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Módulo II - Projeto de edificações

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Prévia do material em texto

Escola de Administração Fazendária
ESAF
FISCALIZAÇÃO DE PROJETOS
E OBRAS DE ENGENHARIA 
Ficha técnica
Coordenador Técnico e Conteudista - Secretaria da Receita Federal do Brasil
Athos André do Amaral Rocha
Coordenação de Produção
Equipe de produção DIEAD/ESAF
Projeto de edificações – Módulo 2 ...........................................................................4
2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? ............................................ 4
2.1.1 A importância de um bom projeto para a futura atividade de manutenção 
predial da edificação .............................................................................................4
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de toda a 
sua vida útil? ..........................................................................................................7
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? 
Como deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais preceitos deve 
atender? Premissas de projeto ...........................................................................13
2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada ao projeto. Quais as 
diferenças entre Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações 
Técnicas e Caderno de Encargos? ......................................................................19
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais 
indicada? ..............................................................................................................22
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores 
e coautores ..........................................................................................................34
2.2 Como receber um projeto de edificações? .............................................................42
2.2.1 O recebimento do projeto: o que deve ser observado? ................................42
2.2.2 A responsabilidade do gestor de contrato ....................................................44
2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na 
apresentação de projetos ...................................................................................48
2.3 Coordenando um projeto de edificações ................................................................54
2.3.1 A coordenação do projeto de edificações .....................................................54
2.3.2 A compatibilização dos projetos ...................................................................57
2.3.3 O “projeto-mãe” em projetos de edificações ................................................60
2.3.4 A plataforma BIM e o seu papel na coordenação e na 
compatibilização dos projetos ...........................................................................64
Encerramento ........................................................................................................70
Sumário
4
2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo?
2.1.1 A importância de um bom projeto para a futura atividade de manutenção 
predial da edificação
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Identificar os principais conceitos para o desenvolvimento de um projeto 
eficiente.
Os projetos da construção civil, nesses incluídos 
os projetos de edificações, além de serem, por sua 
natureza, roteiros para as atividades que concorrerão 
para a execução do objeto, são igualmente ferramentas 
de análise para as possíveis soluções técnicas a serem 
aplicadas no processo construtivo.
A palavra projeto significa, genericamente, intento, 
desígnio, empreendimento e, também, um conjunto de 
ações, caracterizadas e quantificadas, necessárias à 
concretização de um objetivo. Embora este sentido aplique-se a diversos campos de 
atividades, em cada um deles o projeto materializa-se de forma específica.
O objetivo principal de um projeto é a execução da obra idealizada 
pelo arquiteto ou engenheiro. Essa obra deve adequar-se aos con-
textos naturais e culturais em que se insere e responde às necessi-
dades do cliente e dos futuros usuários do objeto construído. As 
exigências do cliente e dos usuários exprimem-se por meio do pro-
grama de necessidades que define metodologicamente o produto 
final.
Tome Nota
Projeto de
construção
MÓDULO 2
PROJETO DE EDIFICAÇÕES
5
Diante disso, as soluções técnicas que deverão ser empregadas para a consecução 
da obra devem atender aos princípios da racionalidade, da economicidade, da 
funcionalidade e do desempenho.
Considerando os conceitos de Vitrúvio (2007, p. 82),1 os projetos de arquitetura de-
vem atender cumulativamente aos princípios básicos “utilitas” (utilidade, uso, funcio-
nalidade, proveito, vantagem), “firmitas” (solidez, firmeza, consistência, robustez) e 
“venustas” (beleza, elegância, estética). Tais conceitos resumem as qualidades que 
se pretende para o projeto arquitetônico, demonstrando que o objeto construído deve 
conciliar desempenho, economia e estética. Pode-se, assim, concluir que o edifício 
ou a obra deve ter características que atendam à sua durabilidade e conservação.
Com esse objetivo, o projeto deverá também 
servir à correta escolha de soluções que de-
terminem o melhor funcionamento do objeto 
construído, muito além da sua concepção ou 
construção. No projeto é que são definidos os 
conceitos e as técnicas que garantirão a per-
manência da construção, principalmente no 
quesito manutenção.
Recentemente, a ABNT editou um conjunto de normas aplicado ao desempenho das 
edificações. Muito embora tal norma traga na sua origem a destinação às edificações 
habitacionais, pode-se tomá-la como referência para qualquer tipo de edifício em 
que se pretenda condições de bom desempenho. Uma das premissas básicas 
dessa normativa é a durabilidade dos elementos da construção, denotando grande 
preocupação com a manutenção do edifício.
A Administração Pública, por suas características (necessidade de racionalização 
dos custos, orçamentos limitados e inconstantes, falta de equipes permanentes para 
conservação), tem como um dos grandes desafios a manutenção do seu patrimônio 
construído.
1 VITRÚVIO, P. Tratado de arquitetura/Vitrúvio. Tradução, introdução e notas de M. Justino Maciel. São Paulo: Martins 
Fontes, 2007.
6
Importante
Por essa razão, boas escolhas na fase de projeto definirão o 
custo para a Administração na conservação e na manutenção 
das suas construções por longo período.
Percebe-se, dessa condição, que o projeto, 
muito além de ser um roteiro para a constru-
ção do objeto, é, antes de tudo, uma ferramen-
ta para experimentação das soluções para o 
bom desempenho da obra ou do edifício, pos-
sibilitando a escolha das melhores soluções 
técnicas, aquelas que trarão o equilíbrio entre 
custo de construção, custo de manutenção e 
funcionalidade, aí considerados a eficiência e o conforto.
Você, como gestor do contrato de projeto, ao elaborar o seu Termo de Referência 
ou Projeto Básico, deve observar com cautela tais premissas, de forma a conduzir a 
sua elaboração pelo caminho da racionalidade, da economia e do desempenho. As 
definições e as exigências dadas no Termo de Referência ou Projeto Básico devem 
ser tais que condicionem a elaboração do projeto, para que esse atenda aos objetivos 
aqui já mencionados.
Essas escolhas recairão sobre os tipos de materiais, a forma de ordenação dos espa-
ços, a morfologia dos elementos etc. Assim, é importante que se observe a vantagem 
que se terá sobre a escolha de um material em detrimento de outro, do tamanho da 
edificação frente às necessidades do órgão, ou até mesmo da observância ao índice 
de compacidade2 ou da forma do edifício.
2 Índice de compacidade – É a relação percentual existente entre o perímetro de um círculo de igual área do projeto e o pe-
rímetrodas paredes exteriores do projeto, conforme a definição de Mascaró. (Mascaró, Juan Luís – O custo das decisões 
arquitetônicas – 5. ed. Porto Alegre: Masquatro Editora, 2010)
7
Por Exemplo
Como exemplo, citamos a escolha de esquadrias de ferro para a vedação 
das fachadas externas de um edifício em zona litorânea. Certamente 
toma-se aqui a condição extrema e até mesmo inadmissível, visto que, 
nas condições atmosféricas daqueles ambientes, jamais se optaria pela 
escolha de elementos ferrosos para tal uso. A escolha correta nesse 
caso seria, por exemplo, esquadrias de alumínio, com pintura por anodi-
zação ou eletrostática, com durabilidade adequada àquelas condições 
ambientais. Muito embora seja senso comum no meio da arquitetura e 
da engenharia, a obviedade por tal escolha (esquadrias de alumínio para 
a vedação de fachadas em edificações de ambientes litorâneos), ainda 
assim é possível encontrar projetos (mal) especificados trazendo aquela 
condição (especificação de esquadrias de ferro naqueles ambientes).
Nos órgãos públicos, os setores que são responsáveis pelos projetos normalmente 
são diversos daqueles responsáveis pela manutenção das edificações (ou outras 
obras da construção civil ou de infraestrutura viária). A boa especificação, quando da 
elaboração desses projetos, poderá contribuir para a desoneração do trabalho e do 
custo despendidos futuramente pelos seus setores de manutenção.
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de toda a sua 
vida útil?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Reconhecer a importância do projeto no ciclo de vida de uma edificação.
No tópico anterior, foram apresentadas as relações existentes entre a boa especifica-
ção de um projeto e o custo de manutenção do objeto construído. Veja que as esco-
lhas corretas no momento das especificações têm, entre outros quesitos, a função de 
desonerar o custo de manutenção futura das edificações ou outras obras.
8
O custo de um projeto é sensivelmente me-
nor do que os custos envolvidos na execução 
da obra. Por essa razão, perceba que é mais 
lógico e sensato concentrar esforços nes-
sa importante etapa, evitando, por exemplo, 
economias irresponsáveis e permitindo que 
nessa ocasião possam ser avaliadas todas 
as possibilidades técnicas para a consecu-
ção do objeto pretendido. Afinal, é infinitamente mais fácil alterar um desenho, ou 
até mesmo descartar-se um conjunto de elementos impressos, do que demolir uma 
estrutura de concreto. O projeto, portanto, é o momento para a experimentação e o 
teste de possibilidades.
Para ilustrar a importância que tem um projeto na construção civil, veja a imagem a 
seguir.
Como vai querer 
seu projeto?
