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Roteiro de estudo: EF neurológico EF NEUROLÓGICO Introdução O exame neurológico compreende a avaliação de várias estruturas e funções, de cujas informações extraídas somam-se àquelas obtidas na ectoscopia. Dentre estas, destacam-se: (1) Pescoço e coluna cervical; (2) Coluna lombossacra; (3) Equilíbrio dinâmico (marcha); (4) Equilíbrio estático; (5) Motricidade espontânea; (6) Força muscular; (7) Tônus muscular; (8) Coordenação; (9) Reflexos; (10) Sensibilidade; (11) Nervos cranianos. Pescoço e coluna cervical Do ponto de vista neurológico, cumpre incluir os seguintes exames: (1) Limitação de movimentos → Pede-se ao paciente que execute movimentos de extensão, flexão, rotação e lateralização da cabeça. Em caso de dificuldade, assinalar a graduação. INDICA→ doenças osteoarticulares, musculares, meningites, radiculopatias e hemorragia subaracnóidea. (2) Rigidez de nuca (pesquisa de irritação meníngea) → Decúbito dorsal, sem elevação da cabeça, pescoço ou tronco; O examinador coloca uma das mãos na região occipital e suavemente, tenta fletir a cabeça do paciente. Se o movimento for fácil e amplo, não há rigidez nucal, ou seja, a nuca é livre. Caso contrário, fala-se em rigidez nucal. INDICA→ meningite; hemorragia subaracnóidea. (3) Prova de Brudzinski: Com o paciente em decúbito dorsal e membros estendidos, o examinador repousa uma das mãos sobre o tórax do paciente e, com a outra colocada na região occipital, executa uma flexão forçada da cabeça. ✔ A prova é positiva quando o paciente flete os membros inferiores, mas há casos nos quais se observam flexão dos joelhos e expressão fisionômica de sensação dolorosa. Coluna lombossacra Avalia-se os seguintes parâmetros: Limitação de movimento → solicita-se ao paciente executar movimentos de flexão, extensão, rotação e lateralização da coluna e observa-se a eventual existência de limitação. Provas de estiramento da raiz nervosa (1) Prova de Lasègue: Com o paciente em decúbito dorsal e membros inferiores estendidos, o examinador levanta um dos membros inferiores estendidos. ✔ A prova é positiva quando o reclama de dor na face posterior do membro examinado, logo no início da prova (cerca de 30° de elevação). (2) Prova de Kernig: Com o paciente em decúbito dorsal e membros inferiores estendidos, o examinador deve fletir a coxa em ângulo reto sobre o quadril e estender a perna. ✔ A prova é positiva quando o paciente sente dor ao longo do trajeto do nervo ciático e tenta impedir o movimento, assim como levanta o pescoço. INDICA → meningite; hemorragia subaracnóidea; e radiculopatia isquiática. Equilíbrio dinâmico ou marcha Marcha normal, marcha em linha reta com os olhos fechados, marcha pé-ante-pé sem auxílio visual. Distúrbio de marcha → DISBASIA (1) Marcha helicópode, ceifante ou hemiplégica: Ao andar, o paciente mantém o membro superior fletido em 90°C no cotovelo e em adução, e a mão fechada em leve pronação. O membro inferior do mesmo lado é espástico, e o joelho não flexiona. Devido a isso, a perna tem de se arrastar pelo chão, descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. Esse modo de caminhar lembra o movimento de uma foice em ação. Aparece nos pacientes que apresentam hemiplegia, cuja causa mais comum é acidente vascular cerebral (AVC). (2) Marcha anserina ou do pato: paciente para caminhar acentua a lordose lombar e vai inclinando o tronco ora para a direita, ora para a esquerda, alternadamente. INDICA: perda de força nos músculos pélvicos e nas coxas. (3) Marcha parkinsoniana: O doente anda como um bloco, enr�ecido, sem o movimento automático dos braços. A cabeça permanece inclinada para a frente, e os passos são miúdos e rápidos, dando a impressão de que o paciente "corre atrás do