Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
- -1 Origem do conhecimento contábil Jeremias Pereira da Silva Arraes Introdução Para que possamos compreender a aplicação da contabilidade, é necessário começarmos pela sua origem. Assim, neste tema, vamos estudar onde surge o conhecimento contábil, seus registros iniciais e como se deu o desenvolvimento humano com a escrituração contábil. Ao final desta aula, você será capaz de: • Descrever as origens do pensamento contábil, analisando o contexto histórico e influências que proporcionaram a sua criação e desenvolvimento. Contabilidade na Era Primitiva A história contábil surgiu há mais de três mil anos antes de Cristo (3.000 aC). Naquele tempo, quando ainda era primitiva a civilização, o homem já realizava a contagem dos seus instrumentos de caça, de colheita e do seu rebanho . Mas você deve estar se perguntando: em que local foi identificado essa contagem?(LOPES DE SÁ, 2006) Como eles faziam esses registros, se não havia papel, caneta e, muito menos, computador? Pois bem, vamos entender? Na Era Primitiva, já existia registros de que o homem praticava a contabilidade, mesmo que de forma básica, principalmente na sua atividade de pastoreio. Naquele tempo, não se conhecia os números, não se sabia sobre os meses do ano, nem suas estações. Mas o homem, com o passar do tempo, ganhava experiência vendo as árvores secando e o frio chegando. Logo, conseguiu fazer a previsão de que o frio estava se aproximando, assim, antes que caísse a primeira neve, o homem recolhia seu rebanho para protegê-lo (ILDÍCIBUS, MARION e FARIA, do frio. 2017) • - -2 Figura 1 - Homem Primitivo Fonte: Procy, Shutterstock, 2018. Nesse momento, havia um período monótono e de ociosidade, em que o homem passou a questionar o quanto seu rebanho cresceu desde o último período de frio, além de fazer comparações com outros rebanhos. Para isso, era preciso realizar uma contagem. Assim, o homem começou a separar uma pedrinha para cada cabeça de ovelha, realizando, então, o procedimento que chamamos, hoje, de inventário. Depois, guardava as pedras para fazer a devida comparação no inverno seguinte, contabilizando, assim, sua riqueza. Segundo Ildícibus, Marion e Faria (2017, p.5), “Ao comparar o atual conjunto de pedrinhas com o anterior, feito no inverno passado, o pastor constata que houve um excedente de pedrinhas e isso representava que ele tinha sido bem-sucedido naquele período, ou seja, houve um acréscimo real no seu rebanho”. Figura 2 - Resultado da contagem Fonte: ILDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2017, p.4. SAIBA MAIS De acordo com o Manual de Contabilidade do Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2009, p. 325), o inventário é a “verificação da existência de um componente patrimonial. - -3 Agora, que conhecemos sobre a origem da contabilidade, vamos avançar um pouco mais. Acompanhe! Desenvolvimento humano e contábil Quando o homem primitivo produzia pinturas nas paredes das grutas, ou riscos em pedaços de ossos, evidenciava a sua riqueza patrimonial. Tratava-se de uma conta primitiva, mas que já trazia informações qualitativas (desenhos) e quantitativas (riscos). Depois, na antiga Mesopotâmia (3.000 aC - 500 aC), já era possível identificar registros em argila com outras técnicas e mais detalhes das escrituras. Além disso, há mais de 6.000 anos já existia um comércio intenso, assim havia grande quantidade de fatos a registrar, o que, consequentemente, acarretava na evolução da escrita contábil. (LOPES DE SÁ, 2006) A partir da Idade Média, os registros passam a ficar mais sistemáticos, tanto nas operações comerciais e industriais quanto nas públicas, com organização de maior rigor lógico, buscando fazer uma correlação de causa e efeito (LOPES DE SÁ, 2006). Essa sistematização é apresentada com o surgimento do método das partidas dobradas. Segundo Santos, Schimidt e Machado (2005), naquele tempo, existiam estudiosos da contabilidade escrevendo sobre o método, como foi o caso de Benedetto Cotrugli, que escreveu, em 1484, o manuscrito Il libro (O livro da arte da mercadoria), que defendia o registro contábil em partidas dobradas.dell’artedimercatura Depois, em 1494, o Frei Luca Pacioli apresentou o Luca Pacioli”, que serviu, basicamente, de manual“tratado de aos comerciantes para executarem boas práticas, o que acabou contribuindo com a popularização da contabilidade. Luca Pacioli publicou, em Veneza, a Summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalità , em 1494, texto no qual se distingue, para a história da Contabilidade, o Tractatus de computis et , talvez a primeira exposição sistemática e completa dos procedimentos contábeis, asscripturis partidas dobradas, de que se tem notícia (embora alguns autores chineses recentes defendam que as partidas dobradas já eram praticadas na China antes do que na Itália, e que os italianos teriam aprendido com eles – o que não tira os méritos da obra de Pacioli).(ILDÍCIBUS, MARION e FARIA, 2017, p. 11) EXEMPLO O inventário pode ser periódico ou permanente. No inventário periódico, o homem primitivo só conhece o resultado (total do rebanho) ao final de cada período, comparando com o período anterior. Já no inventário permanente, há a necessidade da contagem constante de entrada e saída do rebanho, ou seja, se, mesmo no abrigo, morreu ou nasceu alguma ovelha, ele deve fazer a contagem do rebanho existente naquele momento. Assim, no inventário periódico realiza-se a contagem por período, e no inventário permanente a contagem é realizada no momento do fato (seja por meio de entrada ou saída). - -4 Figura 3 - Monumento a Luca Pacioli em Sansepolcro, Itália Fonte: Sergei Afanasev, Shutterstock, 2018. Muitos autores colocam o Frei Luca Pacioli como o “pai da contabilidade”, pois sua obra oportunizou grande divulgação da escrita contábil. Porém, esse não é um assunto pacificado no universo contábil, tendo em vista que outra corrente de autores defende que o método das partidas dobradas já havia sido introduzido em outra época, em que, como havia dificuldade na impressão dos manuscritos, houve pouca divulgação. Diferente da época de Pacioli, em que a impressão de livros já tinha sido introduzida na Itália. (SANTOS, SCHIMIDT E MACHADO, 2005) O método das partidas dobradas contribuiu para que as empresas e organizações registrassem suas transações financeiras por meio de contas, tornando mais fácil o cálculo do resultado operacional, em que cada transação seria representada por um lançamento em pelo menos duas contas, sendo que o total de débitos deveria ser igual ao total de créditos. O cálculo operacional de débito e crédito nos retoma a ciência que estuda a quantidade e formas: a matemática. Para Lopes de Sá (2006), é provável que a matemática tenha influenciado a escrituração contábil, uma vez que este tema era ensinado nas escolas de matemática. Este fato pode ter alimentado a lógica dos registros, que desfrutou de instrumentos de cálculo matemáticos disponíveis na época. Dentre os instrumentos que contribuíram com a evolução para profissão contábil, o ábaco (apresentado na figura a seguir) foi o pioneiro. Formado por um painel com pequenas bolas e bastões, ele traz informações das unidades em casas decimais. Hoje, o instrumento ainda é utilizado no ensino básico, no aprendizado dos cálculos de soma e subtração. - -5 Figura 4 - Ábaco (antigo instrumento de cálculo) Fonte: Yauheni Meshcharakou, Shutterstock, 2018. Com a quantidade de registros realizados, tornou-se necessário um livro mestre com folhas únicas especificando determinada conta e informando os débitos e créditos competentes de cada conta, o qual chamamos, hoje, de Razão. Depois, surge outro livro, que recebia todos os registros que aconteciam no dia a dia, no momento em que os fatos ocorriam, denominado Diário. (LOPES DE SÁ, 2006) Essa evolução nas escriturações foi de fundamental importância para as entidades. Hoje, os livros que registram a escrituração contábil das empresas estão previstos em normativos legais, podendo ser obrigatório ou facultativo. Livros como o Diário e o Razão(antigamente denominado Livro Mestre) são exigidos por leis comerciais e fiscais. No Brasil, essas duas escriturações foram instituídas por lei, tornando-se obrigatório seus registros. Assim, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2011) estabeleceu por meio da resolução n. 1.330/11, nos itens 9 e 10, as formalidades extrínsecas para o preenchimento dos livros. 9. Os livros contábeis obrigatórios, entre eles o Livro Diário e o Livro Razão,em forma não digital, devem revestir-se de formalidades extrínsecas, tais como: a) serem encadernados; b) terem suas folhas numeradas sequencialmente; c) conterem termo de abertura e de encerramento assinados pelo titular ou representante legal da entidade e pelo profissional da contabilidade regularmente habilitado no Conselho Regional de Contabilidade. 10. Os livros contábeis obrigatórios, entre eles o Livro Diário e o Livro Razão, em forma digital, devem revestir-se de formalidades extrínsecas, tais como: d) serem assinados digitalmente pela entidade e pelo profissional da contabilidade regularmente habilitado; e) serem autenticados no registro público competente. (CONSELHO FEDERAL, Resolução CFC nº 1.330/11) Hoje, os livros são, normalmente, preenchidos de forma digital, porém podem ser elaborados de forma não digital. Ambos os casos devem atender as especificidades detalhadas pelo CFC. - -6 Fechamento A contabilidade começa com o interesse do homem em saber a evolução do seu rebanho, ou seja, o tamanho do seu patrimônio. Depois, vão surgindo diversas formas de contagem, fazendo do desenho uma informação qualitativa ou das pedrinhas ou risco em ossos informações quantitativas. O processo de contagem evoluiu, passamos a ter mecanismos para controle dos registros. Surge, assim, o método das partidas dobradas, os livros Razão e Diário, com diversos estudiosos propagando o conhecimento contábil e contribuindo com a evolução das áreas comercial, industrial e pública. Referências CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Manual de Contabilidade do Sistema CFC/CRCs. Brasília: CFC, 2009. ______________. Resolução CFC n. 1.330/11, de 18 de março de 2011. Aprova a ITG 2000 – Escrituração Contábil. Brasília, 2011. IUDÍCIBUS, S 10. ed. São Paulo: Atlas, 2015.. Teoria da Contabilidade. ____________; MARION J. C; FARIA, A. C. . 