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Tópicos Especiais em Ética e Bioética

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25/04/2022 23:09 Tópicos Especiais em Ética e Bioética
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02827/index.html# 1/57
Tópicos Especiais em Ética e Bioética
Profª. Loreta Lacerda Cáo Toffano
Descrição
Questões bioéticas e éticas relativas ao transplante de órgãos e tecidos, à reprodução humana, à epidemia e
pandemia e ao atendimento a pessoas com deficiência.
Propósito
Compreender as particularidades éticas e bioéticas que envolvem o transplante de órgãos e tecidos, a
reprodução humana, a epidemia e pandemia e o atendimento inclusivo à pessoa com deficiência é decisivo
para melhorar o atendimento das populações.
Objetivos
Módulo 1
Transplante de órgãos e tecidos
Reconhecer os conceitos, as legislações e as questões bioéticas do transplante de órgãos e tecidos.
Módulo 2
Reprodução humana assistida
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Reprodução humana assistida
Reconhecer as questões bioéticas da reprodução humana assistida e da contracepção.
Módulo 3
Epidemia e pandemia
Reconhecer os conceitos e as questões éticas das epidemias e pandemias.
Módulo 4
Atendimento à pessoa com de�ciência (PcD)
Reconhecer os conceitos e as questões éticas no cuidado de pessoas com deficiência.
Com o avanço da ciência e da tecnologia, novos procedimentos e cuidados foram estabelecidos para
os atendimentos de saúde e, consequentemente, novos embates éticos surgiram no meio.
Para que o profissional de saúde atenda com qualidade, integridade e equidade, manter-se informado
e atualizado sobre os procedimentos e as legislações vigentes é fundamental. Desconhecê-los pode
levar a atitudes e práticas antiéticas e passíveis de penalidades.
Assim, neste material, abordaremos conceitos básicos de ética e bioética, bem como questões
específicas do transplante de órgãos e tecidos, da reprodução assistida, da pandemia e epidemia e
do atendimento de pessoas especiais, assuntos de extrema relevância para todos os profissionais de
saúde.
Introdução
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1 - Transplante de órgãos e tecidos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os conceitos, as legislações e as
questões bioéticas do transplante de órgãos e tecidos.
Transplante de órgãos e tecidos
Segundo o dicionário on-line Dicio, “transplante” significa: “Operação cirúrgica que consiste na implantação
no corpo humano (ou dos animais) de um órgão extraído de outro ser humano (ou animal). A mesma
operação em que se usa tecido colhido do próprio indivíduo”.
Quando falamos de transplantes, devemos atentar para os tipos e as particularidades de cada caso:
Xenotransplante
Realizado com órgãos e tecidos de outras espécies de animais. Esse tipo de transplante ainda está em
estudo por conta dos fatores de rejeição.
Alotransplante intervivos
Quando um transplante é realizado com órgão doado por doador vivo. Por exemplo, transplante de um dos
pulmões.
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Alotransplante de doador falecido
Quando o transplante é realizado com órgão de doador falecido. Por exemplo, transplante do coração.
Transplante de órgãos.
Quando o paciente tem a função de um de seus órgãos comprometida e não há perspectiva de melhora do
órgão afetado (sem viabilidade, já que não exerce mais sua função), seu nome entra na lista nacional de
espera por um doador.
No Brasil, essa lista é única e cadastrada por estados e regiões de acordo com a necessidade e a gravidade
do receptor. Assim se forma o banco do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Para cada tipo de órgão
(coração, rim, pulmão) a ser transplantado, é gerada uma lista diferente.
Conforme as pessoas doam os órgãos dos seus familiares, muitos exames são realizados para verificar as
compatibilidades e a viabilidade dos órgãos a serem doados. Além disso, equipes de transplante são
mobilizadas para prestar assistência tanto aos doadores como aos receptores.
É importante destacar que o órgão é doado para o primeiro da lista do SNT que seja
compatível e dê o consentimento por escrito; em caso de ser juridicamente
incapaz, o consentimento será manifestado pelo representante legal. Não pode ser
feito transplante sem o receptor estar na lista e a família não pode direcionar para
quem vai aquela doação.
No processo de doação, temos diversos profissionais envolvidos: enfermeiros, médicos, psicólogos,
assistentes sociais, fisioterapeutas, radiologistas, biomédicos, entre outros. Cada um é uma parte vital no
processo, em que o tempo é crucial. Não pode haver falhas, pois muitas vidas dependem de todos os
profissionais estarem comprometidos com o sucesso do transplante.
Saiba mais
Por que o tempo é tão importante em um transplante? Cada órgão tem seu tempo de isquemia (sem a
presença de um fluxo sanguíneo e oxigênio adequado) que viabiliza o transplante. São eles:
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Coração: 4 horas.
Pulmão: de 4 a 6 horas.
Rim: 36 horas.
Fígado: 12 horas.
Pâncreas: 20 horas.
Córnea: até 7 dias.
A seguir, veja o passo a passo dos transplantes.
Primeiro passo
O hospital notifica a central de transplantes sobre um paciente com morte encefálica ou
parada cardiorrespiratória .
Segundo passo
A central de transplante pede confirmação do diagnóstico de morte encefálica e faz os testes
de compatibilidade entre o doador e os principais receptores.
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Terceiro passo
Quando há mais de um receptor compatível, a decisão de quem receberá o órgão passa por
critérios como tempo de espera e urgência do procedimento. 
Quarto passo
A central de transplante emite uma lista de potenciais receptores para cada órgão e comunica
os hospitais. 
Quinto passo
A equipe de transplante junto com a central de transplante adotam as medidas necessárias
para viabilizar a retirada dos órgãos (meio de transporte, cirurgião, pessoal de apoio etc. ).
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Os transplantes podem ser realizados tanto em instituições públicas quanto em privadas, desde que
tenham equipe treinada e certificada para a realização do transplante, bem como cadastro e certificado da
Sexto passo
Os órgãos são retirados do doador e transportados até o receptor.
Sétimo passo
Por fim, neste último passo, o receptor recebe os órgãos e o transplante é realizado.
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instituição hospitalar.
27 de setembro é o Dia Nacional da Doação de Órgãos.
O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) foi criado pelo Decreto nº 9.175 de 18 de outubro de 2017. É
formado por diferentes órgãos: o Ministério da Saúde (MS); as secretarias de saúde dos estados e
municípios; os centros nacionais e estaduais de transplantes; as estruturas especializadas para a procura e
a doação de órgão, tecidos e células; as estruturas de processamento para preservação dos órgãos; as
redes de serviços auxiliares específicos para o transplante; e os estabelecimentos e as equipes
especializadas que realizam o transplante.
O SNT é responsável pela regulamentação, pelo controle e pelo monitoramento de todo o processo de
doações e transplantes realizados no país. Tem como objetivos os processos de doação, que só são
atingidos com as ações conjuntas de promoção da doação, logística, autorização e renovação das equipes
e hospitais para a realização de transplantes, captação de órgãos e acompanhamento dos pacientes
transplantados. As equipes tambémdevem ser constantemente treinadas e capacitadas.
Saiba mais
O Brasil é o país que possui o maior programa de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo
garantido pelo sistema público. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é o segundo maior transplantador
do mundo, atrás dos Estados Unidos. O SUS financia 96% dos procedimentos no país (BRASIL, 2021).
Legislações sobre os transplantes de órgãos e tecidos no Brasil
A Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, serve como base legal até hoje para a realização de transplantes
de órgãos e tecidos. No entanto, ao longo dos anos, foram necessárias algumas alterações na legislação
para melhorar a qualidade e a segurança dos transplantes.
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A Lei nº 9.434/1997, por exemplo, autorizava que qualquer pessoa juridicamente capaz poderia doar seus
órgãos duplos, mas de forma gratuita e sem prejuízos ao doador. Essa questão levantava um grande debate
bioético, pois poderia incentivar a comercialização de órgãos. Imagine a seguinte situação: uma criança de
2 anos de idade, filha de pais ricos, que precisasse de transplante de rim. Se não houvesse nenhum parente
compatível, essa família poderia oferecer dinheiro pelo órgão de uma criança de uma família que
necessitasse de dinheiro.
Assim, em 2001, a Lei nº 10.211 foi publicada e alterou alguns dispositivos da lei de 1997. Dentre eles, com
o objetivo de diminuir a possibilidade de comercialização de órgãos, o texto sobre transplantes em vida para
não parentes foi alterado, tornando necessária uma autorização judicial para a doação. Além disso, a Lei nº
10.211 dá plenos poderes para a família decidir a doação de órgãos.