seu centro de gravidade" e vai cair para a frente. (4) Marcha cerebelar: Ao caminhar, o paciente ziguezagueia como um bêbado. INDICA: incoordenação de movimentos em decorrência de lesões do cerebelo. (5) Marcha tabética: Para se locomover, o paciente mantém o olhar fixo no chão; os membros inferiores são levantados abrupta e explosivamente, e, ao serem recolocados no chão, os calcanhares tocam o solo de modo bem pesado. (6) Marcha vestibular: O paciente com lesão vestibular (labirinto) apresenta lateropulsão quando anda; é como se fosse empurrado para o lado ao tentar mover-se em linha reta. (7) Marcha de pequenos passos: É caracterizada pelo fato de o paciente dar passos muito curtos e, ao caminhar, arrastar os pés. INDICA: paralisia pseudobulbar ou atrofia cortical da senilidade. (8) Marcha escarvante: Quando o doente tem paralisia do movimento de flexão dorsal do pé, ao tentar caminhar, toca com a ponta do pé o solo e tropeça. Para evitar isso, levanta acentuadamente o membro inferior. (9) Marcha claudicante: Ao caminhar, o paciente manca para um dos lados. INDICA: lesões do aparelho locomotor. (10) Marcha espástica ou em tesoura: Os dois membros inferiores enr�ecidos e espásticos permanecem semifletidos, os pés se arrastam e as pernas se cruzam uma na frente da outra quando o paciente tenta caminhar. INDICA: formas espásticas da paralisia cerebral. Equilíbrio estático Solicita-se ao paciente continuar na posição vertical, com os pés juntos, olhando para frente. Nessa postura, ele deve permanecer alguns segundos. Em seguida, ordena-se a ele que feche as pálpebras→ prova de Romberg. ✖ Prova de Romberg negativa→ nada se observa, ou apenas ligeiras oscilações do corpo são notadas. ✔ Prova de Romberg positiva → paciente apresenta oscilações do corpo, com desequilíbrio e forte tendência à queda. TENDÊNCIA A QUEDA: (1) Para qualquer lado e imediatamente após interromper a visão, indicando lesão das vias de sensibilidade proprioceptiva consciente. (2) Sempre para o mesmo lado, após transcorrer pequeno período de latência, traduzindo lesão do aparelho vestibular. Paciente não consegue permanecer de pé (astasia) ou o faz com dificuldade (distasia), alargando, então, sua base de sustentação pelo afastamento dos pés para compensar a falta de equilíbrio. INDICA: lesões cerebelares. Tais manifestações não se modificam quando se interrompe o controle visual (prova de Romberg negativa). Motricidade voluntária - Espontânea Solicita-se ao paciente executar uma série de movimentos, especialmente dos membros, tais como: abrir e fechar a mão, estender e fletir o antebraço, abduzir e elevar o braço, fletir a coxa, fletir e estender a perna e o pé. Durante a execução desses movimentos, é importante observar se eles são realizados em toda a sua amplitude. Não o sendo, cumpre avaliar o grau e a sede da limitação. ● Afastadas as condições locais extraneurológicas, as causas de redução ou abolição do movimento voluntário são representadas por lesão dos neurônios motores e/ou de suas vias (sistema piramidal, colunas ventrais da medula e nervos). Força muscular O paciente procura fazer os mesmos movimentos mencionados no exame da motricidade espontânea, só que, desta vez, com resistência aplicada pelo examinador. Esse exame é realizado rotineiramente de modo global. A manobra de Barré, o indivíduo, em decúbito ventral, mantém as pernas fletidas sobre as coxas. O déficit da musculatura flexora da perna leva a oscilações ou à queda da perna parética. A manobra de Mingazzini é a manobra deficitária mais utilizada nos membros inferiores. O indivíduo, em decúbito dorsal, mantém as coxas fletidas, formando ângulo reto com o tronco, as pernas fletidas sobre as coxas, horizontalmente, formando ângulo reto com as coxas, e os