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Classificação de bens patrimoniais APRESENTAÇÃO Os veículos de uma empresa, a edificação, as máquinas e os equipamentos compõem seu patrimônio, porém, há uma série de outros bens abstratos que podem ser considerados patrimônio de uma organização. Boa parte dos bens de uma empresa se concentra nas atividades de logística, e a gestão patrimonial é fundamental para garantir a competitividade da organização. Uma gestão patrimonial eficiente resulta em redução de custo e aumento da eficiência no processo logístico. Nesta Unidade de Aprendizagem, você terá uma visão ampla da relevância da atividade de classificação de bens patrimoniais para o sistema logístico e, em especial, para o processo de agregação de valor a toda a cadeia de suprimentos. Assim, ao estudar essa importante área da logística, você estará ingressando na dinâmica e importância do processo de classificação de bens patrimoniais. Você também verá a importância da classificação dos bens patrimoniais, da análise crítica e da gestão de bens patrimoniais em contextos intraorganizacionais, além de aprender a identificar sistemas de controle desses bens. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar a importância da classificação de bens patrimoniais por meio de técnicas que aperfeiçoem o gerenciamento logístico. • Desenvolver uma análise crítica da gestão de bens patrimoniais nos contextos intraorganizacionais. • Identificar os sistemas de controle de bens patrimoniais, objetivando a qualidade na prestação dos serviços internos e externos do gerenciamento logístico. • DESAFIO A curva ABC é um eficiente instrumento para identificar os tipos de materiais existentes no estoque e classificá-los de forma a se obter melhor gerenciamento tendo em vista o valor e o giro de cada insumo. A empresa Beta, para a qual você trabalha, deseja implementar uma estratégia de controle de seus insumos. INFOGRÁFICO No processo de classificação de bens patrimoniais, a empresa mobiliza de forma integrada recursos organizacionais, tais como capital material, patrimonial, humano e tecnológico, que se configuram como instrumentos para que a empresa alcance seus objetivos dentro da gestão da cadeia de suprimento. As empresas estão inseridas em mercados extremamente competitivos, em que a capacidade de agregar valor por meio de uma boa gestão dos recursos organizacionais acarretará sua sobrevivência e longevidade. Nesse sentido, a dinâmica da classificação de bens patrimoniais assume significativa importância. Confira, no Infográfico, mais detalhes sobre os recursos organizacionais utilizados para se obter os resultados desejados pelas empresas. CONTEÚDO DO LIVRO A gestão efetiva dos bens patrimoniais é imprescindível para lucratividade e competitividade organizacionais, levando em consideração a redução dos custos operacionais e o controle do fluxo patrimonial. Para isso, compete ao gestor compreender a dinâmica da classificação dos bens patrimoniais, com vistas a ter os materiais necessários na quantidade certa e no local e no tempo certos à disposição dos órgãos que compõem o processo produtivo da empresa. No capítulo Classificação de bens patrimoniais, da obra Estratégia e logística empresarial, estude a importância da classificação de bens patrimoniais por meio de técnicas que aperfeiçoem o gerenciamento logístico, desenvolva uma análise crítica da gestão de bens patrimoniais nos contextos intraorganizacionais e identifique os sistemas de controle de bens patrimoniais, objetivando a qualidade na prestação dos serviços internos e externos do gerenciamento logístico. Boa leitura. ESTRATÉGIA E LOGÍSTICA EMPRESARIAL Isis Boostel Classificação de bens patrimoniais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar a importância da classificação de bens patrimoniais por meio de técnicas que aperfeiçoem o gerenciamento logístico. Desenvolver uma análise crítica da gestão de bens patrimoniais nos contextos intraorganizacionais. Identificar os sistemas de controle de bens patrimoniais, objetivando a qualidade na prestação dos serviços internos e externos do geren- ciamento logístico. Introdução Toda organização deve primar por uma gestão de patrimônio eficiente, que garanta a operação da organização e a prestação de serviços aos seus clientes internos e externos de forma qualificada. Assim, neste capítulo, você vai estudar a importância da classificação de bens patrimoniais por meio de técnicas que aperfeiçoem o gerenciamento logístico. Você tam- bém vai acompanhar uma análise crítica da gestão de bens patrimoniais nos contextos intraorganizacionais e vai entender como a governança coorporativa busca dar transparência aos processos que envolvem a gestão dos bens patrimoniais e à prestação de contas a todos as partes interessadas. Por fim, você vai aprender sobre os sistemas de controle de bens patrimoniais e compreender como o controle de qualidade pode interferir no processo de prestação de serviços internos e externos ligados ao gerenciamento logístico. Bens patrimoniais e gerenciamento logístico Maximizar o aproveitamento dos recursos disponíveis tem se tornado uma estratégia para as organizações obterem vantagens competitivas. Com a de- manda constantemente sendo alterada pelo mercado, as empresas que detêm recursos como estratégia organizacional podem usá-los como diferencial. O cliente deseja consumir de forma global e ter sua demanda atendida da forma mais rápida; isso impele as organizações a se adaptarem e a transformarem os seus procedimentos internos e seus sistemas, controlando, por exemplo, a disponibilidade de recursos para atender seu mercado. Martins (2009) caracteriza os bens patrimoniais como um grupo de valores, direitos e obrigações relacionados às pessoas jurídica e física, que possam ser mensurados de forma monetária. Para o autor, os bens patrimoniais podem ser classificados de diferentes formas e podem incluir terrenos, equipamentos e edificações. Faz-se necessário que as empresas, independentemente do seu tamanho, conheçam seus bens patrimoniais, para geri-los de forma a garantir a lucratividade em suas operações. O que não é conhecido