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Prática Penal Na comarca de Santa Pedra, o Ministério Público ofereceu denúncia em face do alpinista Caio Rolando da Rocha por ter o mesmo disparado dois tiros de arma de fogo contra sua ex-companheira, em razão dela ter dito que ele estava atrasando a pensão alimentícia, atingindo somente um deles, de raspão, no braço direito da vítima, não conseguindo prosseguir porque esta se jogou contra ele e fugiu em desabalada carreira. Na fase de alegações finais o Promotor de Justiça pediu a desclassificação para exposição ao perigo da vida de outrem, afirmando que as testemunhas ouvidas não assistiram ao evento e o animus necandi não ficou devidamente caracterizado. A defesa requereu a absolvição sumária ou a impronúncia. O Juiz, entendendo que as provas eram suficientes para colocar dúvida no caso, pronunciou o acusado como incurso nas sanções do art. 121, §2º, II, c/c art. 14, II, ambos do CP, mandando fosse julgado pelo Tribunal do Júri. A defesa recorreu, apresentando as mesmas razões que estavam contidas nas alegações finais. O Ministério Público rebateu, postulando novamente a desclassificação. O Tribunal de Justiça manteve a decisão de pronúncia. No dia designado para o Júri, a vítima compareceu acompanhada de um advogado, o qual pediu para se habilitar como assistente de acusação, embora não possuísse procuração. Deferido o pedido pelo Juiz, contrariando o parecer do Ministério Público que se opôs ao pleito exatamente por falta de procuração específica para o ato, o assistente sentou-se ao lado do Órgão Acusatório. Quando foi dada a palavra à acusação, o representante do Ministério Público disse que ia utilizar todo o tempo de fala, razão pela qual não sobraria tempo para o assistente de acusação, tendo este requerido ao Juiz da causa que dividisse o tempo entre ele e o Ministério Público. O Juiz decidiu que o Promotor de Justiça falaria 45 minutos e o restante seria do assistente de acusação, sob protesto do representante do Ministério Público que solicitou fosse consignado em ata. Na sua sustentação o Promotor repetiu a tese de inexistência de provas cabais de que houve dolo de matar, requerendo a desclassificação, e, em seguida, o assistente de acusação sustentou a presença do dolo pelas circunstâncias do fato e a defesa propugnou pela absolvição. Submetido à votação, o acusado foi condenado por tentativa de homicídio qualificado pelo motivo fútil. Frisa-se que os 4 primeiros votos de todas as séries foram para a condenação do acusado e pela manutenção da qualificadora. Após a leitura da sentença de condenação, o Promotor de Justiça afirmou em Plenário que estava recorrendo da decisão, ao passo que a defesa também disse que iria recorrer posteriormente no prazo legal, uma vez que dependia da manifestação da vontade do acusado. O assistente não se manifestou. O Juiz recebeu ambas as apelações e determinou vista para a apresentação das razões recursais no prazo de oito dias. O Ministério Público apresentou as razões 21 dias depois de ser intimado e a defesa apresentou no dia seguinte ao de sua intimação, observando-se que as razões do Ministério Público foram substanciais e as da defesa foram apresentadas em termos lacônicos. O aluno deverá responder as seguintes perguntas, com a devida justificativa: 1. No caso do recurso em sentido estrito interposto pela defesa com pedido ao Tribunal de Justiça, em não havendo certeza da materialidade e indícios de autoria, qual o nomem iuris da decisão de Segundo Grau? O Juiz de Primeiro Grau tem quatro opções no encerramento da fase de admissibilidade da acusação: absolvição sumária; impronúncia; desclassificação e pronúncia. Na hipótese de pronunciar, o passo seguinte, seja pelo próprio Juiz (efeito regressivo), seja pelo Tribunal ad quem, é a despronúncia, que significa retirada da pronúncia. 2. É válido o deferimento do pedido de assistência à acusação formulado pelo advogado sem estar munido de procuração? Tendo em vista que está presente a pessoa legitimada a outorgar a procuração, nada impede que seja consignado em ata a vontade da vítima em outorgar procuração ao referido advogado. É a chamada procuração apud acta. 3. Sabendo que a legislação processual penal fala em “dois ou mais acusadores” e que o assistente de acusação não é acusador, é válida a decisão do Juiz que dividiu o tempo entre os dois? Embora, na realidade, o tempo a ser dividido entre dois acusadores se refira aos acusadores (oficial e particular), ou seja, ocorre quando houver litisconsórcio ativo (ação penal pública e ação penal privada) ou mesmo quando se tratar de ação penal privada subsidiária da pública em que os dois (advogado do querelante e o próprio representante do Ministério Público) estão aptos a apresentar as alegações em Plenário. Entretanto, como o assistente de acusação representa os interesses da vítima e tem direito a produzir prova e apresentar alegações finais, não se pode tolher esse direito. Assim, a decisão do Juiz encontra respaldo no § 2.