFERÊNCIAS SOBRE SUSTENTABILIDADE ...............................................................143
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................149
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................150TÓPICO 3 – ECOSSOCIOECONOMIA ............................................................................................151
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151
2 A ECOSSOCIOECONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES ...............................................................151
3 O CONCEITO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA .............................................................................155
4 A PERSPECTIVA DO BEM VIVER ................................................................................................160
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................163
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................166
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................167
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................169
X
1
UNIDADE 1
DESENVOLVIMENTO E 
SUBDESENVOLVIMENTO: 
UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer as principais teorias sobre o desenvolvimento econômico e suas 
premissas construídas no decorrer de acontecimentos ao longo do tempo;
• apresentar, em perspectiva histórica, o pensamento econômico e suas 
relações com o desenvolvimento econômico, principalmente o papel dos 
autores latino-americanos na contribuição para a teoria econômica;
• avaliar a importância do papel da industrialização para o desenvolvimento 
dos países e os impactos de produtividade industrial;
• discutir acerca dos indicadores de desenvolvimento socioeconômico e sua 
importância na tomada de decisão das economias.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E 
CONCEITOS
TÓPICO 2 – O PENSAMENTO ECONÔMICO NACIONAL E 
INTERNACIONAL EM PERSPECTIVA HISTÓRICA
TÓPICO 3 – INDICADORES DE AVALIAÇÃO DO 
DESENVOLVIMENTO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: 
PRINCÍPIOS E CONCEITOS
1 INTRODUÇÃO
A teoria do desenvolvimento tem sua origem após a Segunda Guerra 
Mundial, sendo base de um poderoso avanço na teoria econômica. De fato, seu 
surgimento é fruto das condições sociais e ideológicas, assim como é caracterizada 
pela forma geral que assume ao longo do tempo.
O período do pós-guerra é caracterizado por intensas pressões sociais 
e políticas, tanto nacionais quanto internacionais, em prol do desenvolvimento 
de países que se situavam em estágios mais atrasados que aqueles países de 
industrialização originária. Como bem lembram Bastos e Britto (2010), a crise 
do entre guerras e a própria organização da vida econômica nos diversos países 
enfraqueceram o dogma liberal do século XIX.
Nesse sentido, a teoria econômica mainstream passou a direcionar maior 
atenção à problemática do desenvolvimento no pós-guerra, cujo tema passou a 
ser enxergado como uma disciplina ou campo da economia. Os pensadores da 
época procuravam responder, principalmente, às questões associadas à economia, 
a políticas e aos questionamentos acerca da transformação da sociedade como 
resultado do subdesenvolvimento.
2 ORIGEM E CONTEXTO SOCIOPOLÍTICO DA TEORIA DO 
DESENVOLVIMENTO
A origem da teoria do desenvolvimento é fundamentada por autores do 
século XX e tem como base o resgate e a retomada dos pilares consolidados da 
economia clássica do século XIX, como a relação entre o excedente econômico, 
acumulação de capital e crescimento.
Por sua vez, a disciplina de desenvolvimento econômico surge com 
maior intensidade no contexto da Guerra Fria. O mundo estava polarizado 
entre os adeptos do socialismo e aqueles que o queriam combater. O padrão de 
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
4
intervenção estatal observado nas repúblicas socialistas soviéticas desencadeou, 
em curto espaço de tempo, um processo de industrialização, com limitado uso 
de recursos estrangeiros, fazendo com que esses países alçassem um padrão de 
pleno emprego enquanto o resto do mundo experimentava o crash e a grande 
crise de 1930 (BASTOS; BRITTO, 2010). Dessa maneira, pode-se dizer que alguns 
condicionantes sociais, econômicos e políticos estabelecem conexões diretas com 
a emergência da teoria do desenvolvimento. 
Vale ressaltar que os ganhos obtidos pelas políticas de planejamento da ex-
União Soviética fizeram com que os Estados Unidos modificassem radicalmente 
as políticas para seus aliados, a fim de fomentar o desenvolvimento econômico, 
além de acalmar o eleitorado de uma possível invasão ideológica soviética 
(BASTOS; BRITTO, 2010).
Nesse sentido, era necessário que houvesse a consolidação de uma forma 
econômica para a governança mundial no contexto do pós-guerra. Os Estados 
Unidos se posicionaram na dianteira das discussões para atrair países aliados ao 
afirmarem o capitalismo como a forma econômica hegemônica global.
Alguns elementos históricos foram condicionantes centrais para o 
surgimento dessa nova disciplina da teoria econômica. Vale ressaltar que o 
próprio fim da era liberal, ou o fim do laissez-faire econômico, logo após a Primeira 
Guerra Mundial, foi marcante para estimular os ideais necessários para a criação 
um campo de conhecimento da economia, privilegiando a maior participação 
do Estado. Assim, já na década de 1930, em meio à crise e heranças da Grande 
Depressão de 1929, o padrão liberal de comércio é rompido, dando lugar a uma 
estrutura autárquica, frisada pela origem de blocos de países, cujo alvoroçar dos 
ideais de Estado mínimo é comutado por um Estado ativo e interventor (BASTOS; 
BRITTO, 2010).
Podemos dizer que o mundo assistiu e experimentou várias formas 
intervencionistas de Estado, como o surgimento do nacional-socialismo na 
Alemanha e a social-democracia na Escandinávia. Nos Estados Unidos, o 
presidente Roosevelt instaurava o aparato estatal intervencionista por meio dos 
programas e das políticas do New Deal, com o intuito de recuperar a economia 
estadunidense da crise. No Brasil, a ditadura varguista também realizou 
reformas de recuperação de cunho social e populista, além de realizar planos 
importantes de infraestrutura. Segundo Bastos e Britto (2010, p. 10), no caso dos 
países caracterizados por sua pauta de comércio primário-exportadora, como 
no caso brasileiro, 
[...] a paralisia dos sistemas comerciais e financeiros internacionais e, 
consequentemente, a ruptura forçada da inserção econômica anterior 
incentivam novos grupos sociais e políticos ligados à produção 
industrial para o mercado interno, que terão grande relevância na 
aplicação e difusão das ideias desenvolvimentistas.
TÓPICO 1 | AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS
5
Em síntese, todos esses condicionantes observados até a década de 
1930, como o fim do liberalismo e intervenções estatais (tanto capitalista quanto 
socialistas) em períodos de crise, foram fundamentais para as transformações 
que, de fato, ocorreram na década de 1950.
A política econômica intervencionista da década de 1930 foi consolidada a 
partir de experiências vivenciadas no período, que culminaram na chamada Revolução 
Keynesiana, que teve como ápice a publicação da Teoria Geral, em 1936. Deve-se 
reconhecer a centralidade da obra de John Maynard Keynes para o desenvolvimento e suas 
implicações normativas de políticas econômicas, mas sua influência não foi fundamental 
para a teoriado desenvolvimento. Essa teoria do desenvolvimento tem sua origem, como 
já foi visto, a partir da segunda metade do século XX.
DICAS
Um fato elementar geopolítico que proporcionou um clima propício 
ao surgimento de teorias e políticas sobre o desenvolvimento econômico foi o 
movimento de descolonização e origem de novas nações nos continentes asiático 
e africano. Diante desses fatos, era necessário criar políticas singulares para 
esses países, decorrentes de uma postura pró-desenvolvimento que se delineava 
desde 1941, com a primeira Declaração Aliada, cujo conteúdo versava que a 
prosperidade econômica e social era o único caminho que levaria a paz entre as 
nações (BASTOS; BRITTO, 2010).
Sobre a Declaração Aliada
 A linguagem dessa declaração mostra que deveria se afirmar uma estratégia que 
seria reforçada pelo surgimento da Guerra Fria, na qual, como vimos, os Estados Unidos, para 
concorrer ideológica e politicamente com a União Soviética, veem-se quase compelidos a 
estimular a elevação do padrão de vida dos países a fim de afastá-los da “tentação” socialista 
(BASTOS; BRITTO, 2010).
