Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O processo patológico conta com: • Alterações bioquímicas • Alterações genéticas • Alterações moleculares • Alterações funcionais • Alterações morfológicas • Sinais e sintomas Saúde: estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico e social em que vive, de modo que o indivíduo se sente bem (saúde subjetiva) e não apresenta sinais ou alterações orgânicas (saúde objetiva). Relaciona-se ao individuo como UM TODO. Doença: estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico ou social, no qual o individuo se sente mal (sintomas) e apresenta alterações orgânicas evidenciáveis (sinais). Normalidade: parâmetros estabelecidos a partir de observações de populações homogêneas, de mesma etnia, que vivem em ambientes semelhantes. Elementos de uma doença: • Etiologia: estudo das causas. • Patogênese/patogenia: estudo dos mecanismos (eventos celulares, bioquímicos e moleculares). • Anatomia patológica: estudo das alterações morfológicas dos tecidos que, em conjunto, recebem o nome de lesões. • Fisiopatologia: estudo das alterações funcionais de órgãos e sistemas afetados, manifestações clinicas. • Patogenia: parte da patologia que estuda o MECANISMO DE FORMAÇÃO DAS LESOES. • Lesão: conjunto de alterações morfológicas, moleculares e funcionais que surgem nos tecidos após agressão. Agressões: origem no meio externo ou a partir do próprio organismo. • Agentes físicos (variações de temperatura, forças mecânicas) • Agentes químicos (álcool, poluentes ambientais) • Agentes biológicos (vírus, bactérias) • Alterações a expressão genica • Modificações nutricionais • Mecanismos de defesa do organismo Mecanismos de defesa Pele e mucosa = barreiras mecânicas 1. Defesa contra AGENTES INFECCIOSOS • Fagocitose, o sistema complemento, reação inflamatória • Resposta inata (imediatamente após a agressão) • Resposta adquirida (memoria) 2. Defesa contra AGENTES GENOTÓXICOS (que agridem o genoma) • Sistema de reparo do dna 3. Defesa contra COMPOSTOS QUIMICOS TOXICOS • Radicais livres (sistemas enzimáticos de detoxificação e antioxidante) 4. Mecanismos defensivos podem se tornar agressores Adaptação: capacidade da célula, dos tecidos ou do próprio individuo de, frente a um estimulo, modificar sua funções dentro de certos limites. • Pré-condicionamento de células à hipóxia • Hipertrofia do REL por substancias nele metabolizadas • Hipertrofia muscular por sobrecarga de trabalho Lesão: conjunto de alterações morfológicas, moleculares e funcionais que surgem nas células e tecidos após agressão. Os aspectos morfologicos de uma lesão podem variar de acordo com o momento que ela é examinada. 1. Alterações macroscópicas 2. Alterações microscópicas 3. Alterações moleculares A ação dos agentes agressores se faz por dois mecanismos: • Ação direta: alterações moleculares que se traduzem em modificações morfológicas. • Ação indireta: mecanismos de adaptação que induzem alterações moleculares e alterações morfológicas. Respostas do organismo às agressões: ➢ Calor, agente químico invasivo, bactéria invasora: • Modificações na microcirculação, saída de leucócitos e plasma dos vasos para o interstício • Reação inflamatória (leucócitos são capazes de fagocitar microrganismos e tecido lesão para facilitar a reparação, podendo produzir lesão nos tecidos) ➢ Mecanismos de agressão às moléculas são comuns à diferentes agentes agressores ➢ Defesas do organismo são semelhantes diante de agressões distintas Deficiências de ATP interferem nas bombas eletroliticas, nas sínteses celulares e no ph intracelular, fazendo com que haja ACÚMULO DE ÁGUA NO INTERIOR DAS CELÚLAS > degeneração hidrópica. 1. Diminuição do fluxo sanguíneo 2. Agentes que inibem enzimas da cadeia respiratória 3. Aumento da exigência de atp Classificação das lesões As lesões comprometem um tecido/órgão, composto por: 1. Células 2. Componente intercelulares 3. Circulação sanguínea e linfática 4. Inervação ➢ Lesões celulares 1. Lesões reversíveis ou não letais • Pode ocorrer o retorno à normalidade após cessada a agressão • Qualidade, intensidade, duração, duração da agressão, estado funcional e tipo de célula atingida • Acumulo de substancias intracelulares (degenerações) • Mecanismos que alteram a regulação e diferenciação celular (hipertrofias, hiperplasias e