Buscar

Livro - A Mulher Delinquente - Lombroso

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 526 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 526 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 526 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A	mulher	delinquente
A	prostituta	e	a	mulher	normal
Cesare	Lombroso	–	Guglielmo	Ferrero
	
Título	original:	La	donna	delinquente:	la	prostituta	e	la	donna	normale.	Turim,
Roma	(Itália):	Editori	L.	Roux	e	C.,	1893.
	
©	da	tradução:	Antonio	Fontoura	Jr.	Proibida	a	reprodução	total	ou	parcial	deste
texto,	sem	a	devida	autorização.
	
antoniofontoura.com.br
	
Imagem	 da	 capa:	 foto	 de	 Laura	 Bullion	 (1893).	 Disponível	 em
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Laura_Bullion_of_the_Wild_Bunch_gang,_Pinkerton%27s_mug_shot,_1893.jpg.
Acesso	em	1/9/2017.
	
	
	
	
	
antoniofontoura
	
	
Curitiba,	2017
	
	
Sumário
PREFÁCIO
PARTE	I	–	A	MULHER	NORMAL
CAPÍTULO	I	–	A	FÊMEA	NO	MUNDO	ZOOLÓGICO
CAPÍTULO	II	–	ANATOMIA	E	BIOLOGIA	DA	MULHER
CAPÍTULO	III	–	OS	SENTIDOS	E	A	PSICOLOGIA	DA	MULHER
CAPÍTULO	IV	–	A	CRUELDADE,	A	PIEDADE	E	A	MATERNIDADE	NA
FÊMEA	E	NA	MULHER
I.	A	Crueldade
II.	A	piedade
III.	Crueldade,	maternidade	e	piedade
CAPÍTULO	V	–	O	AMOR
I.	O	amor	nas	espécies	animais
II.	O	amor	na	raça	humana
CAPÍTULO	VI	–	O	SENSO	MORAL
I.	Mentiras
II.	Vaidade
III.	Sentimento	de	justiça
IV.	Ira,	avareza,	vícios
V.	Lealdade,	honra,	inveja,	vingança
CAPÍTULO	VII	–	INTELIGÊNCIA
I.	Inteligência	da	fêmea	no	mundo	zoológico
II.	Inteligência	da	mulher
PARTE	II	–	CRIMINOLOGIA	FEMININA
CAPÍTULO	I	–	OS	DELITOS	NAS	FÊMEAS	DOS	ANIMAIS
CAPÍTULO	II	–	OS	DELITOS	NA	MULHER	SELVAGEM	E	PRIMITIVA
CAPÍTULO	III	–	HISTÓRIA	DA	PROSTITUIÇÃO
I.	O	pudor	e	a	prostituição	entre	os	selvagens
II.	A	prostituição	em	nossa	história
PARTE	III	–	ANATOMIA	PATOLÓGICA	E	ANTROPOMETRIA	DA
MULHER	CRIMINOSA	E	DA	PROSTITUTA
CAPÍTULO	I	–	CRÂNIO
CAPÍTULO	II	–	ANOMALIAS	PATOLÓGICAS
CAPÍTULO	III	–	O	CÉREBRO	NA	CRIMINOSA	E	NA	PROSTITUTA
CAPÍTULO	IV	–	ANTROPOMETRIA	DAS	CRIMINOSAS	E	DAS
PROSTITUTAS
CAPÍTULO	V	–	ANOMALIAS	FISIONÔMICAS	E	CEFÁLICAS	DE
CRIMINOSAS
CAPÍTULO	VI	–	OUTRAS	ANOMALIAS
CAPÍTULO	VII	–	FOTOGRAFIAS	DE	CRIMINOSAS	E	PROSTITUTAS
CAPÍTULO	VIII	–	O	TIPO	CRIMINAL	NA	MULHER:	RAZÕES	ATÁVICAS
DO	TIPO
CAPÍTULO	IX	–	TATUAGENS
PARTE	IV	–	BIOLOGIA	E	PSICOLOGIA	DA	DELINQUENTE	E	DA
PROSTITUTA
CAPÍTULO	I	–	MENSTRUAÇÃO,	FECUNDIDADE,	VITALIDADE,	FORÇA,
REFLEXOS
CAPÍTULO	II	–	SENSIBILIDADE	E	CAMPO	DE	VISÃO	DE	CRIMINOSAS
E	PROSTITUTAS
CAPÍTULO	III	–	SENSIBILIDADE	SEXUAL:	TRIBADISMO,	PSICOPATIAS
SEXUAIS
CAPÍTULO	IV	–	A	CRIMINOSA	NATA
CAPÍTULO	V	–	A	CRIMINOSA	OCASIONAL
CAPÍTULO	VI	–	CRIMINOSAS	PASSIONAIS
CAPÍTULO	VII	–	SUICÍDIO
CAPÍTULO	VIII	–	A	PROSTITUTA	NATA
CAPÍTULO	IX	–	PROSTITUTAS	OCASIONAIS
CAPÍTULO	X	–	A	LOUCA	CRIMINOSA
CAPÍTULO	XI	–	DELINQUÊNCIA	EPILÉTICA	E	LOUCURA	MORAL
CAPÍTULO	XII	–	DELINQUENTES	HISTÉRICAS
Índice	das	imagens
FIGURA	1	–	OBESIDADE	NA	ABISSÍNIA.	ALMOFADA	POSTERIOR	EM	AFRICANAS
FIGURA	2	–	ANOMALIAS	VULVARES
FIGURA	3	–	MULHERES	DE	GÊNIO	DA	EUROPA	E	DA	AMÉRICA
FIGURA	4	–	CRÂNIOS	DE	CRIMINOSAS	ITALIANAS.
FIGURA	5	–	CRÂNIO	DE	CHARLOTTE	CORDAY.
FIGURA	6	–	CRÂNIO	DE	CHARLOTTE	CORDAY.
FIGURA	7	–	CRÂNIO	DE	CHARLOTTE	CORDAY.
FIGURA	8	–	FISIONOMIA	DE	CRIMINOSAS	RUSSAS.
FIGURA	9	–	A	VELHA	DE	PALERMO.
FIGURA	10	–	FISIONOMIAS	DE	PROSTITUTAS	RUSSAS.
FIGURA	11	–	FISIONOMIA	DE	CRIMINOSAS	FRANCESAS,	ALEMÃS	E	ITALIANAS.
FIGURA	12	–	OUTRAS	FISIONOMIAS	DE	CRIMINOSAS	FRANCESAS,	ALEMÃS	E	ITALIANAS.
FIGURA	13	–	OUTRAS	FISIONOMIAS	DE	CRIMINOSAS	FRANCESAS,	ALEMÃS	E	ITALIANAS.
FIGURA	14	–	OUTRAS	FISIONOMIAS	DE	CRIMINOSAS	FRANCESAS,	ALEMÃS	E	ITALIANAS.
FIGURA	15	–	OUTRAS	FISIONOMIAS	DE	CRIMINOSAS	FRANCESAS,	ALEMÃS	E	ITALIANAS.
FIGURA	16	–	GABRIELLE	BOMPARD.
FIGURA	17	–	BERLAND.
FIGURA	18	–	THOMAS.
FIGURA	19	–	MESSALINA.
FIGURA	20	–	MARGHERITA	E	LOUISE.
FIGURA	21	–	MULHER	NEGRA	E	MULHER	PELE-VERMELHA.
FIGURA	22	–	CAMPOS	DE	VISÃO	DE	JOVEM	CRIMINOSA
FIGURA	23	–	CAMPOS	DE	VISÃO	DE	DELINQUENTES.
FIGURA	24	–	MAIS	CAMPOS	DE	VISÃO	DE	DELINQUENTES.
FIGURA	25	–	DUAS	LÉSBICAS.
Prefácio
Entre	 as	muitas	 e	mais	 recentes	 pesquisas	 sobre	 a	 antropologia	 criminal,
aquelas	 que	 abordam	 a	mulher	 criminosa	 e	 a	 prostituta,	mais	 do	 que	 qualquer
outra,	 possuem	 a	 vantagem	 de	 possibilitar	 uma	 limitação	 rigorosa	 dos	 fatos,
assegurando-nos,	assim,	o	triunfo	sobre	nossos	adversários	apriorísticos,	que	se
opõem	a	nós	apenas	a	partir	da	lógica	e	de	silogismos.
Os	 primeiros	 resultados	 de	 nossos	 estudos,	 de	 fato,	 já	 indicavam	 os
contrastes	 que	 existiam	 em	 relação	 aos	 pontos	 de	 vista	 mais	 difundidos;	 e
mesmo	 certas	 pesquisas	 individuais	 e	 observações	 parciais	 pareciam	 se
contradizer:	de	modo	que	uma	abordagem	que	fosse	puramente	lógica	não	teria
chegado	a	nenhum	resultado	conclusivo.	Mas	nós,	fiéis	à	máxima	que	me	guiou
ao	 longo	 de	 toda	minha	 vida,	 analisamos	 cegamente	 os	 fatos,	mesmo	 quando
pareciam	 contraditórios,	 e	 mesmo	 quando	 pareciam	 nos	 levar	 a	 caminhos
equivocados.	 Mas	 não	 desistimos:	 pois,	 analisando	 o	 material,	 os	 fatos
aparentemente	 contraditórios	 foram	 organizados	 em	 uma	 imagem	 orgânica	 e
completa;	 se	 inicialmente	 sentíamos	como	se	estivéssemos	 tateando	no	escuro,
em	determinado	momento	nos	surgiu	um	objetivo	 lúcido	e	claro,	e	passamos	a
sentir	 o	 prazer	 do	 caçador	 que	 saboreia	 sua	 presa;	 um	prazer	 que	 é	 redobrado
pela	fadiga	da	conquista.
Em	não	poucos	momentos	durante	nossa	jornada,	assim	como	ocorre	com
as	ondas	do	mar,	certos	fatos	nos	arrastavam	para	além	–	e,	o	que	é	melhor,	para
mais	alto	–	de	nossas	metas,	auxiliando-nos	a	resolver	as	múltiplas	contradições
que	surgiam	à	nossa	frente.	Assim,	encontramos	fêmeas	das	classes	zoológicas
mais	 baixas	 sendo	 superiores	 ao	macho	 em	 volume,	 na	 complexidade	 de	 seus
órgãos:	verdadeiras	rainhas	das	espécies;	mas,	aos	poucos,	transformavam-se	em
sua	humilde	escrava,	superada	em	força,	em	variabilidade,	etc.	Da	mesma	forma
como	 na	 raça	 humana:	 antes	 da	 puberdade,	 encontramos	 a	 mulher	 com	 força
igual	 ou	 mesmo	 superior	 ao	 homem,	 o	 mesmo	 ocorrendo	 com	 o
desenvolvimento	 físico,	 e	 por	 vezes	 inclusive	 em	 inteligência;	 mas	 pouco	 a
pouco	 este	 predomínio	 se	 interrompe	 e	 é	 superado,	 deixando	 para	 trás,	 nessa
momentânea	 superioridade,	uma	prova	de	que	a	precocidade	é	algo	comum	às
raças	inferiores.
Mesmo	 a	 relativa	 escassez	 de	 sinais	 degenerativos,	 que	 à	 primeira	 vista
parece	 ser	 uma	 evidente	 prova	 de	 superioridade,	 é	 consequência	 da	 menor
variabilidade	da	mulher,	o	que,	por	sua	vez,	é	um	sinal	de	inferioridade.	Mas	as
condições	 tornam-se	 idênticas,	 ou	 quase	 idênticas,	 quando	 se	 trata	 de
monstruosidades;	 nova	 e	 estranha	 contradição,	 que	 apenas	 a	 seleção	 sexual
humana	pode	explicar.
A	 menor	 sensibilidade	 que	 observamos	 na	 mulher,	 razão	 de	 sua	 maior
vitalidade,	 também	 contrastava	 com	 as	 tradições	 e	 lendas	 usualmente	 aceitas,
como	 sua	maior,	 ou	 pelo	menos	mais	 ruidosa,	 reação	 à	 dor,	 da	 qual	 parecem
existir	provas	tão	evidentes;	porém,	a	contradição	é	eliminada	se	considerarmos
sua	maior	excitabilidade	e	sua	menor	inibição.
A	 menor	 frequência	 do	 tipo	 criminoso	 e	 da	 criminalidade	 inata	 entre	 as
delinquentes,	que	parecem	contradizer	as	afirmações	fundamentais	da	teoria	do
homem	 delinquente,	 explicam-se,	 por	 outro	 lado,	 quando	 se	 constata	 a	menor
frequência	 da	 degeneração	 e	 da	 irritação	 cortical	 epiléptica,	 que	 estão	 na	 base
dos	crimes.
A	singularíssima	contradição	da	coexistência,	na	mulher,	da	crueldade	e	da
compaixão,	é	 totalmente	 resolvida,	em	nossos	estudos,	quando	consideramos	a
influência	 da	maternidade:	 que,	 inserida	 dentro	 da	 crueldade	 primitiva,	muitas
vezes	promove	a	doçura;	da	mesma	forma	que	a	ausência	de	gênios	femininos,
bem	como	a	inferioridade	da	mulher	em	força	e	variabilidade,	explicam	por	que,
sendo	 congenitamente	 menos	 morais,	 a	 mulher	 é	 menos	 frequentemente
delinquente.	 Esses	 fatos,	 unidos	 ao	 atavismo,	 e	 ao	 preponderante	 ardor
masculino,	 permitem-nos	 compreender	 como	 o	 equivalente	 feminino	 do
criminoso	nato	não	está	na	delinquência,	mas	na	prostituição;	o	que	não	deveria,
contudo,	existir	logicamente	em	um	ser	em	que	as	necessidadessexuais	são	tão
menos	sensíveis.
Desejávamos	apresentar	essas	contradições	desde	o	início;	pois	há	espíritos
suficientemente	 desprovidos	 de	 originalidade	 ou	 incapazes	 de	 compreender	 as
pesquisas	 dos	 outros	 que,	 ignorando	 que	 a	 natureza	 quase	 nunca	 é	 lógica,
aproveitam	para	diminuir	a	confiança	do	público	em	novas	teorias.
Para	aqueles	que	podem	nos	censurar	por	termos	nos	estendido	demasiado
no	 estudo	 da	 mulher	 honesta,	 devemos	 lembrar	 que	 nenhum	 dos	 fenômenos
apresentados	pela	mulher	criminosa	poderia	ser	explicado	se	não	tivéssemos	de
antemão	o	perfil	da	mulher	normal.	E,	mais	do	que	 isso,	quando	fomos	buscar
pesquisas	 semelhantes,	 não	 encontramos	 nada	 ou	 quase	 nada;	 pois	 muitos
antropólogos	 têm	 desperdiçado	 tempo	 e	 resmas	 de	 papel	 (desconsiderando-se
exceções	 como	 Pagliani,	 Sergi,	 Tarnowsky)	 em	 medidas	 estéreis	 de	 tribos
selvagens	e	bárbaras,	sem	que	tenham	especificado	a	estesiometria	nas	diferentes
idades	 da	mulher	 europeia,	 de	modo	 que	 seria	 impossível	 afirmar	 quando	 seu
estado	normal	findava,	e	quando	se	iniciava	a	patologia.
Aqueles	que,	em	obras	sobre	as	mulheres,	não	estão	satisfeitos	com	a	lógica
dos	 fatos,	 mas	 que,	 continuam,	 ou	 melhor,	 falsificam	 antigas	 tradições
medievais,	 acreditarão	 que	 perdemos,	 em	 nossa	 obra,	 toda	 galanteria
cavalheiresca	 que	 embeleza	 as	 nossas	 vidas.	 Mas	 não	 hesitamos	 aqui	 em
sacrificar	nossas	concepções	mais	caras,	como	a	ideia	do	tipo,	e	a	do	criminoso
nato,	porque	tivemos	coragem	de	evitar	o	medo	da	aparente	contradição	que,	aos
olhos	vulgares,	poderia	 ter	sido	prejudicial	ao	nosso	 trabalho;	em	sendo	assim,
como	poderíamos	propor	uma	mentira	convencional,	desprovida	de	fundamentos
científicos	e	que	seria	imediatamente	insustentável?
Além	disso,	se	concluirmos	que	a	prostituição	é	o	equivalente	feminino	da
criminalidade	 inata,	 devemos	 admitir	 que	 esse	 equivalente,	 embora	 tenha	 a
mesma	origem	atávica	e	a	mesma	nota	de	infâmia	na	opinião	pública,	exerce,	no
entanto,	 influência	 menos	 perversa,	 danosa	 e	 temível;	 e	 ainda	 que	 não	 exista
delito	que	não	prejudique	a	sociedade,	a	prostituição	pode	se	tornar	uma	válvula
de	garantia	à	moral	pública;	além	disso,	e	acima	de	tudo,	não	teria	sobrevivido
tão	longamente,	se	não	tivesse	sido	alimentada	pelo	vício	masculino	–	desejo	útil
e	 vergonhoso;	 de	 modo	 que	 se	 pode	 dizer	 que	 a	 mulher,	 mesmo	 quando	 é
brutalizada,	mesmo	quando	erra,	ainda	assim	é	útil.
Se	 devemos	 provar	 que	 a	mulher	 é	 intelectual	 e	 fisicamente	 tal	 qual	 um
homem	 que	 teve	 seu	 desenvolvimento	 interrompido,	 o	 fato	 dela	 ser	 menos
delinquente	 que	 ele	 pode	 compensar,	 de	 maneira	 bastante	 vantajosa,	 essa
inferioridade	intelectual.
Da	 mesma	 forma	 que	 a	 harmonia	 musical,	 e	 ainda	 mais	 a	 beleza,
conquistam	 todos	os	grupos	 e	 classes,	o	 respeito	 inspirado	pela	 intensidade	de
seus	sentimentos,	especialmente	o	materno,	é	muito	mais	universal	e	durável	do
que	 as	 conquistas	 da	 inteligência.	Um	estudioso	 terá	 centenas	de	 admiradores,
que	logo	desaparecerão;	um	santo	terá	milhares,	por	todos	os	tempos.
Não	há,	assim,	uma	linha	sequer	desta	obra	que	justifique	as	injustiças	das
quais	a	mulher	tem	sido	a	vítima.	Seja	o	tabu	que	a	proíbe	que	ela	se	alimente	de
carne,	ou	que	toque	nozes	de	coco,	alcançando	tabus	atuais	que	as	impedem	de
estudar	e,	pior	ainda,	de	praticar	a	profissão	que	aprenderam:	coerções	ridículas
e	cruéis,	sempre	prepotentes,	que	certamente	contribuímos	para	manter;	e,	o	que
é	 mais	 triste,	 visando	 ampliar	 sua	 inferioridade	 em	 nosso	 benefício,	 mesmo
quando	hipocritamente	cobrimos	nossa	vítima	de	falsos	elogios;	e,	mais	do	que
uma	lisonja,	deveriam	prepará-las	para	novos	sacrifícios.
O	quanto	 as	mulheres	 podem	 ser	 úteis	 e	 importantes	 é	 demonstrado	pelo
quanto	elas	colaboraram	com	a	produção	da	presente	obra:	Sra.	Caccia,	Sra.	Dr.
Tarnowsky,	 	 Srta.	 Helene	 Zimmern,	 Sra.	 C.	 Royer,	 Sra.	 Rossi.	 Sra.	 Dr.
Kulischoff	 que	 compreenderam	minhas	 ideias	 de	maneira	 precoce,	 e	 de	 forma
mais	detalhada	que	muitos	de	nossos	pesquisadores;	 além	de	 contribuírem	por
meio	de	seus	estudos	e	através	de	documentos,	notas	e	conselhos	sobre	os	mais
difíceis	tópicos.	E	acima	de	tudo,	você	o	prova	para	mim,	minha	amada	Gina	–	o
último	 e	 único	 vínculo	 que	me	 liga	 à	 vida,	 a	 colaboradora	 e	 inspiradora	mais
frutífera,	mais	fecunda	de	todo	meu	trabalho.
Não	 consigo	 finalizar	 sem	 uma	 honesta	 declaração.	 Em	 trabalhos
colaborativos,	 aqueles	 mais	 antigos	 no	 mundo	 literário	 geralmente	 são
considerados	 responsáveis	 pela	maior	 parte	 do	 trabalho.	Nesta	 obra	 ocorreu	 o
contrário,	 pois	 a	 parte	 mais	 repleta	 de	 fatos	 e	 mais	 robusta,	 a	 psicologia	 e	 a
história,	são	todas	do	colaborador	mais	novo,	enquanto	reivindico	a	mim	apenas
a	parte	psiquiátrica	e	antropológica,	bem	como	o	plano	da	obra.
	
