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Seção 6 ESPELHO DE CORREÇÃO DIREITO CIVIL 2 A peça processual a ser apresentada, no caso, é o Recurso Especial, com base no artigo 105, inciso III, alínea a), da Constituição Federal, c/c art. 1.029 e seguintes, do Código de Processo Civil, pois os dispositivos indicados como violados no acórdão e nos Embargos de Declaração interpostos foram os dispositivos relacionados com negativa de vigência na decisão pertencem ao Código de Processo Civil, mais precisamente, o artigo 85, parágrafos 11 e 14, do Código de Processo Civil, que é lei federal, sendo, pois, cabível o Recurso Especial. Foram também indicados os artigos 944 e 945, do Código Civil e parágrafo único, do art. 86, do CPC/2015, mas esses não serão objeto do recurso especial, em vista do disposto na súmula 7, do Superior Tribunal, como será abordado adiante. Como não houve nenhuma ofensa direta à Constituição Federal, não era cabível o Recurso Extraordinário. A peça processual deve ser elaborada no prazo de 15 (quinze) dias úteis, conforme o disposto no art. 1.003, parágrafo 5, do Código de Processo Civil de 2.015. Ressalve-se que a publicação do acórdão ocorreu em 18 de dezembro de 2.018. Considerando o recesso entre os dias 20/12/2018 e 06/01/2019, conclui-se que o prazo processual vence em 24/01/2019. A peça de recurso especial deve ser elaborada em duas partes, que são apresentadas simultaneamente. A primeira parte deve ser direcionada ao juízo a quo, enquanto que a segunda parte é voltada para o Superior Tribunal Superior. Não obstante, as peças deverão são apresentadas simultaneamente no mesmo recurso. Seção 6 RECURSO ÀS INSTÂNCIAS EXTRAORDINÁRIAS Na prática! 3 A peça processual deve ser direcionada ao Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo/SP, por expressa disposição dos artigos 1.029, do Código de Processo Civil c/c art. 256, do Regimento Interno do Tribunal de Justiça de São Paulo. Deve ser mencionado o número do processo e a Câmara Cível prolatora do Acórdão, com o objetivo de facilitar o direcionamento de juntada da petição, especialmente, se os autos forem físicos. Em seguida, deve ser comunicada a interposição do Recurso Especial, com base na alínea a), do art. 105, inciso III, da Constituição Federal, comunicando ainda a juntada dos comprovantes de pagamento de custas processuais (Relativas ao TJSP e do Superior Tribunal de Justiça) relativas ao recurso. Se houver, deve também ser informada a juntada do comprovante de pagamento do porte de retorno. Deve também ser inserido o nome e assinatura do advogado e a sua OAB, lembrando que nos Exames de Ordem não pode haver identificação, sob pena de invalidação da prova! No início da peça recursal, deve ser ressaltada a tempestividade do recurso, indicando ter o acórdão sido publicado no Diário Oficial do dia 18/12/2018, terça feira. Deve-se também indicar o disposto na lei complementar 5.010/1966, Lei Complementar de Organização da Justiça Federal, que prevê recesso entre os dias 20 de dezembro a 06 de janeiro, bem como o disposto na Resolução nº 8, do conselho Nacional de Justiça (disponível em: Resolução 8/2005 CNJ), também utilizado nos Tribunais Regionais Estaduais por força de Resoluções, que são editadas anualmente. No TJSP, em 2.017, a Resolução que determinou a suspensão foi o Comunicado Conjunto 2340/2016. Portanto, deve-se mencionar como prazo final o dia 24/01/2019. Na exposição de fatos e do direito, o aluno deve mencionar todas as principais ocorrências do processo, destacando as decisões proferidas no processo, especialmente aquelas que possuem impacto para o recurso especial. Devem ser http://www.cnj.jus.br/images/stories/docs_cnj/resolucao/rescnj_08.pdf 4 comunicados os recursos interpostos, com o objetivo de indicar o esgotamento das instâncias ordinários e os resultados dos recursos. Sugere-se a descrição das partes dispositivas dos recursos, como forma de concatenar a evolução do processo até a fase da instância extraordinária. No caso concreto, as decisões dizem respeito à sentença, decisão dos embargos de declaração, acórdão da apelação e acórdão dos embargos declaratórios, com os recursos interpostos. Importante aqui demonstrar qual a matéria de direito