não se pode con- trolar, então, usar mecanismos de controle, que vão desde ferramentas mais simples até sistemas mais complexos, pode garantir qualidade nas operações e agilidade no tempo de resposta às demandas externas. Na Figura 1, estão representados os principais grupos de recursos de uma organização. Figura 1. Recursos de uma organização. Fonte: Adaptada de Cavalcante (2016). A seguir são descritos esses recursos, com base em Cavalcante (2016). Capital: por ser de ordem financeira, esse tipo de recurso pode ser identificado com maior facilidade nas organizações. É com esse recurso que a empresa consegue adquirir novos recursos. Classificação de bens patrimoniais2 Material: recurso utilizado para as operações da empresa. Esse recurso engloba desde a matéria-prima necessária para o processo produtivo até o produto que será comercializado. Patrimonial: são recursos imobilizados necessários para o funciona- mento de uma organização, como computadores, instalações, máquinas e equipamentos. Esses recursos necessitam de conservação, manutenção e reparos. Humanos: é o recurso mais importante de uma empresa, pois abrange as pessoas que trabalham direta ou indiretamente nela. São os recursos humanos que produzem, administram, compram, vendem, distribuem e planejam as atividades. O recurso humano é o principal pilar para o sucesso de um negócio. Tecnológico: recurso responsável por reduzir tempo, aumentar a eficiência e melhorar a comunicação interna e externa da empresa. Segundo Cavalcante (2016), para seu funcionamento, uma organização necessita dos mais variados bens. Estes podem ser bens tangíveis, comocomputadores e veículos, ou bens intangíveis, como o capital humano, o co- nhecimento das pessoas e os dados transacionados nos sistemas de informação da empresa e da cadeia de suprimentos em que essa empresa está inserida. Conforme Ballou (2010, p. 51), “[...] a redução de capital é a estratégia voltada para o enxugamento do nível dos investimentos nos sistemas logísticos. Maximizar o retorno sobre os ativos logísticos é a motivação desta estratégia”. Todo bem tem um valor para a organização, e o investimento em cada bem demanda atenção do gestor para extrair seu melhor uso, maximizando seu retorno. A gestão de bens patrimoniais deve levar em conta os atributos exigidos pelas operações, como controle de validade e de uso, manutenção, entre outros. Segundo Pozo (2015), uma das principais atividades ligadas à gestão de bens patrimoniais é a classificação e codificação dos bens patrimoniais. A classificação tem o objetivo de controlar o número de bens e a sua alocação nas diversas operações que ocorrem em uma empresa. Para o mesmo autor, a codificação, dentro da logística, permite o rastreio de bens e a relação do seu histórico dentro da empresa, como quando foram adquiridos, onde estão alocados, qual é a vida útil estimada, quanto de seu valor foi depreciado e por quais processos de manutenção o bem já passou. 3Classificação de bens patrimoniais O histórico de manutenção permite garantir maior segurança e assertividade no uso de uma empilhadeira ou de um veículo, por exemplo. Quando se controla a manutenção, a chance de o bem falhar durante a realização do processo é menor, e isso evita paradas na linha de produção ou na entrega de um produto ao cliente final. Segundo Cavalcante (2016), a codificação reúne os dados necessários para identificar e catalogar itens por meio de gráficos, tabelas, letras e números. Dias (2012) afirma que um sistema de codificação é essencial às operações de estocagem, pois garante ao gestor padronização e simplicidade, permitindo um trabalho mais dinâmico e uma forma de treinamento da equipe mais facilitada, normalizando os procedimentos. Segundo o autor, nesse sistema, é preciso que todos os bens sejam bem especificados, a fim de facilitar o entendimento de todos que vão manusear o bem. Segundo Dias (2012, p. 170), “[…] os sistemas de codificação mais co- mumente usados são: o alfabético, o alfanumérico e o numérico, também chamado decimal”. Conforme o autor, o sistema decimal é o mais utilizado por diversos tipos de empresas, por permitir combinações diversas. No sistema alfabético, o bem tem seu código representado por uma letra, e, para codificar o material, podem ser necessárias várias letras. Como as letras estão limitadas a um número finito, essa representação fica limitada e, também, leva a uma difícil memorização por parte da equipe que vai operar o sistema no dia a dia. Por isso, utiliza-se cada vez menos o sistema alfabético nas organizações. Toda operação que envolve pessoas e bens deve levar em conta o treinamento da equipe. Quando envolvem pessoas, os processos devem ser simples e de fácil entendi- mento. Em um armazém ou almoxarifado, existe rotatividade de itens, sazonalidade de operações e troca de turnos; por isso, a gestão da empresa deve focar em um sistema que busque facilitar a rotina e o entendimento dos processos. Classificação de bens patrimoniais4 Pozo (2015) corrobora a fala de Dias (2012) e apresenta a descrição dos modelos de codificação numérico e alfanumérico, apresentados a seguir. Alfanumérico: nesse sistema, os bens, como equipamentos ou materiais, são classificados com números e letras (Figura 2). Ele é de difícil me- morização e pode gerar confusão nas pessoas que vão atuar no processo diariamente — por isso, é pouco usado. Figura 2. Modelo de codificação alfanumérico. Fonte: Pozo (2015, p. 195). Sistema numérico: esse sistema possibilita uma infinidade de combina- ções e seu uso é bem simplista, podendo ser utilizado em maior escala por toda a cadeia de suprimentos. A Figura 3 apresenta o uso do sistema numérico, trazendo uma codificação que apresenta o sequenciamento do bem, as especificações, o local de uso, o centro de custo e o tipo. Figura 3. Modelo de codificação numérico. Fonte: Pozo (2015, p. 195). 