Turim,	1º	de	setembro	de	1892.
	
C.	Lombroso.
	
	
Parte	I	–	A	mulher	normal
	
Capítulo	I	–	A	fêmea	no	mundo	zoológico
1.	As	ciências	morais	estão,	atualmente,	tão	intimamente	ligadas	às	ciências
naturais,	que	nos	é	impossível	realizar	um	estudo	da	mulher	criminosa	sem	antes
termos	analisado	a	mulher	normal,	assim	como	a	fêmea	na	ordem	zoológica.
Nas	ordens	inferiores	da	vida	orgânica,	a	reprodução	não	precisa	de	sexo;
ela	 se	 faz	 por	 fissão	 (divisão	 de	 uma	 célula,	 exageradamente	 aumentada,	 em
duas),	 por	 gemação	 (aumento	 e	 fracionamento	 de	 uma	 parte	 da	 célula),	 por
polisporogamia	(aumento	e	fracionamento	de	um	organismo	pluricelular	em	um
grupo	 de	 células),	 por	 monosporogamia	 (crescimento	 e	 divisão	 em	 um
organismo	 celular	 de	 uma	 única	 célula,	 que	 se	 desenvolve	 por	 divisão
espontânea).
Em	 todos	 esses	 casos	 diferentes,	 a	 geração	 é	 assexuada;	 o	 fenômeno
fundamental	da	reprodução	–	desde	o	primeiro	vislumbre	da	vida	–	é	sempre	o
mesmo:	um	fragmento	se	separa	de	um	organismo,	vive	e	se	desenvolve	a	partir
de	então	de	maneira	autônoma.
A	 partir	 da	 geração	 assexuada,	 passamos	 por	 uma	 série	 de	 formas
intermediárias	 (hermafroditismo,	 geração	 alternada)	 até	 alcançarmos	 a	 geração
sexual:	 aqui	 a	 divisão	 e	 o	 abandono	 de	 uma	 parte	 do	 organismo	 não	 são
provocados	 diretamente	 por	 uma	 necessidade	 orgânica	 interna	 (aumento	 de
volume),	mas	indiretamente,	por	meio	de	uma	influência	externa:	a	fecundação
do	macho.
Na	reprodução	sexuada,	portanto,	o	 fato	principal,	o	desenvolvimento	das
partes	do	organismo	que	formarão	o	novo	ser,	é	realizado	quase	que	às	custas	da
mulher.
2.	 A	 relação	 entre	 volume,	 força	 e	 estrutura	 entre	 os	 dois	 seres.
Superioridade	e	inferioridade	da	fêmea.	Em	animais	inferiores,	de	acordo	com
Milne	Edwards,	os	indivíduos	dos	dois	sexos	são	diferenciados	entre	si	apenas	a
partir	 das	 características	 dos	 aparelhos	 reprodutores.	 Assim,	 acreditou-se	 que
entre	muitos	zoófitos	não	existissem	senão	apenas	fêmeas;	em	muitos	moluscos,
os	machos	são	diferenciados	das	fêmeas	apenas	no	momento	da	reprodução[1].
Mas,	 à	 medida	 que	 as	 diferenças	 entre	 os	 dois	 sexos	 se	 tornam	 mais
evidentes,	 a	 fêmea	 tem	 superioridade	 de	 tamanho,	 força	 e	 número	 sobre	 o
macho.	 “Eu	 acredito”,	 escreve	 o	 prof.	 Emery,	 quando	 questionado	 sobre	 esta
questão	–	“que	a	superioridade	feminina	é	primitiva,	pois	é	mais	importante	para
a	 geração.	 Esta	 frequente	 superioridade	 pode	 ser	 vista	 em	 casos	 de
partenogênese	 encontrados	 entre	 os	 crustáceos	 e	 mesmo	 entre	 certos	 insetos
(Rhodites	rosae),	nos	quais,	em	certas	ordens	ou	espécies,	o	sexo	masculino	não
existe,	ou	está	 reduzido	a	uma	mínima	função;	e	 também	em	casos	de	geração
alternada”.
Nos	vermes	do	gênero	Bonellia,	a	fêmea	é	um	animal	vistoso,	enquanto	o
macho	é	pequeno,	de	organização	simples	e	parasita	da	fêmea.
Em	um	 rotífero,	Hydatina	Senta,	 o	macho	 não	 possui	 víscera	 abdominal,
apenas	os	órgãos	sexuais	e	aqueles	ligados	ao	movimento;	enquanto	a	fêmeatem
todos	os	seus	órgãos.
E	a	respeito	de	muitos	rotíferos	discutiu-se	–	afirma	Brehm	–	se	seriam	ou
não	hermafroditas,	 pois	 não	 se	 encontravam	os	 órgãos	masculinos	 de	 geração.
Mas	depois	se	descobriu	que	quase	todos	os	indivíduos	conhecidos	eram	fêmeas,
e	 que	 os	 poucos	 machos	 encontrados	 são	 uma	 parte	 subordinada	 e	 apenas
tolerados	(id.,	p.	719).	Entre	os	Caligus,	as	fêmeas	são	extraordinariamente	mais
numerosas	que	os	machos	(op.	cit.	p.	713).	As	fêmeas	Dáfnia,	bem	maiores	que
os	 machos,	 produzem	 duas	 espécies	 de	 óvulos,	 que	 o	 naturalista	 passou	 a
denominar	 de	 “verão”	 e	 “inverno”;	 sendo	 que	 os	 do	 verão	 crescem	 sem
fertilização,	enquanto	os	do	inverno	são	fertilizados:	existindo	então	mistura	de
partenogênese	 e	 de	 geração	 gâmica	 (Brehm,	 p.	 706).	 A	 respeito	 dos
branquiópodes,	em	geral,	Brehm	afirma:	pode-se	dizer	que,	em	quase	todos,	as
fêmeas	 excedem	 o	 número	 de	 machos,	 e	 que	 em	 alguns	 dos	 gêneros	 mais
comuns,	como	o	Apus,	estes	apenas	recentemente	foram	descobertos;	em	outros
gêneros,	 são	 encontrados	 por	 um	 curto	 período	 de	 ano;	 durante	 os	 meses
seguintes,	 há	 um	 longo	 número	 de	 gerações	 nos	 quais	 os	 machos	 não	 estão
envolvidos	(Brehm,	p.	702).	Nos	Branchiopoda,	as	fêmeas	são	muito	maiores	do
que	os	machos	(id.,	p.	698).	Em	alguns	moluscos	no	grupo	Phyllopoda	–	afirma
Emery	–	o	macho	não	existe	e	a	geração	é	por	partenogênese.
Outro	 exemplo	 de	 superioridade	 feminina	 é	 dado	 pela	 Anilocra	 e	 em
gêneros	 relacionados	 (crustáceos	 de	 peixes	 parasitas);	 enquanto	 são	 jovens,
produzem	 esperma	 e	 possuem	 órgãos	 sexuais	 masculinos;	 atingindo	 a
maturidade,	os	testículos	e	os	pênis	se	atrofiam;	desenvolvem	ovários	e	vulva	e
se	tornam	fêmeas.	Em	muitos	crustáceos	parasitas	–	escreve	Emery	–	a	fêmea	é
bem	maior	que	o	pequeno	macho,	que	quase	parasita	a	fêmea.
Mesmo	 subindo	 na	 escala	 zoológica,	 é	 frequente	 a	 superioridade	 no
tamanho	e	força	da	fêmea	em	relação	ao	macho.	Em	aranhas,	a	fêmea	é	maior	e
mais	 robusta	 do	 que	 o	 macho,	 ainda	 que	 em	 algumas	 espécies,	 como	 a
Argyroneta	 aquatica	 –	 segundo	 afirma	 Brehm	 –,	 contrariamente	 ao	 que	 se
encontra	 em	 outras	 aranhas,	 o	 macho	 é	 mais	 robusto	 e	 mede	 14	 mm	 de
comprimento,	enquanto	a	fêmea	mede	apenas	11	mm	(Vita	degli	animali,	VI,	p.
627,	Turim,	1871);	mas,	em	quase	todas	as	demais	espécies,	a	diferença	é	a	favor
da	fêmea,	como	ocorre	na	Dolomedes	em	que	a	fêmea	é	um	centímetro	e	meio
maior	que	o	macho	(id.,	p.	635).	A	fêmea	da	Tegenaria	domestica	mede	de	16	a
18mm	de	comprimento,	enquanto	o	macho	mede	10mm.	Na	cópula,	é	possível
notar	o	quanto	a	força	da	fêmea	 lança	medo	no	macho	e	enfraquece	seu	ardor.
Quando	 o	 macho,	 segundo	 Brehm,	 deseja	 a	 cópula,	 aproxima-se	 com	 toda
prudência	e	cuidado	em	direção	à	fêmea,	para	ver	se	essa	recebe	suas	carícias	ou
se	 ela	 o	 vê	 como	 uma	 deliciosa	 iguaria.	 Se	 a	 fêmea	 mostra	 disposições
favoráveis,	 o	macho	 se	 aproxima	 rapidamente,	 toca	 alternadamente	 a	 base	 do
ventre	da	fêmea	com	as	duas	pontas	das	patas,	e	depois	foge	rapidamente	para
não	ser	vítima	de	sua	dama	(id.,	p.	611).
De	 Geer	 presenciou	 quando	 um	 macho,	 no	 meio	 de	 suas	 carícias
preparativas,	 acabou	 capturado	 pela	 fêmea,	 preso	 por	 ela	 em	 suas	 teias,	 e
devorado	(Darwin,	L’origine	dell’uomo,	p.	245).
O	menor	tamanho	poder	ser,	também,	produto	da	seleção	natural,	porque	os
menores	estão	mais	a	salvo	das	armadilhas	das	fêmeas.
Em	 quase	 todas	 as	 espécies	 de	 insetos	 –	 observa	 Darwin	 –	 o	 macho	 é
menor	do	que	a	fêmea.	Sabe-se	que	os	machos	de	algumas	espécies,	mesmo	das
frágeis	e	delicadas,	participam	de	muitos	confrontos,	e	poucos	estão	equipados
com	armas	especiais	para	combater	seus	rivais.	Mas	a	lei	da	luta	não	prevalece
tanto	 neles	 como	 nos	 animais	 superiores.	 Portanto,	 é	 provável	 que	 esta	 seja	 a
razão	 pela	 qual	 os	 machos	 não	 se	 tornaram	 maiores	 e	 mais	 fortes	 do	 que	 as
fêmeas;	na	verdade,	geralmente	são	menores,	porque	podem	se	desenvolver	em
um	 período	 mais	 curto	 de	 tempo,	 além	 de	 numerosos,	 de	 forma	 a	 estarem
prontos	às	necessidades	das	fêmeas	(op.	cit.,	p.	250	e	298).
Na	Hemiptera,	as	fêmeas	são	quase	sempre	maiores	e	mais	fortes	do	que	os
machos	(id.,	p.	288).
A	 superioridade	da	 fêmea	 é	 especialmente	notável	 nos	himenópteros.	Em
alguns	 (Rhodites	 rosæ)	 não	 há	 qualquer	 macho	 (Emery).	 A	 superioridade	 das
fêmeas	sobre	os	machos	entre	abelhas	e	vespas	é	 tão	grande	que	 todos	os	seus
complexos	 organismos	 sociais	 dependem	 disso.	 Entre	 as	 abelhas,	 as	 operárias
(fêmeas	incapazes	para	a	reprodução)	realizam	toda	a	tarefa	do	trabalho	social,
enquanto	os	machos	não	possuem	outro	ofício	senão	o	de	fertilizar	a	rainha;	são
parasitas	e,	como	tal,	são	mortos	todos	os	anos	pelas	operárias.	E	note	que,	entre
as	abelhas,	a	cópula	ocorre	apenas	uma	vez,	como	acontece	com	quase	todos	os
himenópteros;	uma	fertilização	é	válida	ao	longo	da	vida,	que	pode	ser	bastante
longa	(Lubbock	demonstrou	que	uma	fêmea	pode	viver	mais	de	12	anos);	existe,
ainda,	 a	 partenogênese;	 os	 machos	 nascem	 de	 ovos	 não	 fertilizados;	 esta	 é
provavelmente	 a	 causa	 da	 superioridade	 da	 fêmea,	 que	 desepenha	 um	 papel
muito	mais	relevante	do	que	os	machos	na	conservação	da	espécie.
Mesmo	 em	 cupins,	 as	 fêmeas	 dominam:	mas	 sociedades	 são	 constituídas
por	 machos	 e	 fêmeas.	 Deve-se	 destacar	 que,	 aqui,	 a	 importância	 do	macho	 é
maior,	pois	a	cópula	ocorre	repetidas	vezes	(Emery).
E	 também	 o	 fato	 de	 que	 muitos	 machos	 sendo	 procriados	 pela
partenogênese,	 e	 as	 fêmeas	 ordinariamente	 por	 geração	 assexuada,	 pode	 ser
importante	nesta	questão.
Nos	besouros,	segundo	Camerano,	os	machos	são	geralmente	menores	do
que	as	fêmeas,	às	vezes	com	uma	diferença	muito	grande,	como,	por	exemplo,
na	Lytta	pallasii,	em	que	o	macho	mede	0,009m	e	a	fêmea	0,019m.
Mesmo	nos	peixes	é	comum	ocorrer	a	superioridade	no	tamanho	da	fêmea
em	comparação	ao	macho.	Darwin	diz:	“No	que	diz	respeito	ao	tamanho,	o	Sr.
Carbonnier	afirma	que,	na	maioria	dos	peixes,	a	fêmea	é	maior	do	que	o	macho,
e	 o	Dr.	Guenther	 não	 conhece	 um	 caso	 em	que	 o	macho	 seja	maior	 do	 que	 a
fêmea.	Como	em	muitos	tipos	de	peixe,	os	machos	lutam	uns	contra	os	outros,	é
impressionante	que	não	se	tornem	mais	fortes	e	maiores	que	as	fêmeas,	a	menos
que	se	acredite	que,	como	afirma	Carbonnier,	devam	ser	devorados	pelas	fêmeas
de	 suas	 próprias	 espécies,	 quando	 são	 carnívoros	 e,	 talvez,	 a	 partir	 de	 outras