metaplasias) • A célula normal, ao sofrer uma lesão reversível, tem tumefação do RE e das mitocôndrias e surgem bolhas da membrana. Se ela se recupera, ela volta a ser uma célula normal. Se ela não se recupera, a lesão transforma-se em progressiva, onde há ruptura da membrana plasmática, organelas e núcleo e liberação do seu conteúdo, levando a célula à necrose. ➢ Lesões do interstício (matriz extracelular): modificações da substancia fundamental amorfa e de fibras elásticas, colágenas e reticulares. ➢ Distúrbios da circulação • Aumento, diminuição ou cessação do fluxo sanguíneo (hiperemia, oligoemia, isquemia) • Coagulação do sangue no leito vascular (trombose) • Presença de substancias que não se misturam ao sangue e causam obstrução vascular (embolia) • Saída de sangue do leito vascular (hemorragia) • Alterações das trocas de líquidos entre o plasma e o interstício (edema) ➢ A lesão mais complexa que ENVOLVE TODOS OS COMPONENTES TECIDUAIS é a INFLAMAÇÃO: modificações locais na microcirculação e pela sida de células do leto vascular, acompanhadas por lesões celulares e do interstícios provocadas, principalmente, por ação de células fagocitárias e por alterações vasculares que acompanham o processo. Resumidamente, se temos uma agressão, a célula tenta se defender. Se ela não se adapta, tem uma lesão. Etiopatogênese geral das lesões Principais fatores que pode causar lesões 1. Privação de oxigênio 2. Agentes físicos 3. Substancias químicas 4. Agentes infecciosos (biológicos) 5. Desequilíbrios nutricionais 6. Defeitos genéticos 7. Resposta imunitária 1. Privação de oxigênio • Hipóxia: REDUÇÃO no fornecimento de oxigênio. • Anóxia: INTERRUPÇÃO no fornecimento de oxigênio. • Reduz respiração oxidativa aeróbica, levando à lesão celular • Dependendo da intensidade e da duração do fenômeno, e da suceptibilidade à privação de oxigênio e nutrientes, as células degeneram ou MORREM Causas da privação de oxigênio • Redução do fluxo sanguíneo (isquemia) • Oxigenação inadequada do sangue (insuficiência cardíaca) • Redução da capacidade de transporte de oxigênio do sangue (anemia ou envenenamento por CO) • Após grave perda sanguínea (hemorragia) 2. Agentes físicos 2.1 força mecânica 2.2 variação da pressão atmosférica 2.3 variações de temperatura 2.4 eletricidade 2.5 radiações contusão: o impacto é transmitido aos tecidos adjacentes, levando à ruptura de pequenos vasos (hemorragia e edema), sem solução de continuidade da epiderme. 2.1 Força mecânica • incisão/corte: instrumento de borda afiada (ferida mais extensa do que profunda) • perfuração: instrumento pontiagudo (ferida mais profunda que extensa) • fratura: solução de continuidade dos tecidos duros (ósseo ou cartilaginoso) O rompimento de estruturas celulares e teciduais leva à liberação de mediadores, causando a resposta inflamatória (que é essencial para o reparo). 2.3 Variações de temperatura ❖ Ação local de baixas temperaturas • depende da rapidez com que ocorre a variação de temperatura • suficiente ou não para congelar a agua dos tecidos - hipóxia, vasoconstrição, oligoemia e lesões degenerativas (redução do fornecimento de o2) - lesão endotelial (a hipóxia aumenta a permeabilidade vascular, causando edema) - se o resfriamento persiste, ocorre anóxia, que pode levar à necrose das extremidades - desaparece controle nervoso vasomotricidade, gerando vasodilatação, congestão e aumento da hipóxia- congelamento da agua intracelular, que pode levar à morte celular ❖ Efeitos sistêmicos do frio • Hipotermia: vasoconstrição periférica, palidez acentuada e redução progressiva da atividade metabólica de todos os órgãos • Falência cardiorrespiratória por inibição dos centros bulbares que comandam a respiração e a circulação, levando à morte ❖ Ação local de altas temperaturas (queimaduras): • O significado clínico de uma queimadura depende dos seguintes fatores: Profundidade da queimadura Porcentagem da superfície corporal envolvida • Lesões internas causadas pela inalação de fumaça quente e tóxica • Rapidez e eficácia da terapia (administração de líquidos e eletrólitos, prevenção/ controle de infecção nas lesões) Queimaduras: eram classificadas de primeiro a terceiro grau, de acordo com a profundidade da lesão > queimadura superficial, de espessura parcial e de espessura integral • Morte celular acima de 55 graus