que será objeto do recurso. Deve-se, também, destacar a sua tempestividade. Deve ser inserido um tópico denominado:DO CABIMENTO DO RECURSO, indicando o preenchimento dos pressupostos específicos do recurso, quais sejam: matéria jurídica de direito, o prequestionamento e o esgotamento das instâncias ordinárias. Quanto ao primeiro, deve-se enfatizar que o objetivo do recurso é a análise de negativa de vigência aos artigos 85, parágrafos 11 e 14, do Código de Processo Civil, sem necessidade de análise de provas, mencionando a súmula 7, do Superior Tribunal de Justiça. Portanto, é importante identificar a hipótese recursal de negativa de vigência de lei federal. Quanto ao prquestionamento, deve-se enfatizar que houve a interposição dos Embargos de Declaração, para que a turma se manifestasse à luz dos dispositivos tidos como violados. Contudo, houve rejeição dos Embargos de Declaração. O prquestionamento deve ser considerado como realizado, em virtude do disposto no art. 1.025, do Código de Processo Civil. Por fim, o esgotamento das instâncias ordinárias deve ser mencionado, indicando assim que todos os recursos ordinários possíveis foram interpostos. Na parte das razões para o pedido de reforma da decisão, devem ser lançados tópicos específicos, a saber: DA NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO ART. 85, PARÁGRAFO 14, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. Na demonstração de negativa de vigência ao art. 85, parágrafo quatorze, você deverá indicar o dispositivo legal, a interpretação da impossibilidade de compensação dos honorários advocatícios determinada na decisão, tendo em vista que o dispositivo legal é expresso no sentido de ser vedada a compensação de honorários de advogado, por se tratar de direito autônomo no caso de sucumbência parcial, deveria ter sido 5 aplicado, para aumentar a verba sucumbencial, o que não foi respeitado pelo juízo. Deve ser demonstrada a correta interpretação do dispositivo em confronto com a decisão, concluindo por sua aplicabilidade no caso concreto. DA NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO ART. 85, PARÁGRAFO 11, do CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. Nesse tópico, deve ser demonstrado o teor do dispositivo, confrontando a sua aplicabilidade com a decisão, no sentido de majorar a verba honorária em sede recursal. Tal dispositivo não foi aplicado pelo juízo de segundo grau, mas pode ser aplicado pelo Superior Tribunal de Justiça, por se tratar de matéria de direito. No caso em exame, como se trata de questão relacionada apenas à sucumbência, não há necessidade de requerimento de efeito suspensivo. Por fim, no requerimento, deve ser pedida a intimação da parte Recorrida para, se quiser, apresentar suas contrarrazões ao Recurso Especial, no prazo legal. Nos pedidos, deve ser requerida a admissão e o provimento do Recurso Especial, de modo a reconhecer a negativa de vigência ao art. 85, parágrafos 11 e 14, do Código de Processo Civil, para reformar a decisão, no sentido de reconhecer a impossibilidade de compensação dos honorários advocatícios e também a necessidade de majoração da verba honorária, em virtude do resultado do Recurso de Apelação. Deve-se inserir a data de elaboração do recurso, nome, assinatura e número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil. Por fim, com o intuito de esclarecer, cumpre chamar a atenção para dois aspectos que não deveriam ser inseridos no Recurso Especial: 6 DA IMPOSSIBILIDADE DE ALEGAÇÃO DA NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO ART. 86, PARÁGRAFO ÚNICO DO CPC/2015. Embora tenha constado nos Embargos de Declaração, é importante ressaltar o entendimento do Superior Tribunal de Justiça com relação à matéria. Para aquele Tribunal,a análise quanto à distribuição da sucumbência em segundo grau depende de reanálise dos fatos e das provas, o que é vedado na instância excepcional. Segue abaixo um julgado “AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. RECUSA. DANO MORAL. REEXAME DE PROVAS. INVIABILIDADE. SUCUMBÊNCIA MÍNIMA. