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A gestão escolar e a construção do trabalho pedagógico Profª. Maria Helena Bimbatti Descrição Compreensão do conceito de gestão democrática na construção e execução do trabalho pedagógico. Propósito Viabilizar o entendimento do conceito de gestão democrática, por meio de seus princípios fundamentais: escola e comunidade, integrando-os com os atos de planejar ações e traçar estratégias, para o desenvolvimento da unidade escolar. Preparação Para auxiliar a compreensão do funcionamento da gestão democrática, tenha em mãos os seguintes documentos: a diretriz de rede (o Referencial de Trabalho Pedagógico da rede à qual a escola se vincula ou pretende se vincular); PPP (Planejamento Político-Pedagógico); o IDEB da unidade escolar a que está vinculado ou se vinculará; informações sobre o bairro onde se situa a unidade escolar a que está vinculado ou se vinculará. Todos esses elementos são essenciais ao desenvolvimento do trabalho da equipe gestora. Objetivos Módulo 1 Singularidades da escola e sua gestão Identificar as singularidades da escola e sua gestão. Módulo 2 A comunidade e o processo de gestão escolar Reconhecer a comunidade como pilar para o processo de gestão escolar. Módulo 3 Fundamentos legais e pedagógicos Relacionar os fundamentos legais e pedagógicos com a gestão educacional. Módulo 4 Gestão democrática do trabalho pedagógico Analisar os caminhos para uma gestão democrática do trabalho pedagógico. Vamos discutir o conceito de gestão, entendido como a composição de uma equipe com a missão de estimular a cultura da participação de toda a comunidade escolar (interna ou Introdução 1 - Singularidades da escola e sua gestão externa), abrindo um campo dialógico e criando um espaço de decisão coletiva, tanto para os aspectos estruturais e administrativos quanto em relação à construção colaborativa do delineamento pedagógico da unidade. Neste material, examinaremos a escola: quais são os aspectos teóricos fundamentais sobre o conceito de escola; e a comunidade: os aspectos referentes à mudança, bem como a importância do conceito de participação ao longo do processo de composição do cenário político e social do conceito de democracia. Depois de conhecermos a relação escola-comunidade, debateremos os fundamentos legais e pedagógicos: os aspectos legais que norteiam a compreensão da gestão democrática, contornada pelas esferas social e política, e qual o desenho pedagógico que a escola deve construir. Por último, veremos a gestão democrática e como implementá-la, norteando os aspectos práticos, especialmente no campo pedagógico. Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as singularidades da escola e sua gestão. A escola Antes de discutirmos a relevância do contorno administrativo e pedagógico como unidade gestora, devemos pensar prioritariamente no espaço escolar. Esse pensamento derivará concepções e entendimentos acerca da compreensão da palavra escola. A escola pode nos remeter ao nosso próprio processo de aproximação a esse grande evento social: é a primeira vez em que nos afastamos da família, nossa base nuclear, para interagir com outras bases, diferentes ou similares, e criar novas conexões com esse novo universo. Aos poucos, esse espaço, escola, se torna mais íntimo e vamos entendendo seu funcionamento e nos apropriando de suas regras e facetas, de seus conceitos. Quando percebemos, já estamos incorporados a esse meio, que se torna um dos espaços sociais mais importantes de nossas vidas. Todos temos histórias incríveis desse momento, todos temos lembranças desse espaço. Crianças indo à escola. Reflexão Gostaríamos de fazer um convite a você: pare e pense em seu momento escolar, o que vem à sua memória? O que você sente? O que você pensa? Quais são suas marcas positivas e negativas nesse O que essa palavra nos traz? memória? O que você sente? O que você pensa? Quais são suas marcas positivas e negativas nesse espaço? Qual professora ou professor você carrega em si? E a principal pergunta: por que você escolheu estar nesse espaço e trabalhar nele? Veja, esse espaço ainda vive em você, pois você, professor ou professora, escolheu não sair da escola! A escola como um espaço especial Neste vídeo, você verá singularidades da escola, além dos motivos para que ela precise de uma gestão própria, pois a escola não é um lugar qualquer. A escola e o saber Agora que já refletimos sobre a escola, vamos apresentar algumas referências na área para alongarmos o diálogo do campo sensorial e existencial ao acadêmico. Como a escola é vista à luz da ciência? Saviani (2018) em sua obra Escola e Democracia apresenta a escola como um local de acesso ao conhecimento, por meio do ensino de qualidade a todos os alunos. Nesse sentido, dois elementos são extremamente importantes, especialmente quando concebidos dentro de um perfil democrático: Portas abertas Expressão de qualidade Podemos, então, questionar: , , q Ao longo da história da educação, a democratização do ensino oportunizou acesso às crianças que até então eram marginalizadas, ou seja, que ficavam à beira do conhecimento. Contudo, o acesso, apesar de ser fruto de um vitorioso movimento social e político, de forma isolada, não garante a transformação social. A escola pública deve ter por princípio a qualidade, já que é vista como instrumento de transformação cultural, histórica e social. Na avaliação de Saviani (2018), as esferas política, social e administrativa da escola devem evitar a marginalidade intensificando os esforços educativos em prol da melhoria de vida no âmbito individual Será que a escola já foi para todos? Quando ocorreu a flexibilização ao acesso? Por que o princípio democrático é tão importante? Por que razão o ensino de qualidade é fundamental? marginalidade, intensificando os esforços educativos em prol da melhoria de vida no âmbito individual e coletivo. Esse movimento pode ser feito por meio da interação do professor e da participação ativa do aluno, essencialmente quando a escola possibilita a aquisição de conteúdos, quando trabalha a realidade do aluno em sala de aula, mas o incentiva a analisá-la criticamente e a participar de movimentos democráticos. Contudo, todas as ações escolares não estão isentas da influência e da responsabilidade do poder público. A escola precisa e deve ser valorizada como instrumento de apropriação do saber, configurando-se como um espaço que se opõe à exclusão social, contrariando quaisquer fatores que levem à marginalização. Dermeval Saviani. Saviani (2018) percebe a escola de forma humanista, acredita que a formação do futuro cidadão passa por ela e, por isso, deve transmitir valores, princípios éticos e morais, em um viés democrático com vistas à qualidade, pois somente assim poderá transmitir os conhecimentos acumulados pela humanidade e ser instrumento social e transformar vidas. A escola e a sociedade Ampliando nosso olhar, há uma análise que não poderia passar despercebida, devido aos constructos teóricos sobre o tema: a visão de Libâneo (2001) sobre a escola, por exemplo, é marcada por princípios de preparação do indivíduo para: E como isso pode ser feito? 1. o processo produtivo; 2. a vida em sociedade; 3. o exercício de sua cidadania de forma crítica, participativa e ética. É fundamental pensar no indivíduo de forma ampla, conectando também a sua formação para o mundo do trabalho, para que possa desenvolver leitura de mundo e compreender as novas ferramentas sociais, necessárias para sua cidadania, sem perder a sua capacidade crítica, atuando e acompanhando as transformações sócio-históricas e culturais contemporâneas, fundamentais para inferir positivamente em seu contexto e evitar a exploração alienada. Nesse contexto, a formação ética é essencial para evitar corrupções em qualquer nível. A escola é um ambiente singular e transformou-se ao longo do tempo. Dessa maneira, cada consideração deve estar relacionada à mudança da própria demanda. Sendo assim,os motivos pelo qual a escola transforma vidas são diversos. A escola e a vida Paulo Freire (2020), em toda a sua obra, procurou demonstrar a importância da educação como prática libertadora. Por isso, usava o termo “educação como prática de liberdade” na constante transformação do sujeito, afirmando que é ele, o sujeito, que deve se autoconfigurar responsavelmente. Para você a escola pode transformar vidas? Conhece alguém que teve sua vida transformada pela educação? Paulo Freire em 1963. A educação libertadora rompe com ideologias dominantes, pois a prática da liberdade se expressa em uma pedagogia em que o oprimido possa refletir e se descobrir como sujeito de sua própria existência histórica, pois a cultura tecida com a trama da dominação torna-se uma barreira para as possibilidades educacionais que circundam subculturas. Freire reforça