Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DESCRIÇÃO Conceitos e práticas necessários ao funcionamento de um biotério e procedimentos associados à experimentação animal. PROPÓSITO Compreender a estrutura de um biotério, as normas de biossegurança, os sistemas de criação e controle de qualidade e as espécies animais convencionais e não convencionais mais utilizadas, sua fisiologia e seu status sanitário e genético, além de métodos alternativos ao uso de animais, enriquecimento ambiental e analgesia, para aplicação dos manejos sanitário, reprodutivo e nutricional adequados em biotérios, assim como a eutanásia e seus métodos pertinentes. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar a estrutura, as normas e o funcionamento de um biotério MÓDULO 2 Identificar espécies convencionais e não convencionais mais utilizadas em biotérios MÓDULO 3 Descrever os métodos alternativos existentes, o enriquecimento ambiental e a analgesia MÓDULO 4 Identificar os manejos sanitário, reprodutivo e nutricional e os métodos de eutanásia INTRODUÇÃO Bioterismo é a criação e manutenção de animais de laboratório para uso em ensino e pesquisa científica. Neste tema, vamos aprender como funciona um biotério e conhecer seus equipamentos, os cuidados e os níveis de biossegurança e controle de qualidade destes locais. A seguir, vamos conhecer as espécies convencionais e não convencionais utilizadas na experimentação animal, a fisiologia dessas espécies e a classificação quanto ao status genético e sanitário. Vamos estudar sobre métodos alternativos, as práticas de enriquecimento ambiental e os métodos de analgesia. Por fim, vamos aprender sobre o manejo sanitário, reprodutivo e nutricional de animais de laboratório e os métodos de eutanásia existentes. MÓDULO 1 Identificar a estrutura, as normas e o funcionamento de um biotério O QUE É UM BIOTÉRIO? O biotério é uma instalação destinada à criação de animais que serão utilizados em pesquisas científicas. Deve suprir as necessidades básicas de saúde e bem-estar dos animais criados, para que estes forneçam resultados confiáveis e satisfatórios para as pesquisas às quais foram submetidos. Estão presentes em instituições de ensino e/ou pesquisa, públicas ou privadas, e em indústrias que necessitam testar seus produtos antes de comercializá-los. Fonte: Shutterstock.com Camundongos criados em biotérios são amplamente utilizados em experimentos para o desenvolvimento de novos medicamentos. VOCÊ SABIA Você sabia que os medicamentos que utilizamos, como analgésicos ou anti-inflamatórios, dentre muitos outros, foram previamente testados em animais antes de chegarem às prateleiras das farmácias? Um biotério pode ser de criação, manutenção ou experimentação, dependendo do objetivo pretendido: Fonte: Shutterstock.com BIOTÉRIO DE CRIAÇÃO Destina-se à criação e reprodução de espécies e linhagens animais. Fonte: Shutterstock.com BIOTÉRIO DE MANUTENÇÃO Como o nome diz, serve apenas para manter os animais, não necessitando de manejo reprodutivo da colônia. Fonte: Shutterstock.com BIOTÉRIO DE EXPERIMENTAÇÃO É designado a experimentação e testes com animais. COMO FUNCIONA UM BIOTÉRIO? Para que um biotério funcione, é necessário que tenha uma estrutura física mínima que o componha, e essa estrutura deve estar alinhada com as normas que regulamentam o seu funcionamento, visando à segurança, à saúde e ao bem-estar dos animais. O Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal (Concea) é o órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Informação e Comunicação (MCTIC) responsável pela regulamentação de normas relacionadas à criação, à manutenção e à utilização de animais em ensino e pesquisa. Esse órgão foi criado pela Lei 11.794/08, conhecida como Lei Arouca. Deve, preferencialmente, ser construído em local livre de ruídos e poluição e ter área suficiente para a criação de diferentes espécies animais. Apresenta duas áreas, denominadas limpa e suja, por onde circulam materiais e insumos esterilizados e contaminados, respectivamente. O biotério deve ter fluxo de circulação única de materiais e pessoas, a fim de evitar a contaminação de materiais estéreis. As áreas de criação e experimentação animal devem estar afastadas entre si, para evitar contaminação cruzada. Piso, teto, portas e bancadas devem ser confeccionados em materiais de fácil desinfecção. A ESTRUTURA DE UM BIOTÉRIO DEVE CONTAR COM: autor/shutterstock Biotério de experimentação animal. Sala de criação de animais (e de experimentação, se necessário). Sala de quarentena para isolamento de animais provenientes de outros biotérios. Laboratório de experimentação animal (caso exista biotério de experimentação). Corredor de distribuição (área limpa) e corredor de recolhimento (área suja) de material. javascript:void(0) Área para eutanásia de animais, afastada das salas dos animais. autor/shutterstock Biotério de experimentação animal. Área de preparo de materiais. Área de esterilização de materiais. Área de materiais estéreis. Depósito de insumos, ração e consumíveis. Vestiários masculino e feminino para entrada na área de criação de animais (limpa). Secretaria. EQUIPAMENTOS DE UM BIOTÉRIO javascript:void(0) Em um biotério, os equipamentos são utilizados com a finalidade de fornecer aos animais um ambiente propício ao seu desenvolvimento e à sua reprodução e que mimetize as condições de vida na natureza minimamente. Roedores (camundongos, ratos, cobaias e hamsters) e lagomorfos (coelhos) são as espécies mais comumente criadas em biotérios. Para acomodá-los, são utilizadas gaiolas de material plástico autoclavável (para pequenos roedores) ou de metal (para cobaias e coelhos), com aramado para disposição de ração e bebedouro em plástico autoclavável com bico de metal para o provimento de água. O material que compõe equipamentos e acessórios utilizados no biotério deve ser de fácil limpeza, desinfecção e/ou esterilização. Autoclave para esterilização de materiais utilizados no biotério. Fonte: Shutterstock.com AUTOCLAVES DE BARREIRA OU DUPLA PORTA São equipamentos fundamentais em um biotério, pois têm uma porta voltada para a seção de esterilização (área suja), por onde o material higienizado entra, e a outra voltada para a área limpa, por onde o material estéril sai. Somente após a finalização de um ciclo de esterilização, a porta voltada para a área limpa pode ser aberta para retirada do material, impedindo o contato entre as áreas suja e limpa e reduzindo riscos de contaminação. Cabine de segurança biológica utilizada para manejo de animais criados em sistema fechado. Fonte: Shutterstock.com CABINES DE SEGURANÇA BIOLÓGICA OU MÓDULOS DE TROCA São utilizados no manejo dos animais durante a troca de gaiola, bebedouro e/ou ração, além do acasalamento de animais no manejo reprodutivo e do desmame e da sexagem de ninhadas. Esses equipamentos têm filtros de ar de alta eficiência e fluxo de ar continuamente circulado e renovado e são utilizados durante o manejo de animais criados em sistema fechado. Adicionalmente, as cabines de segurança e os módulos de troca têm lâmpada ultravioleta, a qual pode ser acionada após o uso a fim de esterilizar a superfície do equipamento. Rack ventilada, a qual fornece suprimento individual de ar filtrado por gaiola. Fonte: Shutterstock.com RACKS VENTILADAS Permitem a disposição de gaiolas de animais criados em sistemas fechados. Também são chamadas de isoladores ou mini-isoladores e fornecem injeção de ar filtrado através de filtro HEPA de alta eficiência (elimina 99,9% de partículas do ar, incluindo vírus, bactérias e outros microrganismos). O ar é introduzido na gaiola por uma válvula que se fecha automaticamente quando o isolador é retirado da rack, minimizando risco de contaminação. A rack tem dutos de exaustão para retirada do ar que circula dentro das gaiolas, a fim de remover gases e odores. Passadores para comunicação entre área limpa e corredor de recolhimento de material sujo. Fonte: EnsineMe.PASSADORES OU PASS-THROUGHS São pequenas câmaras que conectam as áreas limpa e suja. Os passadores são utilizados para que um material que não possa ser esterilizado em autoclave – como canetas, papéis, pastas etc. – entre na área limpa. Os passadores são dotados de lâmpadas ultravioleta, as quais são automaticamente acionadas após o fechamento das portas, e têm um timer para ajustar o tempo de ação dessas lâmpadas, além de intertravamento entre as duas portas. Os passadores podem ser utilizados também para retirada de material sujo proveniente da área limpa. Todos os equipamentos, acessórios, insumos e as práticas que possibilitam minimizar ou impedir riscos de contaminação externa são denominados barreiras sanitárias.Estas são essenciais para a criação de animais em sistema fechado, devido ao rigoroso controle de qualidade para manutenção do padrão sanitário dos animais. Outros equipamentos: LAVADORA AUTOMÁTICA DE GAIOLAS Para biotérios grandes, otimizando o serviço de higienização. LAVADORA ULTRASSÔNICA DE BICOS Permite a quebra de matéria orgânica de difícil remoção depositada nos bicos dos bebedouros. FILTRO ULTRAVIOLETA OU EQUIPAMENTO DE ULTRAPURIFICAÇÃO DE ÁGUA Serve como pré-filtragem, ainda que a água seja esterilizada antes do fornecimento aos animais. Fonte: EnsineMe. Equipamento de osmose reversa, para purificação de água. CABINE DE EXPURGO Utilizada para descarte da cama (maravalha de madeira) das gaiolas sujas, para evitar a dispersão de aerossóis durante a limpeza das gaiolas. Fonte: EnsineMe. Cabine de expurgo para dispensação da maravalha suja das gaiolas de animais. HISTÓRICO DO USO DE ANIMAIS EM EXPERIMENTAÇÃO O vídeo a seguir abordará, historicamente, a utilização de animais para experimentação até os tempos atuais. BIOSSEGURANÇA EM BIOTÉRIOS CONCEITO DE BIOSSEGURANÇA Biossegurança é um conjunto de procedimentos que tem como objetivo a prevenção, o controle, a redução ou a eliminação de