Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FILOSOFIA ANTIGA CLÁSSICA SOFISTAS, SÓCRATES E PLATÃO AULA BASEADA NO TEXTO SÓCRATES E OS SOFISTAS DISPONIBILIZADO NO TEAMS E NO CONTEÚDO DIGITAL Prof. Dr. Wesley Felipe de Oliveira Docente de Filosofia Estácio de Sá. Campus São José – SC. Objetivos da aula de hoje • Compreendermos o pensamento dos sofista e de Sócrates • O papel dos sofistas na política. • Retórica nos sofistas e em Aristóteles • Articular esses conhecimentos com as ideias de democracia. • O Método e a Filosofia Socrática • Refletir sobre A República, de Platão. CONTEXTO • No período socrático o centro cultural se deslocou das colônias gregas para Atenas • PERÍODO CLÁSSICO: Sócrates, Platão e Aristóteles. “Embora discutissem temas cosmológicos, esses filósofos ampliaram os questionamentos para as áreas da moral, da política, da antropologia”. E também surgem os SOFISTAS: mestres da RETÓRICA. Por que surgem os sofistas? • Uma sociedade que começa a se preocupar com seus próprios negócios sente a necessidade de harmonizar, conciliar as diferentes tendências, os diferentes interesses existentes em seu meio. • Anteriormente, havia a imposição, a violência, a obediência, o privilégio, a tradição, a tirania, o medo como formas do exercício do poder. • Agora começa o advento da democraia. • Com o advento desta nova organização social e política surgem novas necessidades. • A linguagem – discurso, diálogo, a razão, as justificativas argumentadas – começa a ter mais importância: para resolver os problemas e o destino da polis. • A linguagem rompe com a violência, o uso da força e do medo, na medida em que, em princípio, todos os falantes têm no diálogo os mesmos direitos (isegoria): interrogar, questionar, contra-argumentar. • Na democracia ateniense, as capacidades da oratória e da retórica se valorizaram extremamente. • Como o debate, o diálogo público e a discussão eram as maneiras de se portar no conselho, tornou-se comum que quem conseguisse se comunicar mais persuasivamente alcançasse, com facilidade maior, os objetivos almejados. • Isso influencia várias áreas da vida grega. • EDUCAÇÃO, que passa a ter em seus objetivos a preparação para a vida cidadã. • TEATRO: as tragédias, os espetáculos começam a ter uma função cívica: exaltação das virtudes morais e políticas. RETÓRICA • Do grego Rhetoriké – arte/técnica de falar bem, arte/técnica do discurso. • Na medida em que a palavra passa a ser livre, ela se torna o instrumento através do qual os indivíduos, enquanto cidadãos, podem defender seus interesses, seus direitos e suas propostas. Demóstenes utilizando a arte de falar (1870) de Jean Nouy (1842 – 1923) ISSO LEVA AO SURGIMENTO DOS SOFISTAS • Os sofistas foram os grandes mestres dessa arte da retórica. • Sofistas: do grego “sophistés” – Sábio ou professor de sabedoria. Posteriormente o termo adquiriu um sentido pejorativo para denominar aquele que emprega sofismas, ou seja, alguém que usa raciocínio capcioso, de má-fé, com intenção de enganar, iludir, “encantar” com as palavras. Origem da palavra SOFISTICADO • Quem era eloquente tinha mais chances de convencer na assembléia (Eklesia) e exercer cargos políticos. • Por conta disso, alguns jovens atenienses recorriam a um grupo de professores chamados de sofistas para que estes lhes ensinassem as técnicas da fala em público. • Estavam mais preocupados diretamente com as questões morais e políticas, isto é, os temas mais pragmáticos da vida pública MESTRES AMBULANTES ENSINAVAM RETÓRICA, HEURÍSTICA E POLÍTICA AOS GOVERNANTES E ASPIRANTES POLÍTICOS COBRAVAM PELOS ENSINOS QUASE TODOS ESTRANGEIROS CARACTERÍSTICAS NÃO POSSUEM UMA DOUTRINA ÚNICA A RETÓRICA SE TORNA MAIS IMPORTANTE DO QUE O SABER / CONHECIMENTO SE AUTO INTITULAVAM SÁBIOS O QUE OS SOFISTAS NOS LEMBRAM HOJE? Camisa remangada: imagem de trabalho, de enfrentamento. Imagem de compromisso, fidelidade, companheirismo Collor