que a pedagogia deve valorizar a subcultura e, a partir dela, ser um caminho reflexivo rumo à transformação de vida do sujeito, na medida em que tece novos caminhos, libertando-se da dominação. Há em Freire e na extensão de sua obra uma forte influência sociológica e histórica, que leva à compreensão da educação como fonte libertadora, em um forte contorno humanista, que dá relevo às técnicas pedagógicas, valorizando o processo histórico da consciência humana dentro do contexto social. O que podemos, então, derivar da grande contribuição freiriana? Por que Freire é um educador tão importante não somente na América Latina, mas mundialmente? De acordo com Fiori (2020), uma das maiores preocupações de Freire em toda a sua grandiosa contribuição foi a preocupação com a alfabetização, pois aprender a escrever atribui sentido à vida quando oferece a capacidade de autonomia e, consequentemente, de autoria, que permite cunhar a própria existência. Segundo suas palavras: biografar-se, existenciar-se, historicizar-se. Pois isso, a sua pedagogia, traduzida em um método de alfabetização, percebe: A educação como prática da liberdade. (FREIRE, 1987, p.45) Em suas técnicas pedagógicas, Paulo Freire dá condições ao homem de constituir-se e conquistar-se historicamente de sua própria maneira, à luz de um forte viés antropológico, por meio de relações dialéticas e não impositivas, que permitam com que ele se aventure no conhecimento, reconheça-se sócio e historicamente recriando seu mundo, manifestando-se como ser transformador e quebrando com o status quo, que significa o estado das coisas, e nesse sentido, torna-se libertadora. Segundo Fiori, existem três elementos a serem considerados nesse aporte teórico (FIORI, 2020, p. 13): Fiori (2020) aponta ainda que Freire, de modo especial em Pedagogia do Oprimido, concebia que o processo de alfabetizar é uma forma de conscientizar, porque é um significativo ponto de partida, que se torna uma ação transformadora do mundo. Apesar de sair do universo particular do sujeito, provoca Primeiro O movimento interno que unifica os elementos do método e os excede em amplitude de humanismo pedagógico. Segundo Reproduz e manifesta o processo histórico em que o homem se reconhece. Terceiro Os rumos possíveis desse processo são possíveis projetos e, por conseguinte, a conscientização não é apenas conhecimento ou reconhecimento, mas opção, decisão, compromisso. uma suntuosa expansão individual e concretiza novas possibilidades que o faz ultrapassar seu mundo e ganhar solidez social por meio de ações reflexivas. Resumindo Dito de outras palavras, alfabetizar parte do seu círculo cultural com o intuito de provocar seu alargamento, por meio da leitura crítica da realidade: compreender para superá-la. A escrita vai liberando aos poucos a sua consciência como ser histórico e, nesse compasso, proporcionalmente, libertando-se da subordinação para a ação. Nesse momento, é fundamental compreender que a leitura provoca uma evolução interna, mas, em tempo oportuno, externaliza um novo homem capaz de interagir com liberdade e criticidade. Aproximando-se da grande contribuição acadêmica e social de Freire, você perceberá que há uma filosofia de vida traduzida em uma técnica pedagógica, na qual o autor grita de forma quase poética pela liberdade do homem em sua essência e o coloca em um patamar de autoria, de ser transformador de sua realidade: Expressar-se implica em comunicar-se. (FIORI, 2020, p. 26) Assim, o homem se humaniza dentro de um processo dialógico com o mundo, a palavra é representada pelo encontro das consciências, provocando a sua plenitude. Contudo, o enfrentamento do mundo provoca a sua historicidade e o desafia a questionar a sua existência dentro de uma dinâmica transformadora rumo à humanização, não apenas individual, mas também dentro de um contexto sócio-histórico. Dito de outro modo, Fiori (2020) afirma que o método Paulo Freire de alfabetização emerge da cultura popular, mas amplia a mente do sujeito conscientizando-o e politizando-o, sem rivalizar política e educação, apenas tirando-o da acomodação. educação, ape as t a do o da aco odação. Não tem a ingenuidade de supor que a educação, só ela, decidirá os rumos da história, mas tem contudo, a coragem suficiente para afirmar que a educação verdadeira conscientiza as contradições do mundo humano, sejam estruturais, superestruturais ou interestruturais, contradições que impelem o homem de ir adiante. As contradições conscientizadas não lhe dão mais descanso, tornam insuportável a acomodação. (...) E a educação como prática da liberdade. (FIORI, 2020, p. 29) Porque estamos falando da importância de formarmos cidadãos críticos, sendo essa uma meta educacional quase inquestionável, usualmente proferida por educadores de vários níveis e disciplinas. Pensar a escola por intermédio de Paulo Freire é entender a educação como uma alavanca humana e consequentemente social. Educar para a liberdade rompe com educar para a dominação, oportuniza avanços pessoais e mudanças nas condições de vida e trabalho dos sujeitos, formando-os para gerenciar seus futuros e não serem manipulados. Assim, eles terão condições de avanço cultural para os diálogos e questionamentos que virão e para o enfrentamento de duras realidades que precisarão ser transformadas. Frente a esse diálogo inicial, você poderá questionar: Mas por que estamos falando da escola como prática da liberdade? g , p q A resposta é: tudo, pois traz significativos elementos sobre a escola como espaço de prática libertadora, que iluminam observações sobre o ambiente social a ser considerado, sobre o contexto escolar, sua regionalidade, sua atmosfera, suas características, suas necessidades. A presença do sujeito no espaço escolar traz importantes significados que não podem ser perdidos ou isolados na hora de se desenhar um plano de gestão. Todo contexto escolar deve ser considerado na hora de montar seu plano gestor, pois é importante conhecer o entorno escolar, a comunidade, os alunos, seus anseios. No entanto, para isso, o gestor atento deve se aproximar da comunidade e trazê-la para dentro da escola por meio de seus representantes: as pessoas que se disponibilizarão a ser pontes de ação, traduzindo e orientando as ações gestoras, expondo a realidade do entorno e se envolvendo nas adaptações e transformações necessárias. Por isso, o homem em Freire se expressa, humaniza-se, manifesta-se, interage e transforma elementos essenciais na cultura democrática. Esse conceito é essencial para entendermos a nossa próxima discussão: a relação escola- comunidade. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! De�nição da escola Mas o que a leitura da escola pelos ideais freirianos tem a ver com gestão democrática? Módulo 1 - Vem que eu te explico! Gestão da escola Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Como a escola é vista à luz dos princípios democráticos demonstrados por Saviani (2018)?A A escola é vista como um lugar reservado às camadas mais abastadas economicamente. A escola é vista como um local de acesso ao conhecimento, mas não precisa se B preocupar com a qualidade do ensino-aprendizagem. C A escola é vista como um local de acesso ao conhecimento, por meio do ensino de qualidade a todos os alunos. D A escola é vista como um local marcado por ideais antidemocráticos, sem qualquer preocupação com a transformação social. E A escola pública é vista como um local de difícil acesso. Parabéns! A alternativa C está correta. De acordo com Saviani (2018), a escola é lugar de acesso ao conhecimento, e isso acontece por meio do ensino de qualidade a todos os alunos. Acesso e qualidade são elementos centrais para esse objetivo, à luz de um perfil democrático. Ao longo da história da educação, a democratização do ensino oportunizou acesso à pessoas que ficavam à beira do conhecimento. Mas o acesso de forma isolada não garante a transformação social. Nesse sentido, a escola pública deve ter por princípio a qualidade, para que atue como instrumento de transformação cultural, histórica e social. Questão 2 Como eu posso pensar a escola e o ato de educar em Paulo Freire? A Pensar a escola por intermédio de Paulo Freire é entender a educação como uma alavanca humana e consequentemente social. B Educar significa manter a manutenção da “ordem social” dominante. C O ato de educar deve desconsiderar os avanços pessoais e as mudanças nas condições de vida e de trabalho dos sujeitos. D A valorização cultural não interfere no ato educativo. E A escola não provoca a transformação social do sujeito. Parabéns! A alternativa A está correta. Para Paulo Freire, pensar a escola é compreender a educação como uma alavanca humana e social. Educar, nesse sentido, tem como objetivo a liberdade. Visa romper com a educação para a manutenção da “ordem social” dominante e oportunizar avanços pessoais e mudanças nas condições de vida e trabalho dos sujeitos. Nesse sentido, é possibilitar condições de avanço cultural para os diálogos e questionamentos que virão e do enfrentamento de duras realidades que precisarão ser transformadas. 