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Resumo Direito Civil - Parte I OAB 2022

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1. DAS PESSOAS 
A formação da sociedade é composta por pessoas. Por essa razão, o Código Civil começa tratando 
exatamente disso. E, no Direito, atrela-se ao conceito de pessoa a expressão personalidade jurídica, que 
veremos a seguir. 
 
PESSOA NATURAL 
 
Pessoa Natural 
 
O art. 1º do CC diz que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Esse 
artigo trata da pessoa natural, que é todo e qualquer ser humano. 
Personalidade 
 
Na segunda parte do artigo, em que consta “é capaz de direitos e deveres na ordem civil”, diz-se respeito 
à personalidade. 
Assim, personalidade nada mais é do que a aptidão inerente a toda pessoa de adquirir Direitos e contrair 
Deveres na ordem civil. 
Ou seja, toda pessoa é dotada de personalidade. 
Aquisição da personalidade 
De acordo com os arts. 7º da LINDB e 2º do CC, adquirirá personalidade jurídica toda pessoa, natural 
ou física, que nascer com vida. 
 
Art. 2º, CC - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, 
desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
Art. 7o, LINDB - A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da 
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. 
 
Neste sentido, extrai-se que não basta nascer para que se adquira a personalidade, mas, sim, que é 
imprescindível que o indivíduo nasça com vida. 
 
Mas o que é nascer com vida? É considerado nascido com vida o indivíduo que dá ao menos um suspiro – ou 
seja, que seu sistema respiratório tenha funcionado ao menos uma vez. 
 
Dessa forma, a aquisição da personalidade jurídica é o que torna o indivíduo apto a ser titular de direitos. 
 
Em que pese que a personalidade jurídica da pessoa natural seja adquirida apenas após o nascimento 
com vida, são resguardados os direitos do nascituro (aquele que ainda não nasceu, mas que se encontra 
no ventre). Por exemplo: direito ao nome, à imagem, à sepultura, entre outros direitos ligados à 
personalidade. 
 
Além disso, temos o natimorto, que é a denominação atribuída àquele que nasce sem vida (sem ativação 
do sistema respiratório), e que, portanto, não adquire personalidade jurídica. 
 
DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
 
Os direitos da personalidade dizem respeito aos atributos inerentes ao estado de ser humano. 
Segundo Maria Helena Diniz, 
[...] os direitos da personalidade são direitos subjetivos da pessoa de defender o 
que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo 
vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partes separadas do corpo vivo ou 
morto); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, 
artística e literária); e a sua integridade moral (honra, recato segredo profissional e 
doméstico, identidade pessoal, familiar e social). 
 
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
a) Irrenunciabilidade: os direitos da personalidade são indisponíveis. Ou seja, não se pode 
renunciar à vida e à liberdade, por exemplo; 
 
b) Intransmissibilidade: muito próximos da característica anterior, os direitos da personalidade são 
inalienáveis. Você não pode vender a sua vida, por exemplo. No entanto, vale ressaltar que a lei 
admite que alguns direitos de personalidade, como o direito à imagem, seja objeto de alienação. 
Muito comum entre pessoas que detêm espaço midiático; 
 
c) Imprescritibilidade: essa característica significa que inexiste um prazo para seu exercício, não 
se extinguindo pelo seu não uso; 
 
d) Impenhorabilidade: os direitos da personalidade não podem ser alvo de qualquer 
constrição quando possuem cunho patrimonial; 
 
e) Vitaliciedade: os direitos da personalidade são inatos e permanentes, acompanhando a 
pessoa desde seu nascimento até sua morte; 
 
f) Não Limitação: o rol de direitos da personalidade presente no Código Civil é exemplificativo, 
uma vez que não é concebível que se imagine uma lista taxativa para tais direitos. 
 
Em que pesem os direitos da personalidade cessarem com a morte, alguns direitos, como a honra 
do morto, por exemplo, podem ser resguardados por seus herdeiros. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
a) Direito ao Nome: todos os seres humanos têm direito a um nome. Constitui-se o nome lato sensu 
– nome completo – por dois elementos: prenome e sobrenome; 
 
ATENÇÃO: os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de 
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais, ou patologizantes, possuem o direito à 
alteração do prenome e do gênero (sexo) diretamente no registro civil. (ADI 4275/DF - Info 892). 
 
b) Direito à Imagem: a Constituição Federal prevê de forma expressa a proteção à imagem e sua 
 
violação dará ensejo ao dever de reparar (art. 5º, inciso X, da CF/88); 
Art. 5º, X - são invioláveis a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação; 
c) Direito à Vida Privada: a vida privada da pessoa natural é inviolável. O judiciário, a requerimento 
do interessado, adotará as medidas cabíveis para impedir ou fazer cessar qualquer violação (art. 
5º, inciso X, da CF/88). Esse direito da personalidade está ligado ao seu domicílio, sua família, 
comunicação digital, dados telefônicos, correspondências, etc; 
Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, assegurado o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação; 
d) Direito à Honra: a honra acompanha o indivíduo desde o início de sua vida até depois de sua 
morte, e é um dos mais importantes direitos da personalidade (art. 5º, inciso X, da CF/88); 
Art. 5º, X - são invioláveis, a honra, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; 
e) Direito à Integridade Psíquica: de acordo com o art. 5º, §1º, do Pacto de San José da Costa Rica, 
toda pessoa deve ter respeitadas sua integridade física, psíquica e moral. Isso significa que nem os 
particulares, nem o Estado, podem interferir na integridade psicológica dos indivíduos. 
Art 5º - direito a integridade pessoal 
§1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral. 
 
Ofensa aos direitos da personalidade do morto ou do ausente 
 
Configurada a ofensa a qualquer dos direitos de personalidade do de cujus ou do ausente, poderão 
os herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge) e o companheiro do falecido ou do 
desaparecido pleitear a cessação da ofensa e a reparação de dano. 
 
 
EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL 
 
Prevê o art. 6º do Código Civil que a existência da pessoa natural termina com a morte: presume-se esta, 
quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. 
 
Art. 6 o A, CC - existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, 
nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
a) Morte real ou física: considera-se real ou física a morte quando há atestado de óbito, 
pressupondo, para tanto, a existência de um cadáver ou de parte dele, tendo em vista a 
necessidade de expedição de laudo médico; 
b) Morte presumida ou ficta: quando não há corpo, a morte pode ser presumida, com a 
respectiva declaração de ausência; 
 
c) Morte presumida sem declaração de ausência: trata-se de hipótese ilustrada pelo art. 7º do 
Código Civil, que estabelece ser prescindível a declaração de ausência se for extremamente 
provável a morte de quem estava em perigo de vida ou se alguém, desaparecido em campanha 
 
ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Nesses casos, a 
lei dispensa o procedimento de declaração de ausência, sendo realizada a justificação do óbito. 
Mas quem fixará a data provável do óbito? O Código Civil determina que a data provável será 
estabelecidapor meio de decisão judicial, ou seja, caberá ao juiz, por sentença, estabelecer o 
termo provável da extinção da personalidade jurídica de quem se encontrava em iminente risco 
de morte, de quem estava em campanha ou de quem fora conduzido à condição de prisioneiro; 
Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos 
após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida 
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do 
falecimento. 
d) Morte presumida com declaração de ausência: há casos em que a pessoa desaparece, 
sem que estivesse exposta a algum risco iminente ou condição de prisioneiro. Nesses 
casos, a lei exige a declaração prévia de ausência para que haja presunção de morte; 
e) Declaração de ausência: as diretrizes legais para que haja a declaração de ausência estão 
previstas nos arts. 22 a 39 do Código Civil, e o procedimento está traçado nos arts. 744 e 745 
do Novo Código de Processo Civil; 
Da Curadoria dos Bens do Ausente 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado 
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer 
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
 
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que 
não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. 
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, 
observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. 
 
