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GOVERNANÇA E REGULAÇÕES DA INTERNET NO BRASIL E NO MUNDO 5

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AULA 5 
GOVERNANÇA E 
REGULAÇÕES DA INTERNET 
NO BRASIL E NO MUNDO 
Prof. Armando Júnior 
2 
CONVERSA INICIAL 
Meios de regulação indireta 
Nesta aula, iniciaremos nossas conversas sobre os princípios do CGI.br 
para a Governança e uso da Internet no Brasil (Tema 1). Veremos os princípios 
do Conselho da Europa (CoE) (Tema 2), faremos uma análise da Comissão 
Europeia e o Internet Compact (Tema 3), trataremos de vislumbrar a estratégia 
Internacional para o Ciberespaço dos Estados Unidos (Tema 4) e, por fim, 
estudaremos os princípios no ambiente G8 (Tema 5). 
TEMA 1 – PRINCÍPIOS DO CGI.BR PARA A GOVERNANÇA E USO DA 
INTERNET NO BRASIL 
Antes de empreitarmos os princípios do CGI.br para governança e uso da 
Internet, buscamos o significado de governança da Internet. De acordo com 
Kurbalija (2016), a Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (CMSI)1 
apresentou a seguinte definição prática sobre governança da Internet: 
Governança da Internet é o desenvolvimento e a aplicação pelos 
Governos, pelo setor privado e pela sociedade civil, em seus respectivos 
papéis, de princípios, normas, regras, procedimentos de tomadas de 
decisão e programas em comum que definem a evolução e o uso da 
Internet. Esta definição prática, um tanto ampla, não responde à questão 
das diferentes interpretações de dois termos-chave: ‘Internet’ e 
‘governança’. (Kurbalija, 2016, p. 2) 
Contextos técnicos, culturais, sociais, econômicos e políticos da 
governança e uso da Internet no Brasil fazem parte dos Princípios do Comitê 
Gestor. Alguns dos princípios contidos nesta declaração tocam em pontos 
sensíveis, como é o caso da questão de acesso à Internet, que segundo o 
documento, deve ser universal e representar uma via de desenvolvimento social 
e humano, colaborando em benefício da comunidade e construindo uma 
sociedade inclusiva e não discriminatória. Incide que deve haver estabilidade na 
segurança e funcionalidade globais da rede, mantendo-as ativamente 
preservadas por meio de medidas técnicas que sejam compatíveis com os 
padrões internacionais, estimulando o uso das boas práticas. 
1 A Resolução 56/183 (21 de dezembro de 2001) da Assembleia Geral da ONU aprovou a 
realização da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (CMSI) em duas fases (Kurbalija, 
2016, p. 2). 
 
 
3 
Tanto as ações como as decisões do CGI.br estão embasadas nos 
“Princípios para a Governança e Uso da Internet no Brasil”, que foram aprovados 
por consenso pelos membros do Comitê no ano de 2009 (Resolução 
CGI.br/Res/2009/03/P2), onde foram aprovados os seguintes Princípios para a 
Internet no Brasil: 
1. “Liberdade, privacidade e direitos humanos 
O uso da Internet deve guiar-se pelos princípios de liberdade de 
expressão, de privacidade do indivíduo e de respeito aos direitos 
humanos, reconhecendo-os como fundamentais para a preservação 
de uma sociedade justa e democrática. 
2. Governança democrática e colaborativa 
A governança da Internet deve ser exercida de forma transparente, 
multilateral e democrática, com a participação dos vários setores da 
sociedade, preservando e estimulando o seu caráter de criação 
coletiva. 
3. Universalidade 
O acesso à Internet deve ser universal para que ela seja um meio 
para o desenvolvimento social e humano, contribuindo para a 
construção de uma sociedade inclusiva e não discriminatória em 
benefício de todos. 
4. Diversidade 
A diversidade cultural deve ser respeitada e preservada e sua 
expressão deve ser estimulada, sem a imposição de crenças, 
costumes ou valores. 
5. Inovação 
A governança da Internet deve promover a contínua evolução e 
ampla difusão de novas tecnologias e modelos de uso e acesso. 
6. Neutralidade da rede 
Filtragem ou privilégios de tráfego devem respeitar apenas critérios 
técnicos e éticos, não sendo admissíveis motivos políticos, 
comerciais, religiosos, culturais, ou qualquer outra forma de 
discriminação ou favorecimento. 
7. Inimputabilidade da rede 
O combate a ilícitos na rede deve atingir os responsáveis finais e 
não os meios de acesso e transporte, sempre preservando os 
princípios maiores de defesa da liberdade, da privacidade e do 
respeito aos direitos humanos. 
8. Funcionalidade, segurança e estabilidade 
A estabilidade, a segurança e a funcionalidade globais da rede 
devem ser preservadas de forma ativa através de medidas técnicas 
compatíveis com os padrões internacionais e estímulo ao uso das 
boas práticas. 
9. Padronização e interoperabilidade 
A Internet deve basear-se em padrões abertos que permitam a 
interoperabilidade e a participação de todos em seu 
desenvolvimento. 
10. Ambiente legal e regulatório 
O ambiente legal e regulatório deve preservar a dinâmica da Internet 
como espaço de colaboração”. (CGI.BR, 2009) 
Este conjunto de princípios tem sido utilizado como guia para a atuação do 
CGI.br, além de ser ponto referencial para atores e atividades que estejam 
relacionados com a governança da Internet no Brasil e no mundo. No Brasil, estes 
 
