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Didactica_Geografia_II_Modulo

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Prévia do material em texto

Manual de Curso de licenciatura em Ensino 
de Geografia – 3o ano 
Didáctica de Geografia 
II 
G0141 
 
Universidade Católica de Moçambique 
Centro de Ensino a Distância 
 
 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância 
(CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no 
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de 
Moçambique  Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a 
processos judiciais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Católica de Moçambique 
Centro de Ensino à Distância - CED 
Rua Correira de Brito No 613-Ponta-Gêa 
 
Moçambique - Beira 
Telefone: 23 32 64 05 
Cel: 82 50 18 44 0 
Fax:23 32 64 06 
E-mail: ced@ucm.ac.mz 
Website: www.ucm.ac.mz 
 
 
Agradecimentos 
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual, 
dr. José Mubango, gostariam de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na 
elaboração deste manual: 
 
Análise conteudista/Revisão dr. Micas Januário Pacule 
Pela maquetização e revisão final 
 
dr. Heitor Simão Mafanela Simão 
 
 
 
 
 
 
Elaborado Por: dr. José Mubango 
Licenciado em Ensino de Geografia pela Universidade Pedagógica – Beira 
Colaborador do Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia no CED 
 
Revisão: dr. Micas Januário Pacule 
Licenciado em Ensino de Geografia pela Universidade Pedagógica – Beira 
Colaborador do Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia no CED 
 
Coordenação, Maquetização e Revisão Final: dr. Heitor Simão Mafanela Simão 
Licenciado em Ensino de Geografia pela Universidade Pedagógica – Beira 
Mestrando em Ciências e Sistemas de Informação Geográfica 
Coordenador do Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia no CED 
 
 
 
 Didáctica de Geografia II G0160 
i 
 
 
Índice 
Visão geral 1 
Bem - vindo a Didáctica de Geografia II ........................................................................ 1 
Objectivos do curso ....................................................................................................... 2 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 2 
Como está estruturado este módulo................................................................................ 3 
Ícones de actividade ...................................................................................................... 3 
Acerca dos ícones ........................................................................................ 4 
Habilidades de estudo .................................................................................................... 4 
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 5 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 5 
Avaliação ...................................................................................................................... 6 
Unidade I 7 
Geografia Escolar e Desenvolvimento Social................................................................. 7 
Introdução ............................................................................................................ 7 
Sumário ....................................................................................................................... 11 
Exercícios.................................................................................................................... 11 
Unidade II 13 
Relações e Representações da Prática Social................................................................ 13 
Introdução .......................................................................................................... 13 
Sumário ....................................................................................................................... 17 
Exercícios.................................................................................................................... 17 
Unidade III 18 
Interdisciplinaridade e o desenvolvimento das actividades no espaço escolar ............... 18 
Introdução .......................................................................................................... 18 
Sumário ....................................................................................................................... 21 
Exercícios.................................................................................................................... 21 
Unidade IV 22 
Reflexões transversais sobre a Geografia Escolar ........................................................ 22 
Introdução .......................................................................................................... 22 
Sumário ....................................................................................................................... 25 
Exercícios.................................................................................................................... 25 
Unidade V 26 
A prática Didáctico – Pedagógica da Geografia Escolar e a formação das condutas 
humanas ...................................................................................................................... 26 
Introdução .......................................................................................................... 26 
 Didáctica de Geografia II G0160 
ii 
 
 
Sumário ....................................................................................................................... 32 
Exercícios.................................................................................................................... 32 
Unidade VI 33 
A Geografia Escolar e a Construção da Cidadania ....................................................... 33 
Introdução .......................................................................................................... 33 
Sumário ....................................................................................................................... 40 
Exercícios.................................................................................................................... 40 
Unidade VII 41 
Novas tendências Didáctico metodológicas aplicáveis ao ensino da Geografia ............. 41 
Introdução .......................................................................................................... 41 
Sumário ....................................................................................................................... 56 
Exercícios.................................................................................................................... 56 
Unidade VIII 57 
Fundamentos Teórico – metodológicos do ensino da Geografia ................................... 57 
Introdução .......................................................................................................... 57 
Sumário ....................................................................................................................... 63 
Exercícios.................................................................................................................... 63 
Unidade IX 64 
O Ensino da Geografia ................................................................................................ 64 
Introdução .......................................................................................................... 64 
Sumário ....................................................................................................................... 69 
Exercícios....................................................................................................................69 
Unidade X 71 
O Professor Pesquisador no Ensino da Geografia ......................................................... 71 
Introdução .......................................................................................................... 71 
Sumário ....................................................................................................................... 81 
Exercícios.................................................................................................................... 81 
Unidade XI 82 
Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia: Desafios ............................................ 82 
Introdução .......................................................................................................... 82 
Sumário ....................................................................................................................... 90 
Exercícios.................................................................................................................... 90 
Unidade XII 91 
Globalização e Novas Perspectivas para o Ensino da Geografia ................................... 91 
Introdução .......................................................................................................... 91 
 Didáctica de Geografia II G0160 
iii 
 
 
Sumário ....................................................................................................................... 96 
Exercícios.................................................................................................................... 97 
Unidade XIII 98 
A Geografia no Desenvolvimento de um Projecto Interdisciplinar na Escola ............... 98 
Introdução .......................................................................................................... 98 
Sumário ..................................................................................................................... 107 
Exercícios.................................................................................................................. 107 
Unidade XIV 108 
Ensino da Geografia em Moçambique ....................................................................... 108 
Introdução ........................................................................................................ 108 
Sumário ..................................................................................................................... 115 
Exercícios.................................................................................................................. 115 
Unidade XV 116 
Ensino da Geografia e a Globalização ........................................................................ 116 
Introdução ........................................................................................................ 116 
Sumário ..................................................................................................................... 122 
Exercícios.................................................................................................................. 123 
Unidade XVI 124 
O Ensino de Geografia nos dias actuais ..................................................................... 124 
Introdução ........................................................................................................ 124 
Sumário ..................................................................................................................... 129 
Exercícios.................................................................................................................. 129 
 
 Didáctica de Geografia II G0160 
1 
 
 
Visão geral 
Bem - vindo a Didáctica de 
Geografia II 
A disciplina de Didáctica de Geografia, desempenha um papel 
fundamental na formação do futuro bacharel e/ou Licenciado em 
ensino de Geografia. Esta cadeira foi concebida para fornecer bases 
sólidas para o exercício da profissão docente. 
Os conhecimentos, capacidades, habilidades e atitudes adquiridos 
na área das ciências geográficas, pedagógicas e psicológicas serão 
constantemente reactivados e aplicados com vista a consecução dos 
objectivos definidos. 
Pretende-se, deste modo formar um professor que se aproprie da 
sua formação que não seja mero executor do currículo. Mas agente 
curricular que contribua para mudar a escola. Um professor que 
destaque o papel da Geografia no universo do conhecimento que 
valorize a vivência do aluno, tendo como princípio que os saberes. 
Do educando constituem o ponto central da abordagem geográfica. 
A mudança significa também que o professor, graduado na UCM, 
crie condições na escola para que o aluno se aproprie das formas de 
produção do conhecimento, que o aluno observe, recolha, 
classifique e compare dados, estabeleça relações, generalize, 
analise, sintetize, ou seja, que tenha bases para continuar a aprender 
ao longo da vida. 
A cadeira de Didáctica de Geografia foi ainda concebida na 
perspectiva de formar professores que privilegiem a 
interdisciplinaridade, a indissociabilidade entre a teoria e a prática e 
pesquisa, a construção do conhecimento em sala de aula e processo 
de avaliação mais formativo. 
 Didáctica de Geografia II G0160 
2 
 
 
Pretende-se, que em suma, formar professores comprometidos 
com a causa da educação e que lutem pela melhoria da qualidade 
de ensino e pelo sucesso escolar. 
Objectivos do curso 
Quando terminar o estudo de Didáctica de Geografia IV, referente 
ao Módulo I será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 Assumir a importancia do ensino da Geografia 
 Dominar o instrumentário metodologico para o ensino da 
Geografia 
 Problematizar o processo de ensino-aprendizagem de 
Geografia 
 Analisar criticamente os programas, livros, guias 
metodologicos, manuais e outros manuais do ensino de 
Geografia 
 Valorizar os diferentes saberes e culturas 
 Desenvolver competências no âmbito da educação 
geográfica 
 Combater os processos de exclusão e discriminação 
 Desenvolver o gosto pelo estudo e pesquisa na perspectiva 
de aprendizagem ao longo da vida. 
 Promover o espírito de patriotismo, solidariedade e ajuda 
mútua. 
 
