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Manejo uterino e vaginal Em vacas com prolapso Acadêmico: Flávia Tolfo Miesner D. Matt & Anderson E. David Prolapso em vacas é um tema histórico Bastante discutido na literatura e textos científicos veterinários Uma condição rotineira e facilmente reconhecida pelo MV, mas que muitas vezes não é reparada Estudo do manejo apropriado para cada caso faz toda diferença Introdução Prolapso Uterino Quando espontâneo é uma complicação pós-parto Se requer atenção imediata Quase sempre dentro de 12 – 24h pós-parto O que ocasionalmente não ocorre Pode haver retardamento da ocorrência para dias após o parto e complicada pela involução cervical parcial criando dificuldade adicional na recolocação do útero. Ocorrência mais em gado leiteiro do que em gado de corte. A diminuição do tônus miometrial predispõe a ocorrência. Levando a fatores de risco de hipocalcemia e distocia, causando fadiga miometrial e trauma. A retirada manual do bezerro e as membranas fetais retidas, podem iniciar a eversão uterina dos cornos, ocasionando prolapso uterino completo após o parto. Considerado condição de emergência. Evitando a chance de ruptura da artéria uterina ou avulsão ilíaca interna levando a hemorragia fatal Sem uma intervenção por vezes imediata, o prognóstico para vida é grave Assim se faz necessária a comunicação com o cliente para facilitar a reposição, antes que ocorra acúmulo de edema excessivo, contaminação, trauma de mucosa e fechamento cervical. Prognóstico Depende de intervenção oportuna, paridade, viabilidade do bezerro e ausência de doença metabólica ou musculoesquelética secundária. Um estudo de uma grande clínica de laticínios na Califórnia sugeriu uma incidência de menos de 0,1% (200 de 220 mil vacas) e uma sobrevida pós incidente de 2 semanas de 72,4%. Prognóstico Um questionário feito no Reino Unido, referente a 90 casos de prolapso uterino, durante 3 anos, encontrou apenas 1 vaca com prolapso pela segunda vez. No mesmo estudo, a sobrevivência foi de aproximadamente 80% com mortalidade de 20% resultante de choque por evisceração; perda de sangue; síndrome da vaca refratária e eutanásia humana. Estudos mais antigos consideram que vacas de corte primíparas e multíparas após prolapso uterino, tem menores índices de prenhes. Variando entre 33 – 66% Prognóstico de vida positivo havendo reconhecimento, intervenção cirúrgica e tratamento de complicações secundárias. Cabe ao tutor decidir se rentável ou não Prognóstico Recolocação do Útero De fácil identificação Grande massa avermelhada de útero evertido. Expondo placentomas e possíveis membranas fetais anexadas. Útero prolapsado, logo após parto vaginal assistido Deve começar com a contenção e avaliação do paciente. Se tem presença de doença metabólica ou musculoesquelética Conter o animal e limpar do endométrio exposto. Limpeza com soluções hipertônicas, devem ser enfatizadas como tratamento prioritário. Tratamento São utilizados vários métodos de contenção de corda, para manter o decúbito No caso animais retráteis, a contenção química pode ser indicada. Os anestésicos peridurais caudais evitam o esforço e facilitam a recolocação do útero. Em volumes mais altos, fornecem um método de contenção por meio de paralisia muscular posterior. Tratamento Ao posicionar o prolapso devemos tomar cuidado com a posição da uretra para que haja micção, resultando conforto ao animal Nesse momento já inspecionar bexiga (evisceração) Podendo vísceras intestinais e bexiga estarem contidos no útero prolapsado Tratamento Aplicação tópica de agentes osmóticos. Sais e açucares, provaram serem eficazes na redução e prevenção do edema. Massagem manual durante a reposição, pomada com propriedades lubrificantes e emolientes, é uma alternativa eficaz. Manter o útero elevado do chão durante a limpeza para não contaminar. Tratamento