RÁPIDO BARATO
QUALIDADE
GRÁTIS
Mal
feito
Não
existe
Bem
pago
Utopia
Não pode
ser feito
Faça
você
Lixo
9
Perceba, portanto, algumas verdades sobre o projeto:
Esqueça projetos rápidos, sem custos e ainda assim 
com qualidade. Eles não existem, muito embora essa 
(projetos não remunerados) não seja uma realidade 
possível na Administração Pública; 
Projetos com prazos curtos de elaboração e com 
custo baixo geralmente são mal feitos;
Projetos com prazo de elaboração exíguo e com boa 
qualidade têm alto custo.
Escolha a forma de licitação mais adequada ao objeto a 
contratar;
Estabeleça corretamente o cronograma para a elaboração 
de projetos;
Por meio de pesquisa de preços, estabeleça a justa 
remuneração devida ao serviço de projeto e que servirá 
de referência à licitação. 
01
02
03
03
02
01
Diante disso, você, na condição de gestor público, deve observar criteriosamente 
alguns aspectos na sua contratação:
Esqueça projetos rápidos, sem custos e ainda assim 
com qualidade. Eles não existem, muito embora essa 
(projetos não remunerados) não seja uma realidade 
possível na Administração Pública; 
Projetos com prazos curtos de elaboração e com 
custo baixo geralmente são mal feitos;
Projetos com prazo de elaboração exíguo e com boa 
qualidade têm alto custo.
Escolha a forma de licitação mais adequada ao objeto a 
contratar;
Estabeleça corretamente o cronograma para a elaboração 
de projetos;
Por meio de pesquisa de preços, estabeleça a justa 
remuneração devida ao serviço de projeto e que servirá 
de referência à licitação. 
01
02
03
03
02
01
10
Em relação à manutenção do futuro objeto construído, a questão ganha ainda mais 
importância. De acordo com a Lei de Sitter,3 ou “Lei dos 5”, tomando-se novamente 
como exemplo uma estrutura de concreto, o custo para uma intervenção de correção, 
desde o projeto até a manutenção corretiva, aumenta em progressão geométrica, de 
razão 5 (SITTER, 1984 apud HELENE, 1992)4. Assim, pode-se dizer que, arbitrando 
que o custo para uma eventual correção de erro no objeto seja 1, durante a fase de 
elaboração do projeto, a mesma correção na fase de execução da obra terá custo 5, 
na fase de manutenção preventiva terá custo 25 e, finalmente, na fase de manutenção 
corretiva alcançará o custo de 125.
125
25
51
25
50
75
100
125
C
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n
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 C
o
rr
et
iv
a
Lei de Sitter
Custo unitário arbitrado
0
2 431 Tempo decorrido
Esse mesmo princípio pode ser aplicado, por extensão, às outras disciplinas (instala-
ções) das obras ou edificações.
Neste tópico, identificaremos quais são as principais escolhas que podem concorrer 
para a racionalização do ambiente construído ao longo da sua vida útil, em conso-
nância com as boas práticas construtivas, à normativa técnica ou legislação vigente.
3 SITTER, W. R. Costs for service life optimization: the law of fives. In: CEB-RILEM. Durability of concrete structures. Procee-
dings of the International Workshop held in Copenhagen, on 18-20 May 1983. Copenhagen, 1984. (Workshop Report by 
Steen Rostam).
4 HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. 2. ed. São Paulo: Pini, 1992. 213 p. 
ISBN 85-7266-010-0.
11
Conforme o art. 2º, item III, do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 1997 (dispõe sobre a 
contratação de serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e 
fundacional e dá outras providências), as contratações da Administração devem 
demonstrar os resultados que serão alcançados em termos de economicidade e de 
melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais ou financeiros disponíveis. 
No caso das especificações de projetos, as soluções adotadas terão íntima relação 
com o comando dado nesse artigo do referido decreto.
Ainda que o conceito de um bom proje-
to seja de difícil definição, visto tratar-se 
de percepção subjetiva, para a qual con-
tribuem diversas variáveis e referências, 
pode-se delimitar os requisitos mínimos 
que devem ser atendidos para que o re-
sultado seja adequado aos objetivos da 
Administração Pública. É nesse sentido 
que recentemente os Poderes Legislativo e Executivo têm editado leis e normas que 
buscam o aumento da eficiência da máquina pública, refletida inclusive na constru-
ção das suas instalações.
Importante
Instruções Normativas que definem eficiência energética, otimi-
zação de recursos e critérios de sustentabilidade ambiental são 
normas que atualmente devem ter observância obrigatória pela 
Administração.
Dentro dessa condição, seguem algumas iniciativas específicas aplicadas à elabora-
ção de projetos da construção civil pelo poder público:
1. Escolha de materiais locais, de fácil obtenção no entorno da construção: 
essa iniciativa atende aos critérios de sustentabilidade ambiental,visto que 
12
possibilita menor impacto na natureza, pela diminuição das distâncias de 
transporte – atividade poluidora – para os insumos da obra, com reflexo no 
seu custo;
2. Escolha de materiais produzidos no país, por empresas nacionais ou naciona-
lizadas: essa iniciativa traz reflexos diretos na economia do objeto construído, 
visto que diminui o custo para a sua contratação e manutenção;
3. Escolha de materiais com melhor eficiência energética, como, por exemplo, 
luminárias em LED (light emitting diode – ou diodo emissor de luz), sistema de 
iluminação com baixo consumo de energia e que, consequentemente, diminui 
os gastos com energia elétrica ao longo da vida útil do edifício ou obra;
4. Escolha de sistemas de ar condicionado com alta eficiência energética, que, a 
exemplo das instalações de iluminação em LED, proporcionam economia de 
energia, e, com isso, menor gasto com energia elétrica;
5. Reúso de água, iniciativa que atende principalmente a dois requisitos básicos: 
a sustentabilidade ambiental e o menor consumo de água tratada, refletindo 
diretamente no custo do seu fornecimento;
6. Escolha de espécies vegetais nativas nos projetos de urbanização ou paisa-
gismo: essa iniciativa possibilita a melhor adaptação e a baixa manutenção 
dos espaços ajardinados das edificações ou obras, refletindo na economia dos 
recursos despendidos pela Administração Pública;
7. Escolha de materiais duráveis e com baixa manutenção quando da especifi-
cação dos projetos (exemplo: escolha de esquadrias de alumínio ou PVC para 
a vedação de fachadas): essa condição evita a necessidade de retificação e 
repintura dos elementos (quando especificados em madeira ou ferro), econo-
mizando recursos financeiros para os órgãos públicos.
Somam-se a essas considerações inúmeras outras possíveis e que ampliariam 
bastante a lista acima. Essas escolhas e definições podem encontrar iniciativa por 
ação de bons projetistas.
13
Importante
É vital, no entanto, que tais exigências emanem da contratante, a 
Administração Pública, quando da elaboração dos seus editais 
de contratação.
Essa é uma das razões pelas quais é importante – e recomendável – que os órgãos 
públicos contem nos seus quadros com profissionais habilitados, engenheiros e 
arquitetos, com qualificação permanente, para a contratação de projetos e obras da 
construção civil e de infraestrutura viária, tema já abordado no Módulo 1.
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? Como 
deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais preceitos deve atender? 
Premissas de projeto
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Identificar os itens obrigatórios a serem observados quando da elaboração do 
programa de necessidades para a contratação de um projeto de edificações.
Complementando as ideias trazidas nos 
tópicos anteriores, neste tópico serão 
abordadas as iniciativas por parte do 
gestor do contrato quando da contrata-
ção de um projeto da construção civil.
É de grande responsabilidade a atuação do gestor, não somente por sua condição de 
agente público, e que, portanto, deve obedecer às regras e condutas predeterminadas, 
mas também pela condição de responsável pela contratação de objeto que terá longa 
vida útil e que poderá gerar grande impacto socioambiental. Objetos da construção 
civil são concebidos para durarem dezenas de anos, e, por essa razão, devem ser 
muito bem pensados, antes do início da primeira escavação.
14
Note que a definição do resultado esperado é tarefa que requer complexo estudo 
e envolvimento. Certamente projetistas podem dar essa resposta. A medida dessa 
resposta, no entanto, está intrinsecamente condicionada às orientações e premissas 
definidas pela contratante, nesse caso o poder público. Mais uma vez, a figura do 
arquiteto ou engenheiro como gestor desses contratos é fundamental.
Inicialmente, pode-se dizer que as edificações ou obras contratadas pela 
Administração Pública devem considerar o seu custo e o seu resultado final. Não 
devem ser onerosas, dada a limitação de recursos e a responsabilidade social do 
poder público, mas também não devem ter custo de construção excessivamente 
baixo, que venha a onerar o custo do seu uso, conservação e manutenção, conforme 
já explicitado anteriormente.
Importante
O valor de uma obra deve ser medido por todo o período da sua 
vida útil, o que inclui a sua concepção, execução, usufruto e even-
tual demolição.