º do art. 403 do CPP, devendo ser levado em consideração, para efeito de estabelecimento de tempo de duração de fala, a proporcionalidade ali estabelecida. Ou seja, metade do tempo de fala do acusador principal. Assim, no caso em tela, o mais lógico seria o Juiz ter estabelecido o prazo de 1 hora para o Ministério Público (correspondente aos vinte minutos apontados no caput do art. 403) e de meia hora para o assistente de acusação (que corresponderia aos dez minutos previstos no referido parágrafo). Referência ainda ao art. 477/CPP 4. O Tribunal de Justiça, ou mesmo o Juiz de Primeiro Grau, deve conhecer das duas apelações ou de apenas uma delas, em razão da legitimidade e do princípio da unirrecorribilidade? Tanto o Juiz, como o Tribunal, em face do princípio da plenitude de defesa, deve conhecer dos dois recursos, mas analisar somente um deles, pois a legitimidade para recorrer, embora haja, na legislação a inclusão do Ministério Público, no caso em tela, quem, na realidade está recorrendo é o acusado condenado, que no momento tem dois sujeitos processuais defendendo seu direito. Assim, em última análise, há um só recorrente, embora defendido por dois sujeitos processuais diferentes. 5. O Tribunal de Justiça, ou mesmo o Juiz de Primeiro Grau, deve conhecer das apelações em razão da sua formalidade, já que nenhum dos apelantes indicou qual o dispositivo legal da interposição da apelação contra a decisão do Júri? A apelação pode ser interposta por petição ou por termo nos autos. Quando interposta por termo nos autos prescinde de formalidades. Por outro lado, a limitação de apelação das decisões do Tribunal do Júri ofende a plenitude de defesa e o direito ao Segundo Grau de Jurisdição, razão pela qual o fato de a defesa e/ou da acusação interporem o recurso de apelação por termo nos autos, deve ser considerado como se tivessem interposto recurso com fundamento em todas as hipóteses previstas no inciso III do art. 593 do CPP. E nas razões apresentadas é que se terá exatamente qual foi a extensão da apelação interposta. 6. Quais as consequências advindas do fato de o Promotor de Justiça ter apresentado as razões fora do prazo? Devem ser desentranhadas? . Ainda em homenagem ao princípio da plenitude de defesa, as razões oferecidas fora do prazo (veja que as razões são defensivas) devem ser mantidas e o Tribunal deverá analisar todas as teses apresentadas pelo Ministério Público em defesa do acusado e, eventualmente, em caráter supletivo, analisar qualquer outra tese apresentada pelo defensor. 7. Na hipótese de o Tribunal de Justiça reconhecer que não houve o motivo fútil, pode manter a condenação e afastar a qualificadora? Não pode alterar parcialmente a decisão do Júri. A decisão é soberana. A qualificadora faz parte do tipo penal. Se a decisão é manifestamente contrária à prova dos autos (total ou parcialmente) o Tribunal deverá anular o Júri e determinar seja o acusado submetido a novo julgamento. O § 3.º do art. 593 do CPP deixa clara a possibilidade de o Tribunal ad quem, entendendo que a decisão dos juradosnão está em conformidade com a prova contida nos autos, determinar novo julgamento, independentemente de a prova se referir ao fato principal ou se referir a alguma qualificadora Prática Penal Na comarca de Santa Pedra, o Ministério Público ofereceu denúncia em face do alpinista Caio Rolando da Rocha por ter o mesmo disparado dois tiros de arma de fogo contra sua ex - companheira, em razão dela ter dito que ele estava atrasando a pensão alimentíci a, atingindo somente um deles, de raspão, no braço direito da vítima, não conseguindo prosseguir porque esta se jogou contra ele e fugiu em desabalada carreira. Na fase de alegações finais o Promotor de Justiça pediu a desclassificação para exposição ao pe rigo da vida de outrem, afirmando que as testemunhas ouvidas não assistiram ao evento e o animus necandi não ficou devidamente caracterizado. A defesa requereu a absolvição sumária ou a impronúncia. O Juiz, entendendo que as provas eram suficientes para co locar dúvida no caso, pronunciou o acusado como incurso nas sanções do art. 121, §2º, II, c/c art. 14, II, ambos do CP, mandando fosse julgado pelo Tribunal do Júri. A defesa recorreu, apresentando as mesmas razões que estavam contidas nas alegações finais . O Ministério Público rebateu, postulando novamente a desclassificação. O Tribunal de Justiça manteve a decisão de pronúncia. No dia designado para o Júri, a vítima compareceu acompanhada de um advogado, o qual pediu para se habilitar como assistente de a cusação, embora não possuísse procuração. Deferido o pedido pelo Juiz, contrariando o parecer do Ministério Público que se opôs ao pleito exatamente por falta de procuração específica para o ato, o assistente sentou - se ao lado do Órgão Acusatório. Quando f oi dada a palavra à acusação, o representante do Ministério Público disse que ia