Avaliar endométrio exposto quanto a rasgos e perfurações e repare neste momento, se possível. Se o reparo não for possível, como no caso de necrose grave ou lacerações circunferenciais, a amputação do útero deve ser considerada. Envolver o útero exposto, em um plástico ou pano umedecido durante a compressão, para evitar traumas e contaminação. Para reduzir o trauma de manuseio e manter as mãos aquecidas durante o tempo frio, as luvas podem ser usadas ao amassar e massagear o útero durante a substituição. Tratamento Luvas de cozinha para proteger a mucosa uterina de traumas durante a técnica Começar reduzindo o prolapso na base e continue até o ápice. Avaliar a redução completa e infundir passivamente fluido quente no útero para reduzir completamente os cornos uterinos invertidos. Remover o excesso de fluido infundido por sondagem para fora do útero após a infusão. Administrar ocitocina (20-40 UI, por via intramuscular) para aumentar a involução uterina. Tratamento Padrão simples e contínuo para aposição de tensão mínima, fio categute nº 2 ou nº 3. Nas áreas amplas e irradiadas de tecido Posicionamento da vaca pode facilitar a recolocação. Sendo o melhor posicionamento em decúbito esternal. A aplicação de suturas de retenção fica a critério do MV, mas geralmente não é necessária. Suturas de retenção vaginal podem estimular esforço adicional pela vaca Procedimento de Reparo Útero Prolapsado Amputação do Útero Prolapsado Principais causas: parto extenso, trauma ambiental, atraso no tratamento Os ligamentos largos uterinos, vasculatura do trato reprodutivo, vísceras abdominais e bexiga podem estar contidos no prolapso A parede uterina próxima deve ser incisada cuidadosamente e o prolapso interno avaliado quanto a vísceras e vasculatura contidas. As vísceras devem ser repelidas para o abdome. Visualize e ligue grandes artérias e veias uterinas , sutura de categute ou fita umbilical umedecida. O cirurgião pode optar por ligadura com suturas transfixantes, usando fita umbilical ou retirar o útero, recolocando o coto no canal pélvico. Outra técnica é uma série de suturas de esmagamento interrompidas com categute para hemostasia da superfície de corte, seguida de padrão aposicional continua para fechar o lúmen. Menos usada, ligar circunferencialmente o útero prolapsado perto da vulva com sutura larga (fita umbilical) e deixar que o útero se desprenda a sutura. Ele deve se desprender dentro de 1 semana a 10 dias. Amputação do Útero Prolapsado Prolapso Uterino Iatrogênico Uma técnica para tentar reparar a ruptura uterina é exteriorizar manualmente o útero para obter acesso visual da área traumatizada. O colo do útero deve estar adequadamente relaxado para que o procedimento seja bem sucedido, e é limitado às primeiras horas (máximo 12 horas) após o parto. O reparo deve ser realizado o mais rápido possível para evitar o acúmulo de edema excessivo. Fármacos agonistas adrenérgicos são usados para relaxar o útero para procedimentos Facilitam a manipulação fetal durante o parto vaginal assistido e proporcionam uma exteriorização mais completa do útero durante a cesariana. Exemplos dessas drogas são clenbuterol, isoxsuprina, ritodrina e epinefrina. Prolapso Uterino Iatrogênico Uma dose intravenosa de 10 mL de epinefrina 1:1000 é diluída e administrada.Uma diluição com 250 mL de solução salina estéril administrada em bolus durante 10 minutos. Conforme o progresso é feito, o cirurgião pode avançar a mão cranialmente em direção ao ápice do cornouterino até que o útero seja exteriorizado. A dificuldade nesse procedimento surge quando o peso do útero impede a exposição, ele é feito com mais sucesso antes da anestesia peridural caudal, permitindo que a vaca ajude a expulsão através da prensa abdominal. Prolapso Uterino Iatrogênico Prolapso Vaginal O prolapso vaginal é um problema comum em ruminantes, em