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Relatório sobre a Globalização

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ANO LETIVO 2021/2022 
FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO 
CURSO DE 1º CICLO: Licenciatura em Sociologia 
1º ANO | 2º SEMESTRE 
UNIDADE CURRICULAR: Sociologia Geral II 
DOCENTE: Carlos Gonçalves 
 
 
 
 
RELATÓRIO ESCRITO INDIVIDUAL 
 
 
 
 
 
Beatriz Costa Matos | Nº 202106177 
Porto, 6 de abril de 2022 
1 
 
 
 
 
ANO LETIVO 2021/2022 
FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO 
CURSO DE 1º CICLO: Licenciatura em Sociologia 
1º ANO | 2º SEMESTRE 
UNIDADE CURRICULAR: Sociologia Geral II 
DOCENTE: Carlos Gonçalves 
 
 
 
 
GLOBALIZAÇÃO: 
SIGNIFICADOS, IMPLICAÇÕES E CONSEQUÊNCIAS 
 
 
 
 
Beatriz Costa Matos | Nº 202106177 
Porto, 6 de abril de 2022 
2 
 
 
 
 
 
 
“A globalização é um totalitarismo. Totalitarismo que não precisa nem de camisas verdes, 
nem castanhas, nem suásticas. São os ricos que governam e os pobres vivem como podem.” 
- José Saramago 
3 
 
ÍNDICE 
Introdução .................................................................................................................................. 4 
Parte 1 ......................................................................................................................................... 4 
1. O que é a globalização? ................................................................................................ 4 
2. Dimensões da globalização .......................................................................................... 6 
3. Posicionamentos teórico políticos ............................................................................. 10 
4. Causas da globalização ............................................................................................... 12 
5. Consequências para a vida social ............................................................................... 13 
Conclusão ................................................................................................................................. 17 
Parte 2 ...................................................................................................................................... 18 
1. Primeiro artigo: El impacto de la globalización en la educación superior del siglo 
XXI. Cambios en el imaginario social de las comunidades educativas de Ignacio 
Acosta Ballestero ........................................................................................................ 18 
2. Segundo artigo: Bartolomé Yun Casalilla (2021), Os impérios ibéricos e a 
globalização da Europa (séculos XV a XVII) de Jesús Bohorquez ............................ 19 
3. Terceiro artigo: Learning the Word and the World ou Aprendendo a Palavra e o 
Mundo. Abordagens históricas da alfabetização, educação, globalização e 
emancipação de Luís Grosso Correia ......................................................................... 20 
4. Quarto artigo: Case study: The importance of interdisciplinarity and intercultural 
practices de Maria de Fátima Marinho ....................................................................... 21 
Anexos ...................................................................................................................................... 22 
Referências bibliográficas ........................................................................................................ 24 
 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
No âmbito da unidade curricular de Sociologia Geral II, lecionada pelo docente Carlos 
Gonçalves, foi-nos proposto a elaboração individual de um relatório escrito com o tema 
principal acerca da Globalização. O relatório encontra-se dividido em duas partes – a primeira 
tem como objetivo aprofundar o que é a globalização, as suas causas e consequências e a 
segunda ocupa-se de quatro artigos e os seus respetivos resumos sobre o tema anteriormente 
trabalhado. 
Na primeira parte começo por dar uma explicação introdutória sobre o que é a 
globalização e abordo o debate em torno da dificuldade de concetualizar a globalização; de 
seguida trato as dimensões da globalização – política, social, cultural e económica – bem como 
o que implicam; em terceiro, abordo as três principais perspetivas sobre a globalização – a 
hiperglobalista, a cética e a transformacionista; em quinto, aponto algumas das causas que 
foram fenómenos-chave para a consolidação da globalização; irei, por fim, mencionar e 
problematizar as mais controversas consequências da globalização. 
Na segunda parte irei resumir quatro artigos retirados do Serviço de Documentação e 
Informação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e do B-On. O primeiro é referente 
aos impactos da globalização no ensino superior, o segundo é um resumo crítico duma obra 
sobre os impérios ibéricos e a sua globalização, o terceiro fala da alfabetização e relaciona-a 
com a globalização e o quarto aborda o papel atual das universidades perante as consequências 
da globalização. 
Neste trabalho pretendo acima de tudo desmistificar o termo “globalização” uma vez 
que é bastante comum ouvirmos e usarmos tal conceito no nosso quotidiano. No entanto, o 
conhecimento com que o usamos é baseado no senso-comum e por isso é usado de forma leve 
e pouco pensada, mas a verdade é que a globalização é muito mais complexa que isso, como 
irei explicar no presente relatório. 
PARTE 1 
1. O que é a globalização? 
Ao longo das últimas décadas, a globalização tem sido um conceito cada vez mais abordado 
e discutido; no entanto, ainda não há consenso sobre aquilo que realmente define a globalização. 
Começou a ser usado nos anos 70 do século XX e desde aí o conceito de globalização tem sido 
5 
 