Atenção
Em 2017, o Decreto nº 9.175 regulamentou a Lei nº 9.434/1997 e complementou alguns assuntos não
abordados, como retirar o sangue, os óvulos e os espermatozoides da classificação de órgãos e tecidos
para transplantes. Além de ter criado o SNT, como já vimos.
Doação de órgãos
A doação de órgãos é a ação de doar partes ou totalidade dos órgãos e tecidos de uma pessoa, o doador
(vivo ou morto), para serem utilizados pelo receptor (pessoa que recebe) no tratamento do seu problema de
saúde.
Tanto o doador como o receptor têm direitos fundamentais: o direito à vida, à
formação dos direitos de personalidade, à integridade física e a seu próprio corpo.
Os direitos fundamentais são a base para todos os outros direitos dos indivíduos.
A legislação define dois tipos de doadores:
Doador vivo
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Pessoa maior de idade e juridicamente capaz, saudável e que concorde com a doação, desde que não
prejudique sua própria saúde. Podem ser doadores vivos os parentes até o quarto grau e os cônjuges.
Não parentes, só com autorização judicial, exceto para medula óssea. Os órgãos que podem ser
doados são: um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea, parte dos pulmões.
Doador falecido
Pessoa com diagnóstico de morte encefálica ou com morte causada por parada cardiorrespiratória. O
doador falecido pode doar: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado, intestino e tecidos (córneas,
válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do cordão umbilical, veias
e artérias). No entanto, como veremos, o órgão doado depende do tipo de morte.
Morte encefálica
Vítima de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC.
Em ambos os casos, é necessária a autorização prévia, já que a doação é um ato voluntário e sem fins
lucrativos. Entretanto, o doador vivo ou seu representante legal pode a qualquer momento, antes da doação,
decidir não doar. No caso do transplante de doador falecido, este deve deixar sua vontade expressa à
família, a qual deve realizar a autorização, uma vez que no Brasil o desejo após a morte deve ser confirmado
pela família.
Comentário
Se os familiares não autorizarem, a doação não poderá ser realizada, ainda é proibida a retirada dos órgãos
de pessoas não identificadas e a venda de órgãos é proibida.
Como já foi citado, a morte encefálica é uma das condições que permitem a doação de órgãos, veja a seguir
um pouco mais sobre essa condição.
Ocorre quando há a perda irreversível e completa das funções encefálicas cerebrais, ou seja, as
funções do córtex cerebral e do tronco encefálico, com inevitável parada cardíaca e, assim, a morte
do indivíduo. Inicialmente, mesmo detectada a morte encefálica, ainda pode haver batimentos
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Morte encefálica 
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cardíacos, mas como a respiração acontece apenas com auxílio do ventilador mecânico, o coração
bate apenas por poucas horas.
O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pela Resolução nº 2.173, de 23 de novembro de
2017, do Conselho Federal de Medicina (CFM). Os critérios de morte encefálica são rígidos para
evitar erros e garantir uma doação segura.
A legislação define três pré-requisitos para a constatação de morte encefálica:
Coma com causa conhecida e irreversível.
Ausência de hipotermia, hipotensão ou distúrbio metabólico grave.
Exclusão de intoxicação exógena ou efeito de medicamentos psicotrópicos.
Em outras palavras, o paciente deve estar em coma e não responder a estímulos externos nem ter
reflexos, além de apresentar apneia (parar de respirar).
A constatação de morte encefálica deve ser feita por dois médicos com capacitação específica e
que não façam parte da equipe de remoção e de transplante, observando o protocolo estabelecido
que define critérios precisos, padronizados e passíveis de serem realizados em todo o território
nacional. Os critérios para identificar a morte cerebral ou encefálica são rígidos — são necessários
dois exames clínicos com intervalo mínimo de uma hora.
Na atualidade, temos maior familiaridade com alguns tipos de doações de órgãos, como a doação de
sangue e de medula óssea (células-tronco hematopoiéticas). Lembre-se de que o sangue, como
mencionado no Decreto nº 9.175 de 2017, não entra nos critérios de transplante de tecidos. Assim, a
doação de sangue segue outras legislações, vamos conhecê-las?
Doação de sangue
Para a realização da doação de sangue, existem alguns critérios específicos a serem seguidos. A Portaria nº
158/2016 e a RDC 399/2020 eliminam a restrição de doação de sangue por homens que fizeram sexo com
outros homens e/ou com suas parceiras sexuais. Ainda, a Portaria de Consolidação nº 5/2017, a partir da
página 366, traz uma lista completa dos critérios que impedem temporariamente ou definitivamente a
doação.
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Doação de sangue é voluntária e altruísta. Os hemocomponentes não podem ser comercializados.
A doação de sangue é um ato seguro e indolor. Todo sangue doado passa por diversos exames, não apenas
para verificar a compatibilidade dos tipos sanguíneos e fator Rh, mas também por exames sorológicos e
moleculares que buscam verificar alguns tipos de infecções. Em caso de resultados positivo para infecções
transmissíveis pelo sangue, a doação será descartada antes de que ela ocorra.
Em relação aos transplantes de medula óssea, os dados dos receptores e doadores são cadastrados em
um banco chamado Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Normalmente, o cadastro
é feito nos serviços especializados de hemoterapia. Por exemplo, no Rio de Janeiro, é feito no Hemorio e no
INCA.
Para a doação, o doador realiza apenas um exame de sangue, que pode ser feito no ato da doação de
sangue. O doador de medula também pode ir ao hemocentro apenas para se cadastrar no Redome. Quando
é verificada a compatibilidade entre o doador e o receptor, o doador precisa realizar uma sériede exames
para a triagem de infecções e apenas terá seu material coletado se todos os resultados forem negativos. A
coleta do material é um procedimento cirúrgico para remover a medula óssea, a qual se recompõe em torno
de 15 dias. Essa medula será administrada no receptor pela equipe hospitalar responsável.
Transplante de medula óssea é importante para o tratamento de pacientes com leucemia.
Saiba mais
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil detém o terceiro maior número de registros de doadores de medula
no mundo. Após o cadastro, caso não sejam encontrados doadores compatíveis no banco nacional, há
como realizar uma busca internacional, o que possibilita também a doação de medula entre diferentes
países (BRASIL, 2021).
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Doação de células-tronco
Outro tipo de doação que vem crescendo no país é a de células-tronco que são ou retiradas do cordão
umbilical do recém-nascido ou obtidas de embriões a partir da fertilização in vitro.
As células-tronco surgem no ser humano ainda na fase embrionária, previamente ao nascimento, e são
células primordiais responsáveis pela criação e renovação constante de órgãos e sistemas.
A Lei nº 11.105/2005 define que se deve ter a autorização dos genitores para a
utilização das células-tronco embrionárias em pesquisas laboratoriais e terapias.
Além disso, elas devem ser doadas e nunca comercializadas.
Os embriões doados devem ser inviáveis e estar congelados há três anos ou mais. No caso das células do
cordão umbilical, podem ser utilizadas para futuros tratamentos do próprio doador. Mas atenção: as
instituições que realizarem a pesquisa ou a terapia com essas células devem ter projetos aprovados por
um Comitê de Ética.
Células-tronco.
A utilização das células-tronco embrionárias ainda é um assunto que gera bastante debate, com vários
pontos éticos polêmicos e posicionamentos políticos contrários à prática. Por exemplo, em 2020, o Projeto
de Lei nº 5.153 foi apresentado visando à proibição de utilização das células-tronco provenientes de
embrião para qualquer fim.
O Projeto de Lei reafirma a importância da utilização dessas células para fins terapêuticos no tratamento de
diferentes doenças crônicas, como leucemias, mielodisplasias, mas defende que a utilização dessas células
deve ser proibida, pois, para a obtenção das amostras, é necessária a destruição e a morte do embrião.
Uso das células-tronco embrionárias no Brasil

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O vídeo irá abordar aspectos éticos da legislação brasileira sobre a utilização das células-tronco
embrionárias e banco de cordão umbilical.
Aspectos bioéticos do transplante de órgãos e tecidos
As questões éticas e bioéticas do transplante de órgãos e tecidos dependem também de fatores pessoais,
religiosos, socioeconômicos, afetivos e até geográficos. Ao longo deste módulo, discutimos alguns pontos
regulamentados por lei, mas vamos agora pontuar outros também importantes, para que você possa refletir
sobre o assunto. Veja, a seguir, quatro pontos importantes.
