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E-Book - Apostila Esse arquivo é uma versão estática. Para melhor experiência, acesse esse conteúdo pela mídia interativa. Unidade 4 – O que há ainda para aprender no Direito Administrativo? E-Book - Apostila E-Book - Apostila 2 - 44 Introdução da unidade Olá, caro(a) aluno(a)! Espero encontrá-lo(a) bem. Continuando nossos estudos, veremos como ainda há muito a ser aprendido no âmbito do Direito Administrativo. O Direito, sendo uma área fluida, que acompanha a evolução da sociedade, não é estático nem absoluto, ou seja, se relaciona com o tempo e com o contexto social, político ou moral da sociedade. Desse modo, o direito contemporâneo nada mais é do que uma evolução do complexo de relações no âmbito social. Nessa perspectiva, estudaremos o instituto da responsabilidade civil do Estado, que surgiu da ideia de que a Administração Pública deve se submeter ao direito posto e ser responsabilizada nos casos em que seus agentes causarem danos aos particulares. Conforme já estudamos, quando se fala do dever de ressarcir particulares por danos causados pela Administração, fala-se em responsabilidade extracontratual, em outras palavras, a responsabilidade não é decorrente de contrato ou vínculo pretérito com o sujeito a ser indenizado. Em seguida, serão abordados os mecanismos através dos quais se possibilita o exercício do poder de fiscalização e revisão da atividade administrativa nas esferas do Poder. Veremos, então, aspectos relacionados ao controle da Administração Pública. Trata-se do poder/dever que a Administração tem de vigilância, orientação e correção sobre suas condutas funcionais, com fundamento no princípio da legalidade e da legitimidade. O controle da Administração Pública é exercido por todos os Poderes do Estado, já que ele é essencial para que a atuação administrativa esteja em conformidade com a lei e com os princípios constitucionais. Nesse sentido, dada a sua importância e maior incidência prática, estudaremos, especificamente, o controle judicial da Administração Pública, que é exercido pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os atos administrativos exercidos pelo Poder Executivo, Legislativo e do próprio Judiciário — quando este realiza atividade administrativa. Veremos que a ação popular é uma das ferramentas mais interessantes à disposição do cidadão para a promoção da defesa da legalidade, da moralidade e da probidade dos atos emanados pelos agentes da administração pública. Por fim, faremos uma retomada dos principais pontos da nossa disciplina de Direito Administrativo. Responsabilidade civil do Estado por atos de terceiros E-Book - Apostila 3 - 44 Etimologicamente, responsabilidade é a qualidade daquele(a) que é responsável ou então a obrigatoriedade de responder por atos próprios ou de terceiros. Assim, quando se pensa em responsabilidade, a primeira ideia que deve vir à mente é a noção de "resposta", uma réplica dirigida a alguém em razão de alguma ação ou omissão praticada. FIGURA 1 - Incêndios florestais Fonte: VECTORJUICE / FREEPIK. E-Book - Apostila 4 - 44 Pode significar tanto uma obrigação moral, jurídica ou profissional. No âmbito do Direito, a responsabilidade traduz a circunstância, o dever de alguém responder perante a ordem jurídica, por algum fato ocorrido, de modo que são dois elementos inseparáveis do instituto: o fato e a sua imputabilidade a alguém. Em outras palavras, é essencial que um fato ocorra, seja ele omissivo ou comissivo, para dar origem a essa situação jurídica, e que a pessoa culpada tenha a aptidão jurídica para responder por aquele perante a ordem jurídica. Ao tratar sobre responsabilidade, percebe-se que há uma diversidade de normas a respeito do tema, o que acarreta, na mesma proporção, uma diversidade dos tipos de responsabilidade, podendo se falar de responsabilidade civil, caso a norma jurídica contemplada seja de direito civil, ou responsabilidade penal, se a norma tem natureza penal. Dando continuidade aos nossos estudos sobre a responsabilidade civil da Administração Pública, especificamente no tocante à responsabilidade contratual, veremos como ocorre a responsabilização do Estado por atos praticados por terceiros., assista ao vídeo abaixo e entenda um pouco mais sobre esse assunto, falaremos sobre: responsabilidade extracontratual; evolução histórica; teoria da irresponsabilidade; teoria civilista. Vamos lá? Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo Seguindo a partir do que foi apresentado no vídeo, podemos continuar nos debruçando sobre a temática. Vamos lá? Teoria publicista Indicando uma necessidade de separar o direito privado, típico das relações entre particulares, do direito público, inerente às relações praticadas pelos entes da Administração, a jurisprudência francesa foi responsável por dar o primeiro passo nesse sentido. Clique na imagem para interagir com o conteúdo. E-Book - Apostila 5 - 44 Esse foi o famoso caso Blanco, que deu origem às teorias publicistas da responsabilidade civil do Estado. Teoria da culpa do serviço Ainda como resultado do caso Blanco, surgiu a denominada teoria da culpa do serviço ou culpa administrativa ou teoria do acidente administrativo. Nessas hipóteses, busca-se desvincular a responsabilidade do Estado da ideia de culpa do funcionário da administração, ou seja, dividia-se a culpa individual do funcionário, quando ele respondia individualmente por atos danosos praticados, da culpa pelo serviço público, quando não era possível identificar o funcionário responsável, considerando-se que o serviço público não funcionou, funcionou atrasado ou não funcionou bem, responsabilizando-se o Estado, independentemente da apreciação de culpa do funcionário (CARVALHO FILHO, 2018, on-line). Trata-se do embrião da responsabilidade objetiva do Estado. Teoria do risco Seguindo a evolução histórica da responsabilidade civil do Estado, passa-se a adotar, em algumas hipóteses, a chamada teoria do risco, que tem por base o princípio da igualdade de todos em face dos encargos sociais. Entende-se que são repartidos entre todos os cidadãos os benefícios e prejuízos decorrentes da atuação estatal, sendo que, quando ocorre uma situação capaz de romper esse equilíbrio, o Estado deve responsabilizar-se e indenizar o prejudicado. Em 1873, na cidade de Bordeaux, uma menina chamada Agnès Blanco atravessava a rua quando foi atropelada por um veículo da Companhia de Manufatura do Fumo, pertencente ao Estado. Diante do trágico desfecho, o pai de Agnès Blanco propôs uma ação civil indenizatória em face do Estado, argumentando que ele seria civilmente responsável por prejuízo causado a terceiros, em razão de atos danosos cometidos por seus agentes. "Suscitado conflito de atribuições entre a jurisdição comum e o contencioso administrativo, o Tribunal de Conflitos decidiu que a controvérsia deveria ser solucionada pelo tribunal administrativo, porque se tratava de apreciar a responsabilidade decorrente de funcionamento do serviço público. Entendeu-se que a responsabilidade do Estado não pode reger-se pelos princípios do Código Civil, porque se sujeita a regras especiais que variam conforme as necessidades do serviço e a imposição de conciliar os direitos do Estado com os direitos privados" (DI PIETRO, 2018, on-line). E-Book - Apostila 6 - 44 FIGURA 1 - Evolução do homem Fonte: CHENSPEC / PIXABAY. A culpa, dentro da teoria do risco, é substituída pelo nexo de causalidade, que corresponde à relação entre o serviço público prestado e o prejuízo suportado pelo cidadão, sendo indiferente que este tenha sido prestado de formaregular ou irregular. Fala-se, então, da responsabilidade objetiva, já que prescinde da demonstração de elementos subjetivos, como o dolo ou culpa. Os doutrinadores, inclusive, costumam dividir a teoria em duas modalidades: a teoria do risco administrativo, em que se admite causas excludentes de responsabilidade do Estado, e a teoria do risco integral, em que não se admite (MEIRELLES, 2004, p. 535). Responsabilidade civil do Estado no direito positivo brasileiro Tomando por base a evolução histórica traçada acima, é importante destacar o marco inicial da responsabilidade civil do Estado na perspectiva nacional. Inicialmente, destaca-se que, no Brasil, não tivemos a fase da irresponsabilidade da Administração Pública. Durante a vigência das Constituições Federais de 1824 e 1891, não foi prevista nenhuma norma constitucional específica sobre a