6. ed.Introdução e teoria de contabilidade para o nível de graduação São Paulo: Atlas, 2017. LOPES, A. B.; MARTINS, E. uma nova abordagem. São Paulo: Atlas, 2005.Teoria da contabilidade: LOPES DE SÁ, A. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006.Teoria da Contabilidade. SANTOS, J. L.; SCHMIDT, P.; MACHADO, N. P. . v. 6. Coleção resumosFundamentos da teoria da contabilidade de contabilidade. São Paulo: Atlas, 2005. - -1 Evolução do pensamento contábil Jeremias Pereira da Silva Arraes Introdução Ao longo de seu desenvolvimento, a contabilidade passou por diversas evoluções, desde os registros, as escriturações, os métodos até o controle patrimonial por meio dos livros contábeis. Você já parou para pensar o quanto o sistema contábil já evoluiu? Será que ele acompanhou os avanços tecnológicos? Aqui, vamos entender a evolução do pensamento contábil e apresentar como a contabilidade acompanhou esse progresso humano, tecnológico e socioeconômico. Ao final desta aula, você será capaz de: • Identificar o desenvolvimento da contabilidade provocado pelo progresso humano, tecnológico e mudanças socioeconômicas, proporcionando conhecimento sobre a gênese teórica da contabilidade. Sistematização dos registros e as inspirações teóricas A partir da Idade Média, os registros das operações comerciais, industriais e públicas passaram por um processo de sistematização e organização das informações voltadas para correlação de causa e efeito, conhecida como partidas dobradas. Para Lopes de Sá (2006, p.26), “[...] se uma casa comercial adquire mercadorias e as paga, duas coisas estão ocorrendo: a mercadoria que é o efeito do fenômeno da compra e a saída do dinheiro que é a (LOPES DE SÁ, 2006, p. 26), ocorrendo, assim, as partidas dobradas.origem ou recursos que permite a compra” A sistematização dos registros foi consequência da quantidade de fatos que eram necessários registrar, acompanhando cada evolução socioeconômica, a qualidade das escrituras e os matemáticos que, naquele tempo, se dedicavam aos registros contábeis (LOPES DE SÁ, 2006). Quando se pretende analisar todos os fenômenos da contabilidade, segundo Santos, Schmidt e Machado (2005), é preciso fazer uma relação entre a teoria, a doutrina e a prática. Para Lopes de Sá (2006, p. 29): “A teoria é um enriquecimento intelectual de um conhecimento que o eleva de • FIQUE ATENTO No Brasil, com a evolução da sociedade, foi necessário o controle contábil para desenvolver as alfandegas. Com a publicação da Carta Régia (1679), cria-se a casa dos contos: “órgão incumbido de processar e fiscalizar as receitas e despesas de Estado, ganhando autonomia somente no reinado de João I” (REIS; DA SILVA, 2008, p. 1). - -2 Para Lopes de Sá (2006, p. 29): “A teoria é um enriquecimento intelectual de um conhecimento que o eleva de simples percepção subjetiva ou prática à generalidade objetiva, raciocinada, sistematizada, valorizada”. Dentre as principais inspirações teóricas está Johannes Gutenberg (1394-1468), inventor do método de tipografia, que posteriormente iria ser dinfundido por meio do método das partidas dobradas pela obra do Frei Francisco Luca Pacioli, em Veneza (1494). A obra de Pacioli teve tanta propagação que os europeus se referiam ao método das (LOPES DE SÁ, 2006)partidas dobradas como “método italiano” ou “método de Veneza”. Figura 1 - Selo com o retrato de Johannes Gutenberg Fonte: Vitaly Raduntsev, Shutterstock, 2018. Lopes de Sá (2006) explica que, a partir da obra de Pacioli, passaram a surgir outras obras impressas que ajudaram a difundir ainda mais a contabilidade. Em 1586, surge a obra de Ângelo Pietra, que dá início a uma série de outros escritos, com o objetivo de buscar novos conceitos para a contabilidade. Ainda segundo o autor, a “contabilidade, por muito tempo, significou escrita, manutenção de livros de escrituração de ’contas’, apresentação de saldos de contas e dados sobre acontecimentos havidos nos negócios e até com os empresários” (LOPES DE SÁ, 2006, p. 29). - -3 Figura 2 - Moeda italiana com Luca Pacioli Fonte: Vladimir Wrangel, Shutterstock, 2018. Segundo Santos, Schmidt e Machado (2005, p. 64-65), o processo de escrituração contábil, o sistema de débito e crédito, acontecia da seguinte forma: [...] quem recebe deve (tem um débito), por isso o ativo foi considerado devedor. O registro contábil era das pessoas que transacionavam com a empresa (conceito de consignação). Quem entrega tem em haver (tem um crédito), caracterizando um direito de terceiros em relação à empresa, ou seja, os terceiros que prestam serviços fornecem alguma coisa ou emprestam para a empresa, tinham um crédito em relação à empresa. Veja que “não é fácil para o principiante no estudo da Contabilidade concordar que em determinado momento a palavra débito seja utilizada para significar algo positivo, favorável, uma vez que, em sua vida diária, essa palavra nunca assume esse significado” (RIBEIRO, 2017, p. 9). SAIBA MAIS Para entender um pouco mais sobre débito e crédito, veja o item 1.2 (O desafio da terminologia) do livro “Contabilidade Básica”, de Osni Moura Ribeiro. - -4 Agora, vamos avançar um pouco mais e entender sobre a natureza do conhecimento contábil. Natureza do conhecimento contábil No ramo contábil, houve uma nova evolução a partir da filosofia da contabilidade. Diversos autores passaram a estudar a contabilidade sob a ótica filosófica, buscando indagações sobre o porquê das coisas. Esses estudos acabaram por se preocupar mais com o campo intelectual contábil, deixando um pouco de lado a própria aplicação (os aspectos práticos) (LOPES DE SÁ, 2006). De acordo com Lopes de Sá (2006, p.34), “Alcançada a maturidade científica, seria natural que os intelectuais dacontabilidade procurassem interpretar, com maior profundidade, a lógica do conhecimento, gerando um “conhecimento do conhecimento” (LOPES DE SÁ, 2006, p. 34). Por outro lado, é por meio dessas indagações que os estudiosos passam a ter convicção de que a contabilidade: “é uma ciência social aplicada, pois é a ação humana que gera e modifica o fenômeno patrimonial. Todavia, a Contabilidade utiliza os métodos quantitativos (matemática e estatística) como sua principal ferramenta” (IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2017, p. 10). EXEMPLO A conta caixa tem sua natureza devedora, logo, para que possamos aumentar essa conta, devemos realizar um débito e, para diminuí-la, devemos realizar um crédito. Esse lançamento fica mais claro quando utilizamos a ferramenta razonete, um instrumento no formato de um “T” que recebe os registros individuais de cada conta contábil, assim, torna-se mais fácil e didático o entendimento dos lançamentos em cada conta. Recebimento de venda de mercadoria em dinheiro de R$ 500,00 Conta Caixa Débito – R$ 500,00 Significa que, nesse momento, você possui R$ 500,00 em dinheiro na sua conta caixa. - -5 Figura 3 - Natureza científica do conhecimento contábil Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em LOPES DE SÁ, 2006. Iudícibus, Marion e Faria (2017) lembram que na nossa vida tudo está ligado aos métodos quantitativos, pois sempre nos remetemos aos números: quando acordamos queremos saber as horas, no café da manhã, contamos as colheres de açúcar, quando dirigimos ficamos atentos à velocidade da via entre outras informações do nosso dia a dia que aludem aos números. - -6 Figura 4 - Ferramentas da Contabilidade Fonte: RomanR, Shutterstock, 2018. Para Lopes de Sá (2006, p. 41), “a natureza do objeto de uma ciência é a que enseja a classificação da mesma ou o grupo com a qual se identifica”. Apesar da definição do objeto da contabilidade, o autor esclarece que sempre existiu uma polêmica em relação a classificação da ciência contábil. Para alguns autores, a ciência contábil estaria voltada para o ramo das ciências positivas ou matemáticas. Para outros, ela se enquadraria melhor nas ciências econômicas. Contudo, não houve um entendimento pacificado em qual agrupamento a ciência contábil estria relacionada (LOPES DE SÁ, 2006). Porém, “em 1836, a Academia de Ciências da França adotou a Contabilidade como ciência social, e assim também entenderam grandes pensadores modernos de nossa disciplina [...]” (LOPES DE SÁ, 2006, p. 41). A classificação no campo social justifica-se pela seguinte ordem lógica de raciocínio: a) o objeto da contabilidade é o patrimônio, como conjunto de meios aptos a suprir as necessidades humanas; b) as necessidades humanas a serem supridas é a das aziendas que são células sociais; c) as células sociais formam o todo da sociedade; d) a somatória dos patrimônios aziendais é que permite a formação do patrimônio das sociedades. (LOPES DE SÁ, 2006, p. 42) Com os estudos da origem e o aperfeiçoamento da contabilidade e suas práticas, os intelectuais passaram a FIQUE ATENTO O termo azienda é bastante utilizado quando estudamos a história da contabilidade. Azienda é um termo italiano e significa companhia/empresa, que é o campo da contabilidade. Uma azienda é uma entidade organizada que possui um patrimônio e o patrimônio de uma entidade é composto por bens, direitos e obrigações. O patrimônio (bens, direitos e obrigações) é o objeto da contabilidade, e é distribuído na entidade. - -7 Com os estudos da origem e o aperfeiçoamento da contabilidade e suas práticas, os intelectuais passaram a estudá-la pelo ramo contábil filosófico, deixando de lado os estudos práticos. Por essas novas teorias estudamos os aspectos empíricos e científicos da contabilidade, compreendendo as razões que a tornaram uma ciência social aplicada. Fechamento Vimos que depois da evolução das escriturações contábeis, os pensadores passaram a estudar mais a teoria do que a prática. Com o passar do tempo, chegou-se ao entendimento de que a contabilidade era uma ciência social, seguindo a adoção da Academia de Ciências da França, em 1836, estando a contabilidade relacionada às necessidades humanas. Referências IUDÍCIBUS, S 10. ed. São Paulo: Atlas, 2015.. Teoria da Contabilidade. ______; MARION J. C.; FARIA, A. C. . 