espécies”	(Darwin,	op.	cit.	p.	307).
Nos	 anfíbios,	 e	 em	 quase	 todos	 os	 Testudinata,	 os	 caracteres	 sexuais
secundários	não	vão	além	das	cores	e	dos	órgãos	vocais;	não	se	encontram	nelas
as	 notáveis	 diferenças	 de	 tamanho	 e	 força	 em	 favor	 da	 fêmea;	 no	 entanto,
existem	várias	exceções	determinadas	pela	luta	sexual.
Entre	 os	 anfíbios	 urodelos:	 na	 salamandra	maculata,	 os	 machos	 variam
entre	 0,180m	 e	 0,192m,	 fêmeas	 entre	 0,180	 e	 0,200m;	 no	Triton	 cristatus,	 os
machos	variam	de	0,120m	a	0,135m,	as	fêmeas	de	0,136m	a	0,148m;	no	tritão
alpino,	o	macho	pode	medir	0,090m,	enquanto	a	 fêmea	0,110m;	na	Pelonectes
boscai,	o	macho	alcança	0,075m,	enquanto	a	fêmea	varia	de	0,084m	a	0,094m,
Não	 existe	 luta	 sexual	 (Camerano,	Della	 scelta	 sessuale	 negli	 anfibi	 urodeli,
Turim,	1881).
Entre	 os	 anfíbios	 anuros:	 no	 Rana	 esculenta,	 o	 macho	 mede	 0,068m,	 a
fêmea	0,082m;	no	Rana	rugosa,	o	macho	tem	0,040m,	a	fêmea	0,047m;	no	Rana
marmorata,	 o	macho	possui	0,053m,	a	 fêmea	0,056m;	Na	Rana	 temporaria,	o
macho	 tem	 0,068m,	 a	 fêmea	 0,075m;	 no	 Bufo	 vulgaris,	 o	 macho	 apresenta
0,080m,	 a	 fêmea	 0,110m;	 por	 outro	 lado,	 no	Cystignatus	 ocellatus,	 o	 macho
mede	0,114m,	e	a	fêmea	0,96m.	Não	existe	luta	sexual	(Camerano,	Della	scelta
sessuale	negli	anfibi	urodeli,	Turim,	1881).
No	 Testudo	 ibera	 Pall.,	 no	 entanto,	 embora	 não	 se	 saiba	 se	 existe	 luta
sexual,	 Camerano	 descobriu	 queos	 machos	 são	maiores	 do	 que	 as	 fêmeas	 e,
geralmente,	são	mais	convexos	e	proporcionalmente	mais	estreitos,	com	escalas
laterais	 ampliadas	 (a	 capacidade	 feminina	 é	 maior,	 obviamente,	 devido	 às
necessidades	para	a	reprodução),	com	cauda	mais	longa	e	grossa	na	base	e	com
patas	 mais	 longas	 (Camerano,	 Sui	 caratteri	 sessuali	 secondari	 della	 Testudo
ibera	Pall.,	Turim,	1877).
Também	 entre	 os	 ofídios	 (não	 se	 sabe	 se	 existe	 luta	 sexual),	 o	 macho	 é
muitas	vezes	menor	do	que	a	fêmea.	O	lagarto,	por	sua	vez,	em	que	o	macho	é
maior	 e	 mais	 forte	 que	 a	 fêmea,	 se	 envolve	 em	 intensos	 duelos	 para	 sua
conquista	(id.,	p.	320).
Com	os	pássaros,	por	conta	da	luta	sexual,	começa	a	prevalência	de	força	e
do	 tamanho	 do	 macho	 sobre	 a	 fêmea.	 Porém,	 mesmo	 nas	 ordens	 zoológicas
inferiores,	por	uma	dessas	contradições	que	frequentemente	encontramos	nesses
estudos,	os	machos	são	quase	sempre	superiores	pela	diferenciação	dos	órgãos,
além	 da	 variabilidade	 e	 motilidade	 que	 possuem,	 sendo	 inferiores	 em	 tudo	 o
mais	(formigas),	demonstrando	que	são	mais	ativos	em	relação	à	função	sexual.
Entre	os	crustáceos,	entre	os	quais	há	um	único	sexo	que	possui	órgãos	de
sentido	e	locomoção,	ou	que	os	possui	mais	desenvolvidos,	será	sempre	o	macho
que	os	possuirá,	ou	os	terá	mais	desenvolvidos	(Darwin,	op.	cit.).
Mesmo	 no	 caso	 dos	 insetos,	 os	machos,	 embora	 de	 tamanho	menor,	 têm
uma	 estrutura	 mais	 complexa	 e	 órgãos	 mais	 numerosos	 e	 específicos	 para	 a
realização	do	ato	sexual.	Deve-se	notar,	além	disso,	que	em	um	grande	número
de	 espécies,	 apenas	 os	machos	 possuem	asas,	 e	 quase	 nunca	 as	 fêmeas.	 Isto	 é
explicado	pelo	fato	de	que	os	machos	mais	frequentemente	devem	se	locomover
em	busca	da	fêmea:	 tal	é	o	caso	dos	 lampyris,	das	Mutillidae,	dos	Orgyia,	dos
Psychidae.	Muitos	 outros	 possuem	 órgãos	 para	 reter	 a	 fêmea	 durante	 o	 coito,
como	os	apêndices	da	extremidade	da	cauda	em	libélulas.
Brooks	afirma	que,	por	conta	da	luta	sexual,	os	insetos	machos	se	tornaram
brilhantes	e	variados.	Por	isso	possuem	mais	cores,	cantam,	estão	mais	armados,
pois	 entre	muitos	 deles	 a	 seleção	 é	 feita	 por	 combates	 pela	 fêmea	 –	 algo	 que
ocorre	 também	nos	mamíferos	 –,	 afetando	 o	 processo	 de	 seleção	 natural,	 algo
que	ocorre	também	entre	as	aves	(Revue	scientifique,	n.13,	1891).
Assim,	de	acordo	com	Camerano,	os	machos	do	besouro,	que	também	são
bem	 menores,	 possuem,	 no	 entanto,	 diferentes	 características	 sexuais,	 como
antenas,	 olhos,	 palpos,	 órgãos	 do	 movimento,	 mandíbulas,	 cores	 especiais,
fosforescência,	 armas,	 sons,	 enquanto	 nas	 fêmeas	 não	 se	 notam	 quaisquer
odores,	fosforescência	ou	sons	e	cores	especiais	(Camerano,	La	scelta	sessuale	e
i	caratteri	sessuali	secondari	nei	coleotteri,	Turim,	1880).
Os	pássaros,	por	outro	lado,	também	aproveitam	a	superioridade	da	força,
do	tamanho,	e	até	mesmo	em	quantidade	que,	como	já	mencionado	para	alguns
insetos	 (Lucanus	 elaphus),	 permanece	 como	 algo	 comum	 até	 as	 ordens
zoológicas	mais	elevadas.
Os	machos	de	muitos	pássaros	são	maiores	do	que	as	fêmeas:	de	fato,	em
certas	espécies	da	Austrália,	a	superioridade	é	de	 tal	monta,	que	os	machos	do
Cicloramphus	cruralis	são	quase	duas	vezes	maiores	que	as	fêmeas	(Darwin,	op.
cit.	p.	332).	Deve-se	notar,	ao	mesmo	tempo,	as	ferozes	lutas	que	envolvem	os
machos	desses	pássaros,	em	sua	época	de	reprodução.
O	 macho	 quase	 sempre	 possui	 características	 sexuais	 secundárias;	 a
plumagem	rica,	o	canto	e,	em	muitas	espécies,	mais	solidamente	armados;	sem
mencionar	 todo	esse	 arsenal	de	 tufos,	 pelos,	 penas,	 cristas	que	 tem	o	macho	e
que	 servem	 não	 apenas	 para	 decoração,	 mas	 também	 para	 aparentar	 ser	 um
animal	mais	 temível:	assim,	o	macho	Neomorpha	da	Nova	Zelândia	possui	um
bico	bastante	forte	(Darwin,	p.	330);	o	macho	da	pernice	indiana	possui	esporas,
que	a	 fêmea	não	possui;	algo	que	 também	ocorre	no	 tetraz-grande.	As	asas	do
pato-ferrão	possuem	esporas	mais	longas	que	as	da	fêmea,	e	as	utiliza	na	defesa
dos	filhotes.
Mas	 há	 –	 escreve	 Darwin	 –	 diferentes	 espécies	 em	 que	 as	 fêmeas	 são
maiores	que	os	machos;	e	a	explicação	que	usualmente	se	dá,	ou	seja,	de	que	as
fêmeas	dispendem	mais	esforço	para	alimentar	os	filhotes,	não	é	suficiente.	Em
alguns	 casos,	 as	 fêmeas	 aparentemente	 desenvolveram	 seu	 tamanho	 e	 força
como	consequência	da	luta	contra	outras	fêmeas	para	ganhar	a	posse	de	machos
(id.,	 p.	 333).	 “Em	 alguns	 casos,	 as	 fêmeas	 se	 tornaram	 mais	 agressivas	 no
cortejar,	 enquanto	 os	 machos	 permanecem	 comparativamente	 passivos,	 e
escolhem	as	mais	belas	fêmeas.	As	fêmeas	de	certas	aves	adquiriram	assim	cores
brilhantes	ou	outros	 tipos	de	ornamentos,	e	 tornaram-se	mais	fortes	e	belicosas
que	os	machos”.
Mas	 o	 predomínio	 do	 macho,	 incerto	 em	 todas	 as	 ordens	 zoológicas
inferiores,	 estende-se	 e	 se	 instala	 permanentemente	 entre	 os	 mamíferos,	 nos
quais	 o	 reinado	 masculino	 é	 incontestável.	 “Em	 todos	 os	 mamíferos”,	 diz
Darwin,	 “os	machos	 são	 sempre	mais	 fortes	 e	maiores	 que	 as	 fêmeas,	 sempre
que	há	uma	diferença	de	tamanho	entre	os	dois	sexos,	como	é	frequentemente	o
caso”.	 Os	 quirópteros,	 insetívoros,	 e	 muitos	 dos	 roedores,	 no	 entanto,	 não
apresentam	diferenças	significativas,	de	modo	que	é	difícil	descobrir	o	sexo	de
cada	indivíduo:	e,	provavelmente,	mesmo	o	vigor	entre	ambos	será	semelhante
(Canestrini,	 Teoria	 dell’evoluzione,	 p.	 64).	 Nos	 carnívoros,	 as	 diferenças	 são
notáveis:	o	leão	é	maior	e	mais	forte.	O	que	também	ocorre	entre	ruminantes	e
caprinos.
O	mesmo	se	pode	dizer	em	relação	à	estrutura	 física.	O	 leão	possui	 juba,
músculos,	patas,	dentes	caninos	mais	poderosos;	e	possui,	ainda,	outra	poderosa
arma	de	intimidação,	o	rugido,	que	não	existe	na	fêmea.
O	mesmo	ocorre	entre	os	ruminantes.	Os	machos	são	maiores	e	mais	fortes,
além	 de	 armados	 com	 complexos	 sistemas	 de	 chifres	 que,	 nas	 fêmeas,	 são
bastante	 rudimentares.	O	 cervo	macho	 possui	 chifres,	mas	 não	 as	 fêmeas;	 nas
renas,	ambos	os	sexos	os	possuem.	Machos	e	fêmeas	de	certas	espécies	possuem
chifres,	mas	que	são	maiores	e	mais	fortes	nos	machos	–	como	ocorre	com	o	boi
almiscarado	 e	 com	 o	 touro.	 O	 macho	 do	 búfalo	 indiano	 possui	 chifres	 mais
curtos	 que	 os	 da	 fêmea,	 mas	 são	 mais	 sólidos:	 o	 mesmo	 caso	 do	Rhinoceros
simus.	 Nos	 cavircórneos,	 geralmente	 ambos	 os	 sexos	 apresentam	 chifres,	 mas
são	 menores	 nas	 fêmeas	 e,	 em	 algumas	 espécies,	 estão	 totalmente	 ausentes
(Antilocapra	 bezoartica,	A.	 americana).	 Certos	 antílopes	 machos	 possuem	 os
dentes	 caninos	 mais	 desenvolvidos;	 no	 cervo	 almiscarado	 (Moschidae),	 os
machos	possuem	caninos	que	se	sobressaem	como	garras.
Entre	os	 solípedes,	 o	garanhão	possui	 dentes	 caninos	bem	desenvolvidos,
que	na	fêmea	são	rudimentares.	Entre	os	paquidermes,	o	elefante	e	o	javali	são
armados	 com	 defesas,	 que	 se	 apresentam	 como	 apenas	 rudimentares	 ou
deficientes	nas	 fêmeas	 (Brelim,	op.	 cit.	 I,	 p.	 163).	As	 fêmeas	dos	 rinocerontes
têm	chifres	mais	frágeis.
Entre	 os	 cetáceos,	 o	 narval	macho	possui	 dois	 dentes	 caninos	 no	maxilar
superior,	dos	quais	o	da	esquerda	se	estende	horizontalmente	para	a	frente	com
um	comprimento	de	três	metros	e	é	retorcido,	enquanto	na	fêmea	os	dois	caninos
são	rudimentares.	O	macho	da	cachalote	possui	uma	cabeça	maior.
3.	 Primatas.	 Entre	 os	 primatas,	 as	 diferenças	 se	 acentuam	 em	 perfeita
analogia	com	a	raça	humana.
Enquanto	 o	 macho	 gorila	 tem	 até	 2	 metros	 de	 altura,	 a	 fêmea	 nunca
ultrapassa	1,50m.	Na	fêmea,	o	crânio	é	menor	e	arredondado;	é	menos	prógnato
e	mais	leve,	carece	de	cristas	ósseas,	por	isso	toma	a	forma	trapezoidal,	enquanto
no	macho	é	piramidal;	o	nariz	é	menor	e	inclinado,	com	uma	parte	traseira	mais
curta.	 Corpo,	mãos,	 pés	 são	mais	 finos,	 e	 os	músculos	menos	musculosos;	 os
ombros,	 os	 braços,	 as	 pernas	 são	 mais	 delicados;	 o	 topodo	 úmero	 é	 mais
achatado,	a	 tíbia	é	menor	e	menos	prismática,	os	ossos	da	bacia	são	maiores	e
planos	e	menos	ocos	em	seu	interior;	e	o	ísquio	é	mais	divergente	na	fêmea.	A