2 - A comunidade e o processo de gestão escolar Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a comunidade como pilar para o processo de gestão escolar. A comunidade Chegamos agora a um importante contorno dentro do processo de expressão humana: a cultura! O ambiente cultural traduz formas de viver, ideias, ideais, percepções, valores etc. Há um elo muito forte entre homem e cultura, essa relação vem ganhando desde o processo de democratização social, iniciado na década de 1980, cada vez mais espaço no ambiente escolar. Para compreendermos melhor essa relação é fundamental identificar ideais freirianos de homem e educação como prática transformadora “na prática”! Para isso, trouxemos o exemplo de uma escola localizada na cidade de São Paulo, que se tornou referência e modelo de gestão democrática, justamente por sua aplicação transformadora. E esse movimento causou grande impacto na comunidade local e na educação como um todo. Neste momento, você pode estar pensando: Como isso aconteceu? Qual foi esse movimento tão intenso? O que causou tudo isso pedagogicamente? Mas perceba que, nesta etapa do conteúdo, os conceitos vão se alinhando! Em busca da práxis A escola em questão retirou da literatura o conceito do diálogo e da parceria com a comunidade e o colocou em prática, formalizando a práxis educativa (ponto de interseção da teoria com a prática), tão discutida nas obras de Paulo Freire, como já vimos. Ela partiu do princípio de que uma sociedade democrática não se estabelece sem uma educação democrática, e isso inclui a expressão dos desejos e pensamentos da comunidade, pois, sem esses elementos, não se faz uma escola democrática. Essa escola está descrita em Viscaino (2018), que traz significativa contribuição à discussão, especialmente quando ressalta que uma educação inovadora sempre traz questionamentos e reflexões sobre a educação tradicional. No entanto, apesar de as abordagens pedagógicas terem passado por processos transformadores, as ações metodológicas ainda mantêm os mesmos princípios: Professor Atuando como transmissor de conhecimento. Aluno Atuando como receptor de conhecimento. Viscaino (2018), tomada por essa conjectura, tece a sua narrativa contemplando o processo de gestão escolar assumido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles, localizada no bairro de Heliópolis, na cidade de São Paulo, em uma região de vulnerabilidade social (tráfico de drogas e diversos tipos de violência). Heliópolis, São Paulo. Ela ainda destaca que, em 1995, Braz Rodrigues Nogueira assumiu a gestão escolar dessa escola e enfrentou várias situações desafiadoras, entre elas, um acidente fatal ocorrido em 1999, com uma estudante vítima de violência. Esse acidente marcou a vida de todos e, a partir dele, criou-se a cultura pela paz, integrando escola e comunidade por meio da Caminhada pela Paz, realizada no bairro por professores, alunos e comunidade. Essa ação abriu as portas da escola para a sociedade do entorno e vice-versa. O movimento favoreceu e ampliou diálogo entre equipe gestora e a população, unidas pelo desejo e desafio de enfrentar a violência com a paz. O diretor Braz conseguiu concretizar sua filosofia pedagógica na qual tudo passa pela educação e a escola só realiza bem o seu papel quando toda a comunidade for educadora. (VISCAINO, 2018). Braz, conforme narra Viscaino (2018), tinha a convicção de que a escola não pode ter barreiras com a comunidade: Primeiro passo A aproximação escola-comunidade, unidos pelo desejo comum de promover a paz. Pais em reunião escolar. Segundo passo A derrubada dos muros que cercavam e separavam a escola da comunidade. Aluno visualizando a sua comunidade da quadra de esportes de sua escola. Terceiro passo A quebra das paredes que dividiam as salas de aula, criando grandes salões de aprendizagem. Grande sala de aula. Esse momento é extremamente relevante. Observe as alterações significativas primeiramente de ordem filosófica, depois estrutural. Você deve se lembrar de que se trata de uma escola periférica em um bairro violento, marcado pelo tráfico de drogas, mas, mesmo assim, a escola não tinha mais muros. Isso significa total abertura para a comunidade: Abertura ideológica Abertura cultural Abertura física Não havia mais barreiras e a escola não era invadida, conquistou-se um profundo e significativo elemento: o respeito! Essa relação respeitosa trouxe tanto alinhamento que, hoje em dia, a unidade adquiriu um plano de trabalho próprio que a diferencia de qualquer outra unidade da rede municipal de São Paulo. Mas e o pedagógico? Segundo Viscaino (2018), a alteração arquitetônica não foi garantia de inovação de forma isolada. O ponto fundamental de partida foi engajar os professores no trabalho coletivo e colocar os estudantes em grupos aprendendo uns com os outros, já que não havia mais divisão em classes ou salas de aula, o que havia era um salão, sem divisão serial. Grupos de estudo. Os alunos eram organizados em grupos, acompanhados pelos professores, com propostas de Os alunos eram organizados em grupos, acompanhados pelos professores, com propostas de trabalho diferenciadas. Todas essas ações culminaram na ruptura da verticalização das relações. A partir de então, vários dispositivos pedagógicos foram introduzidos, a fim de transformar as crianças em parceiros ativos da sua própria aprendizagem, fortalecendo a autonomia colaborativa. Esse caso é bem emblemático no campo da gestão democrática e demonstra uma simbiose entre o gestor e a comunidade, chega a ser um caso único dentro do terreno educacional, um ícone do apoio comunitário a uma gestão, uma parceria singular, uma união comunidade-família-escola indescritível, muito almejada, mas pouco alcançada. E você, qual escolaalmeja como futuro gestor? Qual escola você sonha em ter? Esse caso específico sempre provoca um pensamento progressista. Ilumina novas possibilidades administrativas, que ainda podem ser desenhadas, talvez não de modo tão radical, mas injeta em todos os que amam a escola um novo ânimo, uma nova forma de perceber o trabalho escolar e uma certeza: é possível inovar! Educação para libertar em Freire (2020) talvez tenha a tradução na ação gestão de Braz. Nesse contexto, Viscaino (2018, p. 2), traz a seguinte argumentação: Inserida numa região de vulnerabilidade social, a escola refletia o caos da comunidade. Por volta de 2004, os educadores trouxeram a proposta de adoção de um modelo de ensino inspirado na Escola da Ponte de Portugal, colocando as relações: ensino/aprendizagem, professor/aluno, comunidade/escola, professor/professor, aluno/aluno no centro do processo desta mudança. A sustentação da Escola Presidente Campos Salles tem os princípios da democracia, da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade, a escola é centro de liderança e que tudo passa pela educação. (EMEF PRES. CAMPOS SALLES, 2013, § 9) Essa visão inovadora traduz importantes conceitos legais e epistemológicos que se engajam cada vez mais “no esforço de transformação da realidade concreta e objetiva” (FREIRE, 2020, p.34). Atenção Importante considerar que todas as inovações só foram conquistadas por meio de um alinhamento profundo com a comunidade, com base em muita luta! Vamos falar de gestão Frente ao exposto, entende-se que o conceito contemporâneo de gestão tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões educacionais, dando sequência aos ideais democráticos expressos em documentos nacionais tais como: Nosso próximo passo é compreender a legalidade dos documentos que regimentam as ações escolares. Nesse sentido, o conteúdo a seguir traz dois elementos indissociáveis: o corpo legal e o alinhamento pedagógico. Escola e a comunidade E quais comunidades você imagina que a escola pode estar inserida? 1988 Constituição da República Federativa do Brasil – CF. 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. 