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Carboidratos . CAP. 7 São as fontes de energia mais importantes do organismo. Sua oxidação é o principal meio de abastecimento energético da maioria das células não fotossintéticas. Além do suprimento energético, os carboidratos atuam como elementos estruturais da parede celular e como sinalizadores no organismo. Classificados como: Monossacarídeos – açúcares simples com uma única unidade poliidroxialdeída ou cetônica contendo 3 a 9 átomos de carbono, sendo o principal combustível para a maioria dos seres vivos: glicose, frutose e galactose, todos com seis átomos de carbono. Oligossacarídeos – formados por ligações glicosídicas de dois ou mais (até dez) monossacarídeos. Mais importantes: maltose, composta de duas moléculas de glicose; sacarose, formada por uma molécula de glicose e uma de frutose; e lactose, constituída por uma molécula de glicose e uma de galactose. Polissacarídeos – possui elevada massa molecular, formados por mais de dez unidades monossacarídicas. O amido (forma de armazenamento para a glicose nos vegetais) é o principal polissacarídeo da dieta. É constituído por uma mistura de dois polissacarídeos: amilose e amilopectina. A amilose é composta por unidades repetitivas de glicose, unidas por ligações α-1,4 (cadeias lineares). A amilopectina é uma estrutura ramificada que além dos laços α-1,4, possui ligações α-1,6 nos pontos de ramificação. O glicogênio (estrutura similar à amilopectina) é o mais importante armazenamento para a glicose nos animais. Os monossacarídeos são as unidades básicas dos carboidratos, constituindo-se somente por uma unidade de poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas. São hidrossolúveis, sólidos e sua maioria tem sabor adocicado. Os esqueletos dos monossacarídeos comuns são compostos por cadeias de carbono não ramificadas e possuem ligações simples. Um dos átomos de carbono está ligado duplamente a um átomo de oxigênio, formando um grupo carbonil; os outros átomos de carbono estão ligados, cada um, a um grupo hidroxila. Quando o grupo carbonil está na extremidade da cadeia de carbonos (isto é, em um grupo aldeído), o monossacarídeo é uma aldose; quando o grupo carbonil está em qualquer outra posição (em um grupo cetona), o monossacarídeo é uma cetose. Esses compostos são liberados por hidrólise. A dieta média é composta de amido, sacarose e lactose. A amido e o glicogênio são degradados pela enzima α-amilase (salivar e pancreática) formando maltose e isomaltose, que são hidrolisados em glicose por enzimas (maltase e isomaltase) na superfície das células da mucosa intestinal. Isomaltose Maltose Outras enzimas: sacarase, que hidrolisa a sacarose em glicose e frutose; a lactase, que fornece glicose e galactose a partir da lactose. A glicose, frutose e galactose são absorvidas do lúmen para as células e levadas ao fígado pelo sistema porta. ➔ A glicose no fígado é metabolizada ou armazenada como glicogênio. O fígado também libera glicose para a circulação sistêmica, tornando-a disponível a todas as células do organismo. ➔ A frutose e galactose são transformadas em outros compostos de acordo com as necessidades homeostáticas ou convertidas em glicose, a forma usual de açúcar circulante. ❖ Glicogênese é a conversão de glicose a glicogênio. ❖ Glicogenólise é o desdobramento do glicogênio em glicose. ❖ Gliconeogênese é a formação de glicose a partir de outras fontes como, aminoácidos, glicerol ou lactato. ❖ Glicólise é a conversão da glicose em lactato ou piruvato. A oxidação total da glicose em dióxido de carbono e água ocorre no ciclo de Krebs (ciclo do ácido cítrico) e a cadeia mitocondrial