NOTA
Caro acadêmico, você não deve se esquecer que todas as condicionantes 
até agora versam, de um lado, sobre a recuperação dos países a partir de uma 
intervenção do Estado. Mais do que isso, é um plano ou projeto econômico de 
Estado capaz de estabilizar as crises impostas pelo capitalismo. Por outro lado, 
enxerga-se uma das formas de expansão dos pilares capitalistas de consumo para 
a periferia global. O medo socialista assolava as poderosas nações globais. 
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
6
A partir da década de 1950, os pensadores passaram a se debruçar sobre 
o debate do desenvolvimento econômico. Destacam-se os autores Raúl Prebisch 
e Celso Furtado no cenário global, sendo representantes importantes da América 
Latina. Os chamados textos seminais foram a gênese da teoria do desenvolvimento 
como um campo específico da ciência econômica. Eles foram escritos entre os 
anos de 1952 e 1956, com exceção do texto pioneiro de Rosenstein-Rodan (1943), 
que versou sobre as economias constituídas com excedente estrutural de mão 
de obra. Entretanto, a agenda de pesquisa que circundava os autores da época 
era, sem sombra de dúvidas, o processo de convergência de renda. De acordo 
com Bastos e Britto (2010), ao se observar o crescimento da economia de uma 
perspectiva de longo prazo, o padrão do crescimento da renda per capita se altera 
a partir da expansão do capitalismo industrial no século XIX. 
Considerando primeiro o tema da convergência ou divergência entre 
as rendas dos países, [...] os resultados [...] ilustram o processo da 
“grande divergência” que começou com o moderno desenvolvimento 
industrial e crescimento no Ocidente. Durante o primeiro século de 
globalização, isto é, entre 1820 e 1913, o conceito de desigualdade 
dobrou, quando medido pelo índice de Gini, e mais do que triplicou, 
quando medido pelo de Theil (MILANOVIC, 2005, p. 140 apud 
BASTOS; BRITTO, 2010, p. 12-13).
Em síntese, a promessa ricardiana de que a especialização, com a produção 
industrial limitada aos países com vantagens comparativas nessa atividade, e o 
livre comércio seriam benéficos para todos apresentou-se mais vantajosa para 
alguns que para outros. Assim, a partir dessa constatação, foi possível auxiliar o 
enfraquecimento da ideologia liberal dominante no século XIX.
O economista latino Prebisch (1949) propõe um argumento acerca 
das condições históricas da ordem econômica internacional do pós-guerra, 
reforçando a ideia de que o livre comércio internacional dificilmente poderia 
exercer uma força propulsora na economia internacional (BASTOS; BRITTO, 
2010). Esse pensamento vai na contramão dos pressupostos liberais perpetuados 
até os dias atuais. 
Cabe ressaltar que Lewis considerava explicitamente que a abordagem 
neoclássica era inadequada para tratar da teoria do desenvolvimento. Para o autor, 
a teoria clássica, com foco primordial no excedente econômico e na distribuição 
desse excedente, relacionava diretamente a distribuição com o processo de 
acumulação de capital.
Como a teoria neoclássica do valor e da distribuição baseia-se na 
escassez, ela pressupõe a existência de escassez do fator mão de obra; 
em outras palavras, assumida a hipótese de retornos constantes de 
escala, o mecanismo de substituição gera retornos decrescentes. Esse 
mecanismo, que determina a trajetória de steady state do modelo 
neoclássico de crescimento, só existe caso a adição de uma nova 
unidade de capital encontre a mão de obra plenamente empregada. 
Caso isso não ocorra e exista uma oferta de mão de obra infinitamente 
TÓPICO 1 | AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS
7
elástica, a cada adição de uma unidade de capital, considerando 
retornos constantes de escala, será possível adicionar mais uma 
unidade de trabalho, com um crescimento do produto na mesma 
proporção. Assim, quanto mais se acumula capital, mais o produto 
cresce, já que há uma fonte ilimitada de trabalho para se combinar com 
tais adições de capital sem que se verifiquem retornos decrescentes 
desse fator (BASTOS; BRITTO, 2010, p. 14).
Para refletir
DICAS
FONTE: <http://www.viagema.com.br/poster-mapa-mundi-vintage-com-pins-adesivos-
para-marcar-suas-viagens>. Acesso em: 23 abr. 2020.
 De fato, as teorias dominantes de países centrais são válidas para países periféricos? 
Os problemas econômicos, políticos e sociais seguem o mesmo padrão em países com 
diferentes tipos de renda per capita? Pare e reflita sobre esses assuntos, procurando exemplos 
e trabalhos empíricos que tentam validar essas questões.
Para Rostow (2010), por conseguinte, as teorias do desenvolvimento 
devem vir separadas das teorias econômicas ditas ortodoxas (tanto a marginalista 
quanto o consenso macroeconômico keynesiano do pós-guerra), uma vez que as 
teorias ortodoxas servem para economias maduras e falham quando se trata de 
economias em desenvolvimento. Celso Furtado, nesse período, dedicou seus 
estudos para a análise da ruptura da teoria do desenvolvimento com a ortodoxia 
marginalista como uma consequência quase natural da maior importância das 
análises sobre o ciclo (BASTOS; BRITTO, 2010).
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
8
3 A QUESTÃO DO SUBDESENVOLVIMENTO
O que se pode destacar é que a teoria do desenvolvimento nasceu a 
partir do seu afastamento da análise econômica tradicional, principalmente da 
análise marginalista no que tange aos aspectos de externalidades, produtividade 
marginal e investimento. Sobretudo, o fato que justifica a persistência de uma 
teoria do desenvolvimento é o próprio subdesenvolvimento, que condiciona o 
atraso socioeconômico dos países.
CONCEITO DE SUBDESENVOLVIMENTO
O subdesenvolvimento é uma situação socioeconômica que, de fato, 
justifica a criação de uma teoria do desenvolvimento. De acordo com Bastos e 
Britto (2010, p. 15), alguns estudos usam de forma intercambiável a expressão 
“país atrasado” [backward country] e “país subdesenvolvido”. Myint distingue 
subdesenvolvimento dos recursos e atraso das populações, em que haveria um 
desajuste ou descontentamento de uma população com relação a sua realidade 
material, quando comparada a um padrão de consumo externo.
Jacob Viner, por exemplo, opta por uma definição que privilegia o nível 
de renda per capita no país diante da sua dotação de fatores, além do acesso 
de uma maior parcela da população a um melhor padrão de consumo, que 
segundo o autor: “Uma definição mais própria de país subdesenvolvido é a 
que diz tratar-se de um país que tem boas perspectivas potenciais para usar 
mais capital e mais mão de obra, ou mais recursos naturais disponíveis, ou 
as três coisas ao mesmo tempo, a fim de manter sua população atual em um 
nível de vida mais elevado ou, no caso de seu nível de renda per capita já 
ser elevado, manter uma população maior em um nível de vidanão inferior” 
(VINER, 2010, p. 48).
Com base nessa definição, o autor ainda afirma: “Um país pode ser 
subdesenvolvido, quer seja densa ou escassamente povoado; quer seja rico ou 
pobre em capital; quer seja um país de elevada ou baixa renda per capita; quer 
seja industrializado ou agrícola” (VINER, 2010, p. 48).
FONTE: Adaptado de Bastos e Britto (2010) e Viner (2010).
São centrais para a discussão do desenvolvimento e que foram 
negligenciados por Viner na construção da teoria: a acumulação de capital e a 
industrialização, que levariam aos ganhos de produtividade e crescimento da 
renda per capita em tamanha velocidade que permitiriam a aproximação relativa 
(catch up) em face dos países mais desenvolvidos. Para os autores, “a ideia do catch 
up, deve seguir um elemento central da reflexão da teoria do desenvolvimento” 
(BASTOS; BRITTO, 2010, p. 17).