pés formando ângulo reto com as pernas na vertical. Normalmente, essa posição pode ser mantida por 2 minutos. Em condições em que há déficit, ocorrem oscilações ou quedas progressivas do pé, da perna ou da coxa, combinadas ou isoladas, caracterizando déficits distais, proximais ou combinados. Grau Características Grau 0 Não se percebe nenhuma contração Grau I Traço de contração sem produção de movimento. Grau II Contração fraca, produzindo movimento com a eliminação da gravidade. Grau III Realiza movimento contraa gravidade, porém sem resistência adicional. Grau IV Realiza movimento contra resistência externa moderada e gravidade. https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/manobra_de_barre.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/manobra_de_mingazzini.htm Grau V Força normal - capaz de superar maior grau de resistência que o anterior. Tônus muscular O tônus pode ser considerado como o estado de tensão constante a que estão submetidos os músculos, tanto em repouso (tônus de postura), como em movimento (tônus de ação). O exame do tônus é realizado com o paciente deitado e em completo relaxamento muscular, obedecendo a uma sequência lógica: (1) inspeção; (2) palpação das massas musculares; (3) movimentos passivos; (4) balanço passivo. (1) Inspeção → Verifica-se a existência ou não de achatamento das massas musculares de encontro ao plano do leito. (2) Palpação das massas musculares→ Averigua-se o grau de consistência muscular, a qual se mostra aumentada nas lesões motoras centrais e diminuída nas periféricas. (3) Movimentação passiva → Imprimem-se movimentos naturais de flexão e extensão nos membros e observa-se se há resistência ou passividade além do normal; se há hiperextensão das fibras musculares. (4) Balanço passivo → O examinador, com as suas duas mãos, segura e balança o antebraço ou a perna do paciente, verificando se há balanço excessivo das mãos ou dos pés, respectivamente. A diminuição do tônus muscular - hipotonia - ou sua exacerbação - hipertonia - devem ser descritas conforme seu grau e local de ocorrência. HIPOTONIA → observam-se achatamento das massas musculares no plano do leito, consistência muscular diminuída, passividade aumentada, extensibilidade aumentada. HIPERTONIA → encontram-se consistência muscular aumentada, passividade diminuída e extensibilidade aumentada. ● Hipertonia piramidal � comum na hemiplegia→ ELETIVA → alcança globalmente os músculos, afetando, sobretudo, os músculos flexores dos MMSS e extensores dos MMII. ELÁSTICA → retorno de um segmento à posição fletida após cessação de um movimento de extensão. ● Hipertonia extrapiramidal � comum no parkinsonismo � NÃO É ELETIVA → afeta globalmente a musculatura agonista, sinergista e antagonista. PLÁSTICA → resistência constante à movimentação passiva. SINAL DA RODA DENTADA → movimento com interrupções. Coordenação Execução dos movimentos → entram em jogo mecanismos reguladores de sua direção, velocidade e medidas adequadas → os torna econômicos, precisos e harmônicos → COORDENAÇÃO da atividade motora. ● Depende de dois principais setores do sistema nervoso: o (1) cerebelo (centro coordenador) e a (2) sensibilidade proprioceptiva. À sensibilidade proprioceptiva cabe informar continuamente ao centro coordenador as modificações de posição dos vários segmentos corporais. A perda de coordenação é denominada ataxia, a qual pode ser de três tipos: cerebelar, sensorial e mista. ● Nas lesões da sensibilidade proprioceptiva, o paciente utiliza a visão para fiscalizar os movimentos incoordenados. Cerradas as pálpebras, acentua-se a ataxia. Tal fato não ocorre nas lesões cerebelares. PROVAS: (1) Prova dedo-nariz → Com o membro superior estendido lateralmente, o paciente é solicitado a tocar a ponta do