fêmea	é	muito	mais	fraca	(Hartmann,	Scimmie	antropomorfe,	Milão,	1881).	Seus
dentes	caninos	são	menos	acuminados,	menos	comprimidos,	de	forma	triangular
e	menos	salientes:	o	molar	tem	cinco	cúspides,	duas	exteriores,	duas	interiores,	e
uma	posterior,	similar	ao	que	ocorre	com	os	humanos	(Hartmann).
A	fêmea	do	chimpanzé	também	é	menor	e	mais	fraca,	com	músculos	menos
angulosos	 e	 o	 corpo	 com	 formas	mais	 arredondadas.	Ela	 tem	 a	 cabeça	menor,
face	oval	e	nariz	mais	achatado;	possui	músculos	dos	membros	inferiores	menos
angulosos,	mãos	e	pés	menores	e	mais	graciosos;	possui	dentes	mais	finos.	No
crânio,	os	ossos	parietais	descem	muito	obliquamente	da	sutura	sagital,	em	que
há	uma	protrusão	óssea,	e	as	arcadas	supraciliares	são	menos	desenvolvidas.	É
menos	pronunciada	do	que	no	macho,	que	tem	o	rosto	oval	(id.).	O	clitóris	e	os
pequenos	 lábios,	 muito	 volumosos,	 sobressaem	 dos	 grandes	 lábios	 quase
atrofiados,	de	modo	que	a	rima	pudendi	não	é	constituída	pelos	pequenos	lábios
(Blanchard,	Sur	la	Steathopigie	des	Hottentots,	1883).
A	 fêmea	 do	 orangotango	 também	 é	 menor;	 em	 seu	 crânio	 não	 existem
cristas	ósseas:	o	maxilar	superior	é	mais	baixo,	o	inferior	é	menor;	a	face,	apesar
de	saliente,	é	mais	plana	na	frente	(Hartmann).
Entre	 os	 gibões,	 o	 macho	 é	 o	 indivíduo	 predominante	 das	 espécies	 em
relação	ao	desenvolvimento	completo	de	algumas	peculiaridades	de	sua	forma,
encontradas	 apenas	 de	 maneira	 rudimentar	 no	 indivíduo	 feminino,	 e	 que	 no
jovem	 ou	 imaturo,	 ou	 não	 existem	 ou	 se	 apresentam	 em	 estágios	 primitivos
(Hartmann).	Um	dos	gibões,	o	macaco	Sciamang,	vive	em	hordas	comandadas
por	um	macho	(id.).
Nos	machos,	o	conjunto	de	pelos	é	mais	desenvolvido	do	que	nas	fêmeas:
também	parece	que,	como	na	raça	humana,	a	fêmea	dos	macacos	se	desenvolve
mais	 rapidamente;	 certamente,	 este	 é	 o	 caso	 do	 Cebus	 azarae	 (Rengger,
Säugethiere	von	Paraguay,	1830).
4.	 Síntese.	 Entre	 os	 animais	 inferiores,	 portanto,	 é	 bastante	 difundido	 o
predomínio	 do	 tamanho	 e	 da	 força	 da	 fêmea:	 superioridade	 que	 é	mantida	 no
mundo	 zoológico,	 e	 alcança	 algumas	 espécies	 de	 aves.	De	 toda	 forma,	 quanto
mais	 se	 sobe	na	escala	 zoológica,	mais	o	macho	 se	 aproxima	da	 fêmea;	de	 tal
forma	que,	entre	os	mamíferos,	possui,	sem	margem	a	dúvidas,	o	protagonismo
da	espécie.
E,	 além	 disso,	 mesmo	 em	 espécies	 nas	 quais	 o	 macho	 seja	 inferior	 em
relação	à	força	e	ao	tamanho,	será	sempre	superior	em	relação	à	variabilidade	e
perfeição	 da	 estrutura	 física.	 E	 se	 deve	 salientar	 ainda	 –	 como	 escreve	Milne
Edwards	 –	 que,	 usualmente,	 as	 diferenças	 específicas	 que	 existem	 entre
diferentes	membros,	são	menores	entre	as	fêmeas	do	que	entre	os	machos.	E,	de
acordo	com	Darwin,	a	força	primitiva	e	a	tendência	hereditária	são	maiores	nas
fêmeas,	enquanto	nos	machos	são	mais	variáveis,	como	expresso	no	axioma	de
criadores	 e	 horticultores:	 o	 macho	 dá	 variedade,	 a	 fêmea	 a	 espécie	 (Darwin,
L’origine	des	espèces).
E	 entre	 os	 insetos,	 é	 sempre	 o	 macho	 que	 possui	 asas:	 símbolo	 e
ferramentas	de	sua	maior	mobilidade.	Isso	ocorre	por	conta	de	sua	necessidade
de	 buscar,	 capturar,	 e	 imobilizar	 a	 fêmea,	 o	 que	 acabou	 por	 gerar	 o
desenvolvimento	 de	 novos	 órgãos.	 Segundo	 Darwin,	 esses	 caracteres
secundários	 são	 sempre	 mais	 numerosos,	 em	 todo	 o	 reino	 animal,	 entre	 os
machos	 do	 que	 entre	 as	 fêmeas;	 e	 sendo	 extraordinariamente	 variáveis,
produzem	a	grande	variabilidade	dos	machos;	enquanto	as	fêmeas	preservam	as
características	 essenciais	 da	 espécie,	 sendo	 assim	mais	 fixas,	 produzindo	 uma
maior	monotonia	 orgânica,	 definida	 por	Milne	Edwards	 como	 “uma	 tendência
para	 representar	o	 tipo	médio	da	espécie”;	 algo	que	 retornará	na	psicologia	da
mulher	normal	e	da	delinquente.
Estes	fatos	estão	relacionados	ao	papel	essencial	que	a	fêmea	desempenha
na	 reprodução	 das	 espécies,	 bem	 como	 na	 luta	 pela	 posse	 da	 fêmea.	 Já
observamos	que	a	função	básica	da	reprodução	é	exercida	pela	fêmea,	enquanto
o	macho	 possui	 apenas	 uma	 função	 auxiliar.	A	maior	 importância	 da	 fêmea	 é
demonstrada	pela	partenogênese	e	pelo	fato	de	que,	entre	alguns	himenópteros,
em	 que	 gerações	 se	 alternam,	 é	 suficiente	 uma	 simples	 fertilização	 para	 o
trabalho	de	reprodução	de	toda	uma	vida.	Considerando-se	as	diferentes	funções
do	macho	e	da	fêmea	na	reprodução,	a	fêmea	deve	ser,	em	espécies	primitivas,
maior,	 de	 forma	 que	 consiga	 nutrir	 a	 parte	 destinada	 a	 formar	 o	 novo	 ser.	Ao
macho,	 cuja	 função	 seria	 apenas	 produzir	 o	 líquido	 fertilizante,	 bastaria	 um
menor	consumo	de	energia	orgânica	e,	portanto,	um	tamanho	menor.
Mas	a	luta	entre	machos	–	luta	esta	que	se	originou	de	outro	fator,	o	maior
ardor	dos	desejos	sexuais,	e	talvez	também	pelo	número	maior	de	indivíduos	–
em	ordens	 superiores,	 desenvolveu	 entre	 eles	 seu	 tamanho	 e	 força,	 de	modo	 a
torná-los	maiores	 e	mais	 fortes,	 aumentando	 a	 superioridade	 primitiva	 em	 sua
estrutura	física,	por	conta	do	uso	de	seus	órgãos	e	da	seleção,	combinada	com	a
lei	 biológica,	 destacada	 por	 Spencer,	 de	 antagonismo,	 entre	 reprodução,
crescimento	 e	 estrutura.	 O	 macho	 tem,	 em	 suma,	 um	 potencial	 de
desenvolvimento	 superior	 ao	 da	 fêmea,	 devido	 à	 menor	 importância	 que	 sua
participação	desempenha	na	reprodução.
Considerando	a	existência,	de	acordo	com	Spencer	(Principes	de	biologie,
voi.	 II,	 p.	 505	 e	 515),	 de	 um	 antagonismo	 entre	 reprodução,	 crescimento	 e
estrutura,	 conclui-se	 que,	 entre	 os	 animais,	 a	 fertilidade	 está	 inversamente
relacionada	ao	desenvolvimento	de	seu	tamanho	e	estrutura	física.	Assim,	nesta
relação	 entre	 evolução	 do	 indivíduo	 e	 evolução	 das	 espécies,	 os	 limites	 de
desenvolvimento	 e	 diferenciação	 feminina	 ficam	 restritos	 pelo	maior	 consumo
orgânico	que	as	 funções	 reprodutivas,	de	maior	 importância,	exigem;	enquanto
que,	 por	motivos	 inversos,	 os	 limites	 de	 desenvolvimento	masculino	 são	mais
amplos.	 Assim,	 entende-se	 que,	 sob	 a	 influência	 das	 condições	 da	 vida	 do
macho,	 embora	este	 tenha	 sido	 inicialmente	menor,	 acabaria	 se	desenvolvendo
mais	do	que	a	fêmea.
O	 macho,	 então,	 é	 uma	 fêmea	 aperfeiçoada	 e	 mais	 variável,	 como
consequência	 do	 grande	 desenvolvimento	 de	 caracteres	 sexuais	 secundários,
como	 demonstra	 o	 fato,	 destacado	 por	 Milne	 Edwards	 e	 Darwin,	 de	 que	 as
fêmeas	 adultas	 de	 todo	 o	 reino	 animal	 se	 assemelham	 aos	 membros	 do	 sexo
masculino	quando	 jovens,	 isto	é,	quando	ainda	não	ocorreu	o	desenvolvimento
de	seus	caracteres	sexuais	secundários.
Ainda	 de	 acordo	 com	 Brooks,	 o	 macho	 é	 mais	 complexo	 e	 mais
progressivo,	 a	 fêmea	 mais	 simples	 e	 mais	 conservadora.	 Quando	 existem
condições	favoráveis,	a	fêmea	predomina;	quando	são	desfavoráveis,	os	machos,
devido	à	sua	maior	tendência	à	variação,	determinam	uma	maior	plasticidade	nas
espécies.	 Mas	 os	 cuidados	 próprios	 à	 maternidade	 também	 determinam	 as
modificações	no	sexo	feminino,	como	ocorre,	por	exemplo,	com	o	ferrão	entre
os	himenópteros	(Revue	scientifique,	n.	13,	1891).
O	predomínio	do	macho,	em	relação	à	sua	estrutura,	é	primitivo,	enquanto
que	 em	 relação	 à	 sua	 força	 e	 tamanho	 é	 recente,	 originado	 por	 específicas
condições	que,	se	ausentes,	fariam	o	macho	retornar	a	seu	estado	original,	com	a
predominância	 da	 fêmea.	 É	 claro	 –	 escreve	 Emery	 –,	 a	 regressão	 pode	 ser
produzida	por	certas	condições	da	vida	(parasitismo,	vida	sedentária,	ou	outras
condições	 que	 exijam	 uma	 rápida	 multiplicação	 de	 forma	 a	 se	 aproveitar	 a
alimentação	 abundante,	 antes	 que	 se	 torne	 precária),	 e	 reconduzir	 à	 condição
primitiva,	 ou	 seja,	 à	 predominância	 do	 sexo	 feminino;	 e,	 nolimite,	 ao	próprio
desaparecimento	do	macho.
Capítulo	II	–	Anatomia	e	biologia	da	mulher
1.	Peso	e	estatura.	Nas	raças	humanas,	a	mulher	é	quase	sempre	inferior	ao
homem	 em	 relação	 à	 sua	 estatura	 e	 peso;	 inferioridade	 que	 se	 amplia,	 nos
indivíduos,	 em	 relação	 à	 idade	 e	 à	 civilização.	 Já	 o	 embrião	masculino	 é	 um
pouco	mais	volumoso,	para	uma	mesma	idade,	que	o	feminino.	Segundo	Ploss
(Das	 Weib	 in	 der	 Natur	 und	 Volkerkunde,	 1887)	 no	 nascimento,	 os	 bebês
masculinos	são	maiores	que	os	femininos	em	cerca	de	um	centímetro	(0,499	m.,
0,489	 f.);	 mas	 na	 puberdade,	 elas	 se	 igualam	 aos	 homens,	 e	 têm	 até	 certa
superioridade	sobre	eles	(uma	jovem,	escreve	Ploss,	de	16	a	17	anos	já	é	tão	alta
quanto	um	jovem	de	18	a	19	anos).
Este	 fenômeno,	 que	 se	 relaciona	 à	 precocidade	 característica	 dos	 seres
inferiores	–	ou	seja,	quando	mais	superiores	 forem	os	animais,	mais	 tarde	será
seu	 desenvolvimento	 –	 nos	 é	 confirmado,	 não	 apenas	 por	 Ploss,	mas	 também
pelos	 estudos	 de	 Pagliani,	Quetelet,	 Bowditch,	Axel-Key,	 resumidos	 na	 tabela
seguinte[2].	Vê-se	que	o	 crescimento	da	mulher,	mais	precoce	 entre	os	11	e	12
anos,	diminui	em	torno	dos	14	anos,	enquanto	que	o	homem	continua	até	os	16,
como	acontece	também	com	seu	peso,	capacidade	vital	e	força	muscular.
Comparando,	em	relação	a	100	homens,	os	valores	de	peso,	altura,	etc.	para
cada	idade,	com	relação	aos	valores	para	o	sexo	feminino,	teríamos	o	seguinte:
Idade PelaEstatura
Pelo
Peso
Pela	capacidade
vital
Pela	força
muscular
3 - 90 - -
4 99 97 - 50
5 99 97 - 75
6 98 98 - 70
7 96 90 -83 74
8 97 91 -95 69
9 92 47 92 62
10 =100 99 89 68
11 +101 +101 92 63
12 +102 +101 89 65
13 +102 +106 89 67
14 +103 +105 93 68
15 +101 +104 80 67
16 -97 -95 95 62
17 -96 -95 74 59
18 -96 -90 72 57
	