2 Disponível em: <https://www.cgi.br/resolucoes/documento/2009/003>. Acesso em 15 abr. 2020. 
 
 
4 
princípios foram base de inspiração e foram usados como base ao Marco Civil da 
Internet (Lei Federal n. 12.965 de 20143), o dispositivo legal mais importante 
relacionado à Internet no país. 
Saiba mais 
Veja a página dos princípios para governança e uso da Internet no Brasil, 
do CGI.br: <https://principios.cgi.br/#1-new>. Acesso em: 15 abr. 2020. 
TEMA 2 – PRINCÍPIOS DO CONSELHO DA EUROPA (COE) 
Esse tema tratará das atividades do Conselho da Europa (CoE), que é um 
dos principais influenciadores quando os assuntos são alusivos aos direitos 
humanos e à Internet. 
Entre as suas atribuições, o CoE é a instituição que se dedica aos direitos 
humanos no âmbito pan-europeu, tendo a “Convenção para a Proteção dos 
Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais (COE, 2010)” como o instrumento 
principal. A partir de 2003, o CoE adota inúmeras declarações colocando em 
destaque a importância dos direitos humanos na Internet. Além disso, o CoE é 
depositário da Convenção sobre Crime Cibernético, destacando-se como o 
principal instrumento global nesta área, colocando-o como sendo uma das 
principais organizações que buscam o “equilíbrio justo entre os direitos humanos 
e considerações sobre cibersegurança no desenvolvimento futuro da Internet” 
(Kurbalija, 2016, p. 182-183). 
Nos últimos anos, um dos principais destaques na agenda diplomática tem 
sido a liberdade de expressão online, constando inclusive na agenda do Conselho 
de Direitos Humanos da ONU4. O assunto tem sido pauta em diversas 
conferências internacionais, sendo que estas discussões a respeito da liberdade 
de expressão online notoriamente tem sido uma área política deveras controversa. 
Não podemos deixar de lembrar que se trata de um dos direitos humanos 
fundamentais, tendo como destaque nessas discussões o controle de 
conteúdo e a censura. Na Declaração Universal dos Direitos Humanos 
da ONU, a liberdade de expressão (artigo 19) é contrabalançada pelo 
direito do Estado de limitar a liberdade de expressão para o bem da 
moralidade, da ordem pública e do bem estar geral (artigo 29). (Kurbalija, 
2016, p. 19) 
 
3 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. 
Acesso em 15 abr. 2020. 
4 Nações Unidas (sem data) The Universal Declaration of Human Rights. Disponível em: 
<https://www.un.org/en/universal-declaration-human-rights/index.html>. Acesso em: 15 abr. 2020. 
 