reconhecido como um processo de aproximação entre as mais diversas sociedades, nações e 
países e, pelo seu caráter multidimensional e de interligação, tem vertentes inseparáveis, sendo 
elas económicas, culturais, sociais e políticas. 
No entanto, esta definição depende de vários fatores tanto dentro da academia – uma vez 
que cada uma tem uma visão diferente sobre a globalização, dependendo do respetivo 
paradigma clássico – como na opinião pública – a ideologia individual, situação económica, 
etc. Para Giddens (2013), a globalização entende-se pelo “facto de vivermos cada vez mais num 
único mundo, pois os indivíduos, os grupos e as nações tornaram-se mais interdependentes” 
(Giddens, 2013). Com isto é possível afirmar que existe, no meio académico principalmente, 
uma grande dificuldade em delinear as características, o conceito (ou significado), as causas e 
as consequências da globalização devido a ser um complexo processo. 
Mesmo sendo um conceito relativamente recente, a globalização tem uma dimensão 
histórica, sendo que a intensificação das relações entre países remete-nos para o século XV. 
Assim, conseguimos distinguir três vagas (ou fases) da globalização: a primeira fase – começou 
nas descobertas marítimas em África e na Índia levadas a cabo pelos portugueses no século XV; 
a segunda fase – teve início com a Revolução Industrial e permitiu um grande avanço nas 
tecnologias com, por exemplo, a máquina a vapor; e a terceira fase – é a que ainda vivemos 
hoje, mas que já perdura desde os anos 80 do século XX e incorpora inovações como a internet 
e o e-mail. 
No cenário atual, podemos distinguir a nossa fase de globalização das anteriores pela 
relevância que dá ao capital financeiro em detrimento do económico e pela hegemonia das 
potências mundiais que passaram a ser também norte-americanas e asiáticas, em vez de serem 
unicamente europeias. 
Em Held et al. (1999), a globalização só ocorre quando os fenómenos que acontecem em 
certo local, se propagam pelo resto do mundo. Essa propagação é possível devido, 
principalmente, às redes de transportes e de comunicação uma vez que possibilitam a 
aproximação do mundo e a difusão de ideais e capital. 
Em Giddens (1990), é dada grande relevância à globalização como um fenómeno do nosso 
quotidianoe próximo a nós, que nos afeta diretamente e não como um fenómeno distante e 
indireto. Por isso, o autor afirma que a globalização é definida por ser um grande fator que 
6 
 
influencia a vida pessoal dos indivíduos – “globalization can … be defined as the intensification 
of word-wire social relations which link distante localities in such way that local happenings 
are shaped by events occurring many miles away and may move in obverse direction from the 
very distanciated relations that shape them” (Giddens, 1990). 
Já para Robert Holton (2005, citado por Martell, 2010), a globalização assenta em três 
conceitos fundamentais, a conscientização de todo o mundo como um local só, a interconexão 
cultural, política, económica e social e a interdependência nos mercados mundialmente. 
Outro autor, Roland Robertson (1992), afirma que a globalização é um conceito que se 
refere à aproximação do mundo – “globalization as a concept refers both to the compression of 
the world as a whole… both contrete global interdependendence and consciouness of the global 
whole.” (Robertson, 1992). 
Concluindo, podemos dizer que a globalização não é um conceito totalmente definido e que 
a sua conceptualização depende de autor para autor, de academia para academia e de pessoa 
para pessoa. Isso deve-se à sua complexidade enquanto fenómeno social, que dificulta a 
existência duma opinião unânime. 
2. Dimensões da globalização 
Devido à sua complexidade, a globalização é composta por variadas dimensões que acabam 
por constituir e definir aquilo que é a globalização. Não se trata de um processo único, mas sim 
de um conjunto multidimensional de processos sociais simultâneos e não uniformes, que atuam 
a vários níveis e em várias dimensões, não podendo ser confinados a uma única moldura 
temática. Com isto, podemos falar das seguintes dimensões: económico-financeira, política, 
social e cultural. 
Económico-financeira 
Nos anos 70 do século XX, o aumento do preço do petróleo teve grande importância na 
crise do estado providência e do bem-estar social. A filosofia política keynesiana – que consiste 
numa ajuda por parte do Estado nos setores da educação, justiça, saúde e assistência – foi posta 
em causa devido à criação da OPEP, causando crises económicas nos países por consequência 
ao aumento dos preços do petróleo, especialmente os Estados Unidos da América, bem como a 
falência das políticas propostas por Keynes. 
7 
 
Assim sendo, os anos 80 foram marcados por alterações políticas e sistémicas a nível global, 
porém tendo também como protagonista a ascensão e solidificação do neoliberalismo enquanto 
ideologia política vigente na maioria dos países. O neoliberalismo é caracterizado pela aposta 
na abertura da economia para a entrada de multinacionais, pela leve intervenção do Estado e 
pela individualidade. 
Neste contexto observamos várias mudanças também a nível social e económico. Primeiro, 
podemos apontar a desregulação das offshores – movimentos de capitais – que deixam de ser 
nacionais e começam a ser também um investimento internacional, ou seja, antes víamos uma 
separação alfandegária entre os diferentes países, mas, atualmente, com o neoliberalismo, essa 
barreira foi destruída muito por causa das empresas transnacionais – são responsáveis por dois 
terços do comércio mundial e pela expansão tecnológica por todo o mundo. As mudanças no 
custo dos transportes, que se torna mais barato, e a revolução nas tecnologias e na informação 
permitem o transporte rápido da informação através da internet – aspeto fundamental da 
dimensão económico-financeira da globalização. 
A revolução das tecnologias (principalmente com a internet) foi um fator elementar para a 
consolidação da globalização pois permitiu a existência da economia eletrónica. Esta economia 
permite aos variados atores económicos, como os bancos, uma agilização nas suas transações. 
Porém, a nova agilidade com que fazem estas trocas também é causadora de graves crises 
económicas e financeiras. Assim, de acordo com o conceito de globalização explicitado no 
ponto 1 do relatório, podemos afirmar que, embora comece numa zona isolada do globo, estas 
crises se alastram muito facilmente, tornando-se uma crise de cariz mundial. Este fenómeno 
reforça a ideia de interdependência entre os diferentes países do mundo e das suas 
consequências negativas. 
Finalmente, é importante distinguir os diferentes países e os seus respetivos papéis na 
economia global. Existem três categorias: centrais, periféricos e semiperiféricos. Os centrais 
trata-se dos países pertencentes à Tríade – América do Norte, Europa e Ásia Pacífica – e que 
têm no seu poder uma dominação económica e política sobre os restantes países. Os periféricos 
são os países que possuem uma mão de obra extremamente barata, matéria-prima abundante e 
governos flexíveis e fracos e, por isso, são muito dependentes dos países do centro. Por último, 
temos os países semiperiféricos que, não se encontrando totalmente numa destas duas 
definições, têm características híbridas. 
8 
 