5Classificação de bens patrimoniais Gestão de bens patrimoniais Segundo Pozo (2015), toda organização que busque sucesso em suas opera- ções deve estar atenta aos procedimentos internos que visam a garantir suas operações, adequando-os, quando necessário, para a melhor manutenção de seus bens materiais. Assim, as rotinas organizacionais devem levar em conta como os bens patrimoniais são preservados. Para que isso aconteça, no entanto, é necessário o compromisso dos funcionários de lidar com os bens da empresa como se fossem seus. Para Cavalcante (2016), uma boa gestão deve atender às demandas cres- centes do mercado, e o gestor deve buscar conduzir seu planejamento de forma a integrar stakeholders internos e externos e organizar a empresa em seus departamentos, dirigindo-os de forma a dar autonomia e conhecimento à equipe. Para tanto, podem ser utilizadas ferramentas de controle. Os bens patrimoniais descritos por Pozo (2015) incluem equipamentos, máquinas, materiais, edificações, entre outros. Dessa forma, várias áreas da organização estão envolvidas de alguma forma com a manutenção dos mais variados bens, para garantir um bom uso destes nas operações da empresa. O gestor de bens patrimoniais deve estar conectado com as áreas logística, de compras e contábil. Cada uma dessas áreas exerce influência na gestão dos bens que entram e saem da organização e que são utilizados para sua operação. As empresas que atuam com locações, que buscam certificações ou que pas- sam por processos de auditoria, fusões ou incorporações, por exemplo, devem estar atentas às atividades que interligam os setores, como cadastro, rastreio, movimentação e manutenção dos bens patrimoniais. Algumas empresas usam a governança coorporativa para assegurar que tais processos e informações não sejam burlados pelas pessoas envolvidas. Para Leite (2017, p. 33): Governança corporativa é um sistema de gestão adotado pela alta adminis- tração, que permite o equilíbrio de forças entre administradores e gestores, ou seja, sócios controladores, e gera tanto a necessária transparência de seus atos, como também a segurança ao mercado e em especial aos stakeholders (acionistas, instituições financeiras, fornecedores, clientes, funcionários, comunidade e os próprios sócios proprietários). Esse sistema permite à empresa controlar suas operações, dando transparên- cia e credibilidade ao mercado sobre as ações desempenhadas em seus setores internos. Ainda segundo Leite (2017), as empresas brasileiras têm buscado a expansão de seus negócios, e o investimento adquirido exige das empresas a contraprestação de suas compras e a descrição dos ativos e bens patrimoniais Classificação de bens patrimoniais6 que a empresa detém. Para tanto, faz-se necessário o engajamento da equipe, a conexão entre as áreas organizacionais e uma governança coorporativa que possa atuar na busca pela transparência dos processos. Para Oliveira (2015, p. 16): Governança Corporativa é o conjunto de práticas administrativas para oti- mizar o desempenho das empresas com seus negócios, produtos e serviços ao proteger, de maneira equitativa, todas as partes interessadas acionistas, clientes, fornecedores, credores, funcionários, governos, facilitando o acesso às informações básicas da empresa e melhorando o modelo de gestão. Um sistema de governança possibilita a proteção dos bens patrimoniais, ao gerar um sistema de controle transparente, que permite aos envolvidos o acesso a dados confiáveis, auditados por pessoas capacitadas em gerir as áreas administrativa e financeira da organização. A Figura 4 a seguir apresenta as finalidades da governança corporativa. Dentre essas finalidades, Oliveira (2015)destaca a proteção do patrimônio da organização, para a qual se faz necessária a integração das áreas administrativas desde a estruturação orga- nizacional, que busca resultados pelo envolvimento dos seus colaboradores. Figura 4. Finalidades da governança corporativa. Fonte: Oliveira (2015, p. 22). Pode-se perceber que a governança impacta tanto os stakeholders externos como os internos. Os departamentos que estão diretamente ligados à gestão de bens, a área patrimonial da empresa e a área de suprimentos e logística devem estar conectados em uma operação que vise a otimizar os custos, orientando cada colaborador sobre a importância de cuidar e conservar os bens da organização. 7Classificação de bens patrimoniais Dentro da governança corporativa, vale a pena atentar-se à gestão de ris- cos. Segundo Leite (2017), a gestão de riscos busca, por meio de previsões e dados estatísticos, prever sinistros que possam ocorrer, possibilitando reduzir as chances de prejuízo no negócio. Esse conceito ainda não é difundido em todas as categorias de negócios. É importante que o gestor entenda que, ao utilizar a gestão de risco em suas operações, ele pode reduzir custos, evitando sinistros. Isso pode ser feito a partir do desenvolvimento de procedimentos que envolvam os atores do processo, como as áreas organizacionais envolvidas com os bens patrimoniais, e do compartilhamento de dados que ajudem as pessoas a entenderem a importância da gestão dos bens e o seu impacto na operação organizacional e no atendimento à demanda do cliente. Para Leite (2017), os riscos estão ligados a várias áreas organizacionais e, geralmente, são interrelacionados. Por exemplo, um risco ligado à área operacional, que envolva o uso de um determinado bem patrimonial, vai de- sencadear uma consequência ligada a um custo financeiro para a empresa. Por isso, é necessário que seja realizado um mapeamento dos riscos nos diversos departamentos, como as áreas comercial, de tecnologia da informação, de recursos humanos, de suprimentos, entre outras. Sistemas de controle de bens patrimoniais Os bens patrimoniais de uma organização fazem parte de seu ativo, ou seja, parte dos bens da empresa que devem ser controlados, de forma a garantir que estejam disponíveis quando necessários para seus processos e para suprir a vontade de consumir do cliente da empresa. Cavalcante (2016) salienta que, para que o controle do patrimônio seja efi ciente, é necessário que os dados estejam atualizados e a verifi cação da movimentação de bens seja feita com certa constância pelo departamento de patrimônio da empresa. Toda operação necessita de um olhar criterioso da gestão, pois é exigido por toda a cadeia um padrão de qualidade, que começa nos menores processos internos que são conectados até o cliente final. No entanto, sabemos que cada empresa atua de uma forma específica; assim, entender os variados tipos de sistemas e ferramentas de controle de bens patrimoniais pode ajudá-las a identificar os erros em suas operações internas e nas operações do seu parceiro de negócio. Cavalcante (2016) afirma que a organização necessita estar atenta aos três tipos de controle de bens descritos a seguir. Classificação de bens patrimoniais8 1. Controle de localização: o gestor deve garantir que esse sistema valide a localização constantemente, garantindo sua precisão. Caso haja di- vergências, elas devem ser corrigidas. 