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Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE Linfoma de Hodgkin (LH) Objetivo 1:Elucidar o linfoma Hodgkin (LH) Introdução: • Linfomas são neoplasias malignas que se originam nos linfonodos (gânglios). • Os linfomas são subdivididos em linfomas Hodgkin (LH) e linfoma não Hodgkin LNH), com base na presença ou não histológica das células de Reed-Sternberg (RS). • A doença de Hodgkin é uma neoplasia maligna linfoide clonal, restrita principalmente aos linfonodos e aos órgãos linfoides. • O linfoma de Hodgkin é uma neoplasia do tecido linfoide caracterizada histopatologicamente pela presença das células de Reed-Sternberg, associadas a um ambiente celular inflamatório característico. • As células RS características e as células mononucleares anormais associadas são neoplásicas, ao passo que as células inflamatórias infiltrantes são reacionais. Estudos sugerem que a célula de RS é de linhagem linfoide B. • Obs.: Os linfomas (de maneira geral) são um grupo de neoplasias causadas por linfócitos malignos que se acumulam nos linfonodos e produzem o quadro clínico característico de linfonodopatias. Às vezes, eles podem invadir o sangue (“fase leucêmica”) ou infiltrar órgãos fora do tecido linfoide. • Tipo singular de linfoma; • Estadiamento clinico e um bom indicador prognostico e elemento fundamentais para escolha do tratamento. • A radiologia e quimioterapia tiveram seus princípios estabelecidos nessa doença; • Maior exemplo de neoplasia curável quando abordada corretamente. Aspectos epidemiológicos e etiológicos: • 2010: ~8500 novos casos nos EUA e 1.300 mortes. o Estabilidade na taxa de incidência no período de 1975 e 2006 o linfoma não Hodgkin aumentou no mesmo período. • Idade-incidência: o Países desenvolvidos – padrão bimodal: ▪ Baixa incidência na infância; ▪ Rápida elevação com primeiro pico aos 20 anos; • Formado em sua maioria por casos de esclerose nodular. ▪ Platô de baixa incidência ao longo da meia idade; ▪ Aumento progressivo da incidência > 55 anos. o Países pobres, com economias agrícolas: incidência um pouco maior na primeira infância, não há o pico em jovens, e ocorre um aumento contínuo a partir dos 40 anos. ▪ Tipo histológico predominante: celularidade mista. ▪ Acredita-se que a mudança de uma economia agrícola para industrial é acompanhada pela mudança do perfil epidemiológico do LH. • ETIOLOGIA: o Virus Epstein-Barr (EBV); ▪ Nos EUA e europa ocidental: as células do LH contem EBV em ~20 a 50% dos casos. ▪ No brasil: ~50% nos adultos e ~80% nas crianças; ▪ Positividade maior nos casos de celularidade mista; ▪ Nos casos positivos: • EBV monoclonal – célula infectada antes da transformação neoplásica. • Infecção latente, com expressão das proteínas EBNA-1, EBNA-2 e LMP-1 (atividade transformadora sobre as células B). ▪ Papel na patogenia do LH: antecedente de mononucleose infecciosa confirmado através de sorologia, confere um risco 3 vezes maior de linfoma de Hodgkin, e esse linfoma ocorre nos mesmos grupos socioeconômicos que apresentam um risco elevado de mononucleose. Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE o Componente genético: ocorrência de agregação familiar e uma incidência mais elevada (2 a 3x) em judeus. ▪ Incidência de irmãos gêmeos monozigóticos>gêmeos dizigóticos; o Causa do LH é desconhecida e não há fatores de risco bem definidos, apesar de certos fatores etiológicos serem observados: ▪ Vírus Epstein-Barr: risco aumentado de LH em pacientes que tiveram história de mononucleose, mas ainda não há evidências que possam associar definitivamente o vírus Epstein Barr como sendo um agente etiológico do LH. ▪ HIV: observa-se aumento da incidência do LH em pacientes infectados pelo vírus HIV. ▪ Predisposição genética: estudos entre gêmeos idênticos sugerem possível etiologia genética, baseada em resposta antigênica anormal a agentes infecciosos e/ou ambientais durante a infância. O gêmeo idêntico de uma pessoa acometida tem um risco 99 vezes maior de desenvolver a doença. o Agricultores e pessoas que trabalham com madeira e com carne apresentam um risco ligeiramente aumentado. o Indivíduos com história de doença autoimune têm um risco aumentado para o linfoma de Hodgkin. o São reconhecidas duas formas principais de doença de Hodgkin: a doença de Hodgkin clássica, que responde por 95% dos casos, e a doença de Hodgkin nodular com predomínio linfocítico, que representa os 5% restantes. o A doença de Hodgkin clássica é dividida em quatro subtipos histológicos: esclerose nodular (70% dos casos), celularidade mista (20% dos casos), predomínio linfocitário (3 a 5% dos casos) e depleção linfocitária (< 2% dos casos). Patologia: • O LH clássico é um grupo de tumores caracterizados pela presença de uma minoria de células neoplásicas (RS e suas variantes), em um microambiente inflamatório. • Estudo do rearranjo de gene das imunoglobulinas sugere que as células de RS são de origem da linhagem linfoide B e compreendem cerca de 2% da massa tumoral. As outras células infiltrantes são células inflamatórias, que compõem a grande massa do tumor e são reacionais. • O linfoma de Hodgkin tem uma peculiaridade que o distingue das outras neoplasias: as células tumorais, conhecidas como células de ReedSternberg (RS), constituem uma minoria dentre a população tumoral, que é composta majoritariamente por células inflamatórias normais. O diagnóstico histopatológico requer a identificação da célula RS em um microambiente celular formado por linfócitos, eosinófilos e histiócitos. A célula RS