Resumindo,	a	idade	de	maior	desenvolvimento,	em	relação	ao	sexo,	é:
	 Na	mulher No	homem
Pelo	peso Dos	12	aos	14	anos Dos	14	aos	17	anos
Pela	estatura Dos	12	aos	13	anos Dos	12	aos	15	anos
Pela	 capacidade
muscular
Dos	12	aos	15	anos Dos	15	aos	17	anos
Pela	força	muscular Dos	12	aos	14	anos Dos	14	aos	15	anos
	
	
	
Esta	 precocidade	 no	 desenvolvimento	 das	 mulheres	 é	 uma	 constante	 em
qualquer	 raça	 e	 sob	qualquer	 clima,	 além	de	 ser	 algo	 estável,	 com	exceção	de
pequenos	atrasos	devidos	ao	clima	e	à	classe	social,	como	revelam	os	dados	de
Pagliani,	Axel-Key,	Bowditch	etc.
De	fato,	o	maior	desenvolvimento	em	estatura	e	peso,	entre	os	meninos	das
classes	pobres,	verifica-se	aos	15,	16,	17	anos,	e	entre	os	 ricos,	pela	altura,	na
mesma	idade,	e	pelo	peso,	com	pouca	diferença,	aos	16	e	17	anos.
As	meninas	pobres	atingem	um	maior	desenvolvimento	(peso	e	altura)	nas
idades	de	13,	14	e	15	anos;	as	ricas	atingem	o	mesmo	peso	à	mesma	idade,	e	a
estatura	aos	12,	13	e	l4	anos.	Contudo,	tanto	para	homens	como	para	mulheres,
uma	vez	desenvolvidos,	o	peso	e	a	altura	permanecem,	nas	classes	ricas,	pouco
superiores	ao	dos	pobres.
Foi	 constatado	 que,	 nas	mulheres,	 o	momento	 de	maior	 desenvolvimento
ocorre	antes	do	 início	da	puberdade:	de	modo	que,	por	exemplo,	meninas	com
12	anos	que	já	menstruam	têm	seu	crescimento	mais	significativo	aos	11	anos,
enquanto	 que	 aquelas	 que	 menstruam	 mais	 tarde,	 retardam	 em	 um	 ano	 seu
período	de	crescimento	(Pagliani.	op.	cit.).
Na	idade	adulta,	a	mulher	é	sempre	 inferior	ao	homem	em	estatura,	peso,
capacidade	 vital,	 e	 circunferência	 do	 tórax.	 A	 relação	 entre	 os	 dois	 sexos	 é:
Segundo	 Tenon:	 de	 88,5	 a	 100.	 Segundo	 Krause:	 de	 81.	 Segundo	 vários
autores[3]:	de	84,9
O	 homem	 atinge	 seu	 peso	máximo	 aos	 40	 anos	 e	 começa	 a	 perdê-lo	 de
modo	 sensível	 aos	 60;	 a	 mulher	 atinge	 seu	 peso	 máximo	 mais	 tarde	 que	 o
homem,	em	torno	dos	50	anos	(Quetelet).
Foi	constatado	que	o	selvagem	da	Oceania,	em	relação	a	sua	altura	e	peso,
possui	 uma	maior	 variabilidade	 entre	 os	 sexos	masculino	 e	 feminino	 (Novara
Reise).
2.	Diferenças	anatômicas[4]	Pelos.	Sabe-se	que,	na	mulher	adulta,	a	região
mais	rica	em	pelos	se	circunscreve,	como	uma	coroa,	em	torno	da	montanha	de
Vênus,	 enquanto	 no	 homem	 se	 aproxima	 ao	 umbigo.	 No	 entanto,	 deve-se
destacar	 que	 são	 encontradas	 exceções:	 Schulze	 observou	 cerca	 de	 100
mulheres,	 sendo	que	em	cinco	delas	os	pelos	 se	prolongavam	até	o	umbigo,	 e
104	 homens,	 sendo	 que	 34	 não	 possuíam	 tal	 prolongamento	 (Jenai	 Zeitung,
1874).	Eu	 e	Gallia	 encontramos	 seis	 em	100	mulheres	 normais,	 das	 quais	 três
eram	canhotas.	Pelos	em	grande	quantidade	foram	encontrados,	por	Roncoroni,
em	16%	e	em	18%	de	50	mulheres	normais	(v.	Arch.	di	psich,	XIII,	p.	107),	e
por	Carle	 em	23%.	Na	mulher,	o	pelo	é	mais	 longo,	 fino,	 e	mais	 resistente	 ao
potássio;	 durante	 o	 envelhecimento,	 seus	 pelos	 se	 alongam	 proporcionalmente
mais	 do	 que	 no	 homem	 idoso,	 tomando	 inclusive	 a	 face,	 tornando-se,	 assim,
notavelmente	similar	ao	tipo	viril.
3.	 Esqueleto.	 O	 tronco	 é	 proporcionalmente	 mais	 longo,	 em	 forma	 de
pirâmide,	com	a	base	nos	quadris,	com	extremidade	mais	achatada	no	peito.
A	coluna	vertebral,	 de	 acordo	com	Ploss,	 seria	69,70	no	homem,	e	66,69
em	mulheres;	 medula	 espinal	 44,8	 dos	 homens,	 41,7	 nas	 mulheres,	 nas	 quais
predominam	a	porção	lombar	e	cervical,	enquanto	seria	menor	a	porção	dorsal	e
sacral:	o	peito	no	homem	tem	um	comprimento	de	25-26,	e	em	mulheres	23-24.
Riccardi	descobriu	que,	nas	mulheres,	a	 relação	entre	 tronco	e	altura	é	de
52%	e	em	homens	53%;	que	nas	mulheres,	como	também	ocorre	nos	macacos	e
nas	 crianças,	 o	 tronco	 é	 mais	 longo	 em	 relação	 aos	 membros	 inferiores,	 em
comparação	com	os	homens	(Di	alcune	correlazioni	di	sviluppo,	etc.,	Modena,
1891).
As	escápulas	 são	menos	alongadas	no	 tronco;	as	clavículas	mais	baixas	e
menos	 curvas;	 o	 esterno	 é	 mais	 curto,	 mas	 com	 o	 manúbrio	 e	 os	 apêndices
cartilaginosos	proporcionalmente	mais	longos.
As	costelas	 são	mais	 finas	 e	 curtas,	mas	mais	 arqueadas,	 e	 afundadas	em
torno	da	coluna	vertebral,	de	modo	que	os	músculos	das	costas	se	aprofundam.	A
sexta	costela	é	móvel,	enquanto	é	imóvel	no	homem.
O	eixo	das	vértebras	é	mais	curto,	com	maior	distância	entre	elas;	o	fêmur	é
mais	curvado,	e	mais	oblíquo	em	direção	ao	interior	do	corpo.
A	 traqueia	 é	 relativamente	 estreita	 e	 mais	 comprida,	 para	 um	 diâmetro
menor	 e	 um	 maior	 número	 de	 anéis	 de	 traqueia,	 que	 se	 dividem	 na	 abertura
pulmonar	 no	 homem,	 afunilando-se,	 então,	 de	maneira	 a	 formar	 um	 cone;	 nas
mulheres	permanece	mais	redonda	e	cilíndrica.	A	laringe	é	menor,	alta,	estreita;
possuir	menos	cartilagem	e	é	oca,	de	maneira	que	suas	duas	partes	não	se	unem
em	um	ângulo	que	 forma	o	pomo	de	Adão	dos	homens,	mas	 em	um	arco.	Os
ligamentos	são	menos	fortes	e	elásticos;	cordas	vocais	mais	curtas	(15-20	mm.;
em	 homens,	 20-25	mm.);	 glote	menos	 extensa;	 assim,	 a	 voz	 feminina	 é	mais
aguda	e	é	uma	oitava	mais	alta	que	a	do	homem.
A	 cavidade	 abdominal	 é	maior	 em	dois	 ou	 três	 centímetros,	 resultado	 do
comprimento	da	coluna	vertebral	lombar.	O	espaço	superior,	no	entanto,	é	mais
estreito,	enquanto	é	mais	longo,	baixo	e	largo	do	que	nos	homens.	O	epigástrio	é
mais	elevado,	porque	o	esterno,	mais	curto,	desce	apenas	ao	nível	da	7ª	vértebra
lombar	(9ª	nos	homens),	e	o	hipocôndrio	mais	estreito:	daí	o	corpo	mais	magro.
O	 estômago	 é	 um	 pouco	menor,	 e	 o	 intestino	 um	 pouco	mais	 longo.	A	 uretra
possui	apenas	2cm	de	comprimento,	e	1/2cm	de	largura.
A	bacia	 é	 a	parte	mais	 característica	da	mulher	porque,	nela,	 essas	partes
ósseas	 são	 mais	 moles.	 É	 mais	 ampla,	 menos	 profunda,	 menos	 inclinada;	 as
cavidades	cotiloides	estão	mais	distantes	e	são	mais	oblíquas	e	elevadas	que	no
homem;	o	osso	 sacro	 é	menos	 curvado,	 em	 forma	de	 cunha,	maior,	mais	 fino,
mais	móvel	e	saliente.
Todas	 as	 dimensões	 da	 fossa	 ilíaca	 interna	 são	menores;	 a	 fossa	 ilíaca	 é
menos	profunda.
A	parte	dorsal,	que	é	a	tuberosidade	ilíaca,	é	muito	menos	desenvolvidado
que	no	homem.
As	espinhas	do	púbis	estão	mais	distantes.
Os	 diâmetros	 transversais	 da	 zona	 superior	 da	 bacia	 são	 maiores	 nos
homens	 do	 que	 nas	 mulheres,	 enquanto	 que	 o	 diâmetro	 transversal	 da	 zona
inferior	(o	aro	da	bacia)	é	mais	elevado	nas	mulheres.	Sergi	encontrou	um	índice
sexual	em	raças	humanas,	resultante	da	relação	entre	o	diâmetro	transversal	entre
as	 cristas	 ilíacas	 e	 a	 zona	 transversal	 inferior	 da	 bacia,	 sendo	 o	 índice	 mais
elevado	em	mulheres[5].
O	grande	sulco	isquiático	é	menos	aberto	e	mais	profundo;	a	parte	superior
das	 espinhas	 isquiáticas	 está	 à	 frente	 das	 espinhas	 ilíacas	 póstero-inferiores.	A
arcada	púbica	da	mulher	é	mais	ampla	(75°;	no	sexo	masculino	é	de	58°);	além
disso,	é	arredondada	à	extremidade	desse	ângulo,	e	o	tubérculo	ísquio-púbico	é
côncavo	em	direção	à	sua	parte	média;	o	sacro	e	o	cóccix	são	menos	elevados	e
mais	achatados;	a	cavidade	cotiloide	é	menor,	mais	direcionada	para	trás	e	para
dentro.
A	abertura	sub-púbica	é	relativamente	mais	larga	e	mais	oblíqua,	mais	em
direção	ao	exterior	e	para	baixo,	do	que	no	homem.
Os	ossos	 ílio	estão	 localizados	mais	para	 trás,	 com	uma	margem	superior
mais	ampla	e	em	uma	posição	quase	horizontal,	 contribuindo	para	 tornar	mais
cômoda	a	 abertura	pélvica	 e	 apresentar	uma	especial	 conformação	aos	quadris
femininos	e	imprimir	certa	caraterística	ao	caminhar,	que	é	própria	da	mulher.
As	extremidades	superiores	e	inferiores	são	mais	graciosas	e	com	saliências
menos	pronunciadas.	O	pé	é	mais	curto	e	delicado;	o	colo	do	fêmur	forma	um
ângulo	 reto	 em	 relação	 ao	 corpo,	 de	 tal	 modo	 que	 torna	 os	 trocânteres	 mais
salientes,	 fazendo	com	que	o	 fêmur	se	coloque	obliquamente	para	dentro,	e	os
joelhos	mais	próximos	em	relação	a	um	plano	mediano.
Mesmo	 as	mãos	 são	 ususalmente	menores	 que	 a	 dos	 homens;	 o	 braço	 é
mais	curto	e	redondo.
4.	Coração	e	Pulmões.	O	coração	da	mulher	apresenta,	em	proporção	ao
tamanho	do	corpo,	um	volume	um	pouco	menor,	resultado	do	menor	esforço.
De	acordo	com	Orth,	o	peso	do	coração	é,	na	mulher,	de	250g,	e	de	300g
nos	homens.	No	entanto,	em	comparação	com	o	peso	corporal	é	1:162	e	1:169.
Mesmo	 o	 diâmetro	 e	 peso	 dos	 pulmões	 foram	 demonstrado	 como	 sendo
menores	nas	mulheres.
Segundo	os	dados	de	Hasche:
	 Homem Mulher
Peso	pulmonar	(Krause) 1424	g. 1126	g.
Relativo	ao	corpo 1:37 1:43
	