6. ed. SãoIntrodução e teoria de contabilidade para o nível de graduação Paulo: Atlas, 2017. LOPES, A. B.; MARTINS, E. uma nova abordagem. São Paulo: Atlas, 2005.Teoria da contabilidade: LOPES DE SÁ, A. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006.Teoria da Contabilidade. RIBEIRO, O. M. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Contabilidade Básica. REIS, A. de J.; DA SILVA, S. L. A história da contabilidade no Brasil. Seminário Estudantil de Produção , v. 11, n. 1. Salvador, 2008.Acadêmica - -1 Aspectos empírico e científico da contabilidade Jeremias Pereira da Silva Arraes Introdução A Contabilidade passou a ser reconhecida como ciência por meio dos intelectuais contábeis. Esses estudiosos passaram a deixar de lado a prática e se aprofundaram na filosofia contábil, da qual surgiram diversas teorias, que seriam respostas às indagações feitas por esses intelectuais. Nesse sentido, você já observou como essa ciência faz parte do seu dia a dia? Quando você decide poupar, consumir ou adquirir, há a transformação do patrimônio, que, por sua vez, possibilita os meios aptos a suprir as necessidades humanas. Por esse motivo, há razões que colocam a Contabilidade como uma ciência social aplicada. Vamos conhecê-las? Bom estudo! Ao final desta aula, você será capaz de: • Reconhecer a natureza científica da contabilidade inferindo razões que a transformaram em ciência social aplicada. Razões científicas da contabilidade As obras de estudos epistemológicos, que abordam a filosofia das ciências, lecionam sobre o entendimento do saber humano e tendem a classificar determinado conhecimento como uma ciência (LOPES DE SÁ, 2006). Para que possamos entender as razões que levaram os pensadores contábeis a terem convicção de que a contabilidade era uma ciência, devemos estudar os fenômenos da contabilidade e esclarecer as áreas na qual este fenômeno está relacionado. Santos, Schmidt e Machado (2005) explicam que existem três áreas de investigação na contabilidade: teoria, os autores, a estaria relacionada às tentativas de descobrir indicações dedoutrina e prática. Para teoria princípios gerais ou verdades inquestionáveis de reconhecimento universal, com definições lógicas para solucionar problemas práticos. A da contabilidade “compreende a demonstração dos procedimentosdoutrina contábeis, os quais, de acordo com o proposto, devem ser seguidos”. Logo, a doutrina forma a base legal para que se realizem os procedimentos contábeis de forma similar. Já a contábil “compreende a demonstração deprática que procedimentos da contabilidade estão de fato sendo seguidos nos casos particulares e os resultados factuais desses procedimentos”. (SANTOS; SCHMIDT; MACHADO, 2005, p. 53) • - -2 Figura 1 - Investigação da Contabilidade Fonte: Ivelin Radkov, Shutterstock, 2018. Assim, considerando a ideia que agrega as áreas teóricas, doutrinárias e práticas, pode-se examinar os fenômenos nos quais os procedimentos contábeis estão preocupados, pois os fatos contábeis “podem ser considerados dados objetivos que podem ser observados e compreendem coisas e pessoas que possuem uma certa objetividade física” (SANTOS; SCHMIDT; MACHADO, 2005, p. 54). Para Lopes de Sá (2006), a contabilidade possui um valor universal e perene. Valores estes que são necessários para que se possa caracterizar um tipo de conhecimento científico, pois é necessário que essa ciência seja conhecida universalmente, que seja sempre da mesma forma, que saiba explicar como e quais condições acontecem as coisas e em que momento e lugar elas acontecem. Logo, assim como outras ciências, a contabilidade pode contribuir com a evolução da humanidade. Além disso, por meio da sua doutrina, pode apresentar leis específicas com validade universal, bem como produzirfontes de informações sistemáticas e enunciar verdades sobre fatos verificáveis. (LOPES DE SÁ, 2006) SAIBA MAIS Junior e Nascimento (2009) apresentam um estudo intitulado “Evolução e desenvolvimento da teoria da contabilidade: contexto histórico”, que explica com detalhe a evolução científica da contabilidade e a necessidade em se fazer uma distinção entre o conhecimento científico e o conhecimento empírico (ou comum). - -3 Histórico Desde que as bases do método contábil surgiram na Itália, entre os séculos XIII e XIV, há estudos que visam o aprofundamento das práticas contábeis. Contudo, após a divulgação da obra do Frei Luca Pacioli, no século XV, houve uma disseminação do conhecimento contábil por toda a Europa, acarretando no interesse de outros estudiosos em entender e aperfeiçoar o método. (IUDÍCIBUS, 2015) Mais tarde, no século XIX, considerado por muitos como um período científico, há um aprofundamento do conhecimento contábil, com o entendimento das suas teorias e métodos, que atendem as reais e complexas necessidades da sociedade. Com isso, dá-se a maturidade científica da contabilidade, com conclusão de que é uma ciência que poderia ser aplicada, do mesmo modo, em qualquer lugar do mundo. (LOPES DE SÁ, 2006) Neste momento, surge a necessidade de os intelectuais da contabilidade interpretarem com maior profundidade a lógica desse conhecimento. Assim, por meio dessas interpretações, surge o ramo da Filosofia da Contabilidade, em que diversos autores passaram a indagar o porquê das coisas, preocupando-se mais com a campo intelectual contábil do que com a sua própria aplicação (LOPES DE SÁ, 2006). Essas indagações permitiram que os estudiosos da contabilidade afirmassem que a contabilidade é uma ciência social aplicada, pois por meio da ação humana é possível gerar ou modificar o fenômeno patrimonial (IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2017). EXEMPLO Quando fazemos uma observação de um fato e fundamentamos essa observação apenas pelo hábito de como as coisas acontecem no dia a dia, estamos diante de um conhecimento comum ou empírico. Já no conhecimento científico, de acordo com Lopes de Sá (2006), é necessário que o fato observado possa ser aplicado sempre da mesma forma, em qualquer lugar do mundo, a qualquer hora. Por exemplo, no nordeste do Brasil, o vaqueiro pode, pela sua experiência e hábito de olhar as nuvens, perceber que quando as nuvens estão em pequenos flocos é sinal de chuva no dia seguinte. Contudo, esse é um conhecimento comum, não sabemos se ele pode ser aplicado da mesma forma, a qualquer tempo, nem em qualquer lugar, ou seja, não é universal, logo, não pode ser considerado um conhecimento científico. - -4 Figura 2 - A contabilidade é uma ciência aplicada Fonte: fussypony, Shutterstock, 2018. Já no início do século XX, a natureza científica da contabilidade é aprofundada por meio das indagações feitas pelos intelectuais da escola europeia. Lopes de Sá (2006) explica que a cada requisito feito pela ciência, a contabilidade respondia com concretas e objetivas argumentações de enquadramento. Logo, não havia como duvidar que a contabilidade se tratava de uma ciência. Ressalta-se que, por muito tempo, a escola europeia ratificou os requisitos da contabilidade como ciência, ora solidificando seu objeto (o patrimônio), ora definindo os métodos básicos de estudo desse objeto. Contudo, ao final do século XX, há uma queda da escola europeia e uma ascensão da escola norte-americana. Figura 3 - Comparação das escolas europeia e norte-americana Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em IUDÍCIBUS, MARION e FARIA, 2017. - -5 De acordo com Iudícibus (2015), a ascenssão da escola norte-americana deu-se pelo surgimento das grandes coorporações e do desenvolvimento do mercado de capitais. Além disso, havia um ritmo intenso de desenvolvimento nos Estados Unidos, o que acabava por apresentar um campo produtivo para o estudo da contabilidade. Foi nesse cenário que a escola norte-americana avançou tanto na teoria como nas práticas contábeis. Classificação como ciência social aplicada A literatura sobre a natureza contábil mostrou-se bastante controversa até chegar na afirmação de que a contabilidade é uma ciência social aplicada. De acordo com Farias e Martins (2015), questionavam-se se a contabilidade seria arte, técnica ou ciência, e se seria uma disciplina acadêmica. Porém, em 1836, a Academia de Ciências da França adotou a contabilidade como ciência social, bem como outros grandes pensadores modernos passaram a entender dessa forma. Schmidt (1998, p. 3) elucida que toda ciência possui um objeto e o seu objetivo. Sendo que no objetivo há uma preocupação em distinguir as características comuns das normas gerais que são aplicadas a determinados eventos. Já o objeto, de forma ampla, seria “tudo aquilo a que se dirige o ato consciente de um sujeito, ou tudo aquilo a uma faculdade ou atitude psíquica duradoura ou hábito, ou também a uma ciência, pode dirigir-se.” Nesse contexto, Lopes de Sá (2006) entende que a classificação da contabilidade como um campo social é justificada pela ordem lógica de raciocínio, em que há uma definição do objeto e dos seus objetivos, afim de estudar os fenômenos da contabilidade e suprir as necessidades humanas. FIQUE ATENTO Apesar da escola europeia ser a principal responsável pelo estudo da natureza científica da contabilidade, outros países também contribuíram para a evolução contábil, como a escola norte-americana, no final do século XX. - -6 Figura 4 - Evolução do conhecimento contábil Fonte: leungchopan, Shutterstock, 2018. Assim, a evolução do conhecimento contábil, que vai desde o debate da literatura sobre a natureza contábil até as teorias aplicadas à contabilidade, propõe a definição de conceitos para que se possa chegar aos princípios