Política 
O grande acontecimento geopolítico que favoreceu o fenómeno da globalização foi a queda 
da União Soviética. Com o fim da Guerra Fria (1945 a 1986), o mundo bipolarizado – por um 
lado, o bloco de leste (socialista), por outro o bloco ocidental (capitalista) – caiu, tendo como 
consequência a queda do muro invisível que os dividia. Isto permitiu a expansão do capitalismo 
a nível global. Como podemos ver nos dois mapas do anexo nº 1, em 1990 o mundo era 
claramente dividido entre os dois blocos, porém em 2015 observamos o aumento exponencial 
dos países capitalistas na Europa e na Ásia Central. Países como a Polónia e a Ucrânia foram-
se adaptando aos hábitos económicos e políticos ocidentais, tornando-se países totalmente 
capitalistas. 
Tal como aconteceu na Europa, a China comunista dos anos 80 perdeu o seu caráter 
protecionista e abriu portas a um sistema mais capitalista promovido pelas reformas económicas 
de Deng Xiaoping, também conhecido como “Arquiteto Chefe”. Xiaoping foi autor da reforma 
e abertura da economia chinesa que quebrou por completo o mundo bipolarizado e abriu 
caminho à solidificação do capitalismo em todos os cantos do mundo, promovendo a 
globalização. 
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o medo duma terceira guerra acontecer era enorme 
e por isso foram sendo criadas instituições e organizações que promovessem a paz e a resolução 
dos conflitos entres os diferentes países através da diplomacia. A título de exemplo temos a 
União Europeia onde, atualmente, 27 países cooperam e governam democraticamente com vista 
à resolução dos problemas que afetam a Europa. O método de diálogo contínuo e representativo 
dos estados-membros é, no entanto, polémico pois implica a perda da soberania nacional dos 
estados uma vez que os mesmos se têm de subjugar às decisões feitas no parlamento europeu. 
O Fundo Monetário Internacional é outro exemplo de instituições que, teoricamente, têm como 
objetivo desenvolver e ajudar países mais desfavorecidos e combater fraudes fiscais e desvios 
de dinheiro. 
Ainda neste contexto, temos a criação das organizações não governamentais (ONG) que 
estão afastadas do poder governamental e têm um papel fundamental na imposição de medidas 
que alertem os governos dos problemas que se passam pelo mundo fora. São organizações que, 
embora afastadas da política propriamente dita, têm um poder político enorme pois conseguem 
pressionar os governos a tomar decisões e a posicionar-se perante situações que, à partida, se 
9 
 
iriam distanciar. Como exemplo temos a Amnistia Internacional, uma organização não 
governamental fundada em 1961 e que defende os direitos humanos por todo o mundo. 
Social 
O processo de globalização é muito caracterizado pelas mudanças económicas, culturais e 
políticas (como vemos neste ponto do relatório). Não obstante, associada a essasmudanças, há 
uma vertente social que é bastante afetada. Como falarei no ponto 5 do relatório, a globalização 
apresenta inegavelmente uma grande culpa no que importa às desigualdades sociais. 
Esta desilgualdade social encontra-se em todas as vertentes. Tanto na dictomia norte e sul 
global, como entre os diferentes países do mesmo continente e etc. No Relatório do 
Desenvolvimento Humano de 2019, composto pelo Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento, é notável a melhoria global de certos países a nível do bem-estar social e 
económico e da qualidade de vida em detrimento da degradação destas condições em outros 
países. 
Existe então uma concentração de riqueza e capital em certos países (norte global) que, por 
sua vez, são um indicador de concentração de poder, ou seja, os países mais ricos são 
simultaneamente os países mais poderosos, tornando mais difícil a implementação de políticas 
que visem a diminuição das desigualdades de rendimento, que observámos no parágrafo 
anterior, e a melhoria da qualidade de vida. No entanto, com medidas específicas, como o 
sistema de impostos e as políticas antimonopólio, poderá ser possível, num futuro longíncuo, 
atingirmos um cenário social de maior equidade, igualidade e dignidade, segundo o relatório 
do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. 
Cultural 
A dimensão cultural está dividida em duas perspetivas diferentes sobre a cultura sob a 
globalização: a cultura global e a homogeneidade cultural. A cultural global (tratada com mais 
detalhe no ponto 5 do relatório) é a ideia de que, com a disseminação dos meios de comunicação 
e de transporte, as diferentes culturas do globo se vão aproximando através dum processo de 
troca e partilha de costumes e valores, criado uma grande cultura mundial que engloba uma 
pequena parte de várias culturas. Já a homogeneidade cultural defende que o ocidente impôs, 
de certa forma, a sua cultura (crenças, ideias, valores, etc) no resto do mundo. A ideia de 
homogeneidade cultural anda de mãos dadas com a ideia de “McGlobalização” que trata a 
10 
 
forma como o McDonalds, uma cadeia de restaurante de fast food, se espalhou pelo globo, 
mudado hábitos alimentares, tronando-os extremamente padronizados. Nesta homogeneidade é 
impossível não reconhecer uma clara hegemonia norte-americana, que também pode ser 
explicada, segundo Giddens, através dos fenómenos de Hollywood, como Titanic. 
Nesta dimensão também é importante mencionar o conceito de mudança social. Como 
exemplo temos a luta feminista e a figura da mulher na sociedade, que passou duma figura 
submissa para uma figura emancipada e que ao longo dos anos foi adquirindo cada vez mais 
direitos. Esta mudança na sociedade tem muito que ver com a globalização pois foi a partir 
deste fenómeno que as ideias da luta feminista se difundiram em todo o mundo. No entanto, 
ainda há muito a fazer no que toca ao papel da mulher na sociedade; não obstante, é necessário 
reconhecer que o caminho até aqui percorrido foi de extrema importância. 
3. Posicionamentos teórico políticos 
Como qualquer conceito bastante debatido, a globalização divide muitos teóricos sobre a 
natureza e a explicação do que é a globalização. Este debate não se restringe ao debate 
académico mas também se alongou à opinião pública. Juntamente com os seus colaboradores, 
David Held dividiu as opiniões acerca da globalização em três escolas de pensamento – os 
hiperglobalizadores, os céticos e os transformacionistas. 
A abordagem hiperglobalista afirma que a globalização é um fenómeno com consequências 
sentidas em todos os cantos do globo e, por isso, não respeita as fronteiras nacionais. Para os 
hiperglobalizadores, os países deixam de ter o controlo das suas próprias economias devido ao 
crescimento acelerado do comércio mundial, criando uma “nova ordem global, que deriva de 
poderosos fluxos de comércio e de produção que transpõem as fronteiras” (Giddens, 2013). 
Nesse contexto, começam a ser reconhecidos pela população os limites dos políticos e dos 
governos, tendo como consequências o refúgio em organizações internacionais com maior 
controlo sobre os aspetos económicos, políticos e de defesa mundiais, como a União Europeia 
e a Organização Mundial do Comércio. Assim, assistimos à diminuição da relevância e à 
fragmentação do Estado e da sua desacreditação como uma unidade económica viável que tem 
como consequência o fim do bem-estar social e a necessidade de organismos e organizações 
internacionais regularem a vida nacional. Estes pensadores têm a globalização como um 
fenómeno económico e promotor da integração entre mercados e economias, defendendo uma 
economia global sem fonteiras onde existe uma prioridade dos mercados em relação à 
11 
 