TÓPICO 1 | AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS
9
Na mesma direção, Simon Kuznets (2010) relaciona o conceito de 
subdesenvolvimento ao fracasso do país não proporcionar um nível de vida 
aceitável a uma parcela considerável da população de um determinado país, 
que pode resultar em miséria e privações materiais. O autor claramente faz uma 
comparação entre os padrões de vida em países de industrialização originária 
(ou desenvolvidos) e países em desenvolvimento (ou subdesenvolvidos). Para 
o autor: 
O sucesso econômico confere poder que pode ser usado para a 
agressão, manifesta ou encoberta. Por isso, os países que se distanciam 
de outros no sucesso econômico podem tornar-se incapazes de se 
defender contra a agressão, real ou temida, dos países mais avançados 
(KUZNETS, 2010, p. 164). 
Nessa definição, Kuznets quer assumir que existem elementos centrais, 
como acumulação de capital, renda per capita e industrialização. Ainda, o que se 
observa é que a questão central ligada à heterogeneidade estrutural de produção 
exerce um ponto importante para a construção da teoria. A questão estrutural 
será tratada mais adiante.
A seguir, trataremos outros conceitos e elementos analíticos considerados 
centrais para a teoria do desenvolvimento, como a importância da poupança e o 
papel do comércio exterior.
3.1 CENTRALIDADE DA QUESTÃO DA POUPANÇA PARA A 
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO
A centralidade do papel da poupança para o desenvolvimento econômico 
retoma ao pensamento clássico, no qual a velocidade da acumulação tende a 
se relacionar diretamente com a capacidade de poupar do indivíduo ou com a 
parcela do excedente que não é consumida. Na visão dos clássicos, principalmente 
de Ricardo, o excedente se refere “à parcela do produto depois de descontada 
aquela destinada ao salário de subsistência e à renda dos proprietários de terra” 
(BASTOS; BRITTO, 2010, p. 18).
Na leitura dos autores, os estudos sobre a teoria do desenvolvimento se 
referem a um conjunto de questões que versam sobre a carência de poupança das 
economias subdesenvolvidas. Dado um determinado nível de poupança de um 
país, em que essa poderia levar as economias atrasadas a romper a fronteira do 
subdesenvolvimento:
[há] casos de países tão pobres, ou com rendas per capita tão baixas, 
que, independentemente da fração da renda poupada, ainda assim o 
montante absoluto de recursos dedicados à compra de bens de capital 
seria insuficiente diante do valor unitário mínimo destes (BASTOS; 
BRITTO, 2010, p. 18).
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
10
O importante sobre a questão da poupança para a teoria do 
desenvolvimento e que está presente em muitos estudos sobre o tema é que todos 
concordam que deve haver uma elevação da poupança como proporção da renda, 
que seria condição necessária para o desenvolvimento. Um excerto retirado do 
texto de Lewis (2010), que é compartilhado por Rostow (modelo demonstrado 
mais a frente), é capaz de definir bem o papel da poupança como central para a 
teoria do desenvolvimento econômico:
O problema central da teoria do desenvolvimento econômico 
é a compreensão do processo pelo qual uma comunidade que 
anteriormente poupava ou investia 4% ou 5% de sua renda 
nacional, ou ainda menos, transforma-se em uma economia em que 
a poupança voluntária se situa por volta de 12% ou 15% da renda 
nacional, ou mais. Este é o problema central, pois a questão principal 
do desenvolvimento econômico é a rápida acumulação de capital 
(incluindo aí os conhecimentos e habilidades junto ao capital). Não se 
pode explicar nenhuma revolução “industrial” (como o pretendiam 
alguns historiadores econômicos) enquanto não se puder explicar por 
que a poupança aumentou em relação à renda nacional (LEWIS, 2010, 
p. 428-429).
 
Em síntese, o que se observa é a inter-relação entre o nível de poupança 
do país e o consumo e, por conseguinte, consumo e crescimento. Nessa relação, 
o consumo é um dos meios para se levar ao crescimento, entretanto, poupança 
requer menos consumo. Assim, o desenvolvimento pode ser então prejudicado 
pelo trade off existente entre consumo e poupança. 
4 O PAPEL DO COMÉRCIO EXTERIOR
Segundo Bastos e Britto (2010), os intelectuais da década de 1950, que 
debateram sobre a teoria do desenvolvimento, tinham como alicerce político 
e prática desenvolvimentista o protecionismo com relação às importações. 
Para os autores da época, o processo de industrialização acelerada somente 
ocorreria mediante o processo de substituição de importações, ou seja, restringir 
as importações a qualquer custo, objetivo que poderia ser atingido mediante 
medidas protetivas, como barreiras quantitativas e tarifárias. Esse ponto é central 
nas contribuições cepalinas de Raúl Prebisch (1949).
De modo geral, para os autores cepalinos, a análise do comércio exterior 
para o desenvolvimento deve ser levada em consideração nas diferenças entre as 
elasticidades-renda dos países que mantêm acordos comerciais. Nessa mesma 
senda, o modelo de economia aberta, que está no texto de Lewis (2010) (veremos 
mais adiante um resumo sobre o texto seminal do autor), demonstra a tendência 
de deterioração dos termos de troca dos produtos desenvolvidos nos trópicos. 
TÓPICO 1 | AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS
11
Sua explicação enfatiza o nível de produtividade do setor de 
subsistência de cada economia, ou de produção de alimentos, e não 
o de produtividade dos setores exportadores. Assim, qualquer ganho 
real de termos de troca só se realizaria caso houvesse um ganho de 
produtividade no setor de produção de alimentos, o que elevaria o 
salário dos trabalhadores (BASTOS; BRITTO, 2010, p. 25).
Para começar o assunto...
 Você já compreendeu que a chamada disciplina de desenvolvimento econômico 
tem sua origem na década de 1950, influenciada principalmente pelos economistas 
desejosos de recuperar as finanças do pós-guerra, além de auxiliar os países atrasados (ou 
subdesenvolvidos). O debate acerca desses assuntos é extenso. Além dos conceitos trazidos 
nessa introdução, nesta unidade, trataremos de alguns modelos e conceitos básicos para a 
compreensão do tema de forma ampla.
NOTA
5 CRESCIMENTO VERSUS DESENVOLVIMENTO
Segundo o professor Luiz Carlos Bresser-Pereira (2006; 2008), o 
desenvolvimento econômico de um país pode ser compreendido como um processo 
de acumulação de capital concomitantemente com a incorporação de progresso 
técnico ao trabalho e ao capital. Esses fatores levariam, portanto, a um crescimento 
da produtividade, dos salários e do padrão de vida médio da população. 
O autor mostra que a origem do desenvolvimento econômico está atrelada 
ao surgimento dos Estados-nação, tal qual como se conhece atualmente. Isto é, 
um fenômeno que emerge em um processo histórico e por meio dos esforços 
na construção de um território e de um Estado. Os impérios egípcio, romano 
e chinês, por exemplo, não conceberam o que se chama de desenvolvimento 
econômico, apesar de apresentarem prosperidade por muitos séculos (BRESSER-
PEREIRA, 2006; 2008).
O conceito de desenvolvimento, parao professor Bresser-Pereira, só 
faz sentido a partir da constituição do capitalismo e da formação dos Estados-
nacionais. Nesse sentido, o conceito de desenvolvimento deve ser pensado 
concomitantemente com os conceitos de acumulação de capital, lucro, trabalho 
assalariado, consumo, inovação (ou incorporação de progresso técnico) e 
produtividade do trabalho.
Crescimento econômico e desenvolvimento econômico não devem ser 
expressões tratadas como sinônimas. O desenvolvimento econômico pressupõe 
que exista 
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
12
[...] uma sociedade capitalista organizada na forma de um Estado-nação 
onde há empresários e trabalhadores, lucros e salários, acumulação 
de capital e progresso técnico, um mercado coordenando o sistema 
econômico e um estado regulando esse mercando e complementando 
sua ação coordenadora (BRESSER-PEREIRA, 2008, p. 1).