1993/1994/199 Lei de Diretrizes e Bases Educação Nacional – LD Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! Comunidade Módulo 2 - Vem que eu te explico! Comunidade e a gestão da escola Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Braz, conforme narra Viscaino (2018), tinha a convicção de que a escola não pode ter barreiras com a comunidade. Para isso, foram organizados alguns passos, entre eles, A o primeiro passo foi a aproximação escola-comunidade; o segundo passo foi a derrubada dos muros dos muros que separavam a escola da comunidade; o terceiro e principal passo foi a quebra das paredes que dividiam as salas de aula, criando grandes salões de aprendizagem. B o primeiro passo foi a aproximação escola-comunidade; o segundo passo foi a construção de muros dos muros para cercar a escola da comunidade; o terceiro e principal passo foi a quebra das paredes que dividiam as salas de aula, criando grandes salões de aprendizagem. C o primeiro passo foi a segregação escola-comunidade; o segundo passo foi a construção de muros novos para cercar a escola da comunidade; o terceiro e principal passo foi a quebra das paredes que dividiam as salas de aula, criando grandes salões de aprendizagem. D o primeiro passo foi a aproximação escola-comunidade; o segundo passo foi a construção de muros para cercar a escola da comunidade; o terceiro e principal passo foi a construção de novas paredes e divisórias E apesar de Braz acreditar filosoficamente na relação escola-comunidade, nada foi feito, na prática, para aproximar desses dois elementos. Parabéns! A alternativa A está correta. Para os autores, a escola não pode ter barreiras em relação à comunidade. Para tal, estabelece alguns passos: a aproximação escola-comunidade, unidas pelo desejo comum de promover a paz; a derrubada dos muros que cercavam e separavam a escola da comunidade; a quebra das paredes que dividiam as salas de aula, criando grandes salões de aprendizagem. Questão 2 Segundo Viscaino (2018), a alteração arquitetônica não foi garantia de inovação de forma isolada, o ponto fundamental de partida foi? A Desenvolver o espírito individualista com toda a equipe. B Engajar os professores no trabalho coletivo, mas trabalhar individualmente com os alunos. C Agir de forma isolada, desconsiderando as necessidades da comunidade. D Engajar os professores no trabalho coletivo e colocar os estudantes em grupos aprendendo uns com os outros. E Deixar os professores trabalharem de forma isolada, sem qualquer orientação pedagógica. Parabéns! A alternativa D está correta. Segundo Viscaino (2018), a mudança arquitetônica não garantiu a inovação de forma isolada. Nesse caso, o ponto principal foi engajar os professores no trabalho coletivo e agrupar estudantes para que aprendessem uns com os outros. Não havia divisão em classes ou salas de aula, mas um salão, sem divisão serial. Os grupos de alunos eram acompanhados pelos professores à luz de propostas de trabalho diferenciadas. Essas ações promoveram a ruptura da verticalização das relações e transformaram as crianças em parceiros ativos da sua própria aprendizagem, fortalecendo a autonomia colaborativa. 3 - Fundamentos legais e pedagógicos Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar os fundamentos legais e pedagógicos com a gestão educacional. Fundamentos legais e pedagógicos Neste momento do conteúdo, é fundamental perceber que as concepções oriundas de movimentos sociais, históricos e políticos, alcançaram as discussões educacionais conquistando legalidade e legitimidade. É importante compreender que as discussões acerca dos princípios democráticos ganharam corpo no cenário nacional juntamente com a movimentação social e política em prol da organização de um novo documento constituinte em 1988. Havia neste momento um movimento muito forte contra o autoritarismo do regime militar, marcado por protestos e manifestações, por esta razão, princípios democráticos ecoavam como grito coletivo. Escola e a Lei Apesar de ter comemorado seus trinta anos no ano de 2018, a Constituição Federativa do Brasil (1988) é considerada uma peça fundamental para a consolidação do Estado democrático de direito e da solidificação da noção de cidadania no país. Permeado por esse cenário o conceito de educação e de ensino ganharam legalidade, tal como expressam os artigos a seguir (BRASIL, 1988): Art. 205 – “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Art. 206 – “O ensino deve ser ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos na forma da lei, planos de carreira com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos aos da redes Saiba mais sobre a CF e a sua ligação com a educação carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos da redes públicas; VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII – garantia de padrão de qualidade; VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública [...]”. Dentro dessa linha histórica, há também um documento que deu sequência ao processo de permanênciae acesso ao ambiente escolar: o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990, que concatenou contornos históricos e sociais as linhas de ação escolar. Atenção Foi um importante instrumento para efetivar mudanças significativas ao processo de ensino, à aprendizagem, à indisciplina e à violência, traduzindo essas questões em medidas pedagógicas pertinentes para a desconstrução de paradigmas que margeavam uma escola inacessível. Mediante a análise dos pontos apresentados, pode-se dizer que o contorno legal legitima elos que devem ser fortalecidos por meio da gestão democrática, evidenciando a responsabilidade das instituições junto à educação das crianças e dos adolescentes, gerenciando pontos que demarcam conflitos com o intuito de: identificá-los, compreendê-los, interpretá-los, convertendo-os em prol de cada indivíduo, das famílias, dos grupos sociais envolvidos, como evidenciam juridicamente Guimarães (2019) e Silva (2021). De acordo com Guimarães (2019), o ECA trata a criança e/ou o adolescente como ser humano em desenvolvimento, por isso, sua dignidade deve ser conferida a todos, tanto sociedade quanto educadores e professores educadores e professores. O autor salienta que a responsabilidade pela educação da criança e do adolescente é do Estado, da sociedade e da família, mediada por ações que passam pelo processo de gestão democrática da própria instituição de ensino, por meio de mediações, mas também da paternidade responsável, com os pais presentes nas reuniões escolares. Em busca da democracia Denota-se que a educação do jovem e do adolescente deve ser delineada por princípios democráticos firmados em parcerias família-escola-instituições, cada um dentro de sua responsabilidade. Por isso, a ligação escola, família, comunidade é um imperativo ao modo democrático de gerenciar a unidade escolar. Atingindo com mais propriedade o campo pedagógico, é necessário o diálogo com as normativas expressas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN, 93/94/96). Nesse cenário, é importante perceber que esse documento é parte essencial da discussão, já que sua apropriação traz solidez aos referenciais epistemológicos discutidos e à prática pedagógica. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Entre essas incumbências, entre outros aspectos, constam: elaborar e executar sua proposta pedagógica; administrar seu pessoal e seus recursos; assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência; estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas; promover ambiente escolar seguro. A essa altura, alguns questionamentos são elementares: Qual é o papel dos estabelecimentos de ensino junto ao processo democrático? Qual papel tem os docentes neste contexto? Qual é o papel dos sistemas de ensino, como executores da legalidade? As respostas a essas questões trazem o alinhamento necessário aos protocolos essenciais de aplicação dos princípios democráticos, ou seja, esse documento orienta as ações escolares. Frente ao exposto, Luck (2009), Paro (2012) e Nascimento (2020) concordam que quanto maior a participação e o envolvimento dos profissionais da educação e de toda a comunidade escolar nos espaços de diálogo e debates que contornam processos decisivos, melhor e mais produtiva será a educação ofertada, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, digna e igualitária. Projeto Político-Pedagógico – um documento de gestão É importante perceber que decisões compartilhadas orientam também as propostas educacionais ofertadas pela escola, e isso inclui a construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico (PPP). Esse documento, além de sua recomendação legal (LDBEN 93/94/96), tem relevância pedagógica singular, especificamente das propostas educacionais a serem desenvolvidas pela unidade escolar, que envolve: a raiz política; a raiz filosófica; o referencial educacional adotado; os projetos a serem desenhados; o currículo a ser contemplado; as orientações pedagógicas referentes ao ensino-aprendizagem; o processo avaliativo. Ele também trata de ações administrativas e não apenas pedagógicas. Portanto, podemos considerar que o Projeto Político-Pedagógico é um documento que formaliza as ações a serem desenvolvidas pela escola, ou seja, estamos falando de um documento que regimenta ações e sedimenta o perfil educacional da unidade, é como se fosse uma impressão digital da escola, um guia ou a espinha dorsal do trabalho educativo a ser desenvolvido um guia ou a espinha