intervenção estatal. Para os hiperglobalizadores e segundo Martin Albrow (citado por Giddens, 
2013), estamos perto de uma “era global” que avizinha o “declínio da importância e da 
influência dos governos nacionais” (Giddens, 2013) devido a todas estas mudanças que 
assistimos. 
Os céticos, por outro lado, reconhecem que existe um maior “contacto entre países hoje em 
dia, mas a sua perspetiva é a de que a atual economia mundial não está suficientemente 
integrada para se considerar verdadeiramente globalizada” (Giddens, 2013). Contrariamente 
aos hiperglobalizadores, acreditam que o Estado assistiu ao reforço e ao aumento dos seus 
poderes enquanto instituição, mesmo com a intensificação da atividade internacional. Por isso, 
para os céticos, quando falamos da globalização estamos apenas a promover um debate sobre 
um tema que, na verdade, não é uma novidade e é contrariado por vários aspetos do mundo 
atual. Nesta abordagem, os governos e os políticos mantêm os seus poderes e relevância e são 
considerados impulsionadores de acordos comercias e de decisões de políticas de intervenção. 
Sendo os maiores críticos dos hiperglobalizadores, os céticos apontam a globalização como 
uma espécie de mito que muitas vezes se confunde, no seu ponto de vista, com a 
internacionalização pois a globalização apenas acontece quando há uma perfeita integração dos 
mercados internacionais e a internacionalização dá-se quando existe uma diminuição do 
comércio entre o norte e o sul global e um aumento na concentração das relações comerciais 
entre os países desenvolvidos. A regionalização da economia mundial – blocos financeiros e 
comerciais – é um ponto central para os céticos porque prova que a economia global está menos 
integrada e por isso menos global. Em suma, para os pensadores céticos, os governos nacionais 
têm uma centralidade cada vez maior na regulamentação e promoção das atividades económicas 
fora das suas fronteiras territoriais. 
Já os transformacionalistas adotam uma posição mais moderada, comparando às duas visões 
acima faladas, uma vez que se referem à ordem global como estando em contínua 
transformação; no entanto, existem padrões que permanecem. Por exemplo, os governos 
continuam a ter a relevância, afirmada pelos céticos, nas decisões políticas e económicas dos 
países que governam, porém essas decisões são condicionadas por regras e acordos 
internacionais, como defendem os hiperglobalizadores. Isso acontece porque a globalização 
está a transformar os poderes dos governos e a política mundial, ou seja, os governos têm de se 
reestruturar para, por um lado, atender a estas mudanças e, por outro, preservar alguns padrões 
importantes e as características do seu próprio país. 
12 
 
Como nota, também é importante dizer que os mais variados quadrantes políticos 
apresentam diferente visões sobre a globalização bem como opiniões sobre as suas 
consequências que podem, ou não, corresponder às escolas de pensamento acima explicadas. 
4. Causas da globalização 
Podemos apontar inúmeros fatores que irromperam com o que hoje conhecemos como o 
mundo global. O grande acontecimento que continua a ser classificado como o principalprecursor das vagas da globalização é a Revolução Industrial. No entanto, existem outros 
fatores importantes na narrativa e muitos são fatores causa-efeito, como poderemos ver ao longo 
dos pontos 4 e 5 do relatório. 
No século XVIII, o mundo assistiu a um crescimento anómalo e a um avanço avassalador 
da tecnologia e das infraestruturas das telecomunicações mundiais. Foram estes avanços, como 
por exemplo as linhas férreas, que vieram encurtar grandes distâncias e “encolher” o mundo e 
aproximar as pessoas. O telefone, a televisão e, mais tarde, a internet são outros exemplos de 
tecnologias que, duma forma mais ou menos literal, também encurtaram as distâncias entre as 
pessoas e facilitaram a troca de informações, costumes e ideais, proporcionando a globalização. 
Como já vimos, a primeira fase de globalização remonta para a época dos Descobrimentos, 
isto é, para períodos históricos anteriores à modernidade. Contudo, para Martell (2010), é só a 
partir do fim da idade média que podemos observar instituições e estruturas sociais que fossem 
reflexo da globalização. Assim, mesmo que se possa apontar algumas tendências globalizantes 
antes da idade moderna – por exemplo, a expansão do islamismo ou do cristianismo com as 
Cruzadas, que movimentaram ideias, costumes, especiarias, etc – não podemos dizer que isso 
foi realmente globalização uma vez que não atingiu o global em extensão, não foi reconhecido 
pelas massas e por isso era limitado a um grupo de pessoas e não implicaram a interdependência 
entre regiões e países, como observamos atualmente. Com isto, é importante para vários autores 
distinguir globalização de mundialização pois esta última refere-se à expansão comercial 
derivada do colonialismo. 
Como expliquei nos parágrafos anteriores, a globalização deve-se muito às inovações nos 
transportes e nas comunicações que a Revolução Industrial nos trouxe. Porém, a chamada “III 
Revolução Industrial” também teve um papel fulcral no desenvolvimento da globalização atual 
13 
 