nariz com o indicador. Repete-se a prova algumas vezes: primeiro, com os olhos abertos e, depois, fechados. Paciente em pé ou sentado. (2) Prova calcanhar-joelho→ Na posição de decúbito dorsal, o paciente é solicitado a tocar o joelho oposto com o calcanhar do membro a ser examinado. A prova deve ser realizada várias vezes, de início com os olhos abertos; depois, fechados. Nos casos de discutível alteração, “sensibiliza-se" a prova mediante o deslizamento do calcanhar pela crista tibial, após tocar o joelho. (a) DISMETRIA � quando o paciente não consegue alcançar o alvo. (3) Prova dos movimentos alternados → Determina-se ao paciente que realize movimentos rápidos e alternados, tais como: abrir e fechar a mão, movimento de supinação e pronação, extensão e flexão dos pés→ DIADOCOCINESIA→ resultado pode ser (1) eudiadococinesia; (2) disdiadococinesia; (3) adiadococinesia. Reflexos O reflexo é uma resposta do organismo a um estímulo de qualquer natureza. Para nosso estudo, têm interesse os reflexos motores, cuja base anatomofuncional é o arco reflexo. ARCO REFLEXO → constituído pelos seguintes elementos: (1) via aferente; (2) centro reflexógeno; (3) via eferente; e (4) órgão efetor. REFLEXOS SUPERFICIAIS: Nesta classe de reflexos, os estímulos são realizados sobre a pele ou mucosas e provocam contrações musculares, geralmente circunscritas aos grupos musculares da região excitada. (1) Reflexo cutâneo-plantar: a excitação da planta do pé, em sua margem interna preferencialmente, no sentido póstero-anterior, provoca flexão plantar do hálux e dos artelhos. Denomina-se o reflexo como cutâneo-plantar em flexão. A pesquisa deve ser realizada estando o paciente deitado e relaxado, utilizando-se uma espátula ou um objeto de ponta romba. O sinal de Babinski, que consiste na extensão lenta do hálux, é mais facilmente obtido quando se estimula a parte lateral da planta do pé e é indicativo de lesão piramidal. (2) Reflexos cutâneo-abdominais: a estimulação cutânea, rápida, da parede abdominal, no sentido látero-medial, provoca contração dos músculos abdominais ipsilaterais, causando desvio da linha alba e da cicatriz umbilical para o lado estimulado. Distinguem-se os reflexos cutâneo-abdominais superior, médio e inferior, conforme a região estimulada (altura das regiões epigástrica, umbilical e hipogástrica, respectivamente). Esses reflexos são abolidos na síndrome piramidal aguda. (3) Reflexo cremastérico: a estimulação do terço superior da face medial da coxa, estando o paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos e em abdução, desencadeia a contração do cremaster e elevação do testículo ipsilateral. (4) Reflexo anal: Contração do esfíncter anal externo em resposta à estimulação cutânea da região perianal. (5) Reflexo palmomentual: consiste de contração ipsilateral do músculo mentual e oro-orbicular após estímulo cutâneo na eminência tenar. Pode estar presente no envelhecimento normal, e há maior valor diagnóstico se é unilateral. (6) Reflexo córneopalpebral: consiste na oclusão de ambas as pálpebras quando uma das córneas é ligeiramente estimulada com uma mecha fina de algodão. A via aferente do reflexo é o nervo trigêmeo ipsilateral à córnea estimulada, e a via eferente é o nervo facial bilateral. A integração ocorre na ponte. REFLEXOS PROFUNDOS: O estímulo para avaliar os reflexos profundos deve ser um estiramento rápido do músculo causado pela percussão do tendão, realizada com o auxílio do martelo neurológico. O paciente deve manter os músculos bem relaxados e o examinador deve comparar as respostas entre os dois hemicorpos. Diz-se que há hiperreflexia, sinal característico das lesões piramidais, quando a resposta esperada é obtida ao percutir-se um dos pontos de exaltação. A hiporreflexia ou arreflexia é característica da síndrome do neurônio motor inferior. https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/nervo_trigemeo.