 
5 
Os direitos das pessoas com deficiência também faz parte das questões 
inerentes à Internet. Por conta das estimativas das Nações Unidas, há um bilhão 
de pessoas com algum tipo de deficiência no mundo. 
Entre os diversos fatores que colaboram para o aumento deste número, 
encontramos a guerra e a destruição, causadas naturalmente ou com interferência 
humana. Além disso, colaboram alguns fatores como a pobreza e condições de 
vidainsalubres, ladeados pela “falta de conhecimento sobre a deficiência, as suas 
causas, prevenção e tratamento” (Kurbalija, 2016, p. 183). 
Algumas novas possibilidades para a inserção social das pessoas com 
deficiência são ofertadas pela Internet. Para que seja possível maximizar as 
possibilidades tecnológicas para essas pessoas, surge a necessidade de 
desenvolver a governança da Internet e o respectivo quadro de políticas. Nesse 
campo, o principal instrumento internacional é a Convenção sobre os Direitos de 
Pessoas com Deficiências, defendida pela ONU no ano de 2006 e firmada por 159 
países em abril de 2014, designando os direitos que na atualidade estão incluídos 
na legislação nacional, tornando-os aplicáveis. 
Quando atuamos no campo da governança da Internet, deve-se focar no 
conteúdo da Web, por estar em constante desenvolvimento e constituir uma 
infraestrutura. Entretanto, diversos aplicativos Web não chegam a atender as 
normas de acessibilidade, principalmente por não haver conscientização ou 
percepção da complexidade, além dos custos muito altos empregados nesse 
processo. Encontramos as necessárias normas de acessibilidade Web no W3C5. 
Em termos de liberdade de expressão e direito de se comunicar, a política 
de conteúdos tem sido uma das principais questões socioculturais. Para o 
governo, a preocupação é o controle de conteúdo. No caso da tecnologia, temos 
as ferramentas para controle de conteúdo. Três grupos de conteúdos são o centro 
dessas discussões: 
• “Conteúdo com consenso global para o seu controle. Incluem-se 
aqui a pornografia infantil, justificativa de genocídio e 
incitamento ou organização de atos terroristas. 
• Conteúdo sensível para países, regiões ou grupos étnicos 
específicos devido aos seus valores religiosos e culturais 
particulares. 
• Censura política na Internet. Os Repórteres sem Fronteiras emi- 
tem relatórios anuais sobre a liberdade de informação na 
Internet”. (Kurbalija, 2016, p. 186) 
 
5 Disponível em: <https://www.w3.org/>. Acesso em 15 abr. 2020. 
 
 
6 
Na educação, a Internet proporcionou possibilidades inovadoras. Diversas 
iniciativas foram implementadas: ciberaprendizagem, educação online e ensino a 
distância. A utilização da Internet como uma maneira de realizar cursos tem sido 
o principal objetivo destas iniciativas e a educação transnacional requer o 
desenvolvimento de novos sistemas de governança. 
Os aspectos relacionados às crianças demonstram a sua vulnerabilidade à 
vitimização. Grande parte de questionamentos relativos à segurança na Internet 
são referentes aos jovens, infelizmente centrada nos menores de idade. No 
entanto, as questões indefinidas costumam ganhar nitidez quando tratamos da 
segurança das crianças. 
Questões como Ciberbullying, abuso e exploração sexual e jogos violentos 
são listados entre os inúmeros desafios enfrentados por educadores e pais para 
proteger as crianças no mundo virtual. Uma das variáveis nesse processo é o fato 
de que os “nativos digitais” detêm muito mais conhecimento sobre a utilização das 
TIC do que seus pais. No intuito de ampliar a conscientização entre as partes 
interessadas, a CoE lançou o projeto InSafe6 como uma rede europeia de pontos 
para fomentar a conscientização da segurança na Internet. 
Desde o princípio, a Internet tem como língua predominante o inglês. 
Algumas estatísticas de 2014 apontam que aproximadamente 56% do conteúdo 
da Web está em inglês, ao passo que 75% da população mundial não fala este 
idioma. Este cenário fez com que muitos países adotassem algumas medidas 
para promover o multilinguismo, mantendo a proteção da diversidade cultural. 
Quando pretendemos promover o multilinguismo, não podemos nos ater 
unicamente a questões culturais, uma vez que este processo está imediatamente 
relacionado à necessidade de aperfeiçoamento e desenvolvimento da Internet. Se 
pretendemos que a Internet seja utilizada por diversas partes da sociedade e não 
unicamente pelas elites, o conteúdo deve ser acessível em mais idiomas 
(Kurbalija, 2016, p. 197). 
Estruturas de governança adequadas são necessárias para a promoção do 
multilinguismo. O primeiro componente dos regimes de governança foi 
disponibilizado por instituições como a Organização das Nações Unidas para a 
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). 
 
