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Embargos-de-terceiro-Honorários-Sistema-de-Precedentes-e-Recursos

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PÓS-GRADUAÇÃO EM PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL AVANÇADA NOS 
TRIBUNAIS 
 
TEMA: EMBARGOS DE TERCEIRO – HONORÁRIOS – SISTEMA DE 
PRECEDENTES E RECURSOS 
 
 
 
(1) Os Embargos de Terceiro se constituem em um procedimento 
especial que tem a finalidade de possibilitar ao terceiro, que não é parte da lide, 
possa defender seus bens que sejam indevidamente alvo de construção – art. 674 
do CPC. Importante mencionar, quanto a este tema a Súmula 84 do STJ: “É 
admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse 
advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do 
registro.” 
 
(2) Com relação aos honorários advocatícios, o art. 85 do CPC/2015 
sucede o art. 20 do CPC/1973 e regula os critérios para a fixação de honorários 
sucumbenciais. Importa dizer que qualquer sentença – seja de mérito ou não – 
precisa tratar dos honorários, sob pena de, não o fazendo, incorrer em omissão que 
deve ser sanada mediante provocação por embargos de declaração ou por meio 
de ação própria nos termos do § 18 do art. 85. 
 
Os honorários de sucumbência são independentes e distintos dos 
honorários contratuais e devem ser fixados mesmo que qualquer das partes seja 
beneficiária da gratuidade da justiça. Prosseguindo, via de regra, os honorários de 
sucumbência devem ser fixados considerando-se o princípio da sucumbência, 
ressalvada a hipótese de perda do objeto da ação, ao qual se aplica o princípio da 
 
 
causalidade. Destaque-se: a fixação de honorários independe de pedido expresso 
quer na inicial, quer na contestação, quer na reconvenção. 
 
Interligando o tema (1) e (2), bom registrar o conteúdo da Súmula 303 
do STJ: “Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve 
arcar com os honorários advocatícios.” 
 
Outrossim, quando a decisão interlocutória resolver parcela do mérito, 
também são devidos os honorários. Nesta mesma linha, se a decisão interlocutória 
excluir um litisconsorte, com o prosseguimento do processo em relação ao outro, 
deverá fixar-se honorários a favor do advogado do vencedor. 
 
Mesmo nos casos de improcedência ou de extinção do processo sem 
resolução do mérito, os honorários devem ser fixados em percentuais observando-
se o § 2 º e 3º do art. 85 do CPC. 
 
A fim de evitar a fixação de honorários ínfimos, nas causas de proveito 
econômico inestimável ou de proveito econômico baixo, os honorários serão 
fixados por equidade. Com relação a sucumbência recursal, ela tem o objetivo de 
remunerar o advogado por seu trabalho adicional. 
 
(3) O CPC/2015 manifesta grande preocupação com a qualidade da 
fundamentação dos julgados e com a estabilidade das orientações jurisprudenciais. 
 
A coerência e a integridade são os vetores principiológicos do CPC 2015 
nos termos do art. 926. Complementando o art. 926, no art. 927 indicam-se os 
deveres a serem adotados pelos magistrados em respeito à coerência/integridade. 
O caput do art. 927 afirma que os “Os juízes e os tribunais observarão”, ao iniciar 
o elenco dos precedentes que devem ser seguidos. Adota-se, nesta toada, o 
 
 
entendimento majoritário da doutrina de que os precedentes listados no art. 927 
são obrigatórios, todavia, existe entendimento de que o comando do caput do art. 
927 é apenas de levar em consideração o precedente1. 
 
Prosseguindo, importa indicar que existe manifestação doutrinária que 
considera o rol de precedentes obrigatórios inconstitucional, em especial ante a 
suposta violação da separação de poderes. Ora, em que pese a vinculação do 
precedente, podem os mesmos serem interpretados. 
 
O art. 489, §1º, V do CPC exige que, para uma decisão ser considerada 
fundamentada na aplicação de precedentes, haja uma adequada identificação dos 
seus fundamentos determinantes e a demonstração de que o caso sob julgamento 
se ajusta àqueles fundamentos. Deste modo, percebe-se que se faz necessário um 
equilíbrio, no qual existe a possibilidade de interpretação do precedente invocado 
ou da súmula para verificar a sua adequação ao caso concreto, sendo possível, por 
exemplo, a alegação de distinção. 
 
 
- Crítica para reflexão - Enunciado administrativo n.º 7 do STJ: 
Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março 
de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na 
forma do art. 85, § 11, do novo CPC. 
 
- Importa realizar a seguinte distinção: precedente é um julgamento 
que passa a ser referência em julgamentos posteriores, jurisprudência é um 
 
 
1 CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015, p. 434-435. 
 
 
conjunto de decisões sobre o mesmo assunto, e súmula é um ato administrativo de 
tribunal pelo qual se exprime o resumo do entendimento contido em uma 
jurisprudência dominante. 
 
- Notícia: “Para a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), 
nada impede o aumento dos honorários advocatícios em fase recursal quando 
houver sucumbência recíproca, desde que estejam presentes, concomitantemente, 
três requisitos: decisão recorrida publicada após 18 de março de 2016, quando 
entrou em vigor o novo Código de Processo Civil (CPC/2015); recurso não 
conhecido integralmente ou desprovido, monocraticamente ou pelo órgão 
colegiado competente; e condenação em honorários advocatícios desde a origem 
no processo em que foi interposto o recurso.” Disponível em: 
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/04092020-E-
possivel-majorar-honorarios-em-recurso-se-ha-sucumbencia-reciproca-e-estao-
presentes-os-requisitos-legais.aspx.. 
 