responsabilidade do Estado, mas, por outro lado, havia leis ordinárias que a estabeleciam, aplicada de forma solidária à responsabilidade dos funcionários. E-Book - Apostila 7 - 44 Na fase da teoria civilista, o principal marco foi o estabelecimento da responsabilidade subjetiva no Código Civil de 1916, que previu que: “as pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis por atos de seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo do modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo direito regressivo contra os causadores do dano” (BRASIL, 1916, on-line). Já a Constituição de 1934 passou a adotar o princípio da responsabilidade solidária entre o Estado e seus funcionários nos casos de prejuízos decorrentes de omissão, negligência ou abuso no exercício de suas funções, sendo essa norma mantida na Constituição Federal de 1937 (DI PIETRO, 2018, on-line). Mais recentemente, o Código Civil de 2002 abandonou a norma do antigo diploma civilista e determinou, em seu artigo 43, que: “as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos de seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores de dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo" (BRASIL, 2002, on-line). Sua redação, no entanto, não abrangeu as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público, como o fez a Constituição Federal. Clique abaixo nas caixas em azul e confira a evoluão da responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. Recurso Externo A mais impactante evolução se deu a partir do momento em que a responsabilidade do Estado, no Brasil, configurou-se como objetiva, sendo seu marco a Constituição de 1946, de modo que todas as constituições seguintes não inovaram no texto legal, sendo este somente aperfeiçoado (CARVALHO, 2018, p. 342). Para fazer frente a essa alteração de entendimento, foram retirados da lei os elementos da conduta contrária ao direito e da inobservância de dever legal, que davam ensejo à aplicação da responsabilidade subjetiva. ATENÇÃO E-Book - Apostila 8 - 44 Recurso é melhor visualizado no formato interativo Na Constituição Federal de 1988, portanto, estão compreendidas as regras da responsabilidade objetiva do Estado, incluindo o ato lesivo praticado por pessoa jurídica de direito público ou pessoa jurídica de direito privado, que preste serviço público, como as empresas públicas, as sociedades de economia mista e outras que recebam delegação do Poder Público para a prestação do serviço público. Essa alteração foi muito positiva, uma vez que não fazia sentido que pessoas jurídicas de direito privado, que executassem serviços públicos em razão de delegação, não fossem responsabilizados por prejuízos causados a terceiros, já que o pressuposto seria o mesmo: a prática de conduta lesiva no exercício de função pública que cause danos aos cidadãos. Assim, sinteticamente, podemos dizer, com segurança, que o Estado se sujeita à teoria da responsabilidade civil objetiva. Refletindo sobre a responsabilidade objetiva do Estado A Constituição Federal de 1988, portanto, aduz acerca da responsabilidade civil objetiva do Estado: Desse modo, há alguns requisitos para se configurar o dever do Estado de indenizar, em razão da responsabilidade civil. Primeiramente, conforme já mencionado acima, exige-se que o ato lesivo seja praticado por agente de pessoa jurídica de direito público ou pessoa jurídica de direito privado, prestadora de serviço público, incluindo agentes políticos, administrativos ou particulares em colaboração com a Administração Pública, desde que ajam nessa qualidade, ou seja, o agente deve estar agindo no exercício de suas funções. Ainda, é preciso que exista um dano causado a terceiros, ou seja, aos usuários do serviço público. "Art. 37. § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurando o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa" (BRASIL, 1988, on-line). E-Book - Apostila 9 - 44 O ato lesivo a que se refere é aquele antijurídico, que não pode ser entendido simplesmente como o ato ilícito, mas, sim, como todo ato causador de dano anormal e específico a determinada pessoa, capaz de romper com o princípio da igualdade. Nesse sentido, um dos pressupostos da responsabilidade objetiva para responsabilização do Estado é a prática de ato ilícito ou ato lícito que cause dano anormal e específico (DI PIETRO, 2018, on-line). REFLITA Atualmente, nós sabemos que é pacífico o entendimento de que o dever de indenizar do Estado emerge do nexo causal existente entre um fato administrativo e o dano. Quando se fala em dano, logo se pensa que ele é produto de um ato ilícito praticado por alguém. Mas, imagine a situação de policiais civis que se encontram em perseguição a um bandido e batem na traseira de um veículo que estava no meio do caminho. Nesse caso, há a responsabilidade civil do Estado pelos danos causados ao motorista do veículo atingido, tendo em vista que não houve ato ilícito? A resposta é sim, já que não só os atos ilícitos, como também os atos lícitos dos agentes públicos são capazes de gerar a responsabilidade extracontratual do Estado. E-Book - Apostila 10 - 44 É interessante refletirmos acerca da aplicabilidade do artigo 37, §6º da CF para os casos de omissão do Poder Público. O ato antijurídico abrange tanto ações quanto omissões da Administração Pública? Essa discussão não é tão pacífica na doutrina e na jurisprudência (DI PIETRO, 2018, on-line). Alguns doutrinadores entendem que a norma constitucional inclui tanto os atos comissivos quanto os atos omissivos do agente público, tendo em vista a possível dificuldade que o usuário teria em demonstrar o elemento subjetivo no caso de omissão. Por outro lado, também há o entendimento de que, no caso de omissão, a responsabilidade seria objetiva, ensejando a aplicação da teoria da culpa do serviço público. Em todos os casos, a omissão do Poder Público advém do fato de que ele tem o dever e a possibilidade de agir para evitar o dano, devendo a situação ser analisada especificamente, aplicando-se o princípio da razoabilidade, ou seja, analisando o que seria razoável exigir do Estado para evitar o dano. Para entender um pouco mais sobre a responsabilidade civil do Estado por omissão, veja o Saiba Mais a seguir. SAIBA MAIS E-Book - Apostila 11 - 44 Em fevereiro de 2021, o Supremo TribunalFederal proferiu acórdão de mérito da questão constitucional suscitada no Tema 366, decidindo que a responsabilidade do Estado por omissão na fiscalização não exige a "violação de um dever jurídico específico de agir", ou seja, a imposição de determinada conduta pelo ordenamento jurídico não autoriza, por si só, a responsabilidade civil por danos advindos de evento, devendo ser analisado o caso concreto. Copie o link abaixo em seu navegador e confira da página 124 à 141: https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/56/223/ril_v56_n223_p123.pdf. Nesse ponto, podemos pensar acerca dos fatos imprevisíveis, aqueles eventos que ocorreram sem que fosse possível estar preparado(a) para evitar seus prejuízos. Tais fatos imprevisíveis são denominados de força maior e caso fortuito, sendo irrelevante para nós, nesse momento, diferenciar os institutos. FIGURA 1 - Carros em dia de chuva Fonte: JOSEMDELAA / PIXABAY. https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/56/223/ril_v56_n223_p123.pdf E-Book - Apostila 12 - 44 O importante é que você perceba que, em ambos os casos, há uma imprevisibilidade inerente a esses fatos, e essa característica culmina na exclusão da responsabilidade do Estado, já que o nexo causal deixa de existir: o fato não foi praticado por agente estatal. Por certo que, mais uma vez, exige-se a análise caso a caso, de modo que é possível que haja a imputação proporcional da responsabilidade civil ao Estado, quando ele tiver certo poder de ação sobre o fato danoso (CARVALHO FILHO, 2018, on-line). A defesa do Estado contra imputação de ato lesivo praticado por ele consiste na demonstração da inexistência do fato administrativo, do dano ou então a ausência de nexo causal entre o fato e o dano (CARVALHO FILHO, 2018, on-line). Ainda, é evidente que não será toda situação que acontece no meio social capaz de ensejar a aplicação da responsabilidade objetiva do Estado, sendo imprescindível verificar o comportamento do lesado naquela situação específica: Se o lesado em nada contribuiu para o dano que lhe causou a conduta estatal, é apenas o Estado que deve ser civilmente responsável e obrigado a