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. Rever a conclusão do julgado quanto à ocorrência de dano moral no caso de recusa de medicamento demandaria o reexame do contexto fático-probatório, procedimento vedado na estreita via do recurso especial, a teor da Súmula nº 7/STJ. 2. O Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência firme no sentido de não ser possível a revisão do quantitativo em que autor e ré decaíram do pedido, para fins de aferir a sucumbência recíproca ou mínima, por implicar reexame de matéria fático-probatória. Incidência da Súmula n° 7/STJ. 3. A necessidade do reexame da matéria fática impede a admissão do recurso especial tanto pela alínea "a" quanto pela alínea "c" do permissivo constitucional. 4. Agravo interno não provido. (STJ, AInt no RESP n. 1595415/SP. Rel. Min. Ricardo Vilas Boas Cueva, j. 8/8/2017).” IMPOSSIBILIDADE DE ALEGAÇÃO DE NEGATIVA DE VIGÊNCIA AOS ARTS. 944 E 945, DO CÓDIGO CIVIL – NECESSIDADE DE ANÁLISE DA MATÉRIA PROBATÓRIA E FÁTICA – SÚMULA 7 DO STJ. Quanto à eventual alegação de ofensa aos artigos 944 e 945 do Código Civil, com relação à distribuição da culpa, esta não pode ser apreciada em sede de Recurso Especial, pois a sua análise implicaria em reapreciação de provas, o que é vedado pela instância extraordinária. 7 PEÇA DE INTERPOSIÇÃO. EXMO. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Autos do processo nº........ VIAÇÃO METEORO LTDA., já qualificada nos autos do RECURSO DE APELAÇÃO interposto nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C/C PERDAS E DANOS, inconformada com a decisão proferida no recuso vem, respeitosamente, por seu procurador infra-assinado, interpor o presente RECURSO ESPECIAL, com base nos artigos 1.029, do CPC/2015 e art. 105, inciso III, alínea a), da Constituição Federal, requerendo a sua admissão e remessa à instância superior, após serem observadas as formalidades legais. Requer a juntada dos comprovantes de pagamento das custas recursais, nos moldes do art. 1.007, do CPC/2015. Termos em que, pede deferimento. São Paulo, 24/01/2019. NOME, ASSINATURA E INSCRIÇÃO NA OAB. Questão de ordem! 8 RECORRENTE: VIAÇÃO METEORO LTDA. RECORRIDA: CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA-ME Autos do processo nº...... EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DA TEMPESTIVIDADE A r. decisão que rejeitou os Embargos de Declaração interpostos no Tribunal de Justiça foi publicada no Diário Oficial no dia 18/12/2016. Considerando o disposto na Resolução 8/2005 do Conselho Nacional de Justiça c/c Lei. DOS FATOS A Recorrida ajuizou a presente ação de indenização aduzindo, em síntese que, em 11/02/2017, o veículo da ora Recorrente teria causado danos no veículo de propriedade da Autora em virtude de acidente de trânsito. Ao final, a Recorrida pediu o valor de R$ 35.000,00, referente ao conserto do veículo, além de danos emergentes representados pelo valor 10.000,00, relativos ao valor do prejuízo sofrido com fornecedores e locador do imóvel, além de R$ 30.000,00, referentes aos lucros cessantes da empresa pela paralisação da atividade. 9 Encerrada a instrução, o r. juízo julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, para condenar a ré ao pagamento do percentual de 60% do valor dos reparos do veículo e dos lucros cessantes, e também parcialmente procedente a Reconvenção, para condenar a ora Recorrida ao pagamento da quantia correspondente a 40% do valor dos reparos requeridos em sede de reconvenção. A ora Recorrente interpôs Embargos de Declaração, ante a ocorrência de omissão e contradição. O juízo acolheu parcialmente os Embargos de Declaração, para julgar procedente a denunciação da lide, bem como para redistribuir a condenação, de modo a harmonizar com a parte de fundamentação e a dispositiva, condenando assim a ora Recorrente ao pagamento da quantia correspondente a 40% do valor da indenização pelo conserto do veículo da autora e lucros cessantes, condenando ainda a ora Recorrida ao pagamento do montante correspondente a 60% do valor do conserto do veículo da Recorrente. Não obstante, não reconheceu contradição relacionada`a distribuição dos ônus sucumbenciais, bem como da distribuição da culpa divergente das provas existentes nos autos. Irresignada com a decisão, a Recorrente interpôs Recurso de Apelação junto ao Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo buscando, preliminarmente, a