uma vez que veio inovar e renovas as tecnologias, criando a computação eletrónica e a 
biotecnologia, por exemplo. 
Outro exemplo de fatores impulsionadores da globalização é o capitalismo financeiro, isto 
é, a fase do capitalismo em que há uma grande densidade de fusões entre bancos e empresas e 
a divisão em ações de grandes empresas. Isto permitiu que hoje em dia, através da bolsa de 
valores, as transnacionais consigam fazer operações financeiras com muita rapidez e agilidade, 
facilitando e proporcionando a interdependência económica. 
As migrações são outro fator que podemos associar à intensificação da globalização. 
Principalmente depois da Guerra Fria, as migrações aumentaram exponencialmente e com este 
movimento de pessoas também existirá um movimento de costumes, ideias, valores e cultura. 
Foi também consequência do fim da Guerra Fria a mudança de políticas mais intervencionistas 
para políticas mais neoliberais na Europa. 
Poderia acrescentar muitos outros fatores, como a massificação do telemóvel e o adjacente 
surgimento das redes sociais – como o Twitter e o Facebook – pois a globalização tem uma 
numerosa fonte de causas e consequências que a tornam num assunto muito complexo de se 
trabalhar e investigar. 
5. Consequências para a vida social 
A globalização é um fenómeno que, para além de nos moldar enquanto cidadãos, tem grande 
impacto nas nossas vidas mesmo que nós não a sintamos de forma direta. As consequências de 
um mundo globalizado para as sociedades e para a vida social são, por outro lado, também 
consideradas uma causa que proporciona o desenvolvimento da globalização – assim, 
conseguimos falar de razões de causa-efeito. 
Primeiramente, podemos apontar a intensificação das trocas comerciais e financeiras e a 
diminuição das barreiras ao comércio internacional que é acompanhada pela quebra do 
protecionismo económico como uma das mais prepotentes consequências da globalização. Uma 
maior liberdade de trocas no mercado permite um crescimento económico, uma expansão dos 
mercados e do capital em circulação. Esta dinâmica é fortemente marcada pelo pensamento 
neoliberal que banhou o ocidente na segunda metade do século XX. Mas que impacto social 
terá este ciclo de neoliberalismo e individualismo que é protagonizado pela globalização? 
14 
 
Uma das mais importantes consequências será o aumento das desigualdades entre o norte e 
o sul global. Se percebermos que a globalização está assente numa cultura global promovida 
pelas grandes empresas transnacionais, conseguimos perceber que existe uma nova dimensão 
da divisão internacional do trabalho, com a viragem para uma economia fortemente capitalista 
e focada no lucro, a qual é promovida com a subida de políticos ao poder, como Margaret 
Thatcher na Inglaterra e Ronald Reagan nos Estados Unidos da América. As políticas internas 
destas grandes empresas são, de forma simplificada, um reflexo da (suposta) supremacia 
europeia e norte-americana que é marcada pelo individualismo e pela busca incessante do lucro. 
As empresas deslocam-se para países do “Terceiro Mundo” onde a mão-de-obra é mais 
barata, as políticas ambientais são menos rígidas e existem isenções e benesses fiscais. No fim, 
acabamos por observar apenas uma sobre-exploração dos recursos e um neocolonialismo em 
países do sul global que vêm mascarados de investimento; no entanto, todos os lucros retornam 
ao país-sede. 
A título de exemplo, temos o caso da Noruega. A Noruega é um país desenvolvido, com 
um IDH bastante positivo (ver anexo nº 2) e que tem uma boa reputação a nível internacional, 
sendo tida como um modelo a seguir. Porém, o modelo que realmente conseguimos extrair da 
Noruega é o modelo de séculos de exploração e neocolonialismo de países como o Brasil, que 
apresenta um IDH bem menor (ver anexo nº 2). Os investimentos feitos no Brasil pelas 
empresas norueguesas são uma fachada para o aumento do lucro e que acarreta consequência 
graves a nível ambiental (com a contaminação de rios e comunidades) e a nível social. 
Outro resultado da globalização será a criação de uma cultura mundial. Segundo Giddens 
(2013), o caminho para uma economia única e unificada resulta numa alteração do mapa 
cultural, isto é, “as redes de pessoas espalham-se para lá de fronteiras nacionais e mesmo de 
continentes, criando laços culturais entre os locais de nascimento e os seus países adotivos” 
(Giddens, 2013). 
Culturas que há umas décadas atrás estavam completamente isoladas e sem representação, 
atualmente, graças à globalização, têm as suas histórias, costumes e tradições a serem 
disseminadas através da televisão, do rádio, dos jornais, etc. Então, tal como já aconteceu, 
dentro de um ou duas gerações iremos ter acesso a novas culturas que ainda hoje estão por 
descobrir e que ainda não chegaram à cultura global, espessando e complexando a globalização. 
15 
 