Bresser-Pereira (2006; 2008) lembra que, desde a revolução capitalista, 
um dos primordiais objetivos políticos dos países é atingir níveis consideráveis 
de desenvolvimento econômico, de maneira que o governo de um Estado só 
estará realmente sendo bem-sucedido se estiver alcançando taxas razoáveis 
de crescimento. O objetivo político fundamental é garantir o bem-estar das 
sociedades modernas.
NOTA
FONTE: <https://editalconcursosbrasil.com.br/blog/economia_o-que-e-capitalismo-
industrial/>. Acesso em: 23 abr. 2020.
 A revolução capitalista é a transformação tectônica pela qual passou a história, na 
medida em que as ações deixavam de ser coordenadas principalmente pela tradição e a 
religião para serem coordenadas pelo Estado e o mercado. Assim, o Estado moderno passava a 
definir as instituições formais, as leis e as políticas públicas e a regular a instituição socialmente 
construída de competição, que é o mercado. O desenvolvimento econômico se constitui em 
realidade histórica no bojo da revolução capitalista que dará origem às ideias modernas de 
nação, Estado e Estado-nação (BRESSER-PEREIRA, 2006, p. 7).
O autor ainda revela que o sucesso de crescimento de uma economia é um 
indicativo de existência de um plano estratégico nacional de desenvolvimento. 
Por outro lado, “quando uma economia começa a crescer muito lentamente, 
senão a estagnar, é sinal de que sua solidariedade interna está em crise, que a 
nação perdeu coesão e se esgarçou, e, portanto, que já não conta com os elementos 
necessários para que se mantenha competitiva” (BRESSER-PEREIRA, 2006, p. 4).
TÓPICO 1 | AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS
13
Às nações desejosas de alcançarem níveis de desenvolvimento 
consideráveis, é preciso, de fato, que ocorram transformações estruturais, 
econômicas e institucionais. Schumpeter (1911) foi pioneiro ao afirmar que o 
desenvolvimento econômico implica mudanças estruturais do sistema econômico 
em vez de ser considerado o simples crescimento da renda per capita (BRESSER-
PEREIRA, 2008).
Um país pode observar crescimento dos níveis de renda e não gerar 
desenvolvimento econômico. É necessário que haja transformações nas dimensões 
econômicas, social, política e ambiental. Segundo Bresser-Pereira (2008, p. 5), “O 
desenvolvimento econômico sempre se caracterizou por um aumento da renda 
per capita e por melhoria dos padrões de vida”.
Nessa perspectiva, podemos destacar o trabalho de Ignacy Sachs (2004, 
p. 38), que qualifica o desenvolvimento como includente e o crescimento como 
excludente ou concentrador: “a maneira de definir desenvolvimento includente 
é por oposição ao padrão de crescimento perverso, conhecido na bibliografia 
latino-americana como ‘excludente’ do mercado de consumo e ‘concentrador’ (de 
renda e de riqueza)”.
Destarte, a medida mais usual para mensurar o desenvolvimento 
econômico é o aumento da renda por habitante (ou renda per capita). É por meio 
dela que se mede a produtividade geral de uma nação. Segundo Bresser-Pereira 
(2008), uma boa estratégia para alcançar boas análises em perspectiva comparada 
de produtividade de países é a transformação da renda em termos de paridade 
do poder de compra (em inglês - purchasing power parity - PPP) por habitante, 
uma vez que o nível de renda ou do produto do país corrigido por essa taxa, 
que normalmente tem o dólar americano como unidade de referência, possui 
melhores condições de avaliar a capacidade média de consumo da população 
do que a renda nominal. Todos esses temas serão tratados com maiores detalhes 
adiante, no Tópico 3 desta unidade.
Desenvolvimento econômico na centralidade da agenda política global
 As nações definiram historicamente a autonomia nacional e o desenvolvimento 
econômico como seus objetivos políticos centrais. Hoje, a importância do desenvolvimento 
econômico entre os objetivos políticos das sociedades modernas fica clara pela simples 
leitura dos jornais. No noticiário interno sobre cada país, vemos que uma grande parte dos 
esforços de seus governantes está voltada para promover o desenvolvimento econômico 
do país. Na competição eleitoral em que os políticos estão permanentemente envolvidos, 
o critério principal de êxito ou fracasso adotado por eles e por seus eleitores é o de sua 
capacidade de promover o desenvolvimento econômico ou a melhoria dos padrões de 
NOTA
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
14
vida. No noticiário, o que vemos sobre as relações econômicas, principalmente com relação 
à Organização Mundial do Comércio (OMC), mas também em muitos outros fóruns, é um 
grande processo de competição entre as nações, em que cada governo defende os interesses 
de suas empresas que são também os interesses de seus países. Nas análises geopolíticas, 
o que os analistas políticos e econômicos de todos os tipos fazem, com frequência, é a 
observação de que este ou aquele país está ganhando sua competição, geralmente com 
o vizinho, porque sua economia está crescendo mais rapidamente. Identificar o processo 
histórico do desenvolvimento econômico com crescimento econômico ou com aumento 
do valor adicionado per capita não implica apenas em dar um sentido econômico claro ao 
conceito, mas, adicionalmente identificá-lo com a realização de um dos objetivos políticos 
fundamentais das sociedades modernas. Não significa desconsiderar o valor dos demais, mas 
sugere que sejam distinguidos com clareza os diversos objetivos políticos das sociedades 
democráticas.
FONTE: Adaptado de Bresser-Pereira (2008, p. 8).
Assim, podemos identificar três campos teóricos distintos que separam 
e organizam os diferentes modelos de crescimento econômico de longo prazo: 
os modelos neoclássicos tradicionais; os novos modelos de crescimento, com 
sua versão neoschumpeteriana; e os modelos de influência estruturalista latino-
americana e pós-keynesiana (PALMA, 2005 apud PAMPLONA; CACCIAMALLI, 
2018, p. 132).
6 O NASCIMENTO DA DISCIPLINA DO DESENVOLVIMENTO 
ECONÔMICO E DIAGNÓSTICO DO ATRASO
Agora que você já estudou sobre a origem da teoria do desenvolvimento, 
conheceremos alguns autores e suas principais ideias acerca da teoria do 
desenvolvimento. Nesse sentido, busca-se destacar a contribuições de Hirshman, 
Lewis e Nurke para o debate do desenvolvimento econômico dos países. Vale 
lembrar que não se pretende esgotar o debate sobre o tema, mas indicar um 
caminho a ser traçado pelo estudante de Ciências Econômicas. Para isso, será 
indicada uma bibliografia complementar.
6.1 A ECONOMIA DO DESENVOLVIMENTO
O economista alemão Albert Hirshman foi o maior defensor e crítico 
da “economia do desenvolvimento”, desde sua emergência na década de 1940 
(NIEDERLE; CARDONA; FREITAS, 2016).
Como vimos anteriormente, a economia do desenvolvimento tem como 
pilar a ruptura com a teoria ortodoxa neoclássica, e Hirshman não fica de fora 
desse contexto. O autor propõe o “princípio da mão-oculta”, que é uma clara 
oposição à clássica noção de “mão invisível” cunhada por Adam Smith para 
caracterizar o mercado (NIEDERLE; CARDONA; FREITAS, 2016).TÓPICO 1 | AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS
15
De acordo com Hirschman, a mão-oculta atua principalmente através 
do descobrimento, da ignorância, das incertezas e das dificuldades, 
agindo por meio das técnicas da pseudoimitação e do programa global. 
