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Direito Civil – Obrigações Obrigações Cumulativas, Alternativas e Facultativas Quando a obrigação tem por objeto uma prestação só (ex. entregar um veículo) ou um só sujeito ativo e um sujeito passivo, diz-se que ela é simples. Havendo pluralidade de prestação, a obrigação é complexa ou composta e se desdobra, então, nas seguintes modalidades: → Obrigação cumulativa; → Obrigação alternativa; → Obrigação facultativa. → Obrigação Simples: ↳ Nas obrigações simples, adstritas a apenas uma prestação, ao devedor compete cumprir o avençado, nos exatos termos ajustados. Libera-se entregando ao credor precisamente o objeto devido, não podendo entregar outro, ainda que mais valioso (CC, art. 313). → Obrigação composta com multiplicidade de objetos: ↳ Obrigação cumulativa ou conjuntiva, há uma pluralidade de prestações e todas devem ser solvidas, sem exclusão de qualquer uma delas, sob pena de se haver por não cumprida. Nela há tanto obrigações distintas quanto prestações devidas. Pode-se estipular que o pagamento seja simultâneo ou sucessivo, mas o credor não pode ser compelido “a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou” (CC, art. 314). As prestações estão ligadas pela partícula ou conjunção “e”, como na obrigação de entregar um veículo e um animal, ou seja, os dois, cumulativamente. Efetivando-se a prestação pelo cumprimento da entrega dos dois. ↳ Obrigação alternativa ou disjuntiva, de maior complexidade que a anterior. Tem por conteúdo duas ou mais prestações, das quais somente uma será escolhida para o pagamento ao credor e liberação do devedor. Os objetos estão ligados pela disjuntiva “ou”, podendo haver duas ou mais opções. Tal modalidade exaure-se com a simples prestação de um dos objetos que a compõem. ↳ Obrigação facultativa, constitui obrigação simples, em que é devida uma única prestação, ficando, porém, facultado ao devedor exonerar-se mediante o cumprimento de prestação diversa e predeterminada. Obrigação alternativa é a que compreende dois ou mais objetos e extingue-se com a prestação apenas de um. Segundo Karl Larenz, existe obrigação alternativa quando se devem várias prestações, mas, por convenção das partes, somente uma delas há de ser cumprida, mediante escolha do credor ou do devedor. As prestações são múltiplas, mas, efetuada a escolha, quer pelo credor, quer pelo devedor, individualiza-se a prestação e as demais ficam liberadas, como se, desde o início, fosse a única objetivada na obrigação. Se, por exemplo, um dos objetos devidos perecer, não haverá extinção do liame obrigacional, substituindo o débito quanto ao outro (CC, art. 253). ● OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA E DE DAR COISA INCERTA: Embora tenham um ponto comum, que é a indeterminação do objeto, afastada pela escolha, em ambas necessárias. Na realidade são categorias diferentes. → Obrigação alternativa: a) Tem vários objetos, devendo a escolha recair em apenas um deles. b) A escolha recai sobre um dos objetos in obligatione. c) As partes consideram os diversos objetos da obrigação .na sua individualidade própria. → Obrigação de dar coisa incerta: a) O objeto é um só, apenas indeterminado quanto à qualidade. b) A escolha recai sobre a qualidade do único objeto existente. c) As partes têm em mira apenas o gênero, mais ou menos amplo, em que a prestação se integra (a entrega de um produto, que pode ser de diversas marcas ou qualidades) ● OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA E OBRIGAÇÃO CONDICIONAL: A obrigação alternativa não se confunde com a condicional. Nesta, o devedor não tem certeza se deve realizar a prestação, pois pode liberar-se pelo não inadimplemento da condição. Art. 253: Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. A obrigação condicional é incerta quanto ao vínculo obrigacional. A alternativa, entretanto, não oferece dúvida quanto à existência do referido vínculo. ● OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA E OBRIGAÇÃO COM CLÁUSULA PENAL: A obrigação com cláusula penal tem natureza subsidiária e se destina a forçar o devedor a cumprir a obrigação, não existindo senão como acessório para a hipótese de inadimplemento. Não é de sua essência conferir ao credor direito de opção e torna-se nula caso seja nula a obrigação principal. A obrigação alternativa só estará em condições de ser cumprida depois de definido o objeto a ser prestado. Essa definição se dá pelo ato de escolha. → A quem compete a escolha da prestação? O Código Civil respeita, em primeiro lugar, a escolha das partes. Em falta de estipulação ou presunção em contrário, a escolha caberá ao devedor. Nada obsta a que as partes, no exercício da liberdade contratual, atribuam a faculdade