causa desnaturação de proteínas e alteração das atividades metabólicas • Podem levar ao estado de choque neurogênico (dor intensa), hipovolêmico (perda de plasma na área queimada), e resposta inflamatória sistêmica (liberação de grande quantidade de mediadores) • A presença de infecções não controladas pode levar ao choque séptico 2.4 Eletricidade Lesão -> quando a corrente elétrica passa pelos tecidos completando um circuito entre 2 condutores Mecanismos: • Disfunção elétrica em tecidos (miocárdio, músculo esquelético, SNC) • Produção de calor Efeitos dependem principalmente: 1. Quantidade 2. Trajeto (corrente alternada de pequena amperagem pode ser fatal se passa pelo encéfalo ou coração) 3. Duração da agressão (liberação de calor) 4. Superfície de contato (pequena: queimadura profunda) Grande quantidade de calor em órgãos internos -> vaporização da H2O e ruptura de vísceras e vasos -> Parada cardiorrespiratória 2.4 Radiações Emissões de energia que se propagam como ondas eletromagnéticas ou como partículas. • Poder de penetração inversamente proporcional ao comprimento de onda (raios X > raios gama > raios UV) • Lesões produzidas por radiação 1. Inalação ou ingestão de poeiras ou alimentos com partículas radioativas 2. Exposição com fins terapêuticos ou diagnóstico 3. Contato acidental 4. Bombas nucleares Lesões produzidas por radiação dependem: • Dose e tempo de exposição (doses repetidas + lesivas) • Diferentes fases do ciclo celular (G2 e M + sensíveis) Efeitos locais da radiação ionizante: 1.Lesões degenerativas (degeneração hidrópica à necrose) 2.Alterações vasculares (edema, hemorragia, telangiectasia) 3.Migração de fagócitos: remoção células mortas e estímulo para cicatrização Úlceras de irradiação na pele: difícil cicatrização > inibição da regeneração do epitélio e da proliferação endotelial e fibroblástica. Radiação solar • Raios UVA e UVB podem provocar lesões • Agudas: insolação e queimaduras (eritema, edemas, formação de bolhas, descamação hiperpigmentação) • Crônicas: UVB > Envelhecimento (degeneração e fragmentação fibras elásticas da derme) UVA > lesões genéticas > neoplasias 3. Substancias químicas • Glicose ou sal (concentrações hipertônicas) • Oxigênio (altas concentrações) • Venenos: arsênico, cianeto ou sais mercúricos • Poluentes no ambiente e no ar: inseticidas e herbicidas; • Industriais e ocupacionais: poeira de carvão, monóxido de carbono • Estímulos sociais: álcool, narcóticos • Drogas terapêuticas ❖ Absorção • Penetração pela via cutânea, mucosa (digestiva, respiratória, urogenital), ou parental (intradérmica, subcutânea, intramuscular, intravenosa) • Mais rápida pela via respiratória e na mucosa sublingual ❖ Transporte e distribuição • Circulação sanguínea diretamente ou passando pela circulação linfática • A substância pode se dissolver no plasma (hidrossolúvel), ou se conjuga às proteínas plasmáticas ❖ Armazenamento: agentes químicos podem se depositar em tecidos (ambiente rico em solvente para a substância ou precipitação do agente químico) ❖ Metabolização • A maioria das substâncias forma produtos hidrossolúveis inativos (destoxificação), ou é ativada e forma metabólitos tóxicos • REL de hepatócitos (também em enterócitos, epitélio brônquico e células renais) ❖ Excreção: Urina (rins), fezes (sistema digestivo e biliar), via respiratória, pele (suor), leite materno, lágrima, etc. Poluentes no ambiente • Poluição do ar em ambientes abertos • Emissão de gazes e poeiras. • Queima de combustíveis fósseis nos veículos (petróleo), nas indústrias, nas usinas, queima do lixo • Monóxido de carbono, óxido de enxofre, hidrocarbonetos e aldeídos, material particulado e óxido nitroso 4. Agentes biológicos Vírus, riquétsias, micoplasmas, clamídias, bactérias, fungos, protozoários, helmintos > doenças infecciosas Mecanismos pelos quais produzem lesão: 1. Ação direta invasão da célula e proliferação > morte (efeito citopático) 2. Liberação de substâncias tóxicas: exotoxinas 3. Liberação de substâncias tóxicas internas após desintegração: endotoxinas 4. Ativação da resposta inflamatória local 5. Indução de resposta imune (humoral ou celular) 6. Antígenos do invasor se aderem à superfície celular (autoagressão) 7. Antígenos do microrganismo podem ter epítopos semelhantes às moléculas dos tecidos 8. Integração ao genoma