O	 sistema	 circulatório	 é,	 segundo	 alguns,	 meno	 denso	 e	 mais	 estreito,
razões	 da	 clorose;	 no	 entanto,	 as	 ramificações	 arteriais	 na	 bacia	 são	 mais
numerosas.
5.	 Gordura.	 Nos	 homens	 predominam	 o	 sistema	 ósseo	 e	 muscular;	 em
mulheres,	no	entanto,	é	a	gordura,	tecido	conjuntivo,	causa	de	suas	formas	mais
arredondadas,	 e	que	 as	 raças	negra	 e	 asiática	 aumentam	por	 seleção	 sexual	ou
artificial	(imobilidade,	nutrição	especial	de	cerveja,	leite,	pressão).
Nestas	raças,	a	gordura	aparece	em	uma	idade	mais	jovem	do	que	para	nós;
de	 fato,	 em	 alguns	 povos	 (Hotentotes,	 Cafres,	 Bosquímanos)	 acumula-se	 nos
pequenos	lábios	e	nas	nádegas,	de	modo	a	formar	uma	sustentação	às	crianças	e
que	surge,	em	parte,	por	conta	da	seleção	sexual	e,	como	veremos,	em	parte	pelo
exercício	quase	exclusivo	da	maternidade.
6.	Sangue.	Mesmo	no	sangue	a	inferioridade	feminina	é	clara.	Na	verdade,
o	 número	 de	 células	 vermelhas	 do	 sangue	 nas	 mulheres	 é	 inferior	 ao	 dos
homens.	Hayem	(Legons	sur	les	modifications	du	sang,	Masson,	Paris,	1882)	dá
uma	 média	 de	 4.900.000	 células	 vermelhas	 do	 sangue	 para	 as	 mulheres,	 e
5.500.000,	para	os	homens.
Entre	glóbulos	brancos	não	se	notou	diferenças	entre	homens	e	mulheres.
São	 encontrados	 ainda,	 nos	 homens,	 0,05824	 por	 100	 de	 ferro,	 enquanto
que	nas	mulheres	encontra-se	0,0499.
O	peso	 das	 células	 vermelhas	 contidas	 no	 sangue	 varia	 de	 acordo	 com	o
sexo;	na	verdade	Lebmann	encontrou,	em	homens	robustos,	136	por	1000,	nos
frágeis	116	por	1000	–	nas	mulheres	robustas	126,	e	nas	frágeis	117.
Apesar	de	seu	peso	específico	ser,	de	acordo	Landois	e	Peiper,	menor	em
mulheres	e	crianças.
Figura	1	 –	 Obesidade	 na	 Abissínia.	 Almofada	 posterior	 em	 Africanas.	 a)	 Bailarina	 ou	 prostituta
Abissínia	 (Ploss)	 (tipo	 de	 obesidade	 africana).	 b)	 Hotentote	 com	 almofada	 posterior	 (Ploss).	 c-1)
Mulher	Bongo	(Schweifurth).	c-2)	Mulher	Korana	com	almofada	posterior	e	hipertrofia	das	nádegas
e	coxas	(Ploss);	d)	Mulher	selvagem	carrega	uma	criança	em	suas	costas,	como	fazem	todos	os	povos
primitivos	(Ploss).
Sobre	esta	questão,	Peiper	apresenta	os	seguintes	índices:
Homem 1,0450	a	1,0665 Mulher 1,0535
Menino 1,0522 Menina 0,0501
	
Em	 relação	 ao	 peso	 específico,	 Hammerschlag	 apresenta	 os	 seguintes
índices:
Homem 1061 Mulher 1054-1058
	
Schneider[6]	descobriu,	recentemente,	em	relação	às	mulheres:	inferior	peso
específico	 do	 sangue	 =	 1055,7	 (para	 os	 homens[7]	 é	 1060,7),	 maior	 peso
específico	do	soro	superior,	1029,6	(1028,5	em	homens);	resíduo	dessecado	dos
glóbulos	vermelhos	do	sangue	em	100g	de	sangue,	13,7,	enquanto	em	homens	é
de	16,9;	teor	de	hemoglobina	no	espectrofotômetro	apresenta	um	coeficiente	de
0,81	(0,93	para	os	homens);o	peso	dos	glóbulos	vermelhos	em	100g	de	sangue
34,9	(homens	47,8);	peso	de	soro	de	100g	de	sangue	65,04	(52,12	no	homem);
resíduo	 dessecado	 de	 100	 células	 de	 glóbulos	 vermelhos	 39,7	 (homem,	 35,4):
cifras	que	confirmam	que	o	sangue	da	mulher	tem	um	peso	específico	menor	que
o	do	homem,	 soro	 com	peso	específico	mais	 elevado,	quantidades	menores	de
hemoglobina	 e	 glóbulos	 vermelhos,	 cujo	 resíduo	 seco,	 porém,	 possui	 um	peso
absoluto	maior	que	no	homem.
A	hemoglobina	em	mulheres,	segundo	Mikulicz	e	Bierfreund,	seria	de	78%.
Becquerel	e	Rodier	apresentaram	as	 seguintes	médias	de	componentes	do
sangue	em	relação	ao	sexo:
	 Homem Mulher
Água 779 791,10
Fibrina 2,20 2,20
Gorduras	neutras 1,62 1,64
Gorduras	saponificadas 1,00 1,04
Gorduras	fosfóricas 0,49 0,46
Colesterina 0,09 0,09
Soro 69,40 70,50
Células	de	sangue	seco 141,10 127,20
Materiais	de	extração 0,87 -
Sais 5,93 7,15
Ferro 0,0565 0,01
	
7.	Crânio.	Dada	 a	menor	 estatura	da	mulher,	 e	 o	peso	mais	 leve	de	 seus
ossos,	seria	natural	que	seu	crânio	e	cérebro	fossem	significativamente	menores:
e	isso	é,	de	fato,	demonstrado	por	todas	as	estatísticas.	De	acordo	com	Morselli,
o	 crânio	masculino	 das	 raças	 italianas	 pesa	mais	 do	 que	 o	 crânio	 feminino	 (o
peso	do	crânio	masculino	seria	602,	feminino	516)[8].	(Archivio	di	Antropologia,
v.	V,	1875.);	no	entanto,	ele	encontrou	mais	diferenças	individuais	no	peso	dos
crânios	femininos:	na	verdade,	os	homens	apresentaram	um	máximo	de	910	(em
um	chinês)	e	um	mínimo	de	440,	com	uma	diferença	de	470g;	nas	mulheres,	um
mínimo	de	313	e	um	máximo	de	850g,	com	uma	diferença	de	550g;	dados	que
contradizem	 a	menor	 variabilidade	 constantemente	 encontrada	 na	 fêmea	 e	 nas
mulheres.	Mas	Morselli	 não	 advertiu	 que	 este	 último	 crânio	 feminino	 fora	 de
uma	mulher	hidrocefálica	da	Toscana,	e	que	o	crânio	masculino	mais	pesado	era
de	 um	 chinês;	 dados	 pouco	 comparáveis	 com	 a	 massa	 dos	 outros	 dados
derivados	a	partir	de	crânios	da	Lombardia	e	da	Toscana.
O	 peso	 absoluto	 da	mandíbula	 varia	 no	 homem	 de	 130g	 a	 47,	 com	 uma
diferença	de	83g,	e	nas	mulheres	de	95	a	43,	com	uma	diferença	de	52g.	Assim,
ocorre	o	inverso	do	que	foi	demonstrado	em	Morselli,	com	o	peso	da	mandíbula
feminina	 com	uma	variação	menor	 do	 que	 a	 do	 sexo	masculino.	A	mandíbula
deste	pesa	tipicamente	muito	mais	do	que	a	feminina	(homem	80,	66	mulher).	A
razão	entre	o	peso	do	crânio	para	o	maxilar	inferior,	enquanto	que	em	homens	é
de	12-17%,	para	as	mulheres	é	de	10-15%.
A	 inferioridade	 da	 mandíbula	 feminina	 também	 é	 encontrada	 em	 raças
selvagens	e	entre	os	primatas.	Assim,	a	mandíbula	do	orangotango	adulto	macho
pesa	303,	da	fêmea,	74;	em	chimpanzés,	m.	73,	f.	56;	no	Inuus	caudatus	m.	55,	f.
52	ou	50:	todos	esses	números,	no	entanto,	devem	ser	considerados	com	reserva,pois	 devem	 estar	 relacionados	 ao	 tamanho	 ou	 peso	 do	 corpo.	 De	 toda	 forma,
medindo-se	o	peso	do	crânio	em	relação	ao	peso	da	mandíbula,	em	47	crânios	de
diferentes	 raças,	 sempre	 se	 confirmou	 a	 inferioridade	 do	 sexo	 feminino,	 em
média.
	 Homens Mulheres Relação
Peso	da	mandíbula 95,3 65,9 m.	684,2	h.	1000
Peso	do	crânio 651,6 541,7 m.	831,0;	h.	1000
Relação	entre	ambos	os	pesos 13,98 12,28 m.	883,	2;	h.	1000
	
O	 Dr.	 Ardu	 também	 destaca	 que	 o	 diâmetro	 biangular	 da	 mandíbula	 é
superior	nos	homens	(94.1,	m.	89.8,	Arch.	di	psich.,	XIII)	tanto	em	adultos	como
em	jovens,	o	que	também	ocorre	na	comparação	com	os	loucos,	os	criminosos,
os	selvagens	e	os	antropoides.
Segundo	 um	 estudo	 especial	 de	 Mantegazza	 (Archivio	 di	 Antropologia,
1872),	a	principal	diferença	entre	os	crânios	masculino	e	feminino	seria	a	menor
capacidade	destes	últimos	(1338	das	mulheres,	a	1452	nos	homens).
Segundo	Davis,	a	capacidade	do	crânio	masculino	em	comparação	com	o
feminino	é:
	 Masculino Feminino
Na	raça	europeia 1367 1206
Na	raça	oceânica 1319 1219
Na	raça	americana 1308 1187
Na	raça	asiática 1304 1194
Na	raça	africana 1293 1211
Na	raça	australiana 1214 1111
	
Segundo	Vierordt	(op.	cit.):
	 Masculino Feminino
Europa	média 1500 1300
Europa	meridional 1200 1100
Europa	setentrional 1750 1550
	
Segundo	Ranke	(Beiträge	zur	Biologie,	etc.,	1882):
	 Masculino Feminino
Munique 1525 1361
	
Pode-se	ver	nestas	diferenças	o	efeito	da	altura	e	peso[9]	do	corpo,	mas	as
interessantes	pesquisas	de	Amadei	demonstram	que,	tendo	uma	mesma	estatura,
a	capacidade	craniana	feminina	é	inferior	à	masculina.
De	1,65	a	1,70,	a	capacidade	craniana	masculina	é	de	1553,	e	a	feminina	de
1409.
De	1,60	a	1,55,	a	capacidade	craniana	masculina	é	de	1527,	e	a	feminina	de
1359.
Partindo	do	centro,	há	uma	variação	da	média	de	1560c.c.	para	os	homens	e
de	1375c.c.	para	as	mulheres,	em	europeus.
Afastando-se	 do	 centro	 das	 variações	 ou	 da	 média	 (de	 1560	 c.	 c.	 para
homens	 e	 1375	 c.	 c.	 para	 mulheres,	 em	 europeus),	 as	 variações	 extremas	 se
encontram,	no	homem,	em	334	no	máximo,	260	no	mínimo,	ou	seja,	66c.c.;	e	na
mulher,	de	332	no	máximo,	e	de	275	no	mínimo,	ou	seja,	de	57c.c.	Os	dois	sexos
são,	então,	quase	iguais.
Um	 fato	 notável	 é	 que,	 tanto	 na	 capacidade,	 como	 no	 peso,	 as	 raças
inferiores	 apresentam	 pequenas	 diferenças,	 como	 se	 perecebe	 consultando	 os
números	 a	 seguir,	 que	 representam	 a	 capacidade	 craniana	 em	 mulheres	 em
comparação	 com	 a	 dos	 homens	 =	 1000	 (Morselli,	Sul	 peso	 del	 cranio	 e	 della
mandibola	in	rapporto	col	sesso.	Arch.	di	antr.,	v.	V).
Capacidade	craniana	feminina	em	relação	à	masculina	=	1000
Negro 984 Davis
Australiano 967 Davis
Hindu 944 Davis
Malaio 923 Tiedemann
Holandês 917 Tiedemann
Irlandês 912 Davis
Neo-caledônio 911 Broca
Italiano 921 Mantegazza
Auvernês 904 Broca
Eslavo 903 Weisbach
Holandês 883 Davis
Guanches 869 Davis
Bascos 855 Davis
Boêmios 875 Kopernicki
Baixo-bretões 873 Kopernicki
Chineses 870 Davis
Alemães
897 Welcker
978 Weisbach
838 Huscke
864 Tiedemann
Parisienses 858 Broca
Anglo-saxões 862 Broca
Negros-ocidentais 874 Broca
	