2. Controle do estado de conservação: nesse caso, deve haver análise da integridade do bem e verificação da necessidade de manutenção, para que ele conserve suas especificidades para a operação. Um bem pode ser considerado novo, usado, recuperável, ocioso, antieconômico ou irrecuperável. 3. Controle de utilização: nesse caso, é necessário se ater ao entendimento das normas de utilização do bem, assegurando a compatibilidade entre o modo de uso e a sua finalidade. Esses controles ajudam a entender de forma geral como os bens são alocados nas operações e como devem ser utilizados no dia a dia, a fim de se garantir a qualidade dos processos. As organizações podem utilizar variados tipos de controles, que podem ser ajustados às suas políticas de estoques e de gestão organizacional. Por exemplo, algumas especificações devem ser levadas em con- sideração pelo gestor de bens patrimoniais para garantir a qualidade do processo de compras, conforme levantado por Viana (2009) e apresentado no Quadro 1. Fonte: Adaptado de Viana (2009). O que deve ser comprado Implica a especificação da compra Como deve ser comprado Revela o procedimento mais recomendável Quando deve ser comprado Identifica a melhor época Onde deve ser comprado Implica no conhecimento dos melhores segmentos de mercado De quem deve ser comprado Implica no conhecimento dos fornecedores da empresa Por qual preço deve ser comprado Evidencia o conhecimento da evolução dos preços no mercado Em que quantidade deve ser comprado Estabelece a quantidade ideal, por meio da qual haja economia na compra Quadro 1. Definições necessárias para garantir a qualidade do processo de compras 9Classificação de bens patrimoniais Não adianta o gestor controlar o processo interno, se houve erros ao se- lecionar o fornecedor que atende aos requisitos ou se não foram definidos o insumo e a quantidade correta. Por isso, para que se tenha êxito na gestão de materiais, é preciso controlar os processos de entrada e saída de materiais, adquirindo sempre a quantidade correta, com qualidade, a um preço justo, evitando desperdícios e falta de materiais. Para auxiliar o processo de controle, existem algumas ferramentas essenciais a esse processo, descritas a seguir. Curva ABC Uma técnica muito utilizada por variados tipos de organização é a chamada curva ABC. Segundo Pozo (2015, p. 92), “[…] o princípio da Curva ABC foi elaborado, inicialmente, por Vilfredo Pareto, na Itália, [...] através da elabo- ração de um estudo de distribuição de renda e riqueza da população local”. Segundo o autor, esse estudo demonstrou que 20% da população detinha 80% da renda, e a maior parte das pessoas (80%) vivia com 20% dos recursos. A partir do entendimento da lógica da curva ABC, as empresas passaram a se utilizar dessa técnica para analisar como são direcionados os seus estoques. Para Dias (2012), a curva ABC é um eficiente instrumento para identificar os tipos de materiais existentes no estoque e classificá-los, de forma a se obter o melhor gerenciamento, tendo em vista o valor e o giro de cada insumo. Ela permite identificar quais são os itens responsáveis pelo maior faturamento ou custo total, os chamados itens classe A. A partir da identificação desses itens, que normalmente correspondem a um pequeno percentual do volume do estoque, a empresa pode direcionar seus esforços para o desenvolvimento de políticas de estoque que foquem nesses itens de maior valor, de forma a evitar prejuízos e permitir maiores rendimentos com base nesse grupo. Segundo o autor, a técnica é utilizada para vários fins, como o estabelecimento de políticas de vendas, a gestão do estoque e a programação da produção. A curva ABC é uma técnica simples, adaptável a diversas organizações, que precisa, no entanto, de um volume alto de dados históricos, por exemplo, se a empresa quer calcular o volume de vendas de produtos. Segundo Dias (2019, p. 69), “[...] obtém-se a curva ABC através da ordenação dos itens conforme a sua importância relativa. [...] uma vez obtida a sequência dos itens e sua classificação ABC, disso resulta imediatamente a aplicação preferencial das técnicas de gestão administrativa, conforme a importância dos itens”. Dias (2019) traz um exemplo de elaboração da curva ABC, apresentado a seguir. No Quadro 2, você pode observar os dados coletados de uma empresa Classificação de bens patrimoniais10 com materiais codificados de A até J. No quadro, estão contidos o preço unitário de cada material, o consumo de unidades e o seu valor anual de consumo.Segundo Dias (2019), a ordem dos itens (grau) foi estabelecida a partir do valor do consumo anual (preço unitário × consumo anual) de cada item exemplificado. Fonte: Adaptado de Dias (2019). Material Preço unitário (R$) Consumo anual (unidades) Valor do consumo anual (R$) Grau A 1 10.000 10.000 8 B 12 10.200 122.400 2 C 3 90.000 270.000 1 D 6 4.500 27.000 4 E 10 7.000 70.000 3 F 1200 20 24.000 6 G 0,6 42.000 25.200 5 H 28 800 22.400 7 I 4 1.800 7.200 10 J 60 130 7.800 9 Quadro 2. Coleta de dados para a construção da curva ABC O princípio utilizado para a ordenação aponta o material I, que teve valor de consumo anual de R$ 7.200, como o de menor valor, sendo então classificado na décima posição; já o material C apresentou o maior valor em consumo anual e foi classificado na primeira posição. 