reparar o dano. Entretanto, pode ocorrer que o lesado tenha sido o único causador de seu próprio dano, ou que ao menos tenha contribuído de alguma forma para que o dano tivesse surgido. No primeiro caso, a hipótese é de autolesão, não tendo o Estado qualquer responsabilidade civil, eis que faltantes os pressupostos do fato administrativo e da relação de causalidade. O efeito danoso, em tal situação, deve ser atribuído exclusivamente àquele que causou o dano a si mesmo. Se, ao contrário, o lesado, juntamente com a conduta estatal, participou do resultado danoso, não seria justo que o Poder Público arcasse sozinho com a reparação dos prejuízos. Nesse caso, a indenização devida pelo Estado deverá sofrer redução proporcional à extensão da conduta do lesado que também contribuiu para o resultado danoso (CARVALHO FILHO, 2018, on-line). E-Book - Apostila 13 - 44 A partir da exposição, fica fácil concluir que será preciso analisar caso a caso para se definir a ocorrência e a extensão da responsabilidade civil do Estado por ato praticado por terceiro, de modo que a indenização deve acompanhar o grau de participação do Estado na conduta danosa. Aplica-se, portanto, o sistema da compensação das culpas no direito privado. Em relação ao Poder Judiciário, a doutrina e jurisprudência ainda não adotam um entendimento unânime, mas é majoritária a adoção da irresponsabilidade do ente público por atos jurisdicionais típicos, ou seja, em julgamentos, dizendo o direito no caso concreto e dirimindo os conflitos que lhe são levados, quando da aplicação da lei. Caso alguma das partes se sinta lesada, a ela é garantido o direito recursal, submetendo o julgamento a uma revisão por novos julgadores. Contudo, apesar do entendimento de que o Estado não é responsável por decisões judiciais, há uma exceção expressa em nossa Constituição Federal, especificamente no art. 5°, LXXV: "o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença" (BRASIL, 1988, on-line). Assim, o Estado deve ser responsabilizado pelos danos que decorram de privação de liberdade por erro judiciário (CARVALHO, 2018, p. 363). Já no tocante ao Poder Legislativo, para analisar a responsabilidade civil, devemos diferenciar as leis de efeitos concretos, que são leis em sentido formal, sem estabelecer normas gerais ou abstratas, das leis em sentido formal e material, que são os atos legislativos típicos, emanados pelo legislativo. Nos casos de leis de efeitos concretos, como uma lei que estabelece um terreno privado como área de utilidade pública para fins de desapropriação, há a responsabilidade civil do ente que a emanou. Outra interessante reflexão, no âmbito da extensão dos atos lesivos praticados pelo Estado, cinge à responsabilidade civil do Estado por atos jurisdicionais e atos legislativos. Antes de mais nada, cumpre-nos relembrar que, atualmente, é considerado agente público toda aquela pessoa que atua em nome do Estado, incluindo o magistrado e os legisladores, como os vereadores, deputados ou senadores. ATENÇÃO E-Book - Apostila 14 - 44 Por outro lado, tratando-se de leis em sentido formal e material, temos que a função legislativa retrata uma parcela da soberania do Estado, não estando sujeita à responsabilização. Além disso, tais leis emanam comandos gerais e abstratos, não causando um dano específico a uma determinada pessoa. A exceção da responsabilidade civil do Estado em caso de leis em sentido formal estaria nos casos em que houvesse um dano específico causado a alguém em razão de ato normativo declarado inconstitucional (CARVALHO, 2018, p. 363). Reparação do dano Primeiramente, devemos relembrar que o dano nem sempre terá cunho patrimonial, eis que, diante da evolução da responsabilidade civil, há o reconhecimento jurídico de outras formas de dano, como o dano moral. Após verificada a ocorrência do ato antijurídico, praticado pela Administração Pública, a reparação dos danos deve ser buscada, inicialmente, no âmbito administrativo, diretamente com a pessoa jurídica responsável. Caso a Administração reconheça sua responsabilidade e as partes estejam concordes com os termos da reparação do dano, a controvérsia é resolvida logo ali. Caso contrário, há a possibilidade do lesado buscar a reparação através do Poder Judiciário, em ação de indenização contra a pessoa jurídica causadora do dano. Em alguns casos, pode ocorrer que o ente responsabilizado promova a denunciação da lide daquele funcionário que está obrigado a indenizar o prejuízo da demanda, havendo um litisconsórcio facultativo. Controle da Administração Pública Quando falamos em "controle", devemos remeter à ideia de um conjunto de mecanismos e instrumentos capazes de realizar a vigilância, a orientação e a correção de certos atos. Dessa forma, o controle da Administração Pública envolve a fiscalização da atuação administrativa com a aplicação de correções quando ela se distancia das regras e dos princípios do ordenamento jurídico. Como veremos, esse é um tema que vem experimentando muitas mudanças nos últimos anos. E-Book - Apostila 15 - 44 FIGURA 1 - Avaliação e controle Fonte: PEXELS / PIXABAY. Não há um código de normas específico regendo e disciplinando o controle da atuação administrativa, mas ela tem por fundamento a Constituição Federal e é regulamentada por algumas leis infraconstitucionais que procuram garantir um certocontrole sobre a atuação do Estado. Assim, sustenta-se sobre o pilar do princípio da legalidade, que determina que a Administração Pública deve se sujeitar ao que a lei determina e sobre o pilar do princípio das políticas administrativas, segundo o qual a Administração Pública deve estabelecer suas diretrizes, metas e prioridades com fundamento único no interesse público e coletivo (CARVALHO FILHO, 2018, on-line). A proposta do controle da atividade administrativa parte da noção de que, em uma República, o titular do patrimônio público são os próprios cidadãos, enquanto o Estado atuaria como um gestor da coisa alheia, cabendo àqueles exercerem o controle dos atos administrativos, que devem obedecer ao princípio da supremacia e indisponibilidade do interesse público. Nesse sentido, a atual compreensão do Direito Administrativo condiciona a atuação do agente público à satisfação das necessidades coletivas apuradas, cabendo, para tanto, o controle do cidadão e da própria Administração sobre ela. Em síntese, o controle é essencial para conferir legitimidade à atuação do poder público. E-Book - Apostila 16 - 44 Conceito e abrangência Na atuação prática de suas competências e no exercício de suas funções, a Administração Pública fica sujeita ao controle por parte dos Poderes Legislativo e Judiciário e também do controle exercido por ela mesma sobre os próprios atos. O controle da Administração Pública é: Vejamos, agora, o significado de Matheus Carvalho. o conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se exerce o poder de fiscalização e de revisão da atividade administrativa em qualquer das esferas de Poder (CARVALHO FILHO, 2018, on- line). Pode-se conceituar controle administrativo como o conjunto de instrumentos definidos pelo ordenamento jurídico a fim de permitir a fiscalização da atuação estatal por órgãos e entidades da própria Administração Pública, dos Poderes Legislativo e Judiciário, assim como pelo povo diretamente, compreendendo ainda a possibilidade de orientação e revisão da atuação administrativa de todas as entidades e agentes públicos, em todas as esferas de poder (CARVALHO, 2018, p. 386). E-Book - Apostila 17 - 44 Analisando os conceitos, é possível estabelecermos alguns elementos do instituto. Assim, fica evidente o caráter de fiscalização e conferência do instituto, cujo propósito é confirmar a adequação da atuação administrativa aos princípios e regras estabelecidos pelo sistema jurídico. Vejamos, a seguir, como o controle é disciplinado em âmbito normativo. Criações legislativas que estabelecem o controle da administração Como já mencionado, a matéria do controle da administração sofreu importantes modificações em razão da evolução do próprio Direito Administrativo. A primeira questão que merece atenção é o fato de que o controle pode se dar tanto em âmbito judicial quanto em âmbito administrativo. A segunda observação nos faz concluir que a fiscalização e a revisão são noções elementares do controle, ou seja, o poder de verificação sobre a regularidade da atividade realizada e o poder de corrigir condutas administrativas. O terceiro ponto