Topinard	 afirma,	 no	 entanto,	 que	 a	 mulher	 selvagem,	 muitas	 vezes	 com
uma	 altura	 que	 é	 relativamente	 menor	 à	 masculina,	 comparando-se	 com	 o
europeu,	justifica,	até	certo	ponto,	sua	menor	capacidade	craniana.
A	 estatura,	 porém,	 não	 teria	 nenhuma	 influência	 sobre	 essa	 outra
característica	 feminina,	 encontrada	 por	 Arnold	 e	Weisbach,	 e	 confirmada	 por
Mantegazza,	que	seria	a	braquicefalia	mais	exagerada,	considerando-se	a	mesma
raça	e	idade.
Mantegazza	(Arch.	 di	 antr.,	 1875,	 p.	 209)	 encontrou,	 em	97	meninos	 (de
perto	de	Bolonha),	um	índice	79,10,	e	para	meninas	(de	perto	de	Bolonha),	um
índice	de	83,35.
Raças	nas	quais	a	mulher	é	mais	braquicéfala	que	o	homem.
	 Índice	cefálico
	 Mulher Homem
Helvético	(His) 703 714
Negro	(Huschke	e	Davis)
715 730
736 740
Irlandês	(Davis) 746 760
Francês	(Sappey) 768 791
Dinamarqueses	(Davis) 780 785
Neo-caledônios	(Broca) 716 720
Guanches	(Broca) 746 769
Negros	ocidentais	(Broca) 728 714
Chineses	(Davis) 774 766
Tamanianos	(Davis) 737 768
Alemães	(Krause) 793 807
Kanakas	(Davis) 800 805
	
Todavia,	 esta	 característica,	 especialmente	 presente	 nos	 crânios	 suíços,
franceses,	 negros,	 capuanos,	 chineses,	 papuanos,	 não	 é	 constante,	 pois	 não	 há
indícios	de	que	ocorra	entre	os	antigos	e	modernos	Ingleses,	entre	os	Indianos,	e
entre	os	Esquimós.
Raças	nas	quais	a	mulher	é	mais	dolicocefálica	que	o	homem.
	 Índice	cefálico
	 Mulher Homem
Parisienses	(Broca) 794 777
Holandeses	(Davis) 802 785
Bretões	antigos	(Davis) 794 772
Crânios	medievais	(Hölder) 773 771
Baixa-Bretanha	(Broca) 817 806
Ingleses	(Davis) 773 760
Antigos	Komanos	(Davis) 770 757
Hindu	(Davis) 768 753
Bascos	(Broca) 868 702
Antigos	Bolonheses	(Calori) 802 800
Groenlandeses	(Davis) 725 704
Esquimós	americanos	(Davis) 755 741
	
De	 acordo	 com	 Mantegazza,	 o	 crânio	 feminino	 europeu	 possui	 arcadas
supraciliares	 menos	 desenvolvidas,	 e	 isso	 seria	 uma	 característica	 constante;
menor	 cavidade	 orbital;	 maior	 índice	 céfalo-orbital;	 o	 forame	 magno	 menor
(691,7:733,9);	 menor	 índice	 cérebro-espinal;	 junções	 musculares	 menos
desenvolvidas;	 altura	 inferior;	 apófise	 mastoide	 menos	 desenvolvida;	 testa
menos	vertical;	base	menor;	parte	anterior	mais	baixa	e	mais	estreita,	a	metade
posterior	mais	alta	e	 larga;	o	 rosto,	 em	relação	ao	crânio,	menor,	mais	baixo	e
mais	 estreito[10];	 sendo	 mais	 comum	 que	 o	 crânio	 feminino	 se	 aproxime	 do
masculino,	 e	 não	 o	 contrário.	 A	 pequenez,	 a	 menor	 estatura,	 o	 pequeno
desenvolvimento	 dos	 músculos	 occipitais	 são	 quase	 constantes	 na	 fêmea
humana;	 se	 também	 forem	 pequenas	 as	 arcadas	 supraciliares,	 o	 diagnóstico
sexual	é	quase	certo	(Mantegazza).
De	 fato,	 muitas	 dessas	 diferenças	 Mantegazza	 encontrou	 posteriormente
nos	crânios	de	selvagens	como	os	papuas.	Há	entre	os	papuanos:
	 Masculino Feminino
Capacidade	média 1425 1285
Índice	cefálico	médio 69,84 71,91
Índice	vertical	médio 71,95 73,01
Índice	facial 65,65 66,94
Índice	orbital	médio 85,00 86,84
Índice	nasal	médio 52,94 55,32
Ângulo	facial	médio 70º 71º
Ângulo	alveolar	médio 60,5º 62º
	
Mesmo	aqui,	 no	 entanto,	 a	mulher	 é	menos	dolicocefálica	que	o	homem.
No	índice	facial,	os	homens	possuem	um	pequeno	índice	orbital,	e	as	mulheres
um	médio	índice	orbital;	no	índice	nasal,	os	homens	apresentam	narizes	grandes,
e	as	mulheres,	médios.
Deve-se	 adicionar	 a	 estas	 características	 sexuais	 aquelas	 da	 menor
frequência	 inferior	 da	 fossa	 occipital	 mediana,	 que	 encontrei	 em	 mulheres
normais	na	proporção	de	3,4%,	enquanto	nos	homens	seria	de	4,5	a	5,6%.
Outras	 diferenças	 sexuais	 cranianas,	 segundo	 Krause	 (Anatomie)	 e
Benedikt,	seriam:
	 Homem Mulher
Diâmetro	longitudinal	menor,	média 20	cm. 18,0	cm.
Diâmetro	transversal,	média 16,0	cm. 14,0	cm.
Altura	do	crânio,	menor,	média 13,5	cm. 12,9-12,5	cm.
Altura	da	órbita	maior,	média 3,3	cm. 3,4	cm.
Circunf.	horizontal	do	crânio	(Benedikt),	média 52,1	cm. 49,8	cm.
Curva	transversal	menor,	(Benedikt),	média 31,0	cm. 30,0	cm.
Curva	longitud.	osso-front.	(Benedikt),	média 12,5	cm. 12,0	cm.
Curva	longitud.	osso-pariet.	(Benedikt),	média 12.5	cm. 11,9	cm.
Curva	longitud.	osso-occip.	(Benedikt),	média 11,5	cm. 11,1	cm.
	
Mas,	o	mais	importante,	talvez,	sejam	as	diferenças	encontradas	por	Ecker
(Arch.	Fur	Anthrop.,	V,	1872):	a)	O	crânio	feminino	é	semelhante	ao	infantil	nos
ossos	 frontal	 e	 parietal,	 mais	 desenvolvidos	 do	 que	 no	 masculino:	 b)	 Pelas
dimensões,	o	crânio	feminino	difere	do	masculino:
1.	 Pela	 pequenez	 do	 rosto	 em	 comparação	 com	 o	 crânio,	 sendo	 de
característica	infantil;
2.	Pela	preponderância	da	calota	craniana	em	comparação	com	a	base;
3.	Pela	altura	mais	baixa	(já	afirmada	por	Korner);
4.	Maior	achatamento	do	crânio,	acima	de	tudo	no	vértice	(idem);
5.	Pela	direção	perpendicularda	testa,	de	puro	caráter	infantil;	é	o	fato	da
testa	ser	mais	proeminente	no	alto	do	que	em	baixo,	que	dá	ao	fronte	feminino
certa	nobreza;
6.	Pela	passagem	abrupta,	angulada,	em	vez	de	em	arco,	da	superfície	do
crânio	na	linha	frontal	e	também	occipital,	especialmente	nos	braquicefálicos.
Segundo	Weissbach	(Arch.	fur	Anthrop.,	1878),	o	crânio	feminino	alemão:
1.	É	menor	e	mais	leve,	mais	largo,	mas	não	tão	alto;	da	mesma	forma,	tem
uma	 base	 relativamente	 estreita;	 as	 têmporas	 são	 mais	 achatadas	 na	 direção
longitudinal,	enquanto	que	na	transversal	é	mais	arqueada;
2.	A	parte	frontal	da	cabeça	é	menor,	mais	curta	e	estreita;	mais	curvada	na
direção	 sagital,	 mas	 menos	 na	 horizontal	 e	 na	 transversal;	 a	 protuberância
frontal,	quando	considerada	em	relação	com	o	comprimento	do	crânio,	está	mais
afastada,	 mas	 quando	 se	 leva	 em	 consideração	 a	 maior	 largura	 do	 crânio
feminino,	 está	 de	 fato	mais	 próxima.	 Todos	 os	 diâmetros	 da	 parte	 anterior	 da
fronte	são	menores;
3.	A	parte	mediana	da	cabeça,	no	sentido	sagital,	é	mais	achatada;	por	outro
lado,	na	direção	transversal	é	mais	larga	e	arqueada,	com	partes	mais	rebaixadas
e	distorcidas.	A	superfície	 temporal	assemelha-se	à	masculina,	mas	o	 intervalo
temporal	é	 inferior	e	as	paredes	 laterais	são	mais	 longas	e	curvadas	no	sentido
horizontal;
4.	 A	 parte	 occipital	 difere	 da	 masculina	 por	 sua	 maior	 altura	 e
comprimento,	enquanto	que	são	iguais	na	largura.
5.	A	base	do	crânio	em	mulheres	é	mais	estreita	e	mais	curta;	a	parte	basal	é
mais	longa,	mas	a	occipital	é	menor	e	mais	estreita.	Os	forames	estilomastóideos
estão	mais	próximos;	os	ovais,	mais	distantes.
6.	A	face	feminina	é,	em	proporção	ao	crânio,	menor	do	que	a	dos	homens
em	 todos	 os	 tamanhos,	 ortógnata,	 mais	 longa,	 baixa,	 estreita,	 exceto	 na	 parte
superior;	 a	 base	 do	 nariz	 é	 mais	 ampla;	 as	 órbitas	 estão	 mais	 afastadas,	 são
maiores	e	mais	altas.	O	maxilar	superior	é	mais	largo,	com	arcadas	mais	baixas	e
curtas,	com	palato	mais	largo;	a	mandíbula	inferior	é	menor,	mais	achatada,	com
o	queixo	mais	largo	e	curto,	ramificações	menores	e	mais	curtas.
O	índice	vertical	é	mais	baixo	entre	as	mulheres;	apenas	entre	os	Boêmios	é
mais	alto	(Koper):	homem	75,	e	mulher	77,	com	diferença	de	0,02.
Entre	as	mulheres	Islandesas	é	um	pouco	mais	alto,	0,02;
Entre	as	mulheres	de	Musch	é	um	pouco	mais	alto,	0,01;
Entre	as	mulheres	Khor	é	um	pouco	mais	alto,	0,03;
Entre	as	mulheres	Chinesas	é	um	pouco	mais	alto,	0,04;
Entre	as	mulheres	Dayak	é	um	pouco	mais	alto,	0,04.
As	variações	individuais	que	podem	ser	observadas	nas	medições	cranianas
de	mulheres	selvagens	são	menores	do	que	a	dos	homens.
De	 acordo	 com	 Schaffhausen	 e	Albrecht,	 os	 dentes	 incisivos	médios	 são
mais	largos,	8,8,	do	que	nos	homens,	e	a	mulher	teria	mais	prognatismo.
Em	geral,	de	acordo	com	todos	os	autores,	e	em	todas	as	raças,	embora	com
mais	 destaque	 nas	 civilizadas,	 o	 crânio	 feminino	 é	mais	 infantil,	 tanto	 em	 sua
capacidade	 quanto	 em	 sua	 forma,	 do	 que	 o	 masculino,	 e	 sempre	 inferior,
especialmente	na	parte	frontal,	nos	ângulos,	e	na	capacidade	facial;	e	apresenta
menor	variabilidade	que	no	homem.
8.	Cérebro.	O	cérebro	da	mulher	pesa	menos	do	que	o	do	homem.
Segundo	Manouvrier,	o	peso	do	cérebro	feminino	estaria	para	o	masculino
na	proporção	89	por	100.
Peso	médio	do	cérebro	em	indivíduos	entre	20	e	80	anos.
	 Homem Mulher
Hannover	(Krause,	Anatom.) 1461 1341
Inglaterra	(Sims,	Med.	Chir.	Trans.,	1885) 1412 1292
França	(Sappey,	Traité	di	Anat.	descr.) 1358 1256
Suíça	(Hoffmann,	Anatomie) 1350 1250
Rússia	(Blosfeld,	Henke’s	Zeitsch.	f.	Staatsartzneilkunde) 1346 1195
Áustria	(Meynert,	Vierteljahrssch.	f.	Psych.,	1867) 1296 1170
Média	geral 1358 1235
Diferença 123
	
Topinard	 e	 Manouvrier	 observam	 que,	 na	 espécie,	 estas	 variações,	 tais
como	as	do	crânio,	podem	ser	apenas	dependentes,	proporcionalmente	inferiores,
à	 altura	 e	peso	 corporal	 (88,5%).	Mas	 ainda	que	 seja	 feita	 esta	 comparação,	 o
peso	 do	 cérebro	 da	 mulher	 permanece	 inferior,	 mas	 com	 diferenças	 menos
significativas.	Isso	pode	ser	visto	no	trabalho	de	Bischoff	em	relação	ao	peso	dos
cérebros	dos	dois	sexos,	em	relação	ao	peso	do	corpo.
Peso	do	corpo Peso	do	cérebro
Quilogramas Homem Mulher
20 - 4,47%
30 3,7% 3,37%
40 2,98% 2,70%
50 2,5% 2,29%
60 2,16% 1,99%
70 1,99% -
80 1,59% -
	
É	evidente	que	as	diferenças,	desta	forma,	são	menos	pronunciadas.	Mas	a
inferioridade	 permanece;	 e	 de	 fato,	 de	 acordo	 com	 Calori	 (Memorie
dell’Accademia	delle	Scienze	di	Bologna,	1871),	o	peso	do	cérebro	está	para	o
peso	do	corpo	na	relação	1:	46-50	no	homem,	e	1:	44-48	na	mulher.
Segundo	 Reid	 (London	 and	 Edimb.	 moni.	 Journ.	 of	 med.,	 48),	 em
indivíduos	com	idade	de	25	a	55	anos,	a	proporção	é	de	1:	37,5	no	homem;	1:	35
em	mulheres.
Considerando-se	em	relação	à	idade,	vemos	com	Bischoff	(Hirngewicht):
Idade Homem Mulher
14-20 1376 1246
20-30 1358 1239
30-40 1366 1222
40-50 1348 1214
50-60 1345 1228
60-70 1315 1210
70-80 1290 1170
80-90 1284 1127
	