Quem deveria estudar este 
módulo 
Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser 
professores da disciplina de Geografia, que estão a frequentar o curso de 
Licenciatura em Ensino de Geografia, do Centro de Ensino a Distância na 
 Didáctica de Geografia II G0160 
3 
 
 
UCM. Estendese a todos que queiram consolidar os seus 
conhecimentos sobre a Didáctica de Geografia. 
Como está estruturado este 
módulo 
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de 
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados 
da seguinte maneira: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os 
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. 
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de 
começar o seu estudo. 
Conteúdo do curso / módulo 
O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma 
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo 
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou mais 
actividades para auto-avaliação. 
Outros recursos 
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista 
de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir 
livros, artigos ou sites na internet. 
Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação 
Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada 
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para 
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes 
elementos encontram-se no final do módulo. 
Comentários e sugestões 
Esta é a sua oportunidade para dar nos sugestões e fazer comentários 
sobre a estrutura e o conteúdo do curso/módulo. Osseus comentários 
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso/modulo. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das 
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo 
 Didáctica de Geografia II G0160 
4 
 
 
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma 
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. 
Acerca dos ícones 
Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por 
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África 
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia. 
Habilidades de estudo 
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores 
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os 
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é 
importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que 
possa maximizar o tempo dedicado aos estudos: 
Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente 
de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em 
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de 
tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com 
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo 
de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem 
interrupção? 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado 
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da 
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já 
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria 
do que saber pouco sobre muitas partes. 
Deve evitar estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque, 
devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a 
ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda 
a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua 
agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar 
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o 
utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e 
a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma 
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A 
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de 
modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e pode 
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode 
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados 
com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a 
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
desconhece; 
 Didáctica de Geografia II G0160 
5 
 
 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o 
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza, 
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de 
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone, 
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor, 
contacteo pessoalmente. 
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o 
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, 
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima. 
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de 
problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase 
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza 
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440. 
Os contactos só podem efectuar-se, nos dias úteis e nas horas normais de 
expediente. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem 
a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode 
apresentar dúvidas, tratar questões administrativas, entre outras. 
O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque 
apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam 
sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu 
próprio saber e desenvolva suas competências. 
Tarefas (avaliação e auto-
avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do 
período presencial. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. 
Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser 
dirigidos ao tutor/docentes. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os 
mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do 
autor. 
O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito) 
palavras de um autor, sem o citar é considerado plagio. A honestidade, 
humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a 
realização dos trabalhos. 
 Didáctica de Geografia II G0160 
6 
 
 
Avaliação 
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o 
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com 
base no chamado regulamento de avaliação. 
Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual, 
concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira. 
Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões 
presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de 
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a 
cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e 
1 (exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como 
ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, 
a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das 
referencias utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual. 
consulteos. 
 
 
 Didáctica de Geografia II G0160 
7 
 
 
Unidade I 
Geografia Escolar e 
Desenvolvimento Social 
Introdução 
A Geografia escolar tem um papel ideológico. Por isso, não cabe a 
ideia da neutralidade científica; se, de um lado, essa disciplina 
contribuiu para reprodução da dominação, por outro lado, as 
práticas educativas demonstraram e demonstram lutas concretas 
dos educadores dessa área pela melhoria do ensino público. 
A Geografia é uma ciência que tem por objeto de estudo o espaço; 
não o espaço cartesiano, mas o espaço produzido através das 
relações entre o homem e o meio, envolvendo aspectos dialéticos e 
fenomenológicos. Para Vidal de La Blache Geografia é a Ciência 
dos Lugares, já Hartshorne diz ser a ciência da diferenciação de 
áreas. 
A concepção dialética do espaço geográfico entende que a natureza 
humanizada influencia e é influenciada pela sociedade que produz 
e reproduz o seu espaço. 
Uma definição simples poderia ser Geografia é o estudo da 
superfície terrestre e a distribuição espacial de fenómenos 
geográficos, frutos da relação recíproca entre homem e meio. 
 
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 Conhecer o papel da geografia escolar no desenvolvimento 
social; 
 Explicar o papel do governo na democratização do processo 
de ensino-aprendizagem; 
 Definir os conceitosespaço geográfico e desenvolvimento 
social. 
 Didáctica de Geografia II G0160 
8 
 
 
No estudo da Geografia na escola, o aluno torna se mais crítico e 
consciente do seu papel na sociedade. Ele passa a questionar a 
maneira pela qual o espaço geográfico é utilizado em favor de 
alguns em detrimento de muitos e passa a lutar por melhoria para si 
mesmo e para os seus semelhantes. 
Ao conduzir o aluno a conhecer e refletir sobre seu meio físico, as 
interações entre esse meio e seus habitantes, as relaçoes 
estabelecidas entre todos os sujeitos desse processo de interação e 
as conseqüências dessas relações e interações, a disciplina de 
geografia ajuda na construção de um indivíduo consciente de seu 
papel e sujeito de suas acções no mundo. 
Não se pode deixar de levar em conta que, a profunda estratificação 
social e a injusta distribuição de renda funcionam como um entrave 
para que uma parte considerável da população possa fazer valer os 
seus direitos e interesses fundamentais. 
Cabe ao governo o papel de assegurar que o processo democrático 
se desenvolva de modo a que esses entraves diminuam cada vez 
mais. É papel do Estado investir na escola, para que ela prepare e 
instrumentalize as crianças e os jovens para o processo 
democrático, forçando o acesso à educação de qualidade para todos 
e às possibilidades de participação social. 
Para isso, faz-se necessária uma proposta educacional que tenha em 
vista a qualidade da formação a ser oferecida a todos os estudantes. 
O ensino de qualidade que a sociedade demanda actualmente 
expressa-se aqui como a possibilidade de o sistema educacional vir 
a propor uma prática educativa adequada às necessidades sociais, 
políticas, económicas e culturais da realidade, que considere os 
interesses e as motivações dos alunos e garanta as aprendizagens 
essenciais para a formação de cidadãos autónomos, críticos e 
 Didáctica de Geografia II G0160 
9 
 
 
participativos, capazes de actuar com competência, dignidade e 
responsabilidade na sociedade em que vivem. 
O exercício da cidadania exige o acesso de todos à totalidade dos 
recursos culturais relevantes para a intervenção e a participação 
responsável na vida social. O domínio da língua falada e escrita, os 
princípios da reflexão matemática, as coordenadas espaciais e 
temporais que organizam a percepção do mundo, os princípios da 
explicação científica, as condições de fruição da arte e das 
mensagens estéticas, domínios de saber tradicionalmente presentes 
nas diferentes concepções do papel da educação no mundo 
democrático, até outras tantas exigências que se impõem no mundo 
contemporâneo. 
 
Essas exigências apontam a relevância de discussões sobre a 
dignidade do ser humano, a igualdade de direitos, a recusa 
categórica de formas de discriminação, a importância da 
solidariedade e do respeito. Cabe ao campo educacional propiciar 
aos alunos as capacidades de vivenciar as diferentes formas de 
inserção sociopolítica e cultural. 
Apresenta-se para a escola, hoje mais do que nunca, a necessidade 
de assumir-se como espaço social de construção dos significados 
éticos necessários e constitutivos de toda e qualquer acção de 
cidadania. 
 
No contexto actual, a inserção no mundo do trabalho e do 
consumo, o cuidado com o próprio corpo e com a saúde, passando 
pela educação sexual, e a preservação do meio ambiente são temas 
que ganham um novo estatuto, num universo em que os 
referenciais tradicionais, a partir dos quais eram vistos como 
questões locais ou individuais, já não dão conta da dimensão 
nacional e até mesmo internacional que tais temas assumem, 
justificando, portanto, sua consideração. 
 Didáctica de Geografia II G0160 
10 
 
 
Nesse sentido, é papel preponderante da escola propiciar o 
domínio dos recursos capazes de levar à discussão dessas formas e 
sua utilização crítica na perspectiva da participação social e 
política. 
 