Conforme a ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho 
– Parte 1: Requisitos gerais, a durabilidade do edifício e de seus sistemas é um 
requisito econômico do usuário, pois está diretamente associado ao custo global do 
bem imóvel.5 Esse conceito, embora seja dado por norma especificamente aplicada 
a edificações, e do tipo habitacional, pode, como já foi aqui ilustrado, ser aplicado a 
qualquer objeto da construção civil.
5 ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – 
Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. p. 31.
15
Essa, infelizmente, não é a orientação obtida a partir da legislação 
que rege as contratações da Administração Pública, em que comu-
mente se observa para essas apenas o critério do custo do seu pro-
jeto e construção. O gestor do contrato não deve, porém, limitar-se 
a tal regra, mas buscar o equilíbrio entre o custo do projeto e da exe-
cução e o custo da sua manutenção, desembolso que será perma-
nente e que onerará os gastos da Administração Pública durante 
muitos exercícios financeiros. Profissionais habilitados – arquitetos 
e engenheiros – são os únicos capazes de dar tal resposta.
Observe
Devem ser considerados requisitos de desempenho e funcionalidade, que concedam 
ao ambiente construído boas condições de uso e habitabilidade, proporcionando aos 
seus usuários (agentes públicos e população em geral) bem-estar e conforto.
Como agente incentivador da transformação social e econômica, a Administração 
tem papel na inovação tecnológica quando da elaboração dos seus projetos da 
construção civil. Iniciativas que não são tomadas pelo setor privado, senão pelo lucro, 
têm no setor público o seu fomento.
O poder público, como contratante de obras, 
tem potencialmente grande capacidade de 
transformação das nossas cidades. Veja 
que, por essa razão, as obras contratadas 
pela Administração devem trazer entre 
as suas características a adequação ao 
entorno e o baixo impacto ambiental. Os 
requisitos que devem ser buscados são o 
baixo consumo energético, a baixa geração 
de resíduos o bom desempenho térmico e acústico e a durabilidade. Condicionando a 
16
atuação da Administração Pública nas contratações de projeto, há vasta legislação. 
Uma das normativas mais recentes é a Lei n° 13.647, de 9 de abril de 2018, que obriga 
a instalação de equipamentos economizadores de água nos sanitários públicos de 
todas as novas edificações públicas a partir da data da sua vigência.
Outro requisito igualmente importante é a preocupação com o aspecto visual da 
obra, em relação à sua inserção no ambiente e ao seu impacto estético. Como agente 
transformador do ambiente construído, o poder público, na condição de contratante, 
deve também considerar a harmonia e a beleza das suas obras, elementos que 
serão permanentes na paisagem. Devem ser evitados, por exemplo, os chamados 
“projetos-monumento”, assim entendidos como aqueles que têm apelo temático ou 
simbólico, cuja forma possa gerar polêmica ou dificuldade de aceitação (ver figura 3), 
ou que não tenha relação com a função do objeto,6 um dos princípios norteadores da 
arquitetura. Objetos de arquitetura que optem por trazer apelo simbólico podem fazê-
lo de forma sutil e indireta, remetendo à diretriz da sua concepção. Exemplos bem-
sucedidos dessas iniciativas sãoo edifício-sede do Banco Central do Brasil (Bacen), 
em Brasília, do arquiteto Hélio Ferreira Pinto7 (ver figura 4), e a ponte da mulher (el 
puente de la mujer), de autoria do arquiteto espanhol Santiago Calatrava (ver figura 5), 
no bairro Puerto Madero, em Buenos Aires. O primeiro é inspirado em imagem gravada 
no dobrão, moeda do período imperial, de 1725. O segundo representa um casal 
dançando tango, manifestação artístico-cultural típica da Argentina, considerada 
patrimônio oral e imaterial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a 
Ciência e a Cultura (Unesco).
6 “A forma segue a função” é um dos princípios da escola modernista de design Bauhaus, da década de 1910, que teve 
grande influência na arquitetura desde então, ao defender a adoção de desenhos funcionais nos objetos, em oposição à 
ornamentação. GROPIUS, W. The new archictecture and Bauhaus. New York: MIT Press, 1965.
7 Disponível em: <https://www.bcb. gov.br/pre/Historia/HistoriaBC/historia_BC.asp>. Acesso em: 10 abr. 2018.
17
Figura 3 - Centro de Ecologia em Kunshan – China 
(http://engenhariae.com.br/curiosidades/foi-inaugurado-na-china-esse-edificio-que-mais-parece-um- 
caranguejo-gigante/ último acesso em 10 de abril de 2018)
Figura 4 - https://www.bcb.gov.br/Pre/Surel/RelAdmBC/2012/orientacoes- estrategicas-do-banco-central- 
do-brasil/index.html último acesso em 10 de abril de 2018
18
Figura 5 - Arquivo pessoal
Considere que as edificações e as demais obras da Administração Pública devem 
ser sóbrias, para que transmitam as ideias de racionalidade e imparcialidade, ou 
inovadoras, por meio do emprego de novas técnicas, conceitos ou materiais, para 
que transmitam a preocupação com a evolução social ou tecnológica do homem. 
Essas duas características devem estar sempre acompanhadas do princípio da 
economicidade.
Assim, diante dos conceitos apresentados, pode-se resumir os objetivos e as premis-
sas para as obras contratadas pela Administração Pública e que deverão fazer parte 
do programa de necessidades dos projetos:
19
Desempenho térmico e acústico, 
visando à diminuição do custo do 
objeto ao longo da sua vida útil;
Durabilidade e facilidade de 
manutenção;
Funcionalidade, com ambientes 
integrados e adaptáveis às 
diversas configurações de leiaute, 
de forma a diminuir o impacto 
financeiro quando da 
reorganização dos espaços;
Formas harmônicas e beleza;
Inserção e adaptação ao entorno, 
obedecendo a critérios ambien- 
tais, sociais e culturais do local;
Inovação tecnológica.
2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada ao projeto. Quais as diferenças 
entre Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações Técnicas e Caderno de 
Encargos?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Destacar quais documentos exigir conforme os tipos específicos de projeto;
 § Relembrar os conceitos aplicados ao tema “projeto de edificações”.
Na contratação dos projetos da construção civil, é importante que o gestor do con-
trato tenha clareza quanto ao significado da terminologia aplicada, permitindo, assim, 
que os editais tragam correta apresentação dos conceitos e das definições.
É comum entre os profissionais de engenharia e arquitetura a confusão entre os 
conceitos de Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações Técnicas e Caderno 
de Encargos, razão pela qual compete à contratante o seu esclarecimento, por meio 
do documento editalício. Essa condição não somente evita a eventual impugnação do 
edital como traz segurança jurídica ao órgão público.
20
Esses conceitos são definidos abaixo, de acordo com o TCU:8
(Caderno de) 
Especificações 
Técnicas
Texto no qual se fixam todas as regras 
e condições a serem seguidas pelo 
contratado para a execução de cada um 
dos serviços da obra, caracterizando 
individualmente os materiais, os 
equipamentos, os elementos 
componentes, os sistemas construtivos 
a serem aplicados e o modo como 
serão executados cada um dos serviços, 
apontando, também, as unidades de 
medida que embasarão os critérios 
para a sua medição e pagamento;
Descrição detalhada do objeto 
projetado, na forma de texto, na 
qual são apresentadas as soluções 
técnicas adotadas pelo projeto, 
acompanhadas das respectivas 
justificativas, necessárias ao pleno 
conhecimento do projeto, 
complementando as informações 
contidas nos desenhos;
Memorial Descritivo
Texto no qual se fixam todas as regras e 
condições a serem seguidas pelo contratado para 
a execução de cada um dos serviços da obra, 
caracterizando individualmente os materiais, os 
equipamentos, os elementos componentes, os 
sistemas construtivos a serem aplicados e o modo 
como serão executados cada um dos serviços, 
apontando, também, as unidades de medida que 
embasarão os critérios para a sua medição e 
pagamento;
Caderno de 
Encargos
É um conjunto de informações 
complementares ao projeto, 
definindo como deve ser procedida 
a execução. Normalmente é 
fornecido pelo contratante, no qual 
estão consolidados as 
especificações técnicas, o Memorial 
Descritivo e os critérios de medição 
e pagamento de cada um dos 
serviços previstos para a obra.
Descrição detalhada do objeto 
projetado, na forma de texto,
na qual são apresentadas as soluções 
técnicas adotadas pelo projeto,
acompanhadas das respectivas 
justificativas, necessárias ao pleno 
conhecimento do projeto, 
complementando as informações 
contidas nos desenhos;
Memorial 
Descritivo
(Caderno de) 
Especificações 
Técnicas
Observe, portanto, dados os conceitos do TCU, que o Caderno de Encargos é a 
consolidação do Memorial Descritivo e das especificações técnicas, documento 
este também chamado de Caderno de Encargos e Especificações Técnicas. Esse 
documento é complementar às pranchas de desenho do projeto e tem por função 
a descrição completa do objeto, textualmente, e as orientações de como serão 
executados os serviços. O Caderno de Encargos ainda pode apresentar outras 
orientações, como a forma de medição dos serviços, a forma de descarte de resíduos, 
a forma de apresentação dos documentos finais, etc.