dorsal do trabalho educativo a ser desenvolvido. Fundamental dimensionar os aspectos legais aos constructos teóricos. Nesta altura do conteúdo, é interessante observar que as orientações epistemológicas localizados em Paro (2012) dialogam diretamente com implicações políticas, sociais e pedagógicas localizadas em Freire (2020), e também com a concepção de escola e democracia localizada em Saviani (2018), especialmente, no tocante ao viés progressista de suas discussões, rumo à reformulação de caminhos que se desdobrem na superação educacional, por meio da teoria histórico-crítica, na medida em que oportuniza a produção e operação de uma nova forma de educar. Veja mais a seguir: Saviani (2018) Entende que o ensino da democracia passa pela superação de práticas antidemocráticas, especialmente no tocante à preparação e participação do jovem a priori na escola e depois em sociedade. Articular bem esse trabalho é proporcionar a democratização da sociedade de forma longitudinal, superando a desigualdade do ponto de partida e estimulando a possível igualdade do ponto de chegada. Paro (2012) Adverte que a escola de hoje deve se preocupar em atender o sujeito contemporâneo, respeitando suas características e singularidades, atendendo aos interesses com objetivo precípuo de despertar a sua autonomia intelectual e política. Por isso, existem duas implicações fundamentais: o planejamento coletivo e a avaliação das ações no sentido de dar atenção a elas e replanejá-las, se necessário, ou seja, quando, por alguma razão, não cumpriram com seu objetivo. Em se tratando de gestão escolar é importante articular as relações interpessoais, da equipe ou da comunidade. Essa pode ser uma dica valiosa: o bom relacionamento entre os envolvidos, principalmente no tocante à confiança, à segurança e à honestidade entre um gestor, sua equipe e a comunidade é fundamental! Liderar uma equipe implica em conquistar seu respeito sem impor medo. Será atuar na escola igual atuar em uma outra empresa qualquer? Neste vídeo, você acompanhará as respostas às perguntas mais pesquisadas na internet sobre “liderar a gestão escolar”. O que aproxima os autores elencados nessa discussão? O vínculo entre eles é a concepção de educação numa perspectiva histórico-crítica. Segundo Saviani (2021), o trabalho educativo produz, direta e intencionalmente, em cada indivíduo de modo singular, a humanidade produzida historicamente e coletivamente pelo conjunto dos homens. Por um lado, identifica os elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos, de outro, ajusta as formas mais adequadas para atingir a humanização. Veja: Estamos já em um momento do conteúdo em que se pode questionar: fácil de falar e difícil de fazer, não é verdade? Educação numa perspectiva histórico-crítica Para a Pedagogia Histórico-Crítica, educação é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. A identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados passa pela distinção entre o essencial e o acidental, o principal e o secundário, o fundamental e o acessório. O clássico pode ser traduzido como um critério essencial para a seleção dos conteúdos do trabalho pedagógico. A descoberta das formas adequadas de desenvolvimento dotrabalho pedagógico trata da organização dos meios, dos conteúdos, do espaço, do tempo e dos procedimentos, por meio dos quais, cada indivíduo de forma singular e progressiva se humaniza. Perspectivas histórico-críticas da gestão escolar Quais são as propostas didáticas e metodológicas dentro da pedagogia histórico-crítica? Saviani (2018) destaca elementos essenciais dessa perspectiva: Identificação dos elementos culturais Formas adequadas de desenvolvimento do trabalho pedagógico A pedagogia histórico-crítica articula educação e sociedade a serviço da transformação social. Por isso, há em sua essência uma forte preocupação com procedimentos de ensino eficazes, já que o ponto de partida é a prática social. Fechando suas considerações, Saviani (2021) ressalta que o método de ensino da pedagogia histórico-crítica traduz, para efeitos da realização da prática educativa, a conceituação de educação como uma atividade mediadora da prática social. Seu aspecto organizacional tem por estratégia o trabalho coletivo, como forma de desenvolvimento do ensino nas redes públicas. Posteriormente, cabe identificar os principais problemas postos pela prática social por meio da problematização (que consiste em detectar questões que precisam ser resolvidas no âmbito da prática social) e, com essa avaliação, deve-se elencar os conhecimentos necessários. O terceiro momento concentra-se na apropriação de instrumentos teóricos e práticos necessários ao equacionamento dos problemas detectados na prática social. Assim, dentro de uma perspectiva dialógica entre a apropriação e transmissão ocorre a instrumentalização. Adquiridos os instrumentos básicos, é chegada a hora da expressão elaborada da nova forma de entendimento da prática social: a catarse. Esta pode ser compreendida como a incorporação dos instrumentos culturais, transformados em elementos ativos de transformação social. Finalmente, o quinto momento é a própria prática social, compreendida agora não mais em termos sincréticos pelos alunos. Reunião de gestor e equipe. A perspectiva individual transcende para o trabalho coletivo, constituindo-se em uma unidade que se articula com outras unidades sintetizando múltiplas determinações que caracterizam a totalidade, na perspectiva da realidade concreta. Nesse sentido, pode-se compreender que um gestor que trabalhe em uma perspectiva democrática deve estar atento às ações intencionalmente construídas. Consiste em ter clareza dos fins a atingir e também de que, para isso, não apenas sua tarefa é necessária, mas a de todos os demais integrantes do coletivo e mais: cada um deverá ter clareza, também, do significado e importância dos conteúdos desenvolvidos pelos demais integrantes para atingir a finalidade que move o conjunto das ações, não sendo necessário que cada um tenha pleno domínio das particularidades envolvidas nas tarefas realizadas pelos demais membros do coletivo, tal como expressa Saviani (2021). Atenção Após essas considerações, deve estar claro que o gestor, em uma perspectiva democrática, precisa ter clareza do tipo de escola que deseja construir e para isso, qual abordagem teórica deve considerar na organização da práxis educativa. À luz de Santos (2016) pode-se compreender que a pedagogia histórico-critica implica em perceber a difícil tarefa que é, mesmo frente a um sistema educacional capitalista, conduzir na escola uma prática pedagógica e administrativa emancipadora. Em que consiste a ação coletiva, seja ela docente, pedagógica ou administrativa, na perspectiva histórico-crítica? Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! ECA e a gestão Módulo 3 - Vem que eu te explico! LDB e a gestão Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Em se tratando de gestão democrática é correto afirmar que A a movimentação social em nada interfere no campo pedagógico da escola. B escola e sociedade não estabelecem nenhum tipo de diálogo. C movimentações políticas não se relacionam com questões escolares. D as discussões acerca dos princípios democráticos ganharam corpo no cenário nacional, juntamente com a movimentação social e política em prol da organização de um novo documento constituinte em 1988. E discussões sociais e políticas devem ser desconsideradas, pois atrapalham o desenvolvimento escolar. Parabéns! A alternativa D está correta. As discussões sobre os princípios democráticos avolumam-se no cenário nacional conjuntamente à movimentação social e política em torno da constituinte de 1988. O forte movimento contra o autoritarismo do regime militar é marcado por protestos e manifestações; por essa razão, princípios democráticos ecoavam como grito coletivo. Questão 2 O conceito contemporâneo de gestão, tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões educacionais, dando sequência aos ideais democráticos expressos em documentos nacionais, como A apenas na Constituição Federativa do Brasil (1988). B apenas no ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). C exclusivamente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN (93/94/96). D o conceito contemporâneo de gestão ainda não tem nenhuma legalidade. E a Constituição Federal (1988), o Estatuto da Criança e do Adolescente ECA (1990) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN (93/94/96). Parabéns! A alternativa E está correta. O conceito contemporâneo de gestão tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões educacionais, dando sequência aos ideais democráticos expressos em documentos nacionais como: a Constituição Federal (1988), o Estatuto da Criança e do Adolescente ECA (1990) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN (93/94/96). 