Pode-se	ver	que	o	cérebro	da	mulher	jovem	apresenta	a	maior	semelhança
com	 o	 cérebro	 do	 homem;	 as	 menores	 semelhanças	 ocorrem	 idade	 adulta	 e
avançada[11].
Hammond	 realizou	 pesquisas	 comparativas	 sobre	 o	 peso	 específico	 das
matérias	cinza	e	branca	do	cérebro.	Após	o	exame	de	20	cérebros	de	ambos	os
sexos,	obteve	os	seguintes	resultados:
Homens,	substância	cinza	máxima,	1,0372,	mínima	1,0314,	média	1,0350;
Mulheres,	substância	cinza	máxima,	1,0325,	mínima	1,0291,	média	1,0317;
Homens,	substância	branca	máxima,	1,0427,	mínima,	1,0341,	média	1,0384;
Mulheres,	substância	branca	máxima,	1,0386,	mínima,	1,0311,	média,	1,0379.
As	 precisas	 observações	 de	 Rüdinger	 (Vorlaufige	Mittheilungen	 über	 die
Unterschieden	 der	 Grosshirnivindungen	 nach	 Geschlechtbeim	 Fetus	 und
Neugeborenen,	 Munique,	 1877)	 e	 Magazzini	 (Intorno	 ai	 solchi	 e	 le
circonvoluzioni	 deiprimati,	 Roma,	 1888)	 revelam	 algumas	 diferenças	 entre	 os
cérebros	masculino	 e	 feminino,	 que	 começam	 a	 se	 estabelecer	 no	 oitavo	mês,
especialmente	no	exterior	dos	 lobos	 frontal	 e	parietal,	menos	claramente	 sobre
alguns	lóbulos	da	face	mediana.	Da	mesma	forma,	em	macacos,	pelo	menos	em
algumas	 espécies	 de	 antropoides,	 Rohon	 (Zur	 Anatomie	 der	 Hirnwindungen,
Munique,	 1888)	 observou	 que	 existem	 características	 diferenciais	 entre	 os
cérebros	 masculino	 e	 feminino,	 semelhantes	 às	 observadas	 no	 feto	 humano.
Comparando	 um	 cérebro	 de	 chimpanzé	 macho	 com	 o	 de	 uma	 fêmea,	 ele
observou	 que,	 no	 lóbulo	 frontal,	 as	 interrupções	 das	 circunvoluções,	 nas
ranhuras	secundárias,	são	mais	numerosas	no	macho;	de	forma	correspondente,
ao	 maior	 desenvolvimento	 do	 r.	 anterior	 fiss.	 Sylvi,	 no	 chimpanzé	 macho,
apresenta-se	 um	 maior	 desenvolvimento	 do	 g.	 frontalis	 tertius;	 a	 partir	 das
observações	de	Rüdinger	 sabemos	que,	no	cérebro	da	mulher,	este	giro	é	mais
simples	 do	 que	 no	 homem.	 No	 lobo	 parietal	 do	 chimpanzé	 macho,	 Rohon
observou	que	a	primeira	dobra	da	passagem	e	a	circunferência	parietal	mediana
eram	mais	robustas,	que	as	s.	interparietalis	eram	compostas	por	três	segmentos
agrupados,	enquanto	na	fêmea	o	sulco	era	reto	e	mais	próximo	da	linha	mediana.
Além	disso,	o	cérebro	da	fêmea	pesava	entre	15	a	20	gramas	a	menos,	o	que,	de
acordo	com	os	cálculos	de	Rohon,	era	consequência	da	diminuição	da	massa	no
lobo	parietal.
Podemos,	 aqui,	 relembrar	 como	 Turner	 (Proceeding	 of	 the	 E.	 S.	 of
Fdimburgh,	1865-1866)	encontrou	à	direita	do	cérebro	de	um	chimpanzé	macho,
a	primeira	superfície	de	dobra	de	passagem,	e	à	esquerda,	a	segunda;	por	outro
lado,	um	cérebro	de	fêmea	apresenta	a	fiss.	perpendic.	externa	contínua,	com	um
operculum	bastante	 limitado,	e	no	outro,	à	direita,	 repetia-se	o	mesmo	fato,	ao
passo	 que	 à	 esquerda	 da	 primeira	 dobra,	 a	 passagem	 era	 apenas	 superficial.
Também	no	chimpanzé	macho,	o	s.	Rolandi	possuía	uma	posiçãomais	oblíqua	e
tortuosa	 que	 na	 fêmea;	 uma	 diferença	 bem	 explicada	 pelo	 maior
desenvolvimento	do	cérebro	frontal	no	chimpanzé	macho.
9.	Fisionomia.	É	desnecessário	destacar	como	a	fisionomia	da	mulher,	sua
falta	 de	 barba,	 seu	 tamanho	 menor	 e	 mais	 arredondado,	 especialmente	 no
maxilar	inferior,	revela-a	mais	infantil	e	delicada	que	o	homem.	No	entanto,	na
primeira	 infância	 e	 na	 extrema	 velhice,	 nos	 primeiros	 e	 últimos	 anos,
especialmente	 entre	 as	 classes	 mais	 baixas,	 e	 em	 várias	 raças	 selvagens
(Hotentotes,	Cafres,	Bosquímanos),	a	semelhança	com	o	homem	é	muito	grande;
o	rosto	da	mulher	torna-se	viril.
10.	 Caracteres	 degenerativos.	 A	 mulher	 difere	 do	 homem	 não	 só	 pelo
crânio,	desenvolvimento	da	mama,	cabelos,	e	em	todos	os	aspectos	que	Darwin
denominou	 de	 caracteres	 sexuais	 secundários;	 mas	 também	 pela	 quantidade	 e
intensidade	dos	traços	degenerativos.
Anomalias	encontradas	entre	50	homens	e	50	mulheres	de	Turim,	sem	qualquer	precedente
criminal	ou	psicopático.
	 Homens Mulheres
Orelhas	de	abano 9 3
Lóbulo	séssil 8 14
Mandíbula	inferior	pronunciada 8 7
Desvio	nasal,	ou	nariz	achatado,	ou	volumoso 8 3
Apêndice	lemuriano 7 2
Anomalias	dentárias 6 4
Maçãs	do	rosto	salientes 6 7
Prognatismo 5 2
Sínus	frontais	salientes 4 2
Saliências	frontais 3 1
Diastema	dos	incisos	superiores 3 1
Diminuição	do	diâmetro	transversal	do	crânio	na	região
da	têmpora
3 4
Rugas	precoces 3 1
Assimetria	facial 2 -
Depressões	sob	o	crânio 2 -
Queixo	afundado 2 2
Occipital	recuado 2 -
Occipital	projetado 2 -
Estrabismo 2 3
Depressões	sob	a	testa 1 -
Lábio	superior	fino	ou	vertical 2 -
Platicefalia 1 -
Estatura	excessivamente	baixa 1 2
Trococefalia 1 -
Fronte	alta - 2
	
A	mulher	 quase	 nunca	 exibe	 certas	 características	 degenerativas	 bastante
próprias	do	homem:	orelhas	curvadas,	saliências	da	testa	pronunciadas,	grandes
anomalias	 cranianas,	 assimetria	 facial:	 por	 outro	 lado,	 nela	 se	 encontram,	 em
grande	proporção,	outras	características,	 como	novas	pilosidades,	orelha	 séssil,
precocidade	 da	 barba,	 penugem;	 características	 frequentemente	 encontradas	 de
maneira	 isolada	em	mulheres	normais.	Em	560	mulheres	normais,	ao	 longo	de
uma	avenida,	 encontrei	37	 jovens	 com	penugem	e	buço	pronunciado	 (7%),	34
com	mandíbulas	proeminentes	(6,8%),	e	nove	com	o	tipo	degenerado	completo
(1,8%).
Roncoroni,	 que	 examinou	 cinquenta	 homens	 e	 cinquenta	 mulheres	 de
Turim,	 encontrou	 uma	 média	 de	 1,88	 caracteres	 degenerativos	 em	 homens	 e
apenas	 1,20	 em	 mulheres.	 Anomalias	 mais	 graves	 foram	 predominantemente
encontradas	em	homens.
Conclui-se,	 portanto,	 que	 o	 homem	 apresenta	 com	 maior	 frequência	 as
seguintes	anomalias:	desvio	nasal,	nariz	achatado	ou	volumoso;	maçãs	do	rosto
salientes,	 e	 especialmente	 orelhas	 de	 abano,	 apêndice	 lemuriano	 (os	 dois
apêndices	lemurianos	encontrados	em	mulheres	não	eram	muito	desenvolvidos),
assimetria	 facial,	 anormalidades	 da	 abóbada	 craniana	 –	 isto	 é,	 anomalias	mais
graves;	enquanto	nas	mulheres	mais	frequentemente	encontramos	o	lóbulo	séssil
e	a	diminuição	do	diâmetro	transversal	do	crânio	na	região	da	têmpora.
Realizando	 pesquisas	 de	 caracteres	 degenerativos	 em	 loucos,	 encontrei
resultados	bastante	similares.
Esta	é	a	ordem	da	frequência	dos	caracteres	degenerativos	por	sexo:
	 Homens Mulheres
Com	0	caracteres	degenerativos 11 18
Com	1	caractere	degenerativo 13 17
Com	2	caracteres	degenerativos 12 11
Com	3	caracteres	degenerativos 8 3
Com	4	caracteres	degenerativos 4 1
Com	5	caracteres	degenerativos 1 -
Com	6	caracteres	degenerativos 1 -
	 50 50
	
Mesmo	o	pavilhão	auricular	–	atualmente,	uma	parte	inútil	do	corpo	–	que
possui	 extensas	 variações	 na	 raça	 humana	 e	 nas	 degenerações,	 oferece	 um
mínimo	de	anormalidades	nas	mulheres.
De	25	mil	sujeitos	examinados,	Gradenigo	descobriu	que	orelhas	de	abano
apareciam	na	proporção	de	11%	para	homens	 e	 de	3%	para	mulheres;	 lóbulos
aderentes,	21,5%	nos	homens	e	12,1%	nas	mulheres.	Normalmente,	os	pavilhões
auriculares	 são	 regulares	 em	 36%	 dos	 homens	 e	 65%	 das	 mulheres.	 Nelas,
apenas	 algumas	 anomalias,	menos	 atávicas,	 são	mais	 comuns.	 Por	 exemplo,	 o
anti-hélice	 proeminente	 em	 7,2%	 dos	 homens,	 e	 em	 11,5%	 das	 mulheres;
faltando	a	hélice:	em	0,8%	dos	homens,	em	7,3%	das	mulheres.
É	 possível	 fixar	 com	 precisão	 a	 diferença	 para	 anormalidades	 cranianas;
Ferraz	 di	 Macedo	 descobriu,	 em	 1.000	 crânios	 normais	 (500	 mulheres	 e	 500
homens):
	 Homens Mulheres
Fosseta	occipital 4	a	5% 1,8	a	3,4%
Osso	epactal 1,0% 0,2%
Osso	interparietal 1,0% 0,4%
Sutura	metópica 11,8% 9,3%
Incisura	nasal 4,5% 1,0%
	
Marimò	e	Gambara	em	466	homens	e	553	mulheres[12]:
	 Homens Mulheres
Osso	preinterparietal 2,8% 0,9%
Osso	interparietal 1,3% 0,09%
Prognatismo 0,9% 0,09%
Osso	wormiano	inferior 38,8% 28,15%
	
Reggi	encontrou	anomalias	no	osso	clinoide	em	13%	das	mulheres,	e	em
20%	dos	homens.
Figura	 2	 –	 Anomalias	 vulvares	 em	Hotentotes	 (a,	 b)	 e	 na	 Europa	 (c,	 d,	 e,	 f).	 a,	 b)	 Ampliação	 ou
hipertrofia	 dos	 pequenos	 lábios	 de	 Hotentote	 (Blanchard);	 c)	 hímen	 em	 franja,	 de	 uma	 virgem
(Hoffman);	d)	hímen	cribriforme	(Hoffmann);	e)	hímen	septado	(Miriewsky).
O	 único	 órgão	 da	 mulher	 frequentemente	 sujeito	 a	 anormalidades	 é	 o
hímen,	 que	 se	 encontra	 em	 franja,	 em	 coração,	 em	 fita,	 em	 bolsa,	 em	 crista,
circular	 ou	 caudado,	 por	 conta	 de	 uma	 espécie	 de	 extensão	 de	 cordão,	 ou
filiforme,	 com	 espessamento	 terminal,	 que	 quase	 toca	 a	 margem	 superior	 do
hímen,	segundo	Mierzejemski	(Hoffmann,	Traité	de	médecine	 légale,	Vol.	 I,	p.
20);	 isso	 é	 explicado	pela	 inexistente	 importância	 e	 utilidade	 deste	 órgão,	 e	 é,
talvez,	o	vestígio	de	uma	bolsa	dos	monotremados.	Este	órgão,	que	não	tem	mais
nenhuma	razão	para	existir,	tendo	perdido,	como	a	orelha,	sua	função	natural,	é	o
único	órgão	da	mulher	sujeito	à	grande	variabilidade.
As	 mulheres	 apresentam	 anormalidades	 menos	 frequentes	 nos	 órgãos
genitais:	veja	o	caso	Hotentote	(figura	1),	que	consiste	em	um	alargamento	dos
pequenos	lábios	–	tal	qual	um	avental[13]	–	e	do	prepúcio	do	clitóris;	é	variável	e
sempre	 diferente	 em	 cada	 indivíduo.	 Tal	 anormalidade	 surge	 na	 infância	 e	 é
consequência	 do	 grande	 desenvolvimento	 da	 gordura	 conjuntiva	 e	 subcutânea
que	 encontramos	 nas	 raças	 inferiores;	 enquanto	 que,	 ao	 contrário,	 os	 grandes
lábios	são	atrofiados	e	o	monte	de	Vênus	deprime-se	de	tal	forma	que	pode	mal
ser	identificado.
Esta	anomalia	é	encontrada	em	várias	outras	raças.	Plínio	já	destacava	sua
existência	 entre	 os	 negros,	 os	 Cafres,	 e	 os	 mouros.	 Vincent	 (Contribution	 à
l’etimologie	 de	 la	 côte	 occidentale	 d’Afrique;	 Revue	 d’anthropologie,	 1874)
observou	em	muitas	Negras	da	costa	africana	uma	extensão	dos	pequenos	lábios,
de	5	a	8	centímetros,	que	é	uma	passagem	ao	verdadeiro	avental	que	se	 forma
nas	mulheres.	Lemser	observou	a	mesma	situação	em	algumas	mulheres	do	rio
Mellacorè,	e	no	rio	Nunez.
Blanchard	 acredita	 que	 esta	 anatomia	 tenha	 origem	 atávica,	 pois	 esta
hipertrofia	 é	 encontrada	 no	 gorila	 e	 no	Troglodytis	 Aubryi	 (Blanchard,	 Sur	 la
steatopigie	 des	 femmes	 Boschimanes,	 1888;	 Lombroso,	 Sur	 le	 lipome	 des
Portefaix,	1884).
Da	 mesma	 forma,	 Gratiolet	 e	 Alix	 (Recherches	 sur	 l’anatomie	 des
Troglodytes	Aubryi,	1886)	revelam	também	que	no	chimpanzé	os	lábios	maiores
estão	 atrofiados,	 enquanto	 os	 lábios	 menores	 são	 altamente	 desenvolvidos.
Hoffman	 e	 Bischoff	 observaram	 que,	 nos	 macacos	 antropoides,	 os	 lábios
maiores	 e	 o	 monte	 de	 Vênus	 estão	 quase	 inteiramente	 atrofiados,	 enquanto	 o
clitóris	 apresenta-se	 sempre	 altamente	 desenvolvido	 e	 sulcado	 em	 sua	 face
interna;	 os	 pequenos	 lábios	 são	muito	 desenvolvidos,	 especialmente	 na	 fêmea
chimpanzé,	 e	 um	 pouco	menos	 nas	 outras	 três	 espécies	 de	macacos.	Agora,	 a
maior	 parte	 desses	 caracteres	 é

Continue navegando