riscos associados a uma atividade que possa comprometer a saúde humana, animal ou do meio ambiente. TIPOS DE RISCOS EM BIOTÉRIOS Risco é a probabilidade de ocorrência de um acidente relacionado a um perigo potencial, inerente a materiais, equipamentos ou procedimentos de trabalho. Os riscos mais importantes em biotérios são: Fonte: Shutterstock.com Símbolo utilizado para representação de risco biológico, muito comum em biotérios. RISCO DE ACIDENTES RISCO FÍSICO RISCO QUÍMICO RISCO BIOLÓGICO RISCO DE ACIDENTES Uso indevido de EPIs (equipamentos de proteção individual, como luvas, avental e máscaras) ou EPCs (equipamentos de proteção coletiva, como cabines de segurança e extintores de incêndio), uso e descarte incorreto de material perfurocortante, dentre outros. RISCO FÍSICO Calor proveniente de autoclaves, ruídos, temperatura, pressão, radiações ionizantes e não ionizantes (lâmpada ultravioleta). RISCO QUÍMICO Uso de produtos na desinfecção e higienização ambiental à base de cloro, quaternário de amônio ou peróxido de hidrogênio. RISCO BIOLÓGICO Contato com bactérias, fungos, vírus e outros microrganismos associados à manipulação de animais intencionalmente ou não infectados, além do risco de transmissão de zoonoses (doenças transmissíveis de animais para o homem, e vice-versa). Os técnicos que atuam em um biotério, também chamados de bioteristas, necessitam de capacitação técnica e treinamento constantes em boas práticas de laboratório (BPL) e normas de biossegurança. Para atuar dentro dos critérios de biossegurança, a equipe de um biotério deve seguir algumas regras básicas, tais como: Proibir a entrada de pessoas não autorizadas no biotério. Não comer, beber ou fumar dentro do biotério. Retirar todos os adornos, como alianças, brincos e relógios, antes de entrar na área limpa. Tomar banho antes de entrar na área limpa e fazer uso de EPIs, como aventais estéreis, toucas, máscaras, óculos de segurança e luvas descartáveis. Descartar adequadamente materiais, de acordo com sua natureza e seu risco. Manipular animais conforme treinamento fornecido, fazendo uso de equipamentos de contenção animal e ambiental, como cabines de segurança. Reportar ao médico veterinário responsável qualquer acidente ocorrido na manipulação de animais para que providências sejam tomadas. Fonte: Shutterstock.com Técnico de biotério, utilizando os EPIs necessários ao trabalho. O biotério deve contar com programas regulares de exames para atestar a saúde da equipe técnica, de acordo com os patógenos envolvidos no manejo dos animais, além de ter um programa de combate a incêndios, treinamento para uso de equipamentos e para primeiros socorros. NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA EM UM BIOTÉRIO Um biotério é classificado quanto ao nível de biossegurança de acordo com o risco associado à atividade desenvolvida, no que se refere à biossegurança animal. Está diretamente relacionado ao grau de risco que os animais infectados com agentes patogênicos apresentam para aqueles que os manipulam, para os animais criados no biotério e para o meio ambiente. Quadro com a classificação em diferentes níveis de biossegurança de um biotério, de acordo com os agentes patogênicos manipulados, apresentando os procedimentos adotados para cada nível. Nível de biossegurança Risco associado Práticas e técnicas Equipamentos de segurança necessários Tipo de instalação 1 Baixo risco individual e Manejo padrão para colônias _______ Básica. comunitário. convencionais. 2 Moderado risco individual e comunitário, podendo causar patologias ao homem ou ao animal. Uso obrigatório de jaleco e luvas, descontaminação dos dejetos infectados e das gaiolas dos animais antes da higienização, acesso limitado e sinalização para alerta de riscos. Barreira parcial (guichê de desinfecção), uso de EPIs (máscara, óculos protetores etc.) para a manipulação de agentes ou animais infectados que produzem aerossóis. Básica. 3 Risco individual elevado, risco comunitário baixo. Práticas do nível 2 mais: uniforme especial e acesso controlado. Os do nível 2, porém, devem ser usados para todos os tipos de manipulação com animais infectados. Alta segurança. 4 Elevado risco individual e comunitário. Prática do nível 3 mais: troca de roupa de rua por uniforme especial em vestiário, ducha na saída, descontaminação de todos os dejetos antes de Barreiras máximas, isto é, classe III de segurança biológica, ou barreira parcial em combinação com: proteção total do corpo Segurança máxima. sua retirada do infectório. com uma peça única dotada de ventilação e pressão positiva, gaiolas dotadas de filtros, estantes com fluxo laminar etc. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal SAIBA MAIS Você sabia que, no filme Epidemia, de 1995, que trata da epidemia de infecção pelo vírus ebola, a equipe de cientistas utiliza macacões especiais com suprimento de ar individual e chuveiros para descontaminação desses macacões após passarem por áreas contaminadas? Isso porque o vírus ebola corresponde à classe de risco 4, altamente contagioso e letal, e a contenção na sua manipulação deve ser máxima. SISTEMAS DE CRIAÇÃO EM BIOTÉRIOS O sistema de criação adotado pelo biotério está diretamente relacionado ao padrão sanitário dos animais existentes. O padrão sanitário diz respeito à relação dos animais com seus microrganismos associados (sua microbiota de origem), bem como com aqueles existentes no ambiente em que são criados. Dependendo da finalidade do biotério e das pesquisas nele desenvolvidas, os animais podem ser criados em sistema denominado open cage, ou sistema aberto, em que as gaiolas ficam dispostas em estantes abertas e são manipuladas em bancadas. Um sistema de criação aberto é desprovido de barreiras sanitárias e apenas práticas simples de higiene são adotadas para desinfecção ambiental e dos materiais utilizados.Não há necessidade de utilização de EPIs estéreis para manipulação de animais, sendo recomendada somente a troca do uniforme utilizado para o manejo. Fonte: Shutterstock.com Gaiolas de coelhos em sistema aberto de criação. No sistema fechado, conhecido como Individual Ventilated Cage (IVC), as gaiolas, também chamadas de isoladores ou mini-isoladores, são fechadas e dispostas em estantes ou racks ventiladas. As estantes e racks têm mecanismo contínuo de insuflamento e exaustão de ar dentro dos isoladores. O ar insuflado é filtrado através de filtro de alta eficiência para contenção de partículas, isolando os animais de possível fonte de contaminação pelo ar externo. O ar exaurido pelo equipamento evita que gases tóxicos, como amônia e gás carbônico, acumulem-se no interior da gaiola, minimizando odores e conferindo proteção aos animais. O equipamento produz baixo ruído, o que reduz o estresse animal. Fonte: Shutterstock.com Microisolador para camundongos, disposto em rack ventilada. No sistema de criação fechado, barreiras sanitárias são empregadas a fim de minimizar o risco de contaminação externa. As mais comuns são: Autoclaves de barreira. Cabines de segurança biológica. Racks e estantes ventiladas. Filtros de ar nas salas de animais. Pressão diferencial de ar entre diferentes ambientes do biotério. Higiene e uso de EPIs pelos bioteristas. Produtos químicos utilizados na desinfecção ambiental. CONTROLE DE QUALIDADE EM BIOTÉRIOS Um rígido plano de controle ambiental e animal deve ser elaborado, com a finalidade de manter a qualidade e o padrão sanitário dos animais criados em um biotério. Os aspectos macro e microambientais devem ser avaliados e comparados com os parâmetros de criação estabelecidos. Em um biotério, o macroambiente abrange temperatura, umidade, incidência de luz, desinfecção ambiental, dentre outros. Fonte: Shutterstock.com O macroambiente se refere ao ar, à umidade, à temperatura, à luz, à presença de vetores e aos agentes químicos utilizados na desinfecção de áreas. Testes microbiológicos e físico-químicos devem ser realizados periodicamente para assegurar sua eficiência. Cultivo por semeadura em meio sólido em placa, com amostra coletada do ambiente com uso de swab. Fonte: Shutterstock.com Os testes são feitos com placas que contêm meio de cultivo, abertas em diferentes pontos das áreas a serem analisadas, além de swabs utilizados para colher material, o qual será cultivado para conclusão dos resultados. Desinfetantes e produtos químicos utilizados devem ter sua eficácia avaliada por meio de testes físico- químicos específicos. Em biotérios de criação em sistema fechado, as práticas de controle de qualidade ambiental devem ser frequentes, a cada 15 ou 30 dias. Já nos biotérios que funcionam em sistema aberto, tais práticas são recomendadas somente quando há desinfecção ambiental, a fim de confirmar a eficácia do desinfetante utilizado. O microambiente engloba tudo o que está intimamente em contato com o animal, como ração, maravalha, água, odores produzidos por feromônios e pelas excretas dos animais, bem como sua microbiota associada. Fonte: Shutterstock.com O microambiente compreende a temperatura interna da gaiola, a umidade, a maravalha e os gases produzidos pelas excretas, dentre outros. Testes microbiológicos devem ser periodicamente realizados para avaliar a qualidade da ração e da maravalha fornecidas aos animais. Para atestar a saúde dos animais, deve ser estabelecida uma frequência de amostragem proporcional à quantidade de animais existentes na colônia, utilizando-se animais-sentinela. Estes são criados com os animais da colônia e recebem, semanalmente, por no mínimo quatro semanas, uma porção de maravalha suja proveniente de gaiolas de outros animais, para que entrem em contato com possíveis patógenos representativos da colônia. Após o período mínimo, os sentinelas são avaliados clinicamente e passam por testes anatomopatológicos e laboratoriais para que se possa verificar a presença de agentes patogênicos. Os microrganismos pesquisados são