de transporte de elétrons acoplada à fosforilação oxidativa, geram energia para formar ATP (adenosina trifosfato). A glicose também é oxidada em dióxido de carbono e água pela via pentose fosfato, com a produção de NADPH necessário para as reações anabólicas do organismo. Glicose, lactato e cetonas Glicose = aldohexose Glicose sanguínea = glicemia Após uma refeição contendo carboidratos, a elevação da glicose circulante provoca: ➢ Remoção pelo fígado de 70% da glicose transportada via circulação porta. ○ Parte da glicose é oxidada e parte é convertida em glicogênio para ser utilizada como combustível no jejum. ○ O excesso de glicose é parcialmente convertida em ácidos graxos e triglicerídeos incorporados às VLDL (lipoproteínas de densidade muito baixa) e transportados para os estoques do tecido adiposo. ➢ Liberação de insulina pelas células do pâncreas. ○ Entre os tecidos insulino-dependentes estão: tecido muscular, adiposo, diafragma, aorta, hipófise anterior, glândulas mamárias e lente dos olhos; ○ Células do fígado, cérebro, eritrócitos e nervos NÃO necessitam de insulina para a captação de glicose (insulino independentes); ➢ Aumento da captação da glicose pelos tecidos periféricos (nervos). ➢ Inibição da liberação do glucagon. ➢ Hormônios como adrenalina, hormônio de crescimento, glicocorticóides, hormônios da tireóide e enzimas, também atuam na regulação da glicemia Os níveis normais de glicose no sangue são de até 99mg/dl pré-prandial (período que antecede a alimentação), e até 140 mg/dl pós-prandial (1 ou 2 horas após a alimentação). Quando os níveis, em jejum, estão acima dos valores de referência, denomina-se hiperglicemia, quando abaixo destes valores, hipoglicemia. A glicose é normalmente filtrada pelos glomérulos e quase totalmente reabsorvida pelos túbulos renais. Quando os teores sanguíneos atingem a faixa de 160 a 180 mg/dL, a glicose aparece na urina, o que é denominado glicosúria. *Em todas as células, a glicose é metabolizada para produzir ATP e fornecer intermediários metabólicos. Hiperglicemia Causa mais frequente é o Diabetes Mellitus, um estado de intolerância à glicose e hiperglicemia em jejum devido a ação deficiente da insulina. ● Anormalidades também no metabolismo dos carboidratos, proteínas e lipídios. Pacientes hiperglicêmicos, quando não tratados, desenvolvem cetoacidose ou coma hiperosmolar (elevada concentração de glicose no sangue que resulta em elevada osmolaridade sem cetoacidose significativa). Cetoacidose - complicação aguda do diabetes que ocorre principalmente no diabetes mellitus tipo 1; - caracterizada por hiperglicemia (níveis de açúcar no sangue muito elevados), acidose metabólica (acúmulo de cetonas no corpo que acabam acidificando o sangue), desidratação e cetose (aumento anormal na concentração de corpos cetônicos nos fluídos corporais (sangue, urina, leite e saliva); - acontece quando o corpo utiliza alternativas como suprimento energético, e neste caso, os estoques de gordura. O processo resulta no acúmulo de corpos cetônicos, componentes que deixam o sangue ácido. Com o progresso da doença, pode desenvolver - retinopatia, angiopatia, doença renal, neuropatia, proteinúria, infecção, hiperlipidemia e doença aterosclerótica. Esta última pode resultar em ataque cardíaco, gangrena ou enfermidade coronariana. Os estados hiperglicêmicos são classificados: I. Diabetes Mellitus tipo 1 (imuno-mediado): ● Sintomas: poliúria, polidipsia, polifagia, perda inexplicada de peso, irritabilidade, infecção respiratória e desejo de bebidas doces. ● De forma subaguda ou aguda em indivíduos com menos de 20 anos. ● Caracterizados pela deficiência de insulina, além de