básicos da contabilidade e dar o embasamento adequado e legal para a realização dos procedimentos. Conforme explica Lopes de Sá (2006, p.45), muitos escritores se manifestaram sobre as definições e conceitos de contabilidade, sendo que alguns “apresentavam a contabilidade sob um ângulo empírico, observando o conhecimento apenas da tecnologia, da escrituração, mas outros entenderam o valor científico, enquanto ainda outros mesclaram essas coisas de forma hibrida”. Assim, as definições conceituais da contabilidade são muitas. traz uma definição voltadaMarion (2015, p.30) para praticidade, definindo a contabilidade como “o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”. Lopes de Sá (2006, p. 46) apresenta um conceito voltado para o campo científico, entendendo a contabilidade como uma “ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com as realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais”. FIQUE ATENTO Para Lopes de Sá (2006), a corrente científica possui muitos campos, bem como elevados propósitos, sendo que a abrangência dos aspectos modernos da contabilidade dificulta uma definição única que seja exatamente condizente com o seu conceito. - -7 Fechamento Neste tema, aprendemos que existem diversas razões científicas para apresentarmos a contabilidade como uma ciência social aplicada. Vimos que a escola europeia iniciou, a partir do século XIX, um aprofundamento do estudo científico da contabilidade, e que, posteriormente, a escola norte-americana, com o surgimento de grandes coorporações e do desenvolvimento do mercado de capitais, passou a ter uma acessão no conhecimento Por fim, chegamos ao conjunto de ideias que passaram a dar sentido ao conceito deprático e teórico. contabilidade. Referências FARIAS, M. R. S.; MARTINS, G. de A. Contabilidade como ramo de conhecimento: ciência, tecnologia e prática. , v. 11, n. 3, p. 27-42. FURB, 2015.Revista Universo Contábil IUDÍCIBUS, S 10. ed. São Paulo: Atlas, 2015.. Teoria da Contabilidade. _________; MARION J. C.; FARIA, A. C. . 6. ed.Introdução e teoria de contabilidade para o nível de graduação São Paulo: Atlas, 2017.JÚNIOR, V. F. de M.; NASCIMENTO, I. A. do. Evolução e desenvolvimento da teoria da contabilidade: contexto histórico. v. 1, n. 1, p. 37-48. UFRN, 2009.Revista Ambiente Contábil. LOPES DE SÁ, A. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006.Teoria da Contabilidade. MARION, J. C. . 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.Contabilidade básica SANTOS, J. L.; SCHMIDT, P.; MACHADO, N. P. . v. 6. São Paulo: Atlas,Fundamentos da teoria da contabilidade 2005. SCHMIDT, P. A classificação da contabilidade dentre os ramos do conhecimento humano. ,Caderno de Estudos n. 17, p. 01-17, São Paulo,1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 92511998000100001>. Acesso em: 31/07/18. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-92511998000100001 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-92511998000100001 - -1 Ambiente em que a contabilidade está inserida Juliani Karsten Alves Introdução O profissional, ao oferecer serviços contábeis, deve estar atento a normas técnicas brasileiras, princípios e pronunciamentos relativos à sua área, inclusive as normas trazidas pela convergência internacional. No entanto, jamais pode esquecer que faz parte de uma ciência. A contabilidade, ciência social aplicada, tem suas características bem definidas. Não basta o profissional dominar a prática da contabilidade, sem entender o propósito. A técnica deve sempre estar alinhada aos conhecimentos. Você já pensou sobre quais são essas características? Saberia definir essa ciência? E apontar seu objeto, objetivo e finalidades? Responderemos a essas questões durante esta aula. Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar o ambiente de estudo em que a contabilidade está inserida, definindo aspectos que a identifiquem como ciência presente nas instituições e na sociedade. Conceito e finalidades da contabilidade A contabilidade é considera ciência porque compreende um conjunto coordenado de conhecimentos, possui objeto e objetivo definidos, obedece a preceitos e normas próprias (GRECO; AREND, 2007). A ciência contábil pode ser definida como: uma ciência social que estuda o Patrimônio de uma entidade econômico-administrativa, pessoa física ou jurídica, com o objetivo de obter registros classificados e sintetizados dos fenômenos que afetam a sua situação patrimonial e financeira. (MONTOTO, 2015, p. 37). Podemos fazer uma relação dessa ciência com a administração e economia. Enquanto a economia planeja as metas da empresa, a administração as executa e a contabilidade controla os resultados (MONTOTO, 2015). A ciência contábil faz uso de procedimentos práticos, denominados técnicas contábeis, para alcançar suas finalidades; ou seja, fornecer informações para controlar as operações e planejar as metas futuras. • - -2 Figura 1 - Técnicas contábeis Fonte: MONTOTO, 2015, p. 45. A técnica contábil de consiste no registro ordenado dos fatos ocorridos na entidade, que afetaramescrituração o patrimônio; as consistem em relatórios resumidos, produto dos registrosdemonstrações contábeis realizados; a consiste na revisão do que foi registrado e exposto nas demonstrações, evitandoauditoria impropriedades, inadequações, erros e fraudes; e a consiste em estudo do que foianálise das demonstrações produzido pela contabilidade com o intuito de gerar informações úteis para tomada de decisões pelos usuários. Por meio da prática dessas técnicas, a contabilidade assume duas funções básicas: administrativa e econômica. Enquanto a função administrativa refere-se ao controle o patrimônio, a função econômica refere-se à apuração de resultado (MONTATO, 2015). Campo de aplicação da contabilidade O campo de aplicação da ciência contábil é uma azienda. Ou seja: “uma entidade, com ou sem fim lucrativo, com objetivo social ou econômico, de ordem econômico-administrativa, isto é, que possui patrimônio a controlar” (MOTOTO, 2015, p. 41). O correto é utilizar o termo azienda e não empresa. O conceito de azienda é mais amplo do que o de empresa. A contabilidade considera o patrimônio da entidade (bens, direitos e obrigações) juntamente com quem têm poderes sobre ele (MOTOTO, 2015). Várias são as aziendas em que a contabilidade pode ser aplicada, conforme apresenta a figura a seguir. - -3 Figura 2 - Aziendas onde a contabilidade pode ser aplicada Fonte: MOTOTO, 2015, p. 41. Desse modo, essa ciência atua em entidades com fins sociais, econômicos ou misto, e em entidades públicas e privadas. Objeto e objetivo de estudo da contabilidade Além de conhecer o conceito da contabilidade e seu campo de aplicação, também é de extrema valia conhecer o que ela estuda (objeto) e para que realiza esse estudo (objetivo). Figura 3 - Objetivos e objeto da ciência contábil Fonte: Elaborado pelo autor, 2018. A ciência contábil concentra-se no patrimônio das entidades seu objeto de estudo. Este é composto por bens, direitos e obrigações. A contabilidade estudará, nos aspectos qualitativos e quantitativos, as modificações ocorridas nesses itens patrimoniais que compõem o patrimônio daquela entidade, sempre atenta ao Princípio Contábil da Entidade, que prevê que o patrimônio da entidade não se confunde com o de outras entidades que se relacionem com ela. - -4 Para a contabilidade, importarão os eventos econômicos que afetam o seu objeto (patrimônio), denominados fatos contábeis (FAVERO et al., 2011). “Fato contábil é todo evento econômico na entidade contábil que possui expressão monetária e que afeta o patrimônio, quantitativa ou qualitativamente” (MONTOTO, 2015, p. 37). Esses fatos são classificados em: permutativos, modificativos e mistos. • Fatos contábeis permutativos: geram modificações no saldo das contas patrimoniais, sem alterar a situação líquida. Por exemplo, a compra de mercadorias para revenda. • Fatos contábeis modificativos: geram modificações na situação líquida da entidade. Por exemplo, a receita de aplicação financeira. • Fatos contábeis mistos: combinam a modificação no saldo das contas patrimoniais e alteram a situação líquida. Por exemplo, a venda de mercadorias. Sendo o objeto da contabilidade o patrimônio, consequentemente seu objetivo estará em torno deste. A ciência contábil tem como objetivo fornecer informações aos seus usuários para tomada de decisões (FAVERO et al., 2011). Esse objetivo não consiste em um processo simples, pois é necessário que sejam fornecidas informações considerando as características dos diferentes usuários que farão uso delas. Esse processo de geração de informação é delicado, pois precisa aliar os diferentes propósitos dos usuários (FAVERO et al., 2011). FIQUE ATENTO Tanto no papel do contador que realiza a escrituração contábil quanto aquela que analisa as demonstrações ou que as audita, o profissional tem que estar atento ao fato de que o patrimônio de uma entidade deve sempre, respeitando o Princípio Contábil da Entidade, não ser confundido com o patrimônio de outra entidade, como também dos proprietários e sócios. • • • FIQUE ATENTO Diferentemente do que um leigo pode pensar, ao saber que é o contador que envia para a empresa as guias mensais de impostos, a ciência contábil não tem finalidade somente tributária. Ela produzirá dados que serão utilizados para cálculos tributários, mas essa não é sua finalidade. Sua finalidade é produzir informações úteis para os usuários, dos quais a União, Estados e Municípios fazem parte. - -5 Usuários da contabilidade É importante definir os usuários da contabilidade, não apenas para que se saiba quem são, mas porque o processo de gerar a informação deve ser influenciado por esses, considerando que a informação é produzida para o uso deles. Deve-se questionar: • quem são os usuários da informação contábil; • como gerar informações para esses usuários; • de que forma e em qual periodicidade gerar as informações (FAVERO et al., 2011). A contabilidade deve “fornecer informações que sejam úteis