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Curso: Direito Disciplina: Constitucional I Prof. Esp. Gabriel Rodrigues Ribeiro de Oliveira Aula 04: Da Nacionalidade Da Nacionalidade (Art. 12, CF) Conceito vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o povo desse Estado e, por consequência, desfrute de direitos e se submeta a obrigações. Como diria Pontes de Miranda, a nacionalidade faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado. Espécies Primária independe da vontade do indivíduo, pelo Estado, no momento do nascimento. a.2) Ius Solis: critério da territorialidade, local do nascimento - Países de Imigração Ius Sanguinis: usa como critério o sanguíneo, a filiação, pouco importando o local onde o indivíduo nasceu - Países de emigração Secundária se adquire por vontade própria, depois do nascimento - Naturalização: pode ser requerida pelos estrangeiros e apátridas. b.1) Conflito de Nacionalidade a) Positivo: polipátrida (multinacionalidade) b) Negativo: apátrida, intolerável, especialmente diante do art. XV da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), que assegura a toda pessoa o direito a uma nacionalidade, proibindo que seja arbitrariamente dela, privada, ou impedida de mudá-la. Brasileiro Nato a) Ius Solis (art. 12, I, “a”) qualquer pessoa que nascer no território brasileiro mesmo que seja filho de pais estrangeiros (não podem estar a serviço de seu país). b) Ius sanguinis + serviço do Brasil Serão considerados brasileiros natos os que, mesmo tendo nascido no estrangeiro, sejam filhos de pai ou mãe brasileiros e qualquer deles (o pai, a mãe, ou ambos) esteja a serviço da República Federativa do Brasil. c) Ius sanguinis + registro (art. 12, I, “c”, primeira parte) possibilidade de aquisição da nacionalidade brasileira originária pelo simples ato de registro em repartição brasileira competente. d) Ius sanguinis + opção confirmativa (art. 12, I, “c”, segunda parte) filho de pai brasileiro ou de mãe brasileira (natos ou naturalizados), que não estejam a serviço do Brasil, vier a residir no Brasil e optar, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. Brasileiro Naturalizado Conceito dependerá tanto da manifestação de vontade do interessado como da aquiescência estatal. a) Ordinária Constitucional CRBF. Art. 12, II, “a”. Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. - Residência por 1 ano ininterrupto - Idoneidade moral Países: Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Açores, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Goa, Damão, Diu, Macau e Timor-Leste. b) Ordinária Legal Lei n.º 13.445/2017. Art. 65. Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher as seguintes condições: I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos; III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. c) Especial (art. 68 e 69, Lei de Imigração) 1. seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou 2. seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos. 3. ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; 4. comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e 5. não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. Curso: Direito Disciplina: Constitucional I Prof. Esp. Gabriel Rodrigues Ribeiro de Oliveira d) Provisória (Art. 70, Lei de Imigração) “Concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10 anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal, sendo convertida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 anos após atingir a maioridade” e) Extraordinária ou Quinzenária Dar-se-á quando os estrangeiros, de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, requisitarem a nacionalidade brasileira. f) Quase Nacionalidade (Art. 12, §1º, CF) - Portugueses podem naturalizar-se brasileiros, bastando que tenham residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. Cláusula de reciprocidade (do ut des), assegurada pelo Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, entre a República Federativa do Brasil e a República Portuguesa, celebrado em Porto Seguro em 22.04.2000 (Decreto n. 3.927, de 19.09.2001). Distinções Nato x Naturalizado Regra: IGUALDADE, ressalvados casos previstos na própria Constituição a) Extradição: art. 81 da Lei n. 13.445/2017, a extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso. a.1) Extradição ativa: (aquela em que o Estado brasileiro solicita a Estado estrangeiro a entrega de indivíduo a.2) Extradição passiva: Art. 5º, LI, CF. 1. O brasileiro naturalizado pode ser extraditado (art. 12, §4º, CF) nas seguintes situações: - Crime comum: o naturalizado poderá ser extraditado somente se praticou o crime comum antes da naturalização; - Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins: comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. ATENÇÃO! BRASILEIRO NATO NUNCA PODERÁ SER EXTRADITADO (extradição passiva) - O estrangeiro só não poderá ser extraditado por crime político ou de opinião - O estrangeiro só não poderá ser extraditado por crime político ou de opinião 2. Critérios de desincompatibilização de pedidos de extradição - Estado requerente em cujo território tenha sido cometido o crime mais grave, segundo a lei brasileira; - Estado que em primeiro lugar tenha pedido a entrega do extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; - Estado de origem, ou, em sua falta, o domiciliar do extraditando, se os pedidos forem simultâneos a) Extradição Instrutória: existe ordem de prisão emanada por autoridade competente no Estado requerente b) Extradição Executória: existe sentença penal condenatória expedida por autoridade competente 3. Prisão Art. 86. O Supremo Tribunal Federal, ouvido o Ministério Público, poderá autorizar prisão albergue ou domiciliar ou determinar que o extraditando responda