é uma grande célula binucleada com nucléolos eosinofílicos conspícuos, o que lhe confere um aspecto de “olhos de coruja”. É comum a presença, junto destas células, de variantes monucleares conhecidas como “células de Hodgkin”. • A natureza da célula RS permaneceu um mistério até recentemente, quando uma série de estudos confirmou tratar-se de uma célula B originada do centro germinativo do gânglio linfático. Por este motivo, a maioria dos patologistas passou a denominar a doença como “linfoma de Hodgkin”. Níveis aumentados de fator nuclear kB (NFkB, nuclear factor kB) foram identificados nas células RS, e podem desempenhar um papel na patogênese da doença ao interferir na apoptose fisiológica das células B no centro germinativo • O linfoma de Hodgkin resulta da transformação clonal das células de origem da célula B, dando origem às células de Reed-Sternberg binucleadas patognomônicas. • A causa é desconhecida, mas a suscetibilidade genética e as associações ambientais [p. ex., ocupação, como o trabalho em madeira; história de tratamento com fenitoína, rádio ou quimioterapia; infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV)] , Mycobacterium tuberculosis, herpes-vírus 6, HIV) desempenham um papel. O risco é ligeiramente maior em pessoas com o Certos tipos de imunossupressão (p. ex., pacientes pós-transplante em uso de imunossupressores) o Doenças por imunodeficiência congênita (p. ex., ataxia-telangiectasia, síndrome de Klinefelter, síndrome de Chédiak-Higashi, síndrome de Wiskott-Aldrich) o Certas doenças autoimunes (artrite reumatoide, doença celíaca, síndrome de Sjögren, lúpus eritematoso sistêmico) • A maioria dos pacientes também desenvolve um defeito progressivo lento na imunidade mediada por célula (função da célula T) que, na doença avançada, contribui para infecções bacterianas comuns e Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE fúngicas, virais e protozoárias incomuns. A imunidade humoral (produção de anticorpo) diminui na doença avançada. Morte pode resultar de infecção ou doença progressiva. • Na fisiopatologia do LH há dois aspectos importantes, a saber: um escape da apoptose e uma diminuição da imunidade celular.• Um dos mecanismos actualmente aceites para o escape da apoptose, é a activação do NFκB, um factor de transcrição nuclear que aumenta a expressão do oncogene bcl-2. • Esse seria o primeiro elemento de uma via comum a vários estímulos. De facto, várias são as formas descritas de activação da via do NFκB no LH. A mais importante seria através do VEB. Vários dos seus antigénios têm potencial oncogénico, nomeadamente o LMP-1 por mimetizar a via do CD40, um receptor de membrana que desencadeia uma cascata de reacções que terminam na activação do NFκB. No entanto, apenas 40% dos doentes com LH clássico estão associados ao VEB. Conhecem-se outros mecanismos de activação do NFκB, nomeadamente a presença de mutações no seu inibidor, o IκB (que são raras), e a activação por citocinas, como ocorre com a estimulação autócrina através da Interleucina 13. • Mais recentemente, tem sido estudado o papel do c-FLIP, uma proteína anti-apoptótica, cuja expressão foi demonstrada na maioria dos doentes com LH clássico Quadro clínico: • Tumoração cervical indolor, com consistência de borracha, causada pelo aumento de um gânglio ou de um grupo de gânglios linfáticos. o Observada recentemente ou estar presente há vários meses; tamanho pode flutuar de forma traiçoeira. o Local: ▪ ¾ - região cervical; ▪ ¼: axilar ou inguinal o Ocasionalmente, é levemente doloroso à palpação, ou se torna dolorido com a ingestão de álcool (bem sugestivo de LH); • A maioria dos pacientes que possuem linfoadenomegalia periférica, possuem massa mediastinal observada em radiografia de tórax devido sintomas respiratórios; ou raramente um prurido intenso e disseminado; • Envolvimento de gânglios abdominais ou retroperitoneais em pacientes que apresenta febre sem linfoadenomegalia periférica; • 1/3 dos pacientes - sintomas sistêmicos no diagnostico: emagrecimento, sudorese noturna e febre(1/4), e prurido (1/8); • Febre: o Manifestação característica do LH; o Se desenvolve na maioria das vezes que os pacientes não são curados; o Inicialmente: baixa, vespertina, que pode passar despercebida ➔ febre alta e debilitante (linfoma não controlado); o Padrão constante ou remitente. o Defervescência da febre, durante a noite – acompanhada de sudorese profunda (encharcar as roupas de cama); o Raramente é vista a “febre de Pel-Ebstein”: períodos de 2 semanas com febre alta, separado de espaços afebris de mesma duração. • Envolvimento mediastinal: o 2/3 dos casos; o Inicio: linfoma de Hodgkin torácico envolve o mediastino anterior e os gânglios paratraqueiais e traqueobrônquicos ➔ evolução: acometimento dos hilos pulmonares e a parede torácica o Sintomas indicativos: tosse seca e dispneia que pioram com a posição supina, dor torácica, rouquidão, pneumonite obstrutiva e síndrome da veia cava superior. Contudo, o envolvimento mediastinal pode ser inteiramente assintomático. • Baço: o 1/3 dos pacientes - estrutura intra-abdominal mais comumente acometida pelo linfoma de Hodgkin. Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE o Avaliação do envolvimento esplênico através do exame físico é pouco confiável - 60 a 65% dos baços aumentados à palpação apresentam de fato envolvimento pela linfoma, e 25 a 30% dos baços de tamanho normal ao exame físico estão acometidos. • Envolvimento da medula óssea: o 3 a 15% dos pacientes. o Sintomas constitucionais. • Disseminação para os ossos: o 5 a 15% dos pacientes, mas não tem a mesma gravidade do envolvimento da medula óssea. o Dor óssea e pelo aspecto radiográfico, que pode ser lítico, blástico ou misto. o Mais acometidos: coluna vertebral, a pelve, arcos costais, fêmur e esterno. • Áreas extralinfáticas raramente envolvidas no linfoma de Hodgkin: pele, o trato gastrintestinal e o sistema nervoso central. o Comumente envolvidas em linfomas não Hodgkin e em pacientes com linfoma de Hodgkin associado à infecção pelo HIV. o Compressão medular é a principal forma de envolvimento do sistema nervoso - rara, mas grave e necessidade de intervenção terapêutica imediata. ▪ Coluna torácica é a mais comumente acometida, e a dor é o primeiro sintoma. ▪ Fraqueza muscular, alterações sensoriais e disfunção esfincteriana são sinais indicativos de compressão medular grave. • Alterações hematológicas: o Anemia de doença crônica, de moderada intensidade, pode ser encontrada em pacientes com doença avançada e sintomas constitucionais. ▪ Anemia grave pode estar relacionada à infiltração extensa da medula óssea, à fibrose medular, ao hiperesplenismo ou, raramente, a uma anemia hemolítica Coombs-positiva. ▪ Elevação da Velocidade de Hemossedimentação (VHS) diversos indicadores de progressão da doença, o número de áreas linfoides envolvidas, a presença de sintomas sistêmicos e a presença de grande massa. • Persistência de VHS elevada após o tratamento - doença residual?. ▪ Pacientes com linfoma em atividade: leucocitose neutrofílica, eosinofilia e trombocitose. • Neutrofilia e linfopenia estão associadas a um pior prognóstico. • Eosinofilia usualmente discreta, mas pode ser acentuada - pacientes com prurido*. • Manifestações raras incluem neutropenia autoimune, síndrome hemofagocítica e púpura trombocitopênica trombótica. Diagnóstico: • É feito por meio da avaliação histopatológica de tecido acometido pela doença, obtido por biópsia. • Para um diagnóstico confiável - o material obtido na biópsia seja adequado e entregue imediatamente a um hematopatologista qualificado. • Sempre que possível, um gânglio linfático inteiro deve ser retirado para avaliação. • O tecido a ser biopsiado deve ser escolhido pelo clínico e pelo cirurgião. o Em geral, o maior gânglio palpável deve ser o escolhido para a biópsia, e sempre que possível deve ser tentada a excisão completa do gânglio. o Deve-se evitar a biópsia de gânglios inguinais se houver outras cadeias periféricas acometidas. o Somente envolvimento de órgãos ou gânglios linfáticos profundos - toracoscopia ou laparoscopia, se possível. Outra opção é a core-needle biopsy guiada por imagem ( pode ser feito com anestesia local e em regime ambulatorial, mas tem como desvantagem principal a obtenção, por vezes, de material pouco representativo). Subtipos histológicos: LINFOMA DE HODGKIN CLÁSSICO • ESCLEROSE NODULAR o Subtipo mais comum, e ocorre tipicamente em jovens, com mais frequência do sexo feminino, que se apresentam com doença localizada supradiafragmática. Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE o Suas principais características são a presença de uma variante da célula RS denominada célula lacunar, e o aparecimento de largas bandas de colágeno que dividem o tecido linfoide em grandes nódulos. • CELULARIDADE MISTA: o É o segundo subtipo mais comum, e aquele que apresenta a mais forte associação com o EBV. As células RS são facilmente identificadas em meio a uma população celular composta por eosinófilos, linfócitos, neutrófilos e histiócitos. • DEPLEÇÃO DE LINFÓCITOS o É um subtipo raro, muitas vezes associado a doença avançada, envolvimento extranodal, curso clínico agressivo e, por vezes, infecção pelo HIV. As células RS são numerosas, e a arquitetura ganglionar mostrasse substituída por fibrose difusa e necrose. • FORMA RICA EM LINFÓCITOS: o As características morfológicas são semelhantes ao subtipo “linfoma de Hodgkin nodular com predomínio linfocítico”, mas aqui as células RS apresentam o fenótipo habitual (CD20, CD30+, CD15+). Não há a tendência a recaídas tardias observada naquele subtipo. LINFOMA DE HODGKIN COM PREDOMÍNIO LINFOCÍTICO NODULAR: • 5% dos casos e predomina em homens • A idade mediana de acometimento fica em torno dos 30 a 40 anos • Mais de 75% dos pacientes se apresentam com doença localizada em gânglios linfáticos e raramente hásintomas B. • Apresentação localizada, muitas vezes controlável apenas com tratamento local, e um padrão de recaídas tardias semelhante ao do linfoma não Hodgkin folicular. • As opções terapêuticas variam desde ressecção cirúrgica até o uso de radioterapia, quimioterapia e anticorpos monoclonais. Para pacientes com doença localizada (IAIIA) sem fatores de mau prognóstico, a recomendação mais adotada é a radioterapia dos campos envolvidos, com doses de até 40 Gy. Estadiamento: • O estadiamento do linfoma de Hodgkin cumpre quatro objetivos: 1. Auxilia na seleção da abordagem terapêutica mais adequada; 2. Tem valor prognóstico; 3. Assegura a identificação de todas as áreas acometidas, que deverão ser reavaliadas ao final do tratamento para a comprovação da remissão completa; 4. Permite a comparação dos resultados entre diferentes instituições e entre diferentes tratamentos. • A história natural do linfoma de Hodgkin sugere que ele surge em uma única área linfoide e dissemina- se de forma ordenada e razoavelmente previsível para as áreas linfoides contíguas e também para estruturas não linfoides contíguas. o Sistema de estadiamento de Ann Arbor foi proposto com base nessas observações em 1971, e recebeu algumas