em debate presidencial em 1989. Imagem construída para atrair simpatia do público. Assista o vídeo e veja como o marketing forma a imagem do político https://www.youtube.com/watch?v=VrpurEkmJ kU&ab_channel=AlexandreFontenele https://www.youtube.com/watch?v=VrpurEkmJkU&ab_channel=AlexandreFontenele https://www.youtube.com/watch?v=VrpurEkmJkU&ab_channel=AlexandreFontenele Tipicamente, em uma discussão na Assembleia ninguém detinha a verdade em um sentido completo e absoluto, simplesmente porque isso não seria possível; mas todos tinham suas razões, seus interesses, seus objetivos, procurando defendê-los da melhor forma possível. O processo decisório envolvia, entretanto, a necessidade de superação das diferenças e a convergência de interesses e objetivos, para que se pudesse produzir um consenso, e era para esse fim que a retórica e a dialética deveriam contribuir. (MARCONDES, p. 45) Retórica política Retórica judiciária • Retórica judiciária, portanto, sem alcance literário ou filosófico, mas que ia ao encontro de uma enorme necessidade. Como não existiam advogados, os litigantes recorriam a logógrafos, espécies de escrivães públicos, que redigiam as queixas que eles só tinham de ler diante do tribunal. Os retores (...) ofereceram aos litigantes e aos logógrafos um instrumento de persuasão que afirmavam ser invencível, capaz de convencer qualquer pessoa de qualquer coisa. Sua retórica não argumenta a partir do verdadeiro, mas a partir do verossímil (eikos). REBOUL apud LIMA, 2001, p. 36 DUAS VISÕES HISTÓRICAS REVISIONISTA • Sec. XIX enfatizando as contribuições; • Paidéia (educação/formação do homem adulto. • Forte ideia de transmissão/difusão do conhecimento • Ênfase na reflexão sobre questões do ser humano e não a physis • Eram mais práticos • Liberdade de espírito “´HISTÓRICA” • Sócrates, Platão e Aristóteles • Não se importavam com a Verdade • Reduziam os discursos à meras opiniões • Ênfase no RELATIVISMO. • Mercenários do saber: lucro • Persuadir é o elemento essencial da democracia independentemente da verdade • Corrupção da linguagem. • Pouco retratado nas artes (ARANHA, 2016, p. 106) E O QUE E COMO PENSAVAM OS SOFISTAS? Busto de Protágoras de Abdera (481 – 411 a. C. “O homem é a medida de todas as coisas, das que são como são e das que não são como não são.” (PLATÃO, Teeteto (l52a) RELATIVISMO, CETICISMO E HUMANISMO: AGORA ESTÁ FRIO OU ESTÁ CALOR? UM ALIMENTO É GOSTOSO OU RUIM? • RELATIVISMO SUBJETIVO: a verdade é relativa e não absoluta. Muda de um indivíduo para o outro. • CETICISMO: se existe uma verdade absoluta, o ser humano não é capaz de conhecê-la e seu estado é de dúvida perpétua • CONVENCIONALISMO: as normas, condutas, costumes, LEIS são convenções e acordos criados a partir do diálogo e debate. “Para Protágoras, tudo é relativo: não existe um “verdadeiro” absoluto e também não existem valores morais absolutos. Existe, entretanto, algo que é mais útil, mais conveniente e, portanto, mais oportuno. O sábio é aquele que conhece esse relativo mais útil, mais conveniente e mais oportuno, sabendo convencer também os outros e reconhecê-lo e pô-lo em prática”. (REALE, 1990, p. 77) DEMOCRACIA E RELATIVISMO O pensamento de Protágoras manifestava uma situação geral do momento histórico vivido pela Grécia, e particularmente por Atenas, como resultado da progressiva valorização da “medida humana”. O regime democrático - fruto dessa valorização – permitia ao cidadão ateniense a experiência diária de que é o homem que faz ou altera leis. (PESSANHA, 1996, p. 15) As coisas são como nos parecem ser, como se mostram à nossa percepção sensorial, e não temos nenhum outro critério para decidir essa questão. A verdade vale para UM, para UNS ou MUITOS ou POUCOS.Portanto, nosso conhecimento depende sempre das circunstâncias em que nos encontramos e pode, por isso mesmo, variar de acordo com a situação e o momento. Podemos confiar nos sentidos? O