Desde a construção dos primeiros computadores, na metade deste 
século, novas relações entre conhecimento e trabalho começaram a 
ser delineadas. Um de seus efeitos é a exigência de um 
reequacionamento do papel da educação no mundo contemporâneo, 
que coloca para a escola um horizonte mais amplo e diversificado 
do que aquele que, até poucas décadas atrás, orientava a concepção 
e construção dos projetos educacionais. 
Não basta visar à capacitação dos estudantes para futuras 
habilitações em termos das especializações tradicionais, mas antes 
trata-se de ter em vista a formação dos estudantes em termos de sua 
capacitação para a aquisição e o desenvolvimento de novas 
competências, em função de novos saberes que se produzem e 
demandam um novo tipo de profissional, preparado para poder 
lidar com novas tecnologias e linguagens, capaz de responder a 
novos rítmos e processos. 
Essas novas relações entre conhecimento e trabalho exigem 
capacidade de iniciativa e inovação e, mais do que nunca, 
"aprender a aprender". Isso coloca novas demandas para a escola. 
A educação básica tem assim a função de garantir condições para 
que o aluno construa instrumentos que o capacitem para um 
processo de educação permanente. 
Para tanto, é necessário que, no processo de ensino e 
aprendizagem, sejam exploradas: a aprendizagem de metodologias 
capazes de priorizar a construção de estratégias de verificação e 
comprovação de hipóteses na construção do conhecimento, a 
construção de argumentação capaz de controlar os resultados desse 
 Didáctica de Geografia II G0160 
11 
 
 
processo, o desenvolvimento do espírito crítico capaz de favorecer 
a criatividade, a compreensão dos limites e alcances lógicos das 
explicações propostas. 
Além disso, é necessário ter em conta uma dinâmica de ensino que 
favoreça não só o descobrimento das potencialidades do trabalho 
individual, mas também, e sobretudo, do trabalho colectivo. Isso 
implica o estímulo à autonomia do sujeito, desenvolvendo o 
sentimento de segurança em relação às suas próprias capacidades, 
interagindo de modo orgânico e integrado num trabalho de equipe 
e, portanto, sendo capaz de actuar em níveis de interlocução mais 
complexos e diferenciados. 
Sumário 
 
Exercícios 
1. Refira-se da importância da Geografia Escolar no 
desenvolvimento social 
2. Identifique as acções governamentais na democratização do 
processo de ensino e aprendizagem 
3. Defina os conceitos Geografia Escolar, Desenvolvimento 
social e Espaço Geográfico. 
Nb: Entregar 
 Didáctica de Geografia II G0160 
13 
 
 
Unidade II 
Relações e Representações da 
Prática Social 
Introdução 
Nesta unidade contextualizar-se-á o Espaço geográfico, como 
objecto de estudo por um lado, e como prática social, referindo-se 
das relações da prática social das consequentes representações 
especificamente para o aluno. 
 
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Definir os conceitos prática social, relações e representações da 
prática social; 
 Explicar as relações e representações da prática social; 
 Identificar o impacto das relações e representações da prática 
social no processo de ensino e aprendizagem. 
 
 
O IMPACTO DAS RELAÇÕES E REPRESENTAÇÕES DA 
PRÁTICA SOCIAL NO PROCESSO DE ENSINO E 
APRENDIZAGEM 
 
Entretanto, o ensino de Geografia, tanto no campo, quanto na 
cidade precisa ir além da troca de materiais e manuais didáctico-
pedagógicos. É preciso obter informações que permitam 
compreender as crianças nos aspectos relativos à educação na 
cidade e no campo e, principalmente, sobre o seu desenvolvimento 
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cognitivo, psicológico, percepção do espaço e padrão de 
linguagem. 
De uma maneira geral, os manuais didácticos e programas de 
ensino de Geografia retratam uma realidade estereotipada, que nada 
tem a ver coma realidade social e cultural dos alunos. Os manuais 
tradicionais não enfatizam a compreensão do saber geográfico 
historicamente acumulado, dificultando a visão da Geografia real, 
vivenciada no seu quotidiano e tão necessária para melhorar as 
relações entre o homem e a natureza. 
A constituição literária e mercadológica desses manuais se 
dinamiza constantemente através dos órgãos governamentais, os 
quais reforçam a ideologia da indústria cultural. 
O conhecimento do conteúdo geográfico precisa ser repassado de 
forma apropriada, de maneira que reproduza os conhecimentos 
construídos culturalmente pela humanidade, redefinindo 
possibilidades de reconstrução contínua pelo aluno e pelo 
professor, no quotidiano da sala de aula. 
 
A análise de confronto entre a antiguidade e a modernidade não se 
reduz à proposição de soluções pedagógicas, nem tão pouco 
geográficas, com um discurso ingénuo em defesa das classes 
sociais menos favorecidas, mas recupera a condição de docentes 
interventores, em um espaço legítimo de transformação social: a 
escola. 
Dessa maneira, pode-se afirmar que as relações estruturais 
existentes na sociedade capitalista colocam novas formas de 
estruturação do espaço do campo e da cidade, constituindo um 
sistema de organização que, diante do processo de globalização 
acelerada, desconsidera as relações homem - natureza. 
 
 
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O ensino de Geografia, construído pela reprodução de manuais, 
conduz a uma insatisfação e a um descomprometimento dos alunos 
frente a essa disciplina, podendo-se perceber afirmações que 
reforçam a ideia de que a metodologia utilizada pela maioria dos 
professores nas escolas não tem relação com a vida quotidiana dos 
alunos, o que direcciona a aprendizagem para repetições, 
impossibilitando a recriação. 
 
Contudo, o professor, no processo de ensino e aprendizagem, deve 
observar os seguintes paradigma: 
 Conhecer o espaço geográfico e o funcionamento da 
natureza em suas múltiplas reacções, de modo a 
compreender o papel das sociedades em sua construção e 
na produção do território, da paisagem e do lugar; 
 Identificar e avaliar as acções dos homens em sociedade e 
suas consequências em diferentes espaços e tempos, de 
modo a construir referênciais que possibilitem uma 
participação propositiva e reativa nas questões sócio 
ambientais locais; 
 Compreender a espacialidade e temporalidade dos 
fenómenos geográficos estudados em suas dinâmicas e 
interações; 
 Compreender que as melhorias nas condições de vida, os 
direitos, os avanços técnicos e tecnológicos e as 
transformações sócio -culturais são conquistas decorrentes 
de conflitos e acordos, que ainda não são usufruídas por 
todos os seres humanos e, dentro de suas possibilidades, 
empenhar –se em democratizá-las; 
 Conhecer e saber utilizar procedimentos de pesquisa da 
Geografia para empreender o espaço, a paisagem, o 
território e o lugar, seus processos de construção, 
identificando suas relações, problemas e contradições; 
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 Fazer leituras de imagens, de dados e de documentos de 
diferentes fontes de informação, de modo a interpretar, 
analisar e relacionar informações sobre o espaço 
geográfico e as diferentes paisagens. 
 
O conteúdo da Geografia, neste contexto, é o material necessário 
para que o aluno construa o seu conhecimento, aprenda a pensar. 
Aprenda a pensar significa elaborar, a partir do senso comum, do 
conhecimento produzido pela humanidade e do confronto com 
outros saberes (do professor, de outros interlocutores), o seu 
conhecimento. 
Este conhecimento, partindo dos conteúdos da Geografia, significa 
uma consciência espacial das coisas, dos fenómenos, das relações 
sociais que travam no mundo. (CALLAI, 2000). 
Ao profissional da área de Geografia cabe o entendimento de que 
os problemas relativos ao espaço escolar estão ligados aos 
problemas do homem na sociedade, tentando estabelecer uma 
relação directa entre o que se ensina e o que se aprende, e 
reafirmando a função social da ciência. 
 
Os conteúdos trabalhados nos cursos de graduação em Geografia 
são necessários para o reconhecimento e organização dessa área 
académica, mas não basta dominar conceitos teóricos, é preciso 
reflectir sobre as concepções pedagógicas que perpassam a relação 
teoria e prática, revendo a didáctica e a metodologia que 
instrumentalizam esses trabalhadores para o exercício da profissão 
docente. 
Essa análise nos remete à visão integral do ser humano, que tenha 
um posicionamento enquanto profissional, mas que saiba relacionar 
e interagir com as outras áreas de Geografia escolar. 
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Sumário 
 
Exercícios 
1. Defina os conceitos prática social, relações e representações 
da prática social 
2. Identifique o impacto das relações e representações da 
prática social no processo de ensino e aprendizagem 
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Unidade III 
Interdisciplinaridade e o 
desenvolvimento das actividades 
no espaço escolar 
 
Introdução 
O ensino de Geografia possibilita ao aluno a compreensão da 
realidade, entendendo que esta é uma construção social sobre a 
natureza; uma construção internamente diferenciada, não podendo 
essa diferenciação interna ser mascarada. Porém, nesta unidade far-
se-á uma reflexão sobre interdisciplinaridade e o desenvolvimento 
das actividades no espaço escolar. 
 
