Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CHOQUE EM CIRURGIA Conceito: - Redução significativa da quantidade de O2 consumido pelos tecidos causada por queda de fluxo sanguíneo, bloqueios metabólicos intracelulares ou uma combinação destes fatores. - É uma alteração hemodinâmica e metabólica aguda, extremamente grave, que pode ocorrer devido a patologias clínicas e cirúrgicas. - A maioria necessita de intervenção médica para reversão. Fisiopatologia: - A alteração básica do choque ocorre nos tecidos e na microcirculação. - Os capilares formam uma extensa rede e no repouso estão fechados, mas se abrem com estímulos teciduais, permitindo a perfusão do sangue. - O fluxo de sangue através da microcirculação é regulado pelo estímulo dos receptores adrenérgicos que respondem às catecolaminas produzidas pelas supra renais ou pelos gânglios do SNA. - Exceção: circulação cerebral e coronariana. ● Receptores alfa: vasoconstritor e responde a noradrenalina. ● Receptor beta: vasodilatador e responde a adrenalina. - Na liberação adrenérgica, o sangue desvia dos capilares e segue diretamente para as vênulas sem perfundir os tecidos. - Portanto, a opção biológica na emergência é de sacrificar a perfusão de todo o organismo para manter o coração e o cérebro. - A microcirculação está inserida na circulação pulmonar e sistêmica. - Os capilares pulmonares reagem com vasoconstrição à hipóxia, provocando aumento na resistência pulmonar, (achado comum em pacientes graves). Fatores desencadeantes do choque: 1. Queda ou inadequação do volume circulante: - Perda renal do volume ou aumento do continente (vasodilatação). - Hemorragias, perda de água/ eletrólitos, vasodilatação primária (drogas, toxinas), aumento da permeabilidade capilar com extravasamento de líquidos. 2. Queda ou inadequação do débito cardíaco: - DC Insuficiente não mantém o fluxo sanguíneo necessário. - IAM, arritmias graves, pericardite constritiva. - Em infecções e inflamações, o débito cardíaco está elevado, porém é insuficiente para atender as demandas dos tecidos periféricos. 3. Bloqueio do metabolismo celular aeróbico: - Fluxo sanguíneo está preservado, porém as células não tem condições metabólicas adequadas. - Toxinas, venenos, hipóxia, alterações da composição ácido básica ou hidroeletrolítica. Padrões hemodinâmicos do choque 1. Padrão hipovolêmico: - Queda da PA e venosa, vasoconstrição com aumento da RPT e queda do DC. 2. Padrão cardiogênico: - Queda primária do DC, lentidão de fluxo na periferia, elevação da PVC e esmagamento da PA, com queda predominante da sistólica aproximando-se da diastólica. 3. Padrão hiperdinâmico: - Vasodilatação periférica e aumento do DC. - Existe alargamento da PA com queda maior da sistólica. - Paciente taquicárdico e pletórico é comum em infecções. 4. Padrão hemodinâmico: - Fases terminais de qualquer choque. - Há queda do DC e vasoconstrição periférica com queda ou elevação da PV. 5. Choque compensado: - Alterações dinâmicas controladas, porém não se sustentam espontaneamente, sendo necessária a manutenção da DVA. 6. Choque supercompensado: - Ocorrência de exagero na resposta adrenérgica provocando PA acima dos valores prévios devido a vasoconstrição. - Comum em adultos jovens. Quadro clínico PA: - Queda súbita ou gradual, alargamento ou estreitamento. Perfusão periférica: - Leito ungueal ou locais de circulação terminal, lentidão, aumento da velocidade, com aspecto pletórico ou vasodilatador. PVC: - Útil para medidas terapêuticas iniciais. Nível de consciência: - Geralmente não há alteração, exceto em idosos. Diurese: - Depende da perfusão renal, reduzida precocemente no choque (oligúria). - É o melhor marcador de perfusão. Quadro laboratorial: - O diagnóstico é essencialmente clínico. - Úteis para o tratamento. Tratamento: - Instabilidade hemodinâmica = choque. 1. Tabela sequencial com: PA, P, FC, FR, T, PVC, perfusão periférica e diurese. 2. Profissional exclusivo para reavaliações. 3. Dosagens laboratoriais: gasometria arterial e venosa, HMG, sódio, potássio, uréia, creatinina, glicemia, proteínas, coagulograma e culturas (sg, urina e secreções). ● Servem para orientar tratamento e auxiliar no diagnóstico. 