serem dependentes da mesma (para manter a vida e prevenir cetoacidose) ● Caracterizado pela destruição das células do pâncreas, levando a uma deficiência total de insulina pancreática. ● Presença de anticorpos anti-insulina, anti-ilhotas e anti-GAD (descarboxilase do ácido glutâmico). ● Possui mecanismo auto-imune e pode ser idiopático (que se forma ou se manifesta espontaneamente ou a partir de causas desconhecidas). II. Diabetes Mellitus tipo 2 ● mais comum ● Ocorre, em geral, em indivíduos obesos com mais de 40 anos, de forma lenta e com história familiar de diabetes. ● sintomas moderados e não são dependentes de insulina para prevenir cetonúria (corpos cetônicos (acetona, ácido aceto-acético e o ácido -hidroxibutírico) na urina,sendo um sinal de descompensação das diabetes) ● É caracterizada pela relativa deficiência pancreática e/ou com resistência à ação insulínica. ● Raramente apresenta cetoacidose diabética III. Diabetes Mellitus gestacional ● intolerância aos carboidratos (tolerância diminuída à glicose), diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez podendo ou não persistir após o parto; ● Está associado com alta incidência de morte intra-uterina e má formação fetal; ● Hiperglicemia está relacionada com o aumento na incidência de macrossomia fetal (o peso ao nascimento igual ou superior a 4.000 g) e hipoglicemia neonatal. *Quando o teste de tolerância volta ao normal depois da gravidez, 50% das pacientes desenvolvem diabetes mellitus nos sete anos seguintes. Investigação laboratorial O diagnóstico depende de alterações na concentração de glicose no sangue. As várias desordens do metabolismo dos carboidratos podem estar associadas com (a) aumento da glicose plasmática (hiperglicemia); (b) redução da glicose plasmática (hipoglicemia) e (c) concentração normal ou diminuída da glicose plasmática acompanhada de excreção urinária de açúcares redutores diferentes da glicose (erros inatos do metabolismo da glicose). Testes laboratoriais: ➔ Glicose plasmática em jejum ◆ paciente em jejum de 12-14 h ◆ Os critérios para a avaliação são: ● Normais: até 110 mg/dL ● Glicemia de jejum inapropriada: de 110 a 126 mg/dL ● Diabéticos: acima de 126 mg/dL ○ níveis superiores provocam alterações microvasculares e elevado risco de doenças macrovasculares ➔ Glicose plasmática pós-prandial de duas horas ◆ concentração da glicemia duas horas após a ingestão de 75 g de glicose em solução aquosa a 25% ou refeição contendo 75 g de carboidratos; ◆ normalmente após essa ingestão, a glicose sanguínea tende a retornar ao normal dentro de duas horas; ◆ após duas horas da sobrecarga os valores de glicemia plasmática 200≥ mg/dL são considerados diagnósticos de diabetes mellitus. ◆ níveis entre 140 e 200 mg/dL são encontrados na “tolerância à glicose alterada”. ◆ indivíduos normais apresentam teores glicêmicos 140 mg/dL.≤ *valores tendem a crescer com a idade (10 mg/dL por década de vida, após a idade de 40 anos) = concentrações acima de 200 mg/dL podem ser encontradas em indivíduos idosos que não apresentam diabetes. ➔ Teste de O’Sullivan ◆ para detectar o diabetes gestacional e deve ser realizado entre 24ª e a 28ª semana de gestação; ◆ É administrada 50g de glicose em solução aquosa a 25% por via oral; o sangue é colhido após 1 hora = resultados iguais ou superiores a 140 mg/dL indicam a necessidade de um teste completo. ➔ Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) ◆ Método apropriado para diagnóstico de diabetes Medidas seriadas da glicose plasmática, nos tempos 0, 30, 60, 90 e 120 minutos após administração de 75 g de glicose anidra (em solução aquosa a 25%) por via oral ◆ Teste mais sensível, porém, afetado