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Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON: A doença de Parkinson (DP) é um distúrbio neurológico marcado pela perda progressiva de movimentos voluntários, representando a principal causa de parksonismo. Ainda que sua etiologia seja pouco conhecida, sabe-se que a DP implica na perda de neurônios dopaminérgicos (substância negra), Deflagração de sinais em neurônios saudáveis e em estruturas afetadas pela DP A doença de Parkinson também promove o aumento na concentração de ACh (núcleo estriado), bem como a deposição de corpos de Lewy, compostos de α-sinucleína e ubiquitina, nessas mesmas vias. Vias fisiológicas de regulação de movimentos voluntários, destacando o papel da dopamina (DA) No que se refere à epidemiologia desse quadro, diversas situações são elencadas como fatores de risco, a saber: Exposição a inseticidas; Contaminação por metais pesados; TCE de repetição; Desnutrição/obesidade; Uso de medicamentos (ex.: haloperidol, bloqueadores de canais de cálcio); Idade > 60 anos. O quadro clínico da DP é bastante diverso, contemplando manifestações motoras e não motoras, como: Instabilidade postural; Tremores assimétricos em repouso (inicialmente unilaterais); Hipomimia (diminuição da capacidade de produzir expressões faciais); Marcha parkinsoniana (pequenos passos, com virada em bloco); Rigidez muscular; Salivação excessiva; Déficits de memória; Distúrbios do sono; Alterações gastrintestinais (ex.: disfagia, hiposmia); Principais sinais e sintomas associados à doença de Parkinson O diagnóstico da DP é clínico, baseado na presença de bradicinesia e ao menos 1 dos seguintes sintomas: rigidez muscular, tremores ou disfunção postural. Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA Exames de neuroimagem funcional (PET-scan), identificando danos às vias nigroestriadas, e estrutural (TC ou RNM), para descarte de outros diagnósticos, também podem ser solicitados. PET-scan da captação de DOPA num enféfalo saudável e outro com DP No que se refere ao tratamento dessa doença, destaca-se que seu objetivo é o alívio dos sintomas, não havendo impacto direto sobre a evolução do quadro. Dentre as medidas não medicamentosas utilizadas encontram-se fisioterapia, socialização, suporte nutricional e o afastamento de fatores de risco modificáveis. A abordagem farmacológica, por sua vez, se vale de diversas classes de substâncias, tais como: Sítios de ação de diversas drogas usadas no manejo da DP Indutores da secreção de dopamina (Levodopa): Indicada a pacientes > 65 anos, apresenta maior eficácia quando combinada a um inibidor da dopa-descarboxilase, o que possibilita aumento da meia-vida desse medicamento (normalmente de 1 a 2h). Há necessidade de aumento da dose com o uso prolongado, uma vez que ocorre diminuição dos efeitos terapêuticos. Tal alteração pode causar efeitos adversos, como anorexia, náuseas/vômitos, urina amarronzada, arritmia, discinesia e alucinações. Cabe ressaltar que a administração de Levodopa está contraindicada em pacientes que fazem uso de Domperidona (antagonista periférica de dopamina) ou Ondansetrona (antagonismo de receptores 5-HT3). Recomenda-se que as doses sejam administradas 1h antes das refeições, pois pode haver interações com alimentos proteicos. Inibidores da descarboxilase (Carbidopa): Esse medicamento deve ser empregado de forma complementar ao tratamento com levodopa, uma vez que sua ação reside no bloqueio da degradação periférica de dopamina, facilitando a passagem do primeiro fármaco ao SNC. Comparação entre a ação isolada e conjunta entre levodopa e carbidopa Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA Essa estratégia permite um maior espaçamento entre as doses, fornecendo melhor qualidade de vida ao paciente. Como contraindicações, destacam-se a gravidez e lactação, bem como insuficiência de órgãos como fígado, rins e coração. Agonistas dopaminérgicos (Bromocriptina, Pergolida, Pramipexol): São responsáveis por ligações potentes e diretas com receptores centrais D2, tanto pré quanto pós-sinápticos. Sua