A pseudoimitação é aquela que apresenta os projetos como menos 
difíceis do que são, enquanto o programa global dá aos planejadores a 
ilusão de serem mais perspicazes em relação às dificuldades do projeto 
do que realmente são. Com efeito, Hirschman acreditava que essa 
mão-oculta, embora necessária, teria cada vez menos influência, na 
medida em que se aprimorasse a arte de promover o desenvolvimento. 
Este passa a ser o resultado dos projetos dos atores sociais, o fruto da 
ação visível dos indivíduos e organizações, incluindo o Estado como 
mecanismo regulamentador e promotor (NIEDERLE; CARDONA; 
FREITAS, 2016, p. 42).
Para Hirshman, o crescimento é quase inexoravelmente criador de 
desigualdades. Esse fato advém de escolhas que beneficiam alguns em detrimento 
de outros. Na leitura de Niederle, Cardona e Freitas (2016, p. 43), esses fatos 
desqualificam a falácia conservadora de que ironicamente “é preciso fazer o bolo 
crescer para depois dividi-lo”. Por outro lado, também não é possível imaginar 
que uma sociedade deva antes acabar com a iniquidade social para só então se 
desenvolver, ideia associada, de acordo com Hirschman (1961, p. 19), ao “ponto 
de vista derrotista de que o desenvolvimento deve ser equilibrado de início, ou 
então não se dará”. Na percepção de Hirshman (1961), enfrentar a iniquidade 
é mais fácil com crescimento, mas esse processo exige soluções contraditórias, 
além de opções que favoreçam aqueles que não são naturalmente beneficiados 
pelo crescimento. É nessa perspectiva que o economista sugere uma estratégia de 
crescimento desequilibrado.
Vale ressaltar que há um debate acerca da condenação do processo de 
especialização produtiva dos países, o que alguns autores denominam de “maldição” 
(PREBISCH, 1949; SINGER, 1950; HIRSCHMAN, 1958; FRANK, 1966; KALDOR, 1978). Esses 
autores de cunho ideológico estruturalista condenavam, principalmente, a especialização 
na dotação de fatores em que o país era abundante. É o caso do Brasil e de outros países 
da América Latina, os quais são ricos em recursos naturais e sofrem da chamada maldição 
dos recursos naturais. Segundo Pamplona e Cacciamali (2018, p. 130): “A literatura sobre 
desenvolvimento nos anos 1950 a 1970 interpretava a abundância de recursos naturais, e a 
especialização dela decorrente, como um obstáculo à superação do subdesenvolvimento”.
 
 A tese da “maldição dos recursos naturais” sustenta que a abundância de recursos 
naturais leva a um pobre desempenho econômico e à estagnação, ao alto nível de corrupção 
e à governança precária, como também, para alguns autores, à violência política (DI JOHN, 
2011 apud PAMPLONA; CACCIAMALI, 2018, p. 130).
 
 Pamplona e Cacciamali (2018) sistematizam o debate acerca da maldição dos 
recursos naturais como um impedimento para o desenvolvimento dos países por meio de 
três abordagens:
DICAS
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
16
• os estruturalistas/keynesianos: defensores da centralidade da indústria de transformação 
e da ideia de maldição dos recursos naturais; 
• os neoinstitucionalistas: adeptos da concepção de que as instituições são decisivas na 
inibição da maldição, particularmente aquelas que garantem o bom funcionamento do 
mercado;
• os neoschumpeterianos: para os quais o que importa não é o que se produz, mas como 
se produz, se há dinamismo tecnológico ou não, se há inovação ou não.
6.2 PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO E COM EXCESSO 
ESTRUTURAL DE MÃO DE OBRA
A estrutura de um país pode ser caracterizada por indicadores, como 
a participação do valor adicionado das atividades econômicas (agricultura, 
manufatura e serviços), que tem por finalidade mensurar a composição e localizar 
a concentração da atividade na economia, e indicadores associados à mão de obra, 
como mão de obra industrial ou agrícola, e se esta mão de obra é qualificada ou 
não, por exemplo. A seguir, o quadro sintetiza as informações primordiais trazidas 
pelo artigo de Lewis O Desenvolvimento Econômico com Oferta Ilimitada de Mão de 
Obra, no qual o autor disserta sobre a sua visão modelo de desenvolvimento.
QUADRO 1 – SÍNTESE DO MODELO DE DESENVOLVIMENTO DE LEWIS
Em várias economias, dispõe-se de uma oferta ilimitada de mão de obra no nível de 
subsistência. Esse era o modelo clássico. O modelo neoclássico, incluindo o keynesiano, 
fornece resultados errôneos quando aplicados a tais economias.
As principais fontes de onde procedem os trabalhadores na medida em que avança o 
desenvolvimento econômico são a agricultura de subsistência, os trabalhos eventuais, 
o pequeno comércio, o serviço doméstico, as mulheres e filhas que trabalham em casa e 
o aumento da população. Na maioria desses setores, embora não todos, quando o país 
está superpovoado em relação aos seus recursos naturais, a produtividade marginal do 
trabalho é ínfima, nula ou mesmo negativa.
O salário de subsistência ao qual está sujeito esse excedente de mão de obra pode 
ser determinado por uma visão convencional acerca do mínimo necessário para a 
subsistência ou pode ser igual ao produto médio per capita na agricultura de subsistência 
mais uma margem. 
Numa economia como essa, o emprego no setor capitalista se expande à medida em 
que a formação de capital ocorre.
A formação de capital e progresso técnico não resultam em salário crescentes, mas na 
elevação da participação dos lucros na renda nacional.
TÓPICO 1 | AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS
17
Numa economia subdesenvolvida, o motivo pelo qual a poupança é baixa em relação à 
renda nacional não é a pobreza da população, mas o fato de os lucros capitalistas serem 
baixos em relação à renda nacional. À medida que o setor capitalista se expande, os lucros 
aumentam relativamente e uma proporção crescente da renda nacional é reinvestida.
O capital não é formado somente pelos lucros, mas também pela expansão do crédito. 
O custo real do capital gerado pela inflação é nulo nesse modelo e esse capital é tão útil 
quanto o gerado de modo mais respeitável, ou seja, por meio dos lucros.
A inflação com o objetivo de obter os recursos necessários a uma guerra pode ser 
cumulativa, mas a inflação que tem por finalidade criar capital produtivo é autodestrutiva. 
Os preços aumentam à medida que se cria o capital e diminuem à medida que o produto 
chega ao mercado.
Dessa maneira, o setor capitalista não tem como se expandir indefinidamente, uma 
vez que a acumulação de capital pode ocorrer mais depressa do que o aumento da 
população. Quando o excedente é esgotado, os salários começam a subir acima do nível 
de subsistência.
No entanto, o país continua cercado por outros países que possuem excedente de 
trabalho. Consequentemente, assim que seus salários começarem a aumentar, terá início 
uma imigração em massa e a exportação de capital para conter o aumento. 
A imigração em massa de mão de obra qualificada poderia até aumentar o produto per 
capita, mas seu efeito seria manter os salários de todos os países próximos ao nível de 
subsistência dos países mais pobres.
A exportação de capital reduz a formação de capital nacional mantendo, assim, os salários 
baixos. Isso pode ser compensado quando a exportação de capital torna mais baratos 
os artigos que os trabalhadores importam ou quando eleva os custos dos salários dos 
países competidores, mas é agravado quando a exportação de capital eleva o custo das 
importações ou reduz os custos de países competidores.
A importação de capital estrangeiro não eleva os salários reais dos países com excedente 
de trabalho, a não ser que o capital proporcione um aumento de produtividade das 
mercadorias produzidas para o consumo próprio.
A principal razão pela qual os produtos tropicais comerciaissão tão baratos, em termos 
do padrão de vida que proporcionam, está na ineficiência da produção tropical de 
alimentos per capita. Praticamente todos os lucros da maior eficiência das indústrias 
de exportação vão para as mãos do consumidor estrangeiro, ao passo que a elevação da 
eficiência na produção de alimentos do setor de subsistência encareceria automaticamente 
os produtos comerciais de exportação.