Este é o primeiro ponto que devemos pensar. Uma pessoa que atesta em vida a sua vontade de doar
ou não doar seus órgãos deve ter sua decisão respeitada. Entretanto, nem sempre é assim, uma vez
que a decisão final de doação é da família. Além disso, deve haver um consenso familiar para que a
doação ocorra.
Algumas sociedades questionam que este tipo de doação não deveria acontecer, pois acreditam que,
sem uma relação familiar, a doação só acontece por objetivos financeiros. Entretanto, em uma
família a doação também pode ter interesses econômicos e pessoas solidárias podem sim doar
seus órgãos de forma altruísta e voluntária.
Estes profissionais devem ter uma sensibilidade extrema ao lidar com o momento de perda de um
ente querido da família. Para obter a autorização, às vezes uma frase mal interpretada pode colocar
Desejo de alguém se tornar um doador 
Doação intervivos entre não parentes 
Profissionais que trabalham com captação de órgãos 
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em risco a doação. Também não pode haver qualquer tipo de constrangimento ou ameaça à família,
já que é um momento de perda. Essa situação exige o máximo de compreensão, respeito, carinho,
ética e solidariedade com a família do possível doador.
Os profissionais da saúde também se deparam com as questões religiosas, que podem influenciar o
processo de doação de órgãos e tecidos. Algumas religiões mostram-se a favor do transplante de
órgãos, mas outras impõem restrições. Por exemplo, os israelitas não permitem o transplante de
coração, porque o órgão representa a vida, no entanto permitem a retirada dos demais órgãos
imediatamente após a morte.
A seguir, você poderá ver um pouco mais sobre algumas religiões e suas peculiaridades sobre doação de
órgãos e transfusão de sangue.
Saiba mais
As testemunhas de Jeová não permitem o transplante caso haja necessidade de transfusão sanguínea, para
eles, receber transfusão de sangue vai contra os preceitos bíblicos da religião. Esse é um ponto altamente
polêmico. No mundo jurídico, a questão envolve uma série de direitos fundamentais, como a dignidade da
pessoa humana, o direito à vida, à liberdade religiosa, à privacidade, à intimidade e à autonomia. Na ética, o
conflito fica entre a autonomia do paciente e a beneficência na perspectiva médica. Na Igreja Católica, não
há restrições, porém, a Igreja destaca o medo do comércio de órgãos.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Transplante de órgãos e tecidos
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Legislações sobre os transplantes de órgãos e tecidos no Brasil
Questões religiosas 

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Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Doação de órgãos
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Vimos que o transplante é um procedimento cirúrgico de substituição de um órgão ou tecido de uma
pessoa para outra. Sobre esse assunto, é correto afirmar que
A no Brasil, a família do doador morto pode escolher para quem vai o órgão doado.
B
alotransplante é o transplante de células-tronco saudáveis obtidas do próprio indivíduo
doente.
C xenotransplante é o transplante de órgãos e tecidos de outras espécies de animais.
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D o SNT gerencia os transplantes com listas individualizadas por estado.
E o cadastro no SNT é feito apenas de acordo com a necessidade dos receptores.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Quando o órgão ou tecido transplantado é proveniente de outra espécie animal (por exemplo, o
homem é o receptor de um tecido do porco), classificamos esse transplante de xenotransplante.
Alotransplante é o transplante realizado com órgãos de doador falecido ou de doador intervivo
(alotransplante intervivo). Transplante autólogo é o transplante de células-tronco saudáveis
obtidas do próprio indivíduo doente, como ocorre com a medula óssea. No Brasil, os receptores
de transplante são cadastrados em uma lista, que é única, de acordo com a gravidade do
paciente. No momento da doação, o primeiro da lista compatível recebe o órgão.
Questão 2
Em relação aos dispositivos legais sobre a doação de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins
de transplante e tratamento, analise as afirmativas a seguir:
I. A retirada de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento de
doadoresmortos deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica e do consentimento do doador
antes do seu falecimento e autorização familiar.
II. No caso de morte sem assistência médica, de óbito em decorrência de causa mal definida ou de outras
situações nas quais houver indicação de verificação da causa médica da morte, a remoção de tecidos,
órgãos ou partes de cadáver para fins de transplante ou terapêutica somente poderá ser realizada após a
autorização do delegado de polícia ou do Ministério Público.
III. O cadáver de pessoa não identificada não pode se prestar a qualquer doação para transplantes, exceto se
autorizado pelo delegado de polícia, promotor ou juiz.
É correto o que se afirma em
A I.
B II.
C III.
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2 - Reprodução humana assistida
D I e II.
E I e III.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Para que uma doação ocorra, a legislação vigente deve ser seguida. Ela define que o doador deve
ter morte encefálica diagnosticada e que a família deve aprovar a doação. Somente a vontade
expressa do doador não garante a doação. Por isso, devemos conversar com a família sobre a
nossa vontade de doar os órgãos após a morte.

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Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as questões bioéticas da reprodução
humana assistida e da contracepção.
Reprodução humana assistida
Reprodução humana assistida (RHA) é o procedimento realizado com técnicas de coleta de óvulos e
espermatozoides e de fecundação em laboratório. Existem alguns tipos de técnicas de RHA: inseminação
intrauterina (IIU); fertilização in vitro (FIV); FIV com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI);
doador de sêmen (inseminação de doador) ou óvulos (doação de óvulos).
Fertilização in vitro com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).
Desde o nascimento do primeiro bebê de proveta em 1978, as técnicas de reprodução assistida evoluíram e,
atualmente, são práticas bastante difundidas no mundo. Ao mesmo tempo, várias questões éticas surgiram
sobre os procedimentos realizados, por exemplo, o descarte de embriões, o abandono de gametas e
embriões, o status moral do embrião, a seleção de sexo embrionário, o útero de substituição (barriga de
aluguel), a reprodução póstuma e a redução embrionária.
O status moral do embrião parece ser a questão ética mais delicada, pois é difícil estabelecer quando um
embrião inicia a vida, se é na formação do embrião ou, como muitos conservadores acreditam, no momento
da fecundação. Além disso, durante as técnicas de reprodução assistida, por vezes os embriões menos
viáveis são eliminados, o que poderia ser considerado um aborto e, assim, ser tratado eticamente como tal.
Outras questões éticas entram em jogo. Quais seriam elas?
Resposta
O congelamento dos gametas para utilização após o falecimento de um dos parceiros pode ser feito
visando apenas à compensação financeira para garantir uma herança.
A barriga de aluguel pode se tornar uma moeda de troca; as relações afetivas também portam dilemas —
a doadora do útero foi escolhida pelo vínculo afetivo ou será que a fertilização in vitro garante um
descendente para compensar o luto?
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Também são muitas as perguntas: no momento de escolher um doador de gametas, a escolha é feita pelo
vínculo afetivo ou pelas características físicas que se tem em mente? É melhor o anonimato? Escolher o
sexo do embrião é ético? E se uma das partes não estiver satisfeita com o sexo do embrião, pode descartá-
lo?
Esses questionamentos e discussões permitiram que, ao longo dos anos, a reprodução humana assistida
fosse regulada para definir os tratamentos que podem ser utilizados e as modalidades de aplicação, bem
como para garantir o bem-estar dos pacientes e das pessoas envolvidas, impondo limites aos avanços
técnicos.
Legislações da reprodução humana assistida
A Resolução do CFM nº 2.294/2021 traz alterações nas normas éticas para a utilização das técnicas de
reprodução assistida e revoga a RDC nº 2.121 de 21 de setembro de 2017.
Segundo a legislação, a RHA deve ser utilizada apenas para fins de procriação e as técnicas podem ser
usadas para a doação de gametas femininos e masculinos, embriões e tecidos germinativos. Veja, a seguir,
algumas normas para a realização dessas técnicas.
A Resolução nº 2.294 ainda define que a escolha do sexo ou de outras características da futura criança não
pode ser feita, mas permite evitar doenças genéticas graves nos descendentes, critério avaliado pelo
mapeamento genético. No caso de confirmação, os embriões podem ser descartados ou encaminhados
para pesquisa, mas a decisão deve estar bem documentada.
Durante o diagnóstico pré-implantacional de embriões, só é permitido informar o
sexo caso haja alguma doença genética ligada aos cromossomos sexuais.
1
Podem ser realizadas em
heterossexuais, homoafetivos
e transgêneros, bem como a
gestação compartilhada em
união homoafetiva feminina.
2
Para manter a segurança do
procedimento, nas mulheres,
a faixa etária permitida é de
18 a 50 anos.