4 - Gestão democrática do trabalho pedagógico Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os caminhos para uma gestão democrática do trabalho pedagógico. Você já viu uma gestão democrática? Eu já! Assista a relatos de vivências democráticas de gestão compartilhada. Como definir gestão escolar? Antes de dar essa resposta, será necessária uma rápida contextualização histórica para que possamos perceber que a escola não se concretizava propriamente como um ambiente democrático, pois era reservada a poucos. Esse cenário foi se alterando junto ao processo crescente de democratização social e política. Esse movimento chegou à educação, que paulatinamente foi se reestruturando para as novas concepções condizentes do movimento democrático. Esse movimento coloca luz em novos sujeitos e assinala novas demandas. O movimento escolar se abriu para a compreensão dessa nova realidade. Os canais da escola ainda não estavam abertos à comunidade, a administração escolar era bem mais centralizadora e reservada à figura do então “Diretor de Escola”, em um perfil muito mais administrativo e contábil do que propriamente educacional e pedagógico. Nascimento (2020) adverte que a comunidade sempre esteve afastada da história educacional e da escola como um espaço físico. A então denominada administração escolar, era de exclusiva responsabilidade da “Direção”. Os diretores administravam de forma isolada e as tomadas de decisões eram arbitrárias, fora de um contexto dialógico com a comunidade. Como já vimos, a mudança de paradigma ocorreu frente ao movimento social e político com a evolução de um perfil social-democrático, consolidado por meio de três importantes documentos: Constituição Federal (1988); ECA (1990); LDBEN (nº 9.394/96). Para Nascimento (2020), esses documentos alicerçaram o conceito de gestão democrática e participativa nas escolas públicas de todo país, conferindo notoriedade ao tema. O conceito estava compreendido, mas como implementá-lo? Como fazer com que os atores sociais que fazem parte da comunidade escolar participem da gestão na escola? Esses questionamentos, por vezes, ainda atropelam a implementação desseconceito, por isso, é preciso ter claro que comunidade escolar, comunidade local e sociedade em geral precisam estar ativas. São indagações como: qual é a importância de uma gestão participativa? Como ela acontece? Qual é o seu papel? Qual é a importância do gestor e do planejamento? A gestão escolar, como área de atuação, constitui-se, pois, em um meio para a realização das finalidades, princípios, diretrizes e objetivos educacionais orientadores da promoção de ações educacionais com qualidade social, isto é, atendendo bem a toda a população, respeitando e considerando as diferenças de todos os seus alunos, promovendo o acesso e a construção do conhecimento a partir de práticas educacionais participativas, que fornecem condições para que o educando possa enfrentar criticamente os desafios de se tornar um cidadão atuante e transformador da realidade sociocultural e econômica vigente, e de dar continuidade permanente aos seus estudos. (LUCK, 2009, p. 23) Dada a relevância da concepção de gestão exposta por Luck (2009), pode-se apontar que a execução desse princípio envolve participação de todos os envolvidos no processo educacional e social (entorno/comunidade), pois somente com a participação de todos será possível capturar de forma colaborativa contribuições para a tomada de decisões sobre a escola, a educação ofertada e a relação ç p ç ç entre ensino-aprendizagem, no sentido de compartilhar ações que possibilitem uma educação de qualidade nas escolas públicas brasileiras. Concatenando as orientações de Luck (2009), Nascimento (2020), Paro (2012), Ferreira (1999) e Libâneo (2001), há na concepção do processo democrático o entendimento de que a equipe gestora deve estar alinhada a toda comunidade escolar e local (entorno), dividindo responsabilidades, especialmente no tocante aos processos decisórios (educativos ou administrativos) da unidade escolar, mas isso só se efetiva mediante o incentivo à participação de todos os atores sociais no processo educacional. Perpassa por esse princípio a confiança, a honestidade e o respeito em gerenciar de forma transparente, oportunizando espaços dialógicos entre todos os envolvidos, de modo a ajustar ações cabíveis. Dessa maneira, pode-se afirmar que o princípio precípuo do diálogo é a abertura a novos olhares para que sejam ofertadas novas propostas de solução, não de forma impositiva, mas sim compartilhada, dividindo coletivamente as responsabilidades por meio do pareamento de todos os envolvidos de forma horizontal e não verticalizada, sem ações impositivas ou arbitrárias. Assim, pode-se afirmar que a qualidade de um processo diretivo passa, levando em conta os ideais e princípios democráticos, pela consideração de todos os envolvidos no cenário escolar: Os professores Os alunos Os funcionários Os gestores escolares Luck (2009) complementa, afirmando que cabe à gestão escolar direcionar, mobilizar, sustentar e dinamizar a cultura escolar, na realização de ações conjuntas, associadas e articuladas. Sem esse entendimento, todos os esforços e gastos despendidos podem não se converter em resultados significativos, especialmente quando se adota a prática de buscar soluções tópicas, localizadas, quando os problemas são globais e inter-relacionados. Comentário Deve-se compreender que a gestão escolar democrática assumiu uma dimensão muito importante no cenário educacional: promover a observação, o diálogo e a partilha decisória frente à identificação de problemas educacionais, buscando estratégias e ações interligadas. A gestão escolar deve ser compreendida com um enfoque de atuação, baseado em um meio e não um fim em si mesmo; segundo Luck (2009), o fim último da atividade gestora deve sempre ser a aprendizagem significativa dos alunos. A qualidade do ensino se assenta sobre a competência profissional dos gestores escolares e sua equipe, por isso, passa pela sua capacidade de organizar, orientar e liderar as ações e os processos promovidos na escola, desde os aspectos estruturais aos pedagógicos, já que essas ações têm como objetivo geral favorecer aspectos do ensino-aprendizagem capazes de promover o desenvolvimento do aluno e, consequentemente, colaborar com a sua formação humana. Nesta etapa do conteúdo, você já conseguiu perceber o caminho percorrido pelos ideais democráticos, nos vieses social, cultural e acadêmico (escolar). No entanto, com tantas informações, você pode estar pensando: como é possível implementá-lo? Como fazer com que todos esses conceitos fluam no campo prático, no dia a dia da unidade escolar? Essa transposição é essencial para todos nós, mas, para isso, precisamos entender o campo administrativo e sua conexão com o campo pedagógico. É sobre esse vínculo indissociável que falaremos a seguir. O gerenciamento dos conceitos democráticos: como aplicá-los no dia a dia? Observe algumas necessidades essenciais da equipe gestora. Entre todas as ações, a primeira será a administração financeira. Iniciaremos por ela, pois esse pode ser considerado o desafio inicial de qualquer gestor, visto que passarão, por suas mãos, recursos financeiros fundamentais ao funcionamento da escolar. Podemos considerar como o principal objetivo das atividades-meio: aspectos administrativos, a oferta de condições de desenvolvimento do trabalho a toda comunidade escolar, que abrange a aplicação eficiente dos fomentos às demandas específicas da unidade. Na prática, as atividades-meio concentram-se em: Racionalizar em colaboração com a comunidade os recursos existentes. Incentivar a capacitação profissional dos funcionários e demais colaboradores. Buscar parcerias (empresas/etc) que possam ser produtivas. Controlar adequadamente os fomentos e o fluxo de caixa. Incentivar a participação de todos e/ou desenvolver essa cultura no ambiente. Executar com transparência a prestação de contas. Gerar economia e evitar quaisquer desperdícios. Levantar, acompanhar e registrar o controle do patrimônio escolar. Incentivar, apoiar ações pedagógicas que favoreçam o ensino-aprendizagem. Tomando o conceito de administração de forma mais ampla, localizou-se em Paro (2012) significativa contribuição, especialmente quando a define como a utilização racional de recursos para a realização de determinados fins. Entretanto, ele adverte que apenas o homem pode realizá-la, dada a sua condição racional. Assim, usar racionalmente recursos implica em duas condicionantes essenciais: Primeira condicionante Que os recursos sejam adequados aos fins. Segunda condicionante Que os recursos sejam empregados com economia. Esses dois elementos podem ser compreendidos como intrínsecos, já que os fins não podem