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- -1 CONTROLADORIA INTRODUÇÃO À CONTROLADORIA - -2 Olá! Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Conhecer a origem da Controladoria e sua estrutura conceitual; 2. identificar a missão, função e a estruturação da Controladoria nas organizações; 3. conhecer as principais atribuições do controller, bem como os requisitos para sua atuação. Segundo Mosimann e Fisch (1999, p.88), a Controladoria consiste em um corpo de doutrinas e conhecimentos relativos à gestão econômica. Pode ser visualizada sob dois enfoques: a) como um órgão administrativo com missão, funções e princípios norteadores definidos no modelo de gestão do sistema empresa; e b) como uma área do conhecimento humano com fundamentos, conceitos, princípios e métodos oriundos de outras ciências. A controladoria como unidade administrativa é responsável pelo projeto, elaboração, implementação e manutenção do sistema integrado de informações operacionais, financeiras e contábeis de determinada entidade, com ou sem finalidades lucrativas. Já como ramo do conhecimento humano, é responsável pelo estabelecimento das bases teóricas e conceituais necessárias para a modelagem, construção e manutenção dos sistemas de informações, no sentido de suprir, adequadamente, as necessidades informativas dos gestores e os induzir durante o processo de gestão, quando requerido, a tomarem decisões ótimas. O objeto principal da controladoria é o estudo e a prática das funções de planejamento, controle, registro e a divulgação dos fenômenos da administração econômica e financeira das empresas em geral. Os modernos conceitos de administração e gerência enfatizam que uma eficiente e eficaz controladoria está capacitada a: • Organizar e reportar dados e informações relevantes para os tomadores de decisões; • Manter permanentemente monitoramento sobre os controles das diversas atividades e do desempenho de outros departamentos; e • Exercer uma força capaz de influir nas decisões dos gestores da entidade. Pode-se ressaltar a importância da controladoria como unidade organizacional orientada para o efetivo suporte ao processo decisório, por meio da proposição de seus objetivos de atuação: 1. Subsídio, de forma ampla e incondicional, ao processo de gestão, propiciando aos diversos gestores as condições necessárias ao planejamento, acompanhamento e controle dos resultados dos negócios, de forma detalhada e global; • • • - -3 2. Contribuição para que os gestores ajam no sentido de otimizar os recursos, sempre lembrando que essas pessoas devem ‘vestir a camisa’ de gestores da organização e, por baixo dela, a camisa de especialistas em suas áreas de responsabilidade. Os gestores passam a atuar da maneira aqui preconizada, tendo em vista, propiciar à empresa a melhor contribuição em suas áreas de atuação, considerando os efeitos das decisões de áreas anteriores e posteriores às suas dentro do sistema empresa, na medida em que compreendam que o resultado ótimo da organização depende do perfeito conhecimento da atividade empresarial e de suas inter-relações; 3. Certificação de que os sistemas de informação, para apoio ao processo de gestão, gerem informações adequadas aos modelos decisórios dos principais usuários na organização. Esse objetivo é atingido, à medida que, se identificam, de forma clara e estruturada, as necessidades informativas dos principais usuários e se delineiam seus modelos decisórios, permitindo introduzir, nos sistemas de informação, as regras sobre como deveriam ser as decisões, como também, o registro dos impactos causados pelas decisões realizadas; 4. Certificação da padronização, homogeneização de instrumentos (políticas, normas, procedimentos e ações) e informações (sobre desempenhos e resultados planejados e realizados) em todos os níveis de gestão da organização; 5. Desenvolvimento de relações com os agentes de mercado, que interagem com a empresa, no sentido de identificar e atender às demandas impostas à organização. Segundo Del Valle, Bezerra e Tamura: Os títulos de controller, como o de tesoureiro, tiveram sua origem no governo, na Inglaterra. No século XV o título foi usado em vários cargos da “English Royal Household”, como comptroller das contas na repartição Lord Chamberlain. O Continental Congress nomeou um comptroller em 1778; o Departamento de Tesouraria estabeleceu a função de comptroller em 1789; a função foi sendo estendida para as agências e repartições federais, estaduais e municipais. O título e função do comptroller foram estendidos para corporações de negócio através das estradas de ferro, nos Estados Unidos. (apud ARAGAKI, 2003 p.1) A controladoria surgiu na Inglaterra, no setor público. Posteriormente, desenvolveu-se nos Estados Unidos, através dos novos empreendimentos comerciais e da participação de acionistas em operações financeiras, atingindo a iniciativa privada. Segundo Tung (1972, p.77), a palavra foi introduzida à linguagem comercial e administrativa dascontroller empresas no Brasil, através da prática dos países industrializados, da