6 Atualmente Better Internet for Kids, disponível em: <https://www.betterinternetforkids.eu/>. 
Acesso em 15 abr. 2020. 
 
 
7 
Atualmente, a governança da Internet abraça uma grande variedade de 
partes interessadas. Entre essas partes, temos os governos nacionais, instituições 
internacionais, as organizações privadas, a sociedade civil e a comunidade 
técnica. 
“Enquanto o multissetorialismo é adotado como princípio, o debate 
principal é sobre o papel específico de cada ator, focando principalmente 
a relação entre atores estatais e não estatais”. (Kurbalija, 2016, p. 203) 
Saiba mais 
Para saber mais sobre as Diretrizes do Comité de Ministros do Conselho 
da Europa sobre a justiça adaptada às crianças, acesse: 
<https://rm.coe.int/16806a45f2>. Acesso em: 15 abr. 2020. 
TEMA 3 – COMISSÃO EUROPEIA E O “INTERNET COMPACT” 
A Comissária Europeia Neelie Kroes apresentou sete princípios quando 
propôs o ‘Internet Compact’ no final de julho de 2011. Essa Comissão desenvolve 
políticas em temas que se relacionam à Internet via atuação da Diretoria Geral 
sobre Sociedade da Informação e Mídia. São diversos temas abrangidos, como 
infraestrutura e telecomunicações, governo eletrônico, educação online, conteúdo 
em formato digital, dentre outros. 
Dentro dos temas por nós estudados no contexto da governança da 
Internet, a Comissão tem sido fundamental, participando ativamente nos debates 
que envolvem arranjos institucionais. No ano de 2011, no encontro da OCDE 
sobre economia da Internet, a então vice-presidente da Comissão Europeia, 
Neelie Kroes, ponderou que 
“A academia, o setor privado e a sociedade civil têm contribuído 
enormemente para o sucesso da Internet. Os políticos devem atentar 
para isso. Mas as autoridades públicas não podem nem devem 
permanecer em segundo plano. A Internet tem relevância e traz 
benefícios para os cidadãos, para a economia e para a sociedade. Por 
essa razão, é de interesse dos formuladores de políticas públicas. Um 
dos desafios é corresponder esse interesse legítimo sem prejudicar as 
características da Internet”. (Magrani e colab., 2011, p. 74) 
A comissária advertiu que a Internet deveria permanecer, quando possível, 
livre de qualquer intervenção. A questões que envolvem a regulação deveriam ser 
vistas como última alternativa e o papel dos princípios seria apontar aquilo que a 
Internet tem de essencial, que deve ser promovido ou preservado. 
 