- Crítica para reflexão: O CPC atual criou uma verdadeira barreira à 
possibilidade de revisão da tese jurídica em causas futuras, por meio de diversos 
mecanismos processuais, tais como a improcedência liminar do pedido, a 
monocratização de decisões dos tribunais, o risco de multa por litigância de má-fé 
etc. Há, dessa forma, um sério risco de engessamento da jurisprudência posto que 
o precedente se traduz em uma decisão judicial proferida para solucionar caso 
concreto. 
 
Uma dificuldade adicional deve ser considerada, no que diz respeito à 
fixação de precedentes: O texto constitucional é permeado de conceitos vagos e 
indeterminados, cláusulas gerais etc. Outrossim, os problemas a respeito dos quais 
deve se decidir são cada vez mais complexos. 
 
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/04092020-E-possivel-majorar-honorarios-em-recurso-se-ha-sucumbencia-reciproca-e-estao-presentes-os-requisitos-legais.aspx
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/04092020-E-possivel-majorar-honorarios-em-recurso-se-ha-sucumbencia-reciproca-e-estao-presentes-os-requisitos-legais.aspx
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/04092020-E-possivel-majorar-honorarios-em-recurso-se-ha-sucumbencia-reciproca-e-estao-presentes-os-requisitos-legais.aspx
 
 
 
BRUSCHI, Gilberto Gomes; COUTO, Mônica Bonetti. Recursos cíveis. São Paulo: 
Thomson Reuters Brasil, 2019. 
 
ALVIM, Arruda. Manual de direito processual civil: teoria geral do processo, 
processo de conhecimento, recursos, precedentes. 18. ed. ver., atual. e ampl. São 
Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019. 
 
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil. 10 
ed. v. 2. São Paulo: Saraiva Jur, 2020. 
 
 
- BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do 
Brasil. 
- BRASIL. Código de Processo Civil (2015). Lei nº 13.105, de 16 de 
Março de 2015. 
 
 
- Enunciado nº 241: “Os honorários de sucumbência recursal serão 
somados aos honorários pela sucumbência em primeiro grau, observados os limites 
legais.” 
-Enunciado nº 242: “Os honorários de sucumbência recursal são 
devidos em decisão unipessoal ou colegiada.”. 
- Enunciado nº 243: “No caso de provimento do recurso de apelação, o 
tribunal redistribuiráos honorários fixados em primeiro grau e arbitrará os 
honorários de sucumbência recursal.” 
 
 
- Súmula nº 14 do STJ: “Arbitrados os honorários advocatícios em 
percentual sobre o valor da causa, a correção monetária incide a partir do 
respectivo ajuizamento.” 
- Súmula nº 105 do STJ: “Na ação de mandado de segurança não se 
admite condenação em honorários advocatícios.” 
- Súmula nº 201 do STJ: “Os honorários advocatícios não podem ser 
fixados em salários-mínimos.” 
- Súmula nº 325 do STJ do STJ: “A remessa oficial devolve ao Tribunal 
o reexame de todas as parcelas da condenação suportadas pela Fazenda Pública, 
inclusive dos honorários de advogado.” 
- Súmula nº 517 do STJ: “São devidos honorários advocatícios no 
cumprimento de sentença, haja ou não impugnação, depois de escoado o prazo 
para pagamento voluntário, que se inicia após a intimação do advogado da parte 
executada.” 
- Sumula nº 519 do STJ: “Na hipótese de rejeição da impugnação ao 
cumprimento de sentença, não são cabíveis honorários advocatícios.” 
- FPPC, Enunciado 305: No julgamento de casos repetitivos, o tribunal 
deverá enfrentar todos os argumentos contrários e favoráveis à tese jurídica 
discutida. 
- FPPC, Enunciado 306: O precedente vinculante não será seguido 
quando o juiz ou tribunal distinguir o caso sob julgamento, demonstrando, 
fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática 
distinta, a impor solução jurídica diversa. 
 
 
- FPPC, Enunciado 307: Reconhecida a insuficiência da sua 
fundamentação, o tribunal decretará a nulidade da sentença e, preenchidos os 
pressupostos do § 3.º do art. 1.026, decidirá desde logo o mérito da causa. 
 
 
 
 “Nos Embargos de Terceiro cujo pedido foi acolhido para 
desconstituir a constrição judicial, os honorários advocatícios serão arbitrados com 
base no princípio da causalidade, responsabilizando-se o atual proprietário 
(embargante), se este não atualizou os dados cadastrais. Os encargos de 
sucumbência serão suportados pela parte embargada, porém, na hipótese em que 
esta, depois de tomar ciência da transmissão do bem, apresentar ou insistir na 
impugnação ou recurso para manter a penhora sobre o bem cujo domínio foi 
transferido para terceiro (...) Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem concluiu 
que ‘a Fazenda Nacional, ao se opor à pretensão do terceiro embargante, mesmo 
quando cristalinas as provas de sua posse sobre o imóvel constrito, atraiu para si a 
aplicação do princípio da sucumbência’.” (Recurso Especial repetivivo 
1.452.840) 
 
 
 
- TEMER, Sofia. “NCPC: Correção de vícios dos recursos”. Disponível 
em: https://processualistas.jusbrasil.com.br/artigos/357104956/ncpc-
correcao-de-vicios-dos-recursos.

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