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AULA 10 - SERVIÇOS PUBLICOS

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1 
Sumário 
Introdução ........................................................................................................................................................ 2 
Serviços Públicos: noções gerais .................................................................................................................. 3 
Classificações ................................................................................................................................................... 8 
Distribuição de Competências .................................................................................................................... 14 
Formas de Prestação .................................................................................................................................... 17 
Regulamentação e Controle ........................................................................................................................ 20 
Concessão e Permissão de serviço público .............................................................................................. 23 
Autorização de Serviço Público .................................................................................................................. 79 
Conclusão ....................................................................................................................................................... 83 
Resumo ........................................................................................................................................................... 84 
Mapas .............................................................................................................................................................. 87 
Questões Comentadas ................................................................................................................................. 94 
Lista de Questões Comentadas ................................................................................................................ 141 
Gabaritos ...................................................................................................................................................... 161 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
 Olá amigos! 
Nesta aula iremos estudar os serviços públicos. 
Primeiramente, vamos contextualizar o tema, abordando seu conceito, suas classificações e formas 
de prestação. Na sequência, iremos nos debruçar sobre as várias modalidades de delegação de 
serviços públicos, em que estudaremos as concessões e permissões de serviços públicos. Por fim, 
estudaremos as autorizações de serviços públicos, assunto igualmente importante em provas. 
Para tanto, além dos dispositivos constitucionais aplicáveis, nos debruçaremos especialmente 
sobre três diplomas legais1, a saber: 
- Lei 8.987/1995: dispõe sobre normas gerais sobre o regime de concessão e permissão de 
serviços públicos 
- Lei 9.074/1995: dispõe sobre normas para outorga e prorrogações de concessões e 
permissões 
Aproveito para lembrar que a presente aula encontra-se de acordo com a alteração promovida 
pela nova lei de licitações, Lei 14.133/2021, que permitiu a realização de licitações na modalidade 
diálogo competitivo para concessão de serviços públicos. 
 
 
Tudo pronto? Vamos lá! 
 
 
 
1 Em caráter acessório, podemos incluir nesta lista a Lei 13.460/2017, que dispõe sobre a participação e 
defesa dos direitos dos usuários de serviços públicos prestados direta ou indiretamente. 
 
 
3 
SERVIÇOS PÚBLICOS: NOÇÕES GERAIS 
A prestação de serviços públicos é atividade típica da Administração Pública. É por meio desta 
atividade típica que são prestados, diretamente ou indiretamente, o serviço postal (correios), os 
serviços de telecomunicações, o transporte ferroviário, rodoviário e aéreo, os serviços de geração, 
transmissão e distribuição de energia elétrica, entre vários outros. 
A relevância da prestação destes serviços é tamanha que a chamada “Escola do Serviço Público”, 
de origem francesa, defendia que toda a atividade estatal se resumia ao provimento de serviços 
públicos. 
A noção de serviço público alterou-se profundamente desde então, mas continua sendo um dos 
grandes vetores da atuação da Administração Pública, merecendo seu estudo dentro do direito 
administrativo. 
Antes de nos aprofundarmos nas formas de delegação dos serviços públicos, vamos estudar as 
definições de “serviços públicos” e os critérios que podem ser utilizados para definir quais 
atividades estão ou não alcançadas por este conceito. 
 
 
 
Veremos que, a depender do critério utilizado, a prestação jurisdicional não é conceituada como 
serviço público. Por outro lado, a exploração de loterias poderia ser aceita como serviço público. 
Para alguns, o exercício do poder de polícia seria um “serviço público”, enquanto para outros, 
com uma visão mais ampla sobre o assunto, não seria. No mesmo sentido, as atividades-meio da 
Administração. 
Avante! 
 
Késia
Késia
 
 
4 
Conceito 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA 
Conceituar “serviço público” não é tarefa trivial, dada a vasta diversidade de critérios que podem 
ser utilizados para balizar a definição. 
A seguinte lição do mestre Hely Lopes Meirelles2, nos dá uma dimensão deste contexto. Segundo 
ele, na doutrina brasileira, 
ora é oferecido uma noção orgânica, só considerando como tal o que é prestado por 
órgãos públicos; ora nos apresenta uma conceituação formal, tendente a identificá-lo por 
características extrínsecas; ora nos expõe um conceito material, visando a defini-lo por 
seu objeto. 
Realmente, o conceito de serviço público é variável e flutua ao sabor das necessidades e 
contingências políticas, econômicas, sociais e culturais de cada comunidade, em cada 
momento histórico, como acentuam os modernos publicistas. 
Assim, como resultado dos critérios adotados por cada estudioso do Direito Administrativo, 
teremos conceitos mais amplos ou mais restritos. 
Na doutrina brasileira, Mário Masagão3 adota conceito bastante amplo, ao simplesmente definir 
serviços públicos como “toda atividade que o Estado exerce para cumprir os seus fins”. 
De forma mais restritiva4, Hely Lopes Meirelles5 define serviço público como 
todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles 
estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou 
simples conveniências do Estado. 
Mais restrito ainda é o conceito adotado por Celso Antônio Bandeira de Mello6. Para ele, 
serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material 
fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por quem lhe faça as 
 
2 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 35ª edição, p. 417. 
3 MASAGÃO, Mário. Curso de Direito Administrativo. Ed. Max Limonad. 5ª ed. p. 252 
4 Consoante registra Di Pietro, ao mencionar a “Administração” - e não o “Estado” -, Hely exclui as 
atividades legislativa e jurisdicional do rol dos serviços públicos. 
5 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 35ª edição, p. 418. 
6 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. Ed. Malheiros. 26ª ed. P. 664 
 
 
5 
vezes, sob um regime de direito público – portanto consagrador de prerrogativas de 
supremacia e de restrições especiais – instituído pelo Estado em favor dos interesses que 
houver definido como próprios no sistema normativo. 
Já para Maria Sylvia Zanella Di Pietro7, serviço público é 
toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por 
meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades 
coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público 
O conceito apresentado por José dos Santos Carvalho Filho8 é bastante direto, consistindo em 
toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime de 
direito público, comvistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da 
coletividade. 
No plano normativo, merece destaque a definição constante da Lei 13.460/2017, que “dispõe 
sobre participação, proteção e defesa dos direitos do usuário dos serviços públicos da 
Administração Pública”. Para os fins desta lei, serviço público é 
art. 2º, II - serviço público - atividade administrativa ou de prestação direta ou indireta de 
bens ou serviços à população, exercida por órgão ou entidade da administração pública; 
Examinando tais conceituações, Marcelo Alexandrino9 sintetiza os sentidos amplo e restrito da 
expressão “serviço público”. 
Em sentido estrito, serviço público consiste nas atividades, realizadas diretamente pela 
Administração ou por particulares, sob regime de concessão ou permissão, que visam a satisfazer 
concreta e materialmente as necessidades da coletividade. Neste conceito, estariam 
compreendidas a prestação de bens e serviços para atender diretamente a coletividade, mas não 
as atividades-meio da Administração, que atendem indiretamente a coletividade. 
Por outro lado, é chamado de sentido amplo de “serviço público”, toda atividade exercida pelo 
Estado em que inclua o exercício de poder de polícia ou as funções legislativa e jurisdicional. 
 
7 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. Item 
4.1.4 
8 FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 333 
9 ALEXANDRINO, Marcelo. Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 25ª ed. p. 827 
Késia
Késia
 
 
6 
Características do Serviço Público 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA 
A partir dos traços comuns dos conceitos apresentados, José dos Santos Carvalho Filho10 registra 
as três características do serviço público. Outros autores, como Maria Sylvia Zanella Di Pietro11, 
optam por chamá-los de “elementos” da definição de serviços públicos. 
Sujeito estatal – elemento subjetivo 
Dado o interesse público na consecução de determinadas atividades, o Estado assume para si a 
prestação de serviços públicos. Nessa esteira, é o Estado quem cria e regulamenta os serviços 
públicos e quem os fiscaliza, motivo pelo qual o Constituinte assevera que a prestação destes 
serviços “incumbe ao poder público” (CF, art. 175). 
A este respeito é importante lembrar que, mesmo quando o Estado delega a particulares a 
execução de determinados serviços públicos, o Estado continua sendo seu titular. Em outras 
palavras, mesmo havendo a transferência da prestação do serviço a um particular, o serviço 
continua sendo público, de sorte que o Estado permanece com o controle e regulamentação 
daquele serviço. 
A esta característica, Di Pietro dá o nome de elemento subjetivo. 
Interesse coletivo – elemento material 
Na prestação dos serviços públicos o Estado deverá sempre buscar satisfazer o interesse da 
coletividade. Oportuno é o comentário de Carvalho Filho a respeito: 
A grande diversidade dos interesses coletivos exige sua caracterização em [i] primários ou 
essenciais, de um lado, e [ii] secundários ou não essenciais, de outro. Quando o serviço é 
essencial, deve o Estado prestá-lo na maior dimensão possível, porque estará atendendo 
diretamente às demandas principais da coletividade 
Esta característica é chamada por Di Pietro como sendo o elemento objetivo ou material da 
definição de serviço público. 
 
