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Planejamento do Sistema de Movimentacao e Armazenagem de Materiais APRESENTAÇÃO O projeto de plantas industriais engloba não somente o dimensionamento dos recursos produtivos (quantidade e tipos de máquinas, equipamentos, mão de obra), mas também toda a infraestrutura necessária ao adequado e eficiente fluxo de materiais, o que inclui a definição dos sistemas de movimentação e de armazenagem de materiais. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as diferentes atividades de movimentação e armazenagem de materiais, identificar suas características e dimensionar áreas de armazenagem necessárias ao suporte do fluxo produtivo em plantas industriais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Contrastar as atividades de movimentação e armazenagem de materiais com as atividades de produção industrial. • Expressar os aspectos relacionados ao sistema de movimentação de materiais em plantas industriais. • Identificar dimensões e características das áreas de armazenagem de materiais em plantas industriais. • DESAFIO Tomar a decisão de alterar um sistema de produção, movimentação ou armazenagem é uma tarefa que envolve muitos riscos. Igualmente, seguir operando com um sistema inadequado também pode ser fatal para um negócio. Entre as opções de processo, o Just-in-time é uma das escolhas que podem ser feitas. Esse modelo pode ser adotado para o relacionamento da empresa tanto com os fornecedores quanto com os clientes. Após ler essas informações, avalie situação a seguir: Maycon Carbone Caixa de texto Todas as práticas e modelos apresentados têm sua eficiência comprovada. Porém, há muitos riscos envolvidos nessa estratégia, tanto nos recebimentos Just-in-time quanto na produção e na entrega dos produtos utilizando a mesma estratégia. Para o tipo de negócio, que lida com matérias-primas que usualmente vêm de regiões distantes, é muito arriscado contar que os fornecedores possam fazer as entregas Just-in-time. Aliado ao fato de que o processo produtivo iniciará somente após o pedido, há grande risco de paralisações da produção e atrasos de entregas. Caso o negócio cresça o suficiente, no futuro ele poderá atrair os fornecedores para perto de sua fábrica, o que viabilizaria o Just-in-time na entrega dos fornecedores. INFOGRÁFICO As plantas industriais têm por características a constante movimentação e a armazenagem temporária de materiais: as matérias-primas e os componentes são recebidos dos fornecedores e armazenados até que sejam necessários ao processo produtivo. Quando isso ocorre, os materiais percorrem itinerários diversos da área de armazenagem, passando pelas diferentes áreas de produção, até que se transformem em produtos acabados, que são, então, armazenados até o momento de sua venda ou despacho. Veja no Infográfico como ocorre esse fluxo de movimentação e armazenagem de materiais em uma planta industrial. CONTEÚDO DO LIVRO O projeto de plantas industriais inclui não somente as áreas de produção, mas também os espaços e a configuração necessários à armazenagem de materiais, bem como máquinas, equipamentos e sistemas necessários à movimentação desses materiais, de forma a garantir um fluxo eficiente no sistema produtivo. Acompanhe o capítulo Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais, da obra Projeto de plantas industriais, que serve de referencial teórico para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura! PROJETO DE PLANTAS INDUSTRIAIS Henrique Martins Rocha Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 R672p Rocha, Henrique Martins. Projeto de plantas industriais / Henrique Martins Rocha. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 150 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-158-7 1. Engenharia de produção. 2. Plantas industriais. I. Título. CDU 658.5 Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Contrastar as atividades de movimentação e armazenagem de ma- teriais com as atividades de produção industrial. Expressar os aspectos relacionados ao sistema de movimentação de materiais em plantas industriais. Identi� car dimensões e características das áreas de armazenagem de materiais em plantas industriais. Introdução O projeto de Plantas Industriais engloba não somente o dimensionamento dos recursos produtivos (quantidade e tipos de máquinas e equipamentos, bem como mão de obra), mas também toda a infraestrutura necessária ao adequado e eficiente fluxo de materiais, o que inclui a definição dos sistemas de movimentação e de armazenagem de materiais. Neste texto, você vai estudar as diferentes atividades de movimenta- ção e armazenagem de materiais, identificar suas características e dimen- sionar áreas de armazenagem necessárias ao suporte do fluxo produtivo em plantas industriais. U N I D A D E 3 Processo logístico em plantas