ser separados dos meios. Na tentativa de se exercitar a práxis (estabelecendo a relação entre teoria e prática), podemos dizer que esse conceito significa a adequação entre os meios disponíveis, selecionando aqueles compatíveis com as atividades a serem desenvolvidas. Os meios podem ser compreendidos de duas formas: Recursos materiais Referem-se às condições necessárias a realização do trabalho, voltados às condições objetivas fundamentais. Mas quais são as implicações práticas desses conceitos? Recursos conceituais Remetem aos conhecimentos e às técnicas que o homem acumulou e que historicamente mediam sua relação com a natureza. Outra forma de racionalizar as atividades gestoras são as atividades-fim: aspectos pedagógicos. Essas atividades compreendem o ambiente escolar como um espaço de aprendizagem e desenvolvimento, por isso, entende-se que os processos educativos podem ocorrer de diversas maneiras, logo, todos os profissionais que trabalham na escola são agentes educativos e devem ser preparados como tal. Contudo, é na sala de aula que o docente estabelece o contrato pedagógico e avalia o desenvolvimento dos alunos. Por essa razão, a gestão democrática deve fomentar os meios para que o trabalho docente seja profícuo, ou seja, que ele tenha condições de trabalho capazes de potencializaras intervenções pedagógicas pertinentes, no ambiente escolar. Outro aspecto fundamental de atuação da equipe gestora, refere-se à formação dos professores. É fundamental que a unidade escolar ofereça tema, reuniões, encontros, rodas de conversa, que ofereçam diálogos formativos, provenientes da própria equipe ou com convidados externos. Existem duas formas de construção da práxis: Existem duas formas de construção da práxis: Da teoria à realidade Da realidade à teoria Por isso, oferecer espaços formativos, inclusive aproveitando as demandas e os saberes do próprio grupo é fundamental ao desenvolvimento da qualidade do trabalho educativo. Além de temas livres ou de necessidade da unidade, também podem ser discutidas as diretrizes de rede que orientam o fazer docente, especialmente com relação à base curricular. Sabemos que o currículo é de suma relevância no cenário educacional, importante documento de apropriação intelectual e cultural. Algumas redes oferecem encontros semanais especialmente desenvolvidos para a formação docente in loco, ou seja, na escola. Esses espaços também podem ser utilizados para discussões sobre as demandas escolares, possuem diferentes nomes, mas não deixam de ser encontros coletivos formativos. Esses momentos devem ser acompanhado de perto pela equipe gestora, pois são situações nas quais a liberdade de expressão é oferecida aos docentes, na tentativa de dar voz aos seus anseios, necessidades, aflições, sempre em uma perceptiva dialógica e colaborativa, e com o objetivo de aprendizagens coletivas, disponibilizando apoio e estabelecendo parcerias no tocante às intervenções cabíveis. Curiosidade Esses diálogos também devem estabelecer interlocuções com as secretarias municipais e estaduais e com o governo federal, ou seja, os alinhamentos do trabalho também devem obedecer as diretrizes gerais estabelecidas pelas instâncias superiores. Com relação à prática docente, cabe à equipe gestora acompanhar o planejamento e a mediação de todas as atividades desenvolvidas até o momento da avaliação. Isso inclui a organização de ações técnico-administrativas, a integração de todos os segmentos envolvidos para a elaboração e execução da proposta pedagógica, pautados em uma avaliação contínua e cumulativa concentrada do processo de ensino e de aprendizagem, com objetivo de compreender o desenvolvimento integral do estudante. Atenção É importante ressaltar que a prática docente deve sempre priorizar a autonomia intelectual e moral do aprendiz e propiciar a superação dos níveis de aprendizagem. O currículo integrador da infância paulistana (SÃO PAULO, 2018) considera os educandos como sujeitos de sua atividade, capazes de manter relação dialógica com o mundo cultural e historicamente constituído. Essa alusão consolida a visão do educando ativo desde a educação infantil e perpassa o ensino fundamental e médio. Por isso, a prática docente deve ser delineada dentro de uma concepção dialógica, capaz de fomentar a participação intensa do educando. A maioria dos documentos nacionais orientadores de práticas desenham o educando como um sujeito em constante interação, construtor de suas experiências históricas, sociais, com o meio, com o outro, entre outros elementos. Desse modo, é importante que a prática docente seja delineada para um sujeito ativo, que conecta experiências, observa, experimenta, problematiza e argumenta. As propostas devem sempre partir do que lhe é significativo, por isso, esse sujeito deve ser provocado a buscar possibilidades de resolução para situações problemas. Base nacional comum curricular e a gestão do trabalho pedagógico A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento norteador extremamente relevante que delineia a prática pedagógica. A BNCC normatiza e define um conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da educação básica, assegurando o desenvolvimento, em conformidade com o Plano Nacional de Educação (PNE). Referência nacional para a formulação dos currículos, sistemas das redes escolares dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e das propostas pedagógicas das instituições escolares, a BNCC integra a política nacional da educação básica, visando ao alinhamento de políticas e ações referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação. O referido documento visa superar a fragmentação das políticas educacionais, por meio do fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas governamentais (federal, estadual, municipal) e da garantia ao acesso e da permanência na escola, alinhando redes e visando alcançar um patamar comum de aprendizagem a todos os estudantes. As aprendizagens essenciais definidas na BNCC devem garantir o desenvolvimento de dez competências gerais, que consubstanciam o direito a aprendizagem e desenvolvimento. BNCC define competência como: Conhecimentos Conceitos e procedimentos. Habilidades Valorização de currículos locais, interatividade e interdisciplinaridade são elementos valorizados no documento. A avaliação do processo escolar também exige atenção da equipe gestora. Acompanhar esse processo de forma longitudinal e pontual exige envolvimento de toda unidade, mas antes de qualquer movimento por parte da equipe gestora é importante esclarecer a compreensão de avaliação para a unidade escolar. Nesse sentido, localizou-se em Hoffmann (2014) significativa contribuição, especialmente por entender a avaliação como um significativo instrumento de diagnóstico, de caráter mediador, entendida como uma ferramenta necessária ao professor, pois proporciona o planejamento e replanejamento de sua atividade prática, no intuito de otimizar a aprendizagem de todos os alunos. Organizando o trajeto pedagógico É muito importante que a gestão passe os indicadores atuais da unidade aos professores, atores escolares e demais colaboradores, de modo a possibilitar a leitura dos dados de rede e dos dados individuais da escola. O acompanhamento processual sempre deve ter como objetivo lançar a avaliação como um instrumento de diagnóstico do conhecimento, concebendo a relação primordial de ensino-aprendizagem que também tem proximidade com as atividades-meio e com as atividades-fim, já apresentadas, pois todos esses elementos influenciarão o perfil de desenvolvimento da escola. Tomando essa concepção, entendemos ser altamente relevante que a unidade escolar considere: Práticas, cognitivas e socioemocionais. Atitudes e valores Solução das demandas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. Tomando medidas personalizadas, uma vez que seus resultados, além de direcionar o trabalho docente, especialmente quando utilizadas como subsídios ao trabalho docente, favorecem a análise de contexto e provocam novos desafios a serem alcançados e novas metas de ações futuras no Projeto Político-Pedagógico (PPP). Lembrando que o PPP é, por excelência, um dos principais documentos para o exercício de uma gestão democrática. É nele que a comunidade escolar deve realizar o diagnóstico de sua realidade e, de forma dialógica e participativa, propor estratégias para alcançar os objetivos que deverão ser, coletivamente, construídos e revisados com frequência, dando a ele um caráter dinâmico e diretivo. Também devem ser consideradas, uma vez que impulsionam as políticas públicas. Nesse sentido, elas oferecem às instâncias superiores a possibilidade de análise e desenvolvimento de novas estratégias, que proporcionem melhoria qualitativa ao processo ensino-aprendizagem em uma amplitude macro. Chegamos a um