10 FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 333-335 
11 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. Tópico 
4.2 
Késia
Késia
Késia
Késia
Késia
Késia
 
 
7 
Regime de direito público – elemento formal 
Como o Estado é responsável pelos serviços públicos e estes visam à satisfação do interesse 
coletivo, naturalmente sua prestação estará sujeita a regime de direito público. Em decorrência 
desta sujeição, o interesse estatal irá prevalecer sobre o interesse privado, como regra geral, e o 
poder público irá fiscalizar a prestação do serviço. 
Esta característica é chamada por Di Pietro como sendo o elemento formal da definição de serviço 
público. 
Aqui é importante destacar que a prestação de serviços nem sempre será pautado pelo regime 
de direito público. Na prestação dos chamados “serviços comerciais ou industriais” (como 
telefonia, energia elétrica etc), o regime será híbrido, formado a partir da confluência de regras 
do direito privado e traços do direito público. 
Em síntese: 
 
 
 
 
Elemento 
subjetivo
titularidade 
do Estado
Elemento 
objetivo ou 
material
interesse da 
coletividade
Elemento 
formal
regime de 
direito 
público (regra)
Késia
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Késia
Késia
 
 
8 
CLASSIFICAÇÕES 
Assim como ocorre com a diversidade de conceitos, também quanto às classificações dos serviços 
públicos há pouco consenso. Neste curso iremos abordar aquelas que possuem maior importância 
em provas. 
Gerais e Individuais 
INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA 
Serviços públicos gerais – também chamados de indivisíveis ou uti universi – são aqueles prestados 
a todos os cidadãos, indistintamente. Não é possível individualizar quais são cidadãos beneficiados 
por um serviço público geral, dizendo-se que seus usuários são indeterminados e indetermináveis. 
Em outras palavras, em razão de suas características, não é possível mensurar o grau de utilização 
do serviço uti universi por cada usuário. Em virtude desta impossibilidade de individualização, os 
serviços gerais são remunerados a partir da receita de impostos. 
Exemplos: serviço de limpeza urbana, serviço de iluminação pública, serviço de defesa 
nacional12. 
Já os serviços públicos individuais – também chamados de divisíveis, específicos ou uti singuli – 
são prestados a usuários determinados. Como o poder público é capaz de identificar o beneficiário 
do serviço uti singuli, poderá medir sua utilização, separadamente, e assim cobrar por ela, de 
maneira individualizada. 
Exemplo: coleta de lixo13, em que se utiliza a metragem do imóvel para se individualizar 
e aferir a utilização do serviço (em tese, imóveis maiores produzem mais lixo). 
- - - - 
A partir desta classificação, a jurisprudência do STF conclui pela viabilidade de cobrança específica 
do usuário do serviço. A jurisprudência e a doutrina têm entendido que a prestação de serviços 
uti singuli é passível de ser remunerada mediante taxa ou tarifa. 
 
12 Caso se adote o conceito amplo de serviço público. 
13 Súmula Vinculante 19. A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, 
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, 
II, da Constituição Federal. 
Késia
Destacar
Késia
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Destacar
 
 
9 
Os serviços públicos individuais compulsórios (disponíveis, independentemente de utilização) são 
remunerados por taxa, ao passo que os facultativos devem ser pagos na medida da utilização, por 
meio de tarifa. 
Por outro lado, os serviços uti universi deveriam ser custeados com outras receitas, a exemplo da 
receita proveniente da arrecadação de impostos. 
A este respeito, merece destaque a Súmula Vinculante 41, que ao enquadrar o serviço de 
iluminação pública como uti universi, preceitua que 
SV 41. O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. 
 
Sintetizando estes principais aspectos, temos o seguinte quadro esquemático: 
 
Próprios e Impróprios 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA 
Serviços públicos próprios são os “serviços públicos” propriamente ditos, aqueles que o Estado 
assume como seus e os executa, seja diretamente ou indiretamente (por meio de concessionários 
e permissionários). 
Já serviços públicos impróprios são aqueles que não são executados pelo Estado, nem mesmo são 
assumidos por ele. São atividades privadas que, por atenderem a necessidades de interesse geral, 
a legislação as submete ao poder de polícia estatal, sujeitando-as a autorização,regulamentação 
e fiscalização estatal. 
Serviço público
Uti singuli ou individual
divisível
remunerado 
por taxa ou 
tarifa
ex: energia 
elétrica, 
coleta de lixo
Uti universi ou geral
indivisível
remunerado 
pela receita dos 
impostos
ex: 
iluminação 
pública
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Retângulo
Késia
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Destacar
 
 
10 
Segundo Di Pietro14, “por serem atividades privadas, são exercidas por particulares, mas, por 
atenderem a necessidades coletivas, dependem de autorização do Poder Público, sendo por ele 
regulamentadas e fiscalizadas”. 
A mesma autora considera que os serviços públicos impróprios não são serviços públicos em 
sentido jurídico, porque a lei não a atribui ao Estado como incumbência sua ou, pelo menos, não 
a atribui com exclusividade. 
Como exemplo dos serviços impróprios, Hely Lopes Meirelles cita o serviço de táxi e de 
guarda particular de estabelecimentos e de residências. 
Serviços públicos e de utilidade pública 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA 
Parte da doutrina apresenta uma classificação bastante similar à anterior, classificando os serviços 
como “públicos” ou “de utilidade pública”. 
Para Hely Lopes Meirelles15, “serviços públicos” propriamente ditos são aqueles essenciais e 
necessários para a sobrevivência da sociedade e do próprio Estado. Muitas vezes sua prestação 
requer o exercício do poder de império do Estado. Por estes motivos, a prestação de tais serviços 
não pode ser delegada a terceiros. Estes serviços públicos são também chamados de originários. 
Exemplos: defesa nacional e serviços de segurança pública. 
Já os “serviços de utilidade pública” não são essenciais nem necessários para a sobrevivência da 
coletividade. No entanto, reconhecendo sua conveniência para a sociedade, a Administração 
decide assumi-los para si, prestando-os diretamente ou por terceiros (concessionários, 
permissionários ou autorizatários). Estes serviços admitem a delegação da prestação a terceiros. 
Estes serviços são também chamados de derivados. 
Exemplos: transporte coletivo, energia elétrica, telefonia, gás canalizado. 
Exclusivos e não-exclusivos 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA 
 
14 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. Item 
4.5 
15 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 35ª edição, p. 420. 
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Késia
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11 
Serviços públicos exclusivos são aqueles cuja titularidade pertence ao Estado, podendo ser 
prestados direta ou indiretamente (isto é, por meio de particulares concessionários, 
permissionários ou autorizatários). 
Exemplos: defesa nacional (indelegável) e serviços de telecomunicações (delegáveis). 
Já os serviços não exclusivos consistem naqueles cuja titularidade não é do Estado, podendo ser 
prestados por particulares independentemente de delegação do poder público – e também pelo 
Estado. 
Exemplos: serviços de saúde, assistência social e educação. 
 
Reparem que serviços públicos exclusivos podem ser prestados por particulares! Em 
outras palavras, segundo esta classificação, alguns serviços exclusivos são delegáveis! 
A questão abaixo buscou confundir o candidato a este respeito: 
FCC/Câmara Legislativa do Distrito Federal – Consultor Legislativo (adaptada) 
Ao abordar o conceito de serviço público, diferentes classificações ou categorizações são apresentadas pela 
doutrina, a depender do prisma de análise, entre as quais se insere a divisão entre serviços públicos 
exclusivos e não exclusivos do Estado, sendo que os exclusivos somente podem ser prestados diretamente 
pelo Estado, não admitindo exploração por particulares mediante concessão ou delegação. 
Gabarito (E) 
Administrativos, econômicos e sociais 
INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA 
Esta classificação consiste no enquadramento do serviço quanto ao seu objeto. 
Segundo o saudoso Prof. Hely, serviços administrativos são aqueles que a Administração executa 
para atender suas necessidades internas, tais como a publicação na imprensa oficial. São as 
atividades-meio, que beneficiam a coletividade de modo indireto. 
Os serviços públicos econômicos – também chamados de comerciais ou industriais – são aqueles 
que a Administração Pública presta, direta ou indiretamente, para atender às necessidades 
Késia
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Késia
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Késia
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Késia
Destacar
Késia
Destacar
 