facilmente por vários fatores ◆ É indicada: ● Diagnóstico do diabetes mellitus gestacional; ● Diagnóstico de tolerância à glicose alterada” (ex.: em pacientes com teores de glicemia plasmática em jejum entre 110 e 126 mg/dL); ● Avaliação de pacientes com nefropatia (afeta os rins provocando alteração nos vasos sanguíneos), neuropatia (atinge o funcionamento dos nervos periféricos) ou retinopatia (complicação ocular - deterioração progressiva dos vasos sanguíneos da retina) não explicada e com glicemia em jejum abaixo de 126 mg/dL. Cuidados: ➢ Três dias antes do teste, deve ingerir, pelo menos, 150g de carboidratos ➢ Deve continuar com os regime alimentar e atividades físicas habituais; ➢ Durante o teste, manter-se em repouso e sem fumar ➢ Não utilizar medicamento que interfira no metabolismo dos carboidratos ➢ O teste deve ser realizado pela manhã após jejum de 8-10h Critérios para diagnóstico dos estados hiperglicêmicos ● Diabetes mellitus tipo I - hiperglicemia aparece abruptamente, é severa e está acompanhada de distúrbios metabólicos; ● Diabetes mellitus tipo II - diagnóstico mais cuidadoso devido a alterações moderadas da glicose Critérios diagnósticos aceitos: Diabetes mellitus em homens e mulheres não-grávidas ● Sintomas e sinais de diabetes e elevação casual (sem observar o jejum) de glicose plasmática ( 200 mg/dL);≤ ● Glicose plasmática em jejum de oito horas 126 mg/dL confirmado por um≥ segundo teste; ● Glicose plasmática 200 mg/dL durante a TOTG aos 120 minutos após a≥ sobrecarga Glicemia de jejum inapropriada (Impaired fasting glucose/IFG) ● Definida pela glicemia em jejum 110 mg/dL e 126 mg/dL.≥ ≤ Tolerância à glicose diminuída (Impaired glucose tolerance/IGT) ● Definida por glicose plasmática pós-prandial de duas horas (ingestão de 75g de glicose anidra) 140 mg/dL e 200 mg/dL≥ ≤ Diagnóstico do diabetes gestacional ● Indícios: história familiar de diabetes, idade superior a 30 anos, história de gravidez com recém-nascidos grandes para a idade gestacional ou com mais de 4 kg, uma história inexplicada de morte fetal ou morte neonatal, história de diabetes gestacional, presença de hipertensão ou pré-eclâmpsia, história de reprodução dificultada, macrossomia ou polidrâmnio na gravidez atual; ● Achados clínicos suspeitos: obesidade ou ganho de peso na gravidez atual, glicosúria, infecções recorrentes por monília (Infecção ocasionada por fungos do gênero Candida); ● Administrada 100 g de glicose; as amostras de sangue são colhidas nos tempos 0, 60, 120 e 180 minutos; ● Valores não diabéticos: Jejum <105 mg/dL Uma hora <190 mg/dL Duas horas <165 mg/dL Três horas <145 mg/dL ● O diagnóstico ocorre quando dois desses limites são atingidos ou ultrapassados. *em gestantes a partir da 20ª semana de gravidez - glicemia em jejum como teste de rastreamento. valores >85 mg/dL são considerados positivos sendo necessário proceder ao TOTG. Considera-se, confirmatórios de diabetes gestacional valores obtidos de duas glicemias em jejum 105 mg/dL.≥ Critérios para a triagem do diabetes em assintomáticos ● 45 anos ou mais ● se normal, repetir a cada 3 anos ● excesso de peso ( 120% do peso ideal)≥ ● parentesco em primeiro grau com diabéticos ● membros de grupos étnicos de alto risco (afro - americanos, hispânicos, asiáticos, indígenas americanos etc.) ● com história de macrossomia fetal (>4 kg) ou diagnóstico anterior de diabetes gestacional ● hipertensão ● colesterol-HDL 35 mg/dL e/ou triglicerídios 250 mg/dL≤ ≥ ● teste prévio positivo de “glicemia de jejum inapropriada” ou “tolerância à glicose alterada”. Consequências metabólicas do Diabetes Mellitus A deficiência básica no é a da insulínica (absoluta ou relativa) que afeta o metabolismo da glicose, lipídios, proteínas, potássio e fosfato. Influencia indiretamente a homeostase do sódio e água. Em casos severos de diabetes (tipo 1) não-tratado encontram-se ainda cetoacidose, distúrbios ácido-básicos e hipertrigliceridemia (hiperlipidemia causada por níveis séricos (sanguíneos) dos triglicerídeos (triacilgliceróis) acima de 150mg/dL em adultos). Glucagon - inibe a degradação da glicose pela glicólise no fígado e estimula a síntese dela utilizando a gliconeogênese (síntese de carboidratos por moléculas que não são carboidratos), fornecendo também ácidos graxos livres como fonte de energia para suprir necessidades energéticas do organismo. Adrenalina - promove tanto a glicogenólise como a neoglicogênese hepática e lipólise; pode iniciar reservas lipídicas. o excesso de adrenalina faz com que o organismo busque, de forma rápida, uma grande quantidade de energia para executar as atividades emergenciais. Assim, a degradação do glicogênio e a promoção da fermentação lática em situações anaeróbicas no músculo esquelético, propiciam formação de ATP e disponibilidade de glicose. Além disso, ocorre a quebra de gorduras como fonte de energia e é estimulada a secreção de glucagon, que inibe a insulina, uma vez que esta age a fim de armazenar energia. A adrenalina cria mecanismos para captar energia para ser utilizada em situações emergenciais e oglucagon auxilia no sentido de bloquear a ação da insulina, para permitir com que a glicose esteja disponível, priorizando-a para o cérebro e buscando formas de fornecer energia ao organismo por outras vias. Hiperglicemia: aumento da produção hepática e diminuição da captação celular da glicose ❖ Aumento da produção hepática - a falta de insulina e as ações do glucagon e da adrenalina causam redução da glicogênese e o incremento da glicogenólise; ➢ a ação do cortisol (insulina baixa) eleva a gliconeogênese ❖ Redução da captação periférica - a deficiência de insulina inibe a captação celular de glicose e da glicólise (degradação da glicose). Outros substratos (ácidos graxos, cetonas) são utilizados para a produção de energia. Consequências da hiperglicemia: ● elevação da glicose urinária com diurese osmótica (déficit de água em relação à quantidade de sódio corporal, podendo ocorrer devido à perda de água livre de eletrólitos e/ou ao ganho de sódio) e a consequente perda de água, sódio, potássio e fosfato; ● aumento da tonicidade do líquido extracelular que extrai água das células produzindo desidratação celular e, se houver ingestão de água, a diluição dos constituintes extracelulares levando à hiponatremia (hipertônica - baixa concentração de sódio no sangue em relação ao volume de água no organismo). Distúrbios do metabolismo protéico: o diabetes é um estado catabólico associado com perda protéica, principalmente pela elevação da gliconeogênese – para cada 100 g de glicose formada, mais ou menos 175 g de proteínas são destruídas; Distúrbios do metabolismo lipídico: - a deficiência de insulina e a ação oposta do glucagon e adrenalina estimulam a lipólise* e a liberação de ácidos graxos para a circulação. - Lipólise - quebra do triacilglicerol em moléculas de ácidos graxos e glicerol. feito por enzimas lipases, que podem ser ativadas ou inibidas pelas catecolaminas (noradrenalina e adrenalina) e por hormônios (insulina, glucagon e adrenocorticotropina); - são captados para serem convertidos em energia ( -oxidação), cetonas e triglicerídios que são liberados pelo fígado na forma de VLDL* (lipoproteínas de densidade muito baixa). - VLDL - colesterol produzido no fígado que transporta os triglicerídeos pela corrente