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois 
anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. 
§ 1 o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta 
ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. 
§ 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. 
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. 
 
Da Sucessão Provisória 
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou 
procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra 
provisoriamente a sucessão. 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: 
I - o cônjuge não separado judicialmente; 
 
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; 
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
 
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta 
dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do 
testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. 
§ 1 o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao 
Ministério Público requerê-la ao juízo competente. 
§ 2 o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar 
em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do 
ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. 
 
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, 
sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. 
 
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, 
mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. 
§ 1 o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, 
será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro 
herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. 
§ 2 o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, 
poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. 
 
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando 
o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. 
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o 
ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. 
 
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os 
frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar 
metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do 
Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. 
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, 
perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. 
 
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer 
lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. 
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, 
nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. 
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, 
cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as 
medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. 
 
Da Sucessão Definitiva 
 
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, 
poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. 
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de 
idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus 
descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, 
os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos 
bens alienados depois daquele tempo. 
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum 
interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do 
Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, 
quando situados em território federal. 
_____________________________________________________________________________________
_____ 
Dos Bens dos Ausentes 
 Art. 744 CPC. Declarada a ausência nos casos previstos em lei, o juiz mandará arrecadar os bens do 
ausente e nomear-lhes-á curador na forma estabelecida na Seção VI, observando-se o disposto em lei. 
Art. 745 CPC Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na rede mundial de computadores, no 
sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde 
permanecerá por 1 (um) ano, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, durante 1 
(um) ano, reproduzida de 2 (dois) em 2 (dois) meses, anunciando a arrecadação e chamandoo ausente a 
entrar na posse de seus bens. 
§ 1º Findo o prazo previsto no edital, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão provisória, 
observando-se o disposto em lei. 
§ 2º O interessado, ao requerer a abertura da sucessão provisória, pedirá a citação pessoal dos herdeiros 
presentes e do curador e, por editais, a dos ausentes para requererem habilitação, na forma dos arts. 
689 a 692 . 
§ 3º Presentes os requisitos legais, poderá ser requerida a conversão da sucessão provisória em definitiva. 
§ 4º Regressando o ausente ou algum de seus descendentes ou ascendentes para requerer ao juiz a entrega 
de bens, serão citados para contestar o pedido os sucessores provisórios ou definitivos, o Ministério 
Público e o representante da Fazenda Pública, seguindo-se o procedimento comum. 
f) Sucessão provisória: um ano após a publicação do primeiro edital (ou três anos, na 
hipótese de que o ausente tenha deixado Mandatário), poderão os interessados a que 
aludem os art. 745, §1º do Novo CPC e 27 do Código Civil requerer a abertura da sucessão 
provisória. O Ministério Público somente pode requerer a abertura da sucessão provisória 
findo o prazo mencionado, não havendo interessados em relação à herança. A sentença de 
sucessão provisória somente produz efeitos após cento e oitenta dias de publicada na 
imprensa, não transitando em julgado no prazo geral; 
 
 
Art. 745 CPC - Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na rede mundial de computadores, no 
sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde 
permanecerá por 1 (um) ano, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, durante 1 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art689
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art689
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art692
 
(um) ano, reproduzida de 2 (dois) em 2 (dois) meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a 
entrar na posse de seus bens. 
§ 1º Findo o prazo previsto no edital, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão provisória, 
observando-se o disposto em lei. 
 
Art. 27 CC. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: 
I - o cônjuge não separado judicialmente; 
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; 
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
 
g) Sucessão definitiva: após um longo período de ausência, é autorizada, pelo ordenamento 
jurídico nacional, a abertura da sucessão definitiva. Essa é a terceira fase no processo de 
sucessão de ausentes; 
 
Poderá a sucessão provisória converter-se em definitiva se satisfeitas as seguintes condições: 
 
● quando houver certeza da morte do ausente; 
● a requerimento dos interessados, dez (10) anos depois de passada em julgado a sentença de 
abertura da sucessão provisória, com o levantamento das cauções prestadas; 
● provando-se que o ausente conta 80 (oitenta) anos de nascido, e que de 5 (cinco) datam as últimas 
notícias suas, note-se que a disposição não tem natureza alternativa, de modo que as duas 
exigências — o ausente contabilizar 80 (oitenta) anos e suas últimas notícias datarem de cinco 
anos — devem figurar simultaneamente para a incidência do comando legal. 
 
Quando autorizada a abertura da sucessão definitiva, a morte do ausente torna-se presumida, mas não 
imediatamente. 
 
Vale frisar, todavia, que essa abertura da sucessão definitiva e repasse do patrimônio deixado pelo 
ausente aos interessados não são irreversíveis. 
 
Se o ausente regressar nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou de algum de seus 
descendentes, ou ascendentes, tanto o ausente quanto estes terão direito somente aos bens existentes no 
estado em que se encontrarem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais 
interessados receberam pelos bens alienados depois do procedimento. 
 
Esse limite de dez anos para que seja possível a reversão visa a proteger as relações jurídicas já 
estabelecidas e consolidadas com o transcurso do tempo. Passado esse tempo, opera-se a decadência. 
 
Caso o ausente não regresse dentro desse prazo, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, 
os bens arrecadados passarão ao domínio do município ou do Distrito Federal, a depender de sua 
localização, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. 
 
h) Ausência e dissolução do vínculo matrimonial: considerando o demasiado prazo necessário 
para a ruptura do matrimônio, que somente seria autorizada após a abertura da sucessão definitiva, 
ou seja, depois de 10 anos, é razoável que o cônjuge interessado proponha ação de divórcio contra 
o ausente que, evidentemente, será citado por edital, para que, após a decretação, possa o 
cônjuge do ausente, desta feita divorciado, contrair novo casamento; 
 
i) Comoriência: trata-se de morte simultânea. Duas ou mais pessoas morrem em ocasião 
concomitante não se podendo definir de forma precisa quem morreu primeiro. Vale dizer que a lei 
não exige, para o reconhecimento da comoriência, que as pessoas estivessem no mesmo local. 
O principal efeito disso é o seguinte: os mortos comorientes não são herdeiros entre si. 
 
A relevância desse instituto, portanto, apresenta-se apenas quando, na ocasião da morte, estavam 
presentes pessoas com vínculos familiares que os tornassem herdeiros recíprocos. 
 
Art. 8 o CC - Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos 
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
 
Capacidade civil 
 
A capacidade civil, por outro lado, difere da personalidade. Ela diz respeito ao exercício de direitos e 
satisfação de obrigações. 
 
Pode ser observada através de dois prismas: 
 
a) Capacidade de direito ou de gozo: é aquela que não pode ser recusada ao indivíduo, pois é 
ínsita a quem possui personalidade jurídica, já que se define como sendo a aptidão genérica para 
aquisição de direitos e deveres. A capacidade de direito se inicia com o nascimento com vida. 
b) Capacidade de fato ou de exercício: a capacidade de fato ou de exercício, por sua vez, é a 
aptidão para exercer por si os atos da vida civil, dependendo, portanto, do discernimento, cujo 
critério será aferido, sob o prisma jurídico, pela aptidão que tem a pessoa de distinguir o lícito do 
ilícito, o conveniente do prejudicial. 
 