na tomada de decisões econômicas e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo o propósito de atenderfinalidade ou necessidade específica de determinados grupos de usuários” (CPC, 2011). A contabilidade deve produzir informações tendo em vista que seus usuários terão finalidades distintas e necessidades diversas. As informações divulgadas não podem, por exemplo, favorecer apenas os proprietários e sócios da entidade, nem apenas os investidores. Elas devem servir para o propósito geral. • • • EXEMPLO As informações devem dar subsídio para que os gestores avaliem o desempenho da entidade, percebendo se a entidade está alcançando as metas propostas e, se não, permitindo que percebam aspectos a melhorar. Ao mesmo tempo que o banco conseguirá avaliar o nível de endividamento da entidade e sua capacidade de pagar empréstimos concedidos a ela. - -6 Figura 4 - Tipos de usuários e informações requeridas Fonte: FAVERO, 2011, p. 3. O grupo dos usuários das informações contábeis é composto por internos e externos, e as demonstrações contábeis devem ser úteis a todos eles. Incluem-se no grupo de usuários internos: proprietários, sócios e empregados. Para os proprietários, as informações contábeis podem responder, por exemplo, aos questionamentos a seguir. • Qual é a taxa de lucratividade propiciada pela empresa? • A empresa oferece, em médio e longo prazos, perspectivas de rentabilidade e segurança? Incluem-se no grupo de usuários externos: investidores, bancos, clientes, fornecedores, órgãos governamentais. Para os fornecedores, por exemplo, as informações podem responder aos seguintes questionamentos: • A entidade tem capacidade de pagar as obrigações que já possui comigo? • Se a entidade ficar inadimplente, possui bens que pode se desfazer para liquidar suas obrigações? • Há evidências de continuidade nas operações dessa entidade? • • • • • - -7 Fechamento O bacharel em Ciências Contábeis estuda a ciência contábil. Da mesma forma que é importante conhecer os Princípios Contábeis e Normas Brasileiras de Contabilidade, também é imprescindível conhecer as características dessa ciência. A ciência contábil estuda o patrimônio das entidades, estando atenta às operações e seus reflexos nele. Assim, o seu objeto é definido como o patrimônio e seu objetivo é o de fornecer informações úteis sobre esse patrimônio para a tomada de decisões de usuários, internos e externos. É importante lembrar que o patrimônio de qualquer entidade pode ser objeto de estudo, seja ele de pessoa física ou jurídica, com ou sem fins, do setor privado ou público. Referências CPC. COMISSÃO DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC 00 PRONUNCIAMENTO CONCEITUAL BÁSICO Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. 2011. Disponível em:(R1): < f>. Acesso em: 24 jul. 2018.http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pd FAVERO, H. L. et al. teoria e prática. v.1. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.Contabilidade: GRECO, A.; AREND, L. teorias e práticas básicas. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.Contabilidade: MONTOTO, E. . 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.Contabilidade geral e avançada esquematizado SAIBA MAIS A informação produzida pela contabilidade tem de possuir qualidade para que seja útil e alcance seu propósito de apoiar o processo decisório dos usuários. Leia mais sobre as características qualitativas da informação contábil-financeira no CPC 00 - Pronunciamento Conceitual Básico (R1): Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pd - -1 Metodologia, processos e aplicação da contabilidade Juliani Karsten Alves Introdução A contabilidade é uma ciência social aplicada. Nesse ramo são desenvolvidos, além de trabalhos de aplicação das técnicas contábeis, pesquisas e estudos que contribuem para a consolidação do conhecimento na área, como também para sua expansão. Constantemente são realizadas e publicadas pesquisas que criam ou comprovam teorias já existentes na área gerencial, de custos, ambiental, entre outras. Para realizar uma pesquisa na área da ciência contábil, é necessário fazer uso de uma metodologia científica que contemple métodos e técnicas cientificamente aceitos. Você já pensou sobre quais são esses métodos? Saberia defini-los? E como faria uso deles? Veremos a respeito nesta aula. Ao final desta aula, você será capaz de: • interpretar processos e métodos contábeis analisando as correlações científicas do conhecimento contábil. A ciência contábil A ciência contábil tem como objeto de estudo o patrimônio. Para tanto, estuda os fenômenos contábeis que afetam o patrimônio. Essa ciência, sendo um ramo do conhecimento científico, não se preocupa apenas com o controle dos patrimônios, mas também com teorias, princípios, causas e efeitos dos fenômenos que envolvem o patrimônio. Cabe ao profissional contábil deve estar preocupado em, além de fornecer as informações contábeis sobre a entidade, analisar e revisar o conhecimento de modo científico (SCHMIDT, 1998). Métodos indutivo e dedutivo da contabilidade A contabilidade, sendo uma ciência, exige que sejam utilizados métodos de raciocínio, para estabelecer os princípios e procedimentos que irão reger as pesquisas e trabalhados nesse ramo do conhecimento. Os principiais tipos de raciocínio são: o dedutivo e o indutivo (IUDÍCIBUS, 2015). • - -2 Figura 1 - Métodos de raciocínio Fonte: Elaborado pelo autor, 2018. A dedução e a indução são formas raciocínio, entretanto são processos inversos. Enquanto a dedução parte do geral para o particular, a indução parte de fatos particulares para chegar a uma conclusão geral. Figura 2 - O método dedutivo e indutivo Fonte: Elaborado pelo autor, 2018. O método de raciocínio dedutivo, na contabilidade, faz uso do raciocínio lógico para as aplicações práticas. Portanto, esse método consiste em “iniciar com objetivos e postulados e, destes, derivar princípios lógicos que fornecem as bases para as aplicações práticas ou concretas” (IUDÍCIBUS, 2015, p. 11). O processo do método dedutivo deve iniciar formulando os objetivos e finalizar aplicando em situações FIQUE ATENTO Quando é realizado um estudo na área contábil, seja ele produto de uma monografia, tese, dissertação ou artigo, é necessário ter bem definido o método utilizado no capítulo de metodologia científica, para garantir que seja um estudo científico válido. - -3 O processo do método dedutivo deve iniciar formulando os objetivos e finalizar aplicando em situações específicas, passando por alguns passos específicos como mostra a figura a seguir. Figura 3 - Passos do método dedutivo Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em Iudícibus, 2015. Quando a contabilidade utiliza o método dedutivo, ela faz uso de generalizações e princípios já existentes, como a afirmação de que o investimento em gestão ambiental aumenta a rentabilidade da empresa, observando e analisando se em uma ou mais empresas esse fato se aplica. Assim, pode-se estudar de forma específica um determinado grupo. O método indutivo, na contabilidade, faz uso do raciocínio lógico para, a partir das aplicações práticas, chegar a conclusões gerais. Portanto, esse método consiste em “obter conclusões generalizantes a partir de observações e mensurações parciais detalhadas” (IUDÍCIBUS, 2015, p. 11). Quando a contabilidade faz uso do método indutivo, observando e analisando o comportamento de empresas em relação a gestão ambiental, concluindo que os investimentos em gestão ambiental resultam em aumento de rentabilidade. Assim sendo, pode-se realizar generalizações e formular princípios a partir da conclusão obtida. FIQUE ATENTO Pode ser necessário fazer uso de características dos dois métodos em um estudo. No raciocínio indutivo haverá uso do método dedutivo, ao escolher o que observar, evidenciando o que é ou não relevante. Assim, sempre é necessário realizar essa ressalva quando apresentado o método de raciocínio utilizado na pesquisa. - -4 Abordagens e enfoques da contabilidade A ciência contábil pode ser encarada sob múltiplas abordagens ou enfoques. Iudícibus (2015)ressalta como as principais abordagens: ética, comportamental, macroeconômica, sociológica e sistêmica. Figura 4 - Abordagens da contabilidade Fonte: Elaborada pelo autor, 2018. Vamos saber mais sobre cada uma delas? Para a abordagem , a ciência contábil deve ser justa, verdadeira e não enviesada, considerando o contexto. ética Nessa abordagem, deve-se escolher os procedimentos mais relevantes, úteis e corretos para a produção da informação contábil. A abordagem preocupa-se se as informações produzidas pela contabilidade são adequadascomportamental para que os usuários tomem a decisão certa. Essa abordagem dá ênfase à forma como os relatórios contábeis são utilizados e não que estejam contabilmente corretos. A abordagem assemelha-se à comportamental, mas com objetivos econômicos definidos. Elamacroeconômica visa que a melhor decisão seja tomada com a informação contábil, mas no sentido econômico. Na abordagem , a ciência contábil preocupa-se com seus efeitos específicos deste campo. Essasociológica abordagem procura que as informações contábeis atendam a finalidades sociais, considerando que o produto da contabilidade interessa a toda a sociedade. Por fim, temos a abordagem , bem distinta das demais. Essa envolve as ênfases da contabilidade comsistêmica SAIBA MAIS A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é um demonstrativo contábil que possui abordagem sociológica, pois apresenta o valor adicionado da empresa; ou seja, apresentar a riqueza distribuída por esta a toda a sociedade. Que tal aprender sobre esse demonstrativo contábil? A respeito deste assunto, leia o CPC 09 - Demonstração do Valor Adicionado. - -5 Por fim, temos a abordagem , bem distinta das demais. Essa envolve as ênfases da contabilidade comsistêmica os quais estamos mais acostumados: produzir, através do uso das técnicas contábeis (escrituração, demonstrações, auditoria e análise de balanços), informações