sanguínea; - a deficiência insulínica inibe a atividade da lipase lipoprotéica que reduz o desdobramento tanto das VLDL como dos quilomícrons*, elevando os níveis de trigliceridemia. - quilomícrons - lipoproteínas que transportam na circulação os lípides da dieta absorvidos pelo intestino delgado após o intenso processo de hidrólise dos triglicérides, fosfolípides e do colesterol. Hiperpotassemia: - uma das ações da insulina é a captação de íons potássio pelas células. - na redução da insulina, o potássio deixa as células provocando hiperpotassemia (menor excreção renal de potássio ou movimento anormal do potássio para fora das células). - parte deste potássio é perdido na urina como consequência da diurese osmótica, causando depleção de potássio. - quando a insulina é administrada, o potássio extracelular retorna às células o que pode resultar em hipopotassemia severa. Hiperfosfatemia: - a insulina ao estimular a glicólise utiliza fosfato inorgânico (produção de ATP etc.), o que eleva a captação celular de fosfato. - na falta de insulina, este íon é liberado das células, promovendo hiperfosfatemia; - parte é perdido na urina causando déficit no organismo. - quando a insulina é administrada ele volta para as células, produzindo hipofosfatemia severa. Distúrbios ácido-base: - no diabetes tipo 1 é frequente a acidose metabólica devido a cetoacidose diabética. - os níveis de bicarbonato plasmático podem atingir valores abaixo de 5 mmol/L com pH de 6,8. - também pode existir uma acidose láctica moderada associada (acúmulo de ácido láctico no corpo = acidificação do sangue). Distúrbios do sódio e água: - hiponatremia pode ocorrer como consequência da hiperglicemia extracelular. - além disso, devido a hiperlipidemia pode existir pseudohiponatremia. - também ocorre a depleção do sódio total do corpo pela perda renal como consequência da diurese osmótica. - pacientes graves podem desidratar-se e, dependendo do grau, o sódio plasmático aumenta levando a uma hipernatremia. Complicações do Diabetes Mellitus ➔ Cetoacidose diabética ◆ pode estar presente em pacientes ainda não diagnosticados ◆ em diabéticos, a cetoacidose pode ser precipitada pela deficiência profunda de insulina, níveis elevados de hormônios contrarreguladores (glucagon, cortisol, hormônio de crescimento, adrenalina e noradrenalina), infecções intercorrentes, trauma, infarto do miocárdio, episódios tromboembólicos, crises hipertensivas, vômitos, exercícios físicos esporádicos ou estresse emocional. Características clínicas - ● desidratação ● cetoacidose ● depleção eletrolítica ● hiperventilação ◆ A cetoacidose pela deficiência de insulina acompanhada por hormônios contrarreguladores resultam em hiperglicemia (a degradação de proteínas fornece aminoácidos para a gliconeogênese) e na mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo (aumento da ação da enzima lipase hormônio sensível) com o subsequente aumento da formação hepática de corpos cetônicos (ácidos acetoacéticos). ● Estes, por suas características de ácidos fracos, esgotam as reservas disponíveis de tampão, provocando cetoacidose com hipercalemia (níveis de potássio no sangue excessivamente altos) associada. ◆ Hiperglicemia causa hiperosmolalidade extracelular que leva tanto à desidratação intracelular como também, à diurese osmótica. ◆ A diurese osmótica provoca perda de água, Na +, K +, cálcio etc. além da redução do volume de sangue circulante. Principais características laboratoriais: ● Hiperglicemia >300 mg/dL. ● Acidose metabólica com anions indeterminados elevados, pH sanguíneo <7,30 e bicarbonato <15 mmol/L. ● Cetonemia (cetose) e cetonúria ● Hiperpotassemia. ● Hiperfosfatemia *Pacientes com cetoacidose diabética apresentam polidipsia, poliúria, cefaléia, náusea, vômitos e dor abdominal. Corpos cetônicos Os corpos cetônicos consistem de acetoacetato, -hidroxibutirato e acetona, sendo formados no fígado a partir do acetil CoA derivado da oxidação dos ácidos graxos livres provenientes do tecido adiposo. Quando ocorre redução na utilização de carboidratos (ex.: diabetes mellitus) ou falta de carboidratos na dieta (ex.: inanição) acontece um aumento na produção de corpos cetônicos, levando a um acúmulo dos mesmos no sangue. Teores anormalmente elevados de corpos cetônicos no sangue = cetonemia → ultrapassam o umbral/limiar renal = cetonúria → o acúmulo no sangue = cetoacidose (acidose metabólica). *A diabetes e o consumo de álcool são as causas mais comuns de cetoacidose. A acidose é parcialmente compensada pela hiperventilação, com redução da pCO2. Na acidose, o H+ desloca-se para o interior das células enquanto o K+ deixa o espaço intracelular. A quantificação da acetona, acetoacetato e -hidroxibutirato é realizada por colorimetria, enzimologia, cromatografia gasosa ou eletroforese capilar. (a) o Na+ que pode estar normal ou inicialmente baixo; (b) o K+, em geral, está elevado; (c) a uréia apresenta valores aumentados devido a desidratação; (d) a gasometria arterial apresenta o CO2 total reduzido, às vezes abaixo de 5 mmol/L nos casos severos. ➔ Síndrome hiperosmolar não-cetônica ◆ pode existir comprometimento da função renal em pacientes idosos, levando a grandes perdas de água e eletrólitos; ◆ A hiperglicemia severa desenvolve desidratação profunda e osmolalidade bastante alta, mas sem cetose e acidose. ● ausência de cetoacidose = acredita-se que os níveis de insulina circulantes são suficientes para impedir a formação de corpos cetônicos - Hiperglicemia (>500 mg/dL) - Osmolalidade sérica bastante elevada: >320 mosmol/kg. - Acidemia mínima ou ausente: pH sangüíneo >7,30 e bicarbonato plasmático >15 mmol/L. - Cetonemia: negativa ➔ Acidose láctica (lactato sérico e no liquor) ◆ O ácido láctico é proveniente domúsculo esquelético, cérebro e eritrócitos. ◆ A concentração de lactato sanguíneo é dependente da sua produção e degradação no fígado e rins. ◆ 30% do lactato formado é utilizado no fígado, na gliconeogênese (ciclo de Cori) para a produção de glicose. ◆ Não existe uniformidade quanto aos teores de lactato que caracterizam a acidose láctica. ❖ Tipo A (hipóxica) ➢ mais comum ➢ Associada com a redução de oxigenação tecidual (hipóxia) ❖ Tipo B (metabólica) ➢ Associada com doença ➢ mecanismo desconhecido, mas acredita-se que o defeito primário seja o impedimento mitocondrial na utilização do oxigênio. Isto reduz os estoques de ATP e NAD+, com acúmulo de NADH e H+. Em presença de perfusão hepática reduzida ou enfermidade hepática, a remoção do lactato é diminuída provocando o agravamento da acidose láctica. ➔ Doença renal ◆ apresentem nefropatia diabética ◆ provocado basicamente por doença dos pequenos vasos sangüíneos associada ao diabetes ◆ a função renal declina com elevação da uréia e creatinina plasmática, eventualmente levando à insuficiência renal ◆ Microalbuminúria ● pequenas quantidades de albumina e não pequenas moléculas ● excreção aumentada de albumina urinária não detectável pelas tiras reativas ● é excretada em pequenas quantidades por diabéticos com nefropatia com redução da filtração glomerular. ● a determinação permite a detecção de complicações renais. ● excreção de albumina (TEA) de 20 a 200 mg/min ou de 30 a 300 mg/d em dois terços das amostras durante seis meses. ● a presença de microalbuminúria em diabéticos tipo 1 - maior risco de contrair