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Abordagem Contemporânea: Toyotismo O legado de Ford quanto à Linha de Produção Móvel foi essencial para o surgimento do Toyotismo, sendo um dos pilares deste modelo contemporâneo. Acompanhe o que Moraes e Franco (2009) comentam a esse respeito: Ainda hoje é possível observar, em muitas empresas, que o sistema taylorista e o fordista, próprios da administração científica, são praticados. São muitas as empresas que ainda têm a visão das organizações como máquinas, focadas em tarefas. Todavia, o toyotismo com sua visão ampliada, ou seja, vendo a organização como um organismo, possibilitou a implementação de inovações e flexibilização da linha de montagem, além de buscar equilibrar os aspectos humanos, estruturais e estratégicos. Esse continua sendo um dos princípios administrativos mais implementados no Ocidente. Tais aspectos foram tratados nas abordagens das relações humanas, teoria geral dos sistemas e contingencial (MORAES; FRANCO, 2009, p. 29). O Toyotismo surgiu no Japão, nas montadoras da Toyota, após a Segunda Guerra Mundial, tendo como elemento principal a flexibilização da produção e, ao contrário de Ford, que estocava produção (afinal o contexto era outro), o Toyotismo empregou a produção suficientemente necessária para manter seus estoques reduzidos ao máximo. • Além de reduzir os custos de estoque e agilizar a produção em pequenos lotes, o modelo ainda possibilita a máxima qualidade possível (MORAES; FRANCO, 2009). Desenvolvimento do Toyotismo Após amargar o período pós-guerra, a situação das indústrias japonesas começou a mudar quando, a partir da década de 1970, seus produtos ganharam notoriedade de qualidade e preço bom em várias partes do mundo, o que possibilitou que muitas indústrias japonesas conquistassem um posicionamento de liderança em seus mercados. O fenômeno agraciou também a Toyota, que já produzia veículos com qualidade e com poucas ocorrências de manutenção, além do preço atraente (MAXIMIANO, 2015). Os japoneses foram conhecer como Ford produzia e adaptaram o modelo combinando os métodos de produção da Linha de Montagem Móvel com as tradições da família Toyota, ou seja, as técnicas de Taylor e os elementos da cultura japonesa. A inovação logo foi conhecida pelas indústrias de toda parte e o Sistema Toyota de Produção ficou conhecido como Modelo Japonês de Administração, que foi criado por Eiji Toyoda, da família proprietária da Toyota, e Taiichi Ohno, chefe da engenharia da empresa. O Sistema Toyota de Produção é associado à produção enxuta (produção sem desperdícios) e evoluiu para a administração enxuta. (MAXIMIANO, 2015). No meio administrativo, a Produção Enxuta também é conhecida como Lean manufacturing. Assimile A filosofia do modelo da Toyota é pautada nos pilares de qualidade e produtividade e tem na sua base a melhoria contínua. Na origem, o Toyotismo era carregado da cultura oriental e, após sua consolidação pelo mundo corporativo como conhecimento administrativo de produção, as empresas ocidentais necessitaram adaptar as questões culturais daquelas sociedades para obterem o mesmo sucesso das fábricas japonesas (MAXIMIANO, 2015). A eliminação completa de todo e qualquer desperdício é a âncora do Toyotismo, cujo fundamento conta com dois princípios fundamentais: • Jidoka e • Just in time. A orientação do princípio Jidoka é interromper a produção assim que ocorrer qualquer problema ou defeito. O princípio Just in time orienta para se fabricar os produtos apenas na quantidade necessária. O modelo conta ainda com a prática do Kaizen para o aprimoramento contínuo. Para ser capaz de produzir com qualidade e custo baixo, o sistema ganha complexidade ao envolver e articular outras partes interessadas, como fornecedores e pessoal (MAXIMIANO, 2015). O termo Jidoka • Está associado à automação (com toque humano) • O lema incorporado é que a qualidade deve ser enxertada durante o processo de fabricação, ou seja, todas as peças produzidas devem seguir padrões de qualidade, que deve ser monitorada continuamente e, ao detectar um erro, o operador tem autonomia para parar o processo, pois não se deve entregar peças sem qualidade à próxima etapa de produção. O processo se dá por três práticas: (i) Andon, que significa a administração visual que detecta problemas e para a produção; (ii) Genchi Gengutsu, que significa ir à fonte do problema pessoalmente (não se basear em informações somente) para compreender completamente a origem dos problemas e agir na solução; e (iii) Pokayoke, que é uma expressão que representa uma situação à prova de erros, elaborando métodos para evitar que os erros se tornem defeitos e que ocorram novamente (MAXIMIANO, 2015). A técnica Just in time (JIT) • Consiste em produzir o necessário em prazo e volume, definindo o fluxo ideal de materiais sincronizado com a programação do processo produtivo, minimizando a necessidade de estoques. • A técnica JIT é sustentada por três práticas: (i) Heijunka, que significa nivelamento da produção, de forma que o processo é desenhado para um fluxo contínuo, sem faltas e nem excessos, a partir de uma média de produção que se ajusta às variações da demanda rapidamente; (ii) Eliminação do desperdício, que significa reduzir ao mínimo as atividades que não agregam valor ao produto, que geralmente estão ligadas a atividades de transporte, estoque, movimento de pessoas e máquinas, espera, volume excessivo de produção, operações desnecessárias e tempo perdido com consertos e defeitos, e, mais recentes, bens e serviços que