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Feições Costeiras e Estados Morfodinâmicos das Praias

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Processos Costeiros
COSTA, segundo Suguio é a 
^^região rumo ao continente a partir da linha de maré até a mudança de fisiográfica^^.
Ex. Costa de falésias (tabuleiros) Costa de planícies de cordões Costas rochosas. O termo LITORAL é usado para designar o ambiente todo: no caso de praia é a praia exposta até onde o sedimento é pouco transportado pelas ondas superficiais (plataforma).
PRAIA
”... limitada na porção superior pela mais alta atuação da onda e na camada inferior pela marca de maré baixa ou onde há barras e calhas na antepraia”
“... Em direção a costa tem limite brusco falésia, dunas,
estruturas antropogênicas. “
(Davis 1985)
Consenso em zonas de espraiamento Surfe e arrebentação
Parece claro para Niedoroda et al (1985) e adotado recentemente por alguns autores a existência de uma
região entre a praia (fechamento do perfil praial) e a plataforma continental interna :SHOREFACE
Então:
PÓS-PRAIA BACKSHORE
ANTEPRAIA SUPERIOR FORESHORE (que inclui todo o
espraiamento – face praial)
ANTEPRAIA INTERMEDIÁRIA NEARSHORE (zona de
arrebentação e surfe)
ANTEPRAIA INFERIOR SHOREFACE (zona de empinamento(shoaling),refração e difração)
EVENTOS PRETERITOS MAIS IMPORTANTES MODELADORES DAS COSTAS DO RIO DE JANEIRO e ESPIRITO SANTO
Feições Costeiras
A região costeira é composta por um mosaico de feições fisiográficas. Cada uma dessas feições responde de alguma forma à elevação do nível do mar. 
• Costão Rochoso (beach rock) - Denominação generalizada dos
ecossistemas do litoral, onde não ocorrem manguezais ou praias e que são constituídos por rochas autóctones - inteiras ou fragmentadas por intemperismo -que formam o hábitat de organismos a ele adaptados. Sua parte superior, sempreseca, está geralmente revestida por líquens, por vegetação baixa e por vegetaçãoarbóreo-arbustiva. Na parte emersa, freqüentemente borrifada pelas ondas, éconstante a presença de moluscos e de crustáceos. A parte submersa sustentacomunidades bióticas mais complexas onde podem estar presentes algas, cnidários,esponjas, anelídeos, moluscos, crustáceos, equinodermas, tunicados e outros organismos inferiores, servindo de base alimentar para peixes e outros vertebrados (FEEMA, 1990).
• Praias (beach) – Zona perimetral de um corpo aquoso (lago, mar ou oceano),composto de material inconsolidado, em geral arenoso (0,062 a 2 mm) ou maisraramente compota de cascalho (2 a 60 mm), conchas de moluscos, etc., que seestende desde o nível de baixa-mar, média (profundidade de interação das ondascom o substrato) para cima, até a linha de vegetação permanente (limite de ondas detempestades), ou onde há mudança na fisiografia, como as zonas de dunas ou defalésias marinhas (sea cliffs). Quando esta zona não apresentar materialinconsolidado, mas substrato rochoso tem-se o terraço de abrasão por ondas (wavecut
terrace) (Suguio, 1998).As praias podem apresentar diferentes estados morfodinâmicos, segundo Wright etal. (1979) estes estados podem ser divididos em 6, sendo um dissipativo um refletivoe 4 estágios intermediários.Wright et al. (1979) destacam que o estado dissipativo é representado por praiaemersa e zona de surfe larga de baixa declividade, submetida à ação de ondasdeslizantes (spilling) e com sedimentos de granulometria fina.O estado morfodinâmico refletivo é representado por parais de alta declividade,praticamente sem zona de surfe, submetidas a ondas ascendentes (surging ou
collapsing) sendo constituídas predominantemente por sedimentos de granulometriagrossa. Os processos dinâmicos praiais são intensificados com a formação decúspides (Wright et al.,1979).Os quatro estados intermediários exibem simultaneamente características refletivas e dissipativas. Dentre estes existem os estados morfodinâmicos com barra e calha longitudinal (longshore bar ou trough), com barra e praia rítmicos (rhythmic bar and beach), com barra transversal e corrente de retorno (transverse bar and rip) e com terraço de baixa-mar (low tide terrace). A visualização dos estados definidos porWright et al. (1979) Figura 3.1.
FIGURA 3.1: Estados morfodinâmicos das praias segundo Wright et al. (1979). Aqui é possível observar os estados dissipativos, intermediários de banco e calha longitudinal, banco e praia de cúspides, bancos transversais, terraço de baixa mar e refletivo. 
Dunas frontais (Foredune) – Duna situada logo após a praia rumo aocontinente que, em geral, é pouco desenvolvida, isto é, apresenta dimensõesreduzidas. Este tipo de duna também é conhecido como anteduna. Alguns autoresestabelecem distinções entre as espécies vegetais estoloniformes e duna frontaestabelecida, que seria gerada pela colonização de duna frontal insipiente porespécies vegetais em esteira, tufo e arbusto (Suguio, 1998).