pequenos ruminantes ocorre com mais freqüencia em cabras raças leiteiras. Os fatores alimentícios que podem estar relacionados ao prolapso vaginal: -forragem de baixa qualidade; - hipocalcemia; - alimentos com alto teor estrogênico - leguminosas - farelo de soja - superlotação. Fatores de risco individuais para animais incluem: Obesidade; tosse crônica; esforço crônico para urinar ou defecar; corte de cauda excessivamente curto em ovelhas. O prolapso vaginal pode ser descrito usando uma escala de grau de I a IV. Prolapso Vaginal I - Prolapso intermitente de vagina; mais comumente ao deitar. II - Prolapso contínuo de vagina - bexiga urinária retroflexionada. III - Prolapso contínuo de vagina, bexiga urinária e colo do útero (externo). Ficando visível. IV - Infecção ou necrose da parede vaginal. a - Subagudo tal que a substituição em abóbada vaginal é possível. b - Crônica com fibrose tal que a vagina não pode ser substituída. Prolapso Vaginal Prolapso Vaginal gau III (massa oval dorsal) com eversão da bexiga urinária (massa ventral) Prolapso Vaginal Agudo Algumas técnicas foram descritas para o tratamento do prolapso vaginal agudo, incluindo sutura de Buhners, suturas de cadarço, stents paravaginais, sutura de Caslik. Todas essas técnicas são usadas para manter a posição da vagina cranial à vulva. A colocação das suturas muito superficialmente resulta em suporte insuficiente dos tecidos vaginais e esforço persistente ou recorrente. O esforço persistente e o prolapso recorrente resultam em laceração da vulva. Resultado de esforço persistente contra suturas de retenção Prolapso Vaginal Crônico Embora a sutura de Buhner e outros métodos de fixação proporcionem alívio temporário do prolapso vaginal, o prolapso vaginal crônico requer técnicas mais invasivas para estabilizar a vagina. As técnicas de botão de Johnson e sutura de Minchev são apropriadas para prolapso vaginal Essas técnicas são traumáticas e podem resultar em ruptura da vagina no abdome devido ao esforço crônico após a cirurgia ou podem causar danos ao nervo ciático ou à artéria pudenda interna se essas estruturas não forem evitadas. A cervicopexia é apropriada para o prolapso vaginal transvaginal e oferece a abordagem cirúrgica mais fácil e menos invasiva e é receptiva às condições de campo. As desvantagens da cervicopexia incluem: Risco aumentado de aprisionamento da uretra; Risco aumentado de sepse do abdome ou do colo do útero; Risco aumentado de comprometimento do lúmen do colo do útero. Prolapso Vaginal Crônico A vaginoplastia e a ressecção vaginal são eficazes na eliminação do prolapso vagina. Esta técnica é feita com o animal em pé com anestesia peridural. Após a cirurgia, o animal deve descansar por 30 dias antes da inseminação ou da atividade de reprodução ser retomada. Prolapso Vaginal Crônico Existe uma grande preocupação prolapsos vaginais pois existe herdabilidade e é orientado o descarte desses animais. As complicações dos tratamentos cirúrgicos para prolapso vaginal incluem recorrência; deiscência; hemorragia; abscesso; danos a estruturas vitais (uretra, nervo ciático, artéria pudenda); e peritonite. Prolapso Vaginal Crônico Conclusão O prolapso uterino é uma complicação pós-parto comumente encontrada, com incidência de ocorrência em populações de bovinos. Ocasionalmente, a intervenção cirúrgica para reparo de laceração ou amputação completa do útero pode ser indicada. Deve-se ter cuidado para recolocação do útero de forma suave e completa. O prolapso vaginal pode ser agudo ou crônico e ocorrer tanto no pré-parto quanto no pós-parto. Animais que sofrem de prolapso vaginal pré-parto devem ser selecionados para descarte após o desmame da prole atual. Cada caso deve ser avaliado individualmente e graduado com base na duração e complicações. Conclusão Obrigado!
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