11Classificação de bens patrimoniais Segundo Viana (2009), a ordenação pode ter padrões diferenciados, tendo em vista o que se busca analisar e o setor. Ele cita como exemplo a área de transportes, que pode optar por analisar o peso ou o volume das cargas. O objetivo da técnica ABC é permitir que o gestor perceba o giro de cada produto e tome decisões assertivas quanto ao processo de compra e armazenagem. No Quadro 3, os produtos foram classificados em ordem decrescente, com base no valor do consumo anual. Ainda, foram estabelecidos o valor total do consumo acumulado e o percentual de cada item em relação ao valor total do consumo acumulado. Fonte: Adaptado de Dias (2019). Grau Material Valor de consumo Valor de consumo acumulado (%) porcentagem sobre o valor do consumo total 1 C 270.000 270.000 46 2 B 122.400 392.400 67 3 E 70.000 462.400 79 4 D 27.000 489.400 83 5 G 25.200 514.600 88 6 F 24.000 538.600 92 7 H 22.400 561.000 95 8 A 10.000 571.000 97 9 J 7.800 578.800 98 10 I 7.200 586.000 100 Quadro 3. Ordenação dos dados para a construção da curva ABC Classificação de bens patrimoniais12 Após o gestor elaborar essas tabelas, o próximo passo é a elaboração de um gráfico, em que os materiais serão organizados de acordo com o valor de consumo acumulado. No eixo das abscissas (x), são inseridos os graus dos itens, e, no eixo das ordenadas (y), são adicionados os valores inerentes ao consumo. Para a elaboração, deve-se inserir à esquerda do gráfico o item com o maior valor de consumo acumulado, de acordo com os graus apresentados no Quadro 3, e, assim, sucessivamente, seguindo esse padrão para a inserção dos demais itens, até o de menor valor, à direita (Figura 5). Figura 5. Curva de determinação dos níveis de estoque. Fonte: Dias (2019, p. 67). Então, a curva deve ser dividida em três classes, A, B e C, conforme as faixas-limite apresentadas no Quadro 4. 13Classificação de bens patrimoniais Fonte: Adaptado de Dias (2019). Eixo Classe A Classe B Classe C Ordenadas 67–75% 15–30% 5–100% Abcissas 10–20% 20–35% 50–70% Quadro 4. Dados para a curva ABC Com os dados fornecidos no Quadro 4, é possível elaborar o gráfico da curva ABC (Figura 6). Observe que a curva ABC tem um padrão não crescente. Figura 6. Gráfico da curva ABC. Fonte: Dias (2019, p. 68). Classificação de bens patrimoniais14 A partir do gráfico da Figura 6, é possível observar que: os materiais C e B pertencem à classe A; os materiais F, H, A, J e I estão relacionados à classe C; os materiais E, D e G pertencem à classe B. A classe A denota mais atenção no controle de estoque, a classe B exige controle intermediário, e a classe C exige menor controle. Segundo Dias (2019), a partir da análise da curva ABC do setor de materiais avaliado no exemplo, pode-se obter os seguintes percentuais das classes de produtos e de seus valores: Classe A: 20% dos itens correspondentes a 67% do valor do estoque. Classe B: 30% dos itens correspondentes a 21% do valor do estoque. Classe C: 50% dos itens correspondentes a 12% do valor do estoque. Com esse cálculo simples, o gestor pode classificar a importância dos materiais para a gestão de estoques, de acordo com o valor e o volume des- pendidos pela organização. Moreira (2013) também ilustra a construção de uma curva ABC, em que a maior parte do valor está reunida em uma pequena parte dos bens, da classe A, representando menos de 20% da quantidade de itens e 70 a 80% do valor financeiro. Há uma classe intermediária, representada pela letra B, em que por volta de 20% dos itens totalizam 20% do valor investido em estoque. Por fim, existe a classe C, em que 10% do investimento é representado por 60 a 70% dos bens. O autor afirma que, colocando-se os itens em proporção de investimentos, a maior parte é representada por A, e, assim, sucessivamente. Na Figura 7 a seguir, vemos a construção do gráfico com essa premissa. 15Classificação de bens patrimoniais Figura 7. Construção do gráfico da curva ABC, com base na proporção de investimento. Fonte: Moreira (2013, documento on-line). O gráfico apresenta, da esquerda para a direita, do maior para o menor investimento em porcentagem. O acumulado das porcentagens é representado em ordenadas. Dessa forma, é possível verificar como os bens patrimoniais podem ter sua guarda, sua manutenção e seu controle estabelecidos com base em sua representação no estoque e sua importância financeira. Inventário físico Toda gestão de bens patrimoniais deve levar em conta o controle de seus equipamentos, como máquinas, veículos, entre outros. Esses bens devem estar disponíveis de forma que atendam à operação de produção e ao deslocamento de insumos e produtos acabados dentro da cadeia de suprimentos, proporcionando segurança nas operações e garantindo que seu uso proporcione o atendimento dos requisitos estabelecidos em cada processo. Após classificar e entender a importância de cada um desses bens, faz-se necessária a análise da localização e da quantidade dos itens existentes na em- presa. Para tanto, as empresas fazem uso dos inventários, que, segundo Santos (2012), consistem na descrição dos bens e valores que existem dentro de uma organização em um período específico, buscando atender a uma finalidade. Para Pozo (2015), os inventários podem ser classificados em geral ou rotativo. Nos inventários gerais, as empresas realizam uma contagem anual de Classificação de bens patrimoniais16 todos os seus produtos e bens no final de cada exercício fiscal. Nesse inventário, toda a operação da empresa é paralisada, e o foco passa a ser a contagem de todos os itens da organização. Já no inventário rotativo, as empresas selecionam produtos e bens específicos para contagens sazonais, que acontecem ao longo do ano, sem necessidade de paradas nas operações organizacionais. O objetivo geral dessa técnica é permitir a comparação entre o físico e o contábil. Muitas vezes, as organizações têm dados desatualizados em seus sistemas, o que as impedem de oferecer um serviço de qualidade ao seu cliente final. Por isso, a contagem se faz primordial para garantir a qualidade das operações de produção, movimentação e distribuição. Planejamento da necessidade de materiais (MRP) Tendo em vista a competição global, as empresas são impelidas, a cada dia, a buscarem ferramentas e sistemas que aperfeiçoem seus controles, a fi m de reduzir o custo, aumentando