úteis sobre o patrimônio da entidade para tomada de decisões pelos usuários. Essa ênfase da contabilidade envolve todo o processo de comunicação das informações contábeis produzidas pela contabilidade, desde os tipos de informações necessárias a habilidade dos usuários de interpretar as informações apresentadas de forma adequada (IUDÍCIBUS, 2015). Correlações científicas do conhecimento contábil A contabilidade é uma ciência social que objetiva o controle do patrimônio das entidades produzindo informações úteis para tomada de decisões. Para realizar seus objetivos, conforme suas diversas abordagens, faz uso dos conhecimentos provenientes de outros ramos. O profissional, ao realizar a contabilidade de uma empresa, usará conhecimentos que vão além das normas e princípios contábeis. Em muitos momentos, será exigido dele temas relacionados à administração, economia, direito, matemática, entre outros. Desta forma, ela terá subsídios suficientes para estudar o patrimônio. • Contabilidade e administração A ciência contábil e a administrativa estão interligadas. Enquanto a contabilidade preocupa-se em controlar, estudar e produzir informações sobre o patrimônio da entidade, a administração fará uso desses dados. A contabilidade oferece os subsídios para que a administração cumpra os seus papéis. • Contabilidade e direito A ciência contábil registra operações que afetam o patrimônio da entidade. Dentro do direito civil e comercial, por exemplo, têm-se normas que ditam sobre os direitos e obrigações patrimoniais. A contabilidade, em diversas situações, baseia-se no direito para buscar os fundamentos, pois as leis possuem direta influência nos registros como, por exemplo, do fundo do comércio, prestação de contas, patentes, direitos autorais e outros. • Contabilidade e economia Da mesma forma que a ciência contábil, a econômica estuda a riqueza. Entretanto, os aspectos e finalidade são nitidamente diferentes. A economia pode considerar melhor que o número de empregos seja maior, enquanto a contabilidade considera que o adequado é um número menor, visando a redução de custos e maximização dos lucros. Entretanto, a economia pode apresentar, por exemplo, aspectos que contribuam para determinar a continuidade da empresa, fato que implica diretamente no processo de produção das demonstrações contábeis. • Contabilidade e matemática Um aspecto muito importante a ser considerado na prática das técnicas contábeis é a quantificação. É necessário que as operações, para registro, sejam quantificadas corretas, por meio de cálculo simples ou complexo. Por exemplo: o cálculo do rateio de custos na indústria envolve diversas operações matemáticas que influenciam para que o custo dos produtos seja apurado corretamente. Até mesmo na análise das informações produzidas pela contabilidade são necessários cálculos para obtenção dos valores referentes a índices, como de liquidez, endividamento, capital circulante líquido, entre outros. Desse modo, a ciência contábil correlaciona-se com diversas outras áreas do conhecimento. Cabe ao profissional contábil também ser conhecedor de aspectos dessas para que tenha a capacidade técnica necessária na execução do seu papel. • • • • - -6 Fechamento A contabilidade possui métodos, abordagens e correlações com outras ciências. Quanto aos métodos de raciocínio, é necessário estar atento a um fato: se o estudo parte do raciocínio particular para a generalização, ou o contrário, para optar pelo método dedutivo ou indutivo. Para as abordagens, é necessário identificar qual ênfase está sendo adotada no uso da contabilidade. Ressalta-se que a mais usual, entre elas, é a sistêmica. E por fim, o profissional contábil deve perceber que a contabilidade se relaciona com outras ciências, como administração, direito, economia e matemática, para cumprir seus papéis. O contador terá, inclusive, de fazer uso dos conhecimentos dessas, como interpretações, leis e cálculos. Referências CPC. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Demonstração do Valor Adicionado (DVA). 2008.CPC 09. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=40 >. Acesso em: 3 ago. 2018. IUDÍCIBUS, S. de. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Teoria da contabilidade. SCHMIDT, P. A. classificação da contabilidade dentre os ramos do conhecimento humano. Caderno de Estudos, n. 17, p.01-17. Jan./abr. 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- >. Acesso em: 31 jul. 2018.92511998000100001&lng=en&nrm=iso http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=40 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-92511998000100001&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-92511998000100001&lng=en&nrm=iso - -1 Principais correntes do pensamento contábil Luciane Rosa de Oliveira Introdução Neste tema, vamos conhecer as escolas e as principais correntes da Contabilidade, para, assim, entendermos como aconteceu a evolução do pensamento contábil. Muitos pensadores deram contribuições para as teorias que conhecemos hoje como escolas da contabilidade, que trazem conceitos e o embasamento de alguns princípios contábeis. Por isso, aqui, aprofundaremos nosso conhecimento sobre a escola contista, escola materialista, escola personalista, escola controlista, escola aziendalista e a escola patrimonialista. Vamos lá? Bom estudo! Ao final desta aula, você será capaz de: • Compreender as principais correntes do pensamento contábil identificando as principais escolas no período do desenvolvimento da contabilidade. As escolas no período de desenvolvimento da contabilidade A origem da contabilidade é tão antiga quanto os registros de comércio. Em 1494, Frei Luca Pacioli (1445 - 1517) já tratava da contabilidade, contribuindo com o “método das partidas dobradas”. Porém, enquanto objetivo de estudo (ciência, através de suas escolas), os primeiros ensaios sobre a contabilidade são conhecidos a partir de 1834, por meio de publicações na Academia de Ciências da França. (SCHMIDT, SANTOS. 2008) • - -2 Figura 1- A evolução da contabilidade Fonte: Elzbieta Sekowska, Shutterstock, 2018. A partir de 1840, pensadores como Giuseppe Cerboni (1827 - 1917); Fábio Besta (1845 - 1922); Eugen Schmalenbach (1873 - 1955); Gino Zappa (1879-1960); Vincenzo Mais ; D’Áuria deram suas(1893 - 1977) contribuições com ensaios que foram transformados nas escolas da contabilidade. (SCHMIDT, SANTOS. 2008) Escola contista A escola contista nasce a partir do século XV, com o aumento das aziendas (bens materiais e imateriais que o comerciante utiliza para sua atividade). Apesar de não ser considerada uma corrente cientifica, ela foi a primeira a mostrar as contas como objeto do estudo da contabilidade, visto que na contabilidade da azienda é preciso denominar as “contas” da empresa. (REIS, SILVA, SILVA 2007) Foi influenciada pela Teoria das Cinco Contas Gerais de Edmundo Degranges (1734 -1789,) no ano de 1795 - instrumento que dividia o comportamento do patrimônio em 5 grandes contas: • Mercadoria Geral; • Caixa; • Contas a receber; • Contas a pagar; • Lucros e Perdas. (REIS; SILVA; SILVA , 2007) Posteriormente, houve a junção da sexta conta, denominada “Diversas contas”. Veja que uma das grandes diferenças dos dias atuais é que, neste período, não era analisado o Patrimônio da empresa em si, e o ponto em questão - a conta - não é a causa, mas sim o efeito, que expressa o fenômeno patrimonial. Além disso, Degranges instituiu que, na contabilidade, se deve debitar aquele que recebe e creditar aquele que fornece (débiter celui Qui ), pois entendia que todas as contas são do comerciante. Desta forma, oreçoit et créditer celui Qui donne comerciante é quem deve (pois é aquele que recebe) e tem um crédito (pois é quem fornece). (SÁ, 2006) • • • • • - -3 Escola materialista A escola materialista foi iniciada na Lombardia, por isso também é conhecida como escola de Lombarda. Ela foi influenciada por Villa, (1801 - 1884) em sua obra La contabilitá applicata alle amministrazione private e publiche (1840), que verificava a renda, os meios patrimoniais, e propôs o princípio da competência. (SCHMIDT, SANTOS. 2008) A proposta da escola materialista é a de que o ponto de análise deve ser a riqueza da azienda e a importância das contas e não das relações pessoais, sendo que as contas são partes mecânicas. Assim, a escola materialista teve duas grandes influências, sendo elas: a contabilidade como estudo científico; e o registro não apenas como algo informacional, entendendo a contabilidade como fonte de informação gerencial. (SCHMIDT, SANTOS. 2008) Escola personalista Você certamente já deve ter escutado o termo Pessoa Física e Pessoa Jurídica. Este último, que denominamos as organizações, empresas, surgiu na escola personalista, uma vez que ela entende a empresa como uma ‘pessoa’. A escola personalista é uma reação à escola contista, que focava nas contas. Aqui, o objeto está na personificação, em que as contas devem ter direitos e obrigações, sendo a empresa responsável pelos débitos e créditos. (SCHMIDT,2000) A escola foi embasada por estudiosos como Francesco Marchi (1822- 1871) e analisada por Giuseppe Cerboni (1827 - 1917) e Francisco Castanõ Diegues (1863 - 1892). (SCHMIDT,2000) Segundo Schmidt e Santos (2008), na escola personalista, Marchi, autor italiano, criticava a teoria das cinco contas, afirmando que para a teoria das partidas dobradas bastariam duas contas: a titularidade de terceiros do proprietário e a de terceiros, determinando, assim, que o débito de um seria o crédito do outro. Nesse contexto, o administrador é o responsável por toda entidade. Determinando, então, que a empresa poderia ter suas contas divididas e agrupadas em quatro grandes contas: • contas do proprietário; • contas dos gerentes ou administradores; • contas dos consignatários; • contas dos correspondentes. Cerboni, por sua vez, propunha que a responsabilidade está na propriedade, no proprietário e no administrador e na matéria administrada (meios de produção). Além disso, trouxe contribuições relacionadas com a administração da azienda, entendendo que para cada conta credora há a existência obrigatória de uma conta devedora e, ainda, a relação do proprietário com o administrador da azienda. (SCHMIDT, SANTOS. 