 
8 
Foi formulado pela Comissão Europeia um esboço contendo alguns 
princípios, conhecidos como Digital Compact for the Internet (em inglês, a primeira 
letra de cada um dos princípios forma a palavra “compact”). Foi formalizada no 
Fórum de Governança da Internet de 2011, em Nairóbi. De modo resumido, os 
princípios seriam os seguintes: 
• “Responsabilidade cívica. Assim como no ambiente off-line, as pessoas 
assumem responsabilidades umas com as outras na Internet, que vão 
além das puramente legais. 
• Uma Internet. É preciso evitar a fragmentação. 
• Governança multissetorial da Internet. A participação de todos os 
interessados na formulação de políticas é positiva. Pró-democracia. Com 
as ferramentas certas, a Internet pode se tornar um instrumento de apoio 
à vida democrática. Questões de arquitetura. 
• A arquitetura da Internet é fundamental para a sua dinâmica. A 
arquitetura vai mudar no futuro, com o surgimento de novos desafios, 
mas é preciso estar ciente das implicações que diferentes modelos 
possam ter. 
• A confiança dos usuários é um pré-requisito. Barreiras para a confiança 
são barreiras ao acesso. Se não forem solucionados, problemas como a 
proteçãoaos dados pessoais, à privacidade e à segurança podem 
afastar as pessoas da rede. 
• Governança transparente. Essa seria a base de sustentação do 
multissetorialismo. Em particular, é preciso transparência sobre o papel 
do governo ao representar seus cidadãos, e garantir que opiniões não 
sejam ignoradas”. (Magrani e colab., 2011, p. 75) 
Simultaneamente às diversas discussões sobre os princípios, o Comitê de 
Ministros do CoE preveniu os Estados membros sobre as possíveis ameaças à 
liberdade de expressão e de associação na Internet. Estas ameaças podem ser 
resultado da pressão política exercida sobre aqueles que prestam serviços de 
Internet e sobre as plataformas online para que ajam como coparticipes no 
processo de aplicação das leis. 
Esse Comitê demonstrou preocupações relacionadas ao cerceamento à 
liberdade de expressão, ocasionados por ataques e invasões a websites, a sites 
de vazamentos de informações, como o Wikileaks, entre outros. Aprovaram uma 
declaração em conjunto, onde destacou-se a importância de cada um desses 
atores como “facilitadores do exercício dos direitos à liberdade de expressão e à 
liberdade de associação” (Magrani e colab., 2011, p. 74). 
 
 
 
9 
Saiba mais 
Veja mais sobre a febre dos princípios da internet e sobre como o direito 
indicativo é utilizado para regular a internet: <https://politics.org.br/edicoes/febre-
dos-princ%C3%ADpios-da-internet-como-o-direito-indicativo-%C3%A9-utilizado-
para-regular-internet>. Acesso em: 15 abr. 2020. 
TEMA 4 – ESTRATÉGIA INTERNACIONAL PARA O CIBERESPAÇO DOS 
ESTADOS UNIDOS 
O presidente Barack Obama, então presidente dos Estados Unidos da 
América, anunciou em maio de 2011 um plano estratégico para utilizar no 
ciberespaço, envolvendo princípios que devem dirigir o desenvolvimento 
transversal de políticas associadas à Internet no domínio do governo americano. 
O foco da inciativa é na segurança: 
o documento reconhece o papel que a Internet desempenha no 
desenvolvimento econômico e social, mas também as novas ameaças 
que se perpetuam por meio da rede. Dentre elas, figuram “os desastres 
naturais, sabotagens, o roubo da propriedade intelectual e a 
possibilidade de ameaças à paz e à segurança internacional”. (Magrani 
e colab., 2011, p. 77) 
No documento consta a intenção do governo na busca de equilíbrio entre 
liberdade e segurança em todas as políticas governamentais. 
Na esfera internacional, o governo americano estabeleceu como meta 
ampliar a adesão dos países à Convenção de Budapeste sobre cibercrimes, 
documento que destaca o papel de softwares proprietários e abertos para a 
economia e atendimento das necessidades dos usuários. Chama atenção para a 
notabilidade da interoperabilidade e da preservação da arquitetura end to end7, 
buscando coibir a fragmentação da rede. 
O documento elenca as políticas que serão prioridade para o governo dos 
Estados Unidos: 
“Economia: promoção de normas internacionais e mercados 
abertos e inovadores 
• Manter um ambiente de livre comércio que estimule a inovação 
tecnológica em redes acessíveis, globalmente interligadas; 
• Proteger a propriedade intelectual, incluindo os segredos 
comerciais, do roubo; 
 
7 “Como o nome diz, ‘de ponta a ponta’. Estamos falando de ‘aplicações’ que possuem dados, 
lógica e interface, portanto, testes ‘end-to-end’ devem englobar os três. São focados na interface 
como caminho para testar automaticamente comportamentos, interações e fluxos, que contenham 
ou não, dados e lógica” (Vaccaro, 2017). 
 