modificações em uma conferência internacional realizada em 1988 na região de Cotswolds, Inglaterra. Os procedimentos recomendados por essa conferência para o estadiamento do linfoma de Hodgkin estão descritos na Tabela 52.4. • Pacientes com estádio IIIA, IIIB, IVA e IVB eram tradicionalmente denominados como “estádios avançados”, mas atualmente há forte tendência a incluir também o estádio IIB nessa categoria. Biópsia de medula óssea no estadiamento do linfoma de Hodgkin • Biópsia de Medula Óssea (BMO): o Procedimento-padrão para avaliar o envolvimento da medula óssea no linfoma de Hodgkin. o Envolvimento multifocal - recomendação por muitos anos foi de biópsia bilateral, que aumenta em aproximadamente 10 a 20% a sensibilidade do exame. No entanto, devido à dor associada ao procedimento, muitos preferem realizar apenas a biópsia unilateral. o Subgrupos de pacientes nos quais a probabilidade de acometimento medular é baixa: ▪ Recomendar que a BMO seja obtida somente quando há febre ou citopenias ao diagnóstico (leucócitos < 4000/μL, hemoglobina < 12 g/dL para mulheres e < 13 g/dL para homens, ou contagem de plaquetas < 125.000/μL o O envolvimento difusamente homogêneo do esqueleto não é considerado evidência de LH, pois a biópsia nesses pacientes é consistentemente negativa. Em contrapartida, o envolvimento multifocal Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE é altamente preditivo de infiltração pela doença. Esses pacientes apresentam sobrevida livre de progressão semelhante à dos pacientes com BMO positiva, e a captação no esqueleto desaparece após o tratamento. !! Diante desses dados, é possível hoje formular duas recomendações sobre a realização de BMO no LH. Em pacientes cujo estadiamento não inclui um PET/TC, a BMO está indicada quando há sintomas B ou citopenia. Se o PET/TC fizer parte dos exames de estadiamento, a BMO pode ser dispensada. Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE Métodos de imagem no estadiamento do linfoma de Hodgkin: • Tornou desnecessária e obsoleta a realização de procedimentos cirúrgicos para estadiamento. • Tomografia Computadorizada (TC) - procedimento radiológico padrão. o Solicitar TC de tórax, abdome e pelve. o A tomografia do pescoço, embora não seja imprescindível, vem sendo solicitada com mais frequência. o Administração intravenosa de contraste permite melhor distinção entre gânglios linfáticos e vasos o TC de abdômen apresenta achados duvidosos no fígado e baço. ▪ Aumento desses órgãos não implica necessariamente envolvimento pelo linfoma ➔ complementar a avaliação com ultrassonografia - descartar a presença de lesões sólidas - ou com ressonância nuclear magnética - caracterizar melhor as anormalidades hepáticas quando há imagens ambíguas na TC. o Limitação da TC é não prover informação funcional - impede a identificação de doença quando não há aumento de volume nas estruturas acometidas. • Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) o supera essa limitação. o Utiliza como traçador moléculas de desoxiglicose marcadas com um isótopo radiativo de meia-vida curta, o fluor-18, que emite pósitrons. As células neoplásicas têm uma alta atividade metabólica, e as moléculas de 18F-fluorodeoxiglicose concentram-se preferencialmente no tecido neoplásico. o Foram desenvolvidos, na última década, sistemas integrados PET/TC, que permitem realizar, em um mesmo exame, a avaliação anatômica e funcional. o Recomenda-se, sempre que possível, a solicitação do PET/TC para o estadiamento. Com o PET/TC é possível identificar mais lesões que com outros exames de imagem e verifica-se progressão do estádio em aproximadamente 25% dos casos. Ademais, a obtenção de um PET/TC antes do tratamento permite uma melhor interpretação dos achados posteriores. o Por outro lado, a falta de correlação dos achados de imagem com os achados histopatológicos nos estudos sobre estadiamento com PET/TC é uma limitação que persiste na literatura. Também não há ainda dados que comprovem que a progressão do estádio proporcionada pelo exame se traduza em vantagem na sobrevida dos pacientes. Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE Tratamento do linfoma de Hodgkin • O tratamento do linfoma de Hodgkin foi um dos grandes triunfos da medicina no século XX. • A doença respondia por 30% dos óbitos por linfoma em 1950, proporção que caiu para 6% no final do século. No entanto, o aparecimento de segundas neoplasias e outros efeitos colaterais graves décadas após o tratamento do LH levou a uma intensa reavaliação das estratégias de tratamento. Introdução à radioterapia no linfoma de Hodgkin • O linfoma de Hodgkin é muito sensível à radiação ionizante e a diversas drogas citostáticas. Todos os pacientes, qualquer que seja a sua idade ou o estádio de apresentação do linfoma, devem ser tratados com intenção curativa. • A abordagem tradicional do linfoma de Hodgkin localizado era o tratamento radioterápico. o Para ser eficaz, a radioterapia deveria englobar todas as áreas clinicamente envolvidas e todas as regiões ganglionares e extraganglionares em risco de envolvimento subclínico. o Campos para o tratamento radioterápico do linfoma de Hodgkin foram padronizados para atender a essa necessidade. o Para evitar toxicidade excessiva, esses campos de irradiação são tratados sequencialmente, e a dose total é fracionada em pequenas doses diárias. o As áreas limítrofes entre os campos requerem um cuidado adicional, para evitar superposições. o Com o advento de equipamentos de radioterapia mais modernos e o conhecimento das complicações do tratamento a longo prazo, sobretudo da radioterapia, a extensão dos campos de radioterapia, assim como as doses usadas, têm sido progressivamente reduzidas. 