O Caderno de Encargos, para os projetos de edificações, não é documento facultati-
vo, dele devendo fazer parte obrigatoriamente, visto ser elemento que elucida dúvidas 
advindas da leitura das suas pranchas de desenho, sendo instrumento de arbitragem 
nas eventuais dúvidas técnicas advindas da execução do objeto.
8 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Orientações para elaboração de planilhas orçamentárias de obras públicas. Bra-
sília: TCU, 2014.
21
Outro conceito amplamente aplicado à área e que também gera dúvidas quanto ao 
seu significado é o Memorial Justificativo. Alerte-se para o fato que esse documento 
é tão somente, como o próprio nome diz, um texto que justifica o projeto. Nele estará 
contida a exposição das razões pelas quais foram adotadas determinadas soluções 
e decisões de projeto, o porquê de se ter utilizado determinados materiais, traçados, 
dimensionamentos, etc., em detrimento de outras escolhas. O Memorial Justificativo 
é, portanto, a peça textual que explica o projeto.
É importante que desse documento conste com clareza a explicação para os seguin-
tes itens:
1. Localização
Descrição sucinta do entorno (quando se tratar de projeto de edificação ou intervenção 
urbanística), e a forma como o objeto relaciona-se com ele, indicando as soluções 
adotadas para o tratamento dos ruídos, insolação, regime de ventos, etc.;
2. Programa de necessidades
Identificação das razões que levaram o projetista a adotar determinada solução 
para os elementos do objeto. Exemplo: em um projeto que contenha um auditório, a 
explicação das razões pelas quais determinada forma foi adotada para tal auditório, 
a configuração da plateia, etc.;
3. Planta baixa (quando se tratar de projeto de edificação ou intervençãourbanística)
Explicação para a distribuição funcional dos elementos, sua relação, ordenamento, 
integração, hierarquia, etc.;
4. Volumetria
Descrição da forma como se obteve a solução plástica (quando se tratar principal-
mente de projeto de edificação), processo criativo, enfatizando procedimentos que 
foram adotados, tais como subtrações, adições, composição de cheios e vazios, luz e 
sombras, texturas e materiais, linhas predominantes, etc.;
22
5. Tecnologia
Apresentação da escolha construtiva e suas vantagens. Descrição do benefício 
que será atingido com a opção pela forma de construção adotada, em relação à 
economia, ao desempenho, à rapidez de execução, etc. Exemplo: por que foi adotada 
a forma construtiva “estaiado para o projeto de um viaduto, em detrimento da forma 
“simplesmente apoiado”.
Importante
O Memorial Justificativo não é item obrigatório na elaboração 
dos projetos (conforme ABNT NBR 16636-2:2017 – Elaboração e 
desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos 
arquitetônicos e urbanísticos – Parte 2: Projeto arquitetônico), e 
não é comumente adotado ou exigido nas contratações da 
Administração Pública. É imprescindível, no entanto, quando for 
adotada a modalidade de licitação “concurso”, que será aborda-
da no próximo tópico.
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Avaliar qual a melhor modalidade de licitação a ser adotada nos diferentes 
tipos de objeto.
23
Conforme a Lei n° 8.666/1993, há quatro 
modalidades de licitação possíveis para a 
contratação de um projeto na Administração 
Pública:
Concorrência
Concurso
Convite
Tomada de preços
As três primeiras podem ser 
combinadas com os seguintes 
tipos de licitação:
Menor preço
Técnica e preço
Melhor Técnica
A Lei n° 10.520/2002 (institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de 
licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras 
providências) traz ainda a modalidade de pregão.
Antes de abordarmos as formas de licitação, é importante comentarmos a formação 
do preço referencial no processo licitatório para a contratação de um projeto, item 
que fará parte do edital.
Como já mencionado neste curso, a Administração Pública deve sempre ter o seu 
preço referencial para contratações. Isso é válido para projetos, obras e também 
para serviços continuados. Aplicam-se aos projetos e aos serviços continuados 
as determinações constantes da IN nº 5, de 27 de junho de 2014 (dispõe sobre os 
procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços para 
a aquisição de bens e contratação de serviços em geral) da SLTI/MP.
Naquela IN está determinada a seguinte sequência, em ordem preferencial, para a 
pesquisa de preços para contratação de serviços em geral:
I. Portal de Compras Governamentais;
24
II. Pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos especializados 
ou de domínio amplo, desde que contenha a data e a hora de acesso;
III. Contratações similares de outros entes públicos, em execução ou concluídos 
nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços;
IV. Pesquisa com os fornecedores.
Outras formas de pesquisa também são possíveis, desde que devidamente justifica-
das pela autoridade competente, conforme disposto no parágrafo 3º do art. 2º:
“§ 3° A utilização de outro método para obtenção do resultado da pesquisa 
de preços, que não o disposto no parágrafo 2°, deverá ser devidamente justi-
ficada pela autoridade competente”.9
9
Essa possibilidade deve-se ao fato de que, pelo serviço de projeto ter a sua mensu-
ração de forma subjetiva, por vezes é difícil encontrar referenciais criteriosos para a 
formação do seu preço. Deve-se considerar que, para um mesmo objeto, pode haver 
sensíveis diferenças de preços em função da escala, da área de edificação conside-
rada etc.
O item IV apontado pela IN SLTI/MP n° 5/2014 poderia, nesses casos, trazer maior 
segurança na formação do preço. Sua confiabilidade seria dada pela tomada de 
ao menos três orçamentos, de onde se deve tirar o preço médio. Ainda assim, nem 
sempre tal expediente traz resposta indiscutível à questão. Nesses casos, pode-se 
tomar como referência os preços das bases de dados dos órgãos de classe (CAU/BR, 
Confea/Crea, Sindicato dos Engenheiros, Sindicato dos Arquitetos etc.).
9 BRASIL. Instrução Normativa nº 5, de 27 de junho de 2014. Dispõe sobre os procedimentos administrativos básicos para 
a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral. Brasília: SLTI/MP, 2014.
25
Atualmente, está em fase de elaboração dentro da ABNT a NBR 16633 (Elaboração de 
orçamentos e formação de preços de empreendimentos de infraestrutura), dividida 
em quatro partes, por meio de projeto sob o mesmo nome. Com previsão de edição 
para o ano de 2018, esse conjunto de normas trará grande auxílio na análise e na 
formação dos preços referenciais para os serviços de projeto.10
Analisada a questão da formação do preço referencial, é possível então avaliar as 
modalidades de licitação aplicadas aos tipos de objetos, já que, normalmente, o preço 
é um dos critérios para a sua escolha.
Os limites definidos na Lei nº 8.666/1993 determinam a modalidade que deve ser 
adotada conforme o valor do objeto. Não se impede, no entanto, que se adote a 
modalidade cujo limite do valor que a define é elevado para licitações de limite de 
valor menor.11 Essa escolha, porém, deve levar em conta a racionalidade do próprio 
certame e o objetivo buscado, além da supremacia do interesse público, em que se 
deve considerar também o próprio custo do processo de licitação.
Como resultado dessa busca pela racionalidade e otimização dos custos, muitas 
licitações para contratação de projeto vêm sendo contratadas na modalidade pregão.
Sobre tal modalidade, devemos inicialmente analisar a sua aplicação, conforme 
definido na lei que a instituiu. O art. 1º da Lei nº 10.520/2002 assim determina:
10 Disponível em: <http://sinaenco.com.br/noticias/norma-sobre-formacao-de- precos-de-projetos-e-gerenciamento-
-esta-em-consulta-na-abnt/?utm_campaign =Newsletter&utm_content= Norma+sobre+forma%C3%A7%C3%A3o+ 
de+pre%C3 %A7os+de+projetos+e+gerenciamento+est%C3 %A1+em+consulta+na+ABNT+-+Sinaenco+%281%29& 
utm_medium=email&utm _source= EmailMarketing&utm_term=newsletter +edi%C3%A7%C3%A3o+35+-+11+de+ou-
tubro>. Acesso em: 14 abr. 2018. Disponível em: <http://www.abntcatalogo.com.br/projetgrid.aspx>. Acesso em: 14 abr. 
2018.
11 Brasil (1993, art. 23, § 4º).
26
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a 
licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta lei. 
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efei-
tos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam 
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no 
mercado (BRASIL, 2002, grifo nosso).12
12
A Advocacia-Geral da União (AGU), por meio da Orientação Normativa n° 54/2014, 
pondera:
Compete ao agente ou setor técnico da Administração declarar que o objeto 
licitatório é de natureza comum para efeito de utilização da modalidade 
pregão e definir se o objeto corresponde a obra ou serviço de engenharia, 
sendo atribuição do órgão jurídico analisar o devido enquadramento da mo-
dalidade licitatória aplicável (BRASIL, 2014).13
13
A dúvida recai sobre o fato de um projeto poder ser considerado ou não como serviço 
comum de engenharia.
12 BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos ter-
mos do art. 37,inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e 
serviços comuns, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2002.