3
Pacientes com mais de 50
anos de idade só podem se
submeter à RHA, salvo
algumas exceções
autorizadas pela equipe
médica, após a realização de
exames e a avaliação dos
riscos de uma gestação
tardia.
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A doação dos gametas e embriões é voluntária, sem fins lucrativos. A confidencialidade deve ser
preservada, tanto do doador como do receptor, exceto nos casos de doação entre familiares até quarto grau.
A idade limite para a doação de gametas para mulheres é de 37 anos; para os homens, 45 anos.
Criopreservação: técnica que possibilita a conservação de embriões e gametas e RHA com indivíduos post mortem.
Segundo a legislação, a criopreservação (congelamento) de gametas ou embriões pode acontecer. Os
gametas podem ser utilizados após o falecimento de um dos parceiros, como veremos a seguir, ou depois
de um tratamento médico que inviabilize a gestação, como acontece durante o tratamento do câncer.
Os embriões podem ser congelados após a utilização nas técnicas de RHA, caso sobrem embriões viáveis
para a utilização futura do casal, mas o número total de embriões gerados em laboratório não pode exceder
a 8 embriões e o tempo máximo de desenvolvimento não pode ultrapassar 14 dias. Depois desse período, o
embrião será descartado, se não for congelado.
Curiosidade
O prazo máximo de congelamento de um embrião é de 3 anos. No entanto, os pacientes donos dos
embriões podem solicitar o descarte mediante autorização judicial. Os embriões que forem abandonados,
como acontece quando o casal não tem dinheiro para manter os custos da clínica ou realizar uma segunda
RHA (ou mesmo em caso de morte dos parceiros), também podem ser descartados.
Algumas situações devem ser pensadas pelos pacientes antes da criopreservação. Uma delas é o destino
dos embriões no caso de divórcio, dissolução de união estável ou falecimento de um dos parceiros ou de
ambos. Segundo a legislação, se o desejo for doá-los, essa manifestação deve ser deixada em documentos
assinados antes da coleta de gametas, no início do processo de RHA.
Além disso, a legislação permite que a reprodução assistida post mortem seja realizada desde que haja
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autorização específica do(a) falecido(a) para o uso do material biológico criopreservado.
As técnicas de RHA também podem ser utilizadas com o intuito de selecionar embriões (para o tratamento
com células-tronco)compatíveis com um irmão que apresenta alguma doença genética, por exemplo.
Sobre a cessão temporária do útero (barriga solidária), só poderá ser realizada quando a paciente apresenta
problemas uterinos que contraindiquem a gestação. Pode ser realizada também em caso de união
homoafetiva ou em mulheres solteiras. Para isso, a cedente temporária do útero deve ter ao menos um filho
vivo e pertencer à família de um dos parceiros em parentesco consanguíneo até quarto grau. Outros casais
precisam de autorização do CFM. A barriga de aluguel deve ser voluntária, sem caráter lucrativo ou
comercial.
Em relação às clínicas que realizam a RHA, elas são responsáveis pelo arquivamento dos documentos
permanentemente e por todas as autorizações, bem como os exames e as amostras dos envolvidos no
procedimento. Essa documentação deve estar disponível para fins de fiscalização.
Planejamento reprodutivo
O tema reprodução humana é amplo e gera muitas controvérsias. Quando o abordamos, não podemos
estudar somente a geração de um outro ser humano, mas também o desejo dos indivíduos à não
concepção. Em geral, esse assunto é colocado de lado quando se realiza assistência ao planejamento
reprodutivo.
O planejamento reprodutivo é definido no artigo 2º da Lei nº 9.263/1996, da seguinte forma:
entende-se o planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da
fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento
da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal.
(LEI Nº 9.263/1996, ART. 2º)
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Quando abordamos o planejamento reprodutivo, partimos do princípio de que as pessoas têm o direito de
planejar suas vidas de acordo com as suas necessidades e seus desejos. Isso é um importante fator para a
saúde de homens, mulheres e crianças, porque permite uma vida sexual mais saudável, o espaçamento dos
nascimentos e a recuperação do organismo da mulher após o parto (melhorando as condições que ela tem
para cuidar dos filhos e realizar outras atividades). Esse planejamento ainda influencia as taxas de
morbimortalidade materno-infantil, já que a gestação indesejada e com curto prazo entre uma gestação e
outra pode causar complicações para a mulher e a criança.
Morbimortalidade
Índice que mede o impacto das doenças e dos óbitos que incidem em uma população.
Entendemos que o direito reprodutivo é a atenção no planejamento familiar, devendo considerar o contexto
de vida de cada pessoa e o direito de todos de optar pela reprodução sem discriminação, coerção ou
violência. Nesse sentido, todos os serviços de saúde deveriam oferecer:
Ações educativas individuais ao casal e em grupo.
Acesso a informações sobre os meios, os métodos e as técnicas disponíveis para a regulação da
fecundidade que não comprometam a vida e a saúde das pessoas e que garantam direitos iguais para a
mulher e para o homem, num contexto de escolha livre e informada.
Profissionais de saúde que conheçam os métodos contraceptivos, para melhor prestar assistência aos
cidadãos.
Informação sobre as diferentes opções de métodos anticoncepcionais para todas as etapas da vida
reprodutiva, de modo que homens e mulheres pudessem ter a possibilidade de escolher o método de
anticoncepção mais apropriado às suas necessidades e circunstâncias de vida.
Mas você conhece os métodos contraceptivos que estão disponíveis?
Os métodos contraceptivos são divididos em métodos temporários e definitivos.
Métodos temporários
Os métodos contraceptivos temporários podem ser reversíveis, ou seja, a qualquer momento a mulher pode
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interromper seu uso para engravidar. Vejamos cada um deles:
Pílulas anticoncepcionais.
Hormonais
As famosas pílulas anticoncepcionais podem ser administradas por via oral (as pílulas combinadas,
monofásicas, bifásicas, trifásicas, minipílulas), via injetável (injeções mensais ou trimestrais), via
subcutânea (implantes subcutâneos, adesivos e percutâneos), via vaginal (comprimidos ou anel com
hormônios).
Diafragma.
Barreiras
Elas impedem o encontro dos gametas masculino e feminino. Como exemplos de barreiras feminina,
temos o diafragma, os espermicidas, as esponjas, o capuz cervical e o preservativo feminino. Como
exemplo de barreira masculina, o preservativo masculino.
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DIU.
Intrauterinos
Os dispositivos intrauterinos são em formato de T e impedem que o espermatozoide chegue ao óvulo.
Existem dois tipos: o dispositivo intrauterino (DIU) de cobre e o DIU com levonorgestrel (SIU). Este último,
além de funcionar como barreira, também libera de forma gradual o hormônio levonorgestrel que inibe a
proliferação endometrial.
Curva térmica.
Comportamentais ou naturais
O método natural mais conhecido é a tabela ou o calendário (Ogino-Knaus). Há ainda a curva térmica
basal (curva de temperatura), o sintotérmico, o billings (mucocervical), o coito interrompido e as duchas
vaginais.
Dispositivo intrauterino
Para a implantação do DIU no útero feminino, tanto o de cobre quanto o hormonal, é necessário previamente
um exame preventivo atualizado (com menos de um ano) e o teste de gravidez negativo no dia da
implantação. Atualmente, o SUS fornece gratuitamente o DIU nos ambulatórios especializados e na
maternidade logo após o parto.
Métodos de�nitivos
Os métodos contraceptivos definitivos impedem a gravidez, ou seja, realizam a esterilização. Veja a seguir.
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Na mulher, a cirurgia de ligadura tubária (laqueadura).
No homem, a cirurgia de vasectomia.
Saiba mais
Os métodos definitivos de contracepção (laqueadura ou vasectomia) necessitam de um acompanhamento
multidisciplinar no planejamento familiar, em que o indivíduo ou o casal participa de palestras para conhecer
todos os outros métodos antes da decisão final. Após a decisão, termos de compromisso são assinados e o
procedimento cirúrgico é marcado: a laqueadura é realizada no hospital; já a vasectomia, no ambulatório.
É importante ressaltar que nenhum dos métodos contraceptivos deve ser imposto e obrigatório. No Brasil, a
escolha de ter filhos ou não é livre, assim como a escolha dos métodos contraceptivos. No entanto, na
China, por exemplo, a política do filho único esteve em vigor e o controle de natalidade obrigatório foi
imposto durante anos para conter a expansão demográfica.
Contracepção é escolha
Neste vídeo, você verá os métodos contraceptivos temporários ou definitivos disponíveis no SUS e que são
uma escolha da mulher.