destaca a ampla abrangência do controle, que alcança toda atividade administrativa praticada pelos Poderes da República, de maneira que estão sujeitos à fiscalização e revisão os órgãos da administração direta e indireta. ATENÇÃO E-Book - Apostila 18 - 44 Para regulamentar o controle da administração pelo cidadão comum, a Emenda Constitucional n. 19, de 1998, determinou que a lei disciplinasse as formas de participação do usuário na Administração Pública direta e indireta, sendo que, em 2011, esse dispositivo foi parcialmente regulamentado pela Lei n. 12.527, de 2011, também chamada de Lei de Acesso a Informações. Hoje em dia, o Ministério Público representa um papel importantíssimo no controle da Administração Pública, sendo-lhe atribuídas funções através do artigo 129 da Constituição Federal. O órgão é responsável por denunciar agentes e autoridades públicas que cometam crimes no exercício de suas funções, por propor ação civil pública para defesa de interesses coletivos e em razão da prática de improbidade administrativa. Ainda, buscando conferir maior controle sobre os órgãos da Administração, o legislador implantou a Reforma do Judiciário através da Emenda Constitucional n. 45, de 2004. Foram introduzidas, então, normas constitucionais criando o Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público, com competência para exercer o controle da atuação administrativa e financeira do Judiciário e do Ministério Público, além de zelar pelo respeito dos princípios administrativos previstos no art. 37 da nossa Carta Magna (CARVALHO, 2018). A Lei n. 13.655, de 2018, editou novas regras de interpretação em relação ao direito público na Lei de Introdução ao Direito Brasileiro (LINDB), sendo uma tendência que haja o respeito à discricionariedade administrativa, evitando que o Poder Judiciário substitua decisões tomadas legitimamente pela Administração Pública por aquelas que reputar melhores. E-Book - Apostila 19 - 44 DICA A Lei n. 13.655, de 2018, foi responsável por incluir na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro dispositivos sobre segurança e efetividade na criação e aplicação do direito público, estabelecendo um modelo de controle consensual da administração pública, mediante mecanismos bilaterais de acordo. A partir de então, entende-se que celebrar acordo não é forma de diminuir controle, mas, sim, uma forma de exercer controle. Para visualizar melhor qual foi a extensão da lei no Direito Administrativo, leia o artigo a seguir copiando o link e colando-o em seu navegador: https://revistacontrole.tce.ce.gov.br/index.php/RCD A/article/view/529. A tendência legislativa é, de fato, empoderar a Administração Pública para que ela tenha autonomia de adotar decisões, ainda que desapegadas da tradição jurisdicional brasileira, que entenda serem necessárias para a efetivação de direitos fundamentais e para a satisfação do interesse comum público. https://revistacontrole.tce.ce.gov.br/index.php/RCDA/article/view/529 E-Book - Apostila 20 - 44 Espécies de controle Há alguns critérios que podem ser analisados para classificar as espécies de controle. Vejamos. Quando se analisa a extensão do controle, verifica-se a possibilidade dele se dar de forma interna, sendo exercido por órgão integrante da própria estrutura do órgão controlado, ou de forma externa, quando é efetivado entre entidades diferentes. Ao analisar a natureza, o controle pode ser de legalidade, que tem o propósito de analisar se o ato administrativo foi praticado de acordo com a lei, ou de mérito, que tem o propósito de verificar a oportunidade e conveniência do ato controlado. Já ao analisar o momento em que se efetua o controle, tem-se que ele pode ser prévio, se realizado antes do estabelecimento do ato controlado, concomitante, quando acompanha a execução da atividade controlada, ou posterior, quando é exercido após os atos administrativos serem praticados e tem o objetivo de revê-los. Quando se analisa a iniciativa, pode-se ter o controle de ofício, que é estabelecido sem a necessidade de provocação da parte interessada, ou então o controle provocado, que depende da iniciativa da parte interessada para sua efetivação. Por fim, quando se analisa a natureza do órgão controlador, classifica-se o controle em legislativo, executado pelo Poder Legislativo, mediante auxílio do Tribunal de Contas, o controle administrativo,quando a própria Administração Pública realiza a fiscalização e revisão de seus atos, ou então o controle judicial, que é realizado pelo Poder Judiciário, mediante a provocação dos cidadãos. Dada sua extensão e importância, dedicaremos um capítulo especial para o estudo do controle judicial. Controle judicial e da probidade administrativa Como vimos anteriormente, o controle judicial é o poder conferido aos órgãos do Poder Judiciário de fiscalização e revisão dos atos administrativos praticados pelo Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. Ocorre que o que mais o diferencia dos demais é que se trata, na essência, de um poder jurídico, não influenciado por interesses políticos, como ocorre nos demais. Dessa forma, dentro do sistema de equilíbrio entre os poderes, o Poder Judiciário ficou com a incumbência de avaliar a legalidade e a constitucionalidade de tais atos e leis, fundamento do Estado de Direito. O Poder Judiciário detém o monopólio do poder jurisdicional, através do qual deve apreciar lesão ou ameaça de lesão a direitos individuais ou coletivos, conforme estabelece o art. 5º, inciso XXXV da nossa Constituição Federal. De tal postulado, retira-se, também, a conclusão de que o controle judicial somente é realizado por meio de provocação do interessado, de modo que pode ser prévio ou posterior e em relação aos aspectos de legalidade. Em outras palavras, em princípio, veda-se que o Poder Judiciário se manifeste sobre aspectos de oportunidade e conveniência de atos administrativos. Limitações ao controle judicial E-Book - Apostila 21 - 44 Antes de passarmos à apreciação dos meios de exercício do controle judicial, é importante visualizarmos que ele se submete a alguns limites estabelecidos pela doutrina brasileira. O primeiro e principal aspecto a se considerar é o princípio da legalidade, que deve ser analisado e levado em consideração conjuntamente ao princípio da moralidade. Desse modo, podemos dizer que o controle judicial sobre atos da Administração limita-se, exclusivamente, à legalidade. Não se permite, então, que o Poder Judiciário adentre no mérito administrativo, reavaliando critérios de conveniência e oportunidade dos atos praticados pelo Poder Público, que são privativos deste. Permitir que os Juízes pratiquem tais atos seria possibilitar que exercessem funções administrativas, o que significaria invasão de atribuições, vedada por nossa Constituição Federal em razão da separação dos poderes. Não obstante, há alguns atos praticados pelo Poder Público passíveis de um controle especial. Um exemplo seriam os atos políticos, que não se configuram como atos políticos essencialmente, já que conduzem as políticas, as diretrizes e as estratégias do Governo e estão fundamentados na Constituição Federal, de modo que podem sofrer controle pelo Poder Judiciário quando ofenderem direitos individuais ou coletivos, em razão de vício de legalidade (CARVALHO, 2018, on- line). Concluímos, então, que o controle jurisdicional se restringe ao exame da legalidade, sendo que por legalidade ou legitimidade se entende não só a conformação do ato com a lei como também com a moral administrativa e com o interesse coletivo. Meios de controle Nossa Constituição Federal trata de alguns meios específicos de controle da Administração Pública, que são verdadeiros "remédios constitucionais", já que possuem natureza de garantias de direitos fundamentais e possibilitam o exercício do direito de ação em face de atos da Administração lesivos de direitos individuais ou coletivos. De acordo com Hely Lopes Meirelles, os meios de controle judiciário “são as vias processuais de procedimento ordinário, sumaríssimo ou especial de que dispõe o titular do direito lesado ou ameaçado de lesão para obter a anulação do ilegal em ação contra a Administração Pública” (MEIRELLES, 2004, p. 585). E-Book - Apostila 22 - 44 São remédios constitucionais o habeas corpus, o habeas data, o mandado de segurança individual, o mandado de segurança coletivo, o mandado de injunção e a ação popular. O habeas corpus é o instrumento utilizado para