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PANCREATITE AGUDA E CRÔNICA E CÂNCER DE PÂNCREAS ANATOMIA É um órgão retroperitoneal (por isso a dor irradia para o dorso). A cabeça do pâncreas repousa no duodeno, compartilhando a vascularização. Tronco celíaco Gástrica esquerda, Hepática comum e Esplênica e A. mesentérica superior o Importante porque se for necessário retirar a cabeça do pâncreas deve ser feita retirada do duodeno também duodenopancreatectomia Tem importante relação com a via biliar, junção do ducto pancreático com o colédoco, desembocando na papila duodenal (2ª porção do duodeno). Por isso a principal causa de pancreatite aguda é cálculo biliar impactado na papila duodenal. Tumor de cabeça de pâncreas pode obstruir a via biliar gerando icterícia e vesícula palpável e indolor manifestação dos tumores periampulares FISIOLOGIA Funções pancreáticas: Endócrina: células das ilhotas de Langerhans o Beta insulina o Alfa glucagon o Delta somatostatina – inibe a secreção pancreática Exócrina o Liberação de “suco” pancreático através do estímulo da acidez + alimentos no duodeno: Liberação de secretina e colecistoquinina liberação pancreática de Bicarbonato e pró-enzimas. o As enzimas pancreáticas são ativadas no duodeno ontem começam a ter ação se forem ativadas no pâncreas começam a provocar autodigestão pancreática = pancreatite aguda PANCREATITE AGUDA Etiologia: Litíase biliar Álcool Clínica: Dor contínua em “barra” – começa em região epi/mesogástrica com irradiação para o dorso Náuseas e vômitos Icterícia leve Sinais semiológicos: não são patognomônicos – causadas por hemorragia retroperitoneal (indicam quadro grave) o Sinal de Cullen: equimose periumbilical o Grey Turner: equimose em flancos o Fox: equimose na base do pênis o Retinopatia Purstcher-Like: amaurose por manchas algodonosas na retina Diagnóstico: 2 ou 3 dos seguintes Dor abdominal fortemente sugestiva ↑amilase e/ou lipase ≥ 3x o normal o Amilase: volta ao normal mais rápido o Lipase: é a mais específica o Não indicam gravidade!! Exames de imagem característicos: o Primeiro exame: USG avaliar colelitíase (principal causa) o Principal exame: TC de abdome com contraste Em 48-72 horas para diferenciar entre pancreatite aguda edematosa ou necrosante (demora a aparecer no exame de imagem) Imediata se: grave ou piorando o Na suspeita de microlitíase USG endoscópico (ecoendoscopia) Classificação de gravidade: - Fístula pancreática: tratamento com dieta zero 14-21 dias (NPT) + análogo da somatostatina (octreotide) - Tumor endócrino funcionante mais comum: Insulinoma – benigno em 90% dos casos. Tratamento com enucleação (cirurgia) PANCREATITE AGUDA E CRÔNICA E CÂNCER DE PÂNCREAS Leve: sem falência orgânica/ complicações locais ou sistêmicas o 80% dos casos Moderada: falência orgânica transitória e/ou complicações locais ou sistêmicas Grave: falência orgânica persistente Classificação TC: Edematosa: o Captação homogênea de contraste o Mais comum (80%) Necrosante: o Captação heterogênea de contraste o Pode complicar com infecção, que é vista na TC como a formação de gás Prognóstico: Preditores clínicos: o Idade o Etiologia alcoólica o Internação em < 24 horas do começo do quadro o Obesidade o Peritonite Escores – Ranson: pior prognóstico ≥ 3 o Admissão = LEGAL Leucocitose > 18.000/mm3 Enzimas (TGO) > 250 Glicose > 220 Idade - > 70 anos LDH > 400 o Primeiras 48 horas = FECHOU Fluido (déficit de fluido) > 4L Excesso de bases > 5mEq/L Cálcio sérico < 8mg/100ml Hematócrito (queda) > 10% PaO2 Ureia (BUN) > 2mg/100ml o Dica: Não fazem parte do Ranson: TGP, Amilase e Lipase, bilirrubinas Escore – Balthazar (TC): ≥ 6 pior prognóstico Escore – Apache II: ≥ 8 pior prognóstico – pacientes internados em CTI PCR ↑ Tratamento: Medidas inicias: o Internação o Dieta zero por período curto o Hidratação e controle eletrolítico: mais importantes!! o Analgesia (pode usar opioide) Reiniciando dieta: o VO: dentro de 24-72 horas o Cateter NG/NJ: se não tolerou VO o NPT: se não tolerou VO/Cateter Tratamento da pancreatite aguda biliar: Pancreatite biliar leve: maioria das vezes a pedra não está mais impactada. o Risco cirúrgico bom: colecistectomia por vídeo antes da alta o Risco cirúrgico ruim: CPRE + papilotomia antes da alta Pancreatite biliar + COLANGITE ou OBSTRUÇÃO DISTAL ou GRAVE: o CPRE + Papilotomia + Colecistectomia após 4-6 semanas Complicações locais: Edematosa: o Precoce (≤ 4 