mundo relativista se torna bastante confuso. Várias realidades vivendo juntas Relatividade (1953), obra de M. C. Escher (1898 – 1972). Várias perspectivas diferentes. O que para um é um chão, para outro é uma parede. Para um a escada sobe e para outro a mesma escada desce. Morais e políticas: algo é justo ou injusto? O que é a justiça? Certo e o errado? (direito) A escravidão é justa ou injusta? O aborto é correto ou incorreto? O que o normal e o anormal? (psicologia) É suficiente dizer que isso varia de cultura pra cultura? Essas questões podem ser reduzidas a medida de cada um? Ou existe o certo e o errado independente de cada um, da opinião de cada um ou de cada cultura? Ciência é uma questão de opinião? A ciência é relativa ou subjetiva? MAS, E QUANTO A ESTAS OUTRAS QUESTÕES? ELEMENTOS DA RETÓRICA SEGUNDO ARISTÓTELES O CONVENCIMENTO A PARTIR DE TRÊS ELEMENTOS ETHOS PATHOS LOGOS ETHOS • Designa o caráter: conjunto de costumes, hábitos essenciais, valores, ideias. • Aquele que discursa deve incorporar em si o conteúdo que defende. Mostrar nele mesmo o efeito daquilo que ele argumenta. Mostrar sua vida. • Hoje em dia: stories de instagram, onde os influenciadores mostram sua rotina: credibilidade do falante. Seu caráter respeitável. PATHOS • Busca incitar a paixão nos ouvintes, direcionando suas emoções para a ação que quer incutir. • Também é o elemento da “empatia” (empatheia) junto com sentimento, paixão. • É o elemento motivador. Discursos de motivação trabalham com o pathos, com a emoção. Livro II Retórica: discurso persuasivo trabalha com essas emoções: Ira/cólera Calma Amizade/amor Inimizade/ódio Temor Segurança/ Confiança Vergonha Desvergonha/ impudência Amabilidade Piedade Indignação Inveja emulação Pense em como esses elementos estão presentes nos atuais discursos políticos, nas declarações dos governantes no conflito da Rússia e Ucrânia ou ainda nos stories e postagens de perfis de influenciadores digitais no instagram. LOGOS • Discurso: é o terceiro elemento. Usado SÓ depois de apresentar o ethos e conhecer e provocar o pathos nos ouvintes. • São os argumentos, justificativas, as provas. • As razões são amplamente oferecidas depois de estabelecer uma disposição emocional receptiva. VOLTANDO AOS SOFISTAS E SÓCRATES • Era justamente esse relativismo (na moral, na política, no conhecimento) que Sócrates e Platão combateram e buscaram aquilo que era verdadeiro e válido para todos. • Simplesmente relativizar/subjetivizar as questões não é algo fácil ou que resolver os problemas. • Sócrates vai se perguntar: afinal, o que é a Justiça em si mesma? O que é o belo independetemente das opiniões divergentes? • Uma verdade válida para todos. • Era justamente esse relativismo e esse subjetivismo que Sócrates e Platão combateram e buscaram aquilo que era verdadeiro e válido para todos, universalmente. • Simplesmente relativizar ou subjetivar as questões não é algo fácil. Dizer que cada um tem sua opinião não resolve os problemas, ou ainda os aumenta. • Sócrates vai se perguntar: afinal, o que é a Justiça em si mesma? O que é o belo independetemente das opiniões divergentes? • Uma verdade válida para todos. SÓCRATES Nasceu em Atenas (469 – 399 a. C.) Filho de um escultor e de uma parteira. Realizava seus ensinamentos e suas conversações em locais públicos, pelas ruas de Atenas Não escreveu nada. Considerava que seus ensinos eram transmissíveis pela palavra viva, através do diálogo. Divisão entre pré-socráticos e socráticos AS FONTES DE CONEHCIMENTO SOBRE SÓCRATES • PLATÃO: Registou suas ideias principais para que não se perdessem. Aspectos mais teóricos. Torna-se difícil saber o que é pensamento de Sócrates e o que é doutrina de Platão. • XENOFONTES: pequenos traços de Sócrates, aspectos mais práticos. • ARISTÓFANES: era um comediante e retratou Sócrates de maneira caricata e até ridícula. OBRA “AS NUVENS”, DE ARISTÓFANES DISCÍPULO: Há pouco