celular e alterações na síntese proteica > neoplasias 5. Desequilíbrios nutricionais Alimentação adequada • Energia para as necessidades metabólicas diárias (carboidratos, gorduras, proteínas) • Aminoácidos e ácidos graxos (síntese de proteínas e lipídios) • Vitaminas e minerais (coenzimas, hormônios, componentes estruturais) Desnutrição proteico-calórica: • ingestão inadequada de proteínas e calorias (ou deficiência na absorção/digestão) • Resulta em perda de tecido adiposo e muscular, perda de peso, letargia e fraqueza generalizada Obesidade: diabetes, aterosclerose, câncer Desnutrição: pobreza, infecções, doenças crônicas e agudas, alcoolismo crônico, restrição dietética autoimposta (anorexia nervosa e bulimia) Marasmo • Má nutrição causada pela redução severa do consumo de calorias • Fonte de energia > catabolismo da massa muscular e gordura subcutânea. Deficiências vitamínicas • As principais funções da vitamina A são a manutenção da visão normal, a regulação do crescimento e da diferenciação celular e a regulação do metabolismo lipídico. • A deficiência de vitamina C leva ao desenvolvimento de escorbuto (doença óssea em crianças em fase de crescimento; hemorragias e defeitos de cicatrização em crianças e adultos). 6. Defeitos genéticos Alterações patológicas grosseiras como nas malformações congênitas associadas com a Síndrome de Down ou tão sutis como a substituição de um único aminoácido na hemoglobina S originando a anemia falciforme. Lesão celular: deficiência de proteínas funcionais acúmulo de DNA danificado proteínas mal dobradas Variações genéticas (polimorfismos): influenciam a suscetibilidade celular à lesão por substâncias químicas e outras lesões ambientais. 7. Resposta imunitária Reação anafilática > proteína estranha ou drogas Reação alérgica sistêmica, severa e rápida, caracterizada pela diminuição da pressão arterial, taquicardia e distúrbios gerais da circulação sanguínea, acompanhada ou não de edema da glote > morte Reações aos auto-antigenos podem levar à doenças auto imunes. Mecanismos de lesões • A resposta celular aos estímulos nocivos depende da causa da lesão, da duração e da intensidade • As consequências da lesão celular dependem do tipo, estado e graus de adaptação da célula danificada • A lesão celular resulta de anormalidades funcionais e bioquímicas em um ou mais componentes celulares essenciais A lesão celular resulta de anormalidades funcionais e bioquímicasem um ou mais componentes celulares essenciais. Depleção de ATP A redução dos níveis de ATP é causa fundamental de morte celular por necrose (induzida por lesão isquêmica ou química/tóxica). Fontes de energia: Fosforilação oxidativa (Redução do O2) e Glicolítica (Glicose, glicogênio) > Quando há redução de ATP, produz-se energia pela via glicolitica, mas a produção de energia é muito menor. Se tem pouco ATP, tem mau funcionamento da bomba de sódio e potássio e aumenta a entrada de liquido para dentro da célula, causando tumefação e a formação de bolhas na membrana. Quando usa a via glicolitica, os estoques de glicogênio são diminuídos, tendo um aumento do ácido lático dentro da célula, promovendo diminuição do ph intracelular, condensando a cromatina nuclear. Além disso, ocorre um deslocamento dos ribossomos, diminuindo a síntese proteica. As principais causas de depleção de ATP são: redução do fornecimento de oxigênio e nutrientes, danos mitocondriais, ação de substâncias tóxicas (p. ex. cianeto). Ex: degeneração hidrópica Danos mitocondriais • As mitocôndrias são elementos críticos na lesão e na morte celular em todas as suas formas. • Fornecem energia (ATP) à célula. • Pode ser danificada por aumento de Ca2+ citosólico, privação de oxigênio (hipóxia e tóxicos) Consequências dos danos mitocondriais 1. Formação do poro de transição de permeabilidade mitocondrial 2. Formação de espécies reativas de oxigênio (fosforilação oxidativa anormal) 3. Liberação de proteínas pró-apoptóticas (citocromo c > caspases) Ex: degeneração gordurosa (esteatose): acúmulo de gorduras no citoplasma de células que normalmente não as armazenam) > alcoolismo Influxo de cálcio e perda da homeostase do cálcio • Concentrações de cálcio livre no citosol < níveis extracelulares • A maior parte do cálcio intracelular está nas mitocôndrias e RE • Isquemia e toxinas> ↑ [Ca2+] citosol (liberação dos estoques intracelulares e aumento do influxo) Mecanismos de lesão celular por ↑ [Ca2+] 1. Acúmulo de Ca2+ nas mitocôndrias> abertura de poros > falência na geração de ATP 2. ↑ [Ca2+] citosol > ativa fosfolipases (dano à membrana), proteases (proteínas de membrana e citoesqueleto), endonucleases (fragmentação DNA), ATPases 3. Ativação de caspases (↑ permeabilidade mitocondrial)> apoptose Acumulo de radicais livres • Radicais livres: espécies químicas altamente reativas que têm um único elétron não emparelhado em um orbital externo • Lesão química/por radiação, lesão de isquemia-reperfusão, envelhecimento celular, morte de microrganismos por fagócitos • Espécies reativas de oxigênio (ERO) > produzidas durante respiração mitocondrial • Aumento da produção ou redução da eliminação de ERO> estresse oxidativo> danos em proteínas, lipídios, ácidos nucleios -> Lesão celular, câncer, envelhecimento, doenças degenerativas (Alzheimer) Defeitos na permeabilidade da membrana • O dano pode afetar as funções e a integridade de todas as membranas celulares • Isquemia> depleção de ATP> ativação de fosfolipases • Toxinas microbianas, proteínas virais, componentes líticos do complemento, agentes químicos e físicos> danificação da membrana Mecanismos de Lesão da membrana • Espécies reativas de oxigênio> peroxidação lipídica • Diminuição da síntese de fosfolipídios (função mitocondrial defeituosa ou hipóxia> ↓ ATP> ↓ síntese fosfolipídios) • Aumento na quebra de fosfolipídios (↑ [Ca2+] > ativação de fosfolipases> acúmulo de produtos de degradação dos lipídios) Anormalidades citoesqueléticas (ativação de proteases pelo ↑ [Ca2+] no citosol) Consequências do dano à membrana • Dano à membrana mitocondrial> apoptose • Dano à membrana plasmática> perda do equilíbrio osmótico e influxo de líquidos e íons Lesão às membranas dos lisossomos> liberação de enzimas para o citoplasma: RNAses, DNAses, proteases, fosfatases, glicosidades Lesões celulares: Lesão reversível: célula agredida apresenta alterações funcionais e morfológicas, mantendo-se viva e recuperando-se quando o estímulo for retirado. Lesão irreversível: célula incapaz de se recuperar depois de cessada a agressão, evoluindo para a morte (alterações morfológicas). DEGENERAÇÕES Lesões reversíveis caracterizadas por alterações bioquímicas, morfológicas e funcionais decorrentes da incapacidade da célula em manter sua homeostasia, resultando em acúmulo de substâncias no interior das células (alteração do sistema enzimático). • As células que são expostas a estímulos subletais ou crônicos podem não ser danificadas mas podem apresentar uma variedade de alterações subcelulares. • Degenerações iniciam-se com uma alteração do sistema enzimático da célula > responsável pela síntese ou degradação de uma substância. • Estando alterado > não consegue realizar plenamente sua função, causando assim o acúmulo da substância, que por ele seria sintetizada, dentro da célula, resultando então numa degeneração. Acúmulos intracelulares Armazenamento de quantidades anormais de constituinte celular normal em excesso. Degenerações são classificadas de acordo com a substância acumulada: 1. Água e eletrólitos – Degeneração HIDRÓPICA 2. Proteínas - Degeneração HIALINA 3. Lipídeos – Degeneração GORDUOSA (ESTEATOSE) 4. Carboidratos - GLICOGENOSES 5. Pigmentos PRINCIPAIS VIAS DE ACÚMULOS INTRACELULARES 1. Remoção inadequada de substância normal • Transtorno no equilíbrio eletrolítico (Degeneração hidrópica) • Defeitos no mecanismo de empacotamento e transporte (Esteatose hepática) 2. Acúmulo de substância endógena anormal Defeitos adquiridos ou genéticos no seu dobramento, empacotamento, transporte e secreção 3. Falha em degradar um metabólito Defeito herdado em uma enzima (Doenças de armazenamento). DEGERENAÇÃO HIDRÓPICA • Acúmulo de água e eletrólitos (lesão reversível) • Tumefação celular (agressão física, química ou biológica) • Transtorno no equilíbrio eletrolítico -> retenção H2O e eletrólitos: Alteração na produção ou consumo de ATP Interferência na integridade de membranas Modificações nas atividades de moléculas que compõem a bomba iônica Pode ser provocada por uma grande variedade de agentes lesivos: • Diminuição de ATP > Hipóxia, desacopladores da fosforilação mitocondrial, inibidor da cadeia respiratória e agente