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PEÇA - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

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1 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA_____VARA 
CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE_____DO ESTADO_____ 
 
 
Processo crime nº: XXX 
Recorrente: Jerusa 
Recorrido: Ministério Público 
 
 
JERUSA, já qualificada nos autos do PROCESSO CRIMINAL em epígrafe 
movido pelo Ministério Público, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência, através de seus advogados, regularmente constituídos, cujo 
instrumento de procuração segue anexo, inconformada com a decisão das fls 
XXX, interpor o presente 
 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fundamento no 
artigo 581, IV do CPP 
 
requerendo que este seja recebido com as razões e, após apresentadas as 
contrarrazões ministeriais, seja feito o juízo de retratação, nos termos do 
art. 589 do CPP. Contudo, caso seja mantida a decisão ora atacada, que o 
presente recruso seja encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado de XXX, 
para regular processamento e julgamento do mérito, onde se visa a reforma 
da decisão impugnada. 
 
Nesses termos, pede deferimento. 
 
Santa Maria, 13 de agosto de 2017. 
 
 
TIAGO SCHUH BECK EMANNUELLE GARCIA 
 OAB/RS XXX OAB/RS XXX 
 
2 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE___ 
 
 
Processo crime nº: XXX 
Recorrente: Jerusa 
Recorrido: Ministério Público 
 
Colenda Câmara Criminal 
Doutos Desembargadores 
 
 
Jerusa, já qualificada nos autos da presente ação penal que lhe move o 
Ministério Público, vem, respeitosamente, perante esta Corte, por intermédio 
de seus advogados, regularmente constituídos e qualificados nos autos do 
processo em epígrafe, com procuração acostada aos autos, apresentar, com 
fundamento no artigo 588 do CPP, suas RAZÕES DE RECURSO EM 
SENTIDO ESTRITO, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: 
 
 
I – DO BREVE RELATO FÁTICO 
 
A recorrente, atrasada para importante compromisso profissional, dirigia seu carro 
bastante preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Desse modo, em uma via de 
mão dupla, Jerusa decidiu ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade 
permitida. 
 
No entanto, a fim de realizar a manobra, a recorrente não ligou a respectiva seta 
luminosa sinalizadora do veículo, razão pela qual, no momento da ultrapassagem, acabou por 
atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da 
via. 
 
3 
 
Não obstante a presteza no socorro que veio após diligência da própria Jerusa e das 
demais testemunhas, a vítima não resistiu e veio a falecer em virtude dos ferimentos sofridos 
pela colisão. 
Diante disso, o Ministério Público ofereceu denúncia em face da acusada pela 
suposta prática de crime de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual, tipificado 
no art. 121 c/c art. 18, I, parte final, ambos do Código Penal, sob o argumento de que, uma vez 
que Jerusa não ligou a seta, agiu com imprevisão acerca do resultado, além de não atentar para 
o trânsito sentido contrário. 
 
A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais exigidos 
em lei foram regularmente praticados. 
 
Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente 
fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória. 
 
A defesa foi intimada da referida decisão em 06 de Agosto de 2017 a fim de que, 
caso entendesse necessário, apresentasse o recurso cabível. 
 
É o breve relato. 
 
 
II – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA 
 
 Prima facie, cumpre referir que Jerusa não agiu com dolo, mas sim com culpa, 
porquanto o dolo eventual exige, além da previsão do resultado, que o agente assuma o risco 
por sua ocorrência, como incurso no art. 18, I (parte final), do Código Penal: 
 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. 
 
4 
 
Nesse sentido, importante referir que o Código Penal, adotou em relação ao dolo 
eventual a teoria do consentimento1. Desse modo, não sendo previsível ou não tendo assumido 
o risco de tal fato (reitera-se que a acusada estava respeitando os limites de 
velocidade), a conduta de Jerusa amolda-se àquela descrita no art. 302 do Código de Trânsito 
Brasileiro, razão pela qual deve responder apenas pela prática de homicídio culposo na direção 
do veículo automotor. 
 
A fim de amparar a tese defensiva, segue jurisprudência do Egrégio Tribunal do 
Estado do Rio Grande do Sul: 
 
Ementa: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO NA DIREÇÃO DE 
VEÍCULO AUTOMOTOR E ART. 312 DO CTB. IMPUTAÇÃO DE DOLO 
EVENTUAL. PRONÚNCIA DO ACUSADO. NECESSIDADE DE REFORMA 
DA DECISÃO PROFERIDA PELO JUÍZO DE 1º GRAU. AUSÊNCIA DE 
COMPROVAÇÃO DE CIRCUNSTÂNCIA EXCEPCIONAL A CONFIGURAR A 
HIPÓTESE DE DOLO EVENTUAL, AUTORIZADORA DA SUBMISSÃO DA 
CAUSA A JÚRI POPULAR. DESPRONÚNCIA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA 
O CRIME DO ART. 302 DO CTB. Em se tratando de delitos de 
trânsito, a regra geral é a denúncia por crime culposo. 
O dolo eventual, de outra parte, só se caracteriza 
quando o agente demonstra objetivamente a assunção 
do risco de produzir o resultado lesivo, o que não se 
verifica no caso vertente [...]. Recurso Provido. (Recurso em Sentido 
Estrito Nº 70042008029, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Manuel José Martinez Lucas, Julgado em 20/07/2011). 
 
Em decorrência disso, tendo em vista que não há que se falar em crime doloso 
contra a vida, o Tribunal do Júri não é competente para apreciar a questão, de modo que deve 
ocorrer a desclassificação, nos termos do art. 419 do Código Penal, devendo os autos serem 
remetidos para o Juiz de Direito da Vara Criminal. 
 
 
 
 
1 De acordo com Guilherme de Souza Nucci, dolo eventual é a vontade do agente dirigida a um resultado 
determinado, porém vislumbrando a possibilidade de ocorrência de um segundo resultado, não desejado, 
mas admitido, unido ao primeiro. Por isso, a lei utiliza o termo “assumir o risco de produzi-lo”. Nesse caso, de 
situação mais complexa, o agente não quer o segundo resultado diretamente, embora sinta que ele pode se 
materializar juntamente com aquilo que pretende, o que lhe é indiferente. 
5 
 
III - DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS 
 
Mediante o exposto, a Autora requer que: 
 
a) Seja conhecido o presente recurso e suas razões; 
 
b) Seja desclassificado o crime de homicídio doloso, previsto no art. 121 caput do CP, 
imputado na denúncia à acusada, para o crime de homicídio culposo, previsto no art. 
302 do CTB; 
 
c) Sejam os autos remetidos ao competente Juiz de Direito de Vara Criminal da Comarca 
de XXX, para o devido processamento e julgamento do feito, nos termos do art. 419 do 
CPP c/c art. 74 §1º do CPP. 
 
 
Nesses termos, pede deferimento. 
 
Santa Maria, 13 de agosto de 2017. 
 
 
TIAGO SCHUH BECK EMANNUELLE GARCIA 
 OAB/RS XXX OAB/RS XXX

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