2008) O autor faz uma correlação em seis axiomas, sendo que para cada axioma há a incidência de um corolário explicativo, conforme apresentando na figura a seguir. • • • • - -4 Figura 2 - Os seis axiomas do personalismo de Cerboni Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Sá, 2006. No quadro, podemos entender: que as empresas não seriam necessariamente administradas pelos seus proprietários, mas sim por administradores; que os bens deveriam ser usados para aumentar a riqueza; e a relação de simultaneidade entre débito e crédito. Outra influência da Escola Personalista é em função dos ensaios de Francisco Castanõ Dieguez, que tentou uma convergência entre os estudos de Cerboni (1873) - teoria personalista - e Villa (1840) - teoria materialista -, classificando as contas em três grupos (SÁ, 2006). • Contas representativas do comerciante (de capital e suas variações); • Contas de pessoas; • Contas de espécies ou materiais. • • • - -5 Escola controlista A escola controlista (ou de Veneza ou, ainda, veneziana), surge em contraponto ao personalismo, em 1880. Seu estudo está focado na riqueza aziendal, por meio do controle econômico. Os principal nome dessa escola foi Fábio Besta (1845 – 1922) (SCHIMIDT E SANTOS, 2006) Besta analisava a relação causa e efeito das modificações patrimoniais. Em seus ensaios, o administrador tem a função de aumentar o patrimônio a partir do aumento da riqueza econômica. A azienda, por sua vez, para ter um aumento econômico precisa juntar três esforços, conforme apresentado na figura a seguir. (SCHIMIDT E SANTOS, 2006) Figura 3 - Relação dos esforços apresentados por Fábio Besta Fonte: Elaborada pela autora, baseado em Schimidt e Santos, 2006. • Gestão: para administrar o patrimônio. • Direção: harmonia da administração e as relações internas e externas • Controle: impedir o desperdício, através da analise de balanços, contas orçamentos. (SCHIMIDT E SANTOS, 2006) Besta compreendia a necessidade de analisar as mudanças patrimoniais, desta forma propôs três esforços para melhorar a compreensão das modificações do patrimônio. FIQUE ATENTO A escola personalista tem influência direta no seu dia a dia. Foi ela que determinou que a azienda tivesse uma personalidade, ou seja, fosse considerada uma pessoa (com direitos e obrigações). • • • - -6 Escola aziendalista A escola aziendalista surge com ensaios sobre a riqueza da azienda como impessoal e administrativa, tendo a Administração, Contabilidade e Organização como princípios. Seus principais pensadores são Courcelle-Seneuil; Leo Gomberg; Johann Friedrich Schar; H. Nicklisch e Rudolf Dietrich. (SÁ, 2006) Essa escola aproximou a Contabilidade da Economia com o conceito de Economologia (função de analisar os fatos que alteravam o patrimônio), fazendo uma relação de causa e efeito para os fenômenos patrimoniais. ( SCHIMIDT E SANTOS, 2006) Figura 4 - Relação Ativo e Passivo Fonte: Elaborada pela autora, 2018. Como a base desta escola era analisar a azienda, o patrimônio em si e as modificações dos fatos patrimoniais, através da relação de causa e efeito, o débito é a causa do crédito, assim como o ativo é o efeito do passivo. Escola patrimonialista A escola patrimonialista teve seu início em 1923, com Vincenzo Mais (1893 - 1977), inspirado por Besta. O autor contribuiu com diversos artigos, sendo que seu enfoque foi que a essência dos fatos é mais relevante que a sua apresentação. Ele dividiu a análise da contabilidade em três aspectos essenciais (SCHIMIDT E SANTOS, 2006): estática patrimonial: grande estrutura patrimonial da azienda; dinâmica patrimonial: movimentação da riqueza; aumento ou levantamento patrimonial; Vincenzo Mais analisava aspectos descritivos estatísticos, não apenas as demonstrações das contas. Desta forma, FIQUE ATENTO Gestão,Direção e Controle são esforços para o sucesso de uma azienda na escola controlista. - -7 Vincenzo Mais analisava aspectos descritivos estatísticos, não apenas as demonstrações das contas. Desta forma, outros documentos eram analisados de forma qualitativa, não só quantitativa (valores das demonstrações). Reconhecendo, assim, o patrimônio como parte essencial na contabilidade. (SCHIMIDT E SANTOS, 2006) Outros influenciadores desta escola foram: Jaime Lopes Amorim, com sua escola do Porto, Gonçalves da Silva, com a Escola de Lisboa, Francisco D’Aurea, entre outros. Fechamento Neste tema, você pôde compreender a importância das escolas para evolução do pensamento contábil. A escola contista trouxe contribuições nas contas. A materialista nas relações das contas (não pessoais). A personalista a determinação de que a empresa teria seus direitos e deveres. A controlista a análise dos pontos de gestão, direção e controle na azienda. A aziendalista o aprofundamento no estudo da riqueza da azienda, verificando que para cada ativo há a necessidade de um passivo. Por fim, a patrimonialista, trouxe a ênfase para o patrimônio e sua evolução, entendendo aspectos quantitativos e qualitativos. EXEMPLO A escola patrimonialista analisava o patrimônio da empresa, considerando os aspectos quantitativos e qualitativos, ou seja, analisava os valores das contas, mas, também, máquinas, estoques, moeda, entre outros. Entenda que, quando falamos em aspectos quantitativos, estamos dando um valor, quantificando. Quando determinamos que uma máquina custa R$10.000,00, dentro da contabilidade, essa valoração é um aspecto quantitativo. SAIBA MAIS Para aprofundar seu conhecimento sobre o assunto, leia o artigo Divulgação da doutrina contábil brasileira: o neopatrimonialismo, publicado na Revista Científica de América Latina y el Caribe, España y Portugal. - -8 Referências CHACON, M. J. M. et al. Divulgação da doutrina contábil brasileira: o neoplatismo. Rev. Científica de América Latina y el Caribe, España y Portugal. Disponível em: http://www.redalyc.org/html/1170/117016559004/>. Acesso em: 22/06/18. REIS, A. J; SILVA, S. L.; SILVA, C. C. Seminário Estudantil de ProduçãoA história da contabilidade no Brasil. Acadêmica v. 16, 2007. Disponível em: < >http://revistas.unifacs.br/index.php/sepa/article/view/299/247 Acesso em: 19/06/18. SÁ, A. L. Doutrinas, escolas e novas razões de entendimento na Ciência Contábil. Revista Catarinense da Ciência Contábil, 2005. Disponível em: <http://revista.crcsc.org.br/index.php/CRCSC/article/view/1135/1064>. Acesso em: 19/06/18. _______. , São Paulo: lob. 2006.Evolução da Contabilidade SCHMIDT, P.; SANTOS, J. L. Coleção Resumos de Contabilidade. v.8. SãoHistória do Pensamento Contábil. Paulo: Atlas, 2006. _____________________. : foco na evolução das escolas do pensamento contábil. São Paulo:História da Contabilidade Atlas, 2008. http://www.redalyc.org/html/1170/117016559004/ http://www.redalyc.org/html/1170/117016559004/ http://revistas.unifacs.br/index.php/sepa/article/view/299/247 http://revista.crcsc.org.br/index.php/CRCSC/article/view/1135/1064 http://revista.crcsc.org.br/index.php/CRCSC/article/view/1135/1064 - -1 Teoria das contas: personalista, materialista e patrimonialista Luciane Rosa de Oliveira e Juliani K. Alves Introdução A contabilidade é uma ciência que tem como principal função a tomada de decisões a partir de informações contábeis. Para que seja possível realizar essa análise, é preciso manter esses dados. Mas, de que forma? Por meio da escrituração contábil, que é uma técnica que registra esses dados em livros contábeis (como diário, caixa, razão) emitidos e assinados pelo contador responsável, de acordo com a legislação vigente. É importante entender que a escrituração é fundamental para o controle patrimonial, pois é por meio dela que se elabora demonstrativos contábeis como o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE). Por isso, dado o grau de importância da escrituração e o grande fluxo de informações da atualidade, em todas as áreas, atualmente muitos softwares fazem a escrituração. Mas como isso ocorre? Essas e outras questões serão respondidas neste tema. Bons estudos! Ao final desta aula, você será capaz de: • através dos sistemas personalistas, materialista e patrimonialista. Processo de escrituração do sistema de contas Para iniciar os estudos, é importante contextualizar a ideia de contas, pois elas são elementos fundamentais do patrimônio, devendo ser registradas e controladas. Para isso, é preciso considerar as seguintes informações em relação às contas: • a classificação (agrupamento de contas, elementos patrimoniais com características semelhantes); • a natureza (credora ou devedora); • a relação das contas, da receita e da despesa com o patrimônio liquido. • • • • - -2 Figura 1 - Processo de escrituração, função do contador Fonte: Lisa S., Shutterstock, 2018. Para realizar uma escrituração, além da classificação das contas, é preciso verificar aquelas que modificam o patrimônio e as que não modificam. Podemos definir que as contas que não modificam fazem atos contábeis, que modificam os valores das contas os quais representam. A partir da classificação da conta e a sua ação, começa a escrituração contábil, que procede de duas formas fundamentais: a , que não é mais utilizadapartida simples por ser considerada incompleta, uma vez que registrava apenas as operações contábeis com pessoas, não registrando contas como as de patrimônio (imóveis) e de resultado (vendas de mercadoria), sendo, assim, falha; e as , criadas pelo Frei Luca Pacioli, em 1494. O conceito surgiu em um livro chamado partidas dobradas “ Summa de Arithmetica, Geometria Proportioni et Propornalità”, que não era especificamente sobre contabilidade, abordando aritmética e geometria, mas um dos capítulos tratava sobre a teoria contábil do débito e do crédito, sendo essas contas relacionadas a números positivos e negativos, ou seja, para cada número positivo, haveria um número