ao processo de extradição em liberdade, com retenção do documento de viagem ou outras medidas cautelares necessárias, até o julgamento da extradição ou a entrega do extraditando, se pertinente, considerando a situação administrativa migratória, os antecedentes do extraditando e as circunstâncias do caso. 4. Não se concederá extradição (art. 82, Lei de Imigração) - Brasileiro Nato - Fato atípico no Brasil - O Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando; - A lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos; - O extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido; ATENÇÃO! Mesmo o STF entendendo pela procedência do pedido de extradição, o Presidente da República não está vinculado à decisão do Supremo, tendo discricionariedade na decisão, observado o direito convencional. a) Compromissos de entrega (Art. 92, Lei de Imigração) Curso: Direito Disciplina: Constitucional I Prof. Esp. Gabriel Rodrigues Ribeiro de Oliveira - Não submeter o extraditando a prisãoou processo por fato anterior ao pedido de extradição; - Computar o tempo da prisão que, no Brasil, foi imposta por força da extradição; - Comutar a pena corporal, perpétua ou de morte em pena privativa de liberdade, respeitado o limite máximo de cumprimento de 30 (trinta) anos; - Não entregar o extraditando, sem consentimento do Brasil, a outro Estado que o reclame; - Não considerar qualquer motivo político para agravar a pena; e - Não submeter o extraditando a tortura ou a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. - A punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; - O fato constituir crime político ou de opinião; - O extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de exceção; ou - O extraditando for beneficiário de refúgio Cargos Privativos de Brasileiros Natos CRFB, Art. 12. § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa. a) Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. Medida de Retirada Compulsória Deportação Conceito: medida decorrente de procedimento administrativo, devendo ser respeitado o contraditório, a ampla defesa e a garantia de recurso com efeito suspensivo, consistente na retirada compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional. - Notificação pessoal do deportando - Vencido o prazo sem regularização, a deportação será executada Expulsão (art. 54 da Lei n. 13.445/2017) Conceito: medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado - Motivo: condenação com sentença transitada em julgado 1. Crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto n. 4.388/2002; ou 2. Crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional. - Vedações: 1.a medida configurar extradição inadmitida pela legislação brasileira; 2. o expulsando tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela; 3. o expulsando tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente; 4. o expulsando tiver ingressado no Brasil até os 12 anos de idade, residindo desde então no País; 5. o expulsando for pessoa com mais de 70 anos que resida no País há mais de 10, considerados a gravidade e o fundamento da expulsão. ATENÇÃO! A existência de descendente brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva do estrangeiro, impede a expulsão. Asilo Político “É o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido alhures — geralmente, mas não necessariamente, em seu próprio país patrial —, por causa de dissidência política, de delitos de opinião, ou por crimes que, relacionados com a segurança do Estado, não configuram quebra do direito penal comum” Curso: Direito Disciplina: Constitucional I Prof. Esp. Gabriel Rodrigues Ribeiro de Oliveira Referências Bibliográficas LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 24 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. BARROSO, Luís Roberto. A nova Interpretação Constitucional: ponderação, Direitos Fundamentais e Relações Privadas. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. 419p. BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 7. e.d., São Paulo: Saraiva Educação, 2018. O art. XIV — I da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) estabelece que “toda pessoa vítima de perseguição tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países”. Espécies 1. Asilo diplomático: concedido ao estrangeiro pela autoridade diplomática brasileira no exterior, ficando protegido, por exemplo, na Embaixada, no Consulado, em navio, aeronave, acampamento militar etc.; 2. Asilo territorial: concedido ao estrangeiro no âmbito espacial da soberania estatal; Refúgio Art. 1º, Lei n. 9.474/97 Decorre de um abalo maior das estruturas de determinado país e que, por esse motivo, possa gerar vítimas em potencial. O refúgio é solicitado ao Comitê Nacional para os Refugiados, que funciona no Ministério da Justiça todo indivíduo que: 1. devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país; 2. não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior; 3. devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país. Perda de Nacionalidade CF, Art. 12, § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; - Hipótese: atividade nociva ao interesse nacional, bem como o seu instrumento cancelamento através de sentença judicial transitada em julgado. II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira, b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; - Hipóteses de reaquisição da nacionalidade: Lei de Migração (Lei n. 13.445/2017), art. 76: “o brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do § 4.º do art. 12 da Constituição Federal, houver perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que declarou a perda revogado, na forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo”.
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