de escolha a qualquer uma delas, seja o devedor, seja o credor, ou a um terceiro de confiança de ambos. O dispositivo acima tem caráter supletivo, se os contratantes não estipulam a quem caberá o direito de escolha, a lei supre a omissão, deferindo-o ao devedor. Portanto, para que a escolha caiba ao credor, é necessário que o contrato, assim o determine expressamente. O direito de opção transmite a herdeiros, quer pertença ao credor, quer ao devedor. O §1º do dispositivo acima estabelece a indivisibilidade do pagamento. O direito de escolha não é irrestrito, todavia, não pode o devedor obrigar ao credor receber a parte em uma prestação e parte em outra, pois deve uma ou outra. → Escolha deferida a terceiro: Podem as partes estipular que a escolha se faça pelo credor ou deferir a opção a terceiro, que, neste caso, atuará na condição de mandatário comum. Se este não puder ou não quiser aceitara incumbência, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes (CC, art. 252 §4º). → Escolha por sorteio: Admite-se também que a escolha da prestação, seja determinada por sorteio, invocando-se o art. 817 do Código Civil. Cientificada a escolha, dá-se a concentração, ficando determinado, de modo definitivo, sem possibilidade de retratação unilateral, o objeto da obrigação. As prestações in obligatione reduzem-se a uma só, e a obrigação torna-se simples. Só será devido o objeto escolhido, como se fosse ele o único, desde o nascimento da obrigação. Com efeito, a concentração retroage ao momento da formação do vínculo obrigacional, porque todas as prestações alternativas se achavam já in obligatione. Não exige forma especial para a comunicação, basta a declaração unilateral da vontade, sem necessidade da aceitação. Comunicada a escolha, a obrigação se concentra no objeto determinado, não podendo mais ser exercido o jus variandi. Torna-se ela definitiva e irrevogável, salvo se em contrário dispuserem as partes ou a lei. O contrato deve estabelecer prazo para o exercício da opção. Se não o fizer, o devedor será notificado, para efeito de sua constituição em mora. Este não o priva do direito de escolha, salvo se a convenção dispuser que passa ao credor. Constituído o devedor em mora, o credor poderá intentar ação (processo de conhecimento) para obter sentença judicial alternativa, cuja execução se fará pelo rito do art. 800 do CPC. Se ao credor competir a escolhe e este não a fizer no prazo estabelecido no contrato, poderá o devedor propor ação consignatória. Dispõe o art. 342 do Código Civil que será ele citado para efetuar a opção, “sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher”. A negligência, tanto do devedor como do credor, pode acarretar a decadência do direito de escolha. Pode ocorrer da impossibilidade, originária ou superveniente, das prestações colocadas sob alternativa ou opção de escolha. → Hipótese de escolha do devedor: ↪ Impossibilidade material: prevê-se a hipótese de impossibilidade originária ou superveniente de uma das prestações, por causa não imputável a nenhuma das partes. Cuida-se de impossibilidade material,decorrente, por exemplo, do fato de não mais se fabricar uma das coisas que o devedor Art. 252: Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. § 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. § 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. § 3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. § 4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. Art. 817: O sorteio para dirimir questões ou dividir coisas comuns considera-se sistema de partilha ou processo de transação, conforme o caso. se obrigou a entregar. A obrigação, nesse caso, concentra-se automaticamente, independentemente da vontade das partes, na prestação remanescente, deixando de ser complexa para se tornar simples. ↪ Impossibilidade jurídica: se a impossibilidade é jurídica, por ilícito um dos objetos (ex. praticar um crime), toda a obrigação fica contaminada de nulidade, sendo inexigíveis ambas as prestações. Se uma delas, desde o momento da celebração da avença, não puder ser cumprida em razão de impossibilidade física, será alternativa apenas na aparência, constituindo, na verdade, uma obrigação simples. ↪ Impossibilidade superveniente: quando a impossibilidade de uma das prestações é superveniente e inexistente culpa do devedor, dá-se a concentração da dívida na outra ou nas outras. Assim, por exemplo, caso alguém se obrigue a entregar um veículo ou um animal e este último venha a morrer depois de atingido por um raio, concentrar-se-á o débito no veículo. Mesmo que o perecimento decorra de culpa do devedor, competindo a ele a escolha, poderá concentrá-la na prestação remanescente. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, a obrigação se extingue por falta de objeto, sem ônus para este. Se houver culpa do devedor, cabendo-lhe a escolha, ficará obrigado “a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas danos que o caso determinar” (CC, art. 254). → Hipótese de escolha do credor: Se a escolha couber ao credor com todas as prestações impossíveis com culpa do devedor, pode este exigir o valor de qualquer das prestações (e não somente da que por último pereceu, pois, a escolha é sua), além das perdas e danos. O credor tinha a legítima expectativa de eleger qualquer uma das prestações e, se todas pereceram, o mínimo que se lhe pode deferir é o direito de pleitear o valor de qualquer delas, mais a indenização do prejuízo experimentado pelo ato censurável do devedor, que sofre apenas as consequências do seu comportamento culposo. Se somente uma das prestações se tornar impossível por culpa do devedor, cabendo ao credor a escolha, terá este direito de exigir ou a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos (CC, art. 255). Nesse caso, o credor não é obrigado a ficar com o objeto remanescente, pois a escolha era sua. Pode dizer que pretendia escolher justamente o que pereceu, optando por exigir seu valor, mais as perdas e danos. Trata-se de obrigação simples, em que é devida uma única prestação, ficando, porém, facultado ao devedor, e só a ele, exonerar-se mediante o cumprimento de prestação diversa e predeterminada. É obrigação com faculdade de substituição. O credor só pode exigir a prestação obrigatória, que se encontra in obligatione. Essa faculdade pode derivar de convenção especial ou de expressa disposição da lei. Inúmeras são as situações em que se pode estabelecer, contratualmente, a faculdade alternativa. Como, por exemplo, a do vendedor que se obriga a entregar determinado objeto (um veículo ou um animal, p. ex.), ficando-lhe facultado substitui-lo por prestação do equivalente em dinheiro. Pode-se afirmar, que obrigação facultativa é aquela que, tendo por objeto uma só prestação, concede ao devedor a faculdade de substitui-lo por outra. O código civil não trata dessas obrigações, porque não deixam de ser alternativas para o devedor e simples para o credor. ● CARACTERÍSTICAS E EFEITOS: Na facultativa não há escolha pelo credor, que só pode exigir a prestação devida. Não há necessidade de citar o devedor para, previamente, exercer a sua opção, como nas obrigações alternativas. Este, por sua vez, não necessita do consentimento do credor para realizar uma prestação diferente da prestação devida. A substituição se funda no direito Potestativo, que lhe confere a cláusula onde se estipulou a faculdade alternativa. ● OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS E ALTERNATIVAS: → Diferenças: As obrigações alternativas diferem das facultativas não só na questão de escolha, mas também nos efeitos da impossibilidade da prestação. A obrigação alternativa extingue-se somente com o perecimento de todos os objetos e será válida caso apenas uma das prestações esteja eivada de vício, permanecendo a outra eficaz. A obrigação facultativa restará totalmente inválida se houver defeito na obrigação principal, mesmo que não haja acessória. Se perece o único objeto in obligatione, sem culpa do devedor, resolve-se o vínculo obrigacional, não podendo o credor exigir a prestação acessória. Assim, por exemplo, se o devedor se obriga a entregar um animal, ficando-lhe facultado substitui-lo por um veículo, e o primeiro (único objeto que o credor pode exigir) é fulminado por um raio, vindo a falecer, extingue-se por inteiro a obrigação daquele, não podendo exigir a prestação in facultate solutionis, ou seja, a entrega do veículo. Desse modo, se a prestação devida for originariamente impossível ou nula por qualquer outra razão, a obrigação (com facultas alternativas) não se concentra na prestação substitutiva, que o devedor pode realizar como meio de se Art. 256: Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. Art. 255: Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. desonerar. A obrigação será, nesse caso, nula, por nula ser a única prestação debitória Caso a prestação devida seja superveniente impossível (exemplo do raio que fulmina o animal), a obrigação não se concentrará na segunda prestação, como acontece nas obrigações alternativas por força do art. 253. A obrigação considerar-se-á, nesse caso, extinta, se a impossibilidade não resultar de causa imputável ao devedor. Caso a impossibilidade, quer originária, quer superveniente, refira-se à segunda prestação, a obrigação manter-se-á em relação à prestação devida, apenas desaparecendo para o devedor a possibilidade prática de substituí-la por outra.
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