ação é menos potente que a levodopa, sendo necessária a combinação entre tais drogas. A bromocriptina, por conter derivados da ergotamina, pode causar distúrbios vasculares e fibrose pericárdica, sendo pouco utilizada. Por outro lado, o pramipexol é recomendado para o tratamento inicial da DP ou em apresentação motora grave, retardando o desenvolvimento de complicações motoras, ainda que possa causar síndrome das pernas inquietas. Inibidores da MAO-B (Selegilina e Rosagilina): Esses medicamentos impedem a degradação de dopamina, sendo indicado principalmente a pacientes jovens e recém- diagnosticados. Como efeitos adversos, destacam- se cefaleia, insônia, sudorese, ansiedade, síncope e diarreia. A associação com levodopa incrementa a eficácia, pois aumenta a disponibilidade de neurotransmissores e reduz a formação de radicais livres (neuroproteção). A rosagilina apresenta maior potência, podendo ser empregada como monoterapia. Ainda que a meia-vida seja curta, a ação é prolongada em razão da inibição enzimática irreversível. Seu uso não é recomendado em gestantes/lactentes, pacientes com quadros psicóticos e que estejam em tratamento com opioides. Inibidores da COMT (tolcapona, entacapona): Promovem a supressão do metabolismo central e periférico de dopamina, portanto aumentam a quantidade do neurotransmissor que atinge o SNC. Não há aplicação em monoterapia, sendo necessária a administração junto à levo ou carbidopa. Os efeitos indesejáveis mais comumente associados são náuseas, diarreia, insônia, sudorese, alterações do sono, ansiedade e fraqueza. Há também risco de hepatotoxicidade fatal. Anticolinérgicos (Biperideno, Benztropina, Lanzotropina): Sua aplicação é recomendada no tratamento inicial de jovens, como forma de recuperar o equilíbrio entre a secreção de ACh e dopamina, bloqueando receptores muscarínicos no núcleo estriado. Por induzir confusão mental, constipação, visão turva e retenção urinária, o uso não é indicado em pacientes > 65 anos. A Pergolida foi retirada do mercado nos EUA em decorrência de episódios de fibrose de valvas cardíacas, além da ocorrência de efeitos adversos graves (alucinações, desorientação, hipotensão) Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA O efeito é apenas moderado no manejo de tremores e rigidez, porém há melhora com a adição de levodopa ou agonistas dopaminérgicos. Como respostas adversas, pode haver xerostomia, midríase e os já mencionados efeitos urinários e gastrintestinais. Antivirais (Amantadina): Apresenta fraca atividade antiparkinsoniana, ainda que a indicação principal do fármaco seja o tratamento da influenza A. É melhor administrada na presença de sintomas iniciais ou em estágios mais avançados com discinesia incapacitante (decorrente de medicamentos). Posologia e intervalos de administração das principais drogas no tratamento da DP Em pacientes com DP, promove maior síntese e liberação de dopamina, bem como a supressão de sua degradação, e efeito anticolinérgico, potencializando a ação da levodopa. Não deve ser usada na gravidez, e pode causar edemas em MMII, alucinações, xerostomia, hipotensão ortostática e, em doses elevadas, psicose tóxica aguda. Em pacientes diagnosticados há mais de 5 anos e quadros refratários, com sintomatologia severa e efeito medicamentoso fugaz, pode ser recomendada e realização de intervenções cirúrgicas, que têm como objetivo a modulaçãoda atividade de áreas específicas. São exemplos a ablação contralateral ao lado mais afetado (GPI e núcleos subtalâmico) e a estimulação cerebral profunda, que estimula magneticamente os núcleos da base. Sítios de implantação de condutores na estimulação cerebral profunda Há pouco efeito sobre tremores, porém a eficácia se eleva na presença de bradicinesia, controlando flutuações motoras, e rigidez Também são contraindicações o uso de iMAOs, histórico de constipação intestinal, glaucoma e HPB Júlia Figueirêdo – DISTÚRBIOS SENSORIAIS E DA CONSCIÊNCIA Fluxograma de orientações terapêuticas na doença de Parkinson
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