época, como os Estados Unidos e Inglaterra, e serviam, inicialmente, para "designar o executivo que tinha a tarefa de controlar ou verificar as contas". - -4 Del Valle, Bezerra e Tamura (apud ARAGAKI, 2003, p.1) acrescentam que "o papel do foi ampliadocontroller com a criação do em 1931, uma organização dedicada a realçar os padrõesController Institute of America profissionais da controladoria". Atualmente o instituto tem o nome de .Financial Executive Institute Hoje, o profissional, que exerce essa função, é visto em amplitude, responsabilizando-se pela contabilidade gerencial, pelo sistema de informações gerenciais, pelo orçamento e pelas informações geradas pela contabilidade para o processo de tomada de decisões. De acordo com o estudo de Siqueira e Soltelinho, no Brasil, durante a década de 60, registrou-se um aumento de procura por profissionais de controladoria. Tal aumento pode ter ocorrido por três razões: a) instalação de empresas estrangeiras, notadamente norte-americanas, trouxe ou arraigou a cultura da utilização da área de controladoria para o solo brasileiro; b) maior penetração de empresas multinacionais acirrou a competição, forçando as empresas aqui instaladas, principalmente as nacionais, a se reestruturar; c) e, com o crescimento econômico, as empresas ganharam porte e suas operações aumentaram em complexidade, necessitando de novos profissionais que assegurassem o controle sobre a organização. (2001, p. 69-70) O profissional que desenvolve as atividades da controladoria vem se destacando, cada vez mais, como peça- chave para interpretar e comunicar dados e informações, no sentido de assessorar os gestores, com elevado envolvimento no processo decisório. Na visão de Padoveze (2009, p.3), a Controladoria pode ser entendida como a ciência contábil evoluída. Como a Ciência Contábil é a ciência do controle em todos os aspectos temporais e como a Ciência Social exige a comunicação de informação, no caso a econômica, à Controladoria cabe a responsabilidade de implantar, desenvolver, aplicar e coordenar todo o ferramental da Ciência Contábil dentro da empresa, nas suas mais diversas necessidades, de tal sorte, que podemos entender a Controladoria como a utilização da Ciência Contábil em toda sua plenitude. O conceito de controle econômico está fundamentalmente ligado à escola italiana, precursora da Contabilidade como ciência, e o de comunicação de informação está ligado à escola norte-americana, que é entendida como a abordagem da comunicação da Contabilidade. As raízes da teoria contábil estão relacionadas com as teorias da decisão, da mensuração e da informação. Teoria da decisão É tida como o esforço para explicar como as decisões realmente acontecem; para a tomada de decisões, ela objetiva solucionar problemas e manter o caráter preditivo através de um modelo de decisão. A tomada de decisões racionais depende de informações ou dados. - -5 Teoria da mensuraçãoTrabalha com o problema de avaliação dos dados e por isso é importante que esta seja estabelecida corretamente. Teoria da informação Vem de acordo com o seu propósito, que é possibilitar a uma organização alcançar seus objetivos pelo eficiente uso de seus outros recursos. Em um sentido muito abrangente, a ideia de eficiência é expressa na relação entre entradas e saídas. Assim, podemos observar que a Contabilidade saiu, nas últimas décadas, da teoria do lucro (mensuração, comunicação da informação) para a teoria da decisão (modelos de decisão e produtividade). Com isso, unindo esses conceitos, pode-se entendê-la (a Controladoria) como a forma de acontecer a verdadeira função contábil. A Controladoria, assim como todas as áreas de responsabilidade de uma empresa, deve esforçar-se para garantir o cumprimento da missão e a continuidade da organização. Seu papel fundamental nesse sentido consiste em coordenar esforços para conseguir um resultado global sinérgico, isto é, superior à soma dos resultados de cada área. A Controladoria desempenha um importante papel no êxito empresarial, tendo como missão primordial a geração de informações relevantes para a tomada de decisão no âmbito da organização. Dessa forma, a missão da Controladoria é otimizar os resultados econômicos da empresa, para garantir sua continuidade, por meio da integração dos esforços das diversas áreas. A Controladoria serve como órgão de observação e controle da cúpula administrativa, preocupando-se com a constante avaliação da eficácia e eficiência dos vários departamentos no exercício de suas atividades. É ela que fornece os dados e as informações, que planeja e pesquisa, visando sempre mostrar a essa mesma cúpula os pontos de estrangulamento presentes e futuros que põem em perigo ou reduzem a rentabilidade da empresa. Kanitz (1976, p. 7-8) estabeleceu como função primordial da Controladoria a direção e a implantação dos sistemas de: • Informação Compreendendo os sistemas contábeis e financeiros da empresa, sistema de pagamentos e recebimentos, folha de pagamento etc. • Motivação Referente aos efeitos dos sistemas de controle