decisão quanto à impugnação ao valor da causa e, no mérito recursal, a reforma da decisão com relação à impugnação ao valor da à distribuição da condenação, bem como em relação à distribuição das custas processuais e de honorários sucumbenciais. O Tribunal de Justiça deu provimento parcial ao Apelo, aos fundamentos resumidos na ementa: INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E DANOS EMERGENTES. PRELIMINAR. ACOLHIMENTO PARA JULGAMENTO IMEDIATO. INTELIGÊNCIA DO ART. 1.009, PARÁGRAFO 3, DO CPC/2.015. ACIDENTE DE TRÂNSITO. CULPA CONCORRENTE, COM PREPONDERÂNCIA DA EMPRESA AUTORA/RECONVINDA. REDISTRIBUIÇÃO DAS 10 CONDENAÇÕES E DA SUCUMBÊNCIA. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS. APLICAÇÃO DA SÚMULA 306 DO STJ. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1- Considerando o disposto no art. 1.013, PARÁGRAFO 3, INCISO III, o Tribunal pode julgar questões não decididas em primeira instância. Estando o valor da causa em desacordo com o art. 292, inciso V, do CPC. 2- As provas nos autos indicam que a culpa preponderante no acidente de trânsito foi do veículo da Autora, motivo pelo qual deve haver a redistribuição da responsabilidade civil pelo acidente para 80% para a Autora/Reconvinda e 20% para a Ré/Reconvinte. Inteligência dos arts. 944 e 945 do Código Civil Brasileiro. 3- Considerando que o Superior Tribunal de Justiça não revogou o disposto na Súmula 306, os Tribunais de Justiça devem respeitá-la, motivo pelo qual devem os honorários de advogado ser compensados. Recurso Parcialmente provido. APELAÇÃO DA AUTORA: 4- Partindo do pressuposto de que o recurso da Ré/Reconvinte foi provido parcialmente, para alterar a distribuição da responsabilidade civil sobre o evento, resta prejudicado o apelo, negando-se provimento ao recurso. 5- Deve ser mantida a improcedência do pedido com relação ao pagamento dos danos sofridos com fornecedores e locador, pois constituir-se-ia em um bis in idem com os lucros cessantes. Segue a parte dispositiva do acórdão: Face ao exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso de Apelação, para reformar a decisão de 1 grau, no sentido de, preliminarmente, acolher a impugnação ao valor da causa, para adequar o montante do valor da causa para 75.000,00 (setenta e cinco mil reais) devendo a Autora ser condenada ao pagamento das custas processuais complementares. No mérito Recursal, DOU PROVIMENTO PARCIAL redistribuir a 11 responsabilidade pelo acidente de trânsito noticiado nos autos, condenando a Autora/Reconvinda ao pagamento do montante de R$ 17.600,00 (dezessete mil e seiscentos reais) correspondente a 80% do valor pleiteado na reconvenção, e a Ré/Reconvinte condenada no pagamento do montante de R$ 13.000,00, sendo R$ 7.000,00 relativos aos danos materiais com o conserto do veículo e R$ 6.000,00 (seis mil reais), referentes aos lucros cessantes, correspondentes a 20% do valor pleiteado na reconvenção. As custas e honorários, fixadas em 1º grau, devem ser distribuídas na mesma proporção da vitória e derrota das partes, devendo os honorários de sucumbência serem compensados, nos moldes da súmula 306, do STJ, posto que não foi revogada por aquele Colendo Tribunal.A decisão foi publicada em 26 de novembro de 2.018. A Recorrente interpôs, tempestivamente, embargos de declaração, para manifestação sobre a negativa de vigência aos artigos 85, parágrafos 11 e 14, bem como ao art. 86, parágrafo único, do CPC/2015. Contudo, os Embargos Declaratórios foram rejeitados, aos fundamentos resumidos na ementa transcrita abaixo: “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÕES – MERO INCONFORMISMO DA PARTE. O Tribunal não é obrigado a responder a todos os fundamentos alegados pelas partes, especialmente, quando as questões foram todas decididas no julgado. Embargos de Declaração Improvidos.” Portanto, são essas as decisões a que se pretende recorrer. 