4. Administrar volume é a primeira medida mesmo sem perda visível, exceto se PVC > 10 cm H2O. ● A quantidade é controlada através das medidas sequenciais do QC, PA, P, PVC e diurese. ● A velocidade é rápida no início (20ml/min ou 500-600 ml/30min), seguido de reavaliação: se o paciente melhorar,esse é o único tratamento necessário. ● Se piorar: A: Aumento da PVC sem aumento da PA: significa que a função cardíaca está insuficiente para redistribuir o volume e houve queda do DC - associar drogas com efeito cardiotônico. B: Ascite, edema periférico ou pulmonar, PV baixa: alteração da permeabilidade capilar e o volume não se mantém em circulação. C: Resposta inicial favorável, mas fugaz, necessitando de perfusões crescentes: a causa provável é vasodilatação mantida e intensa. ● Uso de drogas: Possuem efeito em microcirculação (DVA) ou sobre o coração (cardiotônico): classificadas de acordo com seu efeito. A: Cardiotônicos: digital, quando quer aumentar o DC. Impregna no tecido e tem metabolização lenta. DVA com efeito beta estimulante das fibras cardíacas. B: Vasodilatadores: DVA com efeito beta estimulante que promovem vasodilatação no nível dos shunts - aumenta o fluxo periférico, mas não melhora o consumo de O2. Tem efeito potente beta cardíaco, e aumento do DC tem sido sua indicação. Ex: isoproterenol. Coadjuvante no choque hipodinâmico com bradicardia. C: Vasoconstritores: efeito periférico e beta cardíaco. Empregados porque promovem elevação da PA, garantindo o fluxo cerebral e coronário (agem diretamente sobre as fibras cardíacas), aumentando o débito. Ex: adrenalina, noradrenalina, dopamina e dobutamina. Drogas classificadas de acordo com seu efeito: 1. Adrenalina: - Estimulante alfa e beta periférico. - Pouco potente para controlar a PA e produz muita taquicardia. - Empregada como coadjuvante no choque anafilático acompanhado de broncoespasmo ou em choques com bradicardia para aumentar a FC. 2. Noradrenalina: - Estimulante alfa periférico e beta cardíaco. - Bastante potente, pouco taquicardizante e não provoca arritmias. - Empregada para elevar a PA. - Seu inconveniente é a possibilidade de vasoconstrição excessiva e oligúria. 3. Dopamina: - Ação alfa periférica e beta cardíaco menos potente que a nora. - Provoca muito mais taquicardia e arritmias. - Tem efeito exclusivo de estimular receptores dopaminérgicos renais podendo provocar a diurese. - Pode ser empregada como diurético e no choque para manter a PA. 4. Dobutamina: - Ação beta cardíaca com aumento da contratilidade e do débito, sem produzir muita taquicardia ou arritmias. - Empregada em choque com componente cardiogênico. Associações de drogas: - É frequente uma droga não controlar todas as alterações hemodinâmicas no choque ou EC indesejáveis devem ser removidos. - É possível associar drogas para controlar a associação. Princípios na utilização de DVA em choque: - Veia central exclusiva e bombas de infusão para que a dose se mantenha constante. - A dose da droga deve ser ajustada de acordo com as medidas da PA ou de outro parâmetro que se queira corrigir. - Não obtendo a resposta esperada, substituir ou associar outras drogas. - O uso do DVA é transitório, destinado apenas a modificação do distúrbio hemodinâmico. - Havendo estabilidade, retirar a droga progressivamente. - Havendo mais de uma droga em uso, tirar uma por vez. Choque complexo: - Não podem ser controlados apenas através da manipulação das alterações hemodinâmicas ou quando o paciente apresenta insuficiências orgânicas (renal/respiratória). - É necessário as medidas das pressões das AA e dos capilares pulmonares, do DC e o cálculo das resistências periféricas e pulmonares. Remoção da causa do choque: - Junto com a correção do distúrbio hemodinâmico, deve-se identificare corrigir o fator desencadeante do choque. - O ideal é estabilizar o paciente antes de se iniciar a cirurgia, mas o momento ideal não deve ser perdido. - Selecionar a melhor opção técnica: rapidez e segurança. - Estomas > anastomoses. - Punções > drenagens. Profilaxia do choque: - Verificar presença de patologias prévias, como HAS e cardiopatias. - Manter expansão de volume em ligeiro excesso. - Manter aporte tecidual de O2 (pO2: 80 mmHg e HB: 12g%). - Cuidado com infecções e manipulação de focos. Conclusões: - Devemos saber qual o melhor procedimento e o melhor momento para se operar. - Utilizar a multidisciplinariedade.
Compartilhar