sobre o comportamento das pessoas diretamente atingidas. • • - -6 • Cordenação Visando centralizar as informações com vistas à aceitação de planos sob o ponto de vista econômico e à assessoria da direção da empresa, não somente alertando para situações desfavoráveis em alguma área, mas também sugerindo soluções. • Avaliação Com intuito de interpretar fatos e avaliar resultados por centro de resultado, por área de responsabilidade e desempenho gerencial. • Planejamento De forma a determinar se os planos são consistentes ou viáveis, se são aceitos e coordenados e se realmente poderão servir de base para uma avaliação posterior. • Acompanhamento Relativo à contínua verificação da evolução dos planos traçados para fins de correção de falhas ou revisão do planejamento. Já Heckert e Wilson estabeleceram como funções da Controladoria: • a função de planejamento, que inclui o estabelecimento e a manutenção de um plano operacional integrado por meio de canais gerenciais autorizados, de curto e de longo prazo, compatível com os objetivos globais, devidamente testado e revisado, e abrangendo um sistema e os procedimentos exigidos; • a função de controle, que inclui o desenvolvimento, o teste e a revisão por meios adequados dos padrões satisfatórios contra os quais deve-se medir o desempenho real, e a assistência à administração no incentivo à conformidade dos resultados reais com os padrões; • a função de relatar, que inclui preparação, análise e interpretação dos fatos financeiros e números para o uso da administração, envolve uma avaliação desses dados em relação aos objetivos e métodos da área e da empresa como um todo, e influências externas e preparação e apresentação de relatórios a terceiros como órgãos governamentais, acionistas, credores, clientes, público em geral, conforme suas exigências; • a função contábil, que inclui o estabelecimento e a manutenção das operações da contabilidade geral e da contabilidade de custos da fábrica, da divisão e da empresa como um todo, juntamente com os sistemas e métodos referentes ao projeto, instalação e custódia de todos os livros contábeis, os registros e formas requeridos para registrar objetivamente as transações financeiras e adequá-las aos princípios contábeis, com o respectivo controle interno; e • outras funções relacionadas, de responsabilidade primária, que incluem supervisão e operação de tais áreas como: impostos, abrangendo questões locais, estaduais e federais, relação com o fisco e a auditoria independente; seguros, em termos de adequação de cobertura e manutenção dos registros; desenvolvimento e manutenção de instruções padrão, procedimentos e sistemas; programas de conservação de registros; relações públicas com o mercado financeiro; e, finalmente, a coordenação de todos os sistemas e instrumentos de registro dos escritórios da empresa. • • • • • • • • • - -7 Em suma, a Controladoria deve prestar-se para a contínua assessoria, no sentido de contribuir para o aprimoramento da empresa, por meio de críticas construtivas e inteligentes. A moderna Controladoria deve estar estruturada para tanto atender às necessidades de controle sobre as atividades rotineiras como servir de ferramenta para o monitoramento permanente sobre todas as etapas do processo de gerenciamento da empresa. Em outras palavras, a estruturação da Controladoria deve estar ligada aos sistemas de informações necessárias à gestão, tanto nos aspectos rotineiros como dos gerenciais e estratégicos. Dessa forma, de acordo com Perez Junior (2002, p.15), pode-se visualizar a Controladoria estruturada em dois grandes segmentos: Contábil e fiscal: nesse segmento, são exercidas as funções e atividades da contabilidade tradicional, representadas pela escrituração contábil e fiscal, com a geração das informações e relatórios para fins societários, fiscais, publicações, atendimento da fiscalização e auditoria etc. Também se enquadrariam as outras funções corriqueiras, tais como controle patrimonial dos bens e direitos da empresa, conciliações das contas contábeis, apuração e controle dos custos para fins contábeis e fiscais, controle físico dos itens de estoques e imobilizado, apuração e gestão dos impostos etc. Planejamento e controle: caracteriza o aspecto moderno das funções e das atividades da Controladoria. Nesse segmento devem estar incorporadas as atribuições ligadas à gestão de negócios, o que compreende as questões orçamentárias, projeções e simulações, aspectos estratégicos da apuração e análise de custos, contabilidade e análise de desempenho por centros de responsabilidades, planejamento tributário etc. Assim estruturadas, as atividades exercidas pela Controladoria de monitoramento dos controles gerenciais implica, em uma primeira fase, a melhoria dos sistemas de controle. Como consequência, haverá um aumento da performance dos gestores e da eficácia e eficiência das unidades, devido ao fato de as possíveis deficiências tornarem-se mais transparentes, permitindo a adoção de medidas corretivas. - -8 Para Nakagawa (1995, p.13), os modernos conceitos de controladoria