A Lei dos Custos Comparativos é válida tanto para os países com excedente de trabalho 
quanto para os demais. No entanto, enquanto nos últimos ela é uma fundamentação 
válida para os argumentos a favor do livre comércio, nos primeiros representa uma 
fundamentação igualmente válida para os argumentos protecionistas.
Fonte: Lewis (2010, p. 461-462).
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
18
Vamos praticar!
 A partir das informações contidas no quadro, faça uma reflexão, como um 
exercício de fixação e aprendizado, buscando dados e informações sobre os indicadores 
mencionados para um determinado país (no caso do Brasil, o site do IBGE é uma boa fonte 
de informação) a fim de corroborar o modelo proposto por Lewis, como: expansão do 
crédito, taxa de poupança, taxa de emprego industrial. Nesse exercício inicial, trabalhar com 
dados auxiliará na atividade proposta neste tópico e em atividades futuras.
UNI
7 O CAPITALISMO ATRASADO: ANALISANDO OS FATOS EM 
PERSPECTIVA HISTÓRICA
Para iniciarmos o assunto sobre o que é capitalismo atrasado, precisamos 
entender sobre “atrasado com relação a quem?”. Nesse sentido, a seguir contém 
trechos retirados do livro Processo de Industrialização: do capitalismo originário ao 
atrasado, de Carlos Alonso Barbosa Oliveira (2003).
A generalização da produção organizada como grande indústria na 
Inglaterra marca, pela primeira vez na história, a plena constituição 
do modo de produção capitalista. Finda a Revolução Industrial, 
ao deslanchar-se o ciclo da construção ferroviária, o processo de 
acumulação assume uma dinâmica especificamente capitalista, e o 
capital industrial, dada sua capacidade de liderar a expansão econômica, 
progressivamente assume posição hegemônica ante as outras formas 
do capital, ao mesmo tempo que subordina a nova classe operária. 
[...] É por considerar essas profundas transformações, que podemos 
afirmar que com a industrialização iniciava-se uma nova era histórica, 
a etapa concorrencial do capitalismo, que cobre aproximadamente o 
período de 1830 a 1890. Nessa fase, a grande indústria implantava-
se em vários países, e denominamos industrializações atrasadas 
os processos de constituição do capitalismo que se completam na 
vigência do capitalismo concorrencial (OLIVEIRA, 2003, p. 172-173, 
grifo nosso).
A citação apresentada se refere ao modo de produção, que se deu 
inicialmente na Inglaterra com a Revolução Industrial e se espalhou para o resto 
do mundo. Esse processo só foi possível graças ao modo de acumulação primitiva 
(ou capitalismo originário), que foi um condicionante essencial para perpetuação 
do processo de reprodução do capital. 
O modo como são formados os capitais em um determinado país é um 
importante fator que poderá determinar o seu grau e tipo de desenvolvimento. 
De acordo com Oliveira (2003 p. 173), “não fosse o caso dos Estados Unidos, 
TÓPICO 1 | AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS
19
poderíamos afirmar que a natureza das industrializações atrasadas foi 
determinada, em última instância, pela fase concorrencial do capitalismo 
mundial, e, em primeira instância, pelo passado feudal dos países”. Dessa forma, 
“as peculiaridades do processo de colonização norte-americano determinaram a 
conformação de uma sociedade estruturalmente semelhante à sociedade europeia 
da época”.
Nesse sentido, pode-se afirmar que as características econômicas e sociais 
do capitalismo concorrencial foram determinantes para que formas específicas 
de industrializações atrasadas surgissem. Os países atrasados podem ser 
definidos como aqueles que se industrializaram tardiamente, ou seja, o processo 
de industrialização sempre é tratado ao longo da história da disciplina de 
desenvolvimento como um tema central e de muita importância.
O capitalismo concorrencial é a inexistência de um capitalismo 
monopolista, ou seja, há uma atomização de firmas que concorrem entre si. A 
pouca concentração de capital e a presença de tecnologia simples, no período 
analisado, são condicionantes para a entrada de outras firmas no mercado.
Portanto, a livre concorrência é considerada um fator fundamental para 
que se manifestem as características essenciais do sistema capitalista de produção. 
Nesse modelo, supõe-se a existência de aparelho industrial integrado, no interior 
do qual sejam diferenciados os departamentos-produtores de meios de produção 
e de meios de consumo. Essa estrutura supõe também a existência de um sistema 
de crédito que garanta a mobilidade do capital entre as diferentes esferas da 
atividade econômica. Por fim, é, também, elemento dessa estrutura uma classe 
operária composta de trabalhadores livres (OLIVEIRA, 2003).
O processo de livre concorrência torna-se efetivamente visível ao mensurar 
a queda dos preços das mercadorias, as quais são reflexo dos constantes aumentos 
da produtividade do trabalho nas esferas da produção e da circulação. Segundo 
Landes (1975, p. 233-234), “o século XIX foi marcado por prolongada e severa 
deflação, que se estendeu de 1817 a 1896, com uma única curta interrupção de 
seis ou sete anos. [...] A explicação para excepcionalidade do século XIX parece 
ligar-se precisamente aos ganhos de produtividade que estimularam e tornaram 
possível o crescimento econômico”.
Oliveira (2003, p. 176, grifo nosso) sintetiza que:
[...] a livre concorrência é elemento fundamental do capitalismo, pois 
é por meio de sua ação que são reguladas as relações entre os diversos 
capitais individuais, bem como as relações entre o trabalho e o capital. 
E são os mecanismos da concorrência que permitem que as condições 
do processo de acumulação sejam permanentemente repostas.
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
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DICAS
FONTE: <http://historia8d18.blogspot.com/2019/09/revolucao-industrial-ludmila-scienza.
html>. Acesso em: 23 abr. 2020.
Gênese do capital industrial
 Na Inglaterra, ao findar o ciclo têxtil, iniciou-se a construção ferroviária, processo 
que se desdobrou, nos anos 40 do século XIX, na gigantesca mania ferroviária. No novo 
padrão de acumulação que se desenvolvia, os setores produtores de meios de produção iam 
assumindo a liderança na expansão econômica. O processo de acumulação na metalurgia, 
na mecânica, na mineração etc. dinamizava os ramos produtores de meios de consumo, 
que iam sendo relegados a uma posição subordinada nas relações intersetoriais do aparelho 
industrial.
 Do ponto de vista tecnológico, as inovações do ciclo ferroviário não se diferenciavam 
expressivamente daquelas do ciclo têxtil, pois apareciam como simples desdobramentos dos 
avanços alcançados durante a Revolução Industrial. As inovações mais importantes, como 
a própria estrada de ferro e, após 1850, o navio a vapor e os novos processos de fabricação 
do aço, surgiam como adaptações ou transformações de produtos e processos que não 
implicavam em ruptura radical com a tecnologia da Revolução Industrial. Dessa forma, a 
nova tecnologia, tal como a do ciclo têxtil, não exigia conhecimentos científicos para a sua 
geração, sendo dominada e produzida por homens práticos.
 Por outro lado, aquela camada de trabalhadores especializados que existia na 
Inglaterra desde o período manufatureiro havia se desenvolvido e, agora, era mais numerosa, 
composta por operários mais treinados e qualificados. Eram exatamente esses trabalhadores 
que não somente geravam a nova tecnologia, como ainda eram seus portadores, viabilizando, 
dessa forma, a difusão das inovações. Assim, a simplicidade da tecnologia e o fato de quepodia ser difundida por trabalhadores permitiam que a utilização de inovações logo se 
generalizasse pelo aparelho produtivo. Não havia, portanto, mecanismos que protegessem 
as empresas inovadoras contra a concorrência, pois outras empresas do mesmo ramo, ou 
novos capitais que se formavam logo, podiam incorporar as novas tecnologias (OLIVEIRA, 
2003, p. 177-178).