• Planícies costeiras - De maneira geral, a Planície Costeira é uma extensa área de terras baixas e planas, situada ao longo do litoral, possuindo 620 km decomprimento e cerca de 100 km de largura. Sua formação remonta ao CretáceoInferior, época de formação do Oceano Atlântico. Dois sistemas deposicionais são os responsáveis pela formação de todo o pacote sedimentar que constitui a PlanícieCosteira:
1. Sistema de Leques Aluviais - que cobre boa parte da região oeste daplanície, próximo às terras altas representadas pelas litologias do embasamento cristalino. São formados por leques proximais e distaisligados à erosão hídrica, sob clima semi-árido das unidades précambrianasque predominavam nesta região (FEEMA, 1990).
2. Sistema de Laguna-Barreira - que ocupa a parte central e leste daplanície, incluindo a atual linha de costa, sendo constituído por umconjunto de quatro ciclos transgresso-regressivos ocorridos durante oQuaternário (FEEMA, 1990).
• Falésias Sedimentares (sea cliff) – Alcantilado de faces abruptas formado pelaação erosiva (abrasão) das ondas sobre as rochas. Do mesmo modo que a palavraprecipício (bluff ou precipice), o termo falésia (cliff) não está necessariamenterelacionado à região costeira. Diversidades litológicas e estrutural, incluindo atitudesdos planos de estratificação, além de vegetação, clima, regime de ondas, etc, dãoorigem a escarpas marinhas de formas muito variáveis. Quando se encontra emcontínuo processo de erosão tem-se uma falésia marinha ativa (active sea cliff) oufalésia viva, enquanto falésia marinha inativa (inactive sea cliff) ou falésia morta éaquela na qual o processo erosivo cessou (Suguio, 1998)
Estuário (estuary) – Corpo aquoso litorâneo de circulação mais ou menosrestrita, porém ainda ligado a um oceano aberto (open ocean). Muitos estuárioscorrespondem a desembocaduras fluviais afogadas e, desta maneira, sofrem diluiçãosignificativa de salinidade em virtude do fluxo de água doce. Sob o ponto de vista
geológico, os estuários são feições transitórias, que normalmente acabam sendopreenchidas por depósitos de mangues, deltas e marés. Refere-se ao ambiente desedimentação próprio dos estuários, bem como os depósitos aí formados. Ossedimentos de estuário são de granulação variável e de estratificação mais irregularna porção central, tornando-se mais homogêneos para as bordas (Suguio, 1998).Para a definição do limite em função de uma elevação do nível do mar, pode-seadotar o cenário mais pessimista elaborado pelo Intergovernmental Panel of ClimateChange (IPCC), que admite uma elevação de 1 m, até o ano de 2.100, devendo a
faixa de absorção desse impacto ser estabelecida no sentido de evitar a perda depropriedades em função desta elevação. Mesmo que este cenário não venha a seconcretizar até aquela data, conforme sugerem as projeções mais recentes, aadoção de uma elevação de 1 m ainda é bastante razoável, considerando o elevado
grau de incerteza relativo às tendências climáticas de longo prazo (Muehe, 2001a).
Buscando uma convergência entre o estabelecimento de uma faixa mínima deproteção e de manutenção da estética da paisagem Muehe (2001a) propôs os seguintes limites mínimos para a orla conforme descrição abaixo e esquema da Figura 3.2.
• Zonasubmarina - Isóbata de 10 m podendo ser modificado desde que, no casode redução da profundidade, haja um estudo ambiental comprovando localização do limite de fechamento do perfil praial em profundidades menores.
• Orla terrestre urbanizada - Limite de 50 m contado a partir do limite da praia ou a partir da base do reverso da duna frontal, quando existente.
Orla terrestre não urbanizada - Limite de 200 m contado a partir do limite dapraia ou a partir da base do reverso da duna frontal, quando existente.
• Falésias sedimentares - Limite 50 m a partir da borda da falésia; em lagunas oulagoas costeiras 50 m contados a partir do limite da praia ou da borda superior damargem; em estuários 50 m contados a partir do limite da praia ou da bordasuperior em ambas as margens e ao longo das mesmas até onde cessa penetração da água do mar.
• Falésias ou costões em rochas duras - Limite a ser definido segundo planodiretor do município, estabelecendo uma faixa de segurança de pelo menos 1 m acima do limite máximo de ação das ondas de tempestade.
• Áreas inundáveis - Tomando como exemplo os rios e estuários, o limite definidoproposto seria uma isolinha localizada a uma cota de pelo menos 1m acima dolimite da área atualmente alcançada pela preamar de sizígia.
• Restrições – A construção de imóveis sobre substrato sedimentar como oscordões litorâneos, ilhas barreiras ou pontais com largura inferior a 150 m deve
ser evitada devido ao risco de erosão e transposição pelas ondas, já que esta largura é insuficiente para estabelecimento de uma faixa de proteção capaz deabsorver os efeitos de uma elevação do nível relativo do mar ou de efeitos decorrentes de um balanço sedimentar negativo. Áreas próximas á desembocaduras fluviais também riscos de erosão associados à própriainstabilidade das mesmas. A definição da extensão destas zonas de não ocupação deve ser feita a partir de conhecimento de eventos erosivos pretéritos ou através de estudos específicos de evolução costeira.

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