sua lucratividade e mantendo o nível de serviço exigido pelo consumidor. Um sistema muito popular utilizado pelas empresas é o planejamento da necessidade de materiais (MRP, do inglês materials requirements planning). De acordo com Dias (2012, p. 120): É um sistema que estabelece uma série de procedimentos e regras de decisão, de modo a atender às necessidades de produção numa sequência de tempo logicamente determinada para cada item componente do produto. O sistema MRP é capaz de planejar as necessidades de materiais a cada alteração na programação de produção, registros de inventários ou composição de produtos. O sistema tem como objetivo geral estabelecer a quantidade de itens ne-cessários para a produção no exato momento da necessidade da empresa, garantindo o menor volume de estoque e o atendimento da programação da produção e de suas fases. Segundo Pozo (2015), o MRP é um sistema que tem por fim evitar falhas no processo de produção, priorizando atividades e itens necessários à produção no tempo ideal. A aplicação do MRP busca disponibilizar o item certo, na hora exata da produção, calculando o tempo ideal para que cada operação ocorra. O uso do MRP procura dar garantias de que a produção obedeça a uma lógica de programação, que busque conciliar o capital da empresa a ser investido nos insumos da produção com o espaço para armazenar os itens e a capacidade produtiva da empresa — ou seja, máquinas e mão de obra. Ele vai permitir 17Classificação de bens patrimoniais usar de forma inteligente todos esses recursos no momento exato, reduzindo o custo de toda a operação e mantendo o prazo negociado com o cliente. Para Moreira (2013, documento on-line), o MRP “[…] é uma técnica para converter a previsã o de demanda de um item de demanda independente em uma programação das necessidades das partes componentes do item”. A Fi- gura 8 representa a operação do sistema MRP. Ele é composto pelos pedidos dos clientes e pelas previsões de demanda elaboradas pela equipe comercial da organização. Desses dados, é formado o programa-mestre de produção, que, em seguida, gera o programa MRP. Este, por sua vez, é alimentado pela lista de materiais de cada produto e pela informação sobre os produtos que já existem no estoque da empresa, resultando na saída de produção e em relatórios para a organização. Figura 8. Funcionamento do sistema de planejamento da necessidade de materiais. Fonte: Dias (2012, p. 121). Ordens dos clientes Lista de materiais Programa- -mestre de produção Programa MRP Saídas e relatórios Registro de inventários Provisões de demanda O sistema MRP evoluiu para o MRP II, que atende às mesmas especifi- cações e entradas de dados, planejando a compra e a produção, mas, além disso, integra o planejamento financeiro ao operacional. Segundo Dias (2012), o MRP II pode ser utilizado como ferramenta nos planos estratégicos das empresas em áreas distintas, como logística, finanças, marketing e produção. Classificação de bens patrimoniais18 O MRP II acoplou em sua operação outros módulos que permitem maior acuracidade de processos, como planejamento das necessidades de capacidade produtiva (CRP, do inglês capacity requirements planning) e controle de chão de fábrica (SFC, do inglês shop floor control). Para o autor, o CRP permite um detalhamento do MRP após a análise de alguma inconsistência nos recursos ligados ao sistema de produção. Já o SFC define as sequências das ordens produtivas no nível do chão de fábrica em um certo período. Segundo Pozo (2015), o MRP II é centralizado e força toda a operação a cumprir prazos acordados. O sistema está adaptado para atender às dinâmicas do mercado, que mudam as premissas de produção e volume com constância. A Figura 9 traz a representação do MRP de um brinquedo. Figura 9. Sistema de planejamento da necessidade de materiais de um brinquedo. O brinquedo da Figura 9 é formado por dois componentes, A e B, que apresentam diferentes especificações. Por exemplo, para a produção de uma unidade do brinquedo, são necessários quatro componentes do tipo D. Para a fabricação desse brinquedo, são conhecidos os seguintes tempos de proces- samento (Quadro 5). Perceba que o estoque remanescente, o tipo de operação e o tempo são diferentes para cada item que compõe o brinquedo. 19Classificação de bens patrimoniais Fonte: Adaptado de Moreira (2013). Item Operação Tempo de espera Estoque remanescente Brinquedo Montagem 1 semana 50 unidades A Fabricação 1 semana 60 unidades B Fabricação 3 semanas 100 unidades Quadro 5. Tempos de processamento do brinquedo e dos componentes A e B Para a montagem do processo no MRP, são necessárias as seguintes informações: necessidade bruta de insumos; estoque disponível na organização; recebimento programável; necessidade líquida; liberação de ordem. Suponha que, na semana 7, foi solicitada à empresa uma encomenda de 400 brinquedos, conforme mostra o Quadro 6. Fonte: Adaptado de Moreira (2013). Semana 1 2 3 4 5 6 7 Necessidades brutas 400 Estoque disponível Recebimentos programáveis Necessidades líquidas Liberação de ordem Quadro 6. Encomenda de 400 brinquedos Classificação de bens patrimoniais20 Se considerarmos que a entrega deve ser realizada na semana 7, faz-se necessária a montagem com prazo de uma semana. No Quadro 7, você pode observar que, na semana 7, a necessidade bruta foi de 400 brinquedos; como havia no estoque 50 unidades, foi necessário produzir 350 unidades para a liberação de ordem da semana 6. Fonte: Adaptado de Moreira (2013). Semana 1 2 3 4 5 6 7 Necessidades brutas 400 Estoque disponível 50 50 50 50 Recebimentos programáveis 0 Necessidades líquidas 350 Liberação de ordem 350 Quadro 7. Produção de 350 unidades de brinquedo O MRP deve executar a produção de cada um dos itens que compõem o brinquedo. Assim, o Quadro 8 representa a produção do item A. Fonte: Adaptado de Moreira (2013). Semana 1 2 3 4 5 6 7 Necessidades brutas 350 Estoque disponível 60 60 60 Recebimentos programáveis 0 Necessidades líquidas 290 Liberação de ordem 290 Quadro 8. Produção do item A Observe que, na semana 6 a necessidade bruta foi de 350 brinquedos, pois já havia 50 brinquedos prontos. Como já existem 60 itens A em estoque, será necessário produzir somente 290 na semana 5, para atender à demanda dessa operação. 