os de interesse para a qualidade sanitária dos animais criados e são geralmente recomendados por órgãos como a FELASA (Federation of European Laboratory Animal Science Associations, ou Federação das Associações Europeias de Ciência de Animais de Laboratório). Fonte: Shutterstock.com Sangue, órgãos e tecidos são analisados em laboratório para a pesquisa de agentes patogênicos em animais de laboratório. Caso seja comprovada a contaminação da colônia, medidas de saneamento devem ser adotadas, como tratamento com medicamentos, derivação cesariana e revisão de barreiras sanitárias, até que o agente patogênico não seja mais identificado em testes futuros. Nos casos de contaminação por patógenos altamente contagiosos e sem tratamento conhecido ou eficaz, a eutanásia dos animais, a desinfecção ambiental e o repovoamento da colônia com animais de origem externa são recomendados. DERIVAÇÃO CESARIANA A derivação cesariana é a retirada dos fetos com o útero proveniente de uma fêmea doadora contaminada, algumas horas antes do parto previsto. O útero é lavado em solução antisséptica, posteriormente aberto, e os neonatos são retirados e animados. Depois, são colocados aos cuidados de uma fêmea receptora livre de contaminação, a qual fará papel de ama de leite da ninhada. Todo o procedimento é realizado sob condições estritamente assépticas. VERIFICANDO O APRENDIZADO javascript:void(0) 1. BIOTÉRIOS SÃO DE GRANDE IMPORTÂNCIA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO E PESQUISA CIENTÍFICA. SOBRE SEU FUNCIONAMENTO, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Apresentam fluxo de circulação cruzada de materiais e pessoas. B) Devem suprir as necessidades básicas de saúde e bem-estar dos animais criados. C) Biotérios de experimentação e criação podem ser construídos próximos uns dos outros, para facilitar a distribuição e o recolhimento de material. D) Bancadas para manipulação de gaiolas de animais podem ser confeccionadas em madeira. E) Animais oriundos de outros biotérios devem ser alojados na sala de criação de animais. 2. A FIM DE MONITORAR A QUALIDADE SANITÁRIA DE UM BIOTÉRIO, UM PROGRAMA DE CONTROLE DEVE SER RIGOROSAMENTE IMPLEMENTADO. SOBRE ESSE PROGRAMA, É CORRETO AFIRMAR: A) Permite certificar o padrão genético dos animais nele criados. B) Utiliza animais-sentinelas, os quais devem entrar em contato com maravalha suja proveniente de outros animais por período determinado pelo responsável técnico do biotério. C) Deve assegurar o monitoramento do macro e do microambiente em que o animal vive, com testes físico-químicos e microbiológicos regulares. D) Deve ser feito a cada 15 ou 30 dias para biotérios com sistema aberto de criação. E) Desinfetantes e produtos químicos, por estarem registrados nos órgãos competentes, não fazem parte do programa de controle de qualidade. GABARITO 1. Biotérios são de grande importância em instituições de ensino e pesquisa científica. Sobre seu funcionamento, marque a alternativa correta: A alternativa "B " está correta. Para que um biotério funcione, as necessidades básicas de saúde e bem-estar dos animais criados no biotério, que são protegidas por lei, devem sempre ser respeitadas. 2. A fim de monitorar a qualidade sanitária de um biotério, um programa de controle deve ser rigorosamente implementado. Sobre esse programa, é correto afirmar: A alternativa "C " está correta. Os aspectos macro e microambientais devem ser levados em consideração na elaboração de um plano de controle de qualidade, já que influenciam diretamente a saúde dos animais criados no biotério. Testes físico-químicos e microbiológicos são necessários para que o controle de qualidade seja completo. MÓDULO 2 Identificar espécies convencionais e não convencionais mais utilizadas em biotérios ESPÉCIES CONVENCIONAIS E NÃO CONVENCIONAIS DE ANIMAIS DE LABORATÓRIO Vamos conhecer as principais espécies criadas em umbiotério e utilizadas em pesquisas e suas características fisiológicas, compreendendo como se classificam genética e sanitariamente. As espécies convencionais são aquelas mais comumente criadas em biotérios e utilizadas em pesquisas. São elas: Camundongo (Mus musculus domesticus). Rato (Rattus norvegicus). Cobaia ou porquinho-da-índia (Cavia porcellus). Coelho (Oryctolagus cunicullus). Hamster sírio (Mesocricetus auratus). As espécies não convencionais são as menos utilizadas devido à complexidade de seus organismos. Sua utilização está condicionada, dentre outras exigências, à comprovação de que a pesquisa não pode ser desenvolvida com uma espécie convencional. As mais comuns são: Cão (Canis familiaris). Macaco-rhesus (Macaca mulatta). ESPÉCIES CONVENCIONAIS CAMUNDONGOS (MUS MUSCULUS DOMESTICUS) Os camundongos e o homem apresentam similaridade genética acima de 90%, o que faz desses roedores a principal espécie utilizada em pesquisas de possíveis terapias para doenças que acometem o homem. Têm como características desejáveis seu tamanho pequeno, o curto período de gestação e a geração de proles grandes, além de serem domesticáveis e de fácil manutenção. Fonte: Shutterstock.com Camundongo fêmea da espécie Mus musculus domesticus amamentando sua ninhada. CARACTERÍSTICAS DOS CAMUNDONGOS Fonte: Shutterstock.com Camundongos com aproximadamente três dias de idade. Os camundongos nascem com aproximadamente 1g de peso, desprovidos de pelos, após 19-21 dias de gestação da fêmea. Uma ninhada pode apresentar de 6 a 12 filhotes. Os pelos começam a aparecer em torno do quarto dia de vida, e os olhos se abrem por volta do décimo dia. Aos 12 dias, os filhotes já começam a se alimentar de sólidos, apesar de ainda mamarem. Fonte: Shutterstock.com Camundongos adultos. Aos 21 dias, ocorre a sexagem e o desmame, quando os camundongos têm, em média, 12g de peso. A maturidade sexual é alcançada no período de 50 a 60 dias de vida, quando pesam em torno de 18g e já podem ser acasalados. Os camundongos permanecem se reproduzindo por aproximadamente um ano, quando o índice reprodutivo começa a cair. Um macho adulto pode chegar a pesar 40g. Fonte: Shutterstock.com Os camundongos não têm glândulas sudoríparas e apresentam hábitos predominantemente noturnos, sendo necessário um período claro/escuro de 12/12 horas. A alimentação acontece principalmente durante o período claro. Podem ser agressivos entre eles e praticar o barbering, ou barbeamento, quando o animal dominante arranca os pelos de outros animais da gaiola. RATOS (RATTUS NORVEGICUS) Acredita-se que tenha sido a primeira espécie animal utilizada em pesquisa e foi padronizada para fins científicos nos Estados Unidos, tendo sido usada inicialmente em estudos relacionados à nutrição. Fonte: Shutterstock.com Rato albino adulto com filhote. CARACTERÍSTICAS DOS RATOS Os filhotes nascem com um peso de 4g a 6g, também desprovidos de pelos, e alcançam a maturidade sexual no período de 40 a 70 dias de idade. A gestação dura em torno de 21 dias, e a ninhada pode apresentar entre 6 e 10 filhotes. O desmame ocorre também aos 21 dias de idade. Adultos jovens pesam entre 150g e 250g, podendo chegar a 300-350g. Permanecem se reproduzindo até aproximadamente os nove meses de idade. Assim como os outros roedores, não têm glândulas sudoríparas e apresentam crescimento contínuo dos dentes; para desgastá-los, estão sempre mastigando. Os ratos não têm vesícula biliar, e a bile é lançada diretamente no duodeno. COBAIA OU PORQUINHO-DA-ÍNDIA (CAVIA PORCELLUS) Conhecida por representar simbolicamente os animais de laboratório, a cobaia tem sido usada em experimentos nas áreas de nutrição, na radiologia e em reações imunológicas, dentre outras. Fonte: Shutterstock.com Cobaia adulta com seus filhotes. CARACTERÍSTICAS DAS COBAIAS São bastante dóceis, dificilmente mordem e se assustam com facilidade. Estressam-se facilmente com mudanças ambientais e com alterações na alimentação. Assim como os primatas não humanos e o homem, necessitam de fonte externa de vitamina C. Nascem com um peso de 8g a 10g, já cobertos com pelos e com os olhos abertos e a dentição completa. A ninhada pode apresentar até dois filhotes, após um período de gestação de 59 a 72 dias. Os animais podem ser acasalados entre os 3 e 4 meses de idade. Começam a ingerir alimentos sólidos entre 3 e 5 dias, porém somente são desmamados entre 14 e 21 dias de idade. Os adultos podem atingir um peso entre 500g e 600g e são mantidos em reprodução até, aproximadamente, os 30 meses de idade. COELHO (ORYCTOLAGUS CUNICULLUS) O coelho foi um dos primeiros animais utilizados em pesquisas biomédicas. Por serem muito sensíveis, são utilizados em testes de hipersensibilidade a irritantes e alergênicos, bem como em testes de capacidade pirógena (indução de febre) de fármacos e imunobiológicos, como vacinas. Fonte: Shutterstock.com Coelho adulto em biotério de experimentação para testes com desenvolvimento de medicamentos. CARACTERÍSTICAS DOS COELHOS São geralmente dóceis e se assustam com facilidade. São essencialmente herbívoros e alimentam-se de ração industrializada. Têm como hábito a coprofagia noturna (Prática de ingestão de fezes.) , sendo as fezes fermentadas fontes de quantidades necessárias de vitaminas do grupo B. São muito sensíveis ao calor, e a temperatura deve estar bem ajustada para prover-lhes bem-estar. Os recém-natos, também chamados de láparos, pesam entre 60g e 80g, não têm pelos e nascem com os olhos fechados. A gestação completa dura entre 30 e 32 dias, e a ninhada apresenta entre 6 e 8 filhotes. Os olhos deles se abrem por volta do décimo dia e se alimentam com sólidos aos 15 dias de idade. O desmame ocorre com, aproximadamente, 40 dias de idade, quando os animais pesam entre 800g e 1.500g. A puberdade ocorre entre os cinco e seis meses, e os animais adultos podem pesar entre 3kg e 6kg, dependendo da raça utilizada. São mantidos em reprodução na colônia até atingirem a idade entre três e quatro anos. HAMSTER SÍRIO (MESOCRICETUS