tempo uma lagartixa atrapalhou uma indagação transcendental dele. STREPSIADESE: Como aconteceu isto? Me conte! DISCÍPULO: Quando Sócrates observava a lua para estudar o curso e as evoluções dela, no momento em que ele olhava de boca aberta para o céu, do alto do teto uma lagartixa noturna, dessas pintadas, defecou na boca dele. STREPSIADES: Que delícia! Uma lagartixa despejou toda a merda dela na boca escancarada de Sócrates! DISCÍPULO: E ontem à noite não tínhamos o que comer. (ARISTÓFANES, p. 16) ORÁCULO DE DELFOS E A MISSÃO SOCRÁTICA “CONHECE-TE A TI MESMO... E ASSIM CONHECERÁS OS DEUSES E O UNIVERSO” O MAIS SÁBIO • Na Apologia de Sócrates, o filósofo nos conta o fato que mais marcou sua vida foi a declaração do oráculo do deus Apolo, localizado na famosa cidade de Delfos, bem no centro da Grécia, de que ele, Sócrates, seria o homem mais sábio de todos. • Sócrates se perguntava por que exatamente ele – humilde filho de uma parteira com um escultor – seria o mais sábio entre todos. A única resposta que conseguiu encontrar foi o fato de ele ser o único entre todos a duvidar das próprias certezas. MISSÃO DE SÓCRATES • A tornar o indivíduo consciente de sua própria ignorância • Sua missão era ensinar os homens a conhecer a si mesmo. • E ensinar os indivíduos a buscarem um cuidado de si, de sua alma, de sua vida interior. A INOVAÇÃO SOCRÁTICA • Com Sócrates, “a problemática ético-política passa ao primeiro plano da discussão filosófica como questão urgente da sociedade grega, superando a questão da natureza como temática central” (MARCONDES, p. 41). • Ética: inclui a formação humana, a educação, a própria questão do cuidado da alma/psyche. O que é o homem? • Os pré-socráticos “procuravam responder a seguinte questão: o que/qual é a natureza ou a realidade última das coisas (cosmos)? • Sócrates, porém, procura responder à questão: o que/qual é a natureza ou a realidade última do homem? Ou seja, o que/qual é a essência do homem? O homem é a sua alma. É a alma que distingue o ser humano de todas as outras coisas. ALMA Por alma, Sócrates entende a nossa razão e a sede de nossa atividade pensante e eticamente operante. A alma é o eu consciente, ou seja, a consciência e a personalidade intelectual e moral. (REALE, p. 88). ALMA razão, pensamento, emoções (que estão relacionadas com a moral e o comportamento, ações. PSYCHÉ ALMA / PSYCHÉ Com Sócrates surge a concepção da alma/psyché como a sede da Consciência Moral e do Caráter. A alma que no cotidiano de cada um é aquela realidade interior que se manifesta mediante palavras e ações, podendo ter conhecimento ou ignorância, bondade ou maldade. E que por isso, deveria ser o objeto principal da preocupação e dos cuidados do homem. (PESSANHA, 1996, p. 20) Conhecer-se é cuidar-se Cuidar de si mesmo é estudar e conhecer a própria alma (psyque) para alcançar a excelência e a felicidade. “Uma vida sem reflexão não merece ser vivida” (´Sócrates, Apologia, p. 45) O MÉTODO DE PENSAMENTO SOCRÁTICO ANÁLISE CONCEITUAL “O QUE É...?” SÓCRATES É CONHECIDO POR BUSCAR UMA DEFINIÇÃO DAS VITUDES E OU QUALIDADES MORAIS •CORAGEM •COVARDIA •AMIZADE •BELEZA •AMOR •JUSTIÇA BUSCAVA O UNIVERSAL QUE ISSO REPRESENTA. O “EM SI” DAS COISAS EXEMPLO: O QUE É A CORAGEM? • Laques oferece diversos exemplos de situações que os indivíduos exercem a coragem. • “Aquele que enfrenta o inimigo e não foge do campo de batalha é o homem corajoso”. • Sócrates: Mas há guerreiros que recuam ou fogem para forçar o inimigo à uma situaçãodesvantajosa numa estratégia e isso não é falta de coragem. • Há os exemplos de marinheiros • Há os que enfrentam uma doença PORTANTO • Para Sócrates, exemplificar NÃO É conceitualizar. • Dar exemplos de coragem não é o mesmo que definir conceitualmente o que é a coragem. • Ao mesmo tempo, a opinião (doxa) dos sofistas também não configura o conhecimento, a verdade. Sócrates não busca exemplos, mas definições. VÍDEO: Trecho do filme Sócrates sobre a beleza. EXEMPLO 2 - JUSTIÇA ASSISTIR O VÍDEO “A REPÚBLICA, DE PLATÃO”, DE MAURÍCIO MARSOLA Discussão de Sócrates sobre Justiça. https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_ 38&ab_channel=CasadoSaber (inicio até o minuto 11). https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber MÉTODO SOCRÁTICO O método socrático envolve um questionamento do senso comum, das crenças e opiniões que temos, consideradas vagas, imprecisas, derivadas de nossa experiência, e portanto parciais, incompletas, o que se reflete nos exemplos dados. É exatamente neste sentido que a reflexão filosófica vai mostrar que, com frequência, não sabemos aquilo que pensamos saber. • Sócrates expõe a fragilidade das opiniões de seus interlocutores, a inconsistência de seus argumentos e a obscuridade de seus conceitos. • Muitas ideias mostravam-se infundadas, manifestavam um caráter preconceituoso, ou ainda meros hábitos mentais ou simples reproduções e repetições irrefletidas PESQUISE SOBRE O “EFEITO DUNNING-KRUGER” E RELACIONE COM A FILOSOFIA SOCRÁTICA Sócrates, em detalhe da obra Escola de Atenas DIFERENÇA COM OS SOFISTAS “Os sofistas mais famosos punham-se em relação aos ouvintes na soberba atitude de quem sabe tudo. Sócrates, ao contrário, punha-se diante dos interlocutores na atitude de quem não sabe, tendo tudo para aprender”. (REALE, p. 97) “SÓ SEI QUE NADA SEI” • Sócrates nunca oferece uma definição completa. Mas leva o seu interlocutor a perceber os limites e fragilidades, contradições do que afirma saber. • O método socrático aponta para a necessidade e a possibilidade de aperfeiçoar cada vez mais a si mesmo o conhecimento através da reflexão. • DIÁLOGO, INTERROGAÇÕES, DISCUSSÕES, REVISÕES • As vezes os diálogos ficam incompletos pois o interlocutor se retira do debate. • DUAS FASES DO MÉTODO SOCRÁTICO: IRONIA E MAIÊUTICA IRONIA • IRÔNIA: Em grego “eironéia”, signifca: dissimulação. É perguntar fingindo ignorar. • Com a ironia, Sócrates leva o interlocutor a se dar conta de suas contradições ajudando-os a “purificar” (Catarse) seus saberes e libertar os interlocutores do orgulho e presunção de julgar saber o que não sabe. MAIÊUTICA • Maiêutike: arte de partejar. Trazer à luz. • Por influência de sua mãe, Sócrates se considerava um parteiro de ideias, pois através do diálogo, da conversa, ele conduzia seu interlocutor a trazer novas ideias de dentro de si mesmos. • Sócrates faz isso pois busca justamente uma definição, uma conceitualização. “Assim como o médico grego que pratica a anamnese, fazendo perguntas ao paciente, de tal modo que este possa lembrar e historiar a doença, Sócrates é o filósofo médico, o parteiro de ideias que busca, pelo diálogo, conduzir o indivíduo ao autoconhecimento”. Tal como na medicina, o paciente participa ativamente do processo de cura. PSICOLOGIA – “Conhece-te a ti mesmo” • Dialogar com Sócrates leva a um ‘exame da alma’ e a uma prestação de contas da própria vida, ou seja, a um ‘exame moral’, como bem destacavam seus contemporâneos. Podemos ler em um testemunho platônico: “Quem quer que esteja próximo a Sócrates e em contato com ele para raciocinar, qualquer que seja o assunto tratado, é arrastado pelas espirais do discurso e inevitavelmente forçado a seguir adiante, até ver-se prestando contas de si mesmo, dizendo inclusive de que modo vive e de que modo viveu. E, uma vez que se viu assim, Sócrates não mais o deixa”. (REALE, p. 96) PSICÓLOGO COMO EDUCADOR (PLATÃO) “Esforça-te para te tornares cada vez mais belo” (PLATÃO 2007, 131b). Quer dizer: busca ser sempre melhor. Essa é a tarefa da educação [formação/caráter]: investigar a melhor forma de aperfeiçoar tanto o discípulo quanto o mestre. Conhecer-se deve consistir numa busca constante tanto daquele que educa quanto daquele que exerce o papel de educando. Não se trata de um caminho fácil. Conquistar a si mesmo é fruto de um grande