 Você pode saber mais sobre a gênese do capitalismo industrial em: Hobsbawm 
(1978), Landes (1975) e Polanyi (1980).
TÓPICO 1 | AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS
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Vale lembrar que estamos analisando o desenvolvimento em perspectiva 
histórica (que se inicia no século XIX), o qual irá culminar no diagnóstico traçado 
por historiadores econômicos sobre o atraso de algumas economias. Desse modo, 
podemos analisar esses fatos a partir de outra perspectiva, como na obra de 
Marx, por exemplo, em que o capitalismo possui um comportamento capaz de 
modificar permanentemente o processo de trabalho na produção de mercadorias, 
principalmente as transformações sociais que estão associadas à questão do 
desenvolvimento. 
Na obra de Marx, podem-se destacar alguns determinantes que, em 
sua constituição do capitalismo, são capazes de moldar o processo de trabalho 
na produção de mercadorias, a saber: o processo concorrencial, o progresso 
técnico e o modo de organização do trabalho. Os determinantes intrínsecos ao 
capitalismo estão, de certa forma, interligados e possuem um objetivo maior em 
prol da produção da mais-valia e obtenção de retornos supranormais. Em outras 
palavras, o capitalista está interessado em buscar a mais-valia extraordinária por 
meio da subordinação do trabalho ao capital, além do interesse na concentração 
econômica.
Aderente ao processo concorrencial, para Marx (1996), esse conceito 
revela a eliminação de empresas menos dinâmicas e o estabelecimento daquelas 
mais competitivas. Dentro desse processo, em que o capitalista se encontra na 
constante busca pelo lucro e expansão do capital, ele é obrigado a perseguir novas 
formas de extração da mais-valia sem que haja um prolongamento da jornada de 
trabalho. De certa forma, o resultado do processo de concorrência estava apoiado 
no nivelamento das taxas de lucro, as quais o capitalista queria sempre aumentar. 
Sobre as taxas de lucro
 Na medida em que a tecnologia era difundida, os concorrentes facilmente as 
copiavam e, assim, possibilitava uma distribuição das taxas de lucro entre as empresas (ou 
setores). Se houvesse diferentes taxas de lucro, os capitais deslocar-se-iam das atividades 
com taxa de lucro baixa para as atividades com elevada taxa de lucro. Dessa maneira, a 
produção de algumas mercadorias diminuiria e os preços aumentariam, ao contrário de 
outras mercadorias, até que a taxa de lucro se igualasse.
NOTA
Nesse sentido, busca-se, por meio do progresso técnico, a extração da mais-
valia extraordinária, mesmo de maneira temporária (monopólio temporário). 
Dessa forma, a importância do papel da concorrência representa o vetor da 
difusão de inovações, de organizações e da tecnologia.
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
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Por outro lado, o progresso técnico é um indutor do aumento de 
produtividade e, por conseguinte, ampliava a mais-valia relativa. A produtividade 
pode ser analisada como o resultado de mudanças organizacionais (divisão do 
trabalho) e nos instrumentos de trabalho (tecnologia, mecanização). Uma vez que 
o limite técnico da manufatura tinha estreita relação com o limite da exploração 
do trabalhador, o progresso técnico, para Marx, é uma das formas de superar os 
limites impostos pela herança de base técnica do modo de produção anterior ao 
capitalismo. 
No que tange aos modos de organização do trabalho, na manufatura, a 
divisão do trabalho é um meio de se obter aumento de produtividade, sendo que 
essa é essencial para a manutenção da extração da mais-valia relativa. Em sua 
forma histórica, entre os meios pelos quais é extraída a mais-valia, destacam-se, 
na obra de Marx: a cooperação, a manufatura e a maquinaria. 
A cooperação fornece à produção capitalista economias de escala, 
visto que, para produzir uma mesma determinada mercadoria, é utilizado 
um conjunto de trabalhadores que, ao mesmo tempo e no mesmo espaço, é 
comandado pelo mesmo capitalista. Marx afirma que a cooperação “constitui 
histórica e conceitualmente o ponto de partida da produção capitalista” (MARX, 
1996, p. 439) e que o aumento de produtividade se dá por meio da divisão do 
trabalho. Portanto, a variação da produção se deve ao maior controle que o 
capital exerce sobre os trabalhadores. Cumpre ainda ressaltar que, nesse ponto, 
o trabalho coletivo e atomizado caracteriza-se por uma dependência contínua 
de habilidades e capacidades humanas. Além disso, “a cooperação baseada na 
divisão do trabalho adquire sua forma clássica na manufatura” (MARX, 1996, 
p. 453).
Sobre a cooperação
 A forma de trabalho em que muitos trabalham planejadamente lado a lado e 
conjuntamente, no mesmo processo de produção ou em processos de produção diferentes, 
mas conexos, chama-se cooperação. De modo a exemplificar, Marx afirma que “uma dúzia 
de pessoas juntas, numa jornada simultânea de 144 horas, proporciona um produto global 
muito maior do que 12 trabalhadores isolados” (MARX, 1996, p. 442-443).
NOTA
Dessa maneira, a gênese da manufatura não se diverge muito da indústria 
artesanal das corporações a não ser pela quantidade de trabalhadores ocupados na 
produção sob o mesmo capital. Sendo assim, “a oficina do mestre-artesão é apenas 
ampliada” (MARX, 1996, p. 439), reunindo trabalhadores de ofícios diferentes e 
TÓPICO 1 | AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS
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semelhantes, a qual faz surgir o sistema de ferramentas. A produtividade passa 
a depender da habilidade do trabalhador e da perfeição de suas ferramentas. 
Assim, como na cooperação, a execução do trabalho na manufatura é “dependente 
da força, habilidade, rapidez e segurança do trabalhador individual no manejo 
de seu instrumento” (MARX, 1996, p. 455). A manufatura ainda se caracteriza 
pela simplificação das atividades (divisão técnica do trabalho), a qual cria uma 
demanda por trabalhadores não qualificados. 
O autor disserta sobre a organização do trabalho:
a divisão manufatureira do trabalho cria, por meio da análise da 
atividade artesanal, da especificação dos instrumentos de trabalho, 
da formação dos trabalhadores especiais, de sua agrupação e 
combinação em um mecanismo global, a graduação qualitativa e a 
proporcionalidade quantitativa de processos sociais de produção, 
portanto determinada organização do trabalho social, e desenvolve 
com isso, ao mesmo tempo, nova força produtiva social do trabalho 
(grifo nosso) (MARX, 1996, p. 471).
Por fim, a maquinaria caracteriza-se pela subordinação real do trabalho 
ao capital, cujo trabalhador não é mais determinante, mas determinado. Ou seja, 
o ritmo do trabalhador é dado pelo sistema de máquinas e sua vontade não é 
do interesse da produção capitalista. Nesse sentido, a máquina-ferramenta cria 
a necessidade de trabalho e o trabalhador torna-se apêndice da máquina. Nesse 
cenário, associado à ideia de objetivação do processo de trabalho, o trabalhador se 
encarrega do trabalho vivo remanescente ao transferir sua destreza e qualificações 
para a máquina.
Dessa maneira, há o rompimento com a base técnica por meio da introdução 
progressiva da máquina. Como resultado, o processo de mecanização gera uma 
menor divisão técnica do trabalho, que era o objeto central na manufatura. Nas 
palavras de Marx (1996, p. 54): “como o movimento global da fábrica não parte 
do trabalhador, mas da máquina, pode ocorrer contínua mudança de pessoal 
sem haver interrupção do processo de trabalho”. Essa passagem revela o alto 
grau de especialização e simplificação do trabalho por meio da mecanização. O 
trabalhador poderia ser facilmente substituído e estava condicionado a obedecerao ritmo imposto pela máquina.
Assim, pode-se dizer que houve uma sobremaneira transformação da 
passagem da manufatura para a grande indústria ocorrendo uma ruptura no 
processo de trabalho, na qual a maquinaria descarta o antigo sistema da divisão 
do trabalho.