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Definir os conceitos interdisciplinaridade e espaço escolar 
 Explicar o impacto da interdisciplinaridade no 
desenvolvimento das actividades no espaço escolar. 
 
 
A Geografia Escolar, por não ser uma disciplina independente, 
deve ser inserida nas diferentes disciplinas escolares e, por isso 
mesmo, os mais diferentes temas tidos como transversais podem 
ser discutidos de acordo com a necessidade social e a possibilidade 
e planeamento escolar e, por conseguinte docente. 
 
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Segundo VLACH (1989), ensinar é, antes de mais nada, o trabalho 
do aluno com o saber sob a mediação do professor. O ensino de 
Geografia possibilita ao aluno a compreensão da realidade, 
entendendo que esta é uma construção social sobre a natureza; uma 
construção internamente diferenciada, não podendo essa 
diferenciação interna ser mascarada. 
 
Faz-se necessário um repensar constante sobre o ensino de 
Geografia, os quais precisam estar contextualizados com o espaço 
escolar, e, consequentemente, levar em conta as especificidades da 
cidade e do campo. 
 
A proposta didáctico-metodológica do ensino de Geografia não 
pode desconsiderar tais questões, pois essas perpassam a vida do 
ser humano e modificam seu espaço de vivência, interferindo nas 
relações quotidianas, construindo valores e transformando culturas. 
 
Acredita-se que a docência da Geografia intra e extra salas de 
aulas, relacionadas a estudos teóricos baseados nas necessidades 
das comunidades, nos contextos da cidade e do campo, construirão 
a história de Geografia real. 
 
Não se trata de aplicar modelos pré-estabelecidos, mas possibilitar 
formas para que os profissionais experimentem novas metodologias 
de ensino, que venham ao encontro das necessidades concretas dos 
alunos, produzindo assim, saberes reais. 
 
Acredita-se que, assim, a escola estará promovendo uma interacção 
entre os saberes pedagógicos e sociais, considerados indispensáveis 
para o desempenho do profissional da área de Geografia. 
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Assim, a efectivação de um currículo de Geografia em nível 
nacional precisa observar a realidade escolar, repensando as formas 
de construção do conhecimento, de atitudes e objectivos, dos queensinam e dos que aprendem. 
Nessa linha de análise, reforça-se uma (re)definição da Geografia 
em seus aspectos teórico e prático, considerando a necessidade de 
interlocução do saber científico com o saber prático, e uma 
(re)formulação curricular. 
 
Essa abordagem requer uma nova postura do profissional da 
educação, enfocando a formação do geógrafo-educador, por um 
prisma de (re)escrita do mundo, proporcionando reflexões e acções 
acerca do espaço profissional e vivencial . 
 
O saber geográfico e o fazer pedagógico precisam estar em 
interrelação, para que a formação, inicial e continuada, atenda às 
reais necessidades do mundo actual, valorizando a formação 
integral, como professor e pesquisador. 
 
Segundo LACOSTE (1988) o facto de que os geógrafos 
consideram elementos de conhecimento elaborados por múltiplas 
ciências não deve mais ser tomado, hoje, como a prova das 
carências ou do estatuto epistemológico ultrapassado da geografia. 
Essa pode ser considerada um saber científico, mas com uma 
condição formal de que todos esses elementos de conhecimento, 
mais ou menos disparatados, não sejam mais enumerados, 
justapostos num discurso do tipo enciclopédico mas, ao contrário, 
articulados em função de um fim. De facto, a legitimidade 
epistemológica de um saber se baseia, não mais num quadro 
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académico, seja ele científico, mas sobre práticas sociais providas 
de resultados tangíveis. 
Assim, espera-se que a educação escolar forneça os subsídios 
necessários para a implementação de uma nova prática geográfica, 
baseada em uma metodologia de construção de conhecimentos 
significativos, que permitam aos alunos se situarem no âmbito 
social, levando em conta as relações e representações construídas 
em seus espaços de vivência e/ou de sobrevivência. 
Sumário 
 
 
Exercícios 
1. Defina os conceitos interdisciplinaridade e espaço escolar 
2. Explique o impacto da interdisciplinaridade no 
desenvolvimento das actividades no espaço escolar 
 
 
 
 
 
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Unidade IV 
Reflexões transversais sobre a 
Geografia Escolar 
Introdução 
A transversalidade como prática pedagógica tem permeado o 
ideário educacional como alternativa de fazer com que discussões 
mais abrangentes, entre elas, discussões sobre meio ambiente, 
saúde, ética e outras, busquem estar inseridas no discurso presente 
em sala de aula e, principalmente, na prática fora de sala de aula e, 
quando possível, fora do ambiente escolar, embora delineado e 
trabalhado pela escola. É um princípio teórico que tem como 
objectivo transpor as barreiras da educação tradicional, 
convencional, que busca ensinar sobre a realidade, visto que sua 
premissa é clarificar a realidade social. 
 
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Definir o conceito transversalidade no contexto ensino-
aprendizagem; 
 Explicar, com exemplos concretos, o papel da educação 
transversal no processo de ensino-aprendizagem 
 
 
POR UMA GEOGRAFIA TRANSVERSAL 
 
Pontuschka et al (2007) afirma que, [...] educar na transversalidade 
implica mudar a perspectiva do currículo escolar, indo além da 
complementação das áreas disciplinares e chegando mesmo a 
remover as bases da instituição escolar remanescente do século 
XIX. (...) Os temas transversais são também interpretados como 
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ponte entre o conhecimento do senso comum e o conhecimento 
académico, estabelecendo articulação entre ambos. 
 
Dentro do contexto do ensino de geografia, é fácil pensar em temas 
de interesse sócio-cultural que podem ser trabalhados de forma 
transversal. Meio ambiente, cultura, atmosfera, hidrosfera, 
segurança pública, política, são temas certamente relevantes 
quando o assunto é formação cidadã, e todos eles podem ser 
trabalhados junto à outras disciplinas escolares. 
 
Como exemplo, podemos tomar o tema meio ambiente, que pode 
ser apreendido por praticamente todas as disciplinas; atmosfera, 
podendo ser abordada tanto pela Geografia como pela Física, 
Biologia, Matemática e outras, ou mesmo cultura, que pode ser 
abordada por disciplinas como Português e História, além da 
Geografia. 
 
Porém, sabemos que a prática da transversalidade, ainda não sendo 
utópica, trata-se de uma prática ademais difícil de ser trabalhada. 
Muitos são as considerações que podemos tecer sobre o porquê 
desta prática não se efectivar, mesmo tendo-se com clareza os 
ganhos educacionais que podem ser tidos. 
 
Podemos nos pegar comumente pensando o seguinte: - Estudamos 
uma determinada ciência e diante da consciência que buscamos ter 
do mundo a partir desta ciência, tendemos a nos encerrar em suas 
determinações epistemológicas. Por que isto acontece? 
É neste momento – já que estamos falando de ciência com 
consciência, fazendo uso de expressão de Morin (s/d), que temos de 
nos sensibilizar diante dos factos e determinações científicas 
vinculadas às outras ciências. É, geograficamente, recomendado 
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estabelecer contacto directo, ou mesmo indirecto, por exemplo, 
com a Antropologia e seu discurso sobre cultura, quando geógrafos 
como Claval (1999) afirmam que, todo facto geográfico é um facto 
cultural. Também é necessário estabelecer trocas com a Sociologia, 
quando sabemos que a sociedade é quem constrói o espaço 
geográfico a partir de suas necessidades sociais, culturais, políticas 
e económicas. Como discutir, por exemplo, sobre a construção do 
território sem se dar conta que a formação territorial exige 
elementos como espaço e poder (SOUZA, 2005) e, que o poder em 
suma é um facto de cunho político - como deixaram claro Ratzel e 
La Blache, também tratado por ciências como a ciência política. 
 