12 DA DEMONSTRAÇÃO DE CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL O Recurso Especial consiste em instância extraordinária, destinada a analisar a ofensa de dispositivos de lei federal ofendidos pelas instâncias inferiores, bem como para analisar dissídios jurisprudenciais dos tribunais da federação em matérias de direito. O presente Recurso Especial não se presta a analisar questões fáticas de prova ou de interpretação contratual, vedadas pelas súmulas 5 e 7 do STJ, mas sim provocar uma reflexão acerca da negativa de vigência aos artigos 85, parágrafos 11 e 14, do Código de Processo Civil de 2.015. Ressalte-se, por oportuno, que todas as matérias expostas no Recurso Especial foram ventiladas nas instâncias ordinárias, com expressa abordagem sobre todos os temas mencionados. Ressalve-se que houve pedido de manifestação em relação aos referidos dispositivos quando da interposição dos Embargos de Declaração. Embora rejeitados pelo juízo a quo, a teor do art. 1.015, do CPC/2015, restou preenchido o requisito do prquestionamento. O requisito de esgotamento das instâncias ordinárias também foi devidamente cumprido, pois todos os recursos cabíveis na instância ordinária foram interpostos de forma tempestiva. Portanto, ante o preenchimento das condições constitucionais e processuais, conclui-se que o Recurso Especial deve ser admitido e provido nos moldes abaixo. 13 DAS RAZÕES PARA O PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO DA OFENSA AO ART. 85, PARÁGRAFO 14, DO CPC/2015. Observa-se que a Recorrente arguiu no seu recurso de apelação, ofensa ao art. 85, parágrafo 14, do Código de Processo Civil, tendo em vista que não poderia a turma julgadora entender pela necessidade de compensação dos honorários advocatícios, amparado no disposto na súmula 306, do Superior Tribunal de Justiça. O Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo negou provimento com relação a esse tópico, ao fundamento de ausência de cancelamento da referida súmula. Ocorre que o entendimento manifestado pelo Egrégio TJSP encontra-se equivocado, notadamente em razão de que, no momento em que foi sentenciado, já estava em vigor o Código de Processo Civil de 2.015, que dispõe no art. 85, parágrafo 11: “Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. (...) “§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial.” 14 Sobre o referido dispositivo, pondera DANIEL ASSUMPÇÃO NEVES: “a compensação é uma das formas de extinção da obrigação, regulada pelos nos arts. 368 a 380 do Código Civil, consubstanciada num desconto de um débito a outro ou numa operação de mútua quitação entre credores recíprocos. (...) Sempre lamentei profundamente o entendimento consagrado por desrespeitar de forma direta e inadmissível a própria essência da compensação. Segundo o art. 368 do Código Civil só haverá compensação se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, sendo tal exigência pacificada na doutrina e jurisprudência (....) Os advogados que participaram do processo são os credores na hipótese de sucumbência recíproca, sendo devedores a parte contrária. Há, portanto, diferença entre os credores e devedores, o que deveria ser o suficiente para inviabilizar a satisfação de obrigações de pagar quantia certa na hipótese ora analisada.” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC Comentado. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2.017, pg. 160). Pelas lições doutrinárias, demonstrou-se que o dispositivo do CPC de 2015 veio para superar o entendimento da Súmula 306, do STJ, que não deve mais ser aplicada, pois contraria texto de lei. Nesse ponto, foi incorreta a interpretação dada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, pois não deveria ser desprezada a norma vigente no momento da prolação da decisão, em razão de uma súmula. O dispositivo legal, resultado da votação nas duas casas do Congresso Nacional, deve prevalecer em detrimento de um entendimento do Tribunal Superior, exarado antes da alteração da lei. Isto posto, conclui-se que a deve prevalecer a redação do art. 85, parágrafo 14, do Código de Processo. 