industriais As plantas industriais, como unidades de operações (ou seja, de transformação dos insumos em produtos acabados) têm intensa movimentação de materiais: os insumos são recebidos dos fornecedores, devendo ser armazenados, movi- mentados para as áreas de produção, processados, movimentados para o local de armazenagem e dali expedidos para os distribuidores ou clientes fi nais, como mostrado na Figura 1. Figura 1. Ambiente de mercado e interações da empresa. A importância de um arranjo físico eficiente vai além da eficácia de um processo mais enxuto e funcional, e afeta os custos de uma operação, visto que o arranjo físico faz parte do projeto de processos, estando diretamente ligado à tecnologia de processos, ao projeto do trabalho e ao projeto da rede de suprimentos (RODRIGUES, 2017). Desta forma, independentemente do tipo de arranjo físico presente na planta, é necessário planejar os locais, as dimensões e a configuração das áreas de armazenagem de materiais, bom como os sistemas de movimentação a serem utilizados. Para tanto, alguns aspectos precisam ser considerados, como o tipo de arranjo físico, o volume de produção e as características do processo produtivo e do produto em si. Por exemplo, você precisa identificar se existe um fluxo contínuo ou intermitente. Outra dimensão relacionada à produção envolve a produção empurrada e a produção puxada, diferenciadas a seguir. Na produção empurrada, a produção ocorre com base em previsões de demanda e, ao final, com a formação de estoque de produtos acabados, procura-se vendê-los. Na realidade, o conceito de “empurrar” acontece em todos os elos da cadeia produtiva: compramos matéria-prima e “empurramos” para a fábrica. Em seguida, “empurramos” a matéria-prima para a área da produção, produzindo os produtos que são, então, “empurrados” para os Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais 116 estoques da fábrica e dali são novamente “empurrados” para os distribuidores e, em seguida, “empurrados” para as lojas. Essa é a modalidade encontrada, por exemplo, nos produtos que você vê nas lojas de departamentos: fogões, geladeiras, etc. Tais produtos foram produzidos antes de alguém pensar em comprá-los. Na modalidade de produção empurrada, existe o MTS (do inglês make to stock: produzir para estoque) e, como o regime é sempre o de empurrar, há normalmente a formação de estoques intermediários. Por exemplo, ao em- purrarmos a matéria-prima, é comum que ela fique esperando a disponibilidade de máquinas e equipamentos para as operações de produção, da mesma forma que os produtos ficam estocados nas lojas esperando pelos consumidores para serem comprados. Outra modalidade é a ATO (do inglês assemble to order: montar conforme pedido), em que os materiais são “empurrados”, mas não o produto final, ou seja, temos tudo o que é necessário para concluir o produto final, mas só o fazemos quando há um pedido do cliente. Por exemplo,os sanduíches em uma lanchonete: o dono não deixa os sanduíches preparados à espera dos pedidos. Eles são preparados (montados) no momento em que o cliente faz o pedido, diferentemente dos sanduíches prontos para consumo, lacrados e refrigerados, que encontramos em alguns locais, como supermer- cados e lojas de conveniência. Na produção puxada, a demanda é que dita os passos e o ritmo da pro- dução. Assim, existe a modalidade MTO (do inglês make to order: produzir conforme pedido), em que os insumos são adquiridos, e os produtos são pro- duzidos e entregues somente a partir dos pedidos feitos pelos clientes. Nesse caso, obviamente não há a formação de estoques intermediários, pois tudo é produzido estritamente conforme a necessidade. Produtos específicos, feitos por encomenda, personalizados, bem como produtos referentes a pedidos de exportação (em que demandas específicas de cada país determinam uma fabricação diferenciada) são exemplos de produção puxada. Em casos específicos, em que a empresa precisa atender demandas espe- cíficas não só de fabricação, mas do próprio desenvolvimento (criação) do produto ou serviço demandado pelo cliente, temos a caracterização do ETO (do inglês engineering to order: engenharia conforme pedido). As dimensões que caracterizam a produção sob encomenda, puxada, por não gerarem excessos de material, ou seja, acúmulo de estoques, são bastante rápidas e com perdas e desperdícios muito reduzidos, constituindo o que é comumente chamado de produção enxuta. 117Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais Assim, da mesma forma que você precisa dimensionar os recursos neces- sários à produção (como a quantidade de máquinas e equipamentos, a mão de obra e a infraestrutura), é necessário dimensionar os recursos referentes à movimentação e armazenagem de materiais nas plantas industriais (referentes a insumos, material em processo ou produtos acabados), além de materiais de suporte (como peças de reposição para manutenção, consumíveis e material de escritório). Ao considerar todos esses aspectos no projeto das plantas industriais, você garante que haja espaço e condições adequadas para o fluxo de materiais no processo produtivo, sem estrangulamentos do fluxo nem espaço excedente (que é uma forma de desperdício), ou distâncias excessivas a serem percorridas pelo material (o que consome tempo e recursos sem que, de fato, seja agregado valor ao produto). Nesse sentido, “[...] o processo logístico, que vai desde a chegada da matéria-prima ao consumidor, é considerado uma entidade única e sistêmica que deve ser constantemente ajustada e alinhada, sempre de forma a considerar o todo [...]” (PAULA, 2015, p.13). O projeto de plantas industriais abrange as diversas dimensões logísticas em seu planejamento, em especial a logística empresarial. O termo logística é definido pelo Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP) como o processo de planejar, implementar e controlar eficientemente, ao custo correto, o fluxo e a armazenagem de matérias-primas e estoque durante a produção de produtos acabados, e as informações relativas a estas atividades, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, visando a atender aos requi- sitos do cliente. Já o termo logística empresarial é definido por Ballou (2001) como todas as atividades de movimentação e armazenagem − que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como os fluxos de informação que colocam os produtos Leia sobre o conceito de pensamento enxuto, que engloba a produção, no site do Lean Institute Brasil: https://goo.gl/BXEiDA Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais 118 em movimento −, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. Ballou (2009, p.17) defende que “[...] a logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivos para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos [...]”. Ampliando o conceito, temos que: A logística é definida como a colocação do produto certo, na quantidade certa, no lugar certo, no prazo certo, na qualidade certa, com a docu- mentação certa, ao custo certo, produzindo no menor custo, da melhor forma, deslocando mais rapidamente, agregando valor ao produto e dando resultados positivos aos acionistas e clientes. Tudo isso respei- tando a integridade humana de empregados, fornecedores e clientes e a preservação do meio ambiente (ROSA, 2010, p.17). Para saber mais sobre logística, você pode acessar os seguintes sites: www.anac.gov.br www.antaq.gov.br www.antt.gov.br www.aslog.org.br www.brandstsc.wordpress.com www.cebralog.com www.cnt.org.br www.cscmp.org www.dnit.gov.br www.guiadelogistica.com.br www.ilos.com.br www.transportes.gov.br As atividades da logística são definidas com base na função que elas exercem. São elas: processamento de pedidos; sistema de informações logísticas; compras; 119Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais políticas de estoque; transporte e distribuição; custos logísticos; embalagens de proteção; localização; manuseio e movimentação de materiais; e armazenagem. Chamamos a sua atenção para a localização, que se refere a identificar o local em que a planta deve ser instalada, sendo um elemento fundamental que, junto com o planejamento do arranjo físico e da capacidade de produção, formam os pilares essenciais do projeto dos sistemas de produção. Quanto à localização, são cruciais os aspectos relacionados a facilidades e disponibi- lidade de terreno para a construção da planta, bem como benefícios fiscais. Veja no Quadro 1 os outros itens que merecem destaque na sua análise. Disponibilidade de matérias-primas É preciso avaliar se a nova localização fornece as condições necessárias para a obtenção das matérias-primas envolvidas na fabricação de seus produtos, avaliando, inclusive, se permanecerá comprando seus insumos dos mesmos fornecedores ou se existem outros fornecedores no local. Recursos básicos É necessário avaliar se a região apresenta garantia e potencial de expansão para o fornecimento de recursos como energia elétrica, que são essenciais para o processo produtivo da fábrica. Mão de obra É preciso avaliar se a mão de obra atual poderá ser aproveitada na nova localização ou se será necessário contratar novos funcionários residentes nas proximidades do local. Nesta segunda alternativa, a qualidade da mão de obra pode ser um fator determinante, incluindo aspectos como experiência e treinamentos necessários para o desempenho das atividades. Quadro 1. Itens de destaque na localização. (Continua) Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais 120 Note que as decisões de localização afetam diretamente as funções de transporte e distribuição, dentre outras, por conta das interações com o am- biente externo da planta, ao