não atendem às demandas, espaço, competências e talentos subaproveitados e métricas erradas; e (iii) Task time, que representa o tempo decorrido entre o pedido do cliente e o fornecimento do produto ou peça, que devem estar sincronizados com a demanda e com o nivelamento da produção. A JIT conta ainda com a ferramenta Kanban, que é um cartão de sinalização da movimentação de suprimentos, o qual apoia o acompanhamento de tempo e o volume das demandas (MAXIMIANO, 2015). Os pilares do Toyotismo são sustentados pela base que abriga a técnica do Kaizen, cujo significado está relacionado ao aprimoramento contínuo, que utiliza várias ferramentas de qualidade, entre elas: (i) O Ciclo PDCA: ciclo contínuo plan – do – check – action, que envolve planejar, fazer, controlar e corrigir; (ii) Os 5Ss: prática que faz analogia com arrumação da casa por meio de cinco atitudes seiri – seiton – seiso – seiketsu – shitsuke, que significam separar, organizar, dar brilho, padronizar e manter; e (iii) Os 5Whys (5W): prática que usa cinco perguntas – why – para identificar a causa do problema e resolver na origem (MAXIMIANO, 2015). O Toyotismo foi consolidado quando as montadoras japonesas Toyota, Honda e Nissan se instalaram nos Estados Unidos e Europa, nos anos 1980, cujos métodos impressionaram as indústrias destes locais, principalmente pela maneira participativa e igualitária com que tratavam os funcionários, os quais eram estimulados a se envolverem no processo decisório. Então, todos queriam fazer igual à Toyota (MAXIMIANO, 2015). Quanto mais se tornava conhecido, mais o modelo japonês revelava a simplicidade de seus componentes: eficiência, qualidade e participação dos funcionários nas decisões. A receita era simples, e, na verdade, era ocidental. O modelo japonês era o modelo americano que, por sua vez, tinha suas origens no sistema fabril da Revolução Industrial. Com o tempo, os ocidentais aprenderam a colocar em prática a versão oriental de seu próprio modelo. Nos anos 1990, o modelo japonês já havia deixado de ser exclusivamentejaponês, tornando-se o padrão universal das empresas que pretendem alcançar e manter a capacidade de competir em escala global (MAXIMIANO, 2015, p. 113). O modelo também reside na prática das ferramentas, pois, para se aplicar várias dessas técnicas, são necessários somente papel, lápis e envolvimento e participação das pessoas; logicamente, há necessidade de adaptação do modelo à cultura local em que a empresa estiver inserida. Representação das bases do Toyotismo, que resume o conteúdo que você aprendeu nesta seção até aqui: A qualidade dos produtos e serviços não pode mais ser vista como um diferencial nas organizações, mas sim como a condição básica para se manterem competitivas no mercado. Os consumidores modernos, quando os adquirem, pesquisam e comparam durabilidade, custo, garantia e benefícios intangíveis que traduzem todo o processo de qualidade, desde a concepção de um produto e/ou serviço até sua chegada ao consumidor final. Em um passado recente, quando se falava em qualidade, considerava-se que, para obtê-la, era necessário um grande esforço. Porém, elementos como mercado aberto, consumidores exigentes, principalmente, aumento da concorrência e da competitividade enfatizado pela globalização, foram mostrando, com rapidez surpreendente, que produzir qualidade não deveria mais ser visto como um esforço, mas, sim, como uma necessidade para quem deseja permanecer no mercado (CASADEI; CASADEI, 2009, p. 68). Os conceitos iniciais de Qualidade foram elaborados por W. Edwards Deming, em 1951, com enfoque • Na eliminação de defeitos, • Análise e localização das origens dos erros e • Correções e registros dos resultados. Esse ensinamento foi aprimorado pelo Toyotismo, incluindo o conceito de melhoria contínua. Em seguida, Juran ampliou a ideia no sentido de que qualidade deixa de ser uma preocupação com a produção e passa a ser prioridade em todos os níveis e áreas da administração, abrindo espaço para o conceito de Gestão da Qualidade Total (TQM – Total Quality Management). Deming (controle estatístico da qualidade e melhoria contínua) e Juran (administração da qualidade) originaram no Japão um importante episódio de sucesso empresarial a partir de suas propostas sobre Qualidade (CHIAVENATO, 2014b). Atualmente, são várias as ferramentas de TQM utilizadas pelas empresas que desejam ganhar competitividade. • Benchmarking é uma ferramenta de TQM para comparar e melhorar processos internos, por meio de um processo contínuo que avalia produtos, serviços e práticas dos concorrentes líderes, gerando as melhores práticas a serem replicadas para o aprimoramento organizacional (CHIAVENATO, 2014b). • O Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta para organizar e discutir a respeito das causas de um problema prioritário de qualidade, de forma que se elabora um gráfico (espinha de peixe) que busca a relação de causa-efeito de um problema. • O Gráfico de Pareto é uma ferramenta que identifica e seleciona prioridades quando há grande quantidade de problemas, indicando as 20% das causas que ocasionam em 80% dos problemas, orientando o esforço organizacional para a qualidade por meio da Curva ABC, que determina quais são os problemas que devem ser solucionados prioritariamente (MAXIMIANO, 2010). O Gráfico de Pareto, com sua Curva ABC, é uma ferramenta utilizada por várias áreas gerenciais, além da gestão da qualidade. Referência: Teorias da administração - Edna de Almeida Rodrigues
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