indicam que o controller desempenha sua função de controle de maneira muito especial, isto é, ao organizar e reportar dados relevantes exerce uma força ou influência, que induz os gerentes a tomar decisões lógicas e consistentes, com a missão e objetivos da empresa. De acordo com Jiambalvo (2002, p.8), é o controller que prepara os relatórios para o planejamento e a avaliação das atividades da empresa (orçamentos e relatórios de desempenho) e fornece as informações necessárias a tomada de decisões gerenciais. Segundo Sathe (1983, p.31), o controller tem duas funções principais: ajudar a equipe gerencial no processo de tomada de decisões e garantir a fidedignidade das informações financeiras para que as práticas de controleinterno estejam em conformidade com as políticas e os procedimentos estabelecidos pela empresa. 1. Dale (apud MOSIMANN e FISCH, 1999, p.91-92) resumiu as funções do controller às seguintes: • Fornecer a informação básica para controle gerencial por meio da formulação de políticas de contabilidade e de custos, procedimentos e padrões, preparação de demonstrações financeiras e manutenção dos livros contábeis, direção da auditoria interna e controles de custos; • Orçar e controlar operações e resultados; 2. - Atividades específicas de controle de: • Contas gerais, subtítulos e desdobramentos: delinear verificações sobre as finanças da empresa e salvaguardar seus ativos; verificar faturas, contas a receber e a pagar, controle de pagamentos e recebimentos, folha de pagamento, benefícios adicionais dos empregados; registros de instalações e equipamentos; atividades da contabilidade de custos das várias funções administrativas; • estoques; • estatísticas; e • impostos. - Preparar e interpretar demonstrações financeiras e relatórios contábeis regulares; - Fazer auditoria interna; • • • • • • - -9 - Interpretar dados do controle. 3. Um estudo empírico efetuado com os membros da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade – Aragaki (2003, p.4) identificou as principais atividades desenvolvidas pelos profissionais da controladoria: • Área contábil e de custos: São áreas que estão subordinadas aos controllers e que fornecem informações relevantes ao processo de análise, orçamento e controle; • Área fiscal: O envolvimento nessa área caracteriza-se, fortemente, pela participação conjunta no planejamento tributário e, adicionalmente, em alguns casos, atuando para que possíveis eventualidades sejam minimizadas; • Manuais de políticas: Os controllers demonstraram que entre suas atribuições está a de acompanhar o atendimento ao que foi estabelecido nos manuais; • Orçamentos: análise entre orçamento e resultado real é outro fator relevante de suas atribuições; 4. - Relatórios gerenciais: Independentemente da forma como a matriz solicita um relatório gerencial, verifica-se que esse papel de informação, de dados compilados, é outra tarefa bastante desenvolvida; • Sistemas: A participação na implementação de sistemas foi outro item citado nas atribuições dos ;controllers • : Neste item, estão enquadrados os de multinacionais com o envio de Financial statements controllers demonstrações financeiras para as matrizes, de acordo com os princípios contábeis de cada país. Pelo exposto, percebe-se que o deve ser um profissional multifuncional, ou seja, deve acumularcontroller experiências nas áreas contábeis, financeiras e administrativas. O , no exercício de sua função, deve ter uma visão pró-ativa, permanentemente dirigida para o futuro.controller Não há mais espaço para o profissional do passado, contente apenas em cumprir as tarefas rotineiras. A valorização do cargo de é consequência direta da necessidade das empresas de elaborar ocontroller planejamento estratégico e controlar, com cada vez mais rigor, os custos administrativos, financeiros e de produção dos bens e serviços. Para atender às exigências do mercado de trabalho, os conhecimentos exigidos para o desempenho das funções de são:controller • Contabilidade e finanças; • Sistemas de informações gerenciais • Tecnologia de informação; • Aspectos legais de negócios e visão empresarial; • Métodos quantitativos; • Processos informatizados da produção de bens e serviços. Para enfrentar esses novos desafios, o precisa possuir, além de todos os requisitos anteriormentecontroller exigidos, novas habilidades, tais como: práticas internacionais de negócios, controles orçamentários, planejamento estratégico, além de tornar-se um profissional de fácil relacionamento e extremamente hábil para vender suas ideias e conceitos. • • • • • • • • • • • • - -10 O que vem na próxima aula • Visão sistêmica da empresa; • Os subsistemas do sistema-empresa; • Modelo de gestão. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Conheceu a origem da Controladoria e sua estrutura conceitual; • Identificou a missão, função e a estruturação da Controladoria nas organizações; • Conheceu as principais atribuições do controller bem como os requisitos para sua atuação. • • • • • •
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