21Classificação de bens patrimoniais A produção do item B segue o padrão apresentado no Quadro 9. Fonte: Adaptado de Moreira (2013). Semana 1 2 3 4 5 6 7 Necessidades brutas 700 Estoque disponível 100 100 100 Recebimentos programáveis 0 Necessidades líquidas 600 Liberação de ordem 600 Quadro 9. Produção do item B Como é preciso entregar 350 brinquedos e, para a produção de cada unidade, são necessários dois itens B, existe, então, a necessidade bruta de 700 itens. Porém, já existem 100 itens em estoque; dessa forma, a produção será de somente 600 peças, com a liberação de ordem conforme padrão estabelecido para a semana 4. O uso do MRP permite ao gestor saber exatamente a quantidade de itens necessária para a produção, tendo em vista o estoque de bens presentes na empresa e o recebimento que já foi programado e que pode estar a caminho de ser entregue. Just in time e kanban A gestão da qualidade teve sua ascensão na década de 1980, no Japão, e, desde então, ganhou expressão nas operações industriais em todo o mundo. Sua premissa é de desperdício zero nas operações, por meio de uma mudança cultural que envolve todos os níveis da organização. Segundo Moreira (2013), o modelo just in time (JIT) tem como premissa básica eliminar o desperdício, produzindo somente o que foi solicitado. Quando uma empresa busca implementar seus processos com a visão do JIT, ela primeiro implementa a cultura na corporação, que passa a entender o sentido de desperdício zero, que pode ser implementado em qualquer área. Isso ajuda a otimizar processos, gerando valor ao negócio. Para Monden (2015, p. 7), JIT “[…] significa basicamente produzir as unidades necessárias nas quantidades necessárias dentro do tempo necessário”. Classificação de bens patrimoniais22 Quando a empresa está empenhada em implantar a cultura de qualidade trazida pelo modelo JIT, resultados como economia, engajamento da equipe e lucratividade podem ser percebidos, pois somente o necessário será produzido na empresa, evitando custos não previstos. Segundo Dias (2012), os principais objetivos do JIT são: minimização dos prazos de fabricação; redução contínua dosníveis de inventário; redução dos tempos de preparação de máquina (setup); redução ao mínimo do tamanho dos lotes fabricados; conceito de “puxar” estoques em antecipação à demanda; flexibilidade da manufatura pela redução dos lotes de produção; No Quadro 9, apresentado anteriormente, podemos perceber como o JIT influencia as operações de produção, intervindo nos processos desde a pre- paração das máquinas até o processo produtivo, por meio da antecipação da demanda vinda do cliente e da flexibilização do volume de produção por meio de lotes de produção menores. Para Monden (2015), o uso do JIT na produção consiste em permitir que os processos estejam tão integrados de forma a garantir o uso adequado de insumos de forma precisa. As operações de produção podem ser altamente eficazes quando se utilizam mecanismos que permitem o controle dos bens pa- trimoniais, como máquinas e equipamentos, e dos materiais, como os insumos. Para Dias (2012), a metodologia do JIT não é específica em seus resultados, mas muitos fatores podem ser observados com seu uso; por exemplo: eliminação de defeitos; máximo aproveitamento; aumento da velocidade das informações; diminuição do tempo de preparação; redução da movimentação; manutenção preventiva; operários multidisciplinares; engajamento do operário; alinhamento entre fornecedor e empresa. Apesar de se mostrar como uma técnica altamente eficaz e simplista, o JIT ainda exige uma adaptação para proporcionar confiabilidade e flexibilidade, fatores considerados como dificultadores de sua implantação. 23Classificação de bens patrimoniais Por sua vez, o kanban é uma técnica que vem da filosofia JIT; em termos gerais, podemos conceituá-lo simplesmente como um cartão. Seu objetivo geral é cumprir a meta de desperdício zero. Segundo Moreira (2013), kanban significa sinal visível, ou seja, algo fácil de verificar, ou simplesmente cartão. O sistema busca, por meio da simplicidade, proporcionar uma operação visí- vel, que permite interação, praticidade e redução de erros. Segundo Monden (2015), o kanban controla de forma harmônica parte do processo produtivo em cada operação. Segundo Dias (2012), o kanban busca diminuir o tempo de start da máquina, bem como reduzir a medida do lote, levando à produção do estritamente necessário, a fim de atender à demanda. De acordo com o autor, algumas em- presas preferem usar o kanban em detrimento do MRP, devido à sua facilidade de operação e ao menor custo. São empregados dois tipos de kanban: um de retirada, que direciona o processo seguinte, e outro que sinaliza o volume a ser produzido. Esse modelo pode ser utilizado nas operações internas da organização, bem como em plantas de fornecedores; no entanto, é o modelo de controle menos usado. O modelo Toyota de cartão duplo apresenta duas premissas principais: para que haja produção, faz-se necessário o cartão de ordem de produção; além disso, não pode existir alteração no volume produzido — ou seja, deve ser feito somente o destacado no cartão. O kanban apresenta algumas restrições: por exemplo, a produção deve ser de itens regulares e que apresentam volume diário; ainda, a sua implementação depende de muito treinamento e do envol- vimento de todos, o que pode atrapalhar o processo. Destaca-se que a gestão por meio da qualidade busca o uso de ferramentas que sejam entendidas por todos os níveis organizacionais, desde a equipe da operação até o nível mais estratégico da empresa. Classificação de bens patrimoniais24 BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2010. CAVALCANTE, L. F. O. Administração patrimonial. São Paulo: Cengage Learning, 2016. v. 1. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2012. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 7. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2019. LEITE, R. C. Governança 2.0: como tornar uma organização eficiente. São Paulo: Trevisan Editora, 2017. MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos patrimoniais. 3. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2009. MONDEN, Y. Sistema Toyota de produção: uma abordagem integrada ao just-in-time. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. MOREIRA, A. A. B. Gestão logística e cadeia de suprimentos. Curitiba: Faculdades Opet, 2013. Apresentação de aula. Disponível em: http://opetgestaologistica.pbworks.com/w/ file/fetch/66733666/OPET%20-%20Gest%C3%A3o%20Log%C3%ADstica%20-%20 Aula%2011.ppt. Acesso em: 28 nov. 2019. OLIVEIRA, D. P. R. Governança corporativa na prática: integrando acionistas, conselho de administração e diretoria executiva na geração de resultados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015. POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. 7. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2015. SANTOS, G. Gestão patrimonial. 4. ed. Florianópolis: Secco, 2012. VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2009. Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 25Classificação de bens patrimoniais DICA DO PROFESSOR As empresas apresentam características que as individualizam no mercado em que atuam, porém todas têm uma singularidade, que se constitui nos seus bens patrimoniais. Fazer a classificação dos bens patrimoniais é determinante para que a empresa consiga atingir níveis de excelência que a destaquem no cenário empresarial, por parte dos responsáveis pela administração e controle financeiro de qualquer negócio, assim como entender quais são os benefícios que esse controle pode proporcionar para a empresa. Nesta Dica do Professor, veja as principais classificações que os bens patrimoniais têm em virtude de suas características. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Com o crescimento do Brasil, muitas empresas que visam a alavancar suas vendas têm buscado investimentos internacionais. Para isso, elas requerem segurança na compra para entender quais os custos das operações e quais bens patrimoniais existem na organização. Assinale a alternativa que apresenta esse sistema: A) Governança corporativa. B) MRP. C) Balanço patrimonial. D) Ativo imobilizado. E) Kanban. Maycon Carbone Realce 2) Conhecer o estoque é fundamental para controle e gestão de materiais. Para auxiliar o processo de controle, existem algumas ferramentas essenciais nesse processo. Das alternativas a seguir, qual indica uma ferramenta que ajuda na classificação de produto por seu valor e volume no estoque de uma organização? A) Curva ABC. B) MRP. C) Governança corporativa. D) Sistema Peps/UEPS. E) Kanban. Uma organização detém variados tipos de recursos. Relacione os conceitos a seguir e assinale a alternativa correta: 1 Capital: 2 Material: 3 Patrimonial: 4 Humanos: 5 Tecnológico: ( ) Recurso responsável por reduzir tempo e aumentar a eficiência. ( ) É com este recurso que a empresa consegue adquirir novos recursos. ( ) É o recurso que produz, administra, compra, vende, distribui e planeja as atividades. ( ) Estes recursos necessitam de conservação, manutenção e reparos. 3) Maycon Carbone Realce ( ) Recurso utilizado para as operações da empresa. A) 1, 2, 3, 5, 4. B) 4, 2, 3, 5, 1. C) 5, 2, 3, 4, 1. D) 1, 3, 4, 5, 2. E) 5, 1, 4, 3, 2. 4) O just in time (JIT) é uma metodologia japonesa difundida no mundo todo e que teve início nas indústrias automotivas. Sobre ela, assinale a alternativa correta: A) Maximização dos prazos de fabricação. B) Aumento contínuo dos níveis de inventário.C) Conceito de “empurra” estoques em antecipação a ̀ demanda. D) Aumento do tamanho dos lotes fabricados. E) Flexibilidade da manufatura pela redução dos lotes produção. Toda gestão de bens patrimoniais deve levar em conta o controle de seus equipamentos, como máquinas, veículos, entre outros. Esses bens devem estar disponíveis para que se atenda à operação de produção e deslocamento de insumos e produtos acabados dentro da cadeia de suprimentos, 5) Maycon Carbone Realce Maycon Carbone Realce dando segurança nas operações, garantindo que seu uso proporcione atendimento dos requisitos estabelecidos pelos diferentes processos. Sobre os tipos de inventários, analise as afirmativas a seguir: I. O inventário geral acontece ao longo do ano fiscal e permite mais assertividade na contagem do estoque. II. O inventário rotativo acontece com maior frequência; com ele, é possível parar somente a área que fará a conferência. III. O inventário é utilizado somente para vigiar os funcionários e puni-los caso não realizem suas atividades corretamente. Marque a opção correta: A) Somente a III está correta. B) Somente a I está correta. C) Somente a II está correta. D) II e III estão corretas. E) Todas estão corretas. NA PRÁTICA Fazer a gestão patrimonial é uma tarefa que demanda um tempo considerável e, consequentemente, envolve custos com levantamento de inventário e extravio de equipamentos. Algumas empresas desenvolveram ferramentas que auxiliam na gestão patrimonial, e os resultados são muito satisfatórios. Conheça, Na Prática, o caso da empresa Nexxto, que desenvolveu uma plataforma que otimiza o processo de levantamento de ativos. A plataforma pode ser utilizada em empresas de diversos Maycon Carbone Realce segmentos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: RFID — Gestão de ativos patrimoniais A tecnologia tem sido uma grande aliada na gestão patrimonial de determinadas empresas. No vídeo a seguir, veja como o sistema RFID pode auxiliar na gestão patrimonial de uma empresa. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Depreciação Depreciação é o custo ou a despesa correspondente ao desgaste pelo uso de ativos imobilizados. Neste vídeo, você irá aprender um pouco mais sobre depreciação de bens patrimoniais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Apresentação do sistema patrimonial — SISPAT.NET Existem alguns softwares que auxiliam na gestão e no controle patrimonial do Conselho, seguindo a determinação da legislação vigente e integrando a área contábil. No vídeo a seguir, conheça um desses softwares. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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