semanas): coleção fluida aguda peripancreática Reabsorção espontânea o Tardia (> 4 semanas): pseudocisto Reabsorção espontânea PANCREATITE AGUDA E CRÔNICA E CÂNCER DE PÂNCREAS Necrosante: o Precoce (≤ 4 semanas): coleção necrótica aguda intra e/ou extrapancreática o Tardia (> 4 semanas): coleção necrótica organizada (WON) Tratamento das complicações: Indicação de ATB: Carbapenêmico o Necrose infectada (gás na TC) – pensar quando o paciente piora Se suspeitou e na TC não tem gás diagnóstico invasivo com punção + cultura Indicações de necrosectomia: o Necrose sintomática (febre baixa, anorexia, SIRS) ou Necrose infectada o Endoscópica – melhor para encapsulada o Percutânea via TC – pode servir de ponte para a cirurgia ou terapêutica única o Cirúrgica: padrão ouro ou se não foi resolvido com as medidas anteriores 3-4 semanas pós início do quadro Pseudocisto: o Intervir se: Compressão de estruturas Rotura (ascite) Hemorragia por pseudoaneurisma o Maioria das vezes através de terapia endoscópica PANCREATITE CRÔNICA Anatomopatologia: Calcificação do parênquima pancreático com perda da função Etiologia: álcool é a principal Clínica: Tríade clássica: Calcificação pancreática + Esteatorreia + Diabetes o Essa tríade não é tão comum porque a reserva pancreática é muito grande então o desenvolvimento do diabetes não acontece de maneira precoce e em todos os pacientes o Paciente com pancreatite crônica + diabetes geralmente a diabetes não é causada pela pancreatite Outros achados: o Dor abdominal que irradia para o dorso o Emagrecimento (pela esteatorreia e dor após alimentação) Diagnóstico: Teste da elastase fecal < 200 – insuficiência pancreática exócrina Imagem: o USG endoscópico – calcificação dentro do ducto pancreático principal (melhor exame para fase inicial) o TC de abdome o CPRE: usada se contraindicação à TC ou colangioressonância Obrigatório antes da cirurgia – determina o tipo de cirurgia Tratamento clínico: Cessar etilismo e tabagismo Refeições pequenas, pobres em gordura Analgesia escalonada: o AINE Amitriptilina opioide Enzimas pancreáticas + IBP Insulina – se tiver diabetes causada pela pancreatite crônica Tratamento cirúrgico: Indicação: refratariedade ao tratamento clínico (dor) CPRE deve ser feita antes da cirurgia Quais cirurgias? PANCREATITE AGUDA E CRÔNICA E CÂNCER DE PÂNCREAS o Doença do grande ducto – CPRE com dilatação do ducto pancreático principal > 7mm pancreatojejunostomia látero-lateral em Y de Roux (Puestow-Partington- Rochelle) o Doença de pequenos ductos: depende da localização da calcificação Cabeça: duodenopancreatectomia (cirurgia de Whipple modificada) Corpo/cauda: Pancreatectomia subtotal distal – Child Complicações: Trombose da veia esplênica: provoca hipertensão portal segmentarcom varizes isoladas no fundo gástrico + esplenomegalia CÂNCER DE PÂNCREAS Anatomopatologia: Adenocarcinoma ductal (80-90%) Local mais comum: cabeça de pâncreas (70%) Epidemiologia: Mais comum homem idoso e negro Fatores de risco: Tabagismo Obesidade (?) Clínica: geralmente em doença avançada Icterícia colestática progressiva verdínica Vesícula biliar palpável indolor – sinal de Courvoisier-Terrier Perda ponderal Dor abdominal Linfonodo supraclavicular esquerda (Virchow) Marcador tumoral: CA 19-9 (não é específico) Importante para acompanhamento de tratamento Imagem: USG endoscópico – exame inicial o Permite fazer a biópsia com mais segurança TC de abdome (importante para visualizar invasão vascular também, metástase, acometimento linfonodal) – muito boa para estadiamento Biópsia: Percutânea Transduodenal Estadiamento: Tis – carcinoma in situ T1 ≤ 2cm o T1a ≤ 0,5cm o T1b < 1cm o T1c ≤ 2cm T2 > 2cm T3 > 4cm T4 invasão de artérias: tronco celíaco, mesentérica superior – geralmente contato > 180° é tumor iressecável Tratamento: Curativo (20%) – T3/N/M0 o Cirurgias: Tumor de cabeça: Whipple Tumor em corpo/cauda: Child o Linfadenectomia: Estendida não parece melhorar sobrevida o QT neoadjuvante e adjuvante Não precisa ser feita neoadjuvante se tumor < 2cm, N0 e M0 Paliativo (80%) – T4/N/M1 o Melhorar icterícia e esvaziamento gástrico o Sem condição cirúrgica: Stents em colédoco e/ou duodeno (tendem a sofrer invasão tumoral e volta a icterícia) o Com condição cirúrgica: derivação biliodigestiva (coledocojejunostomia – reduz icterícia) e/ou gastrojejunostomia (reduz obstrução intestinal) o QT adjuvante
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