esforço. “Quer seja fácil, quer seja difícil o que é certo é que conhecendo-nos ficaremos em condições de saber como cuidar de nós mesmo, o que não poderemos saber se nos desconhecermos” (Platão, 2007, 129a). (TEIXEIRA, p. 103) DIREITO - POLÍTICA • A crítica de Sócrates aos sofistas consiste em mostrar que o ensinamento sofístico limita-se a uma mera técnica ou habilidade argumentativa que visa a convencer o oponente daquilo que diz, mas não leva ao verdadeiro conhecimento. • A consequência disso era que, devido à influência dos sofistas, as decisões políticas na Assembleia estavam sendo tomadas não com base em um saber, ou na posição dos mais sábios, mas na dos mais hábeis em retórica, que poderiam não ser os mais sábios ou virtuosos. CRÍTICA À DEMOCRACIA • A democracia admite as relativizações da verdade, algo presente nos sofistas. • Ciência epistême é uma questão de opinião (doxa)? A ciência é relativa ou subjetiva? E a ciência política? • Nós exercemos o voto para escolher quem deve pilotar um avião? Então, por que escolhemos pelo voto quem deve “pilotar” um Estado? (Livro VI, A República). • Aristocracia para Sócrates e Platão os que tinham melhor conhecimento JULGAMENTO E MORTE Sócrates foi acusado de introduzir novos deuses e corromper a juventude ateniense. Aceitou a condenação de beber veneno (cicuta) e se recusou a fugir quando lhe foi facilitada a fuga. “As leis eram justas e sempre me protegeram. Agora que elas me condenam não vou dizer que são injustas”. A morte de Sócrates, de 1787, de Jaques Louis Davi (1748 – 1825). A PROPOSTA POLÍTICA DE PLATÃO Platão nasceu em Atenas, em 428 a. C. e morreu em 348 a. C. Conheceu Sócrates aos 20 anos de idade passou a ser seu discípulo até os 30 anos, quando Sócrates é condenado à morte. Desiludiu-se com a política após a morte de seu mestre Sócrates. Fundou a Academia em 384 a. C. Tinha esperança na influência da Filosofia sobre o governo de uma cidade (a pólis grega). A filosofia é assim um projeto político que tem como objetivo promover a transformação da realidade. É, portanto, antagônico à democracia que, na visão de Platão, admite as paixões, a opinião, e os interesses e não o conhecimento. Além disso, é contrário à tirania e à oligarquia, que não se fundam no conhecimento da verdade, no saber. Não se trata de uma simples volta ao passado, mas da defesa de uma aristocracia do saber. • A República parte de uma reflexão sobre a situação política de Atenas desde o momento em que Sócrates ainda vivia até osdias de Platão. • É considerada como proposta de um ideal de cidade-Estado alternativa à realidade existente. POLIS E AS TRÊS PARTES DA ALMA VER VÍDEO A REPÚBLICA DE PLATÃO, de Maurício Marsola. (A partir do minuto 10:50). https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_ 38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&ab_channel=CasadoSaber A POLIS E A ALMA Os seres humanos e a pólis têm a mesma estrutura: Alma é composta por três partes PARTE CONCUSPICENTE OU DESEJANTE VIRTUDE: TEMPERANÇA (controle de si) VÍCIO: GULA, LUXÚRIA PARTE IRASCÍVEL OU COLÉRICA VÍRTUDE: CORAGEM E HONRA VÍCIO: RAIVA PARTE RACIONAL OU INTELECTUAL VIRTUDE: SABEDORIA VÍCIO: ORGULHO/PREGUIÇA 3 PARTES DA ALMA e 3 PARTES DA POLIS • A 1ª. é a das pulsões, necessidades, desejos. É a que tem fome, sede. Se dispersa em múltiplos desejos. • A 2ª. Exerce uma função mediadora e que intervêm nos conflitos entre a razão e o desejo. • A 3ª. é a função calculadora que se opõe à função desejante. É uma função inibidora. É a parte que calcula, prevê e confronta. • 1ª. É a classe econômica dos proprietários de terra, construtores artesãos e comerciantes: provê toda as necessidades materiais • 2ª. É a classe militar dos guerreiros; dos soldados, dos defensores e guardiões da polis • 3ª. É a classe dos governantes e administradores da polis: fazedores das leis JUSTIÇA • A Justiça é a harmonia entre essas partes