Percebendo a possibilidade de contacto com as outras ciências 
como o estopim para a discussão de temas transversais no ambiente 
escolar, podemos tecer com maior liberdade a comunicação 
interdisciplinar em benefício de uma formação educacional mais 
eficiente. 
 
O encurralamento epistemológico que tende o professor a tomar, 
por intermédio da construção curricular da disciplina, é algo a ser 
combatido. Porém, tal encerramento é por vezes produto de 
ideologias baratas, hiperespecializações e/ou egos inflados. 
 
Dentro do contexto, o que se houve constantemente nos encontros, 
seminários, simpósios, é o preconceito ideológico, o não 
embasamento epistemológico e, principalmente, a miopia científica 
antes uma complexidade de factos socioambientais que extrapolam 
o conhecimento geográfico mediado por uma só ideologia e/ou 
metodologia. 
 
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A transversalidade, nesse sentido, aparece como possibilidade de 
contacto – mesmo quer por vezes indirecto, com outras disciplinas 
e, por conseguinte com outras ideologias e métodos que podem 
somar à ciência geográfica na tentativa de uma geografia que 
compreenda a totalidade-mundo à que Straforini (2001) se refere 
proporcionando uma Geografia que ensina o ser humano o sentido 
de geograficidade. 
Fica claro que o esforço tem de ser conjunto. A Geografia diante 
das necessidades certamente tem sua importância, todavia antes a 
perspectiva de formação que o indivíduo tem de ter para viver uma 
geograficidade capaz de fazê-lo perceber em suma o mundo, a 
Geografia é base, porém não a totalidade do conhecimento 
humano-educacional. Nesse sentido, a transversalidade – trata-se 
de uma perspectiva teórica que só conjuntamente tem condições de 
ser efectivada, apesar de sumariamente ser necessária a 
preocupação com a possibilidade de se trabalhar uma Geografia 
Transversal. Premissa individual, mas com objectivo de posterior 
trabalho em grupo. 
 
Sumário 
 
Exercícios 
1 Explique o conceitoda educação transversal 
2 Explique o papel da educação transversal na melhoria do 
processo de ensino-aprendizagem 
 
 
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Unidade V 
A prática Didáctico – Pedagógica 
da Geografia Escolar e a formação 
das condutas humanas 
Introdução 
O esboço curricular da Geografia vem engendrando uma ordem 
funcional, disciplinar e fragmentária na sociedade. Em geral, essa 
situação produz uma redução na forma de ver e compreender o 
mundo, haja vista que os diversos conteúdos da escola organicista 
não se articulam entre si, produzindo efeitos perversos na dimensão 
sócio-cultural. 
Essa situação, desde a origem dessa ciência, no século XIX, tem 
contribuído ao distanciamento contextual da relação tempo / espaço 
na dimensão do próximo e/ou longínquo, pelos sujeitos na vida 
quotidiana. 
Desta feita, no processo educativo não se permite espaço e tempo 
para acção reflexão-acção, assegurando junto à maioria dos 
indivíduos, uma expressão mnemónica por excelência. A tarefa da 
educação geográfica, na rede pública e privada de ensino, prescreve 
como eixo central a desigual distribuição dos saberes. 
 
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Explicar, com exemplos concretos, o papel da Geografia 
escolar na formação das condutas humanas 
 Explicar o papel metodológico da subjectividade e 
identidade na melhoria do processo de ensino e 
aprendizagem em Geografia 
 
 Didáctica de Geografia II G0160 
27 
 
 
O PAPEL DA GEOGRAFIA ESCOLAR NA FORMAÇÃO 
DAS CONDUTAS HUMANAS 
 
O currículo, nessas áreas, vem engendrando, constantemente, 
limites e fronteiras, bem como, alheando a vida pulsante do 
processo ensino aprendizagem, senão da sociedade, de seu sentido 
histórico-espacial e da afectividade, consequentemente, da 
efectivação dos valores da cidadania. 
 
Ultrapassar a percepção a partir do qual estão os “outros” faz a 
diferença e recoloca, em termos epistemológicos, os conteúdos 
subjectivos e identitários em evidência no processo de interlocução, 
reflexão, análise e construção dos novos olhares sobre a vida e a 
realidade de tantos outros currículos. Conhecer o papel do currículo 
geográfico disciplinar, bem como, os contornos que esse adquire 
face às políticas educacionais pensadas por outrem para a vida dos 
sujeitos contemporâneos é uma possibilidade para se transgredir 
toda uma série de hábitos ancestrais. É pensar a relação da acção 
dos sujeitos sobre o espaço construído até então e do qual são 
indissociáveis. 
 
O sentido da Geografia escolar no conjunto das reflexões que 
dizem sobre a educação formal, mostra-se em sua maioria, 
desvinculada da prática material dos homens e mulheres que menos 
têm tido acesso à educação de qualidade ou pelo menos tem podido 
permanecer nela. Tal situação decorre do atrelamento da escola 
oficial à reprodução social enviesada pela insistente fragmentação 
curricular pensada por outrem. Essa implica, fortemente, na forma 
de pensar e construir o mundo, de tal forma que, no processo 
ensino-aprendizagem, pouco se consegue dar visibilidade ao 
 Didáctica de Geografia II G0160 
28 
 
 
diálogo com os diferentes saberes e territorialidades produzidas 
pelos alunos no movimento da educação no país. 
 
A estrutura curricular geralmente incide uma perspectiva histórico-
geográfica produtora de um saber arbitrário, legítimo, e de validade 
universal. Saber que domina com facilidade o imaginário dos 
homens actuando directamente sobre o conhecimento, a ciência, a 
ética e a estética do mundo. Assim, pela escola, se impõe 
obstáculos e resistências às manifestações de conteúdos de cunho 
sócio-cultural, democrático e afectivo, em prol da desigualdade do 
saber, de competências e dos futuros papeis de cada um na 
sociedade. 
 
Como aborda Bourdieu e Passeron, [...] a violência simbólica 
ocorre quando uma determinada classe social impõe significações, 
e ao impô-las como legítimas dissimula as relações de força e de 
poder que estão na base de sua força, esta impõe e inculca um 
arbitrário cultural de forma também arbitrária (via inculcação e 
imposição). 
 
Os autores afirmam que a violência simbólica ocorre quando 
determinada leitura e determinado entendimento de mundo são 
considerados como os únicos possíveis, como sendo a única 
verdade, como se esses entendimentos fossem neutros, e não uma 
representação humana construída por determinadas pessoas de 
diferentes grupos sociais. Infelizmente, essa situação causa uma 
recursividade no condicionamento do “status quo” das relações 
desiguais mantidas, reproduzidas e legitimadas na sociedade, aqui 
se destaca o importante papel desempenhado pelos documentos 
oficiais e as reformas no ensino. 
 Didáctica de Geografia II G0160 
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SUBJECTIVIDADE E IDENTIDADE: POR UMA 
PROSPECTIVA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA 
 
As grandes transformações técnico-científicas implicam sobre a 
vida humana e de igual modo, se reconhece, que nelas há uma forte 
tendência de estreitamento da vida social ao processo produtivo de 
uma forma cíclica, fragmentária, efémera, descartável que vêm 
continuamente, desapropriando os homens de uma razão sensível 
do mundo. 
 
Essa desapropriação, exercício do poder institucionalizado, como 
se verifica, actua insistentemente sobre o imaginário social e, vem 
violentando as construções identitárias e as subjectividades 
humanas, de tal forma, que não há visibilidade de outras razões, 
quer seja paradoxalmente sentida e/ ou articularmente integradora 
das dimensões intelectuais e afectivas da relação dos homens com a 
natureza, pois sendo escamoteado dos processos de interacção 
social o que emerge é uma razão abstracta que vem objectivando a 
dimensão subjectiva humana em todos os seus aspectos. 
 
De certo que essas implicações vêm se apresentando tanto, como 
conteúdo, quanto continente da imaginação dos sujeitos, 
configurando, por consequência, num forte atributo simbólico à 
formação do imaginário e da representação social da realidade. 
Prolongar essa leitura nas instituições educativas torna-se, assim, 
um equívoco. Como transformar essas acções espontâneas, 
incorrectas, incómodas e mal formuladas que são constantemente 
imbricadas no senso comum dos sistemas de ensino, do currículo, e 
da vida nas instituições tecnicistas para que não nos conduzamos 
aos modelos educacionais reducionistas? 
 