negativo O método de partidas dobradas foi rapidamente difundido, sendo um dos pilares da contabilidade. Teoria das contas pela abordagem personalista A abordagem personalista foi influenciada pela teoria das contas, partindo da ideia de que o comércio tem cinco objetivos principais, podendo, então, ter cinco grandes grupos de contas: mercadorias; dinheiro; efeitos a receber; efeitos a pagar e lucros e perdas (FILHO et al., 2015). De acordo com Schmidt (2002), as contas das firmas deveriam ser realizadas no nome de pessoas, físicas ou jurídicas, com direitos e deveres, representando os débitos e os créditos, respectivamente, das pessoas titulares dessas contas com relação à empresa. A partir desse período, é importante diferenciar as contas, que têm natureza devedora ou credora e que pertencem ao passivo e ativo da empresa para, assim, poder realizar o seu lançamento. A teoria de contas ajuda a esclarecer um dilema: por que a contabilidade e as atividades bancárias não ocorrem da mesma forma? Por exemplo: um extrato bancário apresenta crédito quando existe um valor para saque, ou seja, um saldo positivo. Do contrário, quando aparece um débito, o correntista tem um saldo devedor. Na contabilidade, os valores do ativo, considerados como positivo (bens, direitos), são registradas como débito. As contas de passivo (obrigações), por sua vez, são registradas como crédito. - -3 Figura 2 - Representação de um contador trabalhando Fonte: Andrey_Popov, Shutterstock, 2018. Para entender melhor essa questão, é preciso compreender a teoria de contas, que vincula a pessoa responsável pelos procedimentos administrativos realizados. Ou seja, ela não considera o objeto da conta que ele representa, mas, sim, o sujeito que se relaciona com a empresa por meio daquele objeto. A teoria propõe a classificação das contas da seguinte forma: • contas de agentes consignatários - bens (ativo); • contas de agentes correspondentes - débito (representado pelos direitos, ativo) e crédito(representado pelas obrigações, passivo); • contas dos proprietários - representa a diferença entre bens/direitos e obrigações. O aumento dessa diferença é a receita e a redução dessa diferença é a despesa. Para compreender essa teoria, é preciso identificar quem está fazendo a ação. O dinheiro em caixa é um ativo, ou seja, faz parte da conta dos agentes consignatários, sendo o tesoureiro (uma pessoa) o responsável por essa administração. Assim, quanto mais você vende um produto, os valores em caixa aumentam, ou seja, com um volume maior de dinheiro, mais ele (tesoureiro) se torna responsável: esse valor é registrado na conta DÉBITO. O tesoureiro que guarda o dinheiro tem um débito com a empresa. Da mesma forma quando se paga uma conta, o dinheiro SAI do caixa da empresa, diminuindo, assim, o valor que o RESPONSAVEL deve a empresa, sendo considerado um CRÉDITO. Desta forma, na mesma lógica anterior, pode-se entender que os componentes do patrimônio (bens) de uma empresa têm uma natureza devedora, pois aumentam o valor do débito e reduzem o valor do crédito. Portanto, a relação entre débito e crédito é essencial para o estudo da contabilidade, uma vez que a realização dos demonstrativos contábeis é a base dentro da contabilidade. Essa relação teve grande influência da teoria da abordagem personalista. Teoria das contas pela abordagem materialista A relação entre as receitas e as despesas com o patrimônio líquido (para o fechamento do exercício) define as contas em diferenciais e integrais. Integrais, ou elementares, são aquelas constituídas de bens, direitos e obrigações, ou seja, as contas do ativo e do passivo, excluindo as contas do patrimônio líquido. Diferenciais, também conhecidas como derivadas, são aquelas que demonstram a relação do patrimônio líquido • • • - -4 Diferenciais, também conhecidas como derivadas, são aquelas que demonstram a relação do patrimônio líquido com as contas de resultado, ou seja, a diferença entre o ativo e o passivo (situação líquida). A venda de mercadorias, por exemplo, aumenta o patrimônio (receitas) e o pagamento de insumos (despesas) diminuem as contas. Vale destacar que a importância dessa teoria está na relação entre o patrimônio líquido e as contas de resultado, sabendo-se que uma receita aumenta o patrimônio e uma despesa diminui o patrimônio. Teoria das contas pela abordagem patrimonialista Essa teoria influenciou a classificação das contas em patrimoniais e de resultado, bem como o período em que é realizada a contabilidade dentro de uma empresa. As contas patrimoniais são aquelas que derivam do patrimônio a partir da análise de em um determinado período de tempo, sendo elas: bens, direitos (ativo), obrigações (passivo) e a diferença entre ativo e passivo, que resulta no patrimônio líquido. Alguns exemplos: ações, despesas de instalação, estoques, imóveis, matéria-prima, marcas e patentes, estoque (ativo); duplicatas a pagar, empréstimos em banco, ICMS a recolher (passivo); capital, lucros acumulados, reserva de capital (patrimônio líquido). Figura 3 - Análise das contas Fonte: Zerbor, Shutterstock, 2018. As são elementos que modificam o patrimônio da empresa (dinâmica patrimonial), as contas de resultado despesas (contas que diminuem o patrimônio) e as receitas (contas que aumentam o patrimônio). São alguns exemplos: imposto sobre venda, despesas com recursos humanos, despesa com serviços de terceiros, despesas administrativas (despesas); receita bruta de venda, receitas financeiras e juros ativos (receita). Em relação ao período em que a contabilidade é realizada, a teoria definiu a duração do exercício em 12 meses, FIQUE ATENTO A Teoria Materialista influenciou na divisão das contas em grupos patrimoniais, possibilitando uma melhor análise do patrimônio, facilitando os informes contábeis. - -5 Em relação ao período em que a contabilidade é realizada, a teoria definiu a duração do exercício em 12 meses, não coincidindo, necessariamente, com o ano civil. Desta forma, fica evidente o controle do patrimônio, uma vez que, nesse período, é possível comparar mês a mês e verificar se existiu ou não um crescimento no patrimônio, bem como as razões do aumento ou da diminuição, dependendo do resultado encontrado. Assim, vale ressaltar que as contas de patrimônio verificam essa modificação (comportamento do patrimônio líquido), enquanto as de resultado ficam com saldo zero, ou seja, são zeradas no final do exercício, sendo que seu valor é reduzido a zero e o valor líquido é transferido de volta para o patrimônio líquido. Observe, a seguir, um exemplo de DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício), ou seja, o resultado de uma empresa. Figura 4 - Demonstração de Resultado do Exercício Fonte: Elaborado pela autora, 2018. EXEMPLO Se analisarmos uma empresa que realiza a venda de mercadorias nos dias úteis de um ano, devemos fazer uso do período do ano civil para a contabilidade, pois não há motivo para não o fazer. Já empresas com características diferentes, como do setor agrícola, que dependem das safras, podem considerar o período contábil de agosto a julho, por exemplo. - -6 Note que a última conta representa um lucro, demonstrando que as contas foram zeradas e que apenas a última conta referente a lucro/ prejuízo (nesse caso, lucro), foi transferida para o Balanço Patrimonial da empresa. Fechamento Nesta aula, você teve oportunidade de entender que a escrituração é uma técnica utilizada até os dias de hoje, sendo essencial para a contabilidade e não mais realizada em livros, mas por meio de softwares. Além disso, você teve a oportunidade de compreender que a escrituração foi feita pelas partidas dobradas e que três abordagens foram essenciais para contabilidade: materialista, patrimonialista e personalista. Referências CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. Brasília:Manual de Contabilidade do Sistema CFC/CRCs. CFC, 2009. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/manual_cont.pdf >. Acesso em: 08/08/18. FILHO, J. M. P.; OLIVEIRA, T. G. O.; PEREIRA, N. S. P.; PEREIRA, C. A.; MONTEIRO, R. P. A contabilidade na visão evolutiva: agregando e valorizando o capital no âmbito teórico contábil. RAGC – Rev. de Auditoria Governança , v.3, n.5, p.44-54. Monte Carmelo, 2015.e Contabilidade SCHIMIDT, P. . São Paulo: Bookman, 2002.História do Pensamento contábil FIQUE ATENTO O período de duração de um exercício pode começar em março de 2018 e terminar em março de 2019, por exemplo, não sendo necessário corresponder aos 12 meses do ano civil (1 janeiro a 31 de dezembro). SAIBA MAIS Para aprofundar seu conhecimento sobre o plano de contas, leia o capítulo IV do Manual de Contabilidade do Sistemas CFC/CRCs, disponibilizado pelo Conselho Federal da Contabilidade. http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/manual_cont.pdf http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/manual_cont.pdf - -1 Escolas europeia e americana de contabilidade Luciane Rosa de Oliveira Introdução Neste tema, vamos conhecer duas escolas contábeis que foram essenciais e necessárias para o entendimento da contabilidade moderna: a escola europeia, que é considerada cientifica (com doutrinas, postulados), e a norte- americana, conhecida como pragmática (com normatizações e terminologias). Assim, a partir do contexto histórico, vamos entender as influências de cada uma dessas escolas no cotidiano da contabilidade. Você sabe qual das escolas é atribuída maior influência? A contabilidade que vemos, hoje, dentro das empresas foi advinda de conceitos das escolas europeias ou norte-americanas? Essas teorias se complementam? Qual a influência delas nas sociedades anônimas? Vamos descobrir? Bom estudo! Ao final desta aula, você será capaz de: • descrever as características das escolas europeia e americana do pensamento contábil, comparando suas diferenças. Ascensão da escola europeia de contabilidade Sabemos que a história da contabilidade teve início com a necessidade de a humanidade controlar o patrimônio.
Compartilhar