13 BRASIL. Advocacia-Geral da União. Orientação Normativa n° 54/2014. Brasília: AGU, 2014.
27
O auditor do TCU, André Mendes (2013, p. 149-152)14, argumenta, exemplificando 
a aplicação do conceito de serviços comuns de engenharia. Na opinião do autor, 
considerando como orientação a Lei nº 8.666/1993, para que as contratações de 
serviços de engenharia sejam exclusivamente com licitação dos tipos “melhor 
técnica” ou “técnica e preço”, seria inapropriado o uso da licitação do tipo “menor 
preço” para tais serviços, o que impediria também o uso da modalidade pregão, visto 
essa ter como critério de julgamento exclusivamente o menor preço.
O autor continua, fazendo uma comparação entre um serviço notadamente comum 
de engenharia, a impermeabilização de uma laje de uma edificação e um serviço de 
projeto. Somente pelo fato de o projeto necessitar de um responsável técnico, ou seja, 
configurar-se como um serviço intelectual, não poderia ser classificado como serviço 
comum. Além disso, em um projeto, tomando-se como exemplo um projeto de arqui-
tetura, não é possível definir objetivamente sua forma, aparência e características 
arquitetônicas finais, confirmando a impossibilidade de seu enquadramento como 
serviço comum.
No entanto, conforme jurisprudência do TCU, por meio do Acórdão n° 601/2011 – TCU 
– Plenário, se houver entendimento de que o objeto final de uma licitação de projeto 
não terá diferença, independentemente de quem o fará, este pode ser classificado 
como comum:
(...) se o projeto ou estudo a ser obtido pela realização do serviço por uma 
empresa ou profissional for similar ao projeto desenvolvido por outra empre-
sa, dotada com as mesmas informações da primeira, esse objeto, no caso 
“estudos e projetos”, pode ser caracterizado como “comuns”. Caso contrário, 
se a similaridade dos produtos a serem entregues não puder ser assegurada, 
o objeto é incomum (BRASIL, 2011).15
15
14 MENDES, André. Aspectos polêmicos de licitações e contratos de obra públicas. São Paulo: Pini, 2013.
15 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão n° 601/2011 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2011.
28
Perceba a controvérsia que envolve a questão e que, diante da incerteza do caminho 
a seguir, muitos gestores acabam optando pela adoção dessa modalidade (pregão) 
para a contratação dos serviços de projeto, quando de pequeno vulto. Opta-se, dessa 
forma, pelo caminho mais seguro, se considerarmos a segurança jurídica. Perde-
se, no entanto, pela qualidade do objeto ofertado, visto que o custo e a qualidade 
do projeto tendem a ser grandezas opostas, conforme demonstrado no tópico 2.1.2 
deste módulo, por meio da figura 1, abaixo relembrada.
Como vai querer 
seu projeto?
RÁPIDO BARATO
QUALIDADE
GRÁTIS
Mal
feito
Não
existe
Bem
pago
Utopia
Não pode
ser feito
Faça
você
Lixo
É importante comentar que a modalidade “pregão” pode tornar-se antieconômica 
para a Administração Pública, as chamadas licitações deficitárias, visto que há 
casos em que o desconto obtido em um certame com esse tipo de modalidade – 
comparando-se o preço contratado com o preço inicial dos lances (orçamento 
referencial da Administração) – não alcançou o gasto despendido com o contingente 
de mão de obra envolvido no seu procedimento. Estudos nesse sentido vêm sendo 
feitos pela Controladoria-Geral da União (CGU), que concluiu que 85% dos órgãos da 
Administração direta realizam pregões deficitários.16
16 CAMAROTTO, M. Decreto vai atualizar valores de licitação, congelados há 20 anos. Valor Econômico, Brasília, 9 abr. 2018. 
Disponível em: https://www.valor.com.br/brasil/5438381/decreto-vai-atualizar-valores-de-licitacao-congelados-ha-
-20-anos. Acesso em: 10 abr. 2018.
29
Para que se jogue mais luz sobre o debate, tome-se o posicionamento do Conselho de 
Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e suas recentes ações quanto à adoção 
do pregão para a contratação de projetos pela Administração Pública.
A unidade do CAU do estado do Rio Grande do Sul posicionou-se sobre o tema e tem 
alcançado repetidos êxitos nas ações judiciais ou ações de impugnação impetradas 
contra a modalidade pregão nesse tipo de contratação.17
Deve ser considerado que, ainda que o serviço de projeto a ser contratado seja de 
pequeno vulto, o tipo de licitação a ser escolhido deve ser o de “técnica e preço” nas 
modalidades “concorrência” ou “tomada de preços”, no caso da RFB, por definição da 
Portaria RFB/Sucor/Copol n° 566/2011, no seu art. 11:
Art. 11. Nos procedimentos licitatórios para contratação de elaboração de 
projetos, deverá ser adotada licitação do tipo técnica e preço, podendo ser 
adotada licitação do tipo menor preço para as contratações com custo esti-
mado até R$ 15.000,00 (quinze mil reais), sem prejuízo da faculdade legal de 
contratação direta por dispensa de licitação (BRASIL, 2011, grifo nosso).
Sabe-se que contratações de projeto têm pouca representatividade numérica no 
universo de contratações da Administração Pública. Não traria ônus à supremacia 
do interesse público o maior dispêndio de tempo e de recursos humanos da 
Administração para essa forma de contratação (licitações nas modalidades que não 
sejam o pregão), frente ao benefício que se teria com o resultado final do objeto fruto 
de um bom projeto, conforme já mencionado nos tópicos 2.1.1 e 2.1.2 deste módulo.
17 Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/caurs-nao-admite-pregao-na-contratacao-de-servicos-de-arquitetura-e-urba-
nismo/>. Acesso em: 4 abr. 2018. 
 Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/caurs-tem-sucesso-em-impugnacao-de-pregao-em-campo-bom/>. Acesso 
em: 4 abr. 2018.
 Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/pregao-encruzilhada/>. Acesso em: 4 abr. 2018.
30
Para projetos de maior vulto, no entanto, a modalidade ideal é o concurso. Esse é 
o entendimento da academia e dos órgãos de classe da engenharia e arquitetura. 
Notadamente, os grandes projetos em nível mundial, aqui definidos grandiosos pela 
sua qualidade, destaque e importância, aliados à quintessência da manifestação 
artística e tecnológica, foram desenvolvidos por meio de concurso.
Exemplos desses projetos são a Ópera de Sidney, Austrália (figura 6); o Plano Piloto 
da cidade de Brasília, Brasil (figuras 7 e 8); o Museu Guggenheim, Bilbao/Espanha 
(figura 9); o Estádio “Ninho de Pássaro”, Pequim/China (figura 10); e a remodelação 
da Estação Central de Trens, Berlim/Alemanha (figura 11).
Figura 6 - https://www.archdaily.com.br/br/784303/classicos-da-arquitetura-pera-de-sydney-jorn-utzon 
(último acesso em 04/04/2018)
31
Figura 7 - https://www.archdaily.com.br/br/762897/em-foco-lucio-costa/54ecb228e58ece263300000a-the-original-pilot-p 
(último acesso em 04/04/2018)
Figura 8 - http://solucaoemtransporte.com.br/sites/tours/brasilia/ (último acesso em 04/04/2018)
32
Figura 9 - http://verybilbao.com/en/comercios/museo-guggenheim-bilbao/ (último acesso em 04/04/2018)
Figura 10 - http://www.psam.uk.com/beijing-to-reuse-olympic-stadia-for-2022-winter-games 
(último acesso em 04/04/2018)
33
Figura 11 - http://www.tremeuropa.com.br/trens-em-berlim/ (último acesso em 04/04/2018)
André Baeta, auditor federal de Controle Externo do TCU, em artigo publicado em 
novembro/2014 na revista “Infraestrutura Urbana”,18 defende a contratação de projetos 
pela modalidade concurso. Segundo o auditor, há vantagens para a Administração 
Pública quando desse tipo de contratação, abaixo transcritas:
Com o concurso, contrata-se o melhor projeto, e não a melhor empresa.
A Administração Pública sabe qual é o projeto que está comprando, 
visto que, ao receber as propostas, a contratante avaliarádesenhos 
conceituais, memoriais etc., ainda em fase preliminar.
18 Disponível em: http://www.caubr.gov.br/auditor-do-tcu-defende-concurso-para-contratacao-de-projetos/. Acesso em: 
4 abr. 2018.
34
O projeto é entregue no prazo, sem aditivos ou aumento de custos.
Há aumento da competitividade entre as empresas projetistas.
O melhor projeto é selecionado por especialistas da área.
Há isonomia e impessoalidade na seleção do melhor projeto.
Assim, considerando-se as questões apresentadas no debate em tor-
no do tema, é possível concluir que há grande vantagem para a Admi-
nistração Pública na escolha da modalidade concurso ou licitações do 
tipo “técnica e preço” para a contratação de projetos.
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores e coautores
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Reconhecer a proteção dos direitos autorais e a sua aplicação no âmbito do 
poder público como contratante.
Surgida na Renascença, no início do século XIV, a questão dos direitos autorais trazia 
no seu conceito original a proteção aos editores, o que, na Inglaterra, foi chamado de 
copyright. Essa condição, fomentada pela então recente invenção da imprensa, tinha 
por objetivo garantir àqueles editores e livreiros a remuneração dos altos custos de 
impressão aos quais estavam submetidos, devido ao uso de gravuras (muito comuns 
nos primórdios da imprensa) ou outras informações adicionais.