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/nervo_facial.htm GRADAÇÃO: (1) Arreflexia ou reflexo abolido: O (2) Hiporreflexia ou reflexo diminuído: - (3) Normorreflexia ou reflexo normal: + (4) Reflexo vivo: ++ (5) Hiper-reflexia ou reflexo exaltado:+++. Sensibilidade ● A sensibilidade subjetiva compreende as queixas sensoriais que o paciente relata durante a anamnese, ou seja, a dor e as parestesias (dormência, formigamento). ● A sensibilidade objetiva, a rigor, não deixa de ser subjetiva, já que depende da resposta do paciente aos estímulos percebidos. É dita objetiva apenas porque, nesse caso, está presente um estímulo aplicado pelo examinador. ● A sensibilidade especial corresponde aos sensórios. SENSIBILIDADE SUPERFICIAL: ● Para a sensibilidade tátil, utiliza-se o pedaço de algodão ou o pequeno pincel macio, os quais são roçados de leve em várias partes do corpo.● A sensibilidade térmica requer dois tubos de ensaio, um com água gelada e outro com água quente, com que se tocam pontos diversos do corpo, alternando-se os tubos. ● A sensibilidade dolorosa é pesquisada com o estilete rombo, capaz de provocar dor sem ferir o paciente. A agulha hipodérmica é inadequada, sobretudo em mãos inábeis. A diminuição da sensibilidade tátil recebe o nome de hipoestesia; sua abolição, anestesia; e seu aumento, hiperestesia. Tais alterações estão na dependência da lesão das vias das várias modalidades sensoriais. SENSIBILIDADE PROFUNDA: ● A sensibilidade vibratória (palestesia) é pesquisada com o diapasão de 128 vibrações por segundo, colocado em saliências ósseas. ● A sensibilidade à pressão (barestesia) é verificada mediante compressão digital ou manual em qualquer parte do corpo, especialmente de massas musculares. ● A cinético-postural ou artrocinética (batiestesia) é explorada deslocando-se suavemente qualquer segmento do corpo em várias direções (flexão, extensão). Em dado momento, fixa-se o segmento em uma determinada posição, que deverá ser reconhecida pelo paciente. Para facilitar o exame, elegem-se algumas partes do corpo, como o hálux, o polegar, o pé ou a mão. ● A sensibilidade dolorosa profunda é avaliada mediante compressão moderada de massas musculares e tendões, o que, normalmente, não desperta dor. Se o paciente acusar dor, é sinal de que há neurites e miosites. De modo contrário, os pacientes com tabes dorsalis não sentem dor quando se faz compressão, mesmo forte, de órgãos habitualmente muito dolorosos, como é o caso dos testículos. ESTEREOGNOSIA: Em seguida ao exame da sensibilidade, avalia-se o fenômeno estereognóstico, que significa a capacidade de reconhecer um objeto com a mão sem o auxílio da visão. Quando se perde essa função, diz-se astereognosia ou agnosia tátil, indicativa de lesão do lobo parietal contralateral. Nervos cranianos Os 12 nervos cranianos têm origem no tronco encefálico ou se dirigem para ele, com exceção dos dois primeiros, que, por sinal, não têm características morfológicas de nervo, e sim de tecido cerebral e do ramo externo do XI, cuja origem se encontra na medula cervical. 