AURATUS) Os hamsters são animais de laboratório relativamente novos em pesquisas. Atualmente, são tão utilizados quanto cobaias e coelhos. Fonte: Shutterstock.com Hamsters sírios adultos. CARACTERÍSTICAS DOS HAMSTERS São animais noturnos, geralmente agressivos, com pele extremamente flácida. Apresentam bolsas guturais no interior das bochechas, onde armazenam alimentos e nas quais a mãe esconde os filhotes com a intenção de protegê-los. São sensíveis ao frio e podem hibernar em baixas temperaturas. A ninhada, que pode apresentar uma média de oito filhotes, nasce sem pelos e com os olhos fechados, pesando em torno de 3g. Alimentam-se com sólidos com uma semana de vida, por já nascerem com os dentes incisivos. O desmame ocorre aos 21 dias de idade, quando pesam de 25g a 30g. O acasalamento ocorre no desmame, para evitar episódios de agressividade entre machos e fêmeas. Quando adultos, pesam em torno de 100g e permanecem em reprodução até um ano de idade. O período gestacional é de aproximadamente 16 dias. ESPÉCIES NÃO CONVENCIONAIS CÃO (CANIS FAMILIARIS) A natureza sociável fez dos cães uma espécie apropriada para estudos nas áreas de cirurgia experimental, técnicas de anestesia e na produção de alguns medicamentos, como a insulina. Em experimentação animal, a raça mais utilizada é a beagle, por apresentar temperamento dócil e porte médio e por constituir uma raça padronizada. Fonte: Shutterstock.com Cão da raça beagle, a mais utilizada em pesquisas. CARACTERÍSTICAS DOS CÃES Necessitam socializar, e esse aspecto deve ser levado em consideração para redução do estresse devido ao confinamento. É necessário, ainda, que vacinação e vermifugação estejam atualizadas, a fim de conservar seu estado de saúde satisfatório, e que rotinas e áreas para alojamento desses animais estejam bem definidas. As fêmeas alcançam a puberdade entreos 6 e os 14 meses de idade, e a gestação dura de 58 a 64 dias. Os filhotes devem ser mantidos aquecidos pela mãe nos primeiros sete dias de vida, e o período de amamentação deve ser de no mínimo 30 dias. Um cão beagle adulto pesa entre 10kg e 25kg. MACACO-RHESUS (ESPÉCIE MACACA MULATTA) Os primatas não humanos são divididos de acordo com sua origem. O macaco-rhesus pertence à categoria de macacos do Velho Mundo, originários da África e da Ásia, assim como os gorilas e chimpanzés. Já os micos-de-cheiro ou saimiris pertencem ao grupo originário do Novo Mundo, mais precisamente da América Latina. Fonte: Shutterstock.com Macacos rhesus vivem geralmente em grupo, em sistemas de harém. O macaco-rhesus é a espécie de primata não humano mais comumente utilizada e contribuiu para as pesquisas de desenvolvimento de vacina contra raiva, poliomielite e febre amarela, assim como na descoberta do fator sanguíneo Rh. Também colaborou com o estudo de medicamentos contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV). CARACTERÍSTICAS DOS MACACOS-RHESUS As fêmeas parem apenas um filhote por vez, pesando cerca de 400g, após período de gestação de 165 a 175 dias. O acasalamento ocorre de forma sazonal, geralmente nos meses mais frios do ano. A puberdade ocorre por volta de dois anos de idade, e o primeiro filhote nasce quando a mãe está com quatro anos de idade, em média. Um adulto em cativeiro pode atingir o peso de 6kg a 10kg. Primatas não humanos devem ser utilizados em pesquisa somente quando o uso de outra espécie não fornecer resultados satisfatórios, e o número mínimo de animais deve ser preconizado. Assim como os cães, não devem ser eutanasiados ao fim do experimento, a não ser que essa etapa configure parte da pesquisa. A tabela a seguir apresenta alguns parâmetros fisiológicos das espécies criadas em biotério e estudadas até o momento. Espécie Batimentos cardíacos (bpm) (Batimentos por minuto.) Frequência respiratória (rpm) (Respirações por minuto.) Temperatura retal (°C) (Graus Celsius ) Estimativa de vida (anos) Camundongo 325 a 780 84 a 230 35,2 a 37,9 1,5 a 3,0 Rato 261 a 600 70 a 150 36,5 a 38,5 2,5 a 3,5 Cobaia 230 a 380 40 a 100 37,2 a 39,5 4 a 5 Coelho 150 a 300 30 a 60 38,3 a 39,5 6 a 9 Hamster 250 a 500 35 a 135 37,0 a 38,0 1,5 a 2,0 Cão 70 a 160 10 a 40 37,5 a 39,5 12 a 15 Macaco- rhesus 149 a 207 31 a 43 36,7 a 37,6 27 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal CLASSIFICAÇÕES GENÉTICA E SANITÁRIA EM BIOTÉRIOS Para que as pesquisas desenvolvidas com animais produzam resultados satisfatórios, é necessário preservar a qualidade genética e sanitária da colônia. Os animais criados em um biotério são classificados de acordo com seu padrão genético e sanitário. Neste estudo, vamos priorizar os biotérios de pequenos roedores (camundongos e ratos), onde essa padronização é mais aplicada. Os animais de laboratório podem ser classificados, de acordo com seu padrão ou status sanitário, como: GNOTOBIÓTICOS Animais que apresentam microbiota associada conhecida, criados em sistema de barreiras sanitárias absolutas, dentro de isoladores. São representados tanto por aqueles que não apresentam nenhum microrganismo associado bem como pelos que estão contaminados por um ou mais microrganismos conhecidos e detectáveis. GERM-FREE Animais isentos de qualquer tipo de microrganismo, também chamados de axênicos. Para obtenção primária de animais germ-free, é necessário que eles sejam obtidos por técnicas de derivação cesariana (cesárea asséptica) de uma fêmea doadora, cujos filhotes não se contaminam devido à presença da barreira placentária e por não atravessarem o canal do parto. Uma fêmea germ-free deve servir como ama de leite. O parto desta última deve ocorrer próximo à data da cesárea asséptica da fêmea doadora, a fim de que a ama de leite aceite os filhotes como se fossem dela. A criação de animais germ-free se dá em isoladores rígidos estéreis, e todo o material que entra em contato com eles deve ser também estéril (água, ração, maravalha etc.) Fonte: Revista de Manguinhos, 2003 Isolador rígido utilizado no procedimento de cesárea asséptica, para obtenção de animais germ-free. SPECIFIC PATHOGEN FREE (SPF) Animais isentos de agentes patogênicos específicos, podendo apresentar outros microrganismos não patogênicos, também chamados de heteroxênicos. Para obtenção de uma colônia SPF, é necessário infectar animais germ-free com uma flora conhecida e não patogênica. São criados em sistema de barreiras sanitárias rigorosas, dentro de isoladores. Todo o material que entrar em contato com animais SPF deve ser previamente esterilizado. CONVENCIONAIS Animais que apresentam microbiota associada indefinida e desconhecida, criados em ambientes livres de barreiras sanitárias, ou seja, sistemas abertos. A manipulação desses animais requer apenas práticas básicas de higiene, não sendo necessário o uso de material estéril. Os animais de laboratório podem ser classificados, de acordo com seu padrão ou status genético, como: Rato da linhagem heterogênica Wistar. Fonte: Shutterstock.com NÃO CONSANGUÍNEOS, OUTBRED OU HETEROGÊNICOS Animais com taxa de heterozigose de cerca de 99%, com grande diversidade genética, representando as populações que normalmente encontramos na natureza. Camundongo da linhagem isogênica C57BL/6. Fonte: Shutterstock.com javascript:void(0) CONSANGUÍNEOS, INBRED OU ISOGÊNICOS Animais obtidos após 20 gerações de cruzamentos entre irmãos ou entre pais e filhos, dando origem às linhagens de camundongos. Desta forma, 98,6% dos genes estão em homozigose, com animais os mais idênticos possíveis, e variações mínimas ao longo das gerações. São os animais mais utilizados em pesquisas, por fornecerem resultados homogêneos reprodutíveis. HETEROZIGOSE A heterozigose ocorre quando os alelos de um gene que é responsável por determinada característica são diferentes. ALELOS Alelos são variações específicas de um mesmo gene, ocupando o mesmo espaço em cromossomos homólogos (que têm genes para expressar a mesma característica). Significa dizer que o mesmo gene pode se apresentar de forma modificada de acordo com o alelo que carrega, alterando, assim, as características apresentadas. Alelos dominantes de um gene são representados por letras maiúsculas, enquanto os recessivos são representados por letras minúsculas. Por exemplo: “A” (alelo dominante) e “a” (alelo recessivo). HOMOZIGOSE A homozigose ocorre quando os alelos nos cromossomos são iguais, ou seja, a composição cromossômica é idêntica. A partir dos animais isogênicos, são obtidos: HÍBRIDOS javascript:void(0) MUTANTES CONGÊNICOS COISOGÊNICOS TRANSGÊNICOS HÍBRIDOS Provenientes do primeiro cruzamento (geração F1) entre animais de duas linhagens isogênicas. Utilizados no estudo de pares de genes alelos em heterozigose para as duas linhagens de origem. São animais com maior vigor e prole grande, quando comparada à de animais isogênicos. MUTANTES Provenientes de mutações espontâneas ocorridas em animais de linhagens isogênicas. Com o intuito de avaliar se essa mutação pode ser interessante em estudos, cruza-se esses animais com outros de linhagem isogênica e, dependendo do tipo de mutação, dominante ou recessiva, esquemas diferentes de acasalamento são realizados. CONGÊNICOS Quando uma mutação é transferida de uma linhagem isogênica para outra, após sucessivos acasalamentos entre uma linhagem doadora (da mutação ou gene) com outra receptora. Após a décima geração, os animais mutantes passam a ser acasalados entre si. COISOGÊNICOS Quando se admite que o alelo mutante substituiu o alelo original. Os novos acasalamentos podem ser feitos entre camundongos irmãos mutantes ou com o acasalamento de um não mutante da linhagem original com um animal da nova linhagem mutante. javascript:void(0) TRANSGÊNICOS Obtidos por meio da introdução de um fragmento de DNA no genoma de um animal, o qual é transmitidoaos seus descendentes. GENES ALELOS Alelos são variações específicas de um mesmo gene, ocupando o mesmo espaço em cromossomos homólogos (que têm genes para expressar a mesma característica). Significa dizer que o mesmo gene pode se apresentar de forma modificada de acordo com o alelo que carrega, alterando, assim, as características apresentadas. Alelos dominantes de um gene são representados por letras maiúsculas, enquanto os recessivos são representados por letras minúsculas. Por exemplo: “A” (alelo dominante) e “a” (alelo recessivo). Fonte: Shutterstock.com VOCÊ SABIA Você sabia que a maioria dos animais utilizados em pesquisas são mutantes ou transgênicos? Dessa forma, é possível selecionar os genes de interesse para o estudo pretendido. Como exemplo, temos os camundongos da linhagem NUDE, que nascem sem pelos e têm timo rudimentar, com deficiência na produção de linfócitos T. Por esse motivo, são amplamente utilizados em enxertos, por não rejeitarem transplantes de outras linhagens, além de serem altamente suscetíveis a infecções, tornando-se objetos de estudos de resposta imune para muitas doenças. Fonte: Shutterstock.com Camundongo da linhagem NUDE. USO DO ZEBRA FISH EM EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL Conheça as vantagens da utilização do zebra fish e sua aplicabilidade em pesquisa e no sistema de criação assistindo ao vídeo a seguir. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ANIMAIS CONVENCIONAIS E NÃO CONVENCIONAIS SÃO UTILIZADOS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS HÁ MUITOS ANOS. SOBRE SUAS CARACTERÍSTICAS, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Camundongos são animais de hábitos diurnos e passam boa parte do período claro do dia se alimentando. B) Coelhos são muito sensíveis ao frio e, portanto, devem permanecer em ambiente aquecido. C) Cobaias necessitam de fonte externa de vitamina C. D) Ratos têm glândulas sudoríparas, assim como outros roedores. E) Recomenda-se que macacos-rhesus sejam eutanasiados após o término do experimento, a fim de evitar sofrimento desnecessário. 2. A CLASSIFICAÇÃO SANITÁRIA DE UMA COLÔNIA É FUNDAMENTAL PARA PADRONIZAR O MANEJO E A UTILIZAÇÃO DOS ANIMAIS EM PESQUISA. SOBRE ELA, É CORRETO AFIRMAR: A) Animais germ-free são aqueles isentos de microrganismos. B) Animais SPF são também chamados de isogênicos. C) Animais convencionais são aqueles criados em sistema de barreiras sanitárias. D) Animais gnotobióticos são aqueles que têm microbiota indefinida. E) A criação de animais SPF deve seguir procedimentos básicos de higiene. GABARITO 1. Animais convencionais e não convencionais são utilizados em pesquisas científicas há muitos anos. Sobre suas características, marque a alternativa correta: A alternativa "C " está correta. Cobaias necessitam de fonte de vitamina C, pois não a sintetizam. 2. A classificação sanitária de uma colônia é fundamental para padronizar o manejo e a utilização dos animais em pesquisa. Sobre ela, é correto afirmar: A alternativa "A " está correta. Animais germ-free são livres de microbiota, ou seja, vírus, bactérias, fungos ou parasitas. MÓDULO 3 Descrever os métodos alternativos existentes, o enriquecimento ambiental e a analgesia MÉTODOS ALTERNATIVOS A partir de agora, discutiremos os métodos alternativos ao uso de animais em experimentação, as práticas de enriquecimento ambiental e a analgesia. São todos aqueles utilizados com a finalidade de substituir, reduzir ou refinar o uso de animais em pesquisas científicas. De acordo com a Lei 11.794/2008, que regulamenta o uso científico de animais, caso exista um método alternativo cientificamente validado, a pesquisa com a utilizando animais fica proibida. PRINCÍPIO DOS 3 RS A aplicação de métodos alternativos é baseada no princípio dos 3 Rs, descritos por Russel e Burch na década de 1950: REDUÇÃO Recomenda que o número de animais utilizados em pesquisa deve ser reduzido ao mínimo necessário capaz de produzir resultados confiáveis. REFINAMENTO Diz respeito à aplicação de procedimentos que minimizem o sofrimento, a dor ou o estresse animal, quando a utilização de animais for imprescindível. SUBSTITUIÇÃO (REPLACEMENT, EM INGLÊS) Orienta que, no caso de existência de método alternativo validado, o uso de animais não é justificável. No mundo, existem inúmeros métodos alternativos validados. No Brasil, as Resoluções Normativas n° 18/2014, n° 31/2016 e n° 45/2019, do Concea, apontam os métodos alternativos validados e reconhecidos para uso substitutivo de animais de laboratório. Após reconhecimento de um método alternativo pelo Concea, o laboratório responsável pelo teste realizado em animais tem o prazo de cinco anos para adequação de sua estrutura e capacitação técnica, a fim de substituir em definitivo o experimento em animais. Como exemplos de métodos alternativos, existem modelos computacionais, cultivo celular in vitro e alguns mais complexos, como o organ on a chip, uma tecnologia que simula um órgão humano em um javascript:void(0) chip, e a pele 3D, dentre outros. No Brasil, a Rede Nacional de Métodos Alternativos (Renama) é o órgão do MCTIC responsável pela validação de métodos alternativos, contando com infraestrutura laboratorial e de recursos humanos para isso. É estruturada por laboratórios centrais e associados. O processo de validação dos métodos alternativos propostos e/ou desenvolvidos pela Renama deve ocorrer no âmbito do Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (BraCVAM). IN VITRO In vitro significa “fora do organismo vivo”, ou seja, dentro de um tubo de ensaio, em uma placa de cultivo etc. O Brasil conta com 22 métodos alternativos validados e recomendados pelo Concea. Alguns desses testes substituem por completo o uso de animais; outros recomendam a utilização de um número reduzido, mas que seja suficiente para produzir resultados satisfatórios. Os métodos alternativos são normalmente utilizados para testes de cosméticos, produtos de higiene pessoal, produtos químicos e de limpeza e medicamentos. Fonte: Shutterstock.com Cultivo celular in vitro para testes. VAMOS CONHECER ALGUNS DESSES MÉTODOS? MÉTODO OECD TG 439 Teste de irritação cutânea in vitro: método de reconstrução da epiderme humana. Baseia-se no sistema de teste in vitro da epiderme humana reconstruída, que imita as propriedades bioquímicas e fisiológicas da camada superior da pele humana, isto é, a epiderme. MÉTODO OECD DT 429 Sensibilização cutânea: ensaio do gânglio linfático local. Testa substâncias de sensibilização cutânea, com a indução da proliferação de linfócitos nos gânglios linfáticos que drenam o local de aplicação da substância. Utiliza animais, porém em número reduzido: quatro camundongos por grupo, para pelo menos três concentrações da substância testada, e um grupo controle (sem administração da substância). MÉTODO OECD TG 423 Toxicidade aguda oral: indicado para avaliação de riscos de uso de substâncias com doses predefinidas. São utilizados três animais (ratos) do mesmo sexo para cada passo do teste, totalizando de dois a quatro passos. MÉTODO OECD DT 491 Método de teste in vitro de exposição em curto prazo para identificação de I) substâncias químicas que produzem danos graves ao olho; e II) produtos químicos que não requerem classificação para irritação ocular ou dano sério ao olho. Avalia o potencial de risco ocular de uma substância química, com base na sua capacidade de induzir toxicidade celular no Teste de Exposição Curta (ensaio in vitro em uma monocamada de células de córnea de coelho). MÉTODO OECD DT 487 Teste de micronúcleos em células de mamíferos in vitro. Método para investigação do potencial de dano aos cromossomos in vitro, durante ou após a exposição à substância química testada. Você sabia que algumas indústrias de cosméticos e produtos de higiene anunciam no rótulo de seus produtos que não realizam testes em animais? Como essa informação não é de cunho obrigatório, você também pode ligar para o SAC da empresa para obtê-la. Fonte: Shutterstock.com BEM-ESTARANIMAL O conceito de bem-estar animal está relacionado ao equilíbrio entre os meios interno (temperatura, conteúdo hídrico etc.) e externo (temperatura, ruídos, convívio social etc.) capazes de gerar homeostase. A Lei 11.974/2008 normatizou a discussão sobre bem-estar animal, obrigando as instituições que utilizam animais a promover o seu equilíbrio físico e mental com o ambiente. O enriquecimento ambiental é uma das formas de se promover o bem-estar. Fonte: Shutterstock.com CONCEITO DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL (EA) Enriquecimento ambiental é o conjunto de procedimentos que proporcionam melhor qualidade de vida aos animais criados fora de seu habitat natural, mimetizando seu ambiente e modo de vida na natureza, permitindo aos animais expressarem seu comportamento natural e atingirem níveis maiores de bem-estar. Fonte: Shutterstock.com Rolo de papelão utilizado como enriquecimento ambiental para camundongos e ratos. PREVISÃO LEGAL PARA USO DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL A Diretriz Brasileira para o Cuidado e a Utilização de Animais em Atividades de Ensino ou de Pesquisa Científica (DBCA), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, preconiza o uso do enriquecimento ambiental, o qual deve ser adequado às necessidades de cada espécie. Vamos, então, verificar de que forma podemos promover o bem-estar animal utilizando o enriquecimento ambiental para cada espécie anteriormente estudada. CAMUNDONGOS Blocos de madeira para desgaste dos dentes, canos de PVC ou papelão para servirem de abrigo e esconderijo, trapézio em metal para ficarem suspensos, folhas de papel-toalha, feno e algodão para construção de ninhos, semente de girassol e feno para alimentação. Fonte: EnsineMe. Papel-toalha e rolo de papelão para enriquecimento ambiental em gaiola de camundongos. Fonte: EnsineMe. Máscara cirúrgica utilizada como “rede” para abrigo de camundongos. Fêmeas prenhes costumam fazer ninho dentro da máscara. RATOS Caixas rígidas para servir de plataforma, canos de PVC para esconderijo, folhas