causador de lesão mitocondrial. • Hipertermia exógena/ endógena > aumento no consumo de ATP • Toxinas com atividade de fosfolipase e agressões geradas por radicais livres > lesão das membranas celulares • Substâncias inibidoras da ATPase Na+ /K+ dependente Retenção de sódio > redução de potássio > aumento da pressão osmótica intracelular> entrada de água no citoplasma A agressão leva à hipóxia, que causa diminuição da produção de ATP, maior retenção de sódio e o potássio fica para fora da célula. Com isso, aumenta-se a pressão osmótica intracelular, aumenta a quantidade de agua no interior da célula, tem-se tumefação, ruptura e formação de vacúolos, levando à degeneração hidrópica. DEGENERAÇÃO HIALINA • Cortes sem coloração: acúmulo de material transparente no interior das células. • Acúmulo de material proteico e acidófilo no interior de células • Condensação de filamentos intermediários e proteínas associadas = corpúsculos. • Acúmulo de material de origem viral. • Proteínas endocitadas CORPÚSCULO HIALINO DE MALLORY > hepatócitos de alcoólatras crônicos. • Filamentos intermediários de queratina associados a outras proteínas do citoesqueleto. • Esteato-hepatite não alcoólica, cirrose juvenil da Índia e carcinoma hepatocelular. • Origem: Radicais livres > peroxidação de queratina > facilitam ligações transversais, formando aglomerados que se precipitam • Degeneração hialina de fibras musculares esqueléticas e cardíacas > Endotoxinas bacteriana (LPS), Linfócitos T e macrófagos • Célula com aspectohomogêneo e hialino (acidófilo) > desintegração de microfilamentos > atividade catabólica (proteassomos/ proteases) associada a ação de IL-1 e TNF-α em células musculares • Se for muito intensa > morte celular (necrose hialina) • Indivíduos com proteinúria > degeneração hialina no epitélio tubular renal > ENDOCITOSE excessiva de proteínas DEGENERAÇÃO GORDUROSA Acúmulo de gorduras neutras (mono-, di- ou triglicerídeos) no citoplasma de células que normalmente não as armazenam. Fígado > epitélio tubular renal e miocárdio > músculos esqueléticos e pâncreas. Causas: • Agentes tóxicos • Hipóxia • Alterações na dieta • Distúrbio metabólico genético Interferência no metabolismo de ácidos graxos, aumentando sua síntese ou dificultando sua utilização, transporte ou excreção. Metabolismo lipídico em condições normais Hepatócitos retiram da circulação ácidos graxos e triglicerídeos provenientes da absorção intestinal e da lipólise no tecido adiposo. Ácidos graxos são utilizados para: 1.Produção de colesterol e seus ésteres; 2. Síntese de lipídeos complexos (fosfolipídeos e esfingolipídeos) ou de glicerídeos (mono-, di- ou triglicerídeos); 3. Gerar energia: oxidação até acetil CoA e formação de corpos cetônicos. Interferência no metabolismo de ácidos graxos 1. AUMENTO da Síntese de lipídeos (Ingestão excessiva de ácidos graxos ou lipólise). 2. Produção ácidos graxos a partir do excesso de acetil CoA que não é oxidado 3.DIMINUIÇÃO da Utilização de triglicerídeos e ácidos graxos para a síntese de lipídeos mais complexos devido carência de ATP. 4. REDUÇÃO da Formação de lipoproteínas por deficiência na síntese de apoproteínas. 5. Distúrbios no deslocamento e na fusão de vesículas que contêm lipoproteínas com a membrana plasmática. Ingestão abusiva de etanol: • Distúrbios do metabolismo lipídico associados à obesidade • Desnutrição proteico-energética • Substâncias hepatotóxicas Evolução e consequências 1. Excesso de ácidos graxos> ceramida (indutor de apoptose) 2. Rompimento de hepatócitos e formação de cistos gordurosos > reação inflamatória 3. Embolia gordurosa (ruptura de cistos, traumatismos) 4. Etilismo crônico> fibrose pericelular > cirrose hepática 5. Lesão reversível Lesões celulares irreversíveis • Células tumefeitas por absorção de água, acúmulo de lipídios e organelas degeneradas • Citoplasma se torna mais eosinofílico • Alterações na membrana plasmática (bolhas, apagamento de microvilosidades) • Alterações mitocondriais • Dilatação do RE e destacamento de ribossomos • Alterações nucleares (condensação da cromatina) Dentro do processo de lesão celular, é difícil estabelecer qual fator determina a irreversibilidade da lesão > ponto de não retorno. Indicativos de lesão irreversível: • Incapacidade de restaurar função mitocondrial (fosforilação oxidativa e