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UNIFESP - UC História da América I - 2021 - Prof. José Carlos Vilardaga - Turno: Noturno
Integrantes: Lara Mattos Lisboa Leite - RA: 148115; Larissa Tomaz de Oliveira - RA: 157003; Lucas Henrique Nardini Garcia - RA: 157008; Nycole Victoria Salles - RA: 157054; Thiago Santos da Cruz - RA: 157072
Atividade I
O objetivo deste trabalho é produzir uma análise a respeito de um excerto do livro “História do Novo Mundo: Da Descoberta à Conquista, uma Experiência Europeia (1492-1550)” de Carmen Bernard e Serge Gruzinski, cuja temática é o banquete dos mercadores Pochtecas. Ao final desta atividade, espera-se atingir a compreensão de ao menos quatro eixos temáticos apresentados nesse trecho: o perfil do comércio (produtos, rotas e clientela); as relações entre o comércio e a política no mundo mesoamericano; o status social do comerciante; a ritualização e a cosmogonia presentes a seguir, a discussão será norteada a partir destes tópicos.
O comércio realizado pelos pochtecas era caracterizado por rotas de longo alcance, que tinham como origem o México-Tenochtitlán. Trocava-se artigos manufaturados – roupas, obsidianas de corte afiado, peças de algodão, agulhas e sílex, cochonilha – por artigos de luxo - plumas de quetzal e de arara, sementes de cacau, peles de animais ferozes, ouro e escravos.
 No que tange a zonas do comércio, há destaque para a província de Xicalango - onde viviam plantadores de cacau falantes da língua maia - por ser um local de convergência de caravanas vindas de quatro direções: Chiapas, Acalan, Iucatã e Usumacinta. Esta região pode ser tida como uma zona franca que propiciava tranquilidade às negociações dos mercadores, especialmente quando comparada à esfera de influência do México-Tenochtitlán e dos seus aliados. 
Apesar de tal tranquilidade de Xicalango, vale ressaltar que todas as expedições de volta estavam suscetíveis a inúmeros perigos, como acidentes, massacres e ataques surpresas. Dessa forma, quando finalmente voltavam com os artigos de luxo, os pochtecas tinham como tarefa final da jornada prestar contas aos chefes. Tendo em vista que a maior parte da mercadoria se destinava às necessidades da nobreza.
Esse cenário é importante para entender como o comércio se relacionava com a política no mundo mesoamericano, já que os comerciantes não eram apenas mercadores, mas também negociantes, informantes e embaixadores dos interesses do seu senhor. Eles, além de se destacarem como cobradores de impostos, percorriam os espaços da área de influência e retratavam as informações necessárias para a administração. Para exemplificar a importância desses viajantes para além do comércio, basta observar a expansão militar da Tríplice Aliança - cidades de México-Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopan - que foi consumada, em parte, devido à multiplicidade de funções desempenhadas pelos comerciantes, principalmente no litoral. 
Vale ressaltar que mesmo detendo muitas funções e riquezas, os comerciantes não possuíam muita notoriedade. Como é observado pela descrição, realizada por Bernard e Gruzinski, sobre o banquete de Zanatzin - que chegou a gastar quase tudo o que ganhou para fornecer um jantar digno de um senhor em prol de ter seu prestígio aumentado. Na verdade, sob o ponto de vista do status social, os comerciantes não eram uma figura tão valorizada nessa sociedade hierárquica, uma vez que era necessário que as atividades acontecessem enquanto as pessoas dormiam, longe dos olhos da maioria. Sabendo disso, pode-se traçar um paralelo com a Europa feudal, na qual a burguesia não era respeitada pelos nobres, ainda que estes entendessem a importância do comércio. 
	Há ainda um cenário que permeia todas essas outras esferas, a ritualização e a cosmogonia presente, a título de exemplificação, nas viagens, nas negociações, na história de subjugação de regiões, na alimentação e nas celebrações. A começar pelas viagens, para que ela ocorresse sem transtornos, era preciso que fossem selecionados um bom dia e uma hora propícia, alguns rituais eram tidos antes da viagem, como se barbear e lavar a cabeça pela última vez até a volta, e evitar olhar para trás no momento da partida. Quanto ao regresso, afirma-se a necessidade de que o signo do dia fosse propício a tal ação, o qual correspondia ao de “casa” (cecalli), preenchendo o requisito, mostrando a influência imediata da cosmogonia até nos atos mais rotineiros.
	Atrelado à cosmogonia, pode-se sublinhar a crença quanto a uma energia que todo homem possui desde seu nascimento (tonalli), que o tornava suscetível a ataques de predadores que desejam possuí-la. Ainda a respeito do conceito relacionado à origem, tem-se a superação do tempo em que os mexicas eram um pobre bando miserável, expulsos pelos habitantes das margens do rio para o juncal, sendo neste momento do relato, pertencentes a uma cidade que não mais tem a invejar frente à Tula dos Toltecas ou à antiga Morada dos Deuses, Teotihuacán. 
	Nas negociações, o traço da ritualística também se encontrava presente. Para auxiliar na aceitação de uma troca, foi ofertado a Zanatzin uma pedra de reflexos dourados que, segundo o ofertante, apaziguava as dores de barriga. Essa pedra não é recusada e nem repassada pelo chefe de mercadores, que acaba a esquecendo no fundo de um pacote. Esse evento reforça também uma troca de rituais entre as diferentes culturas, Zanatzin não utiliza a pedra, mas também não ousa recusá-la.  
Na história de subjugação da região de Cuetlaxtlán, tem-se a ideia de um revide sangrento ao sufocamento de pochtecas com fumaça de pimenta que após mortos, foram esvaziados e enchidos com palha e posicionados de modo vexatório em bancos o que provocou essa reação do Grande Senhor.  Nota-se uma ritualização em todo o processo de morte dos pochtecas como também na subjugação da terra, não somente em seus métodos como na importância do relato atrelado ao pertencimento dessa região. 
Alimentos fazem parte do cerimonial, tanto sendo oferecido às entidades protetoras, quanto aos convidados do banquete de Zanatzin, somados a cantigas e danças por aqueles que consomem da “carne divina”, que tratam de relatar suas visões e alucinações. Verifica-se o consumo de carne humana, provinda de escravos anteriormente adquiridos, que é “servida sobre um leito de milho temperado com um pouco de sal e sem pimenta” (p. 48). Por fim, nessa sociedade na qual a morte está demasiadamente presente, uma possibilidade de ritualística fúnebre é apresentada, na qual haveria a queima do corpo juntamente a seus pertences, tais como roupas e enfeites dos escravos sacrificados. 
Pela análise dos fatores presentes na discussão, entende-se que seria incompleto olhar para as sociedades mesoamericanas, especialmente os mexicas, sem buscar compreender - ainda que minimamente - a posição do comércio e do comerciante. Conclui-se que este promovia não somente a circulação de produtos, mas também de ritualísticas e interesses políticos, e estava intrinsecamente ligado à conquista de novos territórios. Para além dessa implicação mais direta, há também o fato de que estudar este papel social traz elementos importantes para a compreensão de como se organizavam as sociedades nesse período.
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