35
A proteção para os direitos do autor surgiria somente mais tarde, nos ares da Revolu-
ção Francesa, em oposição à condição protetiva inglesa, o que se chamou droit d’au-
teur. Essa condição trazia outra inovação: a divisão dos direitos em direitos patrimo-
niais e direitos morais, concedendo ao autor não só a proteção sobre a sua autoria, 
como também à propriedade da sua obra.19
No Brasil, a legislação sobre direitos autorais teve início ainda no período imperial, por 
meio da edição de normas vinculadas à proteção de obras jurídicas, com a criação dos 
primeiros cursos de direito, com alguma evolução ao longo do período republicano e 
sua consolidação, por meio da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, que reunia a 
legislação sobre o tema.
Na Constituição da República de 1988 surge, pela primeira vez em um texto constitu-
cional, a proteção dos direitos de autor como uma garantia individual. Vejamos o seu 
art. 5º:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à proprieda-
de, nos termos seguintes: (...)
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou 
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei 
fixar (BRASIL, 1988).20
20
Dez anos depois é editada a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que revoga a lei 
de 1973 sobre o tema e que está em vigor atualmente, com recente alteração pela Lei 
nº 12.853, de 14 de agosto de 2013, incluindo a gestão coletiva dos direitos autorais, 
as duas regulamentadas pelo Decreto nº 8.469, de 22 de junho de 2015.
19 DUARTE, E. C. V. G.; PEREIRA, E. C. Direito autoral: perguntas e respostas. Curitiba: UFPR, 2009. (Série FAQS em PI, v. 1).
20 BRASIL. Constituição da República Federativa de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988
36
No âmbito da Administração Pública e sua relação com os autores, aqui enfatiza-
dos os autores de obras intelectuais de projetos, um dos temas no nosso curso, é 
limitada a possibilidade de transferência daqueles direitos. Como contratante, a Ad-
ministração tem a possibilidade de transferência para si apenas da parte relativa aos 
direitos patrimoniais do autor.
Para tratarmos a questão, é necessário primeiramente que entendamos a divisão dos 
direitos autorais.
Conforme a Lei nº 9.610/1998, esses dividem-se em patrimoniais e morais, a exemplo 
das primeiras manifestações do modelo legislativo francês sobre o tema. O seu art. 
22 diz que ambos os direitos pertencem ao autor da obra intelectual.
O direito moral, inalienável e irrenunciável, por tratar-se de direito que protege a cria-
ção de espírito, não pode ser transferido, e confere, ao autor, as seguintes prerrogati-
vas, dadas no art. 24 da Lei n° 9.610/1998:
Art. 24. São direitos morais do autor:
I – o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
II – o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anun-
ciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra;
III – o de conservar a obra inédita;
IV – o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modifica-
ções ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou 
atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;
V – o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;
VI – o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utili-
zação já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à 
sua reputação e imagem.
VII – o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre 
legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo foto-
gráfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma 
que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, 
será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado (BRASIL, 
1988).21
37
Art. 24. São direitos morais do autor:
I – o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
II – o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anun-
ciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra;
III – o de conservar a obra inédita;
IV – o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modifica-
ções ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou 
atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;
V – o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;
VI – o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utili-
zação já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à 
sua reputação e imagem.
VII – o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre 
legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo foto-
gráfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma 
que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, 
será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado (BRASIL, 
1988).21
21
Para os incisos V e VI, são ressalvadas as indenizações aos terceiros atingidos: “§ 
3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as prévias indenizações a terceiros, 
quando couberem” (BRASIL, 1998).
O art. 26 traz importante informação:
Art. 26. O autor poderá repudiar a autoria de projeto arquitetônico alterado 
sem o seu consentimento durante a execução ou após a conclusão da cons-
trução.
Parágrafo único. O proprietário da construção responde pelos danos que 
causar ao autor sempre que, após o repúdio, der como sendo daquele a auto-
ria do projeto repudiado (BRASIL, 1998).
21 BRASIL. Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá 
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 1998.
38
Importante
Esse comando limita, portanto, a discricionariedade do contra-
tante quanto à alteração da obra intelectual, e deve ser muito 
bem observado pela Administração Pública, aqui enfatizados os 
projetos contratados pelo poder público, sob pena de gerar ao 
autor, em eventuais alterações do objeto, o direito a indeniza-
ções.
O segundo grupo de direitos do autor são os patrimoniais, relativos à propriedade da 
obra. Vejamos o que diz a Lei nº 9.610/1998 quanto a essa questão:
Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar,fruir e dispor da obra lite-
rária, artística ou científica.
Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da 
obra, por quaisquer modalidades, tais como: (...)
X – quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a 
ser inventadas (...)
Art. 37. A aquisição do original de uma obra, ou de exemplar, não confere ao 
adquirente qualquer dos direitos patrimoniais do autor, salvo convenção em 
contrário entre as partes e os casos previstos nesta lei (BRASIL, 1998).
39
A leitura dos artigos acima indica a necessidade de transferência daqueles direitos 
patrimoniais pelo autor ao adquirente, para que esse possa fazer a utilização e o 
usufruto da obra.
Quanto a isso, há previsão expressa na Lei nº 9.610/1998:
Art. 49. Os direitos de autor poderão ser total ou parcialmente transferidos a 
terceiros, por ele ou por seus sucessores, a título universal ou singular, pes-
soalmente ou por meio de representantes com poderes especiais, por meio 
de licenciamento, concessão, cessão ou por outros meios admitidos em 
direito, obedecidas as seguintes limitações:
I – a transmissão total compreende todos os direitos de autor, salvo os de 
natureza moral e os expressamente excluídos por lei;
II – somente se admitirá transmissão total e definitiva dos direitos mediante 
estipulação contratual escrita (BRASIL, 1998).
Assim, é necessário que a Administração Pública, como adquirente do direito 
patrimonial do autor (por meio da devida remuneração pela obra adquirida), faça 
constar no edital da licitação cláusula expressa, conforme demonstrado no inciso II 
do art. 49 da Lei n° 9.610/1998.
40
Importante
Veja que, diante do que estabelece aquela lei, é importante 
também o cuidado da Administração Pública quanto à eventual 
alteração do objeto contratado. Na execução de obras, a partir da 
contratação de um Projeto Básico, conforme permitido pela Lei 
n° 8.666/1993, deve ser observado com elevado critério a elabo-
ração do Projeto Executivo concomitante à obra, também autori-
zado pela referida lei. O Projeto Executivo em questão – com o 
significado que tem – já discutido no tópico 1.1.2, do Módulo 1 
deste curso, deve configurar-se em mero detalhamento comple-
mentar, jamais podendo alterar a concepção original dada no 
Projeto Básico.
Alterações naquela concepção geram a possibilidade de o autor buscar indenizações 
ou mesmo reparação judicial contra a ofensa ao seu direito moral.
A coautoria, por conseguinte, é instituto que prevê a assunção da 
paternidade de uma obra artística ou trabalho técnico por dois ou mais 
autores. A sua manifestação é direta, por meio do acordo entre os 
participantes quando da composição do objeto, em que cada um dos 
autores contribui com a sua ideia na elaboração do intento, trazendo 
como resultado ideia única da combinação dessas. Os coautores têm 
igual peso na responsabilidade pelo objeto constituído e também iguais 
direitos.
41
Essa é uma das razões pelas quais se deve tomar cuidado quando da revisão dos 
projetos contratados pela Administração Pública por meio da elaboração do Projeto 
Executivo concomitante à obra. Essa também é uma das razões para a contrariedade 
dos conselhos de classe (CAU/BR e sistema Confea/Crea) quanto a essa prática.
Permitida pela Lei nº 8.666/1993, no seu art. 7º, essa condição prevê a possibilidade 
de complementação do Projeto Básico por meio do chamado Projeto Executivo, que 
pode vir a transfigurar o objeto original, o que se caracterizaria uma clara afronta ao 
direito autoral.
Lembre-se de que a Lei nº 8.666/1993, conforme já exposto neste 
curso, no tópico 1.1.4, traz confusão nos conceitos de Projeto 
Básico e Projeto Executivo. Para que se afaste o risco de ofensa à 
autoria do projeto, a ação permitida para o momento da obra, em 
relação à revisão do projeto, deveria ser tão somente a de detalha-
mento complementar. Essa complementação teria apenas o caráter 
de esclarecimento da ideia advinda do projeto original (o Projeto 
Básico da licitação) eventualmente não detalhada, ou que possa ter 
gerado dúvida quanto à sua forma de execução, preservando a 
autoria do objeto, impedindo o risco de desobediência ao direito 
autoral e, desta forma, dando segurança à conduta do gestor do 
contrato.
Observe
42
2.2 Como receber um projeto de edificações?
2.2.1 O recebimento do projeto: o que deve ser observado?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Indicar a necessidade de verificação das normativas técnicas e demais 
normativas legais citadas no projeto, sua vigência, a data da sua edição etc.