 
12 
coletivas de ordem econômica16. Como exemplo temos os serviços de telefonia e de fornecimento 
de energia elétrica. 
A prestação destes serviços não se submete ao regime de direito público, mas a regime jurídico 
híbrido, isto é, regras do direito privado, mas também preceitos de direito público. 
Eles encontram-se fundamentados no art. 175 do texto constitucional17 e não se confundem com 
a exploração de atividade econômica em sentido estrito. 
Por fim, os serviços públicos sociais dizem respeito aos serviços de saúde, educação, previdência, 
cultura e meio ambiente prestados pelo poder público. Nos termos do art. 6º da Constituição 
Federal, são considerados direitos fundamentais, encontrando-se previstos no seu Título VIII - Da 
Ordem Social. Estes são serviços não-exclusivos do Estado, de modo que a atuação estatal ocorre 
de modo concorrente com a da iniciativa privada. 
Delegáveis e indelegáveis 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA 
Serviços delegáveis são aqueles que podem ser executados pelo próprio Estado ou por 
particulares em colaboração. 
Exemplos: serviço de telefonia, de energia elétrica, transporte coletivo de passageiros. 
A “delegabilidade” do serviço, como regra geral, deve decorrer de disposição legal ou 
constitucional (Lei 9.074/1995, art. 2º, caput). 
Os serviços indelegáveis, por outro lado, somente podem ser prestados pelo Estado, de forma 
direta. Neste caso, os próprios agentes públicos pertencentes a órgãos ou entidades públicas 
prestam o serviço. A razão desta indelegabilidade, em geral, decorre da exigência do exercício de 
poder de império para sua prestação18. 
Exemplos: serviços de defesa nacional, segurança interna, fiscalização de atividades. 
 
16 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. Item 
4.5 
17 CF, art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou 
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 
18 ALEXANDRINO, Marcelo. Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 25ª ed. p. 830 
Késia
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Késia
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13 
 
Sintetizando o cerne das classificações comentadas, chegamos aos seguintes diagramas: 
 
 
 
 
 
usuários 
determinados ?
gerais
individuais
atividades 
privadas ou 
públicas ?
próprios 
(prestados direta 
ou indiretamente)
impróprios
essencialidade 
ou 
conveniência?
públicos 
de utilidade 
pública
exigem 
delegação do 
Estado?
exclusivos
não 
exclusivos
objeto?
administrativos
econômicos
sociais
são delegáveis?
delegáveis
indelegáveis
Késia
Retângulo
 
 
14 
DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS 
INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA 
Dentre os diversos serviços públicos, alguns serão de titularidade dos Municípios, outros dos 
Estados/DF e outros da União. Determinados serviços serão de titularidade exclusiva de um único 
destes entes –chamados serviços privativos19. Outros serviços serão titularizados por dois ou mais 
entes federativos, de modo concorrente, chamados serviços públicos comuns. 
Em nosso estado federativo, tal distribuição de competências é realizada pelo próprio texto 
constitucional, com base no princípio da predominância do interesse. 
De modo simplificado, serviços públicos de interesse essencialmente nacional foram atribuídos à 
União; serviços de interesse regional sujeitam-se à prestação por parte dos Estados; e tratando-se 
de serviçode interesse local, prestação municipal. 
No atual texto constitucional, temos a seguinte distribuição de competências administrativas: 
Competências federais → enumeradas no art. 21 da CF 
Competências municipais → enumeradas no art. 30 da CF 
Competências estaduais → gás canalizado (art. 25, §2º) + competências residuais (art. 25, 
§1º) 
Competências comuns a todos os entes → enumeradas no art. 23 da CF 
Competências do DF → competências atribuídas aos municípios e aos estados (art. 25, §1º) 
 
Para exemplificar, vejamos algumas das atribuições conferidas aos entes federativos pelo texto 
constitucional. 
 
19 Tomando por base as lições de Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, 28ª ed, p. 338-339 
Késia
Destacar
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Késia
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Késia
Destacar
 
 
15 
 
 
Por outro lado, o art. 23 atribui, de forma comum à União, estados, DF e municípios, competências 
como as seguintes: 
 
Quanto aos serviços comuns, é importante destacar que lei complementar deverá fixar normas 
para cooperação entre os entes federativos, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do 
bem-estar em âmbito nacional (CF, art. 23, parágrafo único). 
Ainda em relação aos serviços comuns, é desejável que os entes federativos envolvidos firmem 
convênios ou consórcios, de forma a otimizar a aplicação dos recursos públicos e elevar a 
qualidade destes serviços. 
União
•defesa nacional
•serviço postal
•serviços de telecomunicações
e energia elétrica
• radiodifusão sonora e de
sons e imagens
•transporte rodoviário
interestadual de passageiros
•transporte internacional de
passageiros
Municípios
•transporte coletivo municipal
•educação infantil e ensino
fundamental (em cooperação
com a União e o estado)
•saúde (em cooperação com a
União e o estado)
•criar, organizar e suprimir
distritos, observada a
legislação estadual
•outros serviços de interesse
local
Estados
•gás canalizado
•competências residuais e
outros assuntos de interesse
regional
todos os entes
(competências comuns)
• saúde e assistência
pública
• educação, cultura, meio
ambiente
• educação para o
trânsito
Késia
Retângulo
Késia
Retângulo
Késia
Destacar
 
 
16 
Acabamos de examinar, neste tópico, a forma de distribuição da titularidade dos serviços públicos. 
Adiante vamos conhecer as formas de prestação dos serviços públicos. Pela clareza, transcrevo a 
passagem de Diogo de Figueiredo Moreira Neto20 quanto a esta distinção: 
Deve-se distinguir, ao tratar de execução de serviços públicos, a titularidade e a prestação. 
A titularidade é exclusiva do ente político ao qual a Constituição haja cometido, explícita 
ou implicitamente, a competência específica. 
Quanto à prestação, tanto poderá ela caber ao titular, dizendo-se direta, como pode ser 
por ele delegada a terceiros, denominando-se indireta. 
 
 
 
20 NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Curso de Direito Administrativo. GenMétodo. 16ª ed. tópico 132 
Késia
Destacar
Késia
Destacar
 
 
17 
FORMAS DE PRESTAÇÃO 
Neste tópico estudaremos as alternativas que a legislação confere aos entes federativos para a 
prestação de serviços públicos. 
Prestação Centralizada ou Descentralizada 
INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA 
A prestação centralizada consiste na prestação pela administração direta, isto é, pelo próprio ente 
federativo, a quem o ordenamento jurídico atribuiu originariamente a titularidade do serviço. Ou 
seja, o Estado será, ao mesmo tempo, titular e prestador do serviço público. 
Já a prestação descentralizada diz respeito ao serviço prestado por pessoa diversa do titular 
original do serviço. A descentralização pode se dar das seguintes formas: 
a) prestação descentralizada por serviços (ou por outorga), em que o serviço é prestado 
por uma entidade da administração indireta. Aqui teríamos a prestação direta e descentralizada. 
Neste caso, teremos a transferência da titularidade e da execução dos serviços. 
b) prestação descentralizada por colaboração (ou por delegação), em que o serviço é 
prestado por particulares. Nesta situação teríamos a prestação indireta e descentralizada. Na 
verdade, a prestação indireta dos serviços públicos sempre será considerada descentralizada. 
Nesta situação, teremos a transferência da execução do serviço, sendo que sua titularidade 
continua com o poder público. 
Aproveito para relembrar as diferenças entre as formas de descentralização: 
 
 
D
es
ce
nt
ra
liz
aç
ão por outorga ou 
serviços
via Lei
a entidades da Administração Indireta
transfere a titularidade e a execução do 
serviçoregra: prazo indeterminado
ex.: INSS, Dnit, Petrobras
por delegação ou
colaboração
via Ato ou Contrato
A particulares
transfere apenas a execução do serviço
por prazo determinado
ex.: serviço público de telefonia fixa
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18 
Um dos detalhes do diagrama acima foi cobrado na seguinte questão: 
FCC/ TRF - 5ª REGIÃO – Técnico Judiciário (adaptada) 
Titularidade e execução de serviços públicos são conceitos que podem ou não estar vinculados à mesma 
pessoa, porque tanto a titularidade, quanto a execução dos serviços públicos devem ser expressamente 
delegadas à iniciativa privada quando o Poder Público pretender prover referidas utilidades de forma 
indireta. 
Gabarito (E). Na delegação à iniciativa privada, por meio de um contrato de concessão, por exemplo, 
transfere-se apenas a execução dos serviços. 
 