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
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Reprodução humana assistida
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Legislações da reprodução humana assistida
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Planejamento reprodutivo

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Vimos as questões éticas relacionadas com a reprodução assistida. A respeito desse procedimento, é
correto afirmar que
A
a manipulação de embriões é uma prática permitida no Brasil, assim como a seleção de
um embrião levando em consideração a escolha do sexo desejado pelos futuros pais.
B
as manipulações genéticas visam determinar possíveis anormalidades no DNA que
inviabilizariam a fertilização, permitindo umaseleção de embriões com maior
probabilidade de sucesso na fertilização.
C
a reprodução humana assistida é realizada apenas para fins de procriação e as técnicas
podem ser usadas para a doação de gametas femininos e masculinos, embriões e tecidos
germinativos.
D
o diagnóstico genético nos embriões é uma prática realizada na área de reprodução
assistida para a escolha do sexo do bebê.
E
a inseminação artificial, uma das técnicas da RHA, é realizada em qualquer faixa etária da
mulher.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A manipulação genética não é permitida no Brasil. O diagnóstico genético é utilizado para a
análise de doenças genéticas no embrião e não é permitida a escolha do sexo do embrião. As
técnicas de RHA devem ser feitas em mulheres entre 18-50 anos, com fins de procriação, e
podem ser doados gametas femininos e masculinos, embriões e tecidos germinativos.
Questão 2
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Vimos que a Lei nº 9.263/1996 regulamentou no Brasil o planejamento familiar, uma conquista importante
para mulheres e homens no que diz respeito à afirmação dos direitos reprodutivos. Nesse contexto, a
atenção em planejamento familiar contribui para a redução da morbimortalidade materna e infantil, à
medida que
A diminui o número de gestações não desejadas e de abortamentos provocados.
B
aumenta o número de ligaduras tubárias por falta de opção e de acesso a outros métodos
anticoncepcionais.
C
não possibilita planejar a gravidez em mulheres adolescentes ou com patologias crônicas
descompensadas, tais como diabetes, cardiopatias, hipertensão, HIV, entre outras.
D
diminui o intervalo entre as gestações, contribuindo para o aumento da frequência de
bebês de baixo peso e para que eles sejam adequadamente amamentados.
E
as atividades desenvolvidas na avaliação pré-concepcional devem incluir anamnese e
exame físico, com exame ginecológico e alguns exames laboratoriais.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A mulher e o homem têm o direito de escolher o melhor método contraceptivo, individualmente ou
como casal. Quando a escolha é realizada, a adesão ao uso se torna regular, levando à diminuição
do número de gestações não desejadas e de abortos provocados. Como consequência, ocorre a
redução da morbimortalidade materna e infantil.

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3 - Epidemia e pandemia
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os conceitos e as questões éticas das
epidemias e pandemias.
Epidemia e pandemia: principais conceitos
Antes de estudarmos os principais conceitos que envolvem a epidemia e a pandemia, devemos
compreender o que é a epidemiologia, bem como o que é saúde, os determinantes de doenças, agravos ou
eventos relacionados à saúde coletiva e às formas de transmissão das doenças. Esses determinantes são
informações que servem para a prática de controle e prevenção epidemiológica de doenças.
Em 1947, a Organização Mundial da Saúde definiu saúde como “um estado
completo de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”
(SEGRE; FERRAZ, 1997).
No Brasil, a Lei nº 8080/1990 definiu saúde, mas a Lei nº 12.864/2013 complementou seu conceito
considerando como determinantes e condicionantes da saúde: a alimentação, a moradia, o saneamento
básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso
aos bens e serviços.
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Quando qualquer um desses determinantes estiver afetado, podemos afirmar que o indivíduo não possui
saúde plena. Rouyqueirol define a epidemiologia da seguinte forma:
é a ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas,
analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos
à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas
de prevenção, controle, ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores
que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações
de saúde.
(ROUYQUEIROL; ALMEIDA FILHO, 1999, p. 15)
O termo “epidemiologia” deriva do grego (epi: sobre; demo: população; logos: estudo) e significa “estudo
sobre a população”. Veja, a seguir, como a epidemiologia define epidemia, pandemia, surto e endemia.
Epidemia
É o aumento do número de casos de uma enfermidade ou agravo em um determinado lugar e período de
tempo, que vai além do esperado para a localidade. Temos, por exemplo, o caso da febre amarela que
aconteceu em São Paulo entre 2016 e 2018. A febre amarela é bastante comum na região amazônica e
restrita a essa área, mas foram relatados mais de 2 mil casos da doença em São Paulo no período citado
(HILL, 2018).
Pandemia
É a epidemia amplamente disseminada, ou seja, verificada em áreas geográficas não delimitadas, como
acontece com a pandemia de covid-19, em que todos os continentes do mundo registraram casos da
doença e milhares de pessoas vieram a óbito. Se pensarmos em escala de gravidade, a pandemia sem
dúvidas é a pior de todas.
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Surto
É um tipo de epidemia, mas os casos ficam restritos a uma área geográfica bem delimitada e pequena
(escolas, maternidades, bairros) ou a uma determinada população. Por exemplo, surto de piolhos em
creches ou surto de rotavírus em cruzeiros.
Endemia
É um agravo à saúde habitualmente presente em determinada população. Ocorre nos limites esperados
para a localidade, como a malária na região Amazônica ou o ebola na África. Na endemia, não importa o
número de casos.
Histórico das pandemias no mundo
Ao longo da história, a humanidade passou por diversas pandemias e diferentes tipos de doenças
transmissíveis que mataram milhões de pessoas. Vejamos a seguir algumas pandemias que assolaram o
mundo.
A peste do Egito.
Peste do Egito (430 a.C.)
Aconteceu em Atenas durante a Guerra de Peloponeso. A febre tifoide foi fatal para milhares de soldados
e moradores da cidade. A peste do Egito matou um quarto dos soldados e um quarto da população local.
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A peste antonina aconteceu em Roma em 166.
Peste antonina (165–180)
Atingiu o antigo Império Romano e matou 5 milhões de pessoas. Não se sabe exatamente a causa dessa
pandemia, mas acredita-se que tenha sido desencadeada pela varíola ou pelo sarampo.
Peste de Justiniano foi o primeiro relato de pandemia por peste bubônica.
Peste de Justiniano (541- 544)
Surgiu no Egito e atingiu Constantinopla. Foi responsável pela morte de 25% de toda a população do
Oriente Médio. Causada pela peste bubônica, por meio da picada de pulgas contaminadas com a bactéria
Yersinia pestis.
Peste bubônica foi responsável pela morte de 200 milhões de europeus.
Peste negra (1300)
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Amplamente conhecida, a peste negra durou 6 anos e foi responsável pela morte de 200 milhões de
europeus. Também foi causada pela peste bubônica.
200 anos depois da primeira pandemia por varíola, é criada a vacina contra a doença.
Varíola (1520)
Foi responsável pela morte de 56 milhões de pessoas e pela possível devastação de 90% dos nativos
americanos. Em 1796, Edward Jenner foi responsável pela criação da primeira vacina no mundo utilizando
vírus atenuado, metodologia que é empregada até os dias de hoje, inclusive para a vacina contra covid-19
produzida pelo Butantan.
A gripe espanhola aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial.
Gripe espanhola (1918-1920)
Causada pelovírus influenza (H1N1), essa pandemia contaminou 500 milhões de pessoas e entre 17 e 50
milhões vieram a óbito (FIOCRUZ, 2021). No Brasil, durante a gripe espanhola (1918), o isolamento social
foi determinado como forma de conter a disseminação da doença.
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O vírus da gripe suína tem variantes que causam doenças nos porcos, nas aves e nos humanos.
Gripe suína (2009-2010)
Causada também pelo H1N1, o México teve o primeiro caso reportado da gripe suína, mas apenas em
junho de 2009, com 36 mil pessoas contaminadas em 75 países, a enfermidade foi classificada como
uma pandemia segundo a OMS. Ela foi responsável pela morte de 300 mil pessoas.
Pandemia da covid-19.
Covid-19
Transmitido pelo vírus SARS-CoV-2, que começou a circular na China em dezembro de 2019. Em janeiro
de 2020, o vírus circulava em alguns países europeus. Em fevereiro, tivemos o primeiro caso no Brasil. Já
contabilizamos mais de 4 milhões de óbitos no mundo e mais de 600 mil óbitos no Brasil (dados de
novembro, BRASIL, 2021).