A capacidade de fato, porém, pode sofrer restrições legais quanto ao seu exercício pela ocorrência de um 
fato genérico, como o tempo (maioridade ou menoridade), ou por um problema que afete o discernimento 
da pessoa (como os que não puderem, por algum motivo, exprimir a sua vontade, por exemplo). Aos que 
assim são tratados por lei, o direito os denomina como "incapazes" (Cassetari, 2011). 
 
 
Absolutamente incapazes (art. 3º do CC – atos nulos) 
 
Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. 
 
Consideram-se absolutamente incapazes as pessoas que desfrutam de capacidade de gozo, mas que se 
encontram completamente limitadas para os atos da vida civil em razão de certas circunstâncias. Os atos 
por tais pessoas praticados são considerados nulos (art. 166, I, do CC). 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - Celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
 
O Código Civil sofreu recente e significativa modificação. A partir da entrada em vigor da Lei n. 
13.146/2015, denominada Estatuto da Pessoa com Deficiência, apenas os menores de 16 
(dezesseis) anos passaram a ser considerados pela lei geral absolutamente incapazes. Em 
relação às enfermidades ou deficiências mentais que que impeçam completamente o discernimento 
do ser humano, bem como as causas 
transitóriasque excluíam a capacidade plena momentaneamente passaram a ser causa de incapacidade relativa, nos 
moldes do art. 114 do referido diploma legal (art. 4º do CC). 
 
 
Relativamente incapazes (art. 4º do CC; atos anuláveis art. 171, I, do CC) 
 
 
Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. 
 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
 
Existem pessoas que desfrutam de certo discernimento e que podem, desta forma, praticar certos atos da 
vida civil, desde que devidamente assistidos, como: 
 
● Casar (art. 1.517 do CC); 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de 
seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. 
● Testamento (art. 1.860, parágrafo único, do CC); 
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento. 
Parágrafo Único: Podem testar os mairoes de dezesseis anos. 
● Figurar como mandatários (art. 666 do CC). 
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não 
tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores. 
 
 
Quem é relativamente incapaz? São relativamente incapazes aqueles que figuram entre os 
maiores de 16 anos e menores de 18. 
 
Todavia, vale ressaltar que todos os atos praticados por indivíduos que se enquadram nas hipóteses de 
relativização da incapacidade sem a devida assistência serão anuláveis. 
 
Também podem ser considerados relativamente incapazes os ébrios habituais e os viciados em drogas. 
 
Sobre isso, a fim de garantir a segurança jurídica dos atos praticados por alguém sob a influência de álcool 
ou outra substância entorpecente, tal consideração se dá apenas após a realização de análise do grau de 
comprometimento das faculdades mentais, com a finalidade de verificar se é caso de interdição relativa ou 
absoluta. 
 
O princípio da Segurança Jurídica é a garantia de que os atos praticados terão consequências jurídicas. 
Trata-se da segurança de que o direito será exigível e que será devidamente apreciado pela justiça. 
 
Vale ressaltar, ainda, que também são considerados relativamente incapazes os pródigos, que são 
aquelas pessoas que dilapidam patrimônio sem medir esforços, sem dosar prejuízos, gastando dinheiro 
compulsivamente e arriscando o comprometimento da estabilidade da subsistência de sua família. 
 
No tocante aos índios, a situação é tratada por legislação própria (lei n. 6.001/73 – Estatuto do 
Índio), a qual submete a tutela dos povos indígenas à União. 
 
Ainda em relação aos indígenas, no tocante aos negócios jurídicos que praticam, destaca-se que a 
“referida lei considera nulos os negócios celebrados entre um índio e pessoa estranha à comunidade 
indígena” sem a ratificação da Funai (Fundação Nacional do Índio). 
 
Todavia, se o ato praticado não prejudicar o índio, que deve revelar conhecimento dos costumes alheios à 
comunidade da qual faz parte (índio “urbanizado”), será ele válido. 
 
 
Ressalta-se, por fim, que eles não alcançam a maioridade civil com 18 anos, sendo-lhes atribuída a 
capacidade plena apenas aos 21 anos – vide art. 9º, I, da lei n. 6.001/73. 
 
Art. 9º Qualquer índio poderá requerer ao Juiz competente a sua liberação do regime tutelar previsto nesta Lei, 
investindo-se na plenitude da capacidade civil, desde que preencha os requisitos seguintes: 
I - idade mínima de 21 anos; 
 
 
Plenamente capazes 
 
Na forma do art. 5º do Código Civil, a capacidade civil plena será adquirida: 
a) aos 18 anos; 
b) por meio da emancipação; 
c) ou, por ocasião da cessação do motivo causador da incapacidade plena ou da incapacidade 
relativa. 
Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação 
judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - Pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - Pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 
dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
Ao completar 18 anos, a pessoa natural poderá praticar todos os atos da vida civil sem a necessidade de 
representação ou de assistência, tendo em vista a extinção do poder familiar (vide art. 1.635, III, do 
CC). 
Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: 
III - pela maioridade; 
 
Ou seja, com a maioridade conquistada aos dezoito anos, a pessoa torna-se maior, adquirindo a 
capacidade de fato, podendo, então, exercer pessoalmente os atos da vida civil. 
 
Emancipação 
 
A emancipação trata da aquisição antecipada da capacidade civil plena. Requisito: ter entre 16 e 18 anos. 
 
A emancipação poderá ser voluntária, judicial ou legal. 
 
a) Voluntária: a emancipação voluntária é aquela em que existe consenso entre os pais em relação à 
antecipação da capacidade plena dos filhos com idade entre 16 e 18 anos. Somente terá validade se for 
feita por meio de instrumento público (escritura pública de emancipação). 
 
A escritura pública de emancipação será lavrada no Tabelionato de Notas e será registrada no Oficial de 
Registro Civil do domicílio do menor - despicienda a homologação judicial. 
 
Em caso de ausência ou perda do poder familiar de um dos pais, fica ao remanescente o direito à 
emancipação. 
 
b) Judicial: havendo conflito entre os pais, a emancipação também poderá ser resolvida através do Poder 
Judiciário, na forma do art. 1.631, parágrafo único, do Código Civil. 
 
 
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um 
deles, o outro o exercerá com exclusividade. 
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao 
juiz para solução do desacordo 
 
De maneira igual, quando o menor púbere estiver sob tutela, o tutor poderá requerer ao juiz a 
emancipação do tutelado. Nesse processo, será indispensável a manifestação de membro do Ministério 
Público, buscando aferir as condições reais do menor. 
 
Nesse caso, a sentença de emancipação fará as vezes do instrumento público, sendo levada a registro no 
Oficial de Registro Civil competente. 
 
c) Legal ou automática: existem hipóteses previstas em lei que autorizam a antecipação dos efeitos da 
capacidade plena, sendo elas: 
● o casamento; 
● exercício de emprego público efetivo; 
● colação de grau em curso de ensino superior; 
● e,autonomia financeira oriunda de relação de emprego ou de estabelecimento civil ou 
comercial. 
 
Destaca-se que o casamento, independentemente da idade dos menores púberes ou impúberes, terá 
como consequência a emancipação. 
 
Outra forma de emancipação se liga ao exercício de emprego, cargo ou função públicos em caráter 
efetivo. A nomeação do menor entre 16 e 18 anos para cargos temporários ou comissionados não 
emancipam. Embora a lei preveja idade mínima de 18 anos para ocupação de cargo efetivo, caso 
houvesse alguma alteração legislativa, haveria essa possibilidade. 
 