Prestação Desconcentrada centralizada ou Desconcentrada 
descentralizada 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA 
No tópico acima anterior estudamos a forma de prestação de serviços públicos quanto à pessoa 
jurídica. Neste, iremos estudá-la tomando por base o órgão público responsável. 
A prestação será considerada desconcentrada centralizada quando o órgão responsável pela sua 
prestação pertencer à estrutura da administração direta. Isto é, o órgão público for resultado do 
processo de desconcentração do ente federado. 
Por outro lado, a prestação será considerada desconcentrada descentralizada quando o órgão 
responsável pela sua prestação pertencer à estrutura da administração indireta. Isto é, após o 
surgimento da entidade, esta se desconcentrou e criou o órgão público responsável pela 
prestação do serviço. 
Prestação Direta ou Indireta 
INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA 
Uma outra forma de visualizar a forma de prestação dos serviços públicos consiste na divisão entre 
prestação direta e indireta. 
A prestação direta consiste na prestação pela própria Administração Pública, seja pelo próprio 
ente federativo (administração direta), seja por pessoas administrativas por ele criadas 
(administração indireta). O que caracteriza a prestação direta é a ausência de contratação de 
terceiros para a prestação21. 
 
21 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 35ª edição, p. 439-440. 
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19 
Exemplo: prestação de serviços de telecomunicações por meio da Telebrás – sociedade 
de economia mista federal. 
 
A prestação indireta, a seu turno, diz respeito ao serviço prestado por particulares, mediante 
concessão ou permissão do poder público. 
Exemplo: prestação de serviços de telecomunicações por meio de delegação a empresas 
privadas, como Claro, TIM, Vivo etc. 
 
Com base nestas premissas, a prestação de serviços públicos pela administração indireta 
é prestada diretamente pelo Estado22. 
 
 
 
22 Apesar de esta ser a conclusão da doutrina predominante, há doutrinadores como Diogo de Figueiredo 
Moreira Neto (16ª ed., item 134.2) que entendem que é indireta a prestação de serviços por meio de 
entidades da administração indireta (descentralização via outorga). 
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20 
REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA 
Para se definir como o serviço vai ser prestado, seu titular detém a prerrogativa de regulamentar 
o serviço público. Tal regulamentação cabe ao ente público que detém a competênciapara prestar 
o serviço, podendo ser realizada por meio de leis, decretos e atos regulamentares infralegais23. 
Reparem que, mesmo se houver a delegação do serviço público a particulares, o poder 
público continua possuindo a competência para sua regulamentação. Isto porque a 
competência da regulação de serviços públicos é atividade estatal exclusiva, indelegável a 
particulares24. 
Apesar de não se admitir a delegação de tal atividade a particulares, o legislador frequentemente 
delega a atividade regulatória a agências reguladoras, autarquias sob regime especial. 
Fazendo uso desta prerrogativa, o poder público poderia, por exemplo, regulamentar que o 
serviço será prestado de modo indireto e, assim, celebrar contratos de concessão ou de permissão 
com particulares. 
Outra atribuição inerente ao titular do serviço público consiste no poder-dever de controlar sua 
prestação. O poder público deve se cercar de cuidados para assegurar que o serviço está sendo 
prestado de acordo com os padrões por ele definidos, de modo a atender aos anseios da 
coletividade, tão dependente da boa qualidade daquele serviço. 
Modernamente, tem-se ampliado a acepção do controle sobre serviços públicos, considerando 
que tal controle deve ser exercido pela própria Administração Pública, mas também pela 
população e por órgãos públicos incumbidos de resguardar interesses da coletividade, a exemplo 
do Ministério Público e órgãos de defesa do consumidor. 
De toda forma, a fiscalização da prestação dos serviços é também atividade típica do Estado, 
indelegável a particulares. 
Se o serviço público é prestado diretamente, pela própria Administração Pública, terá lugar o 
exercício do poder de autotutela e do poder de tutela ou supervisão (no caso de ser prestado por 
entidade da administração indireta). 
 
23 Hely Lopes Meireles assevera que, se estivermos diante de serviço público prestado mediante 
delegação, a regulamentação poderá advir tanto da legislação como das cláusulas contratuais que 
disciplinam o modo e forma de prestação do serviço. 
24 ALEXANDRINO, Marcelo. Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 25ª ed. p. 839 
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21 
Caso o serviço tenha sido objeto de delegação, por meio de um contrato de concessão ou 
permissão, a legislação confere o direito à Administração de intervir na prestação para regularizar 
sua execução, podendo chegar ao ponto de retomar o serviço, caso se identifiquem deficiências 
graves nesta prestação. 
Nesse sentido, a Lei 8.987/1995, que dispõe sobre as concessões e permissões de serviços 
públicos em âmbito nacional, prevê a realização de fiscalização pelo poder concedente (art. 3º), a 
qual poderá ocorrer de duas maneiras (art. 30, parágrafo único): 
i) em caráter permanente: “por intermédio de órgão técnico do poder concedente ou por 
entidade com ele conveniada” ou 
ii) periodicamente: “por comissão composta de representantes do poder concedente, da 
concessionária e dos usuários”, conforme previsto em norma regulamentar. 
- - - - 
Além do controle realizado pelo poder público que delegou a prestação dos serviços (poder 
concedente), em qualquer caso a população em geral poderá acompanhar a execução, realizando 
o chamado controle popular. Nesse sentido, a Constituição Federal prevê a participação do 
usuário dos serviços públicos: 
CF, art. 37, § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração 
pública direta e indireta, regulando especialmente: (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a 
manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e 
interna, da qualidade dos serviços; (..) 
Da mesma forma, a Lei 8.987/1995 assegura a qualquer pessoa a obtenção de informações sobre 
as concessões de serviços públicos: 
Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção de certidão sobre atos, contratos, 
decisões ou pareceres relativos à licitação ou às próprias concessões. 
E, ainda, recomenda a formação de associações de usuários para defesa de interesses relativos ao 
serviço: 
Art. 29, XII - estimular a formação de associações de usuários para defesa de interesses 
relativos ao serviço. 
 
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22 
Por fim, é importante salientar que os órgãos incumbidos da defesa dos interesses coletivos 
poderão acionar o Poder Judiciário para realizar o controle de legalidade de atos e fatos tendentes 
a ameaçar direitos dos usuários. 
- - - - 
 
 
Amigos, acabamos de comentar um grande volume de informação. Sugiro que, antes de 
prosseguir, tire um pequeno tempo e retome a leitura com energias renovadas -) 
 
 
Adiante iremos passar a tratar, de modo mais detalhado, das regras aplicáveis a cada uma das 
seguintes formas de delegação de serviços públicos: 
 
 
 
 
 
Concessão comum (Lei 8.987/1995)
Permissão (Lei 8.987/1995)
Autorização
Parceria Público-Privada - "concessão especial" (Lei 11.079/2004)
 
HORA DO 
INTERVALO! 
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23 
CONCESSÃO E PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO 
No art. 175 da Carta Magna, o Constituinte possibilitou a prestação indireta dos serviços públicos 
delegáveis, a qual será realizada mediante concessão ou permissão, atribuindo a uma lei uma série 
de definições: 
CF, art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de 
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre: 
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter 
especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, 
fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; 
II - os direitos dos usuários; 
III - política tarifária; 
IV - a obrigação de manter serviço adequado. 
 
 
Pela importância em provas, esquematizamos adiante o caput e o parágrafo único deste 
dispositivo constitucional: 
 
 
Incumbe ao 
Poder Público 
a prestação de 
serviços públicos 
sempre através 
de licitação 
diretamente 
sob regime de 
concessão ou 
permissão 
ou 
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24 
 
 
Fazendo uso da prerrogativa constitucional, a União editou a Lei 8.987/1995, que prevê normas 
gerais sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos. Por se tratar 
de normas gerais, repare que tal lei é aplicável em caráter nacional, não apenas às concessões e 
permissões de serviços públicos de competência da União. Portanto, estados, municípios e o 
Distrito Federal devem obediência aos ditames da Lei 8.987/1995. Em síntese, a Lei 8.987/1995 
consiste na Lei Geral de Concessões. 
 
Ainda quanto à aplicabilidade da Lei 8.987/1995 é importante destacar três aspectos: 
1) Estados, municípios e o Distrito Federal poderão editar normas próprias a respeito de 
concessões e permissões de serviços públicos, desde que não contrariem as normas gerais 
constantes da Lei 8.987/1995. Mas, neste caso, eles continuarão sujeitos às normas gerais da lei 
editada pelo Congresso Nacional. 
regime das empresas concessionárias 
e permissionárias 
caráter especial de seu contrato e de 
sua prorrogação 
condições de caducidade, fiscalização 
e rescisão da concessão ou permissão 
direitos dos usuários 
política tarifária 
obrigação de manter serviço 
adequado 
lei disporá sobre 
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25 
2) Há serviços públicos, inclusive de âmbito federal, aos quais não se aplicam integralmente 
as disposições da Lei 8.987/1995. Isto ocorre em razão das particularidades de determinados 
serviços públicos e da opção do legislador. Exemplo disso é o art. 41 da Lei 8.987, que afasta sua 
aplicação aos serviços públicos de radiodifusão sonora (emissoras de rádio) e radiodifusãode sons 
e imagens (emissoras de TV): 
Lei 8.987/1995, art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à concessão, permissão e 
autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens. 
3) Com o advento da Lei sobre PPPs (Lei 11.079/2004), a concessão da Lei 8.987 passou a ser 
considerada “comum”, já que as PPPs são consideradas “concessões especiais”. 
 