Noti�cação dos agravos e manejo em casos de
epidemia/pandemia
Aprendemos muito com as pandemias e epidemias ao longo do tempo não apenas em relação ao manejo,
ao tratamento e aos cuidados que devem ser tomados durante uma pandemia, mas também como evitar a
disseminação de uma epidemia.
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Temos que mencionar a vigilância epidemiológica, uma importante ferramenta que
tem o propósito de dar orientações técnicas permanentes para os profissionais de
saúde que irão executar as ações de controle das doenças e dos agravos, bem
como avaliar os fatores condicionantes, área geográfica de abrangência e
população afetada.
Atualmente, no Brasil existe uma lista de doenças que devem ser notificadas ao Ministério da Saúde que,
por sua vez, trabalha com diversos sistemas que geram dados sobre a saúde. No contexto de epidemia ou
pandemia, dois sistemas ganham destaque: o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e
o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM).
Mortalidade
Indica o número de indivíduos que morrem em um período de tempo.
O Sinan registra as doenças e os agravos que podem ser transmitidos e gerar surtos, epidemia e pandemia
se não forem controlados. Eles devem ser informados a partir de uma ficha de notificação disponível em
todas as unidades de saúde públicas e privadas. Veja a seguir como funciona o registro no Sinan.
1
A ficha deve ser preenchida
pelo profissional de saúde
que atender o paciente
portador da doença (suspeita
ou confirmada).
2
É um dever ético e moral
realizar essa notificação. O
não preenchimento dessa
ficha pode acarretar em
problema de saúde pública e
o profissional pode responder
a processo por essa omissão.
3
Os dados digitados no
sistema geram um banco de
dados em nível municipal,
estadual e federal.
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Existem diversos protocolos para cada evento. Um bom exemplo de protocolo foi como lidamos com o
surto de sarampo em 2018. O Brasil estava em fase de erradicação do sarampo, porém, com o
aparecimento de casos no Nordeste e em estados como Amazonas, Roraima e Rio Grande do Sul, o
Ministério da Saúde tomou medidas estratégicas, como a vacinação em massa da população adulta jovem.
Saiba mais
O movimento contra a vacinação tem prejudicado a imunização contra as doenças infectocontagiosas. O
resultado é o aparecimento de surtos de doenças que já estavam praticamente erradicadas no país. A falta
de informação e a propagação das fake news são os desencadeadores dessa situação.
Um exemplo bem atual de protocolo ocorre na pandemia da covid-19. As notificações ao Sinan são feitas
após o diagnóstico ou a suspeita de contaminação pelo vírus. Entretanto, caso a suspeita de infecção seja
negativa, a ficha de notificação deve ser finalizada. Juntamente com os dados do Sinan são verificados os
dados do SIM. Os dados conjuntos definem a necessidade de medidas de isolamento, como o lockdown, em
cidades com alta incidência de casos de covid-19.
Além disso, a partir desses dados, criou-se um plano de imunização, em que se priorizou a vacinação de
profissionais de saúde da linha de frente, idosos, população indígena e quilombola e adultos com
comorbidades. Isso foi estabelecido, pois essa era a parcela da população mais exposta (no caso dos
profissionais da saúde) e que atingiam o estado mais grave da doença, como os idosos e as pessoas com
comorbidades.
Incidência
Número de novos casos de uma doença em determinado local e período. Uma alta incidência indica alto
risco do coletivo de adoecer.
Comorbidade
É a existência de duas ou mais doenças manifestadas ao mesmo tempo.
O protocolo seguido para a covid-19 trata também das medidas básicas de biossegurança difundidas
mundialmente: manter distanciamento social; utilizar máscaras de forma correta; lavar as mãos com
frequência; utilizar álcool a 70%; evitar tocar nos olhos e no nariz; cobrir a boca e o nariz quando for espirrar
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ou tossir; procurar um médico em caso de sintomas gripais; realizar isolamento social em caso de teste
positivo ou de contato com pessoa infectada.
Saiba mais
No caso da covid-19, cada estado da federação ficou livre para adequar as medidas de biossegurança, bem
como para redigir protocolos de acordo com a realidade local e a característica da sua população. Com isso,
diversas notas técnicas foram publicadas desde o início da pandemia.
Quem se vacina primeiro?
O vídeo irá abordar os critérios de prioridade da vacina contra a covid-19, estabelecidos após análise
epidemiológica.
Questões bioéticas na pandemia/epidemia
É fácil concluir que, se temos uma enfermidade disseminada pelo mundo como a covid-19, entre as causas
estão a alta taxa de transmissão e a falta de tratamento e estudos sobre a doença. Além disso, o número de
infectados é tão elevado que os sistemas de saúde público e privado não comportam a quantidade de
pessoas doentes, fato que ocorre em diferentes países no mundo, com destaque para o Brasil.
Comentário
Em nosso país, no auge da pandemia da covid-19, os pacientes eram transferidos de seus municípios pela
falta de hospitais disponíveis. Hospitais de campanha foram construídos visando garantir mais vagas e,
mesmo assim, em alguns momentos faltavam leitos, medicamentos (kits de intubação, oxigênio) e
materiais hospitalares (luvas de procedimentos, máscaras cirúrgicas e máscaras NB95).
Várias opções de tratamentos apareciam como alternativas de cura, como a hidroxicloroquina, ivermectina e
o anita, medicamentos utilizados para outras enfermidades e que para o coronavírus ainda não tinham
eficácia garantida. Ao longo da pandemia, e depois da análise de vários estudos, a OMS comprovou a não
eficácia no tratamento da doença com essas medicações.

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Durante uma pandemia ou epidemia, conflitos bioéticos e éticos são vivenciados pelos profissionais da
saúde. Com a covid-19, os conflitos chegaram a extremos como estes:
“Tenho apenas uma vaga no CTI e dois pacientes infectados graves, um jovem e outro idoso, é correto eu
dar a preferência ao jovem, uma vez que no Brasil temos uma legislação que prioriza o atendimento ao
idoso?”
“Como escolher entre a vida e a morte de uma pessoa, todas as pessoas são iguais, como priorizar
alguém?”
“É correto na iminência da morte ou em pacientes graves tentar qualquer alternativa de tratamento sem que
tenha eficácia garantida pela ciência?”
CuriosidadeNos casos de pesquisa de novos medicamentos, o participante de pesquisa deve assinar um termo de
consentimento livre e esclarecido. Caso não seja capaz, o médico pode realizar o tratamento em favor da
vida do paciente, pautado no princípio da beneficência.
Um outro grande problema enfrentado no combate da pandemia da covid-19 é a conscientização de cada
indivíduo sobre as medidas de biossegurança e os conceitos éticos sobre respeito ao próximo. Sabemos
que o não cumprimento das medidas de biossegurança pela população influencia diretamente no aumento
dos números de casos positivos.
É interessante ressaltar que, em um momento de epidemia e pandemia, tudo é novo
e tudo que é novo gera dúvidas e questionamentos bioéticos e éticos. Cabe ao
profissional da saúde estudar, discutir, refletir, participar de câmaras técnicas, a fim
de criar as bases legais para exercer a profissão com ética e respeito ao próximo,
pois a bioética não é uma ciência exata.
Numa epidemia como a dengue, o aumento do número de casos muitas vezes está relacionado à falta de
conscientização da população sobre as medidas de combate ao vírus e respeito ao próximo, sobre políticas
públicas e, principalmente, educação em saúde. É difícil pensar que a diminuição dos casos de dengue e
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outras arboviroses está relacionada a questões simples como não deixar água parada para evitar a
proliferação do mosquito.
Arboviroses
Doenças virais causadas pelos arbovírus, que inclui dengue, zika vírus, febre chikungunya e febre amarela,
transmitidas por artrópodes (insetos e aracnídeos).
Além disso, podemos pensar também no sarampo, que reaparece no Brasil quando a taxa de vacinação está
em queda. Então fica o questionamento: é correto obrigar a população a se vacinar? O que devemos fazer
nesse momento? Como acabar com as fake news sem violar o princípio da autonomia?
A obrigatoriedade da vacinação tem sido bastante discutida com a pandemia da covid-19. Em 2021, a
melhor medida de proteção é a vacinação, assim não é incomum algumas instituições, governos, escolas,
parques etc. no Brasil e no mundo obrigarem a apresentação da carteira de vacinação como medida de
segurança, visando ao bem coletivo.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), as normas podem ser
eticamente justificáveis, uma vez que está resguardando a saúde de todos os
integrantes da sociedade e a vacinação é a única maneira de controlar a doença.