passo que o planejamento do arranjo físico é voltado para as operações internas, afetando as funções de manuseio e movimentação de materiais, além de armazenagem. Movimentação de materiais em plantas industriais A movimentação de materiais − tanto nas áreas de produção como nas áreas de armazenagem − pode assumir um elevado grau de complexidade, abrindo espaço para ganhos incrementais de produtividade a partir do investimento em equipamentos e de metodologias de movimentação adequadas (atividades manuais ou mecanizadas), com possibilidade de automação dos sistemas de movimentação. Os equipamentos de movimentação podem otimizar o espaço de diversas formas. As empilhadeiras, por exemplo, ampliam o aproveitamento do espaço de armazenagem ao possibilitar o uso de prateleiras com aproximadamente 3,65 metros de altura.Sem esse tipo de equipamento, possivelmente a utili- zação máxima de altura não passaria de 1,80 metro. Além disso, a utilização de esteiras automatizadas pode resolver vários problemas de configuração Qualidade de vida e serviços essenciais É necessário avaliar questões como rede de ensino local (impactante sobre a qualidade da mão de obra), saúde, segurança, transporte público e mobilidade urbana e infraestrutura de telecomunicações, todos correspondendo a aspectos importantes, direta ou indiretamente envolvidos no desempenho da operação. Localização dos mercados consumidores É preciso avaliar a distância entre esta localidade e o posicionamento de clientes e fornecedores, bem como verificar se apresentam boas condições logísticas, que permitam tanto a obtenção de matérias-primas quanto o despacho dos produtos acabados. Quadro 1. Itens de destaque na localização. (Continuação) 121Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais de layout do armazém ou de restrição quanto à largura de corredores, que impediriam, por exemplo, o uso de empilhadeiras de movimentação. O recebimento é uma etapa que não exige muita mão de obra e possui poucos fatores de risco de operação. Entretanto, não é possível automatizá-la completamente, pois na maioria dos casos, ainda é necessária mão de obra nessa etapa, porque existe um importante fator de conferência dos materiais recebidos, embora essa tarefa possa ser feita com o uso de equipamentos de identificação e leitores de códigos de barra. A etapa de manuseio interno é possivelmente a que apresenta maior margem para automação das etapas. O manuseio de materiais e equipamentos com mão de obra humana expõe o funcionário a riscos ergonômicos relativos ao transporte de peso, por exemplo, logo, a utilização de sistemas de manuseio mecanizados, semiautomatizados ou automatizados pode garantir ganhos nos processos, nos custos e na eficiência dessa etapa. A utilização de esteiras transportadoras, empilhadeiras e separadores automatizados é um exemplo a ser considerado. A expedição tem uma exigência menor de mão de obra, mas pode ser otimizada empregando estantes dinâmicas e um sistema de identificação auto- matizado. Nas figuras a seguir, você vai ver diversos equipamentos utilizados para a movimentação de materiais em plantas industriais. Figura 2. Empilhadeira transportando carga sobre palete. Fonte: wavebreakmedia/Shutterstock.com. Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais 122 Figura 3. Movimentação de materiais com paleteira. Fonte: Baloncici/Shutterstock.com. Figura 4. Carrinho industrial. Fonte: urfin/ShutterStock.com. 123Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais Figura 5. Transportadora de rolos. Fonte: alphaspirit/ShutterStock.com. Figura 6. Esteira transportadora. Fonte: Vivi-o/ShutterStock.com. Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais 124 Figura 7. Veículo Auto Guiado (AGV). Fonte: Roboteq (c2017). Áreas de armazenagem em plantas industriais Armazenagem é a denominação genérica e ampla que inclui todas as ativida- des de um local destinado à guarda temporária e à distribuição de materiais (depósito, almoxarifado, centro de distribuição, etc.) (MOURA, 2005). Aspectos importantes da logística de armazenagem são o correto dimen- sionamento das estruturas de armazenagem e a otimização da utilização dos espaços internos. O planejamento de tais áreas engloba a avaliação das pos- sibilidades de uso e da configuração das instalações de armazenagem quanto à altura das estruturas, ao dimensionamento de comprimento, à largura e às possibilidades de diferentes arranjos de layout interno de armazéns (ou mesmo nas áreas de produção) para comportar o material em processo. Diferentes tipos de estruturas e recipientes são utilizados na área industrial, como você vai ver nas figuras a seguir. Figura 8. Bins. Fonte: Mundial.log (c2017). 125Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais Figura 9. Rack aramado. Fonte: Mundial.log (c2017). Figura 10. Porta-paletes. Fonte: Baloncici/ShutterStock.com. Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais 126 Figura 11. Estantes e prateleiras. Fonte: sirtravelalot/ShutterStock.com. O dimensionamento das áreas de armazenagem segue a lógica da análise unitária para identificar as necessidades de espaço e arranjo. Vamos ver um exemplo de como isso acontece. Suponha que você precisa estabelecer a área necessária para comportar um volume de 600 mil canetas esferográficas. Figura 12. Fonte: Vangelis Vassalakis/ShutterStock.com. 127Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais As canetas são produzidas e embaladas em caixas de 7 x 3 cm de base e 16 cm de altura, cada uma contendo 12 canetas. Essas caixas são, então, colocadas em caixas maiores (dimensões externas: 50 x 50 x 50 cm, com paredes de 4 mm), as quais são colocadas sobre paletes de 1 m x 1 m x 20 cm. Figura 13. Fonte: urfin/ShutterStock.com. Observe que as 600 mil canetas seriam colocadas em 50 mil caixas (600.000/12 = 50.000) e essas caixas seriam acomodadas em caixas maiores. As dimensões internas das caixas maiores (isto é, descontando a espessura das paredes) seriam 49,2 x 49,2 x 49,2 cm e, desta forma, seria possível colo- car 16 fileiras de 7 caixas de canetas “em pé” dentro delas. E seria possível empilhar um total de 3 camadas dessas fileiras. Assim, cada caixa grande comportaria um total de 16 x 7 x 3 = 336 caixas de esferográficas, ou seja, um total de 336 x 12 = 4.032 canetas. Com as dimensões externas de 50 x 50 cm, seria possível colocar 4 caixas sobre o palete de 1 x 1 m. Supondo que a equipe de Engenharia de Embalagens determinasse que poderia haver o empilhamento de 2 alturas, cada palete comportaria 8 caixas grandes e, consequentemente, 8 x 4.032 = 20.160 canetas. Logo, para acomodar as 600 mil canetas, seriam necessários 600.000/20160 = 30 paletes (observe que é necessário arredondar “para cima”). Precisamos, agora, definir como os 30 paletes serão acomodados. Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais 128 Se optarmos por estantes com 2 metros de largura por 1,5 metro de pro- fundidade, com um vão de 1,5 de altura entre o piso e a primeira prateleira e o mesmo vão entre prateleiras, podemos colocar 2 paletes em cada vão. Resta determinar quantas estantes são necessárias e, para isso, precisamos saber quantos vãos (ou seja, quantas “alturas”) serão utilizados. Você precisa definir, então, qual é o alcance dos equipamentos de movimentação para que os paletes possam ser colocados e retirados das prateleiras. Figura 14. Fonte: Syda Productions/ShutterStock.com. Supondo, por exemplo, que o alcance seja de 5 metros, os garfos da empi- lhadeira ultrapassariam a altura do terceiro vão da estante e, consequentemente, poderiam ser colocados paletes até o quarto vão da estante. Desta forma, cada estante comportaria 4 x 2 = 8 paletes. Como temos de acomodar 30 paletes, precisamos, então, de 4 estantes. Considerando um raio de giro de 3 metros para a empilhadeira, as estantes poderiam ser acomodadas da seguinte forma na área de armazenagem (delimitada pela linha tracejada): 129Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais Figura 15. Consideramos nesse exemplo somente um produto (as canetas esferográfi- cas). Para produtos diversos, vamos pensar no estoque de peças e componentes de uma montadora de automóveis. Neste caso, a lógica seria a mesma: você precisa identificar a quantidade a ser armazenada de cada um deles, bem como a forma de embalagem, para definir o volume necessário, as alturas e, conse- quentemente, as áreas destinadas para a armazenagem dos diversos materiais. Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais 130 Planejamento do sistema de movimentação e armazenagem de materiais 131 BALLOU, R. H. Logística empresarial:transportes, administração de materiais e distri- buição física. São Paulo: Atlas, 2009. BALLOU, R. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. MOURA, R. A. Sistema e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais: sistemas e técnicas. 5. ed. rev. São Paulo: IMAM, 2005. MUNDIAL.LOG. Rack aramado. São Paulo: Mundial.log, [c2017]. Disponível em: <http:// www.mundiallog.com.br/rack-aramado>. Acesso em: 05 ago. 2017. PAULA, M. M. Parametrização da movimentação e otimização da área de fracionamento de produtos químicos. 2015. 46 f. Monografia (Graduação em Engenharia de Produção) – Faculdade de Tecnologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Resende, 2015. ROBOTEQ. Building a magnetic track guided AGV. Scottsdale: Roboteq, [c2017]. Disponível em: <https://www.roboteq.com/index.php/applications/100-how-to/278-building- -a-magnetic-track-guided-agv>. Acesso em: 05 ago. 2017. RODRIGUES. R. V. Definição de critérios para gestão do arranjo físico de peças protótipas utilizadas em diferentes programas em uma indústria automotiva de grande porte. 