Feita esta breve contextualização, passemos aos comentários sobre o regime instituído pela Lei 
8.987/1995! 
 Aspectos Gerais 
INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTÍSSIMA 
Em seu art. 2º, a Lei 8.987/1995 nos traz importantes definições quanto à delegação de serviços 
públicos. 
Primeiramente, define o poder concedente como sendo o ente federativo a quem o ordenamento 
jurídico atribuiu a competência original pela prestação do serviço público. Havendo a delegação 
deste serviço público por meio de concessão ou de permissão, o ente federativo passará a ser 
chamado de poder concedente: 
Lei 8.987/1995, art. 2º, I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o 
Município, em cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou não da 
execução de obra pública, objeto de concessão ou permissão; 
Reparem que o legislador utiliza a expressão “poder concedente” indistintamente para 
concessões e permissões. Isto porque o regramento jurídico a que se submetem as permissões é 
praticamente o mesmo ao aplicável às concessões de serviços públicos (art. 40, parágrafo único). 
Este comentário nos leva às definições legais de “concessão” e “permissão” de serviço público: 
Lei 8.987/1995, art. 2º, II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, 
feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa 
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por 
sua conta e risco e por prazo determinado; (..) 
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26 
IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da 
prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que 
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. 
Sobre a permissão de serviço público, o art. 40 define ainda que: 
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, 
que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, 
inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder 
concedente. 
A partir da comparação entre a literalidade destes dispositivos, podemos extrair as principais 
diferenças entre concessão e permissão de serviços públicos: 
Concessão de serviços públicos Permissão de serviços públicos 
Para pessoas jurídicas ou consórcios de 
empresas 
Para pessoas físicas ou jurídicas 
A licitação prévia deverá ser na 
modalidade concorrência 
A lei não especifica a modalidade licitatória 
A lei não menciona expressamente que 
seria um “contrato de adesão” 
A lei menciona expressamente que é 
“contrato de adesão” 
Não há precariedade, não se admitindo 
a revogação do contrato 
Delegação a título precário, dada a 
possibilidade de revogação unilateral (art. 
40) 
 
Uma destas diferenças foi exigida na seguinte questão: 
CEBRASPE/ TRF - 1ª REGIÃO –Oficial de Justiça Avaliador Federal 
A concessão de serviço público pode ser feita a pessoa física ou jurídica, desde que mediante licitação. 
Gabarito (E) 
 
Além disso, o aluno atento poderia se questionar quanto à menção ao “prazo determinado” na 
definição legal de concessão (art. 2º, II), não constante da conceituação da permissão (art. 2º, IV). 
A despeito desta distinção literal, é importante já adiantar que ambos os contratos possuirão prazo 
determinado – ainda que o contrato de permissão possa ser revogado unilateralmente. 
Para encerrar o exame das definições legais do art. 2º, destaco ainda a conceituação da 
“concessão de serviço público precedida da execução de obra pública”: 
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27 
Art. 2º, III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a 
construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de 
quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante 
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que 
demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o 
investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração 
do serviço ou da obra por prazo determinado; 
Nesta concessão específica, o poder público delega ao concessionário a prestação de 
determinado serviço e, conjuntamente, o autoriza a executar uma obra. Após concluída a obra, a 
concessionária inicia a prestação do serviço, passando a ser remunerada pela exploração da obra 
que ela executou. 
Exemplo: concessão da conservação de uma rodovia, em que o contrato deverá promover 
sua duplicação. 
Em ambos os casos, terá lugar um contrato entre o poder concedente e o delegatário do serviço 
público (concessionário ou permissionário). Em razão disto, dizemos que tanto a concessão como 
a permissão de serviços públicos possuem natureza contratual, de sorte que possuem as mesmas 
características dos demais contratos administrativos: bilaterais, formais, de adesão e celebrados 
intuitu personae. 
 Serviço Público vs Uso de Bem Público 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA 
Antes de avançar, é importante registrar que a concessão de serviço público não se confunde com 
a concessão de uso de bem público. Da mesma forma, a permissão de serviço público é instituto 
diverso da permissão de uso de bem público. 
A concessão de uso de bem público consiste em uma das formas da utilização de bem público por 
particulares. Nesta situação, não há prestação de serviço público, mas apenas a exploração de 
atividade econômica em sentido estrito. Temos, como exemplo, os restaurantes instalados dentro 
dos órgãos públicos. 
O elemento em comum com a concessão de serviço público consiste na natureza contratual, já 
que a concessão de uso é contrato administrativo pelo qual o poder público atribui ao particular 
a utilização exclusiva de determinado bem, para que seja explorado segundo uma destinação. Tal 
concessão em regra deve ser precedida de licitação. 
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28 
No tocante às permissões, a diferença mostra-se ainda mais evidente, na medida em que a 
permissão de uso de bem público é materializada em um ato administrativo, não exigindo a 
realização de licitação prévia. 
Como exemplo podemos citar as bancas de revista situadas em praças. Neste caso, o município 
deve ter autorizado o particular a utilizar aquele bem público para instalar seu ponto de comércio. 
 Princípios dos Serviços Públicos 
INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA 
A Constituição Federal estipula a obrigação de os concessionários e permissionários de serviços 
públicos manterem serviço adequado (art. 175, parágrafo único, IV). 
Regulamentando tal disposição, a Lei 8.987/1995 define serviço adequado da seguinte forma: 
Art. 6º, § 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, 
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das 
tarifas. 
A partir daí temos os princípios legais dos serviços públicos em regime de concessão e permissão, 
sintetizados a seguir: 
 
Princípios 
do 
serviço 
adequado
regularidade
continuidade
eficiência
segurança
atualidade
generalidade
cortesia na 
sua 
prestação 
modicidade 
das tarifas
Késia
Destacar
Késia
Destacar
Késia
Destacar
 
 
29 
 
Antes de comentar cada um destes princípios, vejam uma frase muita utilizada para memorização 
destes princípios: 
 Efigênia, amoreco do general, se cortou. 
EFIciÊNcIA 
AtualidadeMOdicidade das tarifas 
REgularidade 
COntinuidade 
GENERALidade 
SEgurança 
CORTesia na sua prestação 
Agora sim, comentemos brevemente cada um destes princípios25: 
 
 
25 NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Curso de Direito Administrativo. GenMétodo. 16ª ed. Item 131 
• a prestação dos serviços não deve apresentar variação significativa das
suas características técnicas.
Regularidade
• por atender a necessidades essenciais da coletividade, o serviço público
não pode parar.
• Em decorrência deste princípio, a legislação concede prerrogativas à
Administração, como a encampação , o uso compulsório de recursos
humanos da empresa contratada etc.
Continuidade
Késia
Késia
Késia
Késia
 
 
30 
 
A seguir, uma questão de prova a respeito deste assunto: 
CEBRASPE/ TRT - 7ª Região (CE) – Oficial de Justiça Avaliador 
O princípio que determina que os serviços públicos sejam remunerados por valor acessível ao usuário é 
denominado princípio da 
a) modicidade. 
b) continuidade do serviço público. 
c) eficiência. 
d) economicidade. 
Gabarito (A) 
Quanto ao princípio da continuidade, é preciso nos aprofundarmos a respeito de sua amplitude e 
das situações que autorizam o corte no fornecimento de serviços público essenciais. 
Mas vejam como a questão abaixo bem resume a ideia central do princípio da continuidade: 
FCC/ PGE-MT – Técnico (adaptada) 
• o serviço público deve ser prestado da melhor forma possível, com padrões
mínimos de qualidade e ao menor custo possível.
Eficiência
• os serviços devem ser prestados sem colocar em perigo as pessoas e bens
afetos ao serviço.
Segurança
• relaciona-se à utilização de técnicas modernas para a prestação do serviço,
buscando seu contínuo aperfeiçoamento e a expansão do serviço (cláusula
de progresso na qualidade do serviço).
Atualidade
• devem ser ofertados com a maior cobertura possível aos interessados.
Generalidade ou universalidade
• diz respeito ao modo de atuação do prestador do serviço, que deve ser
cortês / urbano.
Cortesia na sua prestação
• as tarifas cobradas pela utilização do sistema devem ser módicas (que tem
significado de acessíveis, comedidas, modestas).
Modicidade das tarifas
Késia
 
 
31 
O princípio da continuidade dos serviços públicos implica, essencialmente, para a Administração pública, o 
dever de não interromper a sua prestação injustificadamente, somente podendo fazê-lo com fundamento 
no ordenamento jurídico. 
Gabarito (C) 
 
Diante disso, é importante destacar que a continuidade se aplica tanto aos serviços administrativos 
(publicação na imprensa oficial etc), como aos serviços públicos econômicos (energia elétrica, água 
etc). 
Além disso, haverá situações em que será legítima a interrupção dos serviços, sem que isto viole 
o princípio da continuidade. 
No plano normativo, ganha destaque as seguintes situações previstas na Lei 8.987/1995: 
Lei 8.987/1995, art. 6º, § 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua 
interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: 
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, 
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. 
§ 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo não 
poderá iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia 
anterior a feriado. 
Reparem, portanto, que a interrupção na prestação dos serviços será admitida: 
(a) em situações de emergência (independentemente de prévio aviso); 
(b) por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações (mediante prévio aviso), 
como ocorre quando é necessária alguma manutenção na rede da concessionária; 
(c) por inadimplemento do usuário (mediante prévio aviso), quando o usuário deixa de pagar 
a fatura de consumo. 
 