utilizar todo o tempo de fala, razão pela qual não sobraria tempo para o assistente de acusação, tendo este requerido ao Juiz da causa que dividisse o tempo entre ele e o Mini stério Público. O Juiz decidiu que o Promotor de Justiça falaria 45 minutos e o restante seria do assistente de acusação, sob protesto do representante do Ministério Público que solicitou fosse consignado em ata. Na sua sustentação o Promotor repetiu a tes e de inexistência de provas cabais de que houve dolo de matar, requerendo a desclassificação, e, em seguida, o assistente de acusação sustentou a presença do dolo pelas circunstâncias do fato e a defesa propugnou pela absolvição. Submetido à votação, o acu sado foi condenado por tentativa de homicídio qualificado pelo motivo fútil. Frisa - se que os 4 primeiros votos de todas as séries foram para a condenação do acusado e pela manutenção da qualificadora. Após a leitura da sentença de condenação, o Promotor de Justiça afirmou em Plenário que estava recorrendo da decisão, ao passo que a defesa também disse que iria recorrer posteriormente no prazo legal, uma vez que dependia da manifestação da vontade do acusado. O assistente não se manifestou. O Juiz recebeu am bas as apelações e determinou vista para a apresentação das razões recursais no prazo de oito dias. O Ministério Público apresentou as razões 21 dias depois de ser intimado e a defesa apresentou no dia seguinte ao de sua intimação, observando - se que as raz ões do Ministério Público foram substanciais e as da defesa foram apresentadas em termos lacônicos. O aluno deverá responder as seguintes perguntas, com a devida justificativa: Prática Penal Na comarca de Santa Pedra, o Ministério Público ofereceu denúncia em face do alpinista Caio Rolando da Rocha por ter o mesmo disparado dois tiros de arma de fogo contra sua ex-companheira, em razão dela ter dito que ele estava atrasando a pensão alimentícia, atingindo somente um deles, de raspão, no braço direito da vítima, não conseguindo prosseguir porque esta se jogou contra ele e fugiu em desabalada carreira. Na fase de alegações finais o Promotor de Justiça pediu a desclassificação para exposição ao perigo da vida de outrem, afirmando que as testemunhas ouvidas não assistiram ao evento e o animus necandi não ficou devidamente caracterizado. A defesa requereu a absolvição sumária ou a impronúncia. O Juiz, entendendo que as provas eram suficientes para colocar dúvida no caso, pronunciou o acusado como incurso nas sanções do art. 121, §2º, II, c/c art. 14, II, ambos do CP, mandando fosse julgado pelo Tribunal do Júri. A defesa recorreu, apresentando as mesmas razões que estavam contidas nas alegações finais. O Ministério Público rebateu, postulando novamente a desclassificação. O Tribunal de Justiça manteve a decisão de pronúncia. No dia designado para o Júri, a vítima compareceu acompanhada de um advogado, o qual pediu para se habilitar como assistente de acusação, embora não possuísse procuração. Deferido o pedido pelo Juiz, contrariando o parecer do Ministério Público que se opôs ao pleito exatamente por falta de procuração específica para o ato, o assistente sentou-se ao lado do Órgão Acusatório. Quando foi dada a palavra à acusação, o representante do Ministério Público disse que ia utilizar todo o tempo de fala, razão pela qual não sobraria tempo para o assistente de acusação, tendo este requerido ao Juiz da causa que dividisse o tempo entre ele e o Ministério Público. O Juiz decidiu que o Promotor de Justiça falaria 45 minutos e o restante seria do assistente de acusação, sob protesto do representante do Ministério Público que solicitou fosse consignado em ata. Na sua sustentação o Promotor repetiu a tese de inexistência de provas cabais de que houve dolo de matar, requerendo a desclassificação, e, em seguida, o assistente de acusação sustentou a presença do dolo pelas circunstâncias do fato e a defesa propugnou pela absolvição. Submetido à votação, o acusado foi condenado por tentativa de homicídio qualificado pelo motivo fútil. Frisa-se que os 4 primeiros votos de todas as séries foram para a condenação do acusado e pela manutenção da qualificadora. Após a leitura da sentença de condenação, o Promotor de Justiça afirmou em Plenário que estava recorrendo da decisão, ao passo que a defesa também disse que iria recorrer posteriormente no prazo legal, uma vez que dependia da manifestação da vontade do acusado. O assistente não se manifestou. O Juiz recebeu ambas as apelações e determinou vista para a apresentação das razões recursais no prazo de oito dias. O Ministério Público apresentou as razões 21 dias depois de ser intimado e a defesa apresentou no dia seguinte ao de sua intimação, observando-se que as razões do Ministério Público foram substanciais e as da defesa foram apresentadas em termos lacônicos. O aluno deverá responder as seguintes perguntas, com a devida justificativa:
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