15 Assim, deve ser provido o recurso, para, reconhecendo a negativa de vigência ao referido dispositivo, ser reformada a decisão, determinando assim a vedação da compensação de honorários. NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO PARÁGRAFO 11, DO ART. 85 DO CPC/2015. Observa-se que, após o julgamento do Recurso de Apelação, a turma decidiu pela condenação dos honorários em 10% sobre o proveito econômico obtido na ação, deixando, contudo, de se manifestar sobre eventual majoração de honorários. A Recorrente alegou omissão na decisão, com relação ao pedido de majoração dos honorários de sucumbência. Contudo, a turma julgadora rejeitou os Embargos de Declaração, suscitando ser a peça recursal mero inconformismo, omitindo-se com relação à aplicabilidade do dispositivo expresso no CPC, que ressalta a necessidade de majoração dos honorários de sucumbência quando há recurso de apelação. Nesse diapasão, dispõe o art. 85, parágrafo onze, do CPC/2015: “Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional 16 realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento.” Sobre o referido dispositivo, disserta Celso Amorim Assumpção Neves: “Não resta dúvida de que a nova regra é justa porque remunera um trabalho do advogado que ainda está por vir e que, por tal razão, não poderia ser considerado pelo juiz que proferiu a decisão recorrida. Não se duvida que um processo no qual a sentença transitada em julgado por ausência de interposição de apelação dá muito menos trabalho do que aquele que chega até os tribunais superiores, em razão da sucessiva interposição de recursos. (...) “Há, entretanto, outra razão de ser do dispositivo legal. A norma servirá como desestímulo à interposição de recursos, que no Novo Código de Processo Civil passarão a ficar mais caros para a parte sucumbente.” Quanto ao cabimento do recurso especial para tal fim, o mesmo autor ressalta que “Quando os honorários forem fixados em julgamentos de segundo grau de jurisdição, ainda será cabível o recurso especial para impugnar essa matéria....” ((NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC Comentado. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2.017, pg. 156/157) Assim, considerando que o Tribunal deixou de considerar tal situação, conclui-se que foi violado o referido dispositivo, motivo pelo qual deve o Superior Tribunal de Justiça aplicar a lei, para reformar a decisão, determinando assim a majoração dos honorários de sucumbência, até o percentual máximo permitido. 17 DO REQUERIMENTO Isto posto,requer a V. Exª que se digne determinar a intimação do Recorrido para, se quiser, apresentar as suas contrarrazões, nos termos do art. 1.030, do CPC/2015. DOS PEDIDOS Isto posto, requer seja o presente Recurso Especial admitido e provido, para reconhecer a negativa de vigência ao artigo 85, parágrafos 11 e 14, para reformar a decisão, determinando assim a ausência de compensação dos honorários de sucumbência, bem como da majoração da verba honorária concedida no tribunal a quo. Termos em que pede e espera deferimento. São Paulo, 24 de janeiro de 2.019. P/p. Nome do Advogado OAB 18 1 Quais são as principais novidades com relação ao Recurso Especial e o Extraordinário no Novo Código de Processo Civil? O Novo CPC trouxe várias modificações em relação aos recursos em geral que, como não poderia deixar de ser, também impactou os Recursos aos Tribunais Superiores. Entre as novidades, foram flexibilizados os pressupostos formais do recurso, tais como o pagamento de custas, ausência de assinatura, entre outros. Por outro lado, foi criada uma fungibilidade entre recursos dos tribunais superiores, bem como uma flexibilização com relação aos procedimentos. Todas essas mudanças foram criadas com o objetivo de priorizar a decisão de mérito. Foi também simplificado o pressuposto de prequestionamento, pois considerou-se como um prequestionamento implícito as matérias alegadas em Embargos de Declaração, ainda que não apreciadas pelo tribunal a quo. 2 Quais os pressupostos específicos você deve observar no momento de decidir pela interposição de um Recurso aos tribunais superiores? No caso do recurso especial, você deve analisar o preenchimento dos pressupostos específicos. No caso do Recurso Especial, deve-se verificar a questão da matéria de direito, do prequestionamento e esgotamento das instâncias ordinárias. Quanto à matéria de direito, é importantíssimo analisar se o seu questionamento diz respeito à matéria fática ou à análise de cláusula contratual. Pelo teor das súmulas 5 e 7, não há como se reapreciar provas ou cláusulas contratuais na instância extraordinária. Portanto, caso você tenha assumido a demanda desde o início, é importante que você, desde as