Nos processos licitatórios, o edital de licitação e o seu Termo de Referência ou Pro-
jeto Básico são os elementos que definem os procedimentos para as contratações 
da Administração Pública. Dessa forma, ao ser recebido o projeto, toma-se como 
primeira ação do gestor a necessidade de análise do objeto quanto à observância das 
diretrizes expostas no Termo de Referência ou Projeto Básico do edital.
Nessa ocasião, a revisão deve pautar-se na observação do atendimento ao progra-
ma de necessidades, à legislação, às diretrizes técnicas e aos objetivos expostos 
naquela peça processual.
Simultaneamente a essa revisão preliminar, o gestor mergulhará na documentação 
do projeto para a identificação do atendimento aos itens de entrega obrigatória para 
o tipo de objeto. A relação desses itens deve sempre estar expressa no Termo de Re-
ferência ou Projeto Básico para que o gestor tenha a legitimidade na sua cobrança. 
Para a sua elaboração, no momento da montagem do edital, a Administração deve 
fazer constar as orientações das normas técnicas, a bibliografia sobre o assunto e as 
determinações dos conselhos profissionais.
Complementarmente, e como rica fonte de consulta, pode-se observar as orientações 
do TCU, por meio da Portaria da Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex) nº 33, 
de 7 de dezembro de 2012, no seu item I.1.2.1 e no seu Anexo II.
Os elementos mínimos a serem apresentados para o projeto de uma edificação de 
porte médio, conforme esse item da portaria, são:
a) Levantamento topográfico;
b) Sondagens;
43
c) Projeto arquitetônico;
d) Projeto de terraplanagem;
e) Projeto de fundações;
f) Projeto estrutural;
g) Projeto de instalações hidrossanitárias;
h) Projeto de instalações elétricas;
i) Projeto de instalações telefônicas;
j) Projeto de instalações de detecção e alarme e de combate a incêndio;
k) Projeto de instalações lógicas;
l) Projeto de instalações de climatização e ventilação mecânica;
m) Projeto de instalação de transporte vertical.
O conjunto de documentos do projeto deve contemplar as peças gráficas (pranchas 
de projeto), com a indicação da sua revisão e data, o Caderno de Encargos, o crono-
grama físico-financeiro e o orçamento detalhado, com a indicação da data-base para 
os preços tomados.
No Caderno de Encargos, deve estar descrita a lista das pranchas de desenho inte-
grantes do projeto, com a sua revisão e data. No 
cronograma físico-financeiro e no orçamento de-
talhado deve ser mostrado o título do projeto para 
a sua fácil identificação. As pranchas de desenho 
devem ser apresentadas dentro das normas da 
ABNT, condição que deve estar expressa no edital. 
Essa condição vale também para o Caderno de En-
cargos. Esse documento, conforme o tamanho do 
objeto, atinge o volume de 400 páginas ou mais, 
razão pela qual deva ser apresentado com sumá-
rio. Recomenda-se que o sumário siga a mesma sequência numérica que será apre-
44
sentada na planilha orçamentária, o orçamento detalhado. Essa forma de ordenação 
não somente torna mais coesa a informação apresentada pelo autor do projeto, como 
possibilita a facilitação do trabalho futuro do executor da obra e, principalmente, do 
seu fiscal.
Para a conferência da documentação entregue, o gestordo contrato pode valer-se 
da adoção de lista de checagem, documento que poderá ser anexado ao processo. 
As observações quanto ao recebimento do objeto devem ser registradas em relatório 
de análise, que servirá de documento de comunicação com a licitante e também será 
integrado ao processo.
Deve também ser observada pelo gestor do contrato a indicação da 
data de edição das leis ou normas técnicas referenciadas pelo autor do 
projeto. É comum a citação de normas técnicas sem vigência ou que 
tenham sido substituídas por outras normas, mais atualizadas, bem 
como a referência a leis que tenham sido revogadas. Esse é um dos 
principais erros cometidos nos projetos, assunto que será retomado 
em tópico deste módulo.
2.2.2 A responsabilidade do gestor de contrato
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Enfatizar a responsabilidade do gestor do contrato de elaboração do projeto 
frente ao objeto entregue, em relação a soluções, quantitativos, custos etc.
Na Administração Pública, o gestor de contrato responde solidariamente pelos da-
nos causados à Fazenda Pública (arts. 25, 50 e 71 da Lei n° 8.666/1993) ou por atos 
praticados no exercício das suas funções (arts. 121 e 122 da Lei nº 8.112/1990). Ve-
jamos os exemplos:
45
Art. 25. (...)
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se com-
provado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à 
Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público 
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis (BRASIL, 1993, 
art. 25, § 2º).
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício 
irregular de suas atribuições (BRASIL, 1990, art. 21).22
22
Perceba que as ações dos agentes públicos devem, portanto, estar sempre ampara-
das em normativas legais que as legitimem. Essa condição estende-se às ações de 
contratação e recebimento de um objeto, aqui especificamente tratado o projeto. A 
mesma observação aos critérios legais que deve ter o gestor de contrato quando da 
elaboração dos editais de contratação deve ser aplicada quando do recebimento do 
projeto e da sua consequente revisão e aceitação.
Jurisprudência recente do TCU traz o entendimento da matéria por aquela 
corte. Vejamos o que dizem os acórdãos:
1. A aprovação de Projeto Básico inadequado, com grandes implicações nos 
custos e prazos de execução do empreendimento, reveste-se de gravidade 
suficiente para justificar a apenação pecuniária do gestor responsável e a sua 
inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança 
no âmbito da Administração Pública Federal (BRASIL, 2015).23
1. A aprovação de Projeto Básico que não atenda ao disposto no art. 6º, 
inciso IX, e no art. 12 da Lei 8.666/1993 pode ensejar a responsabilização dos 
pareceristas da área técnica que endossaram o projeto.
(...) Ressaltou o relator não ser “essa a conduta que se esperava dos parece-
ristas do DEG, que poderiam ao menos ter questionado a empresa projetista 
acerca dos parâmetros utilizados para elaboração do projeto, efetuando 
estudos comparativos com outras obras semelhantes e de mesmo porte” e, 
no tocante ao volume de concreto das estruturas, “a conferência da memória 
de cálculo da empresa projetista ou dos levantamentos realizados pela 
licitante poderia atestar com precisão a necessidade de eventuais ajustes no 
projeto”, mas, ainda que formalmente avisados das supostas falhas no proje-
to, os pareceristas não tomaram as medidas adequadas para sanar as pen-
dências. Enfatizou ainda o relator que, além dos expressivos acréscimos veri-
ficados no custo da obra, “a deficiência do Projeto Básico trouxe um atraso 
de quase um ano no andamento do empreendimento em vista das negocia-
ções que pautaram a celebração do primeiro termo aditivo”. Por isso, no voto 
que veio a ser aprovado pelo Colegiado, propôs aplicação da multa prevista 
no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, individualmente a cada um dos pare-
ceristas, e o acolhimento das razões do diretor de engenharia, que assinara o 
contrato amparado no parecer técnico (BRASIL, 2016).24
23
22 BRASIL. Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, 
das autarquias e das fundações públicas federais. Diário Oficial da União, Brasília, 1990.
23 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 915/2015 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2015.
46
Jurisprudência recente do TCU traz o entendimento da matéria por aquela 
corte. Vejamos o que dizem os acórdãos:
1. A aprovação de Projeto Básico inadequado, com grandes implicações nos 
custos e prazos de execução do empreendimento, reveste-se de gravidade 
suficiente para justificar a apenação pecuniária do gestor responsável e a sua 
inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança 
no âmbito da Administração Pública Federal (BRASIL, 2015).23
1. A aprovação de Projeto Básico que não atenda ao disposto no art. 6º, 
inciso IX, e no art. 12 da Lei 8.666/1993 pode ensejar a responsabilização dos 
pareceristas da área técnica que endossaram o projeto.
(...) Ressaltou o relator não ser “essa a conduta que se esperava dos parece-
ristas do DEG, que poderiam ao menos ter questionado a empresa projetista 
acerca dos parâmetros utilizados para elaboração do projeto, efetuando 
estudos comparativos com outras obras semelhantes e de mesmo porte” e, 
no tocante ao volume de concreto das estruturas, “a conferência da memória 
de cálculo da empresa projetista ou dos levantamentos realizados pela 
licitante poderia atestar com precisão a necessidade de eventuais ajustes no 
projeto”, mas, ainda que formalmente avisados das supostas falhas no proje-
to, os pareceristas não tomaram as medidas adequadas para sanar as pen-
dências. Enfatizou ainda o relator que, além dos expressivos acréscimos veri-
ficados no custo da obra, “a deficiência do Projeto Básico trouxe um atraso 
de quase um ano no andamento do empreendimento em vista das negocia-
ções que pautaram a celebração do primeiro termo aditivo”. Por isso, no voto 
que veio a ser aprovado pelo Colegiado, propôs aplicação da multa prevista 
no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, individualmente a cada um dos pare-
ceristas, e o acolhimento das razões do diretor de engenharia, que assinara o 
contrato amparado no parecer técnico (BRASIL, 2016).24
24
Analisando-se os pressupostos legais citados, percebe-se claramente a responsa-
bilidade do gestor quanto aos seus atos administrativos. Essa estende-se por con-
sequência às questões específicas da sua função e habilitação, por meio da escolha 
das soluções técnicas a serem adotadas na elaboração do objeto – o projeto, por 
exemplo – e a criteriosa análise daquelas soluções propostas pelos projetistas. Essa 
condição está amplamente amparada no Acórdão nº 915/2015 – TCU – Plenário, acima 
citado, visto que dada a discricionariedade do gestor de contrato na aprovação do 
projeto, pode-se configurar a desobediência aos princípios da economicidade e da 
razoabilidade.