 
10 
• Assegurar a primazia de padrões técnicos interoperáveis e seguros, 
determinados por especialistas técnicos. 
Proteger nossas redes: reforçar a segurança, a confiabilidade e a 
resiliência 
• Promover a cooperação no ciberespaço, em especial sobre normas 
de comportamento para os Estados e sobre segurança cibernética, 
bilateralmente e no âmbito de organizações multilaterais e parcerias 
multinacionais; 
• Reduzir intrusões e interrupções na rede dos Estados Unidos; 
• Assegurar um mecanismo robusto de administração de incidentes, 
a resiliência e a capacidade de recuperação da infraestrutura de 
informação; 
• Melhorar a segurança da cadeia de fornecimento de alta tecnologia. 
Impor a lei: estender a colaboração e o Estado de Direito 
• Participar plenamente das discussões internacionais sobre 
cibersegurança; 
• Harmonizar as leis internacionais de cibercrime, expandindo a 
adesão à Convenção de Budapeste; 
• Concentrar as leis de cibercrime na luta contra as atividades ilegais, 
sem restringir o acesso à Internet; 
• Negar aos terroristas e a outros criminosos a capacidade de 
explorar a Internet para operacionalização de planejamento, 
financiamento, ou ataques. 
Militar: preparar-se para os desafios de segurança do século 21 
• Reconhecer e se adaptar à necessidade militar crescente de redes 
confiáveis e seguras; 
• Construir e reforçar alianças militares existentes para enfrentar 
potenciais ameaças no ciberespaço; 
• Expandir a cooperação com aliados e parceiros para aumentar a 
segurança coletiva 
Governança da Internet: promoção de estruturas eficazes e 
inclusivas 
• Priorizar a abertura e a inovação na Internet; 
• Preservar a segurança e a estabilidade mundiais da rede, incluindo 
o sistema de nome de domínio (DNS); 
• Promover e melhorar fóruns multissetoriais para a discussão da 
governança da Internet. 
Desenvolvimento internacional: capacitação, segurança e 
prosperidade 
• Fornecer conhecimento, treinamento e outros recursos para países 
que buscam desenvolver a capacidade técnica e de segurança 
cibernética; 
• Desenvolver continuamente e compartilhar regularmente melhores 
práticas de cibersegurança internacionais; 
• Aumentar a capacidade dos Estados para combater o cibercrime, 
incluindo treinamento para aplicação da lei, direcionado a 
especialistas forenses, juristas e legisladores; 
• Desenvolver relações com os formuladores de políticas para 
melhorar a capacitação técnica, estabelecendo contato permanente 
com especialistas parceiros em outros países. 
Liberdade na Internet: apoio às liberdades fundamentais e à 
privacidade 
• Apoiar os atores da sociedade civil para obter plataformas 
confiáveis e seguras para o exercício das liberdades de expressão 
e de associação; · Colaborar com a sociedade civil e organizações 
não governamentais para estabelecer salvaguardas que protejam 
suas atividades na Internet de invasões ilegais; 
• Incentivar a cooperação internacional para a efetiva proteção à 
privacidade de dados no comércio; 
• Garantir a interoperabilidade end to end em uma Internet acessível 
a todos”. (Magrani e colab., 2011, p. 78-79) 
 
 
11 
Saiba mais 
Leia uma matéria da revista Veja de 2011 onde se noticiava que os Estados 
Unidos se armavam contra ataques cibernéticos: 
<https://veja.abril.com.br/mundo/estados-unidos-se-armam-contra-ataques-
ciberneticos/>. Acesso em: 15 abr. 2020. 
TEMA 5 – PRINCÍPIOS NO ÂMBITO DO G8 
O G88, no ano de 2011, discutiu pela primeira vez a governança da Internet 
em sua reunião de cúpula. A declaração final da cúpula9 do G8 elegeu alguns 
princípios, articulados no e-G810, que contou com a colaboração de mandatários 
das principais empresas ligadas à Internet. Entretanto, não houve possibilidade 
de envolvimento da sociedade civil, fato que resultou em muitas críticas, algumas 
das quais afirmaram que o evento “descarta o princípio da participação 
multissetorial, que tem evoluído no plano mundial”. 
Além disso, destacou-se que 
“políticas definidas em conjunto pelas nações mais poderosas muito 
provavelmente se tornarão a norma padrão global (...). Assim, é 
conveniente que os países do G8 discutam essas e outras questões em 
fóruns globais mais democráticos, onde todos os países estejam 
presentes em pé de igualdade”11. 
Para algumas instituições da sociedade civil que participaram do e-G8, a 
mensagem enviada pelo evento foi ambígua.Em alguns momentos, discutiu-se 
os princípios fundamentais, como a liberdade de expressão, o respeito à 
privacidade e à participação multissetorial, em outros, falou-se sobre a exaltação 
no combate ao cibercrime e a proteção à propriedade intelectual online, sem que 
houvesse um plano capaz de estabelecer os meios para alcançar os objetivos, 
deixando de computar como eles impactariam o acesso e o livre tráfego dos dados 
na rede. 
A instituição conhecida como Artigo 1912 alegou que a declaração não 
categorizou a proteção dos direitos humanos “como um princípio 
 