Deve encontrar-se um equilíbrio entre os princípios da autonomia e o bem-estar coletivo sempre pautado na
ética. Primeiramente, os governos devem incentivar a vacinação voluntária, mostrando os benefícios e a
segurança da vacinação, para depois pensar em medidas mais rígidas, se soluções não forem encontradas.
Segundo a OPAS (2021, p. 6), “Semelhante a outras normas de saúde pública, as decisões sobre a vacinação
obrigatória devem ser apoiadas pelas melhores evidências disponíveis, e devem ser tomadas por
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autoridades de saúde pública legítimas de uma maneira que seja transparente, justa, não discriminatória e
que envolva a contribuição das partes afetadas”.
Saiba mais
Desde 1975, o Brasil conta com o Programa Nacional de Imunização (PNI), que oferece de forma gratuita
todas as vacinas preconizadas pela OMS. Segundo o estatuto da criança e do adolescente, é obrigatória a
vacinação das crianças e adolescentes em casos recomendados pelas autoridades sanitárias, podendo os
pais e responsáveis legais sofrerem sansões administrativas. Além disso, a Portaria nº 597 de 2004, que
institui o calendário nacional de vacinação, afirma que o indivíduo que não cumpriu o calendário não pode
se matricular em creches e instituições de ensino, efetuar o alistamento militar ou receber benefícios
sociais do governo.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Epidemia e pandemia: principais conceitos
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Questões bioéticas em pandemia/epidemia

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Julia, ao pegar a filha na escola, verificou que ela estava com os olhos vermelhos e prontamente a levou ao
médico. Foi diagnosticada com conjuntivite viral. Ao comunicar à escola, ficou sabendo que mais 20
crianças da sala estavam com a mesma doença. Como classificamos essa situação?
A Surto
B Pandemia
C Epidemiologia
D Endemia
E Epidemia
Parabéns! A alternativa A está correta.
Surto é uma epidemia que ocorre em uma área bem delimitada geograficamente, como a exposta
no enunciado.
Questão 2
Nas pandemias, os indicadores de saúde são fundamentais para a definição de estratégias de prevenção e
tratamento das doenças. Para contabilizar esses dados, as fichas de notificação devem ser digitadas em
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um sistema de informação. Qual o nome desse sistema no Brasil?
A SIM
B SI-PNI
C Sinan
D Sinasc
E Sisvan
Parabéns! A alternativa C está correta.
Existem diversos programas no Ministério da Saúde para gerar bancos de dados que ajudam a
criar ações específicas em casos de pandemias ou endemias. As fichas de notificação com os
dados dos infectados são digitadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

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4 - Atendimento à pessoa com de�ciência (PcD)
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os conceitos e as questões éticas no
cuidado de pessoas com de�ciência.
Pessoa com de�ciência
Ao longo do século XX, tivemos mudanças importantes no desenvolvimento dos direitos das pessoas com
deficiência. A maior delas foi a inclusão social, que se tornou lei e política pública, permitindo a diminuição
do abismo existente e a inclusão desse grupo na sociedade. No entanto, ainda vivemos em uma sociedade
com grande desigualdade social, discriminatória e excludente, que torna esse grupo vulnerável e dificulta a
sua total inserção.
Mesmo com muitas legislações e propagandas inclusivas nas mídias, prestar assistência com ética e
qualidade às pessoas com deficiência (PCD) continua causando muita polêmica.
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Curiosidade
Atualmente, é maior o número de séries, filmes e novelas que apresentam pessoas com deficiência em seu
elenco de artistas. Como exemplos, podemos citar os seriados The good doctor, Speechlees, Daredevil
(Marvel – Demolidor) e Atypical e os filmes Milagre na cela 7, Meu nome é rádio, Como eu era antes de você,
Intocáveis, A teoria de tudo e Extraordinário. Entretanto, as personagens PcD retratadas são exemplos de
deficiências mais leves e pessoas com altas habilidades. Infelizmente, isso não representa a realidade!
No Brasil e no mundo, bilhões de pessoas vivem com algum tipo de deficiência, mas ainda faltam
estatísticas que retratem de forma fiel esse grupo. No Brasil, o último censo do IBGE (2010) registrou que
45,6 milhões de brasileiros apresentavam algum tipo de deficiência.
De�ciências atribuídas à PcD
As deficiências devem ser diagnosticadas por médicos especialistas e com emissão de laudo. Veja, a
seguir, os tipo de deficiências que podem ser atribuídas à PcD.
De�ciência mental ou intelectual
Caracteriza-se por limitações no desenvolvimento mental, cognitivo e sensitivo: transtorno do espectro
autista(TEA), síndrome do x frágil, síndrome de Down, microcefalia.
De�ciência física
Caracteriza-se por alterações totais ou parciais no corpo, levando a comprometimentos das funções
motoras: paralisia cerebral, paraplegia, tetraplegia, amputação ou ausência de membro, nanismo,
membros com deformidade congênita ou adquirida.
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De�ciência auditiva
Perda auditiva unilateral ou bilateral.
De�ciência visual
Cegueira, baixa visão, visão monocular.
De�ciência múltipla
Ocorre quando se tem duas ou mais deficiências associadas, como paralisia cerebral e cegueira.
É importante ressaltar que algumas deficiências são genéticas, como a síndrome de Down, outras
congênitas, como a microcefalia causada pela febre do vírus zika. Lembre-se de que durante a epidemia de
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zika, entre 2015 e 2016, milhares de crianças nasceram com microcefalia por causa da contaminação
materna pelo vírus. Mas há também deficiências que ocorrem ao longo da vida por questões várias:
amputações levam à deficiência física, doenças como a meningite podem resultar em deficiências graves
como cegueira ou perda auditiva.
Legislações relacionadas à PcD
PcD devem ser tratadas com autonomia, dignidade e igualdade.
A primeira legislação a se referir à deficiência foi a Constituição Federal de 1988, que trouxe direitos
específicos às PcD, mas apenas para algumas deficiências, como direito de prioridade em filas e
aposentadoria especial e abordava mais as deficiências físicas, auditivas e visuais. Segundo a Constituição,
é dever das três esferas de governo garantir os direitos das pessoas com deficiência.
Em 2009, foi publicado o Decreto nº 6.949, que valida as considerações sobre o
Direito das Pessoas com Deficiência e Protocolos Facultativos assinado em Nova
York, porém não garantia a inclusão da PcD.
Ao longo dos anos, outras leis foram publicadas, mas tratavam as deficiências separadamente e concediam
benefícios, aposentadoria, acessibilidade, isenção de impostos, programas de cotas, entre outras. Até
aquele momento, as leis ainda não abordavam a inclusão e os direitos dos deficientes de forma global.
Atenção
Foi em 2015, com a publicação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, pela Lei nº 13.146, que as PcD são
incluídas na sociedade.
Com a Lei nº 13.146, alterou-se a definição de quem são os indivíduos classificados com deficiência, bem
como os seus direitos. A partir daí se iniciou o movimento de conscientização da sociedade e dos
profissionais que lidam diretamente com a PcD, para que ajam com ética e façam cumprir seus direitos.
Para a aplicação dessa lei, devemos considerar algumas situações, a saber:
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Acessibilidade
Tornar todos os ambientes acessíveis às PcD, promovendo livre trânsito em todos eles com rampas nas
entradas de estabelecimentos, com a retirada de degraus e inserção de pisos táteis. Assim, eles vivem de
forma independente e exercem seus direitos de participação social.
Desenho universal
Os produtos para consumo devem ser criados para atingir o público, sem distinção. Além disso, quando
vamos construir uma estrutura, devemos pensar em todos que irão circular ali e, portanto, construir de
forma a atender todos os que possuem ou não deficiência.
Tecnologia assistiva
Usar ferramentas que facilitem a participação da PcD, como vídeos descritivos e programas em
smartphones que garantem a comunicação, por exemplo.
Barreiras
Evitar qualquer obstáculo (barreiras urbanas, arquitetônicas, transporte, comunicação, atitudinais,
tecnológicas) que cause impedimento ou limitação impedindo a participação social. Deve haver
alternativas para acessibilidade.
Comunicação
A forma de interação entre os cidadãos deve ser adaptada para cada PcD (Libras, braille, comunicação a
partir de fichas PECs).
Adaptações razoáveis
Atentar para modificações e os ajustes necessários que facilitem as condições de vida, como a retirada
de tapetes de um ambiente.
Elementos de urbanização
Quaisquer componentes de obras de urbanização como pavimentação, iluminação, calçadas sem
buracos e sem grandes inclinações.