Na obra Sociologia, Anthony Giddens (2013) expõe as forças que produzem e são produto 
da cultura global e que promovem a aproximação cultural. 
Começa pela televisão, que levou a cultura britânica e americana (através de programas e 
séries televisivas, como Friends) a vários cantos do mundo e que, por sua vez, receberam, por 
exemplo, as culturas holandesas e suecas nas suas casas. As novas tecnologias da comunicação, 
como a televisão, também promoveram a padronização, ou seja, certos acontecimentos 
repetem-se em diferentes contextos e por diferentes fontes. Depois fala-nos da economia 
mundial unificada que espalha negócios (fábricas, estruturas de gestão e mercados) pelos vários 
países. Aos gestores destes grandes negócios, Giddens (2013) apelida de “cidadãos globais” 
porque acabam por passar grande parte do seu tempo em viagens pelo mundo, “identificando-
se com uma cultura global e cosmopolita, e não tanto com a cultura do seu próprio país” 
(Giddens, 2013). 
Giddens (2013) refere que organizações internacionais(Organização das Nações Unidas, 
por exemplo), associações de comércio regional e de defesa mútua (Organização do Tratado do 
Atlântico Norte), bancos multinacionais, acordos internacionais, etc. estão a criar um 
enquadramento global nas esferas políticas, legais e militares. Finalmente, as comunicações 
eletrónicas, como o telefone, o fax e a internet, integram um papel importante no que diz 
respeito à globalização pois, ao permitirem uma comunicação instantânea, possibilitam a 
disseminação da informação duma forma facilitada. 
Com isto, percebemos que as novas tecnologias, principalmente a internet, protagonizam o 
fenómeno da globalização. Mas há muito a dizer sobre isso. O acesso à internet não cresceu, 
nem cresce, ao mesmo ritmo em todo o globo. Com a tabela apresentada no anexo nº 3, é 
possível concluir que principalmente os países africanos continuam a não ter os mesmos acessos 
e a mesma facilidade em utilizar a internet. É também possível destacar o papel do continente 
americano em relação ao uso de PC’s. 
É também uma consequência preocupante da globalização o aumento do desemprego e, 
consequentemente, da pobreza. Ao contrário do que se esperava, a globalização resulta, em 
muitos casos, no aumento do desemprego. Nos países em desenvolvimento, as populações 
estavam – até à globalização – contavam com os trabalhos nas indústrias e no campo. Com o 
avanço da tecnologia e com progresso das ciências, os empregos que antes eram dispensáveis 
de formação ou qualificação passam a requerer um nível superior de educação – que poucos 
16 
 
conseguem ter acesso. Assim, muita população acaba no desemprego e na pobreza, pela falta 
de emprego. Esta lógica compactua com as políticas neoliberais e imperialistas que o sul global 
enfrenta, onde os pobres ficam mais pobres e os ricos ficam mais ricos. É verdade que aumenta 
a oferta de emprego qualificado, mas, num país onde as desigualdades e o fosso entre os ricos 
e os pobres já são grandes, esse aumento é pouco significativo e portanto deixa as pessoas ou 
desempregadas ou em situações de trabalho (quase) escravo ou muito precário. 
Numa dimensão mais geopolítica, podemos afirmar que a globalização contribui 
positivamente para a consagração de estados e instituições hegemónicas, tendo como maiores 
representantes os Estados Unidos da América e o Fundo Monetário Europeu, respetivamente. 
Também é importante falar dos acordos interestatais que, a longo prazo, retiram poder dos 
Estados-nação. 
A própria revolução tecnológica associada ao processo de globalização resultou na 
compressão do espaço e do tempo, devido à maior disseminação da informação, à comunicação 
mais conveniente e às relações mais estreitas entre as regiões e os países. Esta intensificação 
nas relações reforçou o poder económico dos países que, pelas suas múltiplas vantagens 
económicas e sociais, vão utilizar esta força económica para investir em múltiplas áreas, 
nomeadamente a tecnológica. O resultado desse processo será uma ainda maior compressão do 
espaço e do tempo, levando a relações mais intensificadas entre regiões e países, e assim 
incessantemente, em uma circularidade causal. 
Resumindo, a globalização impacta as nossas vidas de todas as formas com a configuração 
do espaço geográfico internacional em redes, sejam elas de transporte, de comunicação, de 
cidades, de trocas comerciais ou de capitais especulativos. Também proporciona, numa relação 
causa-efeito, a expansão das empresas transnacionais – empresas que deslocalizam as suas 
atividades para os países em desenvolvimento em busca de melhores condições a nível fiscal e 
lucrativo. Há a formação dos blocos económicos – permitem uma maior troca comercial entre 
os países e propiciam ações conjunturais em grupos. Consolidou também a existência duma 
cultura global, onde os meios de comunicação difundem diferentes culturas, criando apenas 
uma grande cultura mundial. E, finalmente, com a globalização assistimos à solidificação e 
expansão do sistema capitalista que, acompanhado de todas as suas consequências a nível social 
– como a pobreza, desigualdade e injustiça – promoveu uma maior integração a nível mundial 
e, devido à lógica neoliberal, promoveu a ideia de que o Estado deve ter menos poderes. 
17 
 