ponto essencial, acionado por uma expressão muito usual no contexto escolar: a capacidade de gerenciar conflitos. A democracia confere ideias e posições que nem sempre coincidem, o gestor deve sempreusar de diplomacia e métodos de decisão coletivos como o voto ou justificativas expressas textualmente ou verbalmente de forma respeitosa, sem ferir os princípios democráticos ou prejudicar a relação dialógica. Aqui, podemos pensar: como essa relação dialógica tão desejada deve ocorrer na escola? Essa relação deve acontecer por meio de alguns canais de participação, tais como: conselhos escolares, conselhos de classe, associações de pais e mestres (APM), grêmios estudantis, assembleias. Avaliações internas Avaliações externas Paro (2012) contextualiza a administração escolar à luz de suas pesquisas no tocante aos efeitos da participação dos pais, dos alunos, da comunidade e dos conselhos escolares na composição de um sistema capaz de gerar conhecimentos. Seu papel colaborativo é essencial, pois trata-se de um espaço livre para o debate, para expressar opiniões, argumentos, mas também para avaliação dos resultados alcançados, visando à melhoria qualitativa das estratégias e ações futuras. É também o momento em que se delibera sobre assuntos específicos do cotidiano escolar, formalizando-os em ata, que devem ser documentadas de modo a caracterizar o andamento da democracia escolar na unidade. Esses órgãos, em consonância com Nascimento (2020), Paro (2012), Libâneo (2001) promovem a participação colegiada no processo educacional. Desse momento coletivo, podem emergir propostas, ações, projetos que precisam de uma forma legal para qualificar a educação e o ensino, protocolos indispensáveis para a construção de uma escola participativa, que prepara os alunos para o exercício da cidadania. Segundo Libâneo (2001), a escola como um espaço de construção de conhecimento deve ser considerada um organismo aberto, composto pelos que nela trabalham (gestores, professores, funcionários) e pelos usuários (alunos, pais e comunidade próxima), de modo que todos desempenhem um papel ativo nas decisões didático-pedagógicas, organizacionais e administrativas. Concordamos com a colocação de Luckesi (2005), quando afirma a relevância do sujeito no processo educativo: ser humano capaz de modificar seu ambiente com suas ações, ajustando-o às suas necessidades. Enquanto transforma a realidade, constrói a si mesmo, no seio das relações sociais, um ser humano histórico, um ser humano ativo. Diante de tudo que estudamos até aqui, talvez seja esse o conceito mais relevante de toda gestão democrática: o sujeito que se humaniza e transforma a sua realidade. Os coletivos escolares são a alma da gestão democrática, configuram-se como canais, pois são espaços ricos de discussão coletiva em prol de decisões assertivas, que beneficiem a coletividade e estejam condizentes com as necessidades da unidade escolar. As deliberações advindas das discussões: selam a participação coletiva; indicam a transparência da gestão; conscientizam a comunidade; proporcionam contorno prático; dão voz à participação efetiva de todos os envolvidos no contexto escolar. Esse movimento gera diálogos norteadores de ações e novas aprendizagem, que produzirão novos planos e projetos, ou seja, o diálogo deve ser aplicado no pré, na execução e no pós. Toda situação deve ser planejada, aplicada e avaliada por todos os envolvidos. Algo fácil de ser executado? Algo fácil de ser executado? Não, exigirá do gestor muita capacidade técnica, pedagógica, administrativa e humana, pois além de recursos, ele gerenciará recursos humanos. Cabe, sobretudo, à equipe gestora fomentar a participação dos diversos atores escolares na elaboração, execução e reconstrução dos rumos idealizados pelos sujeitos ativos que representam o desejo coletivo da comunidade. Nesse contexto, será prioritária a participação dos alunos (representados pelo grêmio estudantil), dos pais na associação de pais e mestres (APM) nos conselhos de escola, nos conselhos de classe e assembleias, com membros representantes das famílias e da comunidade. Ideais como autonomia, liberdade, responsabilidade, compromisso, coletividade, respeito e transparência são conceitos fundamentais a serem trabalhados nesses espaços, que têm em comum o objetivo de descentralizar a gestão, dividindo responsabilidades e somando ações coletivas positivas. Cabe à equipe gestora dialogar constantemente com os atores escolares e incentivar a definição do modelo de escola desejado, viabilizando projetos ajustados aos interesses coletivos (LIBÂNEO, OLIVEIRA, TOSCHI, 2012). Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 4 - Vem que eu te explico! BNCC e a gestão BNCC e a gestão Módulo 4 - Vem que eu te explico! Como organizer o trabalho pedagógio Módulo 4 - Vem que eu te explico! A gestão do planejamento Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Gestão escolar significa? A Somente gerir a dinâmica cultural da escola. B Implementar exclusivamente as diretrizes educacionais e políticas públicas. C Gerir a dinâmica cultural da escola elaborando diretrizes e políticas educacionais próprias para a implementação de seu projeto político-pedagógico, sem compromisso com os princípios da democracia e com os métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo. D Gerir a dinâmica cultural da escola, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas para a implementação de seu projeto político-pedagógico. E Elaborar diretrizes personalizadas a unidade escolar, sem a necessidade de alinhamento com políticas públicas. Parabéns! A alternativa D está correta. O significado da gestão escolar é o ato de gerir a dinâmica cultural da escola, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas para a implementação de seu projeto político-pedagógico e compromissado com os princípios da democracia e com os métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias, no âmbito de suas competências), de participação e compartilhamento (tomada de decisões conjunta e efetivação de resultados) e autocontrole (acompanhamento e avaliação com retorno de informações). Questão 2 Quais são os participantes da gestão escolar? A Apenas o gestor escolar. B Somente equipe gestora. C Apenas gestor equipe gestora e comunidade Considerações finais O trabalho pedagógico, articulado entre a gestão e a coordenação pedagógica é mais do que uma operação de gestão da escola. Ao longo de todo nosso trajeto de conhecimento você notou que não basta dar ordens. Você precisa experimentar a escola, conhecer sua comunidade, aprender e estar pronto para se atualizar nas regras. Conheci tudo, agora sim, já posso gerir? Não! A escola não é um ambiente linear único, será necessário adaptar o aprendido, ressignificar, organizar, liderar. Quando você consegue isso, aí sim pode lutar por uma gestão democrática e necessária para a educação C Apenas gestor, equipe gestora e comunidade. D Somente gestor, equipe gestora, comunidade e supervisão. E Envolve gestão escolar (diretor e vice); coordenação pedagógica; orientação educacional; supervisão educacional; secretaria da escola, professores, comunidade escolar. Parabéns! A alternativa E está correta. Em caráter abrangente, a gestão escolar engloba, de forma associada, o trabalho da direção escolar, da supervisão ou coordenação pedagógica, da orientação educacional e da secretaria da escola, considerados participantes da equipe gestora da escola. Segundo o princípio da gestão democrática, a realização do processo de gestão inclui também a participação ativa de todos os professores e da comunidade escolar como um todo, de modo a contribuírem para a efetivação da gestão democrática que garante qualidade para todos os alunos. pode lutar por uma gestão democrática e necessária para a educação. Resumo Neste podcast, o professor Rodrigo Rainha irá realizar um balanço sobre os principais aspectos tratados no tema. ReferênciasFERREIRA, Naura Syria C. (Org). Supervisão Educacional para uma escola de qualidade. São Paulo: Cortez, 1999. FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. 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Conheça mais detalhes sobre as dez competências da BNCC no texto Base Nacional Comum Curricular: Entenda as competências que são o “fio condutor” da BNCC, publicado on-line pela Sae digital, e alinhe a sua prática pedagógica. Verifique documentos que estruturem a legalidade do processo de avaliação na sua rede de ensino, ou seja, procure saber quais são as resoluções dessa rede e busque também se apropriar dos dados das avaliações externas e internas de alguma escola de seu contato, pois são documentos públicos relevantes que vão colaborar muito com sua aprendizagem! Baixar conteúdo javascript:CriaPDF()
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