A partir dessas constatações supracitadas sobre a subordinação real do 
trabalho sob o comando do capital, verifica-se que o trabalhador perde o controle 
sobre o conteúdo e o ritmo no processo de trabalho. Ainda que houvesse exploração 
na manufatura, os operários se autorrealizavam no processo de trabalho e 
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
24
desenvolviam suas atividades de forma criativa a partir de instrumentos para 
moldar e controlar a natureza, além de desenvolverem seu intelecto (criava-se 
um vínculo de subordinação formal e, em contrapartida, recebia-se um salário). 
Em contraste, na maquinaria, o conteúdo do trabalhado é modificado, uma vez 
que o trabalhador perde sua autonomia sobre o processo produtivo, que passa a 
servir a máquina.
Nesse sentido, como consequência da concorrência e da acumulação de 
capital para Marx, está o conceito de alienação do trabalhador, além de observar 
a crescente miséria da classe operária. Constata-se uma modificação no conteúdo 
do trabalho por meio da análise da posição do trabalhador no modo de produção 
capitalista, cuja alienação se dá por três razões: 1) os trabalhadores não possuem 
os meios de produção; 2) trabalhadores não possuem o produto de sua atividade; 
e 3) trabalhadores não controlam a organização do processo produtivo.
 
Dessa forma, a tecnologia capitalista emerge como elemento de 
subordinação do trabalhador para o capitalista, revolucionando a base técnica da 
produção. Cumpre ainda ressaltar que a subordinação real do trabalho emerge 
em contraposição da subordinação formal do trabalho ao capital. Em seu capítulo 
inédito, Marx (1978) aborda tais conceitos. Na subordinação formal, o trabalhador 
tem a posse dos meios de produção, por outro lado, na subordinação real, o 
trabalhador é expropriado deles e surge o conceito da alienação do trabalho.
Os elementos citados por Marx, no século XIX, requalificam a importância 
da grande indústria para o desenvolvimento dos países, assim como a incorporação 
do progresso técnico e o aumento de produtividade, o que será tratado de forma 
exímia por Schumpeter, já no século XX.
Por outro lado, Oliveira (2003, p. 180) ressalta que, 
[...] na Grã-Bretanha não foi necessária a superação das formas 
tradicionais de organização das empresas, dado que não se manifestava 
descontinuidade entre o volume de capitais previamente acumulados 
e os requisitos financeiros para a expansão das indústrias mecânicas 
e metalúrgicas, e para a mineração. A preexistência do integrado 
aparelho industrial capitalista que se desenvolvia havia décadas e o 
grau de avanço prévio alcançado pelo capital comercial, bancário e 
agrário garantiam dinamicamente a geração de lucros que podiam 
ser canalizados, via agentes financeiros, para os setores que agora 
assumiam a liderança da expansão. Esses setores, por sua vez, na 
medida em que já estavam implantados desde a Revolução Industrial, 
podiam constantemente reinvestir seus próprios lucros.
Uma das características da grande indústria e de empresas atualmente 
caracterizadas por sua verticalidade são baseadas no modelo de “reter e 
reinvestir”, ou seja, reter os lucros e reinvestir na expansão da própria empresa.
Em síntese, 
TÓPICO 1 | AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS
25
[...] na Inglaterra, após a Revolução Industrial, faziam-se presentes 
as condições para que os mecanismos da concorrência operassem 
plenamente: o aparelho industrial já era integrado, o sistema bancário 
desenvolvido, um grande número de empresas atuava nos diversos 
ramos, a tecnologia era simples, o processo de proletarização era 
avançado, e já se conformara uma classe operária livre (OLIVEIRA, 
2003, p. 181). 
Era necessário a institucionalização de uma nova ordem econômica 
mundial para que o modelo instalado na Inglaterra fosse implantado em outros 
países, nos moldes do Estado liberal e da livre concorrência, e que pudessem ser 
também livres, em nível internacional, a mobilidade de trabalhadores e de capital.
No período, “a economia britânica aparecia como monopolista no 
mercado mundial de produtos industriais e, por isso mesmo, podia dispensar 
o protecionismo, já que nenhum país no mundo estava apto a concorrer no 
mercado nacional inglês de produtos industriais” (OLIVEIRA, 2003, p. 183). 
Manter relações comerciais com a Inglaterra era benéfico aos outros países, uma 
vez que o dinamismo inglês podia ser propagado aos outros países seguidores.
 De acordo com Oliveira (2003, p. 187),
[...] a adoção do livre-cambismo podia propagar o dinamismo da 
economia inglesa em âmbito mundial, pois o livre acesso ao mercado 
mundial (de mercadorias, de dinheiro e de força de trabalho), que 
era impulsionado pela expansão do capitalismo inglês, abria aos 
diferentes países novas possibilidades de expansão econômica. Nesse 
ponto, os Estados Unidos e a Europa vão assumindo posição de 
principais parceiros comerciais da Inglaterra, relegando a segundo 
plano as áreas atrasadas.
Dessa forma, podemos concluir que os países denominados de 
“capitalismo atrasado” são os países que não são de industrialização originária. 
Em outras palavras, países atrasados são aqueles que se industrializaram 
depois e instalaram sua própria Revolução Industrial, com indústrias de base, 
de maneira tardia. Alguns países ainda nem atingiram tal objetivo e são, hoje, 
denominados de países subdesenvolvidos. Para Nurske (1951), a formação de 
capitais e, consequentemente, o processo de acumulação é o principal problema 
do desenvolvimento de países economicamente atrasados. 
Nurske (1957) criou a expressão “círculo vicioso da pobreza”. Essa 
expressão quer nos dizer que forças circulares mantêm as economias em um 
“estado de equilíbrio de subdesenvolvimento”. O debate aqui está atrelado à 
reprodução do não desenvolvimento, pois, para Nurske, o baixo rendimento 
per capita nas economias subdesenvolvidas é capaz de definir dois tipos de 
bloqueio à formação de capital: i) o baixo poder de compra (nível de consumo); 
e ii) a reduzida capacidade de poupança (potencial de investimento). Assim, a 
indução do investimento é limitada pela dimensão do mercado. A fragilidade 
do mercado é condicionada pela existência de custos altos e de baixas taxas de 
UNIDADE 1 | DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO: UMA INTRODUÇÃO AO DEBATE
26
lucro, o que reduz o investimento, ocasionando baixo crescimento econômico. 
Desse modo, tem-se como resultado desse processo a constante reprodução 
do subdesenvolvimento e da miséria (NIEDERLE; CARDONA; FREITAS, 
2016, p. 43). 
Nas palavras do autor (NURSKSE, 1957, p. 7), 
[...] um homem pobre não tem o bastante para comer; sendo 
subalimentado, sua saúde é fraca; sendo fisicamente fraco, sua 
capacidade de trabalho é baixa, o que significa que ele é pobre, o que, 
por sua vez, quer dizer que não tem o bastante para comer; e assim 
por diante. Tal situação, transposta para o plano mais largo de um 
país, pode ser resumida nesta proposição simplória: um país é pobre 
porque é pobre.
Assim conclui-se este tópico, que discutiu os conceitos de desenvolvimento 
atrelados a teorias que constatam a influência de indicadores, quantitativos e 
qualitativos, nas políticas e ações voltados a esse fim. Os resultados comprovam 
que as crises e a dinâmica de crescimento dos países retomam continuadamente 
suas discussões.
Dicas de leituras complementares para este tópico:
HIRSCHMAN, A. O. Estratégia do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Fundo de 
Cultura, 1961.
LEWIS, W. A. O desenvolvimento econômico com oferta ilimitada da mão de obra. In: 
AGARWAZA, A. N., SINGH, S. P. A economia do subdesenvolvimento. São Paulo: Forense, 
1969. 
MYRDAL, G. Teoria

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