12 pares cranianos (1) Nervo olfatório; (2) Nervo óptico; (3) Nervo oculomotor; (4) Nervo troclear; (5) Nervo trigêmio; (6) Nervo abducente; (7) Nervo facial; (8) Nervo vestibulococlear; (9) Nervo glossofaríngeo; (10) Nervo vago; (11) Nervo acessório; (12) Nervo hipoglosso; NERVO OLFATÓRIO (I) → O olfato é pesquisado com auxílio de recipientes pequenos contendo café, baunilha, limão, canela ou outros odores suaves. Aproxima-se um dos recipientes de uma das narinas (antes tapa-se narina oposta) e depois da outra narina. Repete-se a operação algumas vezes até ter certeza do olfato de ambas as narinas do paciente. ANOSMIA é o termo usado para a perda do olfato. PAROSMIA é o termo usado para a percepção alterada do olfato (dizer que a baunilha tem cheiro desagradável, por exemplo). NERVO ÓPTICO (II): (1) Acuidade visual → Pede-se ao paciente que diga o que vê na sala de exame (na parede, na mesa) ou leia alguma coisa. Examina-se cada olho em separado. Havendo diminuição da acuidade, fala-se em ambliopia; quando abolida, constitui-se em amaurose. Ambas podem ser uni ou bilaterais. (2) Campo visual → Sentado, o paciente fixa um ponto na face do examinador, postado à sua frente. O examinador desloca um objeto nos sentidos horizontal e vertical, e o paciente dirá até que ponto está "percebendo" o objeto nas várias posições. Cada olho é examinado separadamente. A isso se denomina avaliação do campo visual ou campimetria. Também é possível sinalizar com os dedos determinados números e pedir ao paciente para informar qual o número sinalizado. (3) Fundoscopia →Com o oftalmoscópio, o fundo de olho torna-se perfeitamente visível. NERVO OCULOMOTOR (III), TROCLEAR (IV) e ABDUCENTE (VI): Esses três nervos são examinados em conjunto, pois inervam os vários músculos que têm por função a motilidade dos globos oculares. O exame é feito em cada olho separadamente e, depois, simultaneamente, da seguinte maneira: estando o paciente com a cabeça imóvel, o examinador solicita a ele que desloque os olhos nos sentidos horizontal e vertical. No exame simultâneo, acrescenta-se a prova da convergência ocular, que é feita aproximando gradativamente um objeto dos olhos do paciente. MOTILIDADE EXTRÍNSECA: A posição do globo ocular é dada pelo funcionamento harmônico dos vários músculos. Caso haja predomínio de um deles (por paresia ou paralisia de seu antagonista), ocorre o que se chama ESTRABISMO. Na presença de estrabismo, pelo menos na fase inicial, o paciente reclama de visão dupla ou diplopia. MOTILIDADE INTRÍNSECA: Dinamicamente, a pupila é examinada por meio de um feixe luminoso (lanterna de bolso) e pela convergência ocular. Em ambiente de pouca luminosidade, o paciente deve olhar para um ponto mais distante. O examinador incide o feixe de luz em uma pupila e observa a resposta nos dois lados. Chama-se reflexo fotomotor direto a contração da pupila na qual se fez o estímulo, e de reflexo fotomotor consensual a contração da pupila oposta. Em seguida, aproxima-se dos olhos um objeto, e as pupilas se contrairão normalmente - é o reflexo da acomodação. Os reflexos podem estar normais, diminuídos ou abolidos. NERVO TRIGÊMEO (V): (1) Raízes motoras → A sensibilidade superficial da face é testada como foi explicado no exame de sensibilidade. Não esquecer que o trigêmeo, também, leva à sensibilidade da boca, língua até os pilares amigdalianos. A sensibilidade profunda vibratória da face não é pesquisada, pois este estímulo entrará no SNC, através do VIII nervo (acústico). ● A mastigação é testada, solicitando-se ao paciente para prender um abaixador de língua entre os dentes molares de um lado e do outro. No lado parético,o examinador retirará o abaixador de língua com maior facilidade. ● Ao abrir a boca, o examinador observará desvio de mandíbula. Quando um dos nervos trigêmeos está deficiente, a mandíbula se desviará para este lado. ● O reflexo córneo-palpebral (referência é dada pelo V nervo) será examinado tocando-se o limbo corneano (parte colorida do globo ocular) com um filete de algodão. A resposta (fechamento das pálpebras) é função do nervo facial; para facilitar esta pesquisa, solicita-se ao paciente para olhar para cima e para o lado oposto ao olho examinado. ● O reflexo esternutatório é pesquisado, colocando-se um filete de algodão nas narinas de