 Didáctica de Geografia II G0160 
30 
 
 
A inserção social no mundo dito “globalizado” limita o trilhar da 
construção da cidadania efectiva. Contudo, cabe lembrarmos que 
pelas utopias pedagógicas dos que pensam uma História e uma 
Geografia prospectiva, democrática e inclusiva dá-se início a 
contradição que marca o movimento interno educativo como 
conflititivo. Isso nos possibilita pensar, de forma mais ampla, os 
papéis da escola, e da Geografia. 
 
O sentido e significado desse tem conteúdos próprios conforme o 
tempo e o lugar que ocupa, e merece ser reflectido e/ou ensinado, 
pois como coloca Lefebvre, “é na vida quotidiana que se situa o 
núcleo racional, o centro real da práxis”. Sabemos que tanto a 
escola como a Geografia têm como função social ensinar, mas 
ensinar o quê? Conteúdos? Condutas? Regras? Que tipos de aluno 
estão sendo formando? Que tipos de alunos querem formar? Por 
que e para quê? 
 
Por que a preocupação mais com os conteúdos didácticos e menos 
com os objectivos pedagógicos que deveriam nortear sua escolha ? 
Conteúdos são importantes, mas prioritariamente, é no pensar que 
está o alicerce para o novo, é no pensar que está o alicerce para a 
democracia da interacção social. 
 
Reconhecemos que nenhum ser humano consegue pensar sem um 
mínimo de informações, conceitos, analogias, conhecimentos, mas 
é emergente que se possa pensar para além dos limites e 
insuficiênciaspostas em nossa realidade, pelo pensamento 
simplificador. 
 
Pensar significa reflectir sobre algo, ou algum objecto pleno de 
representações e significações. Pensar implica reflectir os 
 Didáctica de Geografia II G0160 
31 
 
 
conhecimentos sistematizados pelos homens em sua estreita 
relação com a produção actual e perspectivas futuras. 
 
Contudo, implica reflectir conjuntamente, a cultura, as obras, as 
acções, os valores, a formação humana, o sentido de suas 
territorialidades e vivências intrínsecas na relação que a sustenta e a 
mantém. 
 
Pensar é um caminho para o entendimento, a informação e a 
apropriação de um conjunto de habilidades, noções, valores e 
formas que conduzem a uma outra forma de pensar e agir menos 
caótica e sincrética e isso depende de nossas opções teórico-
metodológicas, dos diferentes métodos e estratégias que utilizamos 
na promoção da aprendizagem, de nossa forma de entendimento de 
mundo e opção política, ética e solidária. 
 
Reforçar e/ ou negar a natureza dos saberes históricos e geográficos 
dos alunos na elaboração de novo conhecimento? Legitimar e/ ou 
não o papel da dominação na efectivação do currículo? Que 
currículo construir? A “realidade” é fruto de acções humanas na 
sua interactividade e/ou é coisa do conhecimento objectivo e 
abstracto? Como compreender a contradição e o imprevisível a 
partir de nossa convivência com eles? Como se relacionar com a 
dúvida e a incerteza da rede dos significados dialógicos inscritos 
nas acções quotidianas, institucionalmente educativas e, da 
perspectiva de seus autores? Essas são algumas das questões que 
nos levam a pensar que o nosso caminho está apenas começando, 
mas que, certamente, qualquer conduta que tomemos deverá ser 
guiada por uma atitude pluralista sobre as teorias a respeito do 
indivíduo, da sociedade e do conhecimento. Isso indica que 
precisamos de desenvolver um enfoque global do sistema de 
 Didáctica de Geografia II G0160 
32 
 
 
ensino, dos problemas do currículo e da vida nas instituições, 
incluindo ideias sobre as condições para a mudança educativa. 
 
Sumário 
 
Exercícios 
1. Explique, com exemplos concretos, o papel da Geografia 
escolar na formação das condutas humanas 
2. Explique o papel metodológico da subjectividade e 
identidade na melhoria do processo de ensino e 
aprendizagem em Geografia 
 
 Didáctica de Geografia II G0160 
33 
 
 
Unidade VI 
A Geografia Escolar e a 
Construção da Cidadania 
Introdução 
A prática didáctico-pedagógica da História e da Geografia escolar 
segue um modelo curricular fragmentado e conteudístico, 
permeado de práticas centralizadoras do saber e do fazer educativo. 
Essa manifestação, expressão funcional de um arbitrário cultural, 
próprio de determinados grupos, assegura um processo educativo 
anti-histórico e vicioso que não consegue atingir as vicissitudes da 
lógica da territorialidade do lugar construído pelos sujeitos que o 
cercam. 
 
Esse conjunto de informações, caóticas, unilaterais, transvestido de 
conteúdo de ensino, incide fortemente na formação do imaginário 
social que constitui a cidade. Como essa produção é 
frequentemente inocentada na teia dos discursos sociais e 
educativos, não consegue interagir com a complexidade da 
sociedade, do mundo, de seu conhecimento e simbologias inerentes 
necessitando de interlocução, reflexão e análise dos perigos e 
possibilidades que essa realidade nos traz. É urgente que o ensino 
da Geografia possa contribuir ao exercício de uma cidadania 
efectiva. 
 
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 Definir o conceito Cidadania 
 Identificar os mecanismos didáctico-pedagógico para a 
construção da cidadania na sala de aula 
 Didáctica de Geografia II G0160 
34 
 
 
  Explicar, com exemplos concretos, o papel da geografia 
escolar na construção da cidadania 
 
A trajectória curricular da Geografia escolar revela, no interior de 
seus textos, uma visão meramente vinculada à transmissão de um 
determinado contexto social, económico, cultural e político. Essa 
perspectiva vem se apresentando tanto, como conteúdo, quanto 
como continente da imaginação dos sujeitos no processo educativo. 
 
Destarte, se configura num forte atributo simbólico à formação do 
imaginário social e necessita ser revisto para se repensar a 
construção social do conhecimento produzido na escola que se 
amplia para a cidade. Sabemos que a transmissão passiva, estática e 
naturalizada de uma visão que se impõe como “lógica” forja 
modelos de professores, de alunos, de escola, de sociedade, de 
política, de disciplinas, de condutas, produzindo identidades e 
subjectividades determinadas e essas caracterizam o tipo de 
sociedade contextualmente vivida. 
 
Ultrapassar essa perspectiva do saber-poder como nos lembra 
Foucault implica reconhecer o universo complexo, repleto de 
diversidades que se constitui a escola, bem como, o amálgama de 
relações negociadas entre os saberes técnicos, científicos, crenças, 
expectativas e visões sociais no processo didáctico-pedagógico. 
 
Esse promove inclusões e/ou exclusões no processo histórico que 
levam os sujeitos a perceberem a “si” e aos “outros”, pelas formas 
particulares de agir, sentir, operar sobre “si” e sobre o “mundo”. 
Enfim, pela maneira de conhecer, de compreender e de interpretar 
seu “eu” nesse mundo. 
 
 Didáctica de Geografia II G0160 
35 
 
 
É no reconhecimento da condição de “sujeitos” que promovemos 
o acto da leitura e da interpretação da história quotidiana, como 
aborda De Certeau. Assim, poderemos renunciar as prescrições 
atribuídas por quem manipula o que os outros devem ou não 
pensar. Não podemos mais olhar para as práticas curriculares da 
Geografia escolar com a mesma inocência de antes. A esse 
propósito Tomaz Tadeu da Silva afirma: o currículo tem 
significados que vão além daqueles aos quais as teorias tradicionais 
nos confinaram. O currículo é lugar, espaço, território. O currículo 
é trajectória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, nossa 
vida, curriculum vitae: no currículo se forja nossa identidade. 
 
Reconhecer essa dimensão implica perceber o universo mental e as 
ideologias presentes na realidade, bem como, a emergente 
necessidade de trabalhar suas especificidades locais tal qual se 
constituem, nos diferentes estados, cidades, municípios e regiões, 
diferindo radicalmente daquelas pertencentes a um outro espaço e 
um outro tempo. 
 
Neste sentido, as contribuições da Nova Geografia da Percepção 
evidenciam pesquisas que relatam o quotidiano ao abordar estudos 
sobre as subjectividades, o imaginário e o campo simbólico. Esses 
campos teóricos inseriram-se numa perspectiva cultural e analisam 
novos caminhos para se pensar o tempo e o espaço vivido no que 
concerne à linguagem, ao imaginário, ao simbólico, as relações 
entre o saber e o poder, a subjectividade orientando a Geografia 
escolar para uma perspectiva social, cultural e do quotidiano, 
sensibilizando para a volta do sujeito como centro das análises. 
 