Quanto a esta última hipótese (interrupção do serviço por falta de pagamento do usuário), é 
importante destacar a inclusão, por meio da pela Lei 14.015, de junho 2020, do seguinte 
dispositivo legal: 
Késia
Késia
Késia
Késia
 
 
32 
Lei 8.987/1995, art. 6º, § 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 
3º deste artigo não poderá iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em 
feriado ou no dia anterior a feriado. 
O legislador entendeu que, mesmo que o usuário tenha deixado de pagar a fatura do serviço e 
seja dado o prévio aviso, o corte não poderia recair em finais de semana (sábado e domingo), em 
feriados, nem mesmo na véspera do final de semana (sexta-feira) ou de feriado. 
 
 
 
- - - - 
Além de conhecermos a literalidade da lei, comentada acima, é importante destacarmos os 
principais entendimentos jurisprudenciais a respeito da interrupção no fornecimento de serviço 
público. 
Princ. da 
continuidade
Regra: serviço não deve ser 
interrompido
Exceções:
Emergência
Razões de 
ordem técnica
Segurança das 
instalações
Inadimplemento 
do usuário
não recair em final 
de semana, 
feriado, véspera 
de feriado ou 6ª
Prévio 
aviso 
Késia
 
 
33 
 
A partir das teses fixadas pelo STJ26, teremos o detalhamento de situações em que o corte será 
legítimo e, na sequência, situações em que a interrupção não é legítima. 
É legítimo: 
➢ o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente pessoa jurídica de 
direito público, desde que precedido de notificação e a interrupção não atinja as unidades 
prestadoras de serviços indispensáveis à população. 
 
Por outro lado, é ilegítimo: 
➢ o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o direito à saúde e à integridade 
física do usuário. 
➢ o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente unidade de saúde, uma 
vez que prevalecem os interesses de proteção à vida e à saúde. 
➢ o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a inadimplência do usuário decorrer 
de débitos pretéritos, uma vez que a interrupção pressupõe o inadimplemento de conta regular, 
relativa ao mês do consumo. 
 
Quanto ao corte no fornecimento em razão de débito pretérito, em 2018, o STJ27 passou a 
entender possível sua ocorrência, desde que se trate, cumulativamente, de (i) fraude no aparelho 
que efetua a medição, (ii) que ocorra o prévio aviso e que (iii) o débito que fundamente a 
interrupção seja de no máximo 90 dias. 
- - - - 
 
 
26 STJ/Jurisprudência em teses. Edição nº 13; maio/2014 
27 STJ - REsp: 1412433 RS 2013/0112062-1, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 
25/04/2018, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 28/09/2018 
Késia
Késia
Késia
Késia
Késia
Késia
 
 
34 
 
 
A partir do que consta do texto da Lei 8.987 e dos principais entendimentos acima, chegamos ao 
seguinte quadro-esquemático: 
 
 
Um dos casos de interrupção legítima foi cobrado na seguinte questão: 
CEBRASPE/ TCU – Auditor Federal de Controle Externo – Auditoria Governamental 
 
 
35 
Se a prestação do serviço público vier a ser interrompida pela empresa concessionária por motivo de ordem 
técnica, o usuário terá o direito de exigir, judicialmente, o cumprimento da obrigação, visto que a interrupção 
motivada por motivo de ordem técnica caracteriza efetiva descontinuidade do serviço. 
Gabarito (E) 
 
Além dos princípios previstos no art. 6º, §1º, da Lei 8.987, Di Pietro28 destaca os seguintes: 
a) mutabilidade do regime jurídico: é possível a ocorrência de mudanças no regime de 
execução do serviço para adaptação ao interesse público. Assim, não há direito adquirido do 
concessionário/permissionário ou dos usuários à manutenção de determinado regime jurídico. 
Como o interesse público altera-se ao longo do tempo, o contrato também poderá exigir que o 
concessionário adeque a prestação de serviços às necessidades mutantes dos usuários, a partir de 
onde percebemos uma estreita ligação entre os princípios da mutabilidade e da atualidade. 
b) igualdade dos usuários perante osserviços públicos: os usuários devem ser tratados de 
modo impessoal, sem discriminações. No entanto, a Lei 8.987/1995 deixa claro que as tarifas do 
serviço poderão ser diferenciadas em função dos distintos segmentos de usuários (art. 13). 
 Autorização legal 
INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA 
Outro destaque importante é que, como regra geral, o poder público somente poderá delegar a 
prestação de serviços quando houver lei autorizativa. Esta é uma decorrência do art. 2º da Lei 
9.074/1995: 
Lei 9.074, art. 2º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 
executarem obras e serviços públicos por meio de concessão e permissão de serviço 
público, sem lei que lhes autorize e fixe os termos, dispensada a lei autorizativa nos casos 
de saneamento básico e limpeza urbana e nos já referidos na Constituição Federal, nas 
Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e Municípios, observado, 
em qualquer caso, os termos da Lei no 8.987, de 1995. 
 
 
28 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. Item 
4.4 
Késia
 
 
36 
As exceções estão previstas neste mesmo dispositivo, nas quais fica dispensada lei autorizativa, a 
saber: (i) casos previstos no próprio texto constitucional, (ii) saneamento básico e (iii) limpeza 
urbana. 
Diante da exigência de lei autorizativa, Carvalho Filho29 leciona que 
duas serão as vontades necessárias à instituição da concessão ou da permissão: a primeira, 
do administrador que, com vistas à prestação de serviço delegado, proporá a promulgação 
de lei autorizativa, e a segunda do legislador, que, aceitando a proposta, consignará a sua 
autorização. 
 Ato Justificativo 
INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA 
A delegação da prestação do serviço público a um terceiro, em geral, insere-se no juízo de 
discricionariedade do administrador público, sendo muitas vezes uma opção política (decisão de 
governo). 
Em razão disso, além da lei autorizativa (como regra geral), a legislação exige que o titular do 
serviço público, na qualidade de poder concedente, publique ato justificando que é conveniente 
a delegação: 
Art. 5o O poder concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato justificando 
a conveniência da outorga de concessão ou permissão, caracterizando seu objeto, área e 
prazo. 
Este ato deverá anteceder a licitação e delimitará o objeto da delegação, a área e o respectivo 
prazo. 
 Licitação Prévia 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA 
Caso o poder público decida delegar a prestação de um serviço público a terceiros, por meio de 
concessão ou permissão de serviços públicos, além de lei autorizativa e do ato justificativo, exige-
se a realização de licitação prévia, detalhada neste tópico. 
 
29 FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 12.1 
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37 
Obrigatoriedade 
A exigência de licitação prévia decorre do próprio texto constitucional, onde encontramos a 
exigência de que sempre será realizada a licitação: 
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de 
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 
 
Apesar da clareza da literalidade do caput do art. 175 acima, parte da doutrina entende que, em 
alguns casos, caberia a contratação direta (sem licitação) da prestação de serviços públicos. 
Di Pietro30 e Diogo de Figueiredo Moreira Neto31 são defensores da possibilidade de se 
excepcionar a regra da licitação prévia, sendo que o autor exemplifica da seguinte forma: 
Não se deve entender, com efeito, que o comando constitucional do art. 175, caput, vede 
a contratação direta, ainda porque a interpretação sistemática dá primazia ao princípio da 
continuidade do serviço público. Assim, por exemplo, em caso de urgência, pode ser 
necessário celebrar-se uma contratação direta para evitar uma paralisação 
irremediavelmente danosa ao interesse público; 
Para fins de prova, no entanto, é importante conhecer bem a literalidade do comando 
constitucional acima, que foi refletida no seguinte dispositivo legal: 
Lei 8.987, art. 14. Toda concessão32 de serviço público, precedida ou não da execução de 
obra pública, será objeto de prévia licitação, nos termos da legislação própria e com 
observância dos princípios da legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, do 
julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento convocatório. 
Superada esta questão, destaco que a Lei 8.987/1995 cria uma licitação especial, voltada 
especificamente para a contratação da prestação de serviços públicos. 
No regime licitatório próprio da Lei 8.987, teremos regras diferentes daquelas previstas na Lei 
8.666/1993, a exemplo dos critérios de julgamento. Nesse sentido, as normas da Lei 8.666 terão 
aplicação subsidiária nas licitações destinadas a concessões e permissões de serviços públicos. 
 