de papel-toalha ou tiras de papel kraft para confecção de ninho. COBAIAS Iglus de papelão e plástico, abrigos feitos com palha, para variação na alimentação, papel-toalha para construção de ninhos, fornecimento de feno e hortaliças. Fonte: EnsineMe. Iglu de material plástico. Como o camundongo não enxerga a cor vermelha, é possível observá-lo dentro do iglu, sem que haja alteração de seu comportamento. COELHOS Colocação de caixas 20cm acima do piso da gaiola, bolas de propileno e correntes de metal suspensas com pedaços de madeira penduradas, caixas de papelão, galhos e gravetos para roerem, oferta de capim ou feno no topo da gaiola para que fiquem “de pé”. HAMSTERS Escadas e rodas para exercícios, feno e papel-toalha para construção de ninhos, tubos para se esconderem, blocos para roer, oferta de frutos secos e vegetais frescos. Fonte: Shutterstock.com Roda para exercícios utilizada para enriquecimento ambiental de hamsters. CÃES Jogos, brincadeiras e exercício físico diário em área própria para a prática, inclusão de brinquedos e plataformas nas gaiolas, contato social diário com pessoas e outros cães. Fonte: Shutterstock.com Brinquedos para enriquecimento ambiental em canis. MACACOS-RHESUS Plataformas, corredores, brinquedos e poleiros simulando atividades arborícolas na natureza, caixas- ninho, piso de espuma e borracha para animais senis, bolas plásticas com orifícios para alimentos, materiais espelhados para estímulo visual e sinos de vento para estímulo auditivo, oferta de frutas, legumes e larvas de insetos. Fonte: Shutterstock.com Caixa contendo alimentos utilizada como enriquecimento ambiental para primatas não humanos. Fonte: Shutterstock.com Balanço feito com pneu utilizado em sistemas de criação de primatas não humanos. ATENÇÃO É importante lembrar que o enriquecimento ambiental tem por objetivo tirar o animal da monotonia gerada em consequência da criação fora de seu ambiente natural. Portanto, o enriquecimento deve sofrer um rodízio, ou seja, deve ser estipulada uma frequência de troca dos brinquedos, itens e alimentos ofertados, a fim de garantir a “renovação” do espaço onde o animal vive. ANALGESIA EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO CONCEITO DE ANALGESIA O termo “analgesia” significa ausência de dor. Quando falamos de ausência de dor em animais de laboratório, devemos considerar que cada espécie expressa sinais de dor e/ou sofrimento de forma diferente, o que requer conhecimento técnico sobre o comportamento natural de cada uma. A dor, quando constatada, deve ser imediatamente minimizada com uso dos fármacos recomendados em guias oficiais para cuidados com animais, garantindo o seu bem-estar. Fonte: Shutterstock.com PREVISÃO LEGAL DA ANALGESIA EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO De acordo com a Diretriz Brasileira para o Cuidado e a Utilização de Animais para Fins Científicos e Didáticos, do Concea (2013), projetos de pesquisa devem ser planejados para evitar ao máximo a dor em animais. Se isso não for possível, o projeto deve ser justificado e embasado cientificamente para ser aprovado. Ademais, a dor e o distresse devem ser minimizados. BEM-ESTAR E COMPORTAMENTO NATURAL DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES CRIADAS EM BIOTÉRIO O vídeo a seguir abordará a importância de se ter conhecimento a respeito do comportamento natural das espécies, a fim de identificar mudanças comportamentais indicativas de dor e sofrimento, visando ao bem-estar animal. Para saber mais, assista! AVALIAÇÃO DA DOR As espécies animais criadas em biotérios apresentam diferentes sinais que expressam dor e desconforto. Portanto, pesquisador, técnicos e médico veterinário devem conhecer seus comportamentos naturais e avaliar os animais frequentemente a fim de detectar sinais de sofrimento de forma precoce. Animais com dor podem se apresentar letárgicos, apreensivos, agressivos ou com hipersensibilidade. Parâmetros fisiológicos são alterados quando o animal está com dor. Frequência respiratória, batimentos cardíacos, dosagem de catecolaminas (adrenalina, por exemplo) devem ser analisados. Entretanto, nem todos os biotérios têm o aparato necessário para esse tipo de avaliação. Nesses locais, a observação diária do animal na busca de sinais é a melhor forma de prevenir a dor e o sofrimento. O site do Centro Nacional para Substituição, Refinamento e Redução de Animais em Pesquisas (NC3Rs), situado em Londres, disponibiliza escalas de dor validadas (Grimace scales) para avaliação de camundongos, ratos e coelhos. A seguir, vamos explicar os sinais mais comuns nas espécies estudadas. CAMUNDONGOS Redução na ingestão de água e alimento, eriçamento dos pelos, coluna arqueada, perda de equilíbrio. Há fechamento de pálpebras, aumento na protuberância do focinho e das bochechas, posicionamento das orelhas para trás, deslocamento das vibrissas (ou “bigodes”) para trás, deitadas sobre as bochechas, ou para frente, como se estivessem de pé. RATOS Redução na ingestão de água e alimento, eriçamento dos pelos, coluna arqueada, espasmos musculares, perda do equilíbrio, abdômen próximo ao chão o ao caminhar. As orelhas podem se dobrar para dentro e se inclinar para frente, ampliando o espaço entre as duas. Os bigodes tendem a se inclinar para baixo e para trás. COBAIAS Debilidade e paralisia de membros, perturbações digestivas, inapetência (Falta de apetite.) . COELHOS Estreitamento da área orbital (fechamento das pálpebras), achatamento das bochechas (a face fica menos arredondada), direcionamento da ponta do nariz para baixo, em direção ao queixo, vibrissas enrijecidas e “em pé” inicialmente, movendo-se para baixo na presença de sofrimento aumentado, orelhas mais dobradas e voltadas para trás ou para baixo (lateral do corpo). HAMSTERS Agressividade ou letargia (Prostração, abatimento.) , anorexia (Redução do apetite.) , sensibilidade aumentada e recusa em ser manipulado. CÃES Agressividade ou letargia, perdade peso, apatia, isolamento. MACACO-RHESUS Inatividade, isolamento, automutilação (Comportamento agressivo direcionado ao próprio corpo.) , coprofagia, agressividade, inapetência, perda de peso e desidratação. AGENTES ANALGÉSICOS ADMINISTRADOS EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO A utilização de analgésicos deve ser avaliada quando o projeto de pesquisa inclui procedimento cirúrgico e, quando não for indicada, deve ser amplamente justificada. Quando ocorrer procedimento cirúrgico invasivo (como cesariana, transplante de órgãos, procedimento ortopédico etc.), a analgesia/anestesia deve sempre compor o protocolo de pesquisa, e o analgésico deve ser administrado logo após o procedimento para aliviar a dor de forma imediata, e também a médio prazo, até a recuperação do animal. O agente analgésico deve ser administrado de acordo com a espécie, na dosagem e via de administração recomendadas. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são recomendados para dor leve a moderada, e agentes opioides são indicados em casos de dor moderada a severa. ATENÇÃO É importante lembrar que um animal em situação de dor e estresse apresenta seus parâmetros fisiológicos alterados, podendo influenciar os resultados do experimento. Logo, aliviar a dor significa não somente usar o animal dentro de princípios éticos, mas também dentro de uma racionalidade experimental. A tabela a seguir indica alguns dos agentes analgésicos utilizados, de acordo com a espécie animal, o grupo farmacológico, a dosagem, a via de administração e a frequência de administração. Grupo / Espécie AINES Opioides Camundongo Aspirina 120 mg/kg VO – 4h Carprofeno 5 mg/kg SC – 12h Paracetamol 1-2 mg/ml na água Morfina 2-5 mg/kg SC – 2-4h Buprenorfina 0,05-2,5 mg/kg SC/IP – 6-12h Rato Aspirina 100mg/kg VO – 4-8h Flunixim meglumine 1,1-2,5mg/kg SC/IM – 12h Cetoprofeno 5 mg/kg VO/IM – 24h Morfina 2-5 mg/kg SC – 2-4h Buprenorfina 0,02-0,5 mg/kg SC/IV/IP – 6-12h Cobaia Cetoprofeno 1 mg/kg SC/IM – 12- 24h Carprofeno 4 mg/kg SC – 24h Butorfanol 0,2-2 mg/kg SC/IM/IP – 2-4h Buprenorfina 0,05-0,1 mg/kg SC – 6-12h Coelho Dipirona 6-12 mg/kg VO – 9-12h Meloxicam 0,2 mg/kg SC – 24h Morfina 2,5 mg/kg IM/SC – 2-4h Meperidina 10-20 mg/kg IM/SC 2- 3h Hamster Aspirina 100 mg/kg VO – 4-8h Cetoprofeno 5 mg/kg SC – 12-24h Butorfanol 1,5 mg/kg SC – 4h Morfina 2-5 mg/mg SC/IM – 2-4h Cão Meloxicam 0,2 mg/kg IV/ Buprenorfina 0,02 mg/kg IM, IV, SC/IM/VO – 24h Carprofeno 2,2 a 4,4 mg/kg IV/ SC/IM/VO 24h SC – 6h Morfina 0,5 mg/kg IV/IM – 2h Macaco- rhesus Meloxicam 0,2 mg/kg VO – 24h Buprenorfina 0,01- 0,03 mg/kg IM – 6-12h Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal VO – via oral; SC – via subcutânea; IP – via intraperitoneal; IM – via intramuscular; IV – via intravenosa. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. MÉTODOS ALTERNATIVOS SÃO IMPORTANTES FERRAMENTAS PARA O USO RACIONAL DE ANIMAIS DE LABORATÓRIO. MARQUE A OPÇÃO CORRETA SOBRE ESSE TEMA: A) Podem ser utilizados de forma opcional, quando validados e recomendados. B) Substituem totalmente o uso de animais em experimentação. C) A Renama é o órgão responsável pela fiscalização de biotérios que não utilizam métodos alternativos validados e recomendados. D) Cultivo celular in vivo é uma das técnicas utilizadas como método alternativo. E) Sua aplicação é baseada nos princípios dos 3 Rs: redução, refinamento e substituição. 2. A AVALIAÇÃO DA DOR EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO, COM POSTERIOR UTILIZAÇÃO DE MEDIDAS PARA REDUÇÃO DO SOFRIMENTO, É UMA DAS FORMAS DE PROMOÇÃO DE BEM-ESTAR. MARQUE A OPÇÃO QUE INDICA UM SINAL DE DOR VISUALIZADO NA ESPÉCIE EM QUESTÃO: A) Coelhos apresentam debilidade e paralisia de membros. B) Cães apresentam coprofagia e automutilação. C) Camundongos apresentam as orelhas dobradas e voltadas para baixo ou para a lateral do corpo. D) Hamsters apresentam sensibilidade aumentada e recusa em serem manipulados. E) Camundongos apresentam achatamento das bochechas. GABARITO 1. Métodos alternativos são importantes ferramentas para o uso racional de animais de laboratório. Marque a opção correta sobre esse tema: A alternativa "E " está correta. Os princípios dos 3 Rs, descritos por Russel e Burch na década 1950, foram norteadores para o surgimento de métodos alternativos, já que possibilitam a redução ou a substituição de animais de laboratório em experimentos. 