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Mobiliário urbano
Objetos existentes nas vias urbanas e espaços públicos, como bancos, postes, as árvores, devem ser
plantados nas calçadas de forma organizada, a fim de deixar espaço para a PcD se locomover sem
dificuldades.
Pessoa com mobilidade reduzida
Deve ser avaliada a adaptação do local de acordo com a dificuldade de mobilização, por exemplo, para as
pessoas que utilizam muletas, andadores etc.
Residências inclusivas
Criar locais para pessoas que não possuam condições de autossustentabilidade e tenham vínculos
familiares fragilizados ou rompidos, como as casas de repouso para deficientes.
Moradia para a vida independente
Criar moradias com estrutura adequada capaz de proporcionar serviços de apoio coletivo ou
individualizado, por exemplo, locais onde a PcD com grau mais leve possa morar, sair para trabalhar e
fazer outras atividades com independência.
Atendimento pessoal
Considerar os familiares ou não, remunerados ou não, que irão prestar assistência nas atividades diárias.
Pro�ssional de apoio escolar
Deve haver uma pessoa que auxilie a PcD a executar as atividades na escola (higienização, alimentação e
adaptação das atividades escolares), tanto em escolas públicas quanto particulares e em todos os níveis
e modalidades de ensino.
Acompanhante
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Indivíduo que acompanha a pessoa com deficiência. Durante uma internação hospitalar é direito da PcD
de qualquer idade ter um acompanhante.
A Lei nº 13.146/2015 ainda trata do respeito aos direitos civis da PcD, que estão definidos no artigo 6º:
I. casar-se e constituir união estável;
II. exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III. exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a
informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
IV. conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
V. exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI. exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou
adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
(LEI Nº 13.146/2015, ART. 6º)
A capacidade civil da PcD deve ser preservada. Apenas uma pequena parcela das PcDs não consegue
responder por si e necessita de um responsável legal, mas isso é feito mediante avaliação e laudo médico e
psicológico.
O artigo 9º da Lei nº 13.146/2015 garante a prioridade em todas as filas de atendimentos. No entanto, a fila
de prioridades na maioria das vezes não é respeitada por falta de conhecimento das pessoas de modo geral
e dos profissionais envolvidos no serviço. Um exemplo é o atendimento prioritário a autistas que, pela
deficiência intelectual, não conseguem ficar muito tempo parados, nem esperar por muito tempo em lugar
barulhento. Acabam desenvolvendo crises nervosas (choro, agressividade, autolesão). Assim, os
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profissionais que prestam o cuidado devem ter a sensibilidade de avaliar a fila de prioridades e a
classificação de risco e, se possível, passar esse autista em primeiro, evitando crises maiores.
Saiba mais
Embora não sejam classificados como pessoas com deficiência, idosos, gestantes e pessoas com crianças
de colo têm direitos garantidos em algumassituações, como prioridade em filas de atendimento e
estacionamento em vaga diferenciada.
Os demais artigos da Lei nº 13.146/2015 tratam dos direitos fundamentais: direito à vida; habilitação e
reabilitação; saúde; educação; moradia; trabalho; assistência social; previdência social; cultura, esporte,
turismo e lazer; transporte e mobilidade; acessibilidade; comunicação; participação na vida pública e
política.
Atendimento das pessoas com de�ciência
Neste vídeo, você verá sobre os direitos previstos na lei, que garantem atendimento e benefícios a pessoas
com deficiência.
Questões éticas relacionadas ao atendimento da PcD
Não muito tempo atrás, as pessoas com deficiência eram excluídas do convívio social não só pela
sociedade de modo geral, mas até por familiares. Eram trancafiadas em casa, não tinham direto a estudar, a
trabalhar, à saúde, entre outros diretos garantidos a todos.
A garantia de direitos de dignidade e cidadania no campo das políticas públicas é
fundamental tanto para a prevenção de incapacidades como para a promoção da
saúde e para a ampliação da autonomia e das possibilidades de inclusão e
reabilitação, devendo ocupar a preocupação central na articulação dos cuidados.
Mesmo para a saúde, trabalhar com PcD ainda é desafiador, embora elas já estejam incluídas nas escolas e

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no mercado de trabalho. Isso se dá pela falta de conhecimento de como cuidar, pois as PcD precisam
muitas vezes de um atendimento diferenciado, com mais cuidado. Além disso, a sociedade impõe padrões
de “normalidade” o tempo todo, aumentando o preconceito contra o diferente.
É também fundamental entender as dificuldades encontradas pelos profissionais da saúde no atendimento
à PcD, para que se criem grupos de trabalho que discutam de forma ética o cuidado desses pacientes e
amparem os profissionais da saúde. Só assim estaremos cumprindo nosso papel de cidadãos e guardiões
da ética e da saúde da população.
Precisamos também resgatar as diretrizes em que se baseiam o Sistema Único de Saúde (SUS): a
integralidade e a equidade. Veja a seguir.
Integralidade
É preciso ver o indivíduo como um todo. Por exemplo, a pessoa com deficiência física não precisa
apenas de cadeira de rodas, andador, muleta, prótese ou órtese, ele requer um atendimento integral — e
os problemas psicológicos advindos de sua situação entram nesse quesito.
Equidade
Baseia-se em tratar o diferente de forma diferente. Por exemplo, nem todos as pessoas com
deficiência auditiva precisam de implantes ou aparelhos de audição, ou seja, o indivíduo deve ser
assistido de acordo com a necessidade particular.
Como pudemos ver, a inclusão das PcD vai muito além da liberação de seu acesso aos ambientes sociais, é
preciso dar condições dignas, igualitárias e com equidade para as PcD. E essa responsabilidade não é só
dos familiares, mas de toda a sociedade, devemos todos fiscalizar o cumprimento da lei e fazer valer os
direitos garantidos por ela, sem distinção.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 4 - Vem que eu te explico!
A pessoa com de�ciência
Módulo 4 - Vem que eu te explico!
Legislações da PcD
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
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Questão 1
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A Lei Brasileira de Inclusão, no que diz respeito ao direito à igualdade e à não discriminação, prevê
expressamente que a pessoa com deficiência
A
seja representada por seu curador quando for necessário seu consentimento livre e
esclarecido para a realização de tratamento.
B poderá exercer direitos sexuais e reprodutivos desde que assistida por terceiro.
C será submetida à esterilização compulsória.
D não está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
E conservará sua fertilidade e será vedada sua esterilização compulsória.
Parabéns! A alternativa E está correta.
A Lei nº 13.146/2015 traz descritos os direitos da PcD. Entre eles está a fertilidade, e portanto, é
proibida a esterilização compulsória. A PcD tem direito de escolher se quer ou não ter filhos, bem
como quantos filhos deseja ter e a hora que quer realizar o processo de esterilização, se assim o
desejar.
Questão 2
A seguir, são listados os tipos de deficiências que existem. Assinale a alternativa que engloba todos os tipos
de deficiências que são atribuídas às PcD.
A Deficiência intelectual, física, auditiva, visual e múltipla.
B Deficiência mental, física, auditiva e múltipla.
C Deficiência mental, física, auditiva, visual e múltipla.
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Considerações �nais
Ao longo deste conteúdo, vimos as principais questões éticas em situações especiais: no transplante de
órgãos e tecidos, na reprodução humana assistida, em situações de epidemias e pandemias e no
atendimento de pessoas com deficiência. Além disso, exploramos as principais legislações envolvidas em
cada caso e os principais conceitos.
Essas situações estarão presentes tanto no exercício profissional como na vida cotidiana. Vimos que
devemos respeitar o indivíduo como um todo, livre de preconceitos, de forma ética, igualitária e com
equidade, pois cada indivíduo é único e tem suas necessidades diferenciadas. Ainda, devemos estar sempre
nos atualizando e estudando para melhorar a assistência prestada.
D Deficiência intelectual, física, auditiva e visual.
E Deficiência física, auditiva, visual e múltipla.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Pessoas com deficiência (PcD) são aquelas que apresentam deficiência que podem ser naturais,
como uma deficiência intelectual (autismo), uma deficiência adquirida (amputação de um
membro em razão de um acidente), a perda da visão (deficiência visual), a perda da audição (após
uma meningite bacteriana). No entanto, existem pessoas que apresentam mais de uma
deficiência e são classificadas com deficiência múltipla. A deficiência intelectual engloba a
doença mental.
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Podcast
Neste podcast, você irá ouvir e conhecer um pouco mais sobre o transtorno do espectro autista (TEA).

Referências
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25/04/2022 23:09 Tópicos Especiais em Ética e Bioética
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