8 USA, Japão, Inglaterra, França, Itália, Canadá e Alemanha – mais a Rússia. 
9 CÚPULA DE DEAUVILLE. Declaração do G8. Renewed Commitment For Freedom And 
Democracy. Maio de 2011. Disponível em: <https://sg.ambafrance.org/G8-Declaration-Renewed-
Commitment> . Acesso em: 15 abr. 2020. 
10 Evento realizado antes da cúpula oficial. 
11 INTERNET GOVERNANCE CAUCUS. Open letter to President Sarkozy on eG20 meeting plan. 
Disponível em: <https://itforchange.net/node/1338>. Acesso em: 15 abr. 2020. 
12 Article 19. “G8: the Deauville Declaration on Internet Fails to Recognise Importance of Human 
Rights Including Freedom of Expression. Disponível em: 
 
 
12 
fundamental acima de todos os outros”, enfatizando a preocupações de 
cunho econômico, principalmente sobre a proteção à propriedade 
intelectual, na medida em que parece assegurar “novas restrições à 
liberdade de expressão na Internet, fortalecendo o enforcement13 da 
propriedade intelectual e indo ao encontro de propostas polêmicas, 
como o acordo anticontrafação (ACTA) e de leis nacionais que preveem 
a resposta graduada ou three strikes”. (Magrani e colab., 2011, p. 80) 
Nessa reunião, não foi diretamente referenciado o problema da 
notabilidade do princípio da neutralidade da rede, nem foi discutida a função que 
as grandes organizações – em sua maioria alocadas nos países desenvolvidos – 
exercem nas políticas de censura ou enforcement. A falta de abordagem para 
estes temas tornaram as discussões do G8 pouco inclinadas a causar uma 
impressão positiva e concreta sobre a promoção de direitos e da liberdade de 
expressão na Internet. 
Saiba mais 
Assista ao vídeo do art. 19 (2007), onde se expressa preocupação sobre a 
situação da liberdade de expressão, no link a seguir: 
<https://artigo19.org/blog/2007/07/29/brasil-article-19-expressa-preocupacao-
sobre-a-situacao-da-liberdade-de-expressao/>. Acesso em: 15 abr. 2020. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, discutimos os princípios do CGI.br para a governança e uso da 
Internet no Brasil e vimos também os princípios do Conselho da Europa (CoE) 
para a União Europeia. Em seguida, introduzimos o Internet Compact e 
estudamos as estratégias dos Estados Unidos para o Ciberespaço e os princípios 
no âmbito do G8. 
Boa parte do que vimos se relaciona aos direitos da liberdade de expressão 
e acesso à Internet – temas sensíveis e de discussões acirradas. 
Na próxima aula, veremos algumas questões pertinentes sobre a 
Regulação da Internet. 
 
 
<https://www.article19.org/data/files/pdfs/press/g8-the-deauville-declaration-on-internet-fails-to-
recognise-importance-of-hu.pdf> Acesso em 15 abr. 2020. 
13 Proteção. 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
BASTOS, Athena. Direito Digital: guia da Lei Geral de Proteção de Dados 
Pessoais (LGPD). Disponível em: <https://blog.sajadv.com.br/direito-digital-lei-
de-protecao-de-dados/>. Acesso em: 1 abr 2020. 
BRASIL. Lei n. 13.709, de 14 de agosto de 2018. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>. 
Acesso em: 31 mar 2020. 
DIREITO DIGITAL. LGPD: 11 conceitos de proteção de dados que você 
precisa conhecer. Disponível em: <https://assisemendes.com.br/blog/lgpd-
conceitos/>. Acesso em: 31 mar 2020.

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