2. A avaliação da dor em animais de laboratório, com posterior utilização de medidas para redução do sofrimento, é uma das formas de promoção de bem-estar. Marque a opção que indica um sinal de dor visualizado na espécie em questão: A alternativa "D " está correta. Hamsters são normalmente bastante agressivos, e essa reação pode ficar exacerbada em situações de estresse. MÓDULO 4 Identificar os manejos sanitário, reprodutivo e nutricional e os métodos de eutanásia MANEJO SANITÁRIO EM BIOTÉRIOS Para entender o funcionamento de um biotério, vamos conhecer os procedimentos de manejos sanitário, reprodutivo e nutricional dos animais de laboratório, bem como as técnicas de eutanásia recomendadas. Um manejo sanitário adequado é realizado por meio de procedimentos padronizados com objetivo de garantir a qualidade sanitária do animal utilizado para experimentação. Para isso, devem ser realizados exames sorológicos (para pesquisa de vírus), bacteriológicos, parasitológicos e anatomopatológicos, de forma periódica, conforme recomendações de órgãos internacionais, como a Federação das Associações Europeias de Ciência de Animais de Laboratório (Felasa). De acordo com a Felasa (2014), o biotério deve ter um programa trimestral de avaliação sanitária para colônias de pequenos roedores e semestral para colônia de coelhos. Uma amostragem de animais é retirada da colônia para análise, e os resultados obtidos são representativos do plantel. SAIBA MAIS Existem diferentes formas de se calcular a amostragem de animais para controle sanitário, de acordo com o critério adotado em cada biotério. Essa amostragem pode representar, por exemplo, uma unidade de rack ventilada contendo vários isoladores, uma sala de criação ou, ainda, uma espécie, raça ou linhagem. O importante é que a amostragem seja dimensionada de forma a representar sanitariamente o quantitativo total de animais da colônia. Animais imunodeprimidos não devem ser incluídos na amostragem, pois, apesar de serem mais suscetíveis a infecções, não apresentam produção de anticorpos eficiente que possa ser detectada em testes. Nesse caso, ou ainda se houver número insuficiente de animais no biotério, devem ser utilizados animais-sentinelas, de linhagens imunocompetentes, os quais devem entrar em contato com a maravalha suja contendo fezes e urina dos animais que se deseja avaliar, por um período de 10 a 12 semanas, até que sejam enviados para testes de controle sanitário. Os microrganismos pesquisados nas amostras de sangue e tecidos dos animais selecionados para controle sanitário irão depender do local onde o biotério está instalado (alguns vírus e agentes patogênicos são endêmicos em determinadas áreas, e é muito provável que o teste apresente resultado positivo para esses agentes) e também do tipo de barreira sanitária utilizada ou da suspeita de contaminação na colônia. Fonte: Shutterstock.com A Felasa apresenta listas de microrganismos patogênicos e oportunistas para avaliação em controle sanitário. Lembrando que as listas servem apenas como recomendação, devendo o responsável técnico pelo biotério planejar os testes para os agentes mais convenientes. Com o resultado das análises em mãos, elabora-se um plano de ação a fim de eliminar ou reduzir a contaminação da colônia, dependendo da virulência do agente e da existência de tratamento eficaz. Alguns vírus, como o Mycoplasma pulmonis, ou vírus Sendai, que afetam o trato respiratório de roedores e coelhos, são altamente contagiosos e não têm protocolo de tratamento eficiente. A derivação cesarianadiminui os níveis da infecção, mas o agente permanece na colônia. Nesse caso, somente a seleção de animais livres desses vírus, com monitoramento contínuo, é capaz de garantir que a colônia esteja livre do agente. Outros vírus, como o da hepatite murina, têm o camundongo como seu hospedeiro natural, sendo a fêmea mais suscetível que o macho. Como, aparentemente, não é transmitido pela placenta, a derivação cesariana e a seleção de animais negativos é o método eleito para eliminação do agente na colônia. Protozoários como Giardia muris e Tritrichomonas muris e o nematódeo Syphacia obvelata, quando encontrados nos ensaios de controle sanitário, podem ser eliminados da colônia com antiparasitários administrados na água oferecida aos animais no bebedouro, conforme protocolo terapêutico. Nos coelhos, a bactéria Pasteurela multocida causa conjuntivite e rinite, podendo evoluir para broncopneumonia. Vacinas preventivas podem ser utilizadas, mas somente a eutanásia dos animais, a desinfecção geral das instalações e o repovoamento com novos indivíduos com teste negativo para o agente são capazes de prevenir a pasteurelose na criação. javascript:void(0) VIRULÊNCIA Virulência é a capacidade de um agente se multiplicar no organismo hospedeiro e provocar doença. A mixomatose, doença causada por um vírus do grupo da varíola, apresenta mortalidade de 100% para coelhos e é transmitida por um vetor artrópode (pulga, piolho, ácaro, mosca ou mosquito). Causa tumorações em diferentes partes do corpo do animal e não apresenta tratamento disponível. A eutanásia dos animais e o controle de vetores são os procedimentos adequados para a eliminação do vírus. Fonte: Shutterstock.com Coelho com mixomatose, apresentando nódulos nas orelhas. Em cães, que são geralmente criados em ambientes desprovidos de barreiras sanitárias, assim como os macacos, a vermifugação e a vacinação periódicas contra raiva, parvovirose, cinomose, leptospirose, dentre outras doenças, com posterior avaliação da resposta imunológica, são as melhores formas de controlar sanitariamente uma colônia. Fonte: Shutterstock.com A vacinação periódica é a forma mais eficaz de evitar doenças em canis destinados à experimentação animal. Em macacos, as doenças virais são as mais preocupantes, principalmente as zoonoses, que trazem risco de contaminação para os tratadores desses animais. A infecção pelo vírus da Herpes B (Herpesvirus simiae), por exemplo, pode passar despercebida por ser benigna em macacos. Estes apresentam, algumas vezes, pequenas feridas na boca, similares às causadas pela herpes humana. Entretanto, no homem, o vírus da herpes B é altamente letal, produzindo sintomatologia neurológica. Sua transmissão se dá pela mordida ou arranhadura dos animais. A tuberculose é a doença bacteriana mais importante nos macacos devido à sua alta transmissibilidade. Para prevenção, o teste de tuberculina deve ser realizado periodicamente. Os animais positivos devem ser retirados do plantel, e suas carcaças devem ser incineradas. A equipe técnica também deve ser regularmente avaliada, por se tratar de zoonose. Fonte: Shutterstock.com Imagem tridimensional do Mycobacterium tuberculosis, um dos agentes causadores da tuberculose em macacos. Como pudemos ver, algumas doenças podem acometer o homem, levando-o à morte ou incapacitando-o para o trabalho de forma temporária. Portanto, é necessário atentar para as normas de biossegurança no manejo da colônia. MANEJO REPRODUTIVO EM BIOTÉRIOS O acasalamento de animais de forma programada, com a técnica adequada e na idade correta, associado a outras técnicas de manejo no biotério garantem os altos índices reprodutivos da colônia e o fornecimento organizado de animais para as pesquisas necessárias. A primeira colônia a ser formada dentro de um biotério de pequenos roedores é a colônia de fundação ou de matrizes, na qual os acasalamentos são monogâmicos, possibilitando o rastreamento de ancestrais e a seleção dos descendentes. A partir daí, formam-se as colônias de expansão e produção, em maior número e com acasalamentos monogâmicos ou poligâmicos. SISTEMAS DE ACASALAMENTO Animais de laboratório podem ser classificados geneticamente como não consanguíneos ou heterogênicos, ou como consanguíneos ou isogênicos. Para a manutenção do status genético da colônia, é necessário que o sistema de acasalamento seja definido e preservado. ACASALAMENTO AO ACASO Sistema utilizado para acasalamento de animais heterogênicos, no qual um macho qualquer é acasalado com uma fêmea qualquer da colônia. Quanto maior o número de casais se reproduzindo nesse sistema, maior será o índice de heterozigose. Em uma colônia que tenha de 10 a 25 casais, cada macho acasalado irá contribuir com um macho, e cada fêmea acasalada irá contribuir com uma fêmea para a próxima geração, a fim de manter o grau de homozigose baixo, em torno de 1%. Para que o sistema funcione, os animais devem ser acasalados ao mesmo tempo, sem sobreposição de gerações. Para colônias com número de casais entre 25 e 100, o sistema rotacional é o mais indicado, evitando- se o acasalamento entre parentes próximos. Os acasalamentos são arranjados de forma sistemática, e a colônia é dividida em subgrupos. Como exemplos de sistemas rotacionais, temos: MÉTODO POILEY MÉTODO FALCONER MÉTODO POILEY Uma fêmea proveniente de um casal irá acasalar com um macho proveniente de outro casal, formando um novo grupo. Esses grupos são embaralhados para formar novos acasalamentos. O número de grupos deve permanecer constante ao longo das gerações. Fêmea Macho Grupo a ser formado 1 2 3 2 3 1 3 1 2 MÉTODO FALCONER Em vez de rotacionarmos os dois sexos, formando novos grupos, um dos sexos é fixado e o outro rotaciona. Fêmea Macho Grupo a ser formado 1 2 1 2 3 2 3 1 3 Para colônias com grande número de casais, acima de 100, é possível também realizar o método ao acaso, no qual os animais são escolhidos aleatoriamente