1) Campos de tratamento radioterápico. a. Campo denominado manto - base da mandíbula até o diafragma = cadeias ganglionares cervicais, submandibulares, supraclaviculares, infraclaviculares, axilares, mediastinais e hilares. Blocos individualmente dimensionados protegem os pulmões e o ápex cardíaco. b. Campo para-aórtico = todos os gânglios para-aórticos entre a bifurcação da aorta e a margem inferior do manto, e inclui usualmente o baço e os gânglios do hilo esplênico. c. Campo pélvico = gânglios ilíacos, inguinais e femorais. Sua margem superior fica no nível da vértebra L5. Blocos sob medida são posicionados para proteger a bexiga, o reto, os testículos, os ovários e a medula óssea. d. Campo em Y invertido combinaos campos para- aórtico e pélvico. 2) O termo irradiação linfoide total refere-se ao tratamento dos campos manto e Y invertido. 3) A irradiação linfoide subtotal denota o tratamento apenas dos campos manto e para-aórtico. 4) A irradiação do campo envolvido é limitada ao grupo de linfonodos clinicamente envolvidos pela doença. !! Os campos envolvidos mais comumente tratados são: pescoço (cervical unilateral e supraclavicular unilateral), mediastino (incluindo ambas as regiões hilares e supraclaviculares), a axila (incluindo os linfonodos Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE supraclavicular es e infraclaviculares), linfonodos para-aórticos, e campo inguinal (incluindo os linfonodos femorais e ilíacos). 5) Mais recentemente, têm sido testados campos ainda mais limitados, restritos aos gânglios linfáticos acometidos e denominados de irradiação de linfonodos envolvidos. Introdução à quimioterapia no linfoma de Hodgkin • Até meados da década de 60, o linfoma de Hodgkin avançado era invariavelmente fatal, com 80% dos óbitos ocorrendo nos três primeiros anos após o diagnóstico. • Os estudos de DeVita et al. do National Cancer Institute americano com a combinação de drogas MOPP revolucionaram esse prognóstico e representam um marco da medicina moderna. Com o MOPP, foram introduzidos alguns princípios essenciais do tratamento quimioterápico, a saber: 1. utilização simultânea de diversas drogas com diferentes mecanismos de ação; 2. seleção de drogas sem superposição de efeitos tóxicos; 3. administração do tratamento em ciclos, compostos por períodos de tratamento seguidos de períodos de repouso, de modo a permitir a recuperação dos tecidos normais, e 4. padronização de uma escala de redução de doses em função da toxicidade observada. • Uma atualização dos resultados da série original de pacientes tratados com MOPP após um período mediano de acompanhamento de 14 anos evidenciou que 84% dos pacientes obtiveram remissão completa e que 66% destes permaneceram sem linfoma por períodos superiores a dez anos. Assim, nada menos que 54% dos pacientes inicialmente tratados ficaram aparentemente curados. • Para tratar os pacientes que apresentavam falha ao tratamento MOPP, Bonadonna et al., do Instituto Nacional do Câncer de Milão, Itália, testaram com sucesso o ABVD, uma combinação de drogas sem resistência cruzada com o MOPP. Em seguida, o ABVD foi comparado ao MOPP no tratamento inicial do linfoma de Hodgkin, as taxas de remissão completa observadas foram de 72% e 63%, respectivamente, com taxas semelhantes de sobrevida livre de linfoma e de sobrevida global. • Uma outra alternativa desenvolvida por Connors et al., do Instituto Nacional do Câncer do Canadá, foi a incorporação das sete drogas mais ativas desses dois protocolos em um novo protocolo MOPP/ABV, também conhecido como híbrido. No MOPP/ABV, as drogas do MOPP são administradas no primeiro dia, e o ABV é administrado no oitavo dia de cada ciclo, de modo a expor as células neoplásicas ao maior número possível de drogas no menor período tempo, reduzindo assim a probabilidade de seleção de clones com resistência espontânea ao tratamento. Entretanto, em um outro estudo do CALGB, foi demonstrada a equivalência de eficácia entre o híbrido e o ABVD. • A escolha do ABVD como o padrão atual para o tratamento do linfoma de Hodgkin decorreu da comparação do perfil de toxicidades entre o ABVD e as combinações de MOPP com ABVD Tratamento do linfoma de Hodgkin localizado 1) Tratamento da doença localizada favorável: • Tratamento-padrão da doença localizada favorável: combinação de quimioterapia e radioterapia do campo envolvido. • A adição de dois ciclos de ABVD à radioterapia com campo estendido melhorou substancialmente a sobrevida livre de falha em cinco anos, de 75 para 91%. • Outro estudo - superioridade da terapia combinada com três ciclos de MOPP/ABVD seguidos de radioterapia em campo envolvido sobre o tratamento com irradiação subtotal nodal. • Principais estudos clínicos publicados sobre o tratamento da doença localizada, que permitem algumas conclusões: o Os resultados são excelentes, com sobrevida global em cinco anos superior a 90% na maioria dos estudos; o Pacientes que recebem somente uma modalidade de tratamento (sobretudo radioterapia) apresentam taxas de recaída maiores que aqueles que recebem terapia combinada. Entretanto, a disponibilidade de tratamentos eficazes de resgate resulta em taxas similares de sobrevida global. • Ensaio clínico conduzido - número de ciclos de ABVD necessários (dois ou quatro) e a dose ideal de radioterapia em campo envolvido (20 Gy ou 30 Gy). o Não houve superioridade em nenhum dos braços do estudo. Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE o Por sua originalidade, desenho randomizado e poder estatístico, esse estudo estabeleceu o novo padrão no tratamento da doença localizada favorável, que passou a ser dois ciclos de ABVD seguidos de 20 Gy sobre o campo envolvido. • Alternativa radicalmente diferente tem sido estudada, a possibilidade de tratar a doença localizada favorável tão somente com quimioterapia, poupando os pacientes, muitos deles jovens, dos riscos a longo prazo da radioterapia. o Foi observada uma vantagem de 6% na sobrevida livre de falha em cinco anos no braço da quimioterapia combinada com radioterapia, quando comparado com quatro a seis ciclos de ABVD, mas sem benefício quanto à sobrevida global. • Estudo do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center - estágios IA-IIIA → receber seis ciclos de ABVD com ou sem radioterapia (36 Gy). o Não houve diferenças quanto à progressão e sobrevida global. • Há estudos em andamento, com incorporação de PET, para melhor definição do papel dessa modalidade de tratamento na doença localizada favorável. 2) Tratamento da doença localizada desfavorável • 4 ciclos de ABVD seguidos de radioterapia com 30 Gy sobre os campos envolvidos constituem o padrão de tratamento do linfoma de Hodgkin localizado desfavorável. • Também foi recentemente demonstrado que o BEACOPP não traz vantagens para esses pacientes. Tratamento da doença avançada • O regime ABVD é o mais aceito atualmente como tratamento-padrão de pacientes em estádio avançado. o Regime seguro, de fácil administração ambulatorial, que não requer monitoramento rigoroso das contagens de glóbulos brancos. o Os resultados do tratamento com ABVD melhoraram substancialmente à medida que aumentou a experiência com o seu uso. • Alternativas ao ABVD têm sido avaliadas: o Estudo randomizado HD9, com 1.195 pacientes com LH avançado, comparou os regimes COPP/ABVD, BEACOPP-padrão e BEACOPP escalado (esc). → acompanhamento mediano de 111 meses → vantagem significativa do BEACOPPesc sobre os dois braços-controle. o Pacientes acima de 60 anos apresentaram toxicidade inaceitável com o BEACOPPesc. - Papel da radioterapia na doença avançada • Não há consenso sobre o papel da radioterapia ao final da quimioterapia em pacientes com doença avançada que tinham grande massa ao diagnóstico. • A conduta tradicional é a de sempre fazer radioterapia sobre os campos envolvidos, mesmo que a massa tenha desaparecido ao final do ABVD. • Outra dificuldade no manejo do paciente com doença avançada é a interpretação de imagens residuais ao fim do tratamento. Em muitos pacientes, a imagem residual não contém doença em atividade, e consiste apenas de tecido fibrótico e necrótico. • O papel do PET também está sendo avaliado nesse contexto, e há evidências preliminares de que os casos com PET positivo devem ser irradiados. No entanto, caso seja cogitado o encaminhamento do paciente para transplante autólogo, é necessário confirmar a presença da doença ativa por meio de biópsia cirúrgica. Perspectivas da incorporação do PET/TC aos protocolosde tratamento • Após a comprovação da extraordinária capacidade do PET para discriminar pacientes com LH de alto e baixo risco após um a três ciclos de quimioterapia, diversos estudos foram planejados e estão em andamento para avaliar se a incorporação do PET durante o tratamento proporciona uma melhora dos resultados. Esses estudos podem ser divididos em dois grandes grupos. • No primeiro, os pacientes são tratados inicialmente com ABVD, e aqueles que apresentam captação persistente após alguns ciclos têm seu tratamento intensificado. • No segundo grupo, os pacientes são tratados inicialmente com BEACOPP escalado, e aqueles sem captação após alguns ciclos têm seu tratamento suavizado. ! Os resultados desses estudos são aguardados com grande expectativa. No entanto, até que sejam analisados e publicados, não é recomendada a modificação do tratamento após apenas dois ciclos de tratamento, com base somente nos resultados do PET. Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE Objetivo 2: diferenciar o linfoma Hodgkin e o linfoma não Hodgkin O diagnóstico diferencial entre o linfoma de Hodgkin e os linfomas não Hodgkin só pode ser definido pelo patologista. Característica Linfoma de Hodgkin (sistemático) Linfoma não Hodgkin (zoneado) Distribuição dos gânglios Disseminação para áreas contiguas, envolvimento axial – disseminação por contiguidade Áreas não contiguas, envolvimento “centrifugo” – disseminação hematogênica Envolvimento mediastinal Aproximadamente 50% (~70% mulheres jovens) 10 a 20% (mais comum no linfoma linfoblástico e no linfoma mediastinal com esclerose) Envolvimento infradiafragmático Incomum (exceto em pacientes idosos com sintomas B) Comum Envolvimento extralinfático Incomum Anel de Waldeyer, testículos, TGI, SNC Infiltração da medula óssea 5-15% 50% nos linfomas folicular e linfoblástico; 10% no linfoma difuso de grandes células. Infiltração hepática Incomum Comum nos linfomas foliculares Acometimento extranodal Raro Comum Idade Adultos jovens Média de 60 anos Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE Possibilidade de cura Maiores chances Menor chances Apresentação clinica Variada, porém segue estereótipo de massa linfonodal indolor e sintomas sistêmicos. Não costuma apresentar sintomas compressivos. Bastante heterógena, desde doenças muito indolentes e assintomáticas até grandes massas causando sintomas compressivos Sitio de origem Nodal, em gral não apresenta acometimento extranodal isolado Predomínio