geração de ATP) • Perda de estrutura e função das membranas plasmáticas e intracelulares • Perda de DNA e da integridade estrutural da cromatina Se o agente agressor causa morte rapidamente, não há formação de lesão degenerativa. A função celular pode ser perdida antes da morte celular, e as alterações morfológicas instalam-se posteriormente à perda de função e viabilidade celular. MORTE CELULAR • Após lesão, as células morrem por mecanismos diferentes, dependendo da natureza e gravidade do insulto • Classificada em dois tipos > morfologia, mecanismos e funções nas doenças e na fisiologia • Pode ser por NECROSE ou APOPTOSE NECROSE • Principal via de morte celular (isquemia, toxinas, infecções, traumatismos) • A lesão é muito grave para ser reparada, e muitos dos constituintes celulares deixam de funcionar • Processo patológico APOPTOSE • Processo controlado de morte celular • Elimina células com anormalidades intrínsecas em situações patológicas (dano no DNA, proteínas danificadas) ou fisiológicas (durante embriogênese, manutenção do número constante de células) NECROSE • Tipo de morte celular associada à perda da integridade da membrana e extravasamento dos conteúdos celulares • Ação digestiva de enzimas nas células > dissolução das células • Conteúdos celulares que escapam > INFLAMAÇÃO > eliminar as células mortas e iniciar o processo de reparo Etiopatogênese • Redução da oferta de O2 (hipóxia e anóxia) • Agentes físicos, químicos e infecciosos • Reações imunológicas • Desequilíbrios genéticos e nutricionais • Formação de radicais livres de oxigênio • Perda da homeostase de cálcio Dano mitocondrial irreversível - redução de ATP disponível Defeitos graves da permeabilidade das membranas plasmáticas Alterações morfológicas da necrose • Aumento da eosinofilia (digestão RNA citoplasmático) • Aparência vítrea, homogênea (perda de partículas de glicogênio) • Citoplasma vacuolado e granular (degradação enzimática) • Figuras de mielina (agregados fosfolipídicos) • Calcificação (a partir de ácidos graxos) • Alteração nuclear (degradação da cromatina e DNA) - picnose, cariorrexe e cariólise Destino das células necróticas 1. Persistem por algum tempo 2. Digeridas por enzimas e desaparecem Células mortas são substituídas por figuras de mielina que são fagocitadas por outras células ou são degradadas em ácido graxo > se ligam a sais de cálcio > células mortas calcificadas há vários padrões morfológicos de necrose -> pistas sobre a causa básica 1. Necrose por coagulação 2. Necrose por liquefação 3. Necrose gordurosa 4. Necrose caseosa 5. Necrose gangrenosa 6. Necrose fibrinoide NECROSE POR COAGULAÇÃO • A arquitetura tecidual permanece preservada por alguns dias • Característica dos infartos (isquemia ou hipóxia) em órgãos sólidos, exceto cérebro • Restos celulares são posteriormente removidos por fagocitose (neutrófilos e macrófagos) • Exemplos: – Infarto do miocárdio, queimaduras, choques elétricos, tumores de crescimento rápido, lesões produzidas por ácidos e bases fortes. NECROSE POR LIQUEFAÇÃO • Completa destruição da arquitetura tecidual → tecido se transforma em massa líquida e viscosa (digestão enzimática) • Infecções bacterianas e fúngicas > acúmulo de células inflamatórias (leucócitos > enzimas) • Material necrótico > amarelo cremoso > leucócitos > pus • Morte celular por hipóxia no SNC • Exemplos: – Infarto cerebral – Doenças infeciosas – Neoplasias malignas NECROSE GORDUROSA • Áreas de destruição de gordura > lipases pancreáticas > Pancreatite aguda. • Enzimas pancreáticas escapam das células acinares e liquefazem as membranas dos adipócitos do peritônio. Morfologia: – Macroscopicamente: pingos de vela ou depósitos de giz branco (ácidos graxos + íons Ca++) > saponificação. – Microscopicamente: contorno impreciso dos adipócitos associados à infiltrado inflamatório e depósitos basofílicos de cálcio. NECROSE CASEOSA • Frequente em focos de infecção tuberculosa • Macroscopia: CASEOSO, “parecida com queijo branco” • Microscopia: – *Arquitetura tecidual destruída: foco necrótico com coleção de células rompidas/ fragmentadas – Fragmentos granulosos amorfos cercadas por uma borda inflamatória distinta > reação granulomatosa NECROSE GANGRENOSA Um tipo de necrose de coagulação (ISQUEMIA) que acomete principalmente extremidade de membros que perderam o