um lado e, a seguir ao outro, o que provocará fuga e desconforto para o paciente, se a sensibilidade das cavidades nasais (V nervo) estiver preservada. NERVO FACIAL (VII): Para fazer o exame do nervo facial, solicita-se ao paciente enrugar a testa, franzir os supercílios, fechar as pálpebras, mostrar os dentes, abrir a boca, assobiar, inflar a boca e contrair o platisma ou músculo cutilar do pescoço. Na paralisia unilateral, observam-se lagoftalmia (o olho permanece sempre aberto); ausência do ato de piscar; epífora (lacrimejamento ); desvio da boca para o lado normal, sobretudo quando se pede ao paciente que mostre os dentes ou abra amplamente a boca, e incapacidade para contrair o platisma, assobiar e manter a boca inflada. A paralisia da face se chama prosopoplegia e, quando bilateral, fala-se em diplegia facial. NERVO VESTIBULOCOCLEAR (VIII): A raiz coclear é avaliada pelos seguintes dados e manobras: ● Diminuição gradativa da intensidade da voz natural ● Voz cochichada ● Atrito suave das polpas digitais próximo ao ouvido ● PROVA DE RINNE, que consiste em aplicar o diapasão na região mastóide. Quando o paciente deixar de ouvir a vibração, coloca-se o aparelho próximo ao conduto auditivo. Em condições normais, o paciente acusa a percepção do som (Rinne positivo). Transmissão óssea mais prolongada que a aérea (Rinne negativo) significa deficiência auditiva de condução. NERVO GLOSSOFARÍNGEO (IX) E NERVO VAGO (X): ● Os nervos glossofaríngeo e vago podem ser examinados juntos. Os pacientes comlesões nestes nervos queixam-se em geral de dificuldade para deglutir (disfagia) principalmente alimentos líquidos com engasgos e/ou refluxo para as cavidades nasais e dificuldade para falar (disartria) com voz bitonal ou anasalada. ● O exame de sensibilidade gustativa foi explicado no VII nervo craniano. ● O exame da motricidade do palato mole e da úvula é feito solicitando-se para o paciente abrir a boca, estando sentado, e depois de visualizar as partes a serem examinadas pede-se para o mesmo falar Ah! ou Eh! e manter esta vocalização por alguns segundos. Observa-se neste momento a contração da musculatura do palato. Quando os nervos de um lado estão paralisados, somente o palato do lado oposto subirá desviando a úvula para este lado, do lado lesado o palato ficará hipotônico e abaixado, (sinal da cortina). Se os nervos dos dois lados estiverem lesados o som sairá anasalado, a úvula e o palato não subirão. ● A sensibilidade da faringe é testada com um abaixador de língua, tocando os pilares amigdalianos de um lado, perguntando-se ao paciente se sentiu e, depois do outro, repetindo-se a mesma pergunta. Muitas vezes essa pergunta é desnecessária pois surge o reflexo do vômito que confirmará a presença da sensibilidade. ● Outros tipos de sensibilidade como a dolorosa e a térmica não são, de rotina, examinados nesta região. NERVO ACESSÓRIO (XI): A lesão do acessório por traumatismo, esclerose lateral amiotrófica ou siringomielia tem como consequência atrofia desses músculos, deficiência na elevação do ombro (trapézio) e na rotação da cabeça para o lado oposto (esternocleidomastóideo) do músculo comprometido. NERVO HIPOGLOSSO (XII): A inervação motora da língua é testada observando o trofismo e os desvios da língua. Quando a língua é colocada para fora da boca ela desviará para o lado paralisado. Quando a língua é puxada para o fundo da boca ela é desviada para o lado são. A seguir solicita-se ao paciente para, com a língua fora da boca, dobrá-la para cima, para baixo, para os lados. Na paralisia da hemilíngua direita o paciente não conseguirá dobrá-lo para o lado esquerdo. Quando houver deficiência bilateral haverá paresia ou plegia de todos os movimentos
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