nefropatia diabética; tipo 2 (um teor de albumina >0,02 g/d) - fator de risco para acidentes cardiovasculares e infarto do miocárdio. ● a urina para o teste deve ser colhida 12 h ou 24 h com o paciente em repouso (devido ao aumento significativo na TEA em diabéticos, após esforço ou exercícios exaustivos). ➔ Hiperlipidemias Hipertrigliceridemia - níveis séricos (sanguíneos) dos triglicerídeos (triacilgliceróis) acima de 150mg/dL; a deficiência insulínica inibe a enzima lipase lipoprotéica reduzindo a metabolização das VLDL; ocorre aumento na síntese hepática das VLDL estimulada pela liberação de ácidos graxos (lipólise do tecido adiposo), que são convertidos, em partes, em triglicerídeos e VLDL no fígado. Hipercolesterolemia - aumento dos níveis de colesterol no sangue; associada a intolerância à glicose e diabetes tipo 2. Hemoglobina glicada Os eritrócitos normais contém hemoglobina A (97% do total - HbA1a , HbA1b e HbA1c (constitui 89%) = hemoglobinas glicadas), HbA2 (2,5%) e HbF (0,5%). A hemoglobina glicada (A1c) é formada através de uma reação irreversível entre a glicose sanguínea e a hemoglobina, como resultado do processo de glicação (que liga a glicose sanguínea a proteínas do corpo). As hemoglobinas glicadas são obtidas pela adição espontânea de glicose ao grupo amino livre das proteínas hemoglobínicas por reações não-enzimáticas. A quantidade de hemoglobina glicada (HbG) circulante em qualquer momento reflete a concentração de glicose sanguínea média durante o “período de vida” do eritrócito (cerca de 120 dias), embora a concentração das últimas duas semanas seja a mais importante na determinação do nível de HbG. ● O estudo destas hemoglobinas é realizado, principalmente, pela medida da sub-fração HbA1c em pacientes com diabetes mellitus. ● A terapêutica insulínica é ajustada nos pacientes diabéticos se a hemoglobina glicada ultrapassar 10%. *Este teste não é adequado para o acompanhamento de pacientes diabéticos portadores de hemoglobinopatias, pois a presença de variantes da hemoglobina provocam redução da meia -vida das hemácias e, portanto, do tempo de exposição da hemoglobina às variações dos teores de glicose circulante, diminuindo o percentual de hemoglobina glicada. Nestes casos é recomendado o acompanhamento destes pacientes pela dosagem da fructosamina. Determinação da hemoglobina glicada ➔ Paciente - não necessita jejum para coleta ➔ Amostra - sangue total colhido em tubo contendo EDTA, oxalato de potássio -fluoreto de sódio. ➔ Métodos - A hemoglobina glicada é determinada por três categorias de métodos separados de acordo com: (a) diferenças de carga (cromatografia de troca iônica, cromatografia líquida de alta execução, eletroforese, focalização isoelétrica); (b) reatividade química (colorimetria e espectrofotometria); (c) diferenças estruturais (cromatografia por afinidade e imunoensaio). ◆ Microcolunas - HbA1c determinada, fundamentalmente, por cromatografia por afinidade; é afetado por variações na temperatura, mas apresenta boa precisão. ● a amostra é aplicada a uma coluna trocadora de íons e os subcomponentes glicados eluídos com um tampão de baixa força iônica. As hemoglobinas restantes são, então, eluídas com tampão de alta força iônica. As frações são quantificadas em espectrofotometria (em 415 nm). ◆ Eletroforese - A separação eletroforética da hemoglobina A 1 está baseada na capacidade do N - terminal livre da hemoglobina não-glicada em interagir com grupos carregados negativamente. ➔ Valores de referência - estão entre 5 a 8% da HbA total em indivíduos normais e variam entre 8 a 30% em pacientes com diabetes
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