CONCLUSÃO 
Com este relatório pude concluir que a globalização é um tema extremamente complexo e 
com variados aspetos e características com potencial de serem analisadas e estudadas. A 
manifestação da globalização não é linear e portanto é sentida direta e indiretamente por todos 
nós e de formas diferentes pois depende de vários fatores, incluindo a nossa região, que lhe dão 
novos contornos e aspetos. Não obstante, podemos dizer que a globalização nos liga e cria um 
mundo onde existe uma interligação entre nós e o outro, ou seja, entre o local e o global. 
Ao investigar a globalização e ao desenvolver a sua defenição é importante não a confundir 
com os processos de localização, regionalização, nacionalização e internacionalização porque 
só quando conseguirmos ultrapassar essas conceitos é que iremos atingir e compreender 
totalmente a característica dinâmica da globalização. 
Portanto, é importante irmos além daquilo que o senso-comum nos fornece e assim adotar 
o “olhar sociológico”, premitindo-nos analizar o fenómeno da globalização como um todo e 
como algo multidimensional e complexo, ultrapassando as definições abstratas e vagas que hoje 
reinam no que toca à globalização. 
 Concluindo, posso referir que os processos globalizantes são fenómenos constantes que 
nos ultrapassam. Um mundo globalizado pode ser o maior desejo de uns e, ao mesmo tempo, o 
maior tormento de outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
PARTE 2 
1. Primeiro artigo 
El impacto de la globalización en la educación superior del siglo XXI. Cambios en el 
imaginario social de las comunidades educativas de Ignacio Acosta Ballestero 
 Ignacio Acosta Ballestero, licenciado em Ensino de Estudos Sociais e Educação Cívica 
pela Universidade Nacional da Costa Rica, apresenta-nos um ensaio introspetivo sobre as 
consequências da globalização nesta fase mais recente, fortemente marcada pelo neoliberalismo 
e protagonizada por organizações como o Fundo Monetário Internacional, e a forma como 
também influencia o meio académico. 
 Ballestero começa por abordar e contextualizar os efeitos da globalização a nível local, 
dando o exemplo do seu país – a Costa Rica, como a nível mais global, tendo proposto uma 
análise mais detalhada das mudanças sociais e educativas com o objetivo de ter um ponto de 
partida para “exponer algunas de las decisiones tomadas a nivel internacional en relación con 
las políticas en esta área y sus efectos para las comunidades educativas” (Ballastero, 2021). 
 Para Ballestero, as políticas neoliberais, que tiveram a porta aberta para a sociedade 
através da globalização, poderão ser culpabilizadas pela produção mecânica do conhecimento, 
implementadas nas universidades com os olhos postos na economia – “decir que las políticas 
neoliberales han aprovechado los canales abiertos por la globalización, para reproducir la 
concepción de producción mecánica y éxitos a nivel académico con su consecuente respuesta 
en la balanza económica.” (Ballestero, 2021). Assim, o autor vê na chegada duma nova geração 
de alunos uma oportunidade importante de renovação e transformação dos métodos e dos 
processos de ensino praticados. 
 Ballestero fecha a sua reflexão com a indicação de que ainda há muito a debater e a 
aprofundar no assunto, apelando à existência duma dinâmica aberta onde seja notório um corpo 
docente preparado para lidar com as novas realidades, tendo em conta a sociedade em constante 
mudança. O autor especifica a sociedade costarriquenha como uma das mais afetada pelos 
processos de globalização, tanto a nível social como também nas instituições académicas. 
“En la oscuridad todo es miedo, acostumbrarsea ella deja a la humanidad encerrada ante 
las posibilidades que surjan, lo mismo que estar muy cerca de la luz puede dejarla ciega.” 
(Ballestero, 2021) 
19 
 
2. Segundo artigo 
Bartolomé Yun Casalilla (2021), Os impérios ibéricos e a globalização da Europa (séculos XV 
a XVII) de Jesús Bohorquez 
 O presente artigo, escrito por Jesús Bohorquez, interpreta a visão de Yun Casalilla na 
sua obra Os impérios ibéricos e a globalização da Europa (séculos XV a XVII), tratando-se de 
um resumo crítico sobre a obra. O autor apresenta as linhas gerais do texto, sendo uma delas a 
globalização desde os mundos ibéricos, comparando os dois grandes impérios: o espanhol e o 
português. 
 O autor do artigo começa por tecer grandes elogios a Bartolomé Yun Casalilla, apontado 
a pertinência do livro para estudar a Europa do Sul que muitas vezes é analisada com umas 
“narrativas que atribuyen a España y Portugal una imagen de atraso económico” (Bohorquez, 
2021), mas que, no entanto, é assim tida num ponto de vista das economias norte europeias. 
 Segundo o autor, Yun Casalilla não considera que o desempenho económico dos dois 
países ibéricos se tenha perdido e, pelo contrário, argumenta que este “parece haber sido 
bastante eficiente, al menos hasta mediados del siglo XVII” (Bohorquez, 2021) porque uma 
análise da balança comercial não é o suficiente para interpretar a História por completo, 
afirmando que o investimento e a taxa de retorno do capital também devem ser tomados em 
atenção. 
 Um dos temas essenciais do livro, afirma o autor, é a diferença entre instituições formais 
e informais (redes familiares e comerciais) e a forma como mantém, ou não, o império unido, 
proporcionando o seu crescimento e, consequentemente, criando a primeira fase da 
globalização. O autor analisa os crescimentos económicos desiguais das colonias em relação à 
sua metrópole que, embora mascarados, sempre tiveram raiz nas colonizações ibéricas. 
 Finalizando a sua crítica, Jesús Bohorquez aponta a maior atenção que é dada ao império 
espanhol e a Castela em comparação ao império português nos debates sobre o tema, podendo 
criar grande desequilíbrio. Mesmo assim, apela à leitura da obra de Bartolomé Yun Casalilla 
tanto aos portugueses – num sentido de perceberem se o “modelo de ascenso y declive de 
Castilla podría aplicarse a la interpretación del imperio português” (Bohorquez, 2021) – como 
aos brasileiros – porque “ofrece sobre el lado peninsular de la historia, una rama aún poco 
estudiada en el lado occidental del Atlántico” (Bohorquez, 2021). 
20 
 
3. Terceiro artigo 
Learning the Word and the World ou Aprendendo a Palavra e o Mundo. Abordagens históricas 
da alfabetização, educação, globalização e emancipação de Luís Grosso Correia 
Escrito por Luís Grosso Correia, o artigo aborda, sumariamente, a alfabetização, 
relacionando-a com a educação, globalização e emancipação. O artigo começa por enunciar a 
aprovação da Lei de Bases do Sistema Educativo – lei que apresenta a educação “como um 
direito universal e fundamental no processo de democratização e desenvolvimento da sociedade 
portuguesa” (Correia, 2016). 
Na época de desenvolvimento das sociedades ocidentais, a alfabetização era tida apenas 
como a capacidade de ler, escrever e calcular. No entanto, essa lógica desvaneceu pois 
começámos a perceber que alfabetização era de máxima importância para as massas uma vez 
que era um mecanismo de pensamento crítico e racional, promovendo maior consciência 
histórica e política. 
Atualmente, os Estados democráticos são responsáveis por promover e criar políticas 
de alfabetização e de educação ao nível nacional, ou seja, criando escolas públicas, por 
exemplo. Estes programas têm em vista o melhoramento das competências dos jovens alunos 
que, consequentemente, irá desenvolver o país. Não obstante, só depois do século XIX é que se 
iniciou a educação dos povos colonizados com tecnologias como a leitura e escrita. 
A conjuntura pós Segunda Guerra Mundial promoveu um avanço brusco nas tecnologias 
devido à globalização e portanto ocorreu uma reconstrução e reestruturação do sistema 
educativo nos países recém colonizados – através de organizações como a Organização das 
Nações Unidas – livrando as antigas colónias da orientação política e educativa das (ainda) 
ditaduras europeias. 
No final do artigo o autor relaciona ainda mais a alfabetização com a educação, que foi 
facilitada com a globalização. A globalização proporcionou o melhoramento das tecnologias e 
do mundo eletrónico, ou seja, os métodos de ensino foram renovados e tornaram-se mais 
futurísticos – “somos como que convidados a entrar no intangível mundo eletrónico, em que a 
palavra, ou melhor, a mensagem (hipertextual) também é canal/meio, onde a educação ganha 
novos desafios (tecnológicos)” (Correia, 2016). 
 