Tal processo fomentou o desafio de se pensar o novo pelo 
desenvolvimento de atitudes intelectual críticas em face não 
somente dos currículos, mas também da escola, dos livros 
 Didáctica de Geografia II G0160 
36 
 
 
didácticos e dos conteúdos estabelecidos de forma vertical pelas 
autoridades educacionais instituídas. 
 
Assim, reformulações no processo curricular da Geografia escolar 
vêm sendo construídas. Os conteúdos e as metodologias vêm se 
constituindo com base em diferenças, clivagens e conflitos. 
Contudo, essa construção social do currículo, o seu planeamento e 
propostas nem sempre se prolonga para a escola. Essa evidência 
nos mostra que a acção do professor e dos alunos, nessas áreas, 
pode se direccionar para além daselecção de conteúdos e 
metodologias que o orientem, de forma a tornarem-se 
gerenciadores de um conhecimento, autónomo, criativo, pluralista e 
propositivo na realidade da escola e da cidade. 
 
Gerenciar o conhecimento curricular quanto aos conteúdos, 
métodos ou estratégias de ensino é reconhecer, num eixo espaço-
temporal, as atitudes e percepções dos sujeitos que fizeram e fazem 
a educação escolar em sua complexa e diferenciada estrutura social. 
É posicionar-se activamente para que se promova o 
desenvolvimento de conceitos concernentes à cidade, cidadania e 
democracia. 
 
As contribuições conceituais, teórico-epistemológicas da História e 
da Geografia, quando consideradas na educação escolar, 
possibilitam essa construção. O fornecimento didáctico-pedagógico 
de conceitos geográficos e articulações, facilitam a compreensão do 
mundo, dos complexos problemas da vida e do homem em 
sociedade. 
 
 Didáctica de Geografia II G0160 
37 
 
 
Para um efectivo exercício da participação há que se fornecer 
caminhos para que a pessoa possa escolher aquele que for 
compatível com seus valores, sua visão 
de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá 
encontrar. Nessa perspectiva o desenvolvimento de conceitos 
geográficos, quais sejam: 
 
 Relações entre presente-passado-futuro; 
 Diferenças e semelhanças; 
 Continuidade e simultaneidade; 
 Ritmos de duração, conjunturas e estruturas; 
 Memória, identidade, subjectividade e cidadania; 
 Espaço; 
 Paisagem; 
 Lugar, território; 
 Escala; 
 Redes 
Isso ajuda aos sujeitos educativos a tomar consciência de si 
mesmos, dos outros e da sociedade nas mais diversas relações que 
se possam estabelecer na sociedade. 
 
É na apreensão destes conceitos que os sujeitos aceitam-se a si e 
aos outros como uma totalidade social que liga o todo com as 
partes e vice-versa e percebem que sua acção activa é 
imprescindível para transformar a realidade, contribuindo para a 
construção de uma sociedade democrática que sabe ver, que sabe 
julgar, e que, de uma certa maneira sabe ser. 
 
Precisamos desmistificar o paradigma reducionista e simplificador, 
para superar outras adjectivações pejorativas que vulgarizam o 
conhecimento e a “realidade”. A educação formal precisa inter-
 Didáctica de Geografia II G0160 
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relacionar o social, o cultural, o científico das diferentes 
identidades subjectivas, temporais e espaciais, dos diferentes 
sujeitos do quotidiano escolar. É por meio da consideração dessa 
manifestação e da não negação do vivido pelo aluno que o ensino 
da Geografia tornar-se-á consequentemente para os mesmos. Seus 
saberes deverão ser articulados na mediação de um “novo 
conhecimento”, pois a articulação coerente desses saberes com os 
demais são fundamentais para uma aprendizagem significativa 
capaz de promover transformações territoriais para a construção de 
tempos e espaços diferenciados conforme os interesses dos grupos 
naquele momento. 
 
A reflexão incitada emergiu de nossa prática como professora do 
ensino fundamental, das reflexões e das angústias vivenciadas no 
processo educativo. Como se viu, pouco se reconhece à fala dos 
sujeitos em aprendizagem, ou pelo menos é grande o abandono 
com que se trata dela, existindo grande desencantamento no 
processo ensino-aprendizagem. 
 
A manutenção de processos tecnicistas que aprisionam a 
subjectividade humana discriminam aqueles que não se encaixam 
no padrão excludente dos “letrados e asseados” e é reforçado pelo 
desrespeito da coisa pública ou do interesse colectivo. A solidez 
desse ensino elitista, autoritário e fragmentário implica no 
ocultamento das subjectividades e corrobora para a frequente 
mutilação da cidadania em função dos vícios que continuamente 
persistem em nosso modelo escolar, senão nas esferas cerebrais, 
sociais e culturais. 
 
Os conflitos pela liberdade de decidir e a obrigação de seguir os 
“determinados” modelos educacionais persistem, mas, caberá 
apenas uma consciência didáctico-pedagógica do que é o sistema 
 Didáctica de Geografia II G0160 
39 
 
 
educativo e do que é a sociedade, para servir de facto a eles, isso 
porque não existe neutralidade na educação, e é sempre possível 
um trabalho educativo voltado para a liberdade e para a 
participação política. 
 
Resta-nos, agora, que nos apropriemos dessa tarefa para que 
possamos vivenciar a coerência entre o nosso discurso e a nossa 
prática, pois como coloca Freire, (...) as dificuldades diminuiriam 
se a escola levasse em consideração a cultura dos oprimidos, sua 
linguagem, sua forma eficiente de fazer contas, seu saber 
fragmentário do mundo de onde, afinal, transitam até o saber mais 
sistematizado, que cabe a escola trabalhar. 
 
Obviamente, esta não é uma tarefa a ser cumprida pela escola da 
classe dominante, mas tarefa a ser realizada na escola da classe 
dominante, entre nós, agora, por educadores e educadoras 
progressistas, que vivem a coerência entre seu discurso e sua 
prática (...). 
 
É mais do que necessário que no processo de ensino-aprendizagem 
da Geografia quotidianamente se possa contemplar a emergência de 
uma realidade mais justa, pelos novos significados que se 
constroem na vida dos sujeitos. 
Alfabetizar o aluno, ensinando-o a ler a realidade e a situar-se nela, 
bem como estar no mundo de forma consciente, é uma forma de se 
conhecer como ser social e construtor do seu espaço, pois é pela 
apropriação do espaço nas materializações diversas e de todas as 
ordens, próximas ou distantes, que poderemos transformá-lo e 
dispor de uma melhor qualidade de vida, no concernente à 
cidadania. 
 
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Foi tendo em vista o enfrentamento e a superação de práticas 
educativas que só favorecem a legitimação das desigualdades que 
surgiu a razão principal para esta reflexão. Assim, sem 
pretendermos levantar questões teóricas mais profundas, espera-se 
que, de alguma forma, as reflexões e sugestões apresentadas sejam 
úteis aos futuros professores que desejam ensinar Geografia para 
seus alunos caracterizarem melhor a realidade e, portanto, tornem 
se mais conscientes e participativos do espaço em que vivem. 
 
 
Sumário 
 
Exercícios 
1. Defina o conceito Cidadania 
2. Identifique os mecanismos didáctico-pedagógicos para a 
construção da cidadania na sala de aula 
3. Explique, com exemplos concretos, o papel da Geografia 
escolar na construção da cidadania 
 
 
 
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Unidade VII 
Novas tendências Didáctico 
metodológicas aplicáveis ao 
ensino da Geografia 
Introdução 
Esta unidade faz uma reflexão crítica do ensino da Geografia 
escolar neste início de século XXI. Reflecte sobre o processo 
didáctico-pedagógico no âmbito do domínio dos objectos, das 
técnicas e da informação. Da mesma forma, levanta questões sobre 
o ensinar e para que ensinar a Geografia. 
 
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Definir os conceitos Metodologia e Processo Didáctico-
Pedagógico; 
 Identificar as novas tendências didáctico pedagógicas aplicáveis 
ao ensino da Geografia. 
 