24 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1.067/2016 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2016.
47
Por todas as razões citadas, ainda que a 
Administração Pública contrate o projeto 
ou a obra com profissional ou empresa 
qualificados e habilitados, ou que tenha 
igualmente o assessoramento técnico 
de empresa ou profissional habilitados 
e qualificados, é também de sua respon-
sabilidade qualquer erro formal, impe-
rícia ou negligência, por meio dos seus 
agentes públicos. Essa condição confirma a ideia de que é altamente recomendável 
que os órgãos públicos que tenham no seu organograma setores responsáveis pela 
contratação de projetos, obras ou quaisquer serviços de engenharia, contem com 
profissionais legalmente habilitados e com constante processo de qualificação.
No âmbito da Secretariada Receita Federal do Brasil (SRF), do MF, a Portaria RFB/
Sucor/Copol nº 566, de 30 de novembro de 2011 – dispõe sobre os procedimentos 
relativos à elaboração de Projetos Básicos e Executivos, bem como à execução de 
obras, serviços de engenharia, reparos e adaptações no âmbito da SRF – determina o 
seguinte, no art. 3º, parágrafo 1º, do seu Anexo I:
Art. 3º Após a definição do Programa de Necessidades deverá ser elaborado 
o anteprojeto. Este documento constitui a configuração inicial da solução 
arquitetônica para a obra, considerando as principais exigências contidas no 
Programa de Necessidades.
§ 1º O anteprojeto, sempre que possível, deverá ser elaborado por servidor 
devidamente habilitado do Ministério da Fazenda, preferencialmente da 
Secretaria da Receita Federal do Brasil (BRASIL, 2011).
48
2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na apresentação de 
projetos
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Identificar os erros mais comuns observados nos projetos;
 § Reconhecer a consequência gerada pelo recebimento de um projeto com 
deficiência na sua representação gráfica e os prejuízos daí advindos.
Você sabia que o desenho de projetos, que resulta na sua represen-
tação gráfica, assume notadamente dupla função?
A primeira está diretamente ligada ao processo criativo, à geração da ideia, ao 
significado e ao teste das possibilidades, tema tratado dentro do campo da semiótica25 
e intensamente desenvolvido por autores dedicados ao estudo do pensamento 
complexo. 
Nessa ação, a forma de representação certamente terá influência sobre o resultado 
final, condicionando inclusive a fluidez das ideias do projetista. A escolha do 
instrumento de representação gráfica condicionará a síntese do seu pensamento 
criativo e o sucesso da intenção de projeto.26 Não nos deteremos nessa questão neste 
curso; ela é citada apenas como referência ao potencial apresentado pelos diversos 
instrumentos de representação gráfica.
25 Semiótica – É o estudo e caracterização dos signos, ou significado e significante, abrangendo linguagem verbal e não 
verbal, conforme síntese das definições dadas nos estudos de Peirce, Santaella e Morin. [SANTAELLA, Lúcia. O que é 
semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.
 MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Trad. Maria Gabriela de Bragança. 2. ed. Lisboa: Instituto Piaget, 
1995.
 PEIRCE, Charles Sanders. Textes fondamentaux de sémiotique. Paris: MéridiensKlincksieck, 1987 (tradução: B. Fouchier-
-Axelsen e C. Foz)]
26 Borges, M. M. Formas de representação de projeto. In: NAVEIRO, R. M.; OLIVEIRA, V. F. (Orgs.), O projeto de engenharia, 
arquitetura e desenho industrial: conceitos, reflexões, aplicações e formação profissional. Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2001.
49
A segunda função remete à comunicação, como o próprio nome demonstra, à 
correta representação da intenção do seu autor. Melhor comunicação haverá entre 
o comunicante do projeto (o seu autor) e o seu leitor, quanto maior for a precisão e a 
correção da representação.
Bertin (1986)27 esclarece essa condição por meio da relação da ação inventiva das 
ideias, com a sua representação:
ETAPAS DA DECISÃO REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
• Definir o problema;
• Construir o quadro de dados.
•  Análise matricial do problema 
(definição de questões).
• Adotar uma linguagem de tratamento;
• Tratar os dados categorizando os dados 
exaustivos.
• Tratamento gráfico da informa-
ção (descobrir as respostas).
• Interpretar para decidir e para comunicar 
os dados simplificados.
• Representação gráfica de comu-
nicação (comunicar as respostas 
encontradas).
Observando-se o quadro acima, percebe-se a complexidade do processo que 
resulta na correta representação gráfica do objeto. Assim, o desenho final deverá 
ser esclarecedor da intenção do seu autor, sob pena de falhar na comunicação do 
objetivo pretendido.
Durante muito tempo a representação gráfica teve por objetivo apenas o registro dos 
objetos. A partir do século XV, iniciou-se a transformação da forma comunicativa, in-
corporando ações criteriosas de análise qualitativa do objeto representado por meio 
da riqueza de elementos dos instrumentos da sua representação. Essa mudança 
deu-se por intermédio de Filippo Brunelleschi, arquiteto italiano da Renascença, e a 
potencialidade comunicativa dos seus desenhos e esboços. Ao vencer o concurso 
para o projeto da cúpula da Catedral Santa Maria Del Fiore, em Florença, Brunelleschi 
utilizou instrumentos de representação gráfica que mostravam notável compreensão 
do funcionamento estrutural da cúpula e a criteriosa análise do sistema construtivo, 
por meio da representação figurada.28
27 BERTIN, J. A neográfica e o tratamento gráfico da informação. Tradução de Célia Maria Westphalen. Curitiba: UFPR, 
1986.
28 CARVALHO JR., J. M. N. Prática de arquitetura e conhecimento técnico. 1994. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urba-
nismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994.
50
Figura 12 - http://plassen-buchverlage.e-bookshelf.de/products/reading-epub/product-id/2288474/title/
Brunelleschi%2527s%2BDome.html?autr=%22Ross+King%22 (último acesso em 12/04/2018)
Na mesma época, Leon Battista Alberti, arquiteto e pintor italiano renascentista, 
complementando o trabalho iniciado por Brunelleschi, assinalou outro marco na 
arquitetura e na engenharia, utilizando na representação de seus desenhos a análise 
científica da perspectiva, o que consolidou a forma de apresentação de perspectivas 
utilizadas atualmente, as perspectivas cônicas.
Figura 13 http://www.fupress.net/index.php/aisthesis/article/view/18238/16951 (último acesso em 12/04/2018)
51
A ABNT apresenta a NBR 6294/1994, atualmente em revisão, como normativa para a 
representação gráfica em projetos de arquitetura. Muito embora específica para essa 
disciplina, por analogia pode-se adotá-la como orientação para a representação grá-
fica de todas as demais disciplinas que concorrem para o projeto de uma edificação 
(estrutural, elétrico, ar condicionado, hidrossanitário, etc.). Essa norma determina a 
correta forma de apresentação do projeto de arquitetura, por meio da escolha das 
linhas de representação, dos elementos mínimos necessários, do formato das pran-
chas de desenho, das técnicas de representação, etc.
Compete ao gestor de contrato a exigência de atendimento a tal norma quando da 
contratação dos projetos da Administração Pública.
Importante
A incorreção e a imprecisão na representação gráfica dos proje-
tos contratados podem possibilitar erros de interpretação dos 
desenhos por parte das licitantes, e, com isso, permitir conclu-
sões equivocadas quanto à técnica construtiva ou em relação 
aos quantitativos do projeto, refletindo diretamente na formação 
do preço da obra.
52
Os principais erros de representação gráfica encontrados nos projetos 
são:
1. Não correspondência entre o corte do desenho e a sua marcação 
em planta baixa. Essa condição pode levar à interpretação errada 
do comando construtivo quando da execução da obra, onerando 
o seu custo pela necessidade de correção (demolições e ajustes), 
quando detectada pelo fiscal.
2. Não correspondência entre a legenda e os desenhos do projeto. 
Essa situação pode causar, nos projetos de instalações, a 
interpretação errada dos tipos de elementos (tubulações, fiação 
etc.), ocasionando a quantificação equivocada de materiais.
3. Cotagem errada dos elementos de desenho, o que pode levar à 
incorreta interpretação das medidas e à consequente execução 
equivocada da obra ou quantificação de materiais.
4. Erro na representação das linhas de desenhos, especialmente 
nos cortes e vistas, ocasionando a interpretação incorreta dos 
elementos e levando à execução em desacordo com o projeto, o 
que gera a necessidade de demolição e nova execução, onerando 
o custo da obra.

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