21 
 
4. Quarto artigo 
Case study: The importance of interdisciplinarity and intercultural practices de Maria de 
Fátima Marinho 
Nos primeiros parágrafos do artigo, Fátima Marinho contempla as mudanças no meio 
académico a partir de meados do século XX que vierem mudar a contexto do ensino superior 
pois, segundo a autora, “universities had to deal with a new generation of immigrants, with new 
hopes and new goals” (Marinho, 2019). Com isto, teve de existir uma grande renovação das 
políticas dentro das instituições porque só assim conseguirão sobreviver à alteração brusca no 
paradigma não só académico, mas também social e económico. 
 Para Fátima (2019), “HEIs have to find a balance between social needs, research and 
innovation. Such a balance is not easy to attain, but is essential for an inclusive and multicultural 
society.” (Marinho, 2019). Então, num mundo em constante mudança, as universidades contêm 
um papel importante no que importa à revolução social e às suas lutas como, por exemplo, a 
luta pela igualdade de género ou a luta contra o racismo. 
 Neste mundo globalizado, onde as necessidades dos novos alunos são mais notáveis e a 
universidade deve ter cada vez mais um papel interventivo, a autora apresenta-nos a 
Universidade do Porto como um exemplo onde o ensino partilhado, através de programas, é 
uma realidade. A existência destes programas é muito relevante pois permite a 
interdisciplinaridade, melhorando as experiências interculturais. 
 Sendo um sucesso na Universidade do Porto, os programas de interdisciplinaridade 
promoveram a troca de costumes e valores entre várias culturas com bases tradicionais muito 
diferentes e, não falando do enriquecimento académico, traçaram, para Fátima, uma “union and 
understanding among peoples” (Marinho, 2019), cumprindo a sua maior missão de entender as 
diferentes culturas e, em simultâneo, construir pontes que nos façam ultrapassar os conflitos e 
as tensões provocados por essas mesmas diferenças. 
 Para finalizar, Maria de Fátima Marinho aponta para a forma como o mundo globalizado 
influencia diretamente a necessidade de quebrar as barreiras linguísticas do modo a facilitar a 
comunicação e a criar as tais “pontes” interculturais acima referidas – “There can be no real 
interaction without the ability to create and foster the type of collaboration and involvement 
that can only stem from the sharing of a common code.” (Marinho, 2019). 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
Número 1: Comparação do mapa da Europa em 1990 e 2015, respetivamente 
 
Fonte: Mapas e identidades, Jornal Público (2015) 
Número 2: Comparação do IDH entre a Noruega e o Brasil referente ao ano 2018 
 IDH Ranking Mundial 
Noruega 0,954 1º 
Brasil 0,761 79º 
Fonte: Relatório do Desenvolvimento Humano, PNUD (2019) 
Número 3: Acesso global à internet em 2005 – computadores, servidores e utilizadores 
 PC INTERNET 
 Total 
(milhares) 
Por 100 
habitantes 
Servidores 
locais 
Servidores por 
10 000 
habitantes 
Utilizadores 
(milhares) 
Utilizadores por100 habitantes 
África 17726 2,22 424968 4,92 33132,8 3,72 
América 308078 35,35 205502481 2339,05 304834,8 34,23 
Ásia 230317 6,44 27986795 73,95 368621,8 9,64 
Europa 239833 30,69 29058680 363,24 259224,3 32,4 
Oceânia 16130 50,46 4572838 1404,68 17383,7 53,21 
Fonte: União Internacional de Telecomunicações (2005) 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Parte 1 
Conceição, P. (2019). Relatório do Desenvolvimento Humano. Nova Iorque: Programa 
das Nações Unidas para o Desenvolvimento. 
Giddens, A. (2013). Sociologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 
Held, D. et al (1999). What is Globalization? 
Martell, L. (2010). The Sociology of Globalization. Cambridge: Polity Press. 
Ritzer, G. (2007). The Blackwell Companion to Globalization. Blackwell Publishing 
Ltd. 
Parte 2 
Ballestero, I. A. (2021). El impacto de la globalización en la educación superior del 
siglo XXI. Cambios en el imaginario social de las comunidades educativas. Revista Ensayos 
Pedagógicos (pp. 139-157). Artigo disponível em: 
https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=8075889 
Bohorquez, J. (2021). Bartolomé Yun Casalilla (2021), Os impérios ibéricos e a 
globalização da Europa (séculos XV a XVII). Revista Ler História. Artigo disponível em: 
http://journals.openedition.org/lerhistoria/8729 
Correia, L. G. (2016). Learning the Word and the World ou Aprendendo a Palavra e o 
Mundo. Abordagens históricas da alfabetização, educação, globalização e emancipação. 
Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto, IV Série, vol.6 (pp. 9-12). 
Artigo disponível em: https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/14570.pdf 
Marinho, M. F. (2019). The importance of interdisciplinarity and intercultural practices 
– case study. In Humanities and higher education: synergies between science, technology and 
humanities. Global University Network for Innovation (pp. 95-96). Artigo disponível em: 
https://catalogo.up.pt/F/?func=find-acc&acc_sequence=003096708 
https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=8075889
http://journals.openedition.org/lerhistoria/8729
https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/14570.pdf
https://catalogo.up.pt/F/?func=find-acc&acc_sequence=003096708

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