 
Entende-se que a prática da Geografia na escola está recheada de 
hábitos ancestrais e, esses continuam a distorcer a realidade 
construída historicamente distanciando os homens de uma 
apropriação do espaço nos moldes de uma cidadania efectiva. 
 
O processo didáctico-pedagógico da Geografia escolar, neste inicio 
de século XXI, suscita reflexões quanto ao tratamento com as 
questões espaciais, destacando aqui os factos e os acontecimentos 
locais, regionais, nacionais e/ou globais, bem como, a política 
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escolar baseada na pedagogia da mudança / transformação dos 
hábitos e atitudes dosalunos para a produção do exercício da 
cidadania. 
 
Nesse sentido, o repensar na dimensão técnica, política e ética do 
processo ensino-aprendizagem na Geografia escolar e suas 
repercussões na sociedade, constitui o ponto fulcral nas novas 
tendências didactico-metodologicas aplicáveis ao ensino da 
Geografia. Opta-se por esse caminho para reflectir, de forma clara e 
profunda, o que o ensino da Geografia vem fomentando para a 
formação de sujeitos que reconheçam a dimensão social de sua 
participação na apropriação do espaço, pois entende-se que o 
trabalho com essa disciplina pressupõe um projecto de 
alfabetização espacial que considera a dimensão social, técnica e 
política para a desconstrução da ideia de encarar a sociedade como 
mera mercadoria. 
 
Falar da questão didáctico-pedagógica da Geografia escolar nos 
remete a uma reflexão em torno das sérias críticas por qual passa 
seu ensino, como, aliás, acontece com o ensino em geral. Deve-se a 
isto à tradicional postura da Geografia e do professor, que 
consideram como importante, no processo educativo: os dados, as 
informações, o elenco de curiosidades, os conhecimentos gerais, as 
localizações, enfim, o conteúdo acessório, como lembra-nos 
Brabant (1989). 
 
Discurso descritivo, até determinista, a Geografia na escola 
elimina, na sua forma constitutiva, toda preocupação de explicação. 
A primeira preocupação é descrever em lugar de explicar; 
inventariar em lugar de analisar e de interpretar. 
 
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Essa característica é reforçada pelo enciclopedismo e avança no 
sentido de uma despolitização total. Esse escopo, herança do século 
XIX, interfere no carácter propedêutico de uma Geografia voltada 
para a cidadania, pois não consegue formar e manter conceitos 
geográficos válidos cientificamente e relevantes socialmente, 
existindo um predomínio forte de um ensino alinhado com apenas 
uma orientação paradigmática da Geografia e, em muitas situações 
didácticas verifica-se: 
 A negligência em relação ao ensino da Geografia Física em 
favor de uma maximização da Geografia Humana; 
 A negligência – na verdade, o desaparecimento quase 
completo de sala de aula e dos livros didácticos – da 
Geografia Regional, em termos da caracterização e da 
descrição das macro-regiões do mundo; 
 Descanso – quando não abandono completo – de práticas 
cartográficas e, até mesmo, do uso de Atlas, como também, 
uma das técnicas de tratamento computacional das 
informações geográficas (geoprocessamento – SIG), 
existindo, portanto, um atraso desnecessário. 
 
Mesmo após o Movimento de Renovação denominado “Geografia 
Crítica”, na década de 70-80, nota-se que pouco foi modificado no 
tratamento didáctico-pedagógico da Geografia na sala de aula o 
qual poderia contribuir para que os sujeitos envolvidos se 
reconhecessem como sujeitos do mundo em que vivem, indivíduos 
sociais, capazes de construir a sua história, a sua sociedade, o seu 
espaço e que conseguissem ter os mecanismos e os instrumentos 
para tanto. 
 
A propósito, a dimensão social de construção do espaço geográfico, 
tem uma literatura bastante difundida no meio científico, não 
apenas pelos “novos geógrafos”, mas também por pensadores de 
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outras áreas, contudo a situação de atraso ainda é persistente no 
quotidiano da escola. 
 
Desta feita, dificilmente o ensino, ora apresentado, contribuirá para 
que os sujeitos em aprendizagem expressem livremente o 
desenvolvimento de suas ideias, de suas atitudes e os 
procedimentos que lhes são característica frente ao mundo que se 
globaliza desigualmente. 
 
A nosso ver essa questão pode ser colocada num plano anterior 
decorrente de uma escola estruturada a partir de uma divisão 
intelectual e técnica do trabalho em que se urgia um “adestramento 
docente” para que o professor exercesse apenas a função de 
executor de planos, projectos educativos e metodologias pensadas 
por outrem num espaço e tempo controlados e/ou vigiados 
(FOUCAULT, 1987). Dessa forma, os impedindo de pensar sobre a 
função social do ensino da Geografia no contexto da vivência da 
sala de aula, da hierarquia da instituição escolar e da sociedade. 
 
Decorrente dessa prática, a sala de aula da Geografia escolar segue, 
em seu processo educativo, um modelo pedagógico curricular 
conteudístico e, fortemente, padronizado em substituição à 
consciência crítica da maioria da sociedade e de sua participação. 
Essa lógica funcionalista desvela o pragmatismo que a sociedade 
ocidental vem mantendo e reforçando no dia-a-dia do fazer 
profissional da rede pública e privada de ensino, pois essa prioriza, 
como meta educacional, às políticas educacionais “pré-
estabelecidas” em detrimento do currículo real, advindo do 
quotidiano escolar em seus mais variados aspectos e sua 
sistematização (SILVA, 2002). 
 
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45 
 
 
Essa pedagogia equivocada condiciona a prática do professor a 
uma visão reducionista da educação, e é constantemente reforçada 
pelos modelos pedagógicos “prontos e acabados” para não se correr 
o risco de tentar alternativas que não interessam. 
 
Situação que acaba produzindo inúmeras incorrecções que não 
pode ser considerada fruto de mero descuido. Dessa forma, o 
processo didáctico-pedagógico na Geografia escolar, limita-se, 
meramente, à utilização de um determinado livro didáctico e este é 
escolhido pelo possível “conhecimento” do conjunto de conteúdos 
nele contido; por que dispõe de caderno do professor e sugestões de 
actividades e, ao uso dos programas e provas do vestibular para 
listar o conteúdo programático a ser desenvolvido no decorrer do 
ano lectivo. 
 
Certamente, essa opção, corresponde à prática daqueles professores 
que não encontraram tempo e espaço para reflexão. Vesentini 
(2001) enriquece a discussão ao expor que [...] o ensino é funcional 
para o capitalismo moderno, mas, contraditoriamente, ele é também 
um agente de mudanças sociais e uma conquista democrática. 
 
Aliás, pode-se dizer o mesmo de outras instituições similares, como 
por exemplo, a indústria cultural (obras de arte como mercadorias, 
livros, filmes, meios de comunicação, etc.): ela foi criada pela 
reprodução capitalista e é parte inerente da mesma, mas ao mesmo 
tempo é igualmente uma possibilidade de se alargarem as fronteiras 
do possível, de se pensar o novo, de subverter a ordem das coisas 
[...] Não é possível estabelecer uma fronteira nítida entre o papel da 
escola como reprodutora do sistema e como agente de mudanças 
sociais [...]. 
 
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É na identificação das lacunas, de ordem didáctico-pedagógica na 
sala de aula de Geografia, que poderemos perceber a emergência da 
mudança do paradigma persistentemente presente no âmbito 
escolar. Porém, precisamos reflectir sobre as seguintes questões: 
 A quem tem servido o conhecimento passado pelo livro 
didáctico? 
 Aos professores? 
 A escola? 
 Ao grupo dominante? 
 Aos alunos? 
 Que concepção de homem, de sociedade, de mundo e de 
participação construímos na relação que mediamos com os 
alunos? 
 
Certamente, ao reflectir sobre essas questões conquistaríamos, 
gradualmente, a capacidade de enfrentar a superficialidade 
mantida, insistentemente, por nossos sistemas educativos. 
 
Tomadas essas questões há, ainda, a necessidade de reflectir sobre 
o encaminhamento dado ao ensino da Geografia quanto: a 
pedagogia, o método, e o conteúdo, estando concomitantemente 
intrínseca a avaliação. 
 
Ao se ter clara a dimensão pedagógica do ensino e coerência no 
desenvolvimento do processo educativo, está contemplada também 
a avaliação. Sabemos que os desafios contextuais emergentes são 
diversos e que a acção do professor deve se direccionar para além

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