para acasalamento. Alguns parentes podem acabar sendo acasalados, mas, como o número de casais é elevado, o índice de homozigose não aumenta de forma rápida. ACASALAMENTO CONSANGUÍNEO A fim de manter a consanguinidade da colônia, o acasalamento entre irmãos é o mais indicado. Este se inicia com um único casal, e seus descendentes são acasalados entre si (irmãos), em todas as ninhadas. A colônia cresce até atingir 20 casais e, a partir deste ponto, novos casais somente serão formados se houver morte de animal, ou em função de descarte pela idade. Então, após a terceira geração consecutiva, escolhe-se um novo casal para rederivar a colônia no intuito de preservar o ancestral comum. Esse tipo de acasalamento deve ter um pequeno número de casais na colônia de fundação, a fim de evitar que possíveis mutações oriundas da consanguinidade sejam fixadas na linhagem. PARTICULARIDADES DO MANEJO REPRODUTIVO NAS DIFERENTES ESPÉCIES Vimos anteriormente como são realizados os sistemas de acasalamento em colônias heterogênicas e/ou isogênicas. Veremos, agora, algumas particularidades de cada espécie, que devem ser consideradas para o sucesso do manejo reprodutivo. CAMUNDONGOS E RATOS As fêmeas são poliéstricas (com vários ciclos por ano), e ambas as espécies apresentam ciclo estral com duração de 4 a 5 dias, dividido em proestro, estro, metaestro e diestro, e a ovulação ocorre entre 8 e 11 horas após o estro. Os acasalamentos podem ser monogâmicos ou poligâmicos, e a cópula acontece de madrugada. Por volta de seis horas depois, é possível identificar o tampão (ou plug) vaginal, que é o depósito de sêmen do macho na vagina da fêmea. Após o período gestacional, de 19 a 21 dias, as fêmeas apresentam um cio pós-parto fértil, o qual pode ser aproveitado para acasalamento e nova gestação. Uma fêmea apresenta bom índice reprodutivo até o sexto parto, aproximadamente, quando esse índice começa a diminuir, devendo ser considerada a substituição. Em camundongos, o ciclo estral pode ser afetadopelas condições de alojamento das fêmeas. Fêmeas agrupadas sem a presença do macho não apresentam ciclo estral, fase essa denominada de anestro. Quando expostas à presença do macho, devido ao contato com feromônios, voltam a ciclar após 48 horas. Esse fenômeno é denominado de efeito Whitten. Caso uma fêmea gestante seja exposta a outro macho ou aos seus feromônios dentro de 24 horas após o início da gestação, pode ocorrer reabsorção de embriões. Esse fenômeno é conhecido como efeito Bruce. COBAIAS As fêmeas são poliéstricas, e seu ciclo estral dura entre 12 e 18 dias, com ovulação ocorrendo em torno de 10 horas após cio ou estímulo sexual. Em sistemas poligâmicos, um macho pode cobrir entre 5 e 12 fêmeas. O tampão vaginal nesta espécie é visível de 24 a 48 horas após a cópula. O cio pós- parto também pode ser aproveitado, e ocorre cerca de duas horas após o parto. É recomendado que o primeiro parto ocorra até os seis meses, pois, após essa idade, pode ocorrer calcificação das articulações da pelve, gerando estreitamento do canal do nascimento, o que resulta em partos distócicos (bloqueio da saída do feto pelo canal do parto). COELHOS As fêmeas não apresentam ciclo regular e devem ser cobertas dentro dos 12 dias de seu ciclo estral, que dura até 16 dias. Para isso, o aspecto de sua vulva deve ser observado, a qual se apresenta aberta e de coloração avermelhada no período fértil. A ovulação é induzida pela cobertura do macho, ocorrendo em torno de 10 horas após esta. Um macho pode cobrir até 12 fêmeas da colônia. A fêmea deve ser levada à gaiola do macho, e a cópula ocorre alguns minutos depois. A presença do líquido seminal atesta que a cópula ocorreu, e a fêmea deve, então, ser retirada da gaiola do macho. Novo acasalamento pode ser realizado geralmente após 30 dias decorridos do parto. HAMSTERS As fêmeas são poliéstricas, e seu ciclo estral dura quatro dias. O estro tem duração de 12 horas, e a ovulação ocorre oito horas após o início do estro. O acasalamento pode ser monogâmico, mas geralmente a fêmea é levada à gaiola do macho para cobertura e retirada em seguida, devido à agressividade natural da espécie. Um único macho pode cobrir entre 2 e 12 fêmeas de uma colônia. CÃES Fêmeas são monoéstricas ou diéstricas, e o ciclo é composto pelas fases de proestro, estro, metaestro e anestro, sendo que este último tem duração variável, de alguns meses. O ciclo reprodutivo dura cerca de seis meses, com um parto ao ano. O ciclo estral é de nove dias, quando as fêmeas podem ser cobertas pelo macho. Normalmente, o primeiro e o segundo cios não são aproveitados, pelo fato de a cadela não ter, ainda, maturidade sexual. Para garantir a gestação, é necessário que ocorra mais de uma cobertura, e essa pode ser feita colocando-se a fêmea em contato com o macho a cada dois dias, por até três vezes consecutivas. MACACOS-RHESUS Nos primatas, o período de acasalamento é sazonal e dependente de fatores externos, tais como temperatura, umidade, iluminação e disponibilidade de alimentos. O gênero Macaca mulatta acasala geralmente no outono e no inverno, períodos mais frios do ano, quando os ciclos menstruais nas fêmeas e a espermatogênese nos machos são mais frequentes. O ciclo reprodutivo nas fêmeas dura entre 26 e 30 dias, com menstruação de cerca de 4 a 5 dias. As fêmeas desse gênero podem apresentar o fenômeno denominado sex skin, caracterizada por uma vermelhidão da pele, passando pelo púbis e pela cauda, pela parte interna da coxa e pelo caudal do dorso, devido ao aumento dos níveis dos hormônios sexuais. O sistema de acasalamento pode ser no formato de harém, com um macho para um número de 3 a 12 fêmeas, ou com múltiplos machos, de acordo com o espaço destinado à espécie. No sistema de criação individual, as fêmeas são alojadas em pequenos grupos e levadas até o macho para acasalamento. Nesse sistema, os dados reprodutivos podem ser registrados de forma eficiente, o que não é possível nos sistemas de harém. Espécie Idade para reprodução 1a ovulação Duração do ciclo estral em fêmeas Duração da gestação Camundongo 6 a 8 semanas 35 dias 4 a 5 dias 19 a 21 dias Rato 8 a 10 38 a 71 4 a 5 dias 20 a 22 dias semanas dias Cobaia 3 meses 139 dias 12 a 18 dias 59 a 72 dias Coelho 6 a 9 meses 139 dias 16 dias 30 a 32 dias Hamster 6 a 8 semanas 28 a 30 dias 4 dias 15 a 18 dias Cão 6 a 14 meses 6 meses 9 dias 58 a 64 dias Macaco- rhesus 3 anos 30 meses 26 a 30 dias (ciclo menstrual) 165 a 175 dias Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal MANEJO NUTRICIONAL EM BIOTÉRIOS O manejo nutricional adequado assegura que cada espécie será atendida em sua necessidade básica quanto à ingestão diária de nutrientes e que a resposta dos experimentos desenvolvidos com a espécie não será influenciada por dieta inadequada ou desnutrição. A qualidade e quantidade da dieta fornecida são importantes, e o alimento ofertado deve ser livre de contaminantes, pesticidas e outras substâncias químicas. As rações peletizadas próprias para cada espécie são as mais utilizadas em biotérios, e sua qualidade nutricional e sanitária deve ser atestada por meio de análises físico-químicas e microbiológicas. A ração deve ser estocada em ambiente com controle de temperatura, umidade e vetores, a fim de se garantir sua qualidade. Fonte: Shutterstock.com Pellets de ração para roedores. Para os pequenos roedores, a ração deve ser oferecida ad libitum (à vontade), em tempo integral, devendo ser trocada entre uma e duas vezes na semana, devido à perda de vitaminas e à queda na palatabilidade. Para coelhos, a oferta de alimento deve ser feita uma vez ao dia, para evitar o aumento excessivo de peso, o que prejudica a reprodução. Já para cães e macacos, a ração deve ser oferecida pelo menos duas vezes ao dia. A oferta de água limpa ou estéril (dependendo do sistema de criação) deve ser feita em tempo integral. ALGUMAS ESPÉCIES APRESENTAM PARTICULARIDADES QUANTO À NECESSIDADE NUTRICIONAL, COMO VEREMOS A SEGUIR. Fonte: Shutterstock.com COBAIAS Têm incapacidade de sintetizar vitamina C, que deve ser suplementada na ração, na quantidade de 10-30mg/kg, ou na água do bebedouro, na quantidade de 300mg/litro. No último caso, a água deve ser trocada diariamente. Podem também ser ofertados legumes e verduras ricos em vitamina C. Fonte: Shutterstock.com CÃES A ração deve ser oferecida de acordo com a idade, a fase de desenvolvimento e o nível de atividade. Devem ser alimentados individualmente ou em grupo de dois. A alimentação pode ser estimulada pelo fornecimento de brinquedos alimentícios e produtos próprios para cães. Fonte: Shutterstock.com MACACO-RHESUS A ração ofertada deve ter alta palatabilidade. As necessidades dessa espécie variam de acordo com a idade e a fase reprodutiva. Além da ração, devem ser ofertados, de forma esporádica, frutas variadas, cereais, grãos, sementes, legumes e verduras previamente higienizados, além de alimentos vivos (larvas de insetos). A ração, por conter maior teor de energia, proteína e gorduras, deve ser oferecida pela manhã. Os macacos também não sintetizam o ácido ascórbico, por isso a ração deve ser suplementada com vitamina C. MANEJO ROTINEIRO DE COLÔNIAS DE ROEDORES EM BIOTÉRIOS DE CRIAÇÃO Assista ao vídeo seguir para compreender assuntos como: o manejo rotineiro de colônias, abordando temperatura ambiental, umidade, desmame e sexagem; manejo de neonatos; marcação de animais; descarte de carcaças, entre outros. EUTANÁSIA O termo “eutanásia” significa morte sem dor ou sofrimento. É prevista legalmente e praticada nos biotérios quando existem animais doentes sem possibilidade de cura, quando atingem a idade-limite para reprodução, quando se apresentam fora do padrão genético ou sanitário, quando há excesso de estoque ou ao fim de um experimento. A eutanásia pode também ser indicada como ponto-final humanitário de um experimento, a fim de evitar dor, desconforto
Compartilhar