30 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. Item 
8.8.1.3.2 
31 NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Curso de Direito Administrativo. GenMétodo. 16ª ed. P. 135.5.1 
32 Apesar de o art. 14 mencionar apenas as “concessões”, sabe-se que as “permissões” também devem 
ser precedidas de licitação prévia – art. 2º, IV. 
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38 
Modalidade licitatória 
Tratando-se de concessão, a Lei 8.987 não apenas regulamentou a obrigatoriedade de licitação 
para a escolha do concessionário, mas também fixou as modalidades licitatórias aplicáveis a este 
caso: a concorrência ou diálogo competitivo (art. 26, §1º). 
Em outras palavras, tratando-se de concessão de serviço público, simples ou precedida da 
execução de obra pública, o poder concedente fica obrigado a licitar sob as modalidades 
concorrência ou diálogo competitivo (art. 2º, II e III). 
Quanto às permissões de serviços públicos, no entanto, a lei não exige modalidade licitatória 
específica, limitando-se a mencionar que a contratação se dará “mediante licitação” (art. 2º, IV). 
 
Consoante alerta Carvalho Filho33, há situações excepcionais em que se admite a adoção da 
modalidade leilão previamente à concessão de serviços públicos, como no caso de privatização 
de pessoas administrativas sob controle direto ou indireto da União, com simultânea transferência 
de concessão (Lei 9.074/1995, art. 27, I) e concessões de serviços de geração, transmissão e 
distribuição de energia elétrica (Lei 12.783/2013, art. 8º, caput). 
Critérios de julgamento 
O edital da licitação deverá prever o critério de julgamento das propostas. Diferentemente dos 
critérios previstos na Lei 8.666, a lei de concessões estabelece os seguintes critérios: 
Lei 8.987/1995, art. 15. No julgamento da licitação será considerado um dos seguintes 
critérios: 
I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado; 
II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da 
concessão; 
III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos incisos I, II e VII; 
 
33 FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 399 
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39 
IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no edital; 
V - melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor valor da tarifa do 
serviço público a ser prestado com o de melhor técnica; 
VI - melhor proposta em razão da combinação dos critérios de maior oferta pela outorga 
da concessão com o de melhor técnica; ou 
VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação de propostas técnicas. 
§ 1º A aplicação do critério previsto no inciso III só será admitida quando previamente 
estabelecida no edital de licitação, inclusive com regras e fórmulas precisas paraavaliação 
econômico-financeira. 
§ 2º Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV, V, VI e VII, o edital de licitação conterá 
parâmetros e exigências para formulação de propostas técnicas. 
 
 
 
 
Assim como ocorre em uma licitação regida pela Lei 8.666, o poder público poderá recusar 
propostas notoriamente inexequíveis: 
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40 
Lei 8.987, 1995, art. 15, § 3º O poder concedente recusará propostas manifestamente 
inexequíveis ou financeiramente incompatíveis com os objetivos da licitação 
 
Além disso, é importante destacar que, havendo empate entre propostas de licitantes brasileiras 
e estrangeiras, as empresas brasileiras terão preferência: 
Lei 8.987, 1995, art. 15, § 4º Em igualdade de condições, será dada preferência à proposta 
apresentada por empresa brasileira. 
 
Por fim, é importante anotar um caso de desclassificação de proposta previsto expressamente na 
Lei 8.987/1995: quando o licitante utiliza, para reduzir o valor de sua proposta, subvenção/subsídio 
tributário não previsto em lei ou que não seja comum aos demais licitantes: 
Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta que, para sua viabilização, necessite de 
vantagens ou subsídios que não estejam previamente autorizados em lei e à disposição de 
todos os concorrentes. (..) 
§ 2º Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que trata este artigo, qualquer tipo de 
tratamento tributário diferenciado, ainda que em conseqüência da natureza jurídica do 
licitante, que comprometa a isonomia fiscal que deve prevalecer entre todos os 
concorrentes. 
 
➢ Inversão das etapas 
Com a mudança promovida pela Lei 11.196/2005, a Lei 8.987/1995 passou a admitir que o edital 
preveja a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento (art. 18-A) – idêntica à que se 
observa na modalidade licitatória do pregão (Lei 10.520/2002). 
Caso o edital da licitação contenha tal previsão, após terem sido recebidas e classificadas as 
propostas, avalia-se apenas a documentação de habilitação do licitante mais bem classificado. 
Caso a documentação ateste sua qualificação para a prestação dos serviços, tal licitante será 
declarado vencedor (não se avaliando a documentação de habilitação dos demais licitantes). 
Por outro lado, caso o licitante melhor classificado seja inabilitado, proceder-se-á à análise do 
envelope contendo a documentação do licitante classificado em segundo lugar, e assim 
sucessivamente. 
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41 
Reparem que, caso estivéssemos diante de uma concorrência da Lei 8.666, seriam verificados os 
documentos de habilitação de todos os licitantes e, posteriormente, seria realizada a classificação 
da melhor proposta. 
De toda forma, é importante destacar que a inversão é mera faculdade do poder público. Em 
outras palavras, o poder concedente não está juridicamente obrigado a prevê-la em todas as 
licitações que antecedem contratos de concessão: 
Segue a literalidade do dispositivo comentado: 
Lei 8.987/1995, art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da ordem das fases de 
habilitação e julgamento, hipótese em que: 
I - encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de lances, será aberto 
o invólucro com os documentos de habilitação do licitante mais bem classificado, para 
verificação do atendimento das condições fixadas no edital; 
II - verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante será declarado vencedor; 
III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisados os documentos 
habilitatórios do licitante com a proposta classificada em segundo lugar, e assim 
sucessivamente, até que um licitante classificado atenda às condições fixadas no edital; 
IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto será adjudicado ao vencedor nas 
condições técnicas e econômicas por ele ofertadas. 
Participação de consórcios 
Em muitas ocasiões, dadas as dimensões do território em que será prestado o serviço público, 
pouquíssimas empresas conseguiriam, isoladamente, prestá-lo. Assim, o poder concedente 
poderá permitir a participação de consórcios de empresas na licitação para concessão de serviços 
públicos. Nesta situação, várias empresas se unem para alcançarem o porte necessário para o 
serviço. 
Quando o poder público autorizar a participação de consórcios, deverá exigir o seguinte: 
Art. 19, I - comprovação de compromisso, público ou particular, de constituição de 
consórcio, subscrito pelas consorciadas; 
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio [empresa líder]; 
III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos V [aferição da capacidade técnica, 
jurídica e fiscal de cada empresa] e XIII [condições de liderança] do artigo anterior, por 
parte de cada consorciada; 
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42 
IV - impedimento de participação de empresas consorciadas na mesma licitação, por 
intermédio de mais de um consórcio ou isoladamente. 
Apesar de haver a formação de um consórcio formado por várias empresas, uma delas será 
responsável perante o poder público – esta será chamada de empresa líder do consórcio: 
Art. 19, § 2o A empresa líder do consórcio é a responsável perante o poder concedente 
pelo cumprimento do contrato de concessão, sem prejuízo da responsabilidade solidária 
das demais consorciadas. 
Reparem o seguinte: 
- perante o poder público, a empresa líder se torna responsável exclusiva; 
- no entanto, entre as próprias empresas consorciadas, a responsabilidade é solidária. 
 
Por fim, há duas regras semelhantes quanto à participação de consórcios que não devem ser 
confundidas: 
Art. 19, § 1o O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da celebração do 
contrato, a constituição e registro do consórcio, nos termos do compromisso referido no 
inciso I deste artigo. 
Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que previsto no edital, no interesse do 
serviço a ser concedido, determinar que o licitante vencedor, no caso de consórcio, se 
constitua em empresa antes da celebração do contrato. 
 