Embora difícil de acontecer, outra forma que também torna o menor plenamente capaz é a aquisição de 
grau em curso de nível superior.Além disso, também poderá ter a antecipação dos efeitos da capacidade plena aquele que estabelecer 
independência financeira por meio de uma relação de emprego ou de estabelecimento civil ou comercial 
sob sua gerência. 
 
É importante frisar que os efeitos da emancipação são eminentemente civis, sem refletir em sua 
imputabilidade penal ou habilitando-o à quebra de algum requisito legal para determinada atividade, como 
a habilitação para condução de veículos automotores. 
 
PESSOA JURÍDICA 
 
Aquela que, sendo incorpórea, é compreendida por uma entidade coletiva ou artificial, legalmente 
organizada, com fins políticos, sociais, econômicos e outros a que se destine, com existência autônoma e 
independente dos membros que a integram. É sujeita, ativa ou passivamente, a direitos e obrigações. As 
pessoas jurídicas classificam-se de acordo com a sua natureza, constituição e finalidades, em pessoas 
jurídicas de Direito Público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e pessoas jurídicas de Direito 
Privado (sociedades civis, sociedades comerciais e fundações). 
 
PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
Para que a pessoa jurídica de direito privado adquira personalidade jurídica, é indispensável que seus atos 
 
constitutivos sejam registrados no órgão competente (Junta Comercial ou Cartório de Registro de Pessoas 
Jurídicas). Em certos casos, é necessária a autorização do Poder Executivo, ou a lei e o ato administrativo, 
nos casos das pessoas jurídicas de direito público. 
 
Atos Constitutivos 
● Estatuto para associações sem fins lucrativos; 
● Contrato social para as sociedades simples ou empresárias; 
● Escritura pública ou testamento em caso de fundações. 
 
CLASSIFICAÇÃO DE PESSOAS JURÍDICAS 
 
Conforme preconiza o art. 40 do Código Civil, as pessoas jurídicas podem ser de direito público ou de 
direito privado. 
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. 
 
a) Direito público: na forma do art. 41 do Código Civil, são pessoas jurídicas de direito público interno: 
1. a União; 
2. os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
3. os Municípios; 
4. as autarquias, inclusive as associações públicas; 
5. as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
 
 
Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público às quais se tenha dado 
estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas 
normas do Código Civil. 
 
Doutra banda, são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados 
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. 
 
Não obstante, vale ressaltar que as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente 
responsáveis por atos dos seus agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros, ressalvado 
direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo – art. 43 do 
Código Civil. 
 
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que 
nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, 
por parte destes, culpa ou dolo. 
 
b) Direito privado: são pessoas jurídicas de direito privado as sociedades, as associações, as 
fundações, os partidos políticos, as organizações religiosas e as empresas individuais de 
responsabilidade limitada. 
 
● Associações: são as associações (AASP, sindicatos, cooperativas) pessoas jurídicas de direito 
privado constituídas por meio da união de pessoas com propósito não lucrativo. 
 
Embora tenham caráter não lucrativo, não negocial, nada obsta que seja cobrado valor a título de 
contribuição associativa, valor este que deverá ser revertido única e exclusivamente em prol da 
 
pessoa jurídica. Vale destacar, também, que não há, entre eles, deveres e obrigações recíprocos, 
ao revés do que se observa nas sociedades. 
 
● Sociedades: as sociedades também se formam por meio da reunião de pessoas, as quais têm 
um intento comum: a obtenção de lucro. Podem ser simples ou empresária. 
As sociedades empresárias são as exercentes de atividade típica do empresário, isto é, as que 
desenvolvem profissionalmente atividade econômica organizada para a produção e circulação de 
bens ou de serviços. 
Toda e qualquer atividade econômica profissional, organizada, e voltada para a produção e 
circulação de bens ou de serviços, é considerada empresária. 
 
Por sua vez, as sociedades constituídas para que os sócios possam, de forma organizada, exercer 
atividade econômica intelectual são, por lei, consideradas como Sociedades Simples. Exemplo 
prático e de fácil compreensão são as sociedades constituídas por profissionais liberais, médicos, 
advogados, dentistas, em que se mobiliza capital para melhor estruturar suas atividades 
econômicas. Assim, contribuem com capital para a consolidação do negócio que será exercido de 
forma individual por cada um. 
 
● Fundações: as fundações privadas são a reunião de bens livres reservados por seu 
instituidor por meio de escritura pública – ato inter vivos – ou testamento –causa mortis. 
 
Não podem elas ter como finalidade a obtenção de lucro, estando sua criação vinculada às 
finalidades cultural, religiosa, moral ou assistencial, nos termos do art. 62, parágrafo único, do 
Código Civil. 
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial 
de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. 
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: 
I – assistência social; 
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; 
III – educação 
IV – saúde; 
V – segurança alimentar e nutricional; 
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; 
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, 
produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; 
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; 
IX – atividades religiosas; 
 
● Partidos políticos: são pessoas jurídicas de direito privado que se reúnem com viés 
político, sem visar à obtenção de lucro. 
 
● Organizações religiosas: é considerada organização religiosa todo tipo de reunião, culto, seita, 
filosofia ou ritual destinado à propagação da fé, seja ela qual for. 
São elas concebidas por meio da reunião de pessoas e não podem ter por meta a obtenção de 
lucro. 
 
Não se sujeitam às adequações de regras vigentes no Código Civil, por força do art. 2.031 do 
Código Civil. 
Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, bem como os 
empresários, deverão se adaptar às disposições deste Código até 11 de janeiro de 2007. 
 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às organizações religiosas nem aos partidos políticos. 
 
● As empresas individuais de responsabilidade limitada: a empresa individual de 
responsabilidade limitada é constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital 
social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo 
vigente no país (art. 980-A do CC). 
 
OBS: Com o surgimento da SLU (Sociedade Limitada Unipessoal), em 2019, o formato 
jurídico EIRELI foi perdendo a relevância. Isso justamente porque a SLU oferece a mesma 
segurança jurídica que uma sociedade, mas podendo ser o sócio único da empresa. 
Com a lei 14.195/2021, por revogação tácita do Art. 980-A, não seria mais possível também 
registrar novas EIRELIs. O que ocorre é que a EIRELI continua prevista no Código Civil, em 
virtude da não revogação dos dispositivos supramencionados. 
 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
O Novo CPC trouxeem seu escopo, mais precisamente no capítulo IV, a partir do art. 133, o incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica. 
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério 
Público, quando lhe couber intervir no processo. 
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei. 
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. 
 
 
Em muitas situações, a pessoa jurídica, em razão da proteção patrimonial que possui, é utilizada para 
fazer mau uso desse benefício, desviando seus princípios e fins, cometendo fraudes e abusos. 
 
Assim, visando a coibir os possíveis abusos e desvios que poderão ser cometidos pelas pessoas jurídicas 
em razão da autonomia e proteção patrimonial, foi criada a teoria da desconsideração da personalidade 
jurídica. 
 
É através da desconsideração da personalidade jurídica que se possibilita a superação da separação entre 
os bens da empresa e os de seus sócios para efeito de determinar obrigações. 
 
No Direito Brasileiro, temos duas teorias de aplicação da desconsideração: 
a) Teoria Maior; 
b) Teoria Menor. 
 
Para fins de aplicação do Código Civil, é importante observar o novo texto do caput do art. 50, do Código 
Civil, trazido em razão do advento da lei nº 13.874/19, que adotou a teoria maior, por exigir, além da 
insuficiência patrimonial, pressuposto lógico, a demonstração do abuso caracterizado pelo desvio de 
finalidade ou pela confusão patrimonial, estabelecendo que: 
 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão 
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, 
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. 
 