suprimento sanguíneo. Pode ser SECA ou UMIDA. • Seca: Perda gradual de irrigação sanguínea. Coagulação das extremidades Tec. escuro e seco Trombose, arteriosclerose, cordão umbilical ou sob frio intenso • Úmida: Isquemia grave associada à decomposição tecidual (putrefação). Bactérias saprófitas e anaeróbicas Feridas traumáticas graves, evolução de apendicites NECROSE FIBRINOIDE • Forma especial de necrose > reações imunes que envolvem os vasos sanguíneos • Complexos de antígenos e anticorpos são depositados nas paredes das artérias > “imunocomplexos” •Imunocomplexos + fibrina extravasada > aparência fibrinoide • Ex.: Vasculites imunologicamente mediadas (poliarterite nodosa) MORTE CELULAR POR NECROSE • Extravasamento de proteínas intracelulares (membrana > circulação sanguínea): detecção de necrose tecido-específica através do sangue • Músculo cardíaco: isoforma da creatinina cinase e troponina • Epitélio do ducto biliar hepático: fosfatase alcalina • Hepatócitos: transaminases • A elevação dos níveis séricos destas proteínas os torna marcadores clínicos úteis de danos teciduais Apoptose • Morte celular programada > programa de suicídio altamente regulado • Células destinadas a morrer ativam enzimas capazes de degradar seu próprio DNA e proteínas (nucleares e citoplasmáticas) • A membrana citoplasmática da célula permanece intacta > formação de corpos apoptóticos • A célula é fragmentada e seus fragmentos são endocitados por células vizinhas (fagócitos) • Sem reação inflamatória > Manutenção da integridade da membrana • Pode ocorrer em situações patológicas ou fisiológicas. Situações fisiológicas • Desenvolvimento embrionário • Homeostasia de populações celulares teciduais (tecidos altamente proliferativos - fatores de crescimento; ou dependentes de hormônios) • Envelhecimento (eliminação de células senescentes) • Defesa do organismo (excesso de leucócitos ao fim da resposta imune) • Ex: remoção das membranas interdigitais ao final da oitava semana. Quando não ocorre, temos a síndrome de apert. Situações patológicas • remoção de células danificadas que não podem ser reparadas • Lesão grave no DNA (radiação, agentes citotóxicos) • Acúmulo de proteínas mal dobradas • Agentes infeciosos (vírus) Morfologia da apoptose • Encolhimento celular • Agregação e condensação da cromatina • Formação de bolhas citoplasmáticas e corpos apoptóticos • Fagocitose (macrófagos residentes) MECANISMOS DE APOPTOSE Vias bioquímicas controlam o equilíbrio entre sinais indutores de morte (pró-apoptóticos) e de sobrevivência (antiapoptóticos). A apoptose pode ocorrer por duas vias distintas, ambas desencadeando a ativação de enzimas chamadas caspases. As vias são: • via mitocondrial (intrínseca) • via do receptor de morte (extrínseca) VIA MITOCONDRIAL • Responsável pela apoptose na maioria das situações fisiológicas e patológicas • Ocorre pelo aumento da permeabilidade da membrana mitocondrial • Família BCL2 Antiapoptótico (BCL2, BCLxL, MCL1) Pró-apoptótico (BAX, BAK) Sensores (BH3-only: BAD, BIM, BID) • Bcl-2 e Bcl-xL (produzidas em resposta aos fatores de crescimento) > controlam os níveis de Bax e Bak (proteínas pró-apoptóticas) • Ausência de fatores de crescimento, dano no DNA, acúmulo de proteínas mal dobradas (estresse RE) -> Ativação de sensores (BH3-only) -> Ativam Bax e Bak > formam canais na membrana mitoncondrial > liberação de citocromo c que no citosol ativa a caspase-9 VIA DO RECEPTOR DE MORTE • Via iniciada pela ativação de moléculas de superfície (receptores de morte) que desencadeiam apoptose • Membros da família do receptor do fator de necrose tumoral (TNF) > contém um domínio de morte na sua região citoplasmática • TNF tipo 1 e Faz • O ligante de Fas (FasL) está presente em linfócitos T ativados FasL (linfócitos T) → Fas → ligam a proteínas intracelulares através do domínio de morte → ativam caspase-8 e -10 Via envolvida na: • Eliminação de linfócitos autorreativos • Morte de células-alvo por linfócitos T citotóxicos que expressam FasL Eliminação de células apoptóticas • A fosfatidilserina desloca-se para o folículo externo da membrana, é reconhecido pelos macrófagos teciduais > fagocitose • Fatores solúveis que recrutam fagócitos • A eliminação da célula acontece de forma rápida sem que ocorra reação inflamatória local (membrana intacta)
Compartilhar