2017. 61 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017. ROSA, R. A. Gestão logística. Florianópolis: Departamento de Ciências da Adminis- tração / UFSC, 2010. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Além das áreas de armazenagem para matérias-primas, peças, componentes e produtos acabados, as plantas industriais necessitam de espaço para acomodar o material que está sendo processado, ou seja, que deixou de ser matéria-prima, insumo, mas ainda não se tornou produto pronto, acabado. Acompanhe a Dica do Professor, que traz considerações sobre como calcular as necessidades de espaço para esse tipo de material! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Sobre armazenagem, é correto afirmar que é: A) a) Uma maneira ineficiente de gerenciar recursos. B) b) A etapa final do processo logístico. C) c) Um custo desnecessário para a organização. D) d) Uma parada temporária no fluxo de materiais ao longo de um ciclo produtivo. E) e) A etapa caracterizada pelo manuseio dos materiais exclusivamente no interior do armazém. 2) Diferentemente dos sistemas manuais, os sistemas mecanizados empregam uma grande variedade de equipamentos de manuseio. Dos equipamentos citados a seguir, qual é considerado um equipamento de manuseio manual? Maycon Carbone Realce A) a) Paleteiras. B) b) AGV. C) c) Empilhadeiras. D) d) Carrinhos industriais. E) e) Esteira transportadora. 3) "A utilização de empilhadeiras e equipamentos semelhantes permite a redução da área total de armazenagem", porque, "ao permitir a armazenagem em alturas maiores, é possível armazenar o mesmo volume de materiais em áreas menores". A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: A) a) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta para a primeira. B) b) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta para a primeira. C) c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa. D) d) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição verdadeira. E) e) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas. 4) "O sistema de produção MTS tem baixo volume de estoques", porque "nele a produção é empurrada, com base em previsões de demanda". A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: Maycon Carbone Realce Maycon Carbone Realce A) a) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta para a primeira. B) b) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta para a primeira. C) c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa. D) d) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição verdadeira. E) e) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas. 5) Qual a área necessária para armazenar 10 pallets de 1,5 m x 1,5 m, que suportam caixas de 1,2 x 1,2 x 1,2 m e ficam acomodados em estantes que têm vãos de 2,5 m de largura por 1,5 de profundidade e altura de 2 m? Considere que os equipamentos de movimentação alcançam 5 m de altura e requerem um raio de giro de 3 m. A) a) 48 m2. B) b) 15 m2. C) c) 30 m2. D) d) 36 m2. E) e) 98 m2. NA PRÁTICA Uma forma criativa para reduzir as áreas de armazenagem na fábrica e nos próprios Maycon Carbone Realce Maycon Carbone Realce Maycon Carbone Caixa de texto Cada estante comporta 3 pallets e, consequentemente, seriam necessárias 4 estantes. Colocando essas estantes separadas por um corredor de 3 m, teríamos (1,5 + 3 + 1,5 = 6) 6 m de largura total. Ainda, considerando as estantes lado a lado + 3 m de raio de giro, teríamos (2, 5 + 2,5 + 3 = 8) 8 m de profundidade. Assim, a área total seria de 6 x 8 = 48 m2. fornecedores desta foi adotada pela Volkswagen e denominada de consórcio modular, na qual os parceiros da empresa mãe (chamados modulistas) atuam diretamente na linha de montagem do produto final, dividindo não só o espaço físico, mas também responsabilidades. Dessa forma, o fluxo do sistema produtivo engloba os fluxos dos próprios parceiros, reduzindo transporte, armazenagem e movimentação de materiais, tornando o sistema como um todo altamente eficiente. Os parceiros não participam do lucro final, mas eles continuam sendo fornecedores, com a diferença de também montarem as peças que vendem. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Análise e localização de centros de armazenamento e triagem de resíduos sólidos urbanos para a rede de logística reversa: um estudo de caso no município de São Mateus, ES Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Como funciona a aplicação colaborativa? Saiba mais sobre o assunto no artigo Logística colaborativa: um estudo de caso no setor de armazenagem e logística. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EAN WAREHOUSING: UM CASO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO ATACADISTA Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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