proteger, especificamente, o direito de locomoção. Ele apareceu, pela primeira vez, na Constituição Federal de 1891 e não fazia referência ao direito de locomoção, o que permitiu que fosse utilizado para a proteção de outros bens jurídicos. Mas, a partir da reforma constitucional de 1926, restringe-se o habeas corpus aos casos de prisão ou constrangimento ilegal na liberdade de locomoção. Atualmente, ele está previsto no art. 5º, LXVIII da Constituição Federal, e pode ser impetrado em caso de ilegalidade ou abuso de poder, seja por parte de autoridade pública, seja por parte de particular, ou em caso de violência, coação ou ameaça à liberdade de locomoção. Por sua vez, o habeas data é um instituto recente, introduzido pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, LXXII e regulamentado pela Lei n. 9.507, de 1997. Esse remédio constitucional busca proteger direitos individuais contra atos que envolvam usos abusivos de registro de dados pessoais coletados por meios fraudulentos, desleais ou ilícitos, introdução nesses registros de dados sensíveis e conservação de dados falsos ou com fins diversos dos autorizados em lei. Não devemos confundir o objeto do habeas data, que é relativo à informação pertencente à pessoa do impetrante, com o objeto do direito à informação, que é mais amplo e trata de assuntos variados, indo além dos dados pessoais (DI PIETRO, 2018, on-line). Nesse ponto, podemos estabelecer, então, como sujeito ativo da ação de habeas data, a pessoa referida na informação, o sujeito passivo como sendo a entidade governamental, da administração direta ou indireta, ou de caráter público que tenha registro ou banco de dados sobre a pessoa, e o objeto como sendo a informação ou retificação do dado. E-Book - Apostila 23 - 44 FIGURA 1 - Dados pessoais Fonte: THEDIGITALARTIST / PIXABAY. O mandado de segurança é, sem dúvidas, o instrumento mais poderoso que o cidadão tem para se proteger de atos estatais que ameacem seus direitos individuais, configurando especial forma de controle da Administração Pública (CARVALHO, 2018). Trata-se do remédio constitucional originado na Constituição de 1934, como um aperfeiçoamento do habeas corpus. Atualmente, ele está previsto no art. 5º, LXIX, da Constituição Federal de 1988, e disciplinado pela Lei n. 12.016, de 2009. O mandado de segurança é o meio pelo qual a pessoa física ou jurídica pode utilizar para provocar o controle judicial em face de ato praticado por autoridade investida de poder público que gere lesão ou ameaça de lesão a direito líquido e certo, através de ilegalidade ou abuso de poder, não sendo a ação amparada por habeas corpus ou habeas data. É possível, também, a propositura de mandado de segurança quando o ato for praticado por entidades privadas que exerçam funções delegadas. E-Book - Apostila 24 - 44 Já o mandado de injunção, que permaneceu anos sem a devida regulamentação legal, foi estabelecido pela Lei n. 13.300, de 2016, tem por fundamento a omissão de norma essencial para o exercício de direitos e liberdades constitucionais para um caso concreto. A ação pode ter caráter individual, quando pretender alcançar pessoas físicas ou jurídicas determinadas, ou coletivo, quando for interposto por instituições determinadas em defesa dos interesses de uma coletividade indeterminada de pessoas. Por fim, tem-se a ação popular, inaugurada pela Constituição Federal de 1934, recebendo ampliação das hipóteses de cabimento pela atual Carta Magna de 1988,em que a parte busca a prestação jurisdicional para defender o interesse público, importando no controle do próprio cidadão sobre atos lesivos aos interesses que a Constituição quis proteger. Conforme aduz Di Pietro (2018, on-line) : "Ação popular é a ação civil pela qual qualquer cidadão pode pleitear a invalidação de atos praticados pelo poder público ou entidades de que participe, lesivos ao patrimônio público, ao meio ambiente, à moralidade administrativa ou ao patrimônio histórico e cultural, bem como a condenação por perdas e danos dos responsáveis pela lesão." Controle judicial da probidade administrativa Nos termos do art. 37 da Constituição Federal, há alguns princípios que devem ser seguidos pela Administração Pública, incluindo o princípio da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência e o princípio da supremacia do interesse público sob o particular. Desse modo, a inobservância aos princípios constitucionais faz com que o agente público incorra em improbidade administrativa, verdadeiro empecilho para o bom desenvolvimento das atividades estatais. (Passe o mouse no (+) e confira o conteúdo abaixo) A ação popular é o remédio constitucional por meio do qual o cidadão pode combater, diretamente, casos de improbidade administrativa. Trata-se do controle externo da Administração Pública, exercido pelo Poder Judiciário. E-Book - Apostila 25 - 44 Como vimos anteriormente, a ação popular é o remédio constitucional que tem por objetivo anular ato praticado em lesão ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, violando a moralidade administrativa, o meio ambiente e o patrimônio histórico e cultural. É, portanto, um importante instrumento jurídico de controle judicial, colocado à disposição do cidadão para coibir a prática de atos lesivos produzidos contra os bens especificados na norma constitucional. A legitimidade cabe somente ao cidadão, brasileiro nato ou naturalizado, que esteja no gozo de seus direitos. Atualmente, percebe-se um caráter abrangente do controle judicial da probidade administrativa dado pela jurisprudência, no que diz respeito aos atos administrativos discricionários, não limitando a avaliação à observância da lei, mas fundamentando-a no princípio da inafastabilidade da jurisdição e nos demais princípios constitucionais aplicáveis à atuação administrativa, como a razoabilidade e a proporcionalidade, eficiência e moralidade administrativa. Assim, a jurisprudência tem se posicionado no sentido de que, até mesmo quando pratica atos discricionários, a Administração Pública permanece vinculada à lei e aos princípios que regem nosso ordenamento jurídico, em benefício dos jurisdicionados, titulares maiores do sistema. Desse modo, o Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a Administração Pública adote medidas que garantam direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais, sem que isso configure violação do princípio da separação de poderes. Agora, vamos assistir ao vídeo que apresentará importantes considerações sobre Ação de improbidade Administrativa. Vamos lá? Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo Com base no que você acabou de assistir, as fundamentações discutidas na unidade fazem uma correlação melhor com o que até então havia sido apresentado? Pense sobre isso. Síntese dos principais pontos relevantes da disciplina E-Book - Apostila 26 - 44 Ao final dos nossos estudos, podemos concluir que o Direito Administrativo é o ramo do direito público que trata de princípios e regras que organizam a função administrativa, incluindo os entes, órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública na consecução do interesse público. Essa função administrativa é o nome que se dá à atividade do Estado no tocante ao cumprimento dos comandos normativos para realização dos fins públicos, sob regime jurídico administrativo e por atos passíveis de controle. Considerando que toda atividade desempenhada pela Administração Pública deve se voltar à satisfação dos interesses e necessidades coletivas, o regime jurídico de direito público, que rege as relações em que o Poder Público é parte, busca delimitar a vontade do Estado de modo que esta sempre se sobressaia às vontades dos agentes públicos, posto que são individuais, particulares, em oposição à proposta coletiva que se expôs. O sistema administrativo adotado no Brasil, ou seja, o regime que o Estado usa para controlar os atos administrativos ilegais ou ilegítimos praticados pelo Poder Público, é aquele em que todos os litígios, sejam eles administrativos ou de âmbito privado, podem ser levados ao Poder Judiciário, único que dispõe de competência para dizer o direito aplicável aos casos litigiosos, de forma definitiva, com força de chamada coisa julgada. Assim, quando se considera o primado constitucional de que o poder emana do povo, fica evidente que a atuação da Administração deve se voltar para a proteção de interesses públicos, e não particulares, razão pela qual se defende um amplo controle