 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de 
lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. 
 
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente 
insignificante; e 
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. 
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de 
administradores à pessoa jurídica. 
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não 
autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica 
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica 
específica da pessoa jurídica 
 
“Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão 
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no 
processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam 
estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados 
direta ou indiretamente pelo abuso.” (Grifos nossos) 
 
 
A teoria menor, por outro lado, exige apenas a insuficiência patrimonial, consagrada no Direito Ambiental e 
no Direito do Consumidor (art. 28 do CDC), bem como na Justiça do Trabalho, aplicando o instituto da 
desconsideração de forma mais facilitada. 
 
 Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, 
houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato 
social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou 
inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. 
§ 1° (Vetado). 
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente 
responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. 
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código 
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. 
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, 
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 
 
Em suma, nas relações jurídicas civis ou estritamente empresariais, a desconsideração, regulada pelo art. 
50 do Código Civil, tem a sua aplicação mais dificultada, tendo em vista os requisitos exigidos por lei, 
dispensados na teoria menor. 
 
 
EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA 
 
Hipóteses previstas no art. 1033 do Código Civil 
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: 
I – o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este, e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade 
em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; 
II – o consenso unânime dos sócios; 
III – a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; 
IV – a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; 
 V – a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. 
 
 
 
Hipóteses previstas na lei 6.404/76 - Lei das Sociedade Anônimas 
 
Art. 206. Dissolve-se a companhia: 
I – de pleno direito: 
a) pelo término do prazo de duração; 
b) nos casos previstos no estatuto; 
c) por deliberação da assembleia geral (art. 136, X); 
d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembleia geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for 
reconstituído até à do ano seguinte, ressalvado o disposto no artigo 251; 
e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar. 
 
II – por decisão judicial: 
a) quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qualquer acionista; 
b) quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionistas que representem 5% (cinco 
por cento) ou mais do capital social; 
c) em caso de falência, na forma prevista na respectiva lei; 
 
III – por decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma previstos em lei especial. 
 
Outras hipóteses: 
 
a) no caso de tornar-se impossível, ilícita ou, criada para determinada finalidade, esta tenha sido 
atingida; 
b) por tornar-se nociva ou impossível a sua manutenção, tudo isso reconhecido por decisão judicial 
após ação promovida pelo Ministério Público ou pelo interessado. 
 
DOMICÍLIO 
 
Cuida-se o domicílio do lugar em que a pessoa se estabelece permanentemente. É a sua sede jurídica, 
seja ele destinado à moradia ou ao exercício de atividade profissional. 
 
Destaca-se que os conceitos de Morada, Residência e Domicílio diferem entre si – conforme quadro 
abaixo: 
 
 
MORADA RESIDÊNCIA DOMICÍLIO 
Pessoa física se estabelece 
TEMPORARIAMENTE 
Pessoa física se estabelece 
PERMANENTEMENTE 
Pessoa física se estabelece 
DEFINITIVAMENTE 
 
Caráter provisório Caráter habitual Caráter definitivo 
Indivíduo não transfere toda 
sua vida para o local 
Indivíduo transfere alguns 
aspectos da sua vida para o 
local 
Toda a vida jurídica do 
indivíduo está concentrada no 
local 
 
 
ATENÇÃO: após o advento da Lei 13.870/19, para fins de posse de arma de fogo, 
considera-se residência ou domicílio toda extensão do imóvel em área rural. 
 
PESSOA NATURAL 
 
O domicílio da pessoa natural pode ser voluntário, legal ou necessário e especial. 
 
a) Voluntário: trata-se do domicíliogeral, que decorre de ato de vontade, ou seja, do fato de o 
indivíduo estabelecer sua residência com ânimo definitivo, em um determinado local; 
b) Legal ou necessário: trata-se do domicílio geral que decorre de determinação legal. As 
hipóteses de domicílio legal estão previstas no art. 76 do Código Civil, quais sejam: o 
incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso; 
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em 
que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a 
sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e 
o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. 
 
 
O incapaz terá como domicílio o mesmo do seu curador ou responsável. 
 
O servidor público domicializar-se-á no local em que exercer de forma permanente suas funções. Em se 
tratando de uma função que possua caráter de transitoriedade inerente, será considerado o seu domicílio 
anterior. 
 
O domicílio militar do exército é o local em que se servir. Todavia, em relação aos militares da Marinha 
e da Aeronáutica, será a sede do comando a que se encontrarem imediatamente subordinados. 
 
No tocante ao marítimo, especialmente, seu domicílio será estabelecido pelo local em que estiver 
matriculada a embarcação, caso esteja há bastante tempo em alto mar. 
 
O preso definitivamente condenado terá por domicílio o estabelecimento prisional em que cumpre pena. 
Se for preso provisório, será considerado o domicílio voluntário. 
 
Vale destacar, ainda, o que prevê o art. 77 do Código Civil: o agente diplomático do Brasil, que, citado no 
estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser 
demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve. 
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde 
tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro 
onde o teve. 
 
c) Especial: refere-se ao domicílio que decorre do ajuste de vontade entre as partes. Também 
chamado de foro de eleição decorrentes de uma relação jurídica. E possui reflexos, também, no 
âmbito da competência do juízo para fins processuais – art. 78 do Código Civil. 
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e 
obrigações deles resultantes. 
 
 
 
 
PESSOA JURÍDICA – ART. 75, IV DO CÓDIGO CIVIL 
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem 
domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. 
 
Entende-se, por domicílio da pessoa jurídica União, o Distrito Federal; dos Estados e Territórios, as 
respectivas capitais; do Município, o lugar onde funcione a administração municipal e, das demais pessoas 
jurídicas, o lugar onde tiverem sido estabelecidas as respectivas diretorias e administrações, ou onde 
elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. 
 
Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos, em lugares diferentes, cada um deles será 
considerado domicílio para os atos nele praticados. Se a administração, ou diretoria, entretanto, tiver a 
sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por 
cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. 
2. DOS BENS 
 
CONCEITO 
 
Bens são as coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que podem servir de objeto a uma 
relação jurídica; para que o bem seja objeto de uma relação jurídica, é preciso que ele apresente as 
seguintes características: idoneidade para satisfazer um interesse econômico, gestão econômica 
autônoma e subordinação jurídica ao seu titular. 
CLASSIFICAÇÃO 
 
1) Bens corpóreos e incorpóreos: bens corpóreos são os bens possuidores de existência física. São 
concretos e visíveis. Ex.: uma janela, casa, automóvel, porta, etc. 
Bens incorpóreos são bens abstratos, que não possuem existência física, ou seja, não são concretos. Ex.: 
direitos autorais, crédito, vida, saúde, liberdade, etc. 
2) Bens móveis e imóveis: móveis são os que podem ser transportados por movimento próprio ou 
removidos por força alheia; imóveis são os que não podem ser transportados sem alteração de sua 
substância. 
3) Bens imóveis por sua natureza – art. 79 do Código Civil: engloba o solo com sua superfície, os seus 
acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o 
subsolo. 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
4) Bens imóveis por acessão física artificial – art. 79 do Código Civil: são os bens que o homem fixa 
permanentemente ao solo. Ex.: a semente lançada à terra, os edifícios e construções, etc. 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
5) Bens imóveis por acessão intelectual – art. 83 do Código Civil: são todas as coisas móveis que o 
proprietário do imóvel mantiver, intencionalmente, empregadas em sua exploração industrial, 
aformoseamento ou comodidade – art. 83, III do Código Civil. 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
 