nodal, mas pode ser extranodal em até 35% dos casos Definição: • WHO divide as doenças linfoproliferativas em 3 categorias: o Neoplasia de células B o Neoplasia de células T (e células natural killer – NK) o Linfoma de Hodgkin • O linfoma não Hodgkin corresponde as neoplasias de células B e T • Linfoma não Hodgkin (LNH) é um grupo heterogêneo de doenças malignas do sistema linforreticular. Existem aproximadamente 40 subtipos diferentes de LNH. Epidemiologia: • A incidência aumenta conforme a idade, com a maioria dos pacientes tendo mais de 60 anos. • O linfoma difuso de grandes células B (DLBCL) é o subtipo mais comum (30% dos casos). O linfoma folicular (LF) é o segundo subtipo mais comum (25% dos casos). • Em pacientes soropositivos para o vírus da imunodeficiência humana (HIV), o LNH é o tumor mais comum (seguido pelo sarcoma de Kaposi). Etiologia: • Os fatores etiológicos e/ou fatores de risco para o desenvolvimento dos LNH têm sido muito estudados. Dentre os fatores ambientais, sabe-se que existe maior incidência de LNH em indivíduos que manipulam solventes orgânicos e em indivíduos que manipulam substâncias químicas (organofosforados, benzeno, tetracloreto de carbono, preservantes de madeira e tintura de cabelo) ou que se submeteram à quimio e radioterapia. • As infecções virais desempenham um papel importante na patogênese de alguns tipos de LNH, como o vírus Epstein-Barr, o vírus HTLV-1. Quadro clinico: Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE Objetivo 3:Compreender as complicações do tratamento • Recomendações para o tratamento de linfoma de Hodgkin: Diferentes doses de quimioterapia e radioterapia, que podem ser realizados separadamente ou em conjunto, dependendo das características de cada paciente. • Mesmo em baixas doses ou de forma isolada, esses tratamentos apresentam riscos de eventos adversos, como por exemplo, aumento do risco de desenvolver uma malignidade secundária. • A maioria dos eventos adversos relatados são semelhantes, tanto para quimioterapia quanto para radioterapia e envolvem efeitos hematológicos e toxicidades pulmonares. • COMPOSTOS DA QUIMIOTERAPIA: o Tratamento com BEACOPP escalado ➔ causa um maior risco de eventos adversos, como anemia, neutropenia, trombocitopenia e infecções, quando comparado ao protocolo de ABVD. Até o momento não há dados em estudos relacionados à infertilidade. • Em relação à mortalidade - risco de morte por infecção, mortalidade relacionada ao câncer e ou a doenças cardíacas, neste último caso devido à exposição à radiação, embora esses riscos de mortalidade não sejam altos. • Disfunções da tireoide afetam aproximadamente 50% dos pacientes que recebem radioterapia no pescoço ou nas áreas do mediastino superior. • A síndrome da fadiga crônica também não deve ser ignorada, o que afeta o bem-estar físico e mental, além de ser um fator na avaliação da qualidade de vida e no retorno ao funcionamento social, familiar e profissional. • O risco de câncer de mama feminino secundário à radioterapia é particularmente alto em mulheres que receberam radiação com menos de 30 anos de idade e permanece aumentado por décadas após a conclusão da radioterapia. • Pacientes que necessitam de transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas, bem como radioterapia, têm um risco aumentado de infecção devido à imunossupressão. Por outro lado, a neuropatia é a principal toxicidade não hematológica do tratamento com a brentuximabe vedotina. Apesar disso, a maioria dos pacientes que tiveram neuropatia pós linfoma de Hodgkin apresentaram melhora dos sintomas ao longo de um ano. Monitoramento • O monitoramento pós tratamento para linfoma de Hodgkin é extremamente importante a fim de detectar precocemente possíveis toxicidades e até mesmo recorrência. • O monitoramento cuidadoso da detecção precoce da recorrência é particularmente importante nos primeiros 5 anos após o final do tratamento, porque 90% de todas as recorrências se enquadram nesse período. Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE • Os pacientes com linfoma de Hodgkin precisam ser acompanhados quanto a história, exame físico e análise laboratorial regularmente: a cada 3 meses no primeiro ano após o tratamento, a cada 6 meses do segundo ao quarto ano e, posteriormente, anualmente. • Em cada exame de acompanhamento, é altamente recomendável perguntar ao paciente sobre sintomas que possam indicar sequelas tardias do tratamento. • Por exemplo, a imagem radiológica não deve ser realizada rotineiramente em pacientes assintomáticos durante uma avaliação de acompanhamento após o término do tratamento. Porém, se houver suspeita de recorrência, é recomendável confirmá-la ou descartá-la por um PET-CT, se disponível, ou então por uma tomografia computadorizada, seguida de biópsia. • Pacientes assintomáticos que receberam quimioterapia contendo radioterapia mediastinal na dose de 20 Gy ou mais devem ser submetidos a eletrocardiografia,ecocardiografia e um exame para detectar ou descartar doença cardíaca coronariana. • É recomendado que o nível sérico do hormônio estimulador da tireoide (TSH) seja medido uma vez por ano em pacientes submetidos a radioterapia nas proximidades da região da tireoide descartar disfunções. • Pacientes submetidos à radioterapia pulmonar ou mediastinal devem ser submetidos a testes de função pulmonar, incluindo a medição da capacidade de difusão, 12 meses após o final do tratamento. • Se houver suspeita de dano gonadal, este deve ser investigado em consulta, preferencialmente, com um especialista. • Os pacientes