instâncias inferiores, já apresente os dispositivos que entender aplicáveis para forçar a apreciação das instâncias inferiores sobre matérias de direito, que, naturalmente, poderão ser utilizadas posteriormente em um Recurso Especial ou extraordinário. No caso do recurso extraordinário, há ainda o aspecto da repercussão geral, que deve trazer alguma situação relevante para a sociedade. Resolução comentada 19 3 Você entende que houve flexibilização em relação aos pressupostos de interposição dos Recursos? Quais? Entendemos que sim. Os principais aspectos para os Recursos Especial ou extraordinário são os seguintes: - Requisitos formais que sejam passíveis de reparação poderão ser superados, mediante intimação das partes para saná-los. Como exemplos, podemos citar a ausência de pagamento de custas, ausência de assinatura do advogado, equívocos no preenchimento de guias de custas entre outros. Em outros tempos, tais situações faziam parte da jurisprudência defensiva dos Tribunais Superiores para negar seguimento a recursos. - O prequestionamento implícito, descrito no art. 1.025 do CPC/2015, contorna também uma questão que era utilizada constantemente como motivo para a inadmissão do recurso. - Outra questão que também foi objeto de profunda modificação, diz respeito à possibilidade de se conhecer do Recurso Extraordinário se houver questão constitucional alegada no Recurso Especial como fundamento autônomo ou questão de lei federal alegada em Recurso Extraordinário. Conforme os novos dispositivos, um tribunal poderá dar à parte contrária a oportunidade de contrarrazões e remeter ao outro, para apreciação. 4 Diante da sistematização do Código de Processo Civil de 2.015, você entende que algumas súmulas que dizem respeito aos pressupostos de admissibilidade dos Recursos Superiores deverão ser revogadas ou alteradas? Quais? Acreditamos que algumas súmulas sofrerão revisão ou revogação, pois, com as novas disposições legais, não há mais razão de ser. Como exemplos, podemos citar as súmulas 211 do STJ e 356, do STF, que dizem respeito ao prequestionamento, serão modificadas ou canceladas, ante a inserção do prequestionamento implícito, descrito no art. 1.025 do CPC/2015. A súmula 418 do STJ também deve ser revogada conforme enunciado 23, do Fórum Permanente de Especialistas, em razão do disposto no art. 1024, parágrafo 5 do CPC, com relação à interposição de recurso especial antes da publicação do acórdão dos Embargos de Declaração sem posterior ratificação. 20 A Súmula 216 do STJ também deverá ser revogada, em vista do disposto no enunciado nº 96 do Fórum Permanentes de Processualistas, em virtude do disposto no art. 1003, parágrafo 4, que prioriza como como data de protocolo de recurso especial a de postagem no correio, e não a data de registro no protocolo da secretaria. As súmulas 126 do STJ e 283 do STF podem também sofrer alterações quanto à questão de possuir um fundamento constitucional e outro infraconstitucional, se não houver interposição do recurso relacionado à questão, pode sofrer alterações pela fungibilidade dos recursos previstos nos arts. 1032 e 1033, do CPC/2015. Outra súmula que deve sofrer modificação é a 320 do Superior Tribunal de Justiça, pois, nos moldes do art. 941, parágrafos 13 e 15, do CPC/2015, a questão federal ventilada em voto vencido passa a atender o requisito de prequestionamento. Essa questão consta no enunciado de nº 200 do fórum nacional de processualistas civis. A Súmula 215 do STJ, que diz respeito à deserção do recurso especial por ausência de recolhimento na instância de origem, por força do art. 1.007, parágrafos 2 e 4, que admitem o recolhimento em dobro ou complementação de custas. 5- No caso concreto, quais seriam os argumentos que você entende que devem ser utilizados no Recurso Especial? No caso concreto, verificamos que as únicas duas questões que são eminentemente de direito dizem respeito à situação de compensação de honorários e também à questão envolvendo a majoração de honorários de sucumbência. As demais questões, tais como a de distribuição de honorários e da indenização arbitrada dependem da reanálise de prova, sendo, pois, vedadas pela súmula 7 do STJ.
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