6) Bens imóveis por determinação legal – art. 80 do Código Civil: os bens imóveis por determinação 
legal são direitos reais sobre imóveis, como: usufruto, uso, habitação, enfiteuse, anticrese, servidão 
predial, etc., bem como o penhor agrícola e as ações que o asseguram; apólices da dívida pública 
oneradas com a cláusula de inalienabilidade, decorrente de doação ou de testamento; o direito à sucessão 
aberta, ainda que a herança só seja formada de bens móveis. 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
II - o direito à sucessão aberta. 
7) Bens móveis por natureza – art. 82 do Código Civil: são as coisas corpóreas que podem ser 
removidos sem danos, por força própria ou alheia. Da mesma forma, são considerados bens móveis os 
materiais de construção enquanto não forem nela empregados. 
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da 
substância ou da destinação econômico-social. 
8) Bens móveis por antecipação – art. 82 do Código Civil: são bens imóveis que a vontade 
humana mobiliza em função da finalidade econômica; ex: árvores, frutos, pedras e metais, aderentes 
ao imóvel, são imóveis; separados, para fins humanos, tornam-se móveis; ex: são móveis por 
antecipação árvores convertidas em lenha. 
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da 
substância ou da destinação econômico-social. 
9) Bens móveis por determinação de lei – art. 83 do Código Civil: são os direitos reais sobre objetos 
móveis e as ações correspondentes aos direitos de obrigação e às ações respectivas e os direitos de autor. 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: 
I - as energias que tenham valor econômico; 
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
10) Bens fungíveis e infungíveis – art. 85 do Código Civil: fungíveis são os bens móveis que 
podem ser substituídos por outros de mesma espécie, qualidade e quantidade; 
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e 
quantidade.Infungíveis são os insubstituíveis. 
Ex. de bem fungível: saca de arroz, um automóvel modelo X, ano Y, etc. Ex. de 
bem infungível: quadro de Picasso, um cavalo campeão, etc. 
 
11) Bens consumíveis e inconsumíveis – art. 86 do Código Civil: consumíveis podem ser 
considerados aqueles se destroem assim que vão sendo usados (alimentos em geral); 
inconsumíveis são os de natureza durável, como um livro. 
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também 
considerados tais os destinados à alienação. 
 
 
12) Bens divisíveis e indivisíveis – art. 87 e 88 do Código Civil: divisíveis são aqueles que podem ser 
fracionados em porções reais; indivisíveis são aqueles que não podem ser fracionados sem se lhes 
alterar a substância, ou que, mesmo divisíveis, são considerados indivisíveis pela lei ou pela vontade das 
 
partes. 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de 
valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das 
partes. 
13) Bens singulares e coletivos - art. 89 e 91 do Código Civil: as coisas singulares são as que, embora 
reunidas, se consideram per si, independentemente das demais. São consideradas em sua 
individualidade. Coletivas são as constituídas por várias coisas singulares, consideradas em conjunto, 
formando um todo único, que passam a ter individualidade própria, distintas de seus objetos 
componentes, que conservam sua autonomia funcional. 
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si , independentemente dos demais. 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham 
destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor 
econômico. 
14) Bens principais e acessórios – art. 92 do Código Civil: bens principais são os que existem em si e 
por si, abstrata ou concretamente; acessórios são aqueles cuja existência supõe a existência do principal. 
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a 
do principal. 
15) Bens particulares e bens públicos: são, respectivamente, os que pertencem a pessoas naturais ou 
jurídicas de direito privado e os que pertencem a pessoas jurídicas de direito público, políticas, à União, 
aos Estados a aos Municípios. 
16) Bens públicos de uso comum do povo: são os que, embora pertencentes a pessoa jurídica de 
direito público interno, podem ser utilizados, sem restrição e gratuitamente, por todos, sem necessidade 
de qualquer permissão especial. 
17) Bens públicos de uso especial: são utilizados pelo próprio poder público, constituindo-se por 
imóveis aplicados ao serviço ou estabelecimento federal, estadual ou municipal, como prédio onde 
funcionam tribunais, escolas públicas, secretarias, ministérios, etc; são os que têm uma destinação 
especial. 
18) Bens públicos dominicais: são os que compõem o patrimônio da União, dos Estados ou dos 
Municípios, como objeto do direito pessoal ou real dessas pessoas; abrangem bens móveis ou imóveis. 
19) Bens que estão fora do comércio: os bens alienáveis, disponíveis ou no comércio, são os que se 
encontram livres de quaisquer restrições que impossibilitem sua transferência ou apropriação, podendo, 
portanto, passar, gratuita ou onerosamente, de um patrimônio a outro, quer por sua natureza, quer por 
disposição legal, que permite, por exemplo, a venda de bem público; os bens inalienáveis ou fora do 
comércio são os que não podem ser transferidos de um acervo patrimonial a outro ou insuscetíveis de 
apropriação. 
20) Bens inalienáveis por sua natureza: são os bens de uso inesgotável, como o ar, o mar, a luz solar; 
porém, a captação, por meio de aparelhagem, do ar atmosférico ou da água do mar para extrair certos 
elementos com o escopo de atender determinadas finalidades, pode ser objeto de comércio. 
 
 
21) Bens legalmente inalienáveis: são os que, apesar de suscetíveis de apropriação pelo homem, têm 
sua comercialidade excluída pela lei, para atender aos interesses econômicos e sociais, à defesa social 
e à proteção de determinadas pessoas; poderão ser alienados, por autorização legal, apenas em certas 
circunstâncias e mediante determinadas formalidades; entram nessa categoria: os bens públicos; os 
dotais; os das fundações; os dos menores; os lotes rurais remanescentes de loteamentos já inscritos; o 
capital destinado a garantir o pagamento de alimentos pelo autor do fato ilícito; o terreno onde está 
edificado no caso de edifício de condomínio por andares; o bem de família; os móveis ou imóveis 
tombados; as terras ocupadas pelos índios. 
22) Bens inalienáveis pela vontade humana: são os que lhes impõem cláusula de inalienabilidade, 
temporária ou vitalícia, nos casos e formas previstos em lei, por ato inter vivos ou causa mortis. 
23) Benfeitorias: são os bens acessórios acrescentados ao imóvel, que é o bem principal; podem ser 
necessárias (imprescindíveis à conservação do imóvel ou para evitar-lhe a deterioração), úteis (aumentam 
ou facilitam o uso do imóvel) e voluptuárias (embelezam o imóvel, para mero deleite ou recreio). 
24) Frutos: são bens acessórios que derivam do principal; podem ser naturais (das árvores), 
industriais (da cultura ou da atividade) e civis (do capital, como os juros). 
25) Bem de família – art. 1.711 a 1.722 do Código Civil: os bens de família podem ser divididos em 
voluntário e legal. 
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte 
de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente 
ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei 
especial. 
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a 
eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. 
Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os 
casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da 
família. 
 
Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no artigo antecedente, não poderão exceder o valor do prédio instituído em 
bem de família, à época de sua instituição. 
§ 1 o Deverão os valores mobiliários ser devidamente individualizados no instrumento de instituição do bem de família. 
§ 2 o Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição como bem de família deverá constar dos respectivos livros de registro. 
§ 3 o O instituidor poderá determinar que a administração dos valores mobiliários seja confiada a instituição financeira, bem como 
disciplinar a forma de pagamento da respectiva renda aos beneficiários, caso em que a responsabilidade dos administradores obedecerá às 
regras do contrato de depósito. 
 
Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis. 
 
Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao 
prédio, ou de despesas de condomínio. 
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro prédio, como bem de 
família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantesaconselharem outra solução, a critério do juiz. 
 
Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente durará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos 
completem a maioridade. 
 
 
Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, não podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 
ou serem alienados sem o consentimento dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério Público. 
 
Art. 1.718. Qualquer forma de liquidação da entidade administradora, a que se refere o § 3 o do art. 1.713, não atingirá os valores a ela 
confiados, ordenando o juiz a sua transferência para outra instituição semelhante, obedecendo-se, no caso de falência, ao disposto sobre 
pedido de restituição. 
 
Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas condições em que foi instituído, poderá o juiz, a 
requerimento dos interessados, extingui-lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros, ouvidos o instituidor e o 
Ministério Público. 
 
Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a administração do bem de família compete a ambos os cônjuges, 
resolvendo o juiz em caso de divergência. 
Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônjuges, a administração passará ao filho mais velho, se for maior, e, do contrário, a seu 
tutor. 
 
Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família. 
Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de 
família, se for o único bem do casal. 
 
Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos 
a curatela. 
Voluntário é um instituto em que o casal, ou um dos cônjuges, destina um imóvel próprio para domicílio da 
família, com a cláusula de ficar isento de execução por dívidas, salvo as que provierem de impostos 
relativos ao mesmo imóvel (art. 70, CC) – Ver também o art. 20 do Dec-Lei 3.200/41); 
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. 
art. 20 do Dec-Lei 3.200/41 - Por morte do instituidor, ou de seu cônjuge, o prédio instituído em bem de família não 
entrará em inventário, nem será partilhado, enquanto continuar a residir nele o cônjuge sobrevivente ou filho de 
menor idade. Num e outro caso, não sofrerá modificação a transcrição. 
 
Legal, por sua vez, é o instituído pela Lei 8.009/90, que determinou a impenhorabilidade geral de todas as 
moradias familiares próprias, uma para cada família, independentemente de qualquer ato ou manifestação 
de vontade. A referida impenhorabilidade abrange os seguintes bens, desde que sem ônus: a casa e seu 
terreno, os móveis que guarnecem a casa, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os 
equipamentos, inclusive os de uso profissional. Se a casa for alugada, aplica-se aos bens móveis, que 
guarnecem a residência; se for imóvel rural, aplica-se só a sede de moradias que sejam móveis. 
 
 
 
3. FATO E ATO JURÍDICO 
 
TEORIA GERAL DOS FATOS JURÍDICOS 
 
Considera-se Fato Jurídico, em sentido amplo, todo acontecimento que faz nascer, modificar, subsistir ou 
extinguir direitos. Decorrem de uma relação jurídica e devem estar previstos em norma de direito. São 
denominados, então, por resultarem de acontecimentos considerados relevantes ao direito, uma vez que 
produzem efeitos jurídicos e se dividem em duas espécies: Fato natural ou stricto sensu e Fato humano ou 
lato sensu. 
 
Fato natural ou stricto sensu: é todo acontecimento que independe da vontade humana; resultando, 
portanto, de um fenômeno natural, que, a princípio, é irrelevante para o mundo do direito. Contudo, se este 
mesmo acontecimento vier a criar, modificar ou extinguir direitos, haverá interesse para o direito. Pode ser 
Ordinário ou Extraordinário:. 
 
a) Ordinário - não decorre da vontade humana, mas acarreta efeitos jurídicos, por exemplo: 
nascimento, maioridade, morte, decurso do tempo, fixação de termo inicial e termo final; 
b) Extraordinário - em regra, enquadra-se como um acontecimento fortuito ou de força maior, como 
queda de um raio ou uma tempestade. 
Fato jurídico humano ou lato sensu: resulta da criação, modificação, manutenção ou extinção de 
direitos em decorrência da manifestação da vontade de alguém. Também se divide em duas 
possibilidades: 
 
a) Ato voluntário: é a manifestação da vontade humana que produz efeitos jurídicos e é praticada de 
conformidade com o ordenamento jurídico, sendo, portanto, lícito; 
 
b) Ato involuntário: caracterizado por acarretar consequências jurídicas alheias à vontade do 
agente. É sob esta hipótese em que se configura o ato ilícito - vide art. 186. Gera a obrigação de 
reparar o dano, como dispõe o art. 927, ambos do Código Civil. Ocorre sempre que praticado em 
desacordo com o que está previsto no ordenamento jurídico. 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar 
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os 
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
 
Desta forma, embora não haja intenção do agente no ato da prática da violação que resultou em dano, 
surge o dever de indenizar. 
 
ATO-FATO JURÍDICO 
 
Ato-fato é aquele ato que, quando praticado, em si, enseja um efeito no plano jurídico. Como, por exemplo, 
quando a pessoa encontra um veio de ouro e, embora não se manifeste nesse sentido, tornou-se 
proprietária do que foi achado. 
 
Desta forma, o ato-fato é aquela situação em que, independentemente da vontade do agente, haverá a 
criação, manutenção, modificação ou extinção de um direito em decorrência da lei, pelo chamado ato-fato 
jurídico. 
 
ATO ILÍCITO – Art. 186 do Código Civil 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a 
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
Para sua caracterização, é necessário que haja uma ação ou omissão voluntária que viole um direito 
subjetivo individual, causando um prejuízo em seu patrimônio material ou moral, e que acarrete o dever de 
indenizar. 
 
O art. 186 do Código Civil dispõe: “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
 
Vale ressalvar, no entanto, que é causa de excludente de ilicitude quando o ato é praticado no exercício 
regular de um direito – deixando de caracterizar, portanto, o ato ilícito. 
 
Isso não significa dizer, todavia, que o agente possui uma anuência irrestrita para a prática de atos 
ilícitos quando estiver no exercício regular de um direito. Havendo evidente abuso de direito, também 
surgirá o dever de indenizar (art. 187 do Código Civil). 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os 
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
 
Elementos do ato ilícito: 
 
Inicialmente, é importante ressaltar que, no Direito Civil, dolo e culpa têm interpretações diversas em 
relação ao Direito Penal. 
Dolo: segundo Clóvis Beviláqua: “Dolo é artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém 
à prática de um ato jurídico, que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a terceiro. ” 
 
Culpa: ocorre pela violação de um dever jurídico por negligência, imprudência ou imperícia, podendo 
consistir numa ação ou numa omissão. 
 
Negligência: é a falta de cuidado, de precaução. 
 
Imprudência:é a prática de um ato perigoso, o atrevimento no agir. 
 
Imperícia: é a falta de habilidade para o exercício de atividade que exija determinada técnica, cuja falta de 
conhecimento técnico ocasiona o dano, surgindo o dever de reparação tanto por dolo quanto por culpa. 
 
Para que seja assegurado o dever de indenizar, a vítima deverá demonstrar: ação ou omissão, dano 
(moral ou material) e a relação de causalidade (nexo de causalidade). 
 
Valoração do Dano Moral 
 
A jurisprudência tem firmado entendimento de que o valor da indenização por dano moral deve observar a 
proporcionalidade entre a conduta e o dano. 
 
Segundo Neemias Domingues de Melo, a indenização tem tríplice finalidade: “ser satisfatória para a vítima, 
inibitória para o ofensor e de exemplaridade para a sociedade”. 
 