Após a licitação, mas antes da celebração do contrato, o consórcio vencedor deverá se constituir 
formalmente e registrar formalmente o consórcio, conforme se comprometeu durante a licitação. 
Esta é uma obrigação do consórcio vencedor, prevista no §1º acima. 
Além disso, quando o poder concedente entender conveniente, poderá exigir um outro nível de 
formalização jurídica: a constituição do consórcio como empresa – antes da celebração do 
contrato. Esta faculdade, prevista no art. 20 acima, somente poderá ser exercida caso prevista no 
edital. 
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43 
Participação do autor do projeto 
Diferentemente do regime previsto na Lei 8.666/1993, em que o autor do projeto básico ou 
executivo está impedido de participar da licitação34, nas licitações para concessões e permissões 
de serviços públicos, inclusive nas PPPs, tal participação é permitida! 
Esta é mais uma das diferenças entre o regime licitatório da Lei 8.666 e as licitações para delegação de 
serviços públicos. Assim, nos termos do art. 31 da Lei 9.074/1995 (que dispõe sobre outorgas de concessões 
e permissões), temos que: 
Lei 9.074/1995, art. 31. Nas licitações para concessão e permissão de serviços públicos ou 
uso de bem público, os autores ou responsáveis economicamente pelos projetos básico 
ou executivo podem participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de 
obras ou serviços. 
Participação de empresas estatais 
A participação de empresas estatais em licitações para concessão de serviços públicos foi 
autorizada pelo art. 32 da Lei 9.074/1995. 
Indo além, para viabilizar que as estatais formulem suas propostas de preços, o mesmo dispositivo 
permitiu que a entidade pública assine pré-contratos com terceiros,mediante dispensa de 
licitação. 
 
Mas, como assim? 
Para prestar o serviço público, muitas vezes a estatal irá depender do fornecimento de insumos 
por terceiros. Assim, necessitará saber de quem irá adquirir tais insumos e o respectivo valor. No 
entanto, como ainda não se sabe se sairá vitoriosa da licitação, são assinados “pré-contratos”, que 
podem ou não se efetivarem em “contratos” propriamente ditos, mas permitem a formulação de 
propostas. 
Dessa forma, para não inviabilizar a formulação de preços da estatal, a assinatura destes pré-
contratos pode ocorrer sem licitação prévia. Veja, portanto, que a Lei 9.074 acabou criando mais 
 
34 Lei 8.666/1993, art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução 
de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles necessários: 
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica; (..) 
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44 
um caso de dispensa de licitação, além daqueles previstos no art. 29 da Lei 13.303/2016 (Lei das 
Estatais). 
 Quanto a esta situação, José dos Santos Carvalho Filho35 faz o seguinte alerta: 
Logicamente tais pré-contratos dependem, para transformar-se em contratos definitivos, 
de ser a empresa estatal vitoriosa no processo licitatório. Se o for, os contratos, agora 
definitivos, terão que ser apreciados pelos órgãos de controle externo aos quais tenha sido 
cometida essa função fiscalizadora. Com isso, poder-se-á evitar que, para vencer a licitação, 
a empresa estatal celebre contratos lesivos ao erário. 
 
Cláusulas Essenciais dos Contratos 
INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA 
Tendo havido a (i) autorização legal – regra geral, (ii) a publicação do ato justificativo e (iii) a 
realização da licitação prévia, terá lugar a assinatura do contrato de concessão. 
A este respeito, o art. 23 da Lei 8.987/1995 prevê uma série de cláusulas essenciais, que devem 
ser incluídas nos contratos de concessão, a seguir sintetizadas: 
 
35 FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 401-402 
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45 
 
 
Os bens reversíveis, listados acima e previstos no art. 23, X, consistem naqueles bens que são 
indispensáveis à prestação do serviço e à sua continuidade. Ao final do prazo da concessão, eles 
serão revertidos ao poder concedente (titular do serviço), de sorte que sua propriedade passa a 
ser do poder concedente. Em uma concessão de serviço ferroviário, seriam os trilhos daquela 
estrada seriam considerados bens reversíveis. 
Quanto ao foro para solução das divergências contratuais (art. 23, XV), é oportuno destacar que é 
possível a utilização de mecanismos privados de resolução de conflitos, a exemplo da arbitragem: 
Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos privados 
para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a 
arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, 
de 23 de setembro de 1996. 
 
Tal regramento foi exigido na questão a seguir: 
C
lá
u
su
la
s 
es
se
n
ci
ai
s
objeto, prazo e área da concessão
modo, forma e condições de prestação do serviço
parâmetros definidores da qualidade do serviço
preço do serviço e critérios para reajuste e revisão das tarifas
direitos e obrigações do poder concedente
direitos e obrigações da concessionária
direitos e deveres dos usuários
forma de fiscalização da execução do serviço
penalidades contratuais e administrativas
casos de extinção da concessão
bens reversíveis
indenizações devidas à concessionária, quando for o caso
condições para prorrogação
normas sobre prestação de contas ao poder concedente
exigência da publicação de demonstrações financeiras da 
concessionária
foro para solução das divergências contratuais
Késia
Késia
Késia
 
 
46 
FCC/ SEGEP-MA – Procurador do Estado (adaptada) 
O regime jurídico da prestação de serviços públicos, estatuído pela Lei nº 8.987/95 e legislação correlata, 
impõe a adoção obrigatória de arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, para resolução 
de disputas decorrentes do contrato de concessão de serviço público. 
Gabarito (E). Apesar de possível, a adoção da arbitragem não é obrigatória. 
Por fim, tratando-se de concessão de serviço público precedido da execução de obra pública, os 
contratos deverão ainda prever as seguintes cláusulas: 
Lei 8.987/1995, art. 23, parágrafo único, I - estipular os cronogramas físico-financeiros de 
execução das obras vinculadas à concessão; e 
II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária, das obrigações relativas às 
obras vinculadas à concessão. 
Vimos, neste tópico, que o prazo e as condições para prorrogação são cláusulas essenciais de um 
contrato de concessão. Adiante vamos detalhar as características do prazo das concessões. 
Prazo 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA 
A própria definição legal de concessão determina que esta se seja celebrada por prazo 
determinado (art. 2º, II e III). 
Apesar disso, a Lei 8.987 não define prazos mínimos ou máximos (diferentemente do que ocorre 
em relação às PPPs). 
A legislação prevê prazos específicos para cada serviço delegado, a exemplo do serviço de 
geração de energia elétrica, cujo prazo máximo será de 35 ou 30 anos, nos termos do art. 4º, §§2º 
e 3º, da Lei 9.074/1995. 
Quanto às permissões, a despeito de seu caráter precário e da possibilidade de revogação 
unilateral, a doutrina tem entendido que seus contratos também devem conter cláusula definidora 
do prazo, dada a menção ao “prazo” no art. 5º da Lei 8.987/1995 e à “prorrogação”, no art. 175, 
parágrafo único, da CF. 
Contratações realizadas pelo Concessionário/Permissionário 
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA 
Para viabilizar a prestação dos serviços, o concessionário invariavelmente será obrigado a admitir 
pessoal, adquirir bens e contratar a prestação de serviços acessórios (terceirização). 
Késia
Késia
Késia
Késia
Késia
 
 
47 
É importante destacar que estes contratos celebrados pelo concessionário/permissionário não são 
regidos pelo direito público. Além disso, a legislação deixa claro que o poder concedente não se 
responsabiliza pelas contratações realizadas pelo concessionário: 
Art. 31, parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-de-obra, feitas pela 
concessionária serão regidas pelas disposições de direito privado e pela legislação 
trabalhista, não se estabelecendo qualquer relação entre os terceiros contratados pela 
concessionária e o poder concedente. 
 
A partir do dispositivo acima, percebam que, tratando-se da contratação de pessoal próprio, tais 
vínculos serão regidos pela legislação trabalhista (CLT). 
- - - - 
Outra possibilidade consiste na contratação de outas empresas para prestação de serviços 
acessórios (terceirização), aqui chamada de subcontratação. Segundo Di Pietro, a subcontratação 
consiste na “terceirização ou contratação de terceiros para a prestação de serviços ou de obras 
ligados à concessão”. 
A possibilidade de subcontratação de atividades acessórias encontra-se assim prevista na Lei 
8.987/1995: 
Art. 25, § 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se refere este artigo, a concessionária 
poderá contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou 
complementares ao serviço concedido, bem como a implementação de projetos 
associados. 
Vejam a seguir dois exemplos: 
Exemplos: uma concessionária de infraestrutura aeroportuária que contrata outra 
empresa para realizar a limpeza dos banheiros do aeroporto; uma concessionária de gás 
canalizado que contrata outra empresa para realizar a manutenção de sua frota de 
veículos. 
 
Retornando ao art. 31, parágrafo único, acima, lembro que tais ajustes são regidos pelo direito 
privado. 
Isto porque, nestes casos, não está sendo transferida a própria prestação dos serviços. Em razão 
disso, a subcontratação não depende de autorização do poder concedente ou da realização

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