judicial dos atos discricionários. Por esse motivo, os atos administrativos são controlados interna e externamente. A não observância aos limites legais, especialmente o descumprimento do princípio da legalidade, enseja na ilicitude dos atos praticados pelo administrador. O controle judicial, classificado como externo, já que não integra a mesma estrutura da Administração, é de suma importância no sistema de jurisdição brasileira. Nos dias atuais, diante de inúmeros escândalos envolvendo a Administração Pública, percebe-se a ampliação do controle jurisdicional dos atos administrativos discricionários. Considerações finais Nesta unidade, você teve a oportunidade de: E-Book - Apostila 27 - 44 estudar a responsabilidade civil do Estado por atos de terceiros; compreender como ocorre o controle interno e externo da Administração Pública; analisar o controle jurisdicional da Administração Pública; estudar a Lei de Improbidade Administrativa. Popularmente, diz-se que "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades", e tal assertiva se aplica adequadamente ao Estado, uma vez que a ele são atribuídos diversos e importantíssimos deveres em relação aos seus cidadãos, exigindo sua atuação com prudência sob pena de ser responsabilizado por seus atos. Vimos, então, a temática da responsabilidade civil do Estado, inserida no aspecto geral da matéria de responsabilidade civil, mas analisada na ótica do direito administrativo, tratando da obrigação de indenizar decorrente da ofensa a dado bem jurídico, material ou imaterial. Buscando aprofundar nossos estudos sobre a responsabilidade civil do Estado, que se configura como sendo extracontratual, abordamos alguns aspectos interessantes sobre o tema, como a evolução histórica do instituto, a extensão do conceito de ato lesivo e as possibilidades de exclusão da responsabilidade do Estado. Quando a Constituição Federal estabelece que do povo emana o poder, sendo este exercido ora diretamente ora por meio de representantes, ela estatui a possibilidade do exercício do controle dos atos administrativos, isto é, praticados pelos agentes públicos, já que, em suas atividades, executam e materializam atos decorrentes daquele poder que foi outorgado pela população e que devem ser destinados para o bem comum. Assim, estudamos o instituto do controle da Administração Pública. A legislação nacional estabelece diversos instrumentos processuais e instituições incumbidas da tarefade zelar pelo estrito cumprimento do dever legal de agir em favor do interesse coletivo, tratando de atos administrativos. Desse modo, destaca-se o papel da ação popular, sendo que a Carta de 1988 lhe ampliou o espectro de aplicação. A análise da Ação Popular revela que ela é uma ferramenta poderosa do cidadão comum para controle dos interesses difusos e para defesa da probidade e da moralidade administrativa, buscando coibir a atuação irregular dos gestores públicos. E-Book - Apostila 28 - 44 A conclusão que se chega é que o ato discricionário da Administração deve observar os limites legais e os princípios jurídicos, constitucionalmente delimitados, para ser considerado legítimo, válido e eficaz. De modo que, caso o administrador use a discricionariedade para meios escusos, permite-se o seu controle judicial, até mesmo em alguns aspectos considerados como de mérito, uma vez que a atual interpretação do ordenamento jurídico caminha no sentido de unicidade, sendo o Poder Judiciário um meio eficaz para anular possíveis excessos cometidos com base na discricionariedade. Agora que finalizamos este conteúdo, vamos testar seus conhecimentos com o quiz a seguir. QUIZ Leia o trecho a seguir. E-Book - Apostila 29 - 44 Conforme previsto na Constituição Federal de 1988, a responsabilidade civil do Estado é objetiva, havendo necessidade de demonstração, por parte do lesado, do nexo causal existente entre o ato do agente público e a lesão sofrida, não havendo necessidade da prova da culpa do agente público. Nesse sentido, a partir da teoria do risco administrativo, assinale a alternativa correta sobre a responsabilidade civil da administração. Resposta Incorreta: Há possibilidade de exclusão da responsabilidade civil da administração, quando se demonstrar a ocorrência de culpa exclusiva do particular, sendo, em tal hipótese, o ônus da prova da própria administração. A responsabilidade, em caso de dano causado por seus agentes a terceiros, prescinde da demonstração de nexo causal. A Constituição Federal prevê que quem responde perante o prejudicado é a pessoa jurídica causadora do dano, que pode ingressar com ação regressiva contra o seu agente, desde que ele tenha agido com dolo ou culpa. Não só os atos ilícitos, como também os atos lícitos, dos agentes públicos são capazes de gerar a responsabilidade extracontratual do Estado. O Estado deve garantir padrões mínimos de educação, saúde e habitação aos cidadãos, responsabilizando-se por todos os atos danosos aos cidadãos. a No caso de dano causado por agente da administração pública a terceiros, não se exige a demonstração do nexo causal para configuração dab E-Book - Apostila 30 - 44 Resposta Incorreta: Há possibilidade de exclusão da responsabilidade civil da administração, quando se demonstrar a ocorrência de culpa exclusiva do particular, sendo, em tal hipótese, o ônus da prova da própria administração. A responsabilidade, em caso de dano causado por seus agentes a terceiros, prescinde da demonstração de nexo causal. A Constituição Federal prevê que quem responde perante o prejudicado é a pessoa jurídica causadora do dano, que pode ingressar com ação regressiva contra o seu agente, desde que ele tenha agido com dolo ou culpa. Não só os atos ilícitos, como também os atos lícitos, dos agentes públicos são capazes de gerar a responsabilidade extracontratual do Estado. responsabilidade. Quem responde por ato lesivo causado a terceiro em razão de ação praticada por agente do poder público é esse agente, independentemente de dolo ou culpa. c E-Book - Apostila 31 - 44 Resposta Incorreta: Há possibilidade de exclusão da responsabilidade civil da administração, quando se demonstrar a ocorrência de culpa exclusiva do particular, sendo, em tal hipótese, o ônus da prova da própria administração. A responsabilidade, em caso de dano causado por seus agentes a terceiros, prescinde da demonstração de nexo causal. A Constituição Federal prevê que quem responde perante o prejudicado é a pessoa jurídica causadora do dano, que pode ingressar com ação regressiva contra o seu agente, desde que ele tenha agido com dolo ou culpa. Não só os atos ilícitos, como também os atos lícitos, dos agentes públicos são capazes de gerar a responsabilidade extracontratual do Estado. Resposta Incorreta: Há possibilidade de exclusão da responsabilidade civil da administração, quando se demonstrar a ocorrência de culpa exclusiva do particular, sendo, em tal hipótese, o ônus da prova da própria administração. A responsabilidade, em caso de dano causado por seus agentes a terceiros, prescinde da demonstração de nexo causal. A Constituição Federal prevê que quem responde perante o prejudicado é a pessoa jurídica causadora do dano, que pode ingressar com ação regressiva contra o seu agente, desde que ele tenha agido com dolo ou culpa. Não só os atos ilícitos, como também os atos lícitos, dos agentes públicos são capazes de gerar a responsabilidade extracontratual do Estado. A partir da responsabilidade objetiva, estabelece-se que a responsabilidade civil do Estado só será caracterizada quando decorrer de atos ilícitos. d E-Book - Apostila 32 - 44 Resposta Correta: No Brasil, a responsabilidade civil do Estado alcança as pessoas jurídicas de direito público e de direito privado e prestadores de serviço público, incluindo as autarquias. Leia o trecho a seguir. De modo geral, podemos conceituar a responsabilidade civil do Estado como sendo a responsabilização estatal pelos danos que seus agentes possam vir a causar a terceiros. O estudo da responsabilidade civil do Estado adotou diversos formatos conforme o decorrer dos anos e a depender do local em que se promovia sua análise, existindo diversas teorias e regimes jurídicos para tratar da matéria. Nesse sentido, conforme a jurisprudência e a doutrina, assinale a alternativa que indica qual teoria o Brasil adota atualmente. As autarquias estão sujeitas a normas constitucionais relativas à responsabilidade civil patrimonial do Estado, já que ocupa a administração indireta do direito público. e E-Book - Apostila 33 - 44 Resposta Correta: A Constituição Federal Brasileira de 1988 prevê que as pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos dos seus agentes. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público baseia-se no risco administrativo, tornando-se objetiva. Essa responsabilidade objetiva exige a concorrência dos pressupostos: ocorrência do dano; ação ou omissão administrativa; nexo causal entre o dano e a ação ou omissão administrativa; ausência de causa excludente da responsabilidade estatal. Teoria do risco administrativo.a Teoria subjetiva da culpa.b E-Book - Apostila 34 - 44 Resposta Incorreta: A teoria subjetiva da responsabilidade civil foi adotada no Código Civil de 1916, sendo extinta pelo atual Código Civil de 2002. O Brasil não adotou a teoria do risco integral, segundo a qual o Estado responde objetivamente, vedando-se as excludentes de responsabilidade, ou seja, o Estado não pode se eximir de responsabilidade nem nos casos de culpa exclusiva da vítima, culpa exclusiva de terceiro, caso fortuito e força maior. A teoria da culpa administrativa busca desvincular a responsabilidade do Estado da ideia de culpa do funcionário da administração, ou seja, divide-se a culpa individual do funcionário, quando ele respondia individualmente por atos danosos praticados, da culpa pelo serviço público, quando não era possível identificar o funcionário responsável, considerando que o serviço público não funcionou, funcionou atrasado ou não funcionou bem, responsabilizando o Estado, independentemente da apreciação de culpa do funcionário. Pela teoria da irresponsabilidade, aplicada nos primeiros momentos da história, considerava-se que o monarca não errava jamais e que tudo aquilo por ele praticado era legal e legítimo. Teoriado risco integral.c E-Book - Apostila 35 - 44 Resposta Incorreta: A teoria subjetiva da responsabilidade civil foi adotada no Código Civil de 1916, sendo extinta pelo atual Código Civil de 2002. O Brasil não adotou a teoria do risco integral, segundo a qual o Estado responde objetivamente, vedando-se as excludentes de responsabilidade, ou seja, o Estado não pode se eximir de responsabilidade nem nos casos de culpa exclusiva da vítima, culpa exclusiva de terceiro, caso fortuito e força maior. A teoria da culpa administrativa busca desvincular a responsabilidade do Estado da ideia de culpa do funcionário da administração, ou seja, divide-se a culpa individual do funcionário, quando ele respondia individualmente por atos danosos praticados, da culpa pelo serviço público, quando não era possível identificar o funcionário responsável, considerando que o serviço público não funcionou, funcionou atrasado ou não funcionou bem, responsabilizando o Estado, independentemente da apreciação de culpa do funcionário. Pela teoria da irresponsabilidade, aplicada nos primeiros momentos da história, considerava-se que o monarca não errava jamais e que tudo aquilo por ele praticado era legal e legítimo. Teoria da culpa administrativa.d E-Book - Apostila 36 - 44 Resposta Incorreta: A teoria subjetiva da responsabilidade civil foi adotada no Código Civil de 1916, sendo extinta pelo atual Código Civil de 2002. O Brasil não adotou a teoria do risco integral, segundo a qual o Estado responde objetivamente, vedando-se as excludentes de responsabilidade, ou seja, o Estado não pode se eximir de responsabilidade nem nos casos de culpa exclusiva da vítima, culpa exclusiva de terceiro, caso fortuito e força maior. A teoria da culpa administrativa busca desvincular a responsabilidade do Estado da ideia de culpa do funcionário da administração, ou seja, divide-se a culpa individual do funcionário, quando ele respondia individualmente por atos danosos praticados, da culpa pelo serviço público, quando não era possível identificar o funcionário responsável, considerando que o serviço público não funcionou, funcionou atrasado ou não funcionou bem, responsabilizando o Estado, independentemente da apreciação de culpa do funcionário. Pela teoria da irresponsabilidade, aplicada nos primeiros momentos da história, considerava-se que o monarca não errava jamais e que tudo aquilo por ele praticado era legal e legítimo. Teoria da irresponsabilidade.e E-Book - Apostila 37 - 44 Resposta Incorreta: A teoria subjetiva da responsabilidade civil foi adotada no Código Civil de 1916, sendo extinta pelo atual Código Civil de 2002. O Brasil não adotou a teoria do risco integral, segundo a qual o Estado responde objetivamente, vedando-se as excludentes de responsabilidade, ou seja, o Estado não pode se eximir de responsabilidade nem nos casos de culpa exclusiva da vítima, culpa exclusiva de terceiro, caso fortuito e força maior. A teoria da culpa administrativa busca desvincular a responsabilidade do Estado da ideia de culpa do funcionário da administração, ou seja, divide-se a culpa individual do funcionário, quando ele respondia individualmente por atos danosos praticados, da culpa pelo serviço público, quando não era possível identificar o funcionário responsável, considerando que o serviço público não funcionou, funcionou atrasado ou não funcionou bem, responsabilizando o Estado, independentemente da apreciação de culpa do funcionário. Pela teoria da irresponsabilidade, aplicada nos primeiros momentos da história, considerava-se que o monarca não errava jamais e que tudo aquilo por ele praticado era legal e legítimo. Leia o trecho a seguir. E-Book - Apostila 38 - 44 A partir do Estado Democrático, tem-se uma mudança na mentalidade na forma de gerir nosso país, entendendo-se que os bens do Estado não seriam pertences do soberano, mas, sim, de toda coletividade, com o objetivo de atender às necessidades desta. Assim, o controle assumiu um papel importante na Administração Pública, de modo a impor limites à atuação do governo e orientando a melhor utilização dos recursos disponíveis de forma organizada e ponderada. Sobre o controle da Administração Pública, assinale a alternativa correta. Resposta Incorreta: O Brasil adota o sistema inglês de jurisdição única, no qual a jurisdição é una, ou seja, compete ao poder judiciário decidir, em última instância, a lide posta em julgamento, não havendo jurisdição administrativa no ordenamento jurídico no qual vige a unicidade de jurisdição. O controle da Administração Pública envolve tanto o controle interno, em que a própria Administração Pública dispõe de mecanismos de aferição de sua atividade, quanto o controle externo, exercido por um dos Poderes sobre o outro ou controle da Administração direta sobre a indireta. Os administrados, por exemplo, entendidos como os cidadãos, podem exercer o controle através da ação popular. O Poder Judiciário pode e deve fazer o controle dos atos administrativos quanto à legalidade. O controle de mérito dos atos administrativos é de competência da administração pública. O direito brasileiro não adotou o sistema da jurisdição una, uma vez que tanto o Poder Judiciário quanto o Poder Legislativo podem exercer controle sobre os atos da Administração Pública. a E-Book - Apostila 39 - 44 Resposta Incorreta: O Brasil adota o sistema inglês de jurisdição única, no qual a jurisdição é una, ou seja, compete ao poder judiciário decidir, em última instância, a lide posta em julgamento, não havendo jurisdição administrativa no ordenamento jurídico no qual vige a unicidade de jurisdição. O controle da Administração Pública envolve tanto o controle interno, em que a própria Administração Pública dispõe de mecanismos de aferição de sua atividade, quanto o controle externo, exercido por um dos Poderes sobre o outro ou controle da Administração direta sobre a indireta. Os administrados, por exemplo, entendidos como os cidadãos, podem exercer o controle através da ação popular. O Poder Judiciário pode e deve fazer o controle dos atos administrativos quanto à legalidade. O controle de mérito dos atos administrativos é de competência da administração pública. A partir do sistema da tripartição do poder, estabelecido por Montesquieu, o controle da Administração Pública é função puramente estatal, sendo vedada a participação dos administrados. b O controle administrativo é o poder de fiscalização e correção que a Administração Pública exerce sobre sua própria atuação, sob os aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou mediante provocação. c E-Book - Apostila 40 - 44 Resposta Correta: Pelo princípio da autotutela, a