com queixa de fadiga crônica devem ser encaminhados a um médico ou psicólogo com experiência no tratamento dessa condição. Quimioterapia: • Os efeitos adversos da quimioterapia do linfoma de Hodgkin são muito variados, e podem ser divididos em efeitos imediatos e efeitos tardios. Entre os efeitos imediatos estão a flebite, a alopecia, as náuseas e vômitos, a diarreia, a mucosite e os efeitos hematológicos (anemia, leucopenia e trombocitopenia). • Complicações tardias incluem segundas neoplasias, doença cardíaca, infertilidade e alterações hormonais. • Neoplasias secundárias: O regime ABVD não está associado a um risco aumentado de leucemia aguda ou mielodisplasia. Os fármacos mais associados a esse risco são o etoposida e os alquilantes, sobretudo quando associados à radioterapia. Os tumores sólidos são a principal causa de morbidade e mortalidade a longo prazo nos sobreviventes de linfoma de Hodgkin, e se desenvolvem em aproximadamente 1% dos sobreviventes ao ano. A maioria dos tumores sólidos aparece após uma latência de 5 a 10 anos, e o risco é maior nos pacientes irradiados. Os tumores mais comuns acometem mama, pulmão e tireoide, além de sarcomas de partes moles e ossos. • Doença cardiovascular: segunda causa mais frequente de morbidade e mortalidade em pacientes com linfoma de Hodgkin tratados com radioterapia, associada ou não à quimioterapia. Há um risco 3 a 5 vezes aumentado de doença cardiovascular, que inclui alterações valvulares, angina de peito, infarto agudo do miocárdio e insuficiência cardíaca congestiva. Os fatores de risco cardiovascular, entre eles, o fumo, hipertensão arterial, hipercolesterolemia e diabetes, devem ser monitorados e controlados. A cardiomiopatia é uma complicação do tratamento com doxorrubicina, que se correlaciona com a dose total administrada e raramente ocorre quando esta é inferior a 400 mg/m2. Os pacientes tratados com seis ciclos de ABVD recebem apenas 300 mg/m2, o que torna a cardiomiopatia uma manifestação incomum, mas que pode ser potencializada pela radioterapia. • Hipotireoidismo: acomete até 50% dos pacientes irradiados no pescoço, embora seja subclínico na maioria. O monitoramento anual dos níveis de hormônio estimulante da tireoide (TSH, thyroidstimulating hormone) deve ter início ao final do primeiro ano pós-tratamento. Se houver elevação do TSH, dosagens de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) devem ser obtidas. • Complicações pulmonares: Pacientes tratados com bleomicina ou radioterapia mediastinal podem apresentar infiltrados pulmonares persistentes, que podem ou não ter significado clínico. Uma avaliação da função pulmonar deve ser obtida 6 meses após o término do tratamento, e repetida caso o paciente venha a apresentar dispneia, tosse persistente ou pneumonias de repetição. Radioterapia: Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE • A radioterapia pode produzir xerostomia, cáries dentárias, disgeusia e hipotireoidismo e pode acelerar a aterosclerose, com risco três vezes aumentado de infarto do miocárdio fatal. • Aumenta também o risco de segundas neoplasias malignas nos campos de tratamento ou adjacentes a eles. O risco de segundos cânceres começa a aparecer cerca de 5 anos após o tratamento e aumenta uniformemente durante pelo menos 30 anos. Uma mulher tratada com radioterapia mediastinal aos 25 anos de idade tem um risco absoluto de 30% de desenvolver câncer de mama aos 55 anos, em comparação com um risco de 3% em controles da mesma idade. É importante que o paciente seja informado sobre os riscos e que comportamentos saudáveis sejam incentivados, incluindo vigilância frequente. • As mulheres submetidas à radioterapia do tórax podem beneficiar-se da quimioprevenção do câncer de mama com tamoxifeno ou um inibidor da aromatase, porém ainda não foram realizados estudos para confirmar qualquer benefício, e muitos desses cânceres são negativos para receptores hormonais. Além disso, cânceres de pulmão, sarcomas, melanomas e cânceres de tireoide também ocorrem com frequência aumentada após radioterapia. • Radiodermite aguda pode ocorrer durante o curso da radioterapia e a radiodermite crônica pode ocorrer após a radiodermite aguda. o A radiodermite aguda caracteriza-se por eritema inicial, edema progressivo, hipercromia, descamacao seca, umida e ulceracao, dependendo da dose de radiação. o A radiodermite crônica caracteriza-se por isquemia, alteracoes pigmentares, espessamento, telangiectasia, ulceracao e fibrose. o Medidas: beber água; usar hidratante 2x/dia mas não antes da aplicação com radiação ionizante; não depilar; não expor a pele ao sol • MUCOSITE o Definida como inflamação de mucosa oral, que se manifesta através de eritema, ulceração, hemorragia, edema e dor. A mucosite oral induzida por radioterapia acomete a maioria dos pacientes submetidos a radiacao tumoricida em campos cervico-faciais. • XEROSTOMIA o A exposição das glândulas salivares pelo feixe de radiação resulta em alterações na qualidade e composição da saliva, ocasionando secura oral ou xerostomia, desconforto oral noturno, disfagia, disfasia e uma sensibilidade aumentada as infecções orais e caries dentarias. A diminuição do fluxo salivar e progressiva e inicia-se durante os 15 dias de aplicação de radiação. Sua consistência torna- se espessa e viscosa, devido a falência total da porção serosa da glândula salivar, mais sensível a radiação. o Medidas recomendadas: ingestão abundante de água; uso de gomas de mascar; uso de balas de hortelã sem açúcar.
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