da alma e as suas virtudes. • Tanto no indivíduo quanto na Polis. • A Justiça consiste na ordem, na concórdia, na hierarquia bem definia pela natureza e obedecida. • Ordem na alma e ordem na polis • Nas divisões bem estabelecidas e ordenadas. Cada um realizando bem a sua tarefa na polis. INJUSTIÇA • Na Polis, a injustiça acontecerá toda vez que uma das partes/classes não cumprir bem sua tarefa. • Quando alguma das partes não cumprir a sua tarefa, mas a de outra para a qual a natureza não a destinou. • Por exemplo: Quando a classe produtora quiser governar. Quando a classe governante quiser ser guerreira... Assim haverá injustiça. INJUSTIÇA NO INDIVÍDUO QUANDO O INDIVÍDUO ABANDONA SEUS DONS, SUA NATUREZA “O homem é injusto quando a alma concupiscente (os apetites e prazeres) é mais forte do que as outras duas, dominando-as. Também é injusto quando a alma irascível é mais poderosa do que a racional, dominando-a”. PORTANTO... “A Psicologia de Platão resulta em um objetivo sociológico/político: integrar cada indivíduo em um lugar mais justo na Cidade” (Jeannière, p. 124). “A preocupação de Platão corresponde àquilo que hoje chamaríamos de orientação profissional: o lugar mais justo do cidadão é aquele no qual ele se sentirá melhor e também mais útil ao Estado” (idem). • “A justiça individual não é nada mais do que a harmonia entre as três funções da alma, uma harmonia difícil de estabelecer e conservar. • Na Cidade, a justiça se define pelo equilíbrio harmonioso entre as três classes”. • O papel do Estado é assegurar a conciliação desses dois equilíbrios. • A parte da função da educação é identificar em cada indivíduo o seu tipo de alma (o seu “dom”. EDUCAÇÃO E POLÍTICA Até os 20 anos, todos são educados da mesma maneira: após a identificação do tipo de alma prevalecente no indivíduo, ocorre a primeira seleção. ALMA DE BRONZE: dedicam-se à agricultura, artesanato, comércio. Responsáveis pela subsistência da polis. • A virtude por excelência desse grupo é a temperança, pela qual deveriam controlar os desejos de prazer. Os demais continuam os estudos por mais 10 anos até a segunda seleção: Aqueles que têm ALMA DE PRATA: são destinados à guarda do Estado, à defesa da cidade. São os guerreiros. Precisam ser brandos e ferozes ao mesmo tempo. A virtude dos guerreiros é a coragem, exercida pelo domínio sobre o caráter irascível de sua alma. • Os que sobram das seleções anteriores, por terem “ALMA DE OURO”: são instruídos na arte de pensar a dois, ou seja, na arte de dialogar. • Estudam filosofia, fonte de toda a verdade, que eleva a alma até o conhecimento mais puro. • Aos 50 anos, aqueles que passaram com sucesso pela série de provas são admitidos no corpo supremo de magistrados. • Cabe a eles o governo da cidade, por serem os únicos a ter a ciência da política. Como homens mais sábios, sua função é manter a cidade coesa. Também seriam os mais justos, uma vez que justo é aquele que conhece a justiça. • Como virtude principal, a justiça constitui a condição de exercício das outras virtudes. (ARANHA, p. 257) BIBLIOGRAFIA • ARANAHA, Maria Lúcia. Introdução à Filosofia. São Paulo: Editora Moderna, 2016. • ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética. Tradução de Antônio Ponto de Carvalho. Ediouro, São Paulo. • ARISTÓFANES. As Nuvens. Tradução de Gilda Maria. São Paulo: Nova Cultura, 1996. • JEANNIÈRE. Abel. Platão. Tradução de Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995. • PESSANHA, José Américo. Sócrates: vida e obra. In: Sócrates. Editora Nova Cultural, São Paulo, 1996. • PLATÃO. Primeiro Alcebíades, Tradução de Carlos Alberto Nunes, Editora da UFPA, Belém, 2007. • PLATÃO. A República. São Paulo: Nova Cultura, 2004. • REALE, Giovanni. História da Filosofia. Vol. 1: antiguidade e idade média. São Paulo: Paulus Editora, 1990. • TEIXEIRA. Evilázio. A Educação do Homem segundo Platão. São Paulo: Paulus Editora, 2015.
Compartilhar