administração pública tem a prerrogativa de rever os seus próprios atos, independentemente de provocação, seja para revogá- los ou para anulá-los, podendo ser um controle de legalidade ou de mérito. Resposta Incorreta: O Brasil adota o sistema inglês de jurisdição única, no qual a jurisdição é una, ou seja, compete ao poder judiciário decidir, em última instância, a lide posta em julgamento, não havendo jurisdição administrativa no ordenamento jurídico no qual vige a unicidade de jurisdição. O controle da Administração Pública envolve tanto o controle interno, em que a própria Administração Pública dispõe de mecanismos de aferição de sua atividade, quanto o controle externo, exercido por um dos Poderes sobre o outro ou controle da Administração direta sobre a indireta. Os administrados, por exemplo, entendidos como os cidadãos, podem exercer o controle através da ação popular. O Poder Judiciário pode e deve fazer o controle dos atos administrativos quanto à legalidade. O controle de mérito dos atos administrativos é de competência da administração pública. O controle de legalidade dos atos administrativos pelo Poder Judiciário é incompatível com o princípio da separação dos Poderes, já que a função típica dos órgãos executivos e judiciários é a de aplicar as leis. d O controle demérito dos atos administrativos é atribuído, exclusivamente, ao Poder Judiciário, sendo E-Book - Apostila 41 - 44 Resposta Incorreta: O Brasil adota o sistema inglês de jurisdição única, no qual a jurisdição é una, ou seja, compete ao poder judiciário decidir, em última instância, a lide posta em julgamento, não havendo jurisdição administrativa no ordenamento jurídico no qual vige a unicidade de jurisdição. O controle da Administração Pública envolve tanto o controle interno, em que a própria Administração Pública dispõe de mecanismos de aferição de sua atividade, quanto o controle externo, exercido por um dos Poderes sobre o outro ou controle da Administração direta sobre a indireta. Os administrados, por exemplo, entendidos como os cidadãos, podem exercer o controle através da ação popular. O Poder Judiciário pode e deve fazer o controle dos atos administrativos quanto à legalidade. O controle de mérito dos atos administrativos é de competência da administração pública. Conclusão da disciplina Ao finalizarmos nossa disciplina, podemos concluir que o Direito Administrativo adquiriu maior importância e destaque no meio jurídico na medida em que a sociedade civil e as instituições que a representam possibilitaram a realização de um controle mais efetivo e eficaz da atividade administrativa e da atuação dos próprios Poderes Públicos. Conforme o Brasil se democratizou, o Direito Administrativo passou a receber maior amplitude de aplicação, aumentando os debates no cenário jurídico nacional em torno de questões de interesse do ramo do direito público, já que, quanto maior a participação popular na condução da atividade administrativa e a sujeição do Estado à lei ou ao Direito, maior a incidência de normas de direito público. que autorizar a avaliação desse quesito por outro Poder poderia gerar invasão de competência. e E-Book - Apostila 42 - 44 A Constituição Federal de 1988 trouxe princípios inovadores, que refletiram o seu caráter democrático, incluindo a restrição da autonomia administrativa em paralelo ao aumento do controle exercido pelos demais Poderes Públicos sobre a Administração Pública, inclusive conferindo ao cidadão uma função fiscalizadora, mais ativa. É evidente que o Direito Administrativo assumiu uma nova feição, exigindo do estudante uma constante atualização para que possa interpretar e assimilar os novos conceitos e princípios que se apresentam. Assim, para bem delimitar nosso estudo, como todo ramo do direito, iniciamos a abordagem do Direito Administrativo conhecendo os princípios constitucionais da Administração Pública, destacando os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. São esses os norteadores de toda a atuação administrativa, que dão o contorno da correta aplicação de suas normas, legitimando suas ações. Tendo em vista a necessária atuação em prol do interesse coletivo, não seria razoável deixar livre a escolha do administrador para a contratação de serviços de utilidade pública. Desse modo, a legislação estabeleceu o procedimento licitatório como instrumento para contratações envolvendo a Administração Pública, com o objetivo principal de garantir a lisura e adequação dessas ações ao interesse público. De tal modo, em regra, sempre que for necessário à Administração Pública celebrar contratos, ela o fará mediante prévia licitação, ocorrendo poucas exceções, nos casos de dispensa e inexigibilidade. Buscando compreender os objetos vinculados aos fatos jurídicos administrativos, fomos apresentados aos bens públicos, estudando seu conceito, suas classificações, especificações e regime jurídico aplicável. Ainda na perspectiva da licitação, passamos à análise dos contratos administrativos, base de todo negócio celebrado com o Poder Público. Evidente que, diante do regime especial de direito público, aplicam-se regras peculiares aos contratos envolvendo a Administração, destacando-se, nesses casos, as chamadas cláusulas exorbitantes. As prerrogativas estabelecidas através de tais cláusulas são entendidas como essenciais para o bom desempenho da atividade pública. Esses contratos administrativos culminam nos serviços públicos, que são atividades realizadas pelo Estado ou então por particulares, por meio de delegação, que tem como propósito satisfazer as necessidades dos cidadãos através de uma perspectiva coletiva. Especificamos o estudo sobre os serviços públicos adentrando na análise dos contratos de concessão e permissão. Dada a complexidade do Direito Administrativo contemporâneo, passamos ao estudo da intervenção do Estado no domínio econômico, analisando a exploração direta da atividade econômica pelo Estado, as atividades de fomento, as atividades reguladora e repressiva e a desestatização. Ao final, pudemos perceber que a intervenção estatal na economia sofre variações conforme o decorrer dos anos, de acordo com a política econômica adotada em cada época. E-Book - Apostila 43 - 44 Por fim, abordamos a temática da responsabilidade civil do Estado, elencando alguns aspectos principais sobre o tema, como a evolução histórica do instituto, a extensão do conceito de ato lesivo e as possibilidades de exclusão da responsabilidade do Estado. Diante das atribuições conferidas ao Estado para que atue conforme o interesse público, encerramos a matéria tratando do controle da Administração Pública, colocando em evidência alguns dos principais institutos processuais e instituições incumbidas da tarefa de zelar pelo estrito cumprimento do dever legal de agir em favor do interesse coletivo, como a ação popular, por exemplo. No geral, o que se percebe no Direito Administrativo contemporâneo é a inserção de aspectos constitucionais em matéria ordinária, ou seja, a irradiação dos efeitos das normas constitucionais pelo sistema jurídico administrativo ao lado de um maior fortalecimento da democracia participativa, com previsão expressa de instrumentos jurídicos de participação do cidadão na gestão e controle da Administração Pública. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Poder Legislativo, 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23 abr. 2022. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência da República, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 23 abr. 2022. BRASIL. Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 1916. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l3071.htm. Acesso em: 23 abr. 2022. CARVALHO FILHO, J. S. Manual de direito administrativo. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2018. CARVALHO, M. Manual de direito administrativo. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2018. DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l3071.htm E-Book - Apostila 44 - 44 NATIVIDADE, J. P. K. F. A resolução do Tema 366 (STF) e sua repercussão sobre a responsabilidade omissiva do Estado. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v. 56, n. 233, p. 123-147, 2019. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/56/223/ril_v56_n223_p123.pdf. Acesso em: 6 set. 2022. https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/56/223/ril_v56_n223_p123.pdf
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