Excludentes de Ilicitude: 
 
São atos que, embora causem dano, não são ilícitos. São aqueles praticados: 
 
● em legítima defesa; 
● no exercício regular ou normal de um direito reconhecido; 
● em estado de necessidade. 
 
ATOS LÍCITOS 
 
Os atos jurídicos lícitos são voluntários e se classificam em: 
a) ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito; 
b) negócio jurídico; 
c) ato-fato jurídico: 
 
NEGÓCIO JURÍDICO 
 
O negócio jurídico é fruto da autonomia privada da vontade (princípio da autonomia da vontade). Para Caio 
Mário da Silva Pereira, é “toda declaração de vontade, emitida de acordo com o ordenamento legal, e 
geradora de efeitos jurídicos pretendidos”. 
Exemplos: contrato de compra e venda; contrato de locação, contrato de financiamento, etc. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
 
Quanto ao número de Declarantes: 
a) Unilaterais; 
b) Bilaterais; 
c) Plurilaterais. 
 
a) Unilaterais: apenas uma manifestação de vontade, em busca da mesma finalidade. 
 
Exemplos: promessa de recompensa, testamento, notificação extrajudicial, etc. 
 
b) Bilaterais: é necessária a manifestação de vontade de duas partes. 
 
Exemplos: contrato de compra e venda,contrato de locação, contrato de financiamento, etc. 
 
c) Plurilaterais: aqueles negócios jurídicos em que é necessária a manifestação de mais de duas 
vontades para a mesma finalidade, porém em sentidos contrários. 
Exemplos: contrato de seguro coletivo empresarial, contrato de sociedade, etc. 
 
Quanto às vontades patrimoniais: 
a) Gratuitos; 
b) Onerosos; 
c) Neutros; 
d) Bifrontes; 
 
a) Gratuitos: apenas uma das partes é beneficiada, não havendo contraprestação. 
 
Exemplos: doação, comodato, renúncia de posse, etc. 
 
b) Onerosos (sinalagmáticos): situações em que ambas as partes obtêm vantagem, existindo 
contraprestações. 
Exemplos: contrato de compra e venda, contrato de trabalho, consórcios, etc. 
Os negócios jurídicos onerosos podem ser: 
 
a) Comutativos: quando há equilíbrio e proporcionalidade nas prestações. Ex.: compra e venda, 
locação, financiamento, etc. 
b) Aleatórios: a prestação das partes não é proporcional, depende de fatos incertos e externos. 
São dependentes de um acontecimento para que haja a contraprestação. Ex.: contrato de seguro, contrato 
de plano de saúde, assistência a funeral, etc. 
c) Neutros: não são onerosos nem gratuitos, livres de atribuição patrimonial. 
 
Exemplos: cláusula de incomunicabilidade, instituição de bem de família. 
 
d) Bifrontes: podem ser tanto gratuitos quanto onerosos. 
Exemplos: contrato de depósito: pode ser gratuito ou oneroso – Doação: pode ser pura ou 
mediante pagamento, etc. 
 
 
Quanto à forma: 
a) formais ou solenes; 
b) não formais ou não solenes. 
 
a) Formais ou Solenes: são aqueles negócios jurídicos que exigem uma forma especial prevista em lei. 
Exemplos: casamento, cheque, escritura pública de compra e venda, etc. 
 
b) Não Formais ou Não Solenes: a forma do negócio jurídico fica à disposição das partes. 
 
Exemplos: recibos, notificação extrajudicial, venda de bens móveis, etc. 
 
Quanto ao momento de produção de efeitos: 
 
Eles podem produzir efeitos Inter vivos ou Causa mortis. 
 
a) Inter vivos: produzem efeitos enquanto as partes estão vivas (venda e compra, troca); 
b) Causa mortis: produzem efeitos após a morte da pessoa como, por exemplo, o testamento. 
 
Quanto à existência: 
a) principais: existem por si mesmos. A sua existência não está vinculada a outro negócio jurídico. Ex.: 
contrato de locação, prestação de serviços, etc; 
b) acessórios: somente existem em razão do negócio jurídico principal. Ex.: garantia em um contrato 
de compra e venda, fiança na locação, multa em contrato de prestação de serviços, etc. 
PLANOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
São os planos do negócio jurídico que definem seus efeitos jurídicos. Sendo eles: 
 
a) o plano da validade; 
b) o plano da existência; 
c) o plano da eficácia. 
 
Os negócios jurídicos que não têm o plano de existência ou da validade são nulos por falta de elemento 
essencial. Ou seja, ambos devem compor o negócio jurídico para que ele exista. 
 
Em relação à eficácia, todavia, esta não é elemento essencial do negócio jurídico, mas, sim, acidental. Isso 
significa que as partes dispõem sobre inseri-lo ou não no negócio jurídico, sendo que a sua ausência não 
importa qualquer prejuízo ao negócio jurídico. 
 
Em suma: 
No plano da existência, verifica-se se o negócio existe; 
No plano da validade, verifica-se se o negócio é válido, se está em concordância com a norma; No 
plano da eficácia, por fim, verifica-se se o negócio jurídico está produzindo efeitos. 
 
Plano de Validade 
O plano de validade é requisito que, se ausente, torna o negócio jurídico inválido. O art. 104 do Código 
Civil afirma que a validade do negócio jurídico requer: 
a) Agente capaz; 
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
c) Forma prescrita ou não defesa em lei; 
d) Manifestação de vontade. 
 
 
Exemplos de negócios jurídicos sem validade: 
 
● Agente incapaz: contrato assinado por menor de 16 anos; 
● Objeto impossível: contrato de prestação de serviços de um pintor que faleceu antes 
realizar a pintura; 
● Vício na forma: procuração pública confeccionada com documentos falsos; 
● Vício na manifestação de vontade: contrato assinado porque a pessoa estava sendo coagida. 
 
 
Plano de existência 
 
Para que exista o negócio jurídico, são necessários 04 (quatro) elementos: 
 
a) Agente: para que o negócio jurídico seja (exista), ele precisa de um agente capaz de manifestar 
a sua vontade de forma consciente. Exemplo de negócio jurídico inexistente por invalidade do 
agente: testamento em favor de um cachorro. 
Vale ressaltar, todavia, que a pessoa absolutamente incapaz para o exercício dos atos da vida civil 
pode celebrar negócio jurídico, desde que esteja devidamente representada, sendo nulo se não houver 
contemplada essa exigência. Outrossim, em relação às pessoas relativamente incapazes, que podem 
manifestar a sua vontade ao celebrar negócios jurídicos, elas devem ser assistidas, sob pena de se tornar 
anulável o negócio jurídico. 
 
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: para que o negócio jurídico seja válido, 
também é necessário que o seu objeto seja possível. Exemplo de negócio jurídico inexistente por vício no 
objeto: contrato de compra e venda do Cristo Redentor. 
c) Forma prescrita ou não defesa em lei: o negócio jurídico, às vezes, depende do cumprimento de 
certas formalidades para que ele exista. Como, por exemplo, a certidão de casamento, que deve 
obedecer a todas as solenidades exigidas por lei. Exemplo de negócio jurídico inexistente por vício 
quanto à forma: certidão de nascimento feita em casa. 
 
d) Manifestação de Vontade: o negócio jurídico deve conter a manifestação de vontade livre e 
consciente das partes. Exemplo de negócio jurídico inexistente por vício quanto à manifestação de 
vontade: contrato assinado por agente sob o efeito de entorpecentes. 
 
NULIDADE: a falta de um dos três elementos que compõem o plano de validade resultará em sua 
nulidade. A nulidade pode

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