Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E RESÍDUOS DE SAÚDE 2 Sumário CADEIA DE SUPRIMENTOS ......................................................................................... 4 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ................................................................... 5 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA SAÚDE ................................................ 6 LOGÍSTICA APLICADA A CADEIA DE SUPRIMENTOS ............................................ 10 LOGÍSTICA EMPRESARIAL .......................................................................... 12 RESÍDUOS ................................................................................................................... 14 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE ................................ 17 IMPACTOS AMBIENTAIS ............................................................................................ 21 LOGÍSTICA REVERSA ................................................................................................ 22 NORMAS E LEGISLAÇÃO REFERENTE AOS RESÍDUOS SÓLIDOS E DE SERVIÇOS DE SAÚDE ................................................................................................................... 25 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE ................................ 29 REFERENCIAS ............................................................................................................ 32 3 FACULESTE A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACULESTE, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACULESTE tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 CADEIA DE SUPRIMENTOS Atualmente, visando minimizar custos e melhorar a eficiência no atendimento ao cliente, as empresas expandiram sua gestão agregando todos os processos inerentes ao seu negócio de forma a considerar que melhorias globais exigem integração e alinhamento. Assim, surge a ideia de trabalhar com a cadeia de suprimentos, objeto que será tratado por todo esse estudo. Chopra e Meindl (2001, p. 5) assim definem cadeia de suprimentos: Uma cadeia de suprimentos consiste em todas as partes envolvidas, direta ou indiretamente, na realização do pedido de um cliente. Ela inclui não apenas o fabricante e os fornecedores, mas também transportadoras, armazéns, varejistas e até mesmo os próprios clientes. Dentro de cada organização, assim como em um fabricante, a cadeia de suprimentos inclui todas as funções envolvidas na recepção e na realização de uma solicitação do cliente. Essas funções incluem – mas não estão simplesmente limitadas a – desenvolvimento de produto, marketing, operações, distribuição, finanças e serviço ao cliente. Tais autores defendem que o objetivo de cada cadeia de suprimentos deve ser maximizar o valor geral que é definido como “a diferença entre o que o produto final vale para o cliente e os custos que incorrem a ela ao atender à solicitação do cliente” (CHOPRA E MEINDL, 2001, p. 5). Este conceito, porém vem sendo atualizado em interpretações mais recentes. Por exemplo, Porter e Kramer (2006) defendem a adoção do conceito de “valor compartilhado”, definido como “a geração de valor econômico de forma a criar também valor para a sociedade (com o enfrentamento de suas necessidades e desafios)” (PORTER E KRAMER, 2006). No aspecto estrutural, Chopra e Meindl (2001) nomeiam, de maneira genérica, os seguintes elementos como componentes de uma cadeia de suprimentos: clientes; varejistas; atacadistas/distribuidores; fabricantes; fornecedores de componentes/matéria-prima. No trabalho de Cox et al. (2001), é feita a analogia da cadeia de suprimentos a uma corrente, em que cada elo representa uma empresa, 5 que agrega valor ao produto/serviço a fim de satisfazer as necessidades do cliente final. Entre esse elos passam produtos, estoques, informações e capital nas duas direções da cadeia. Ao mesmo tempo, Chopra e Meindl (2001) destacam que o fato de se denominar cadeia de suprimentos pode induzir que somente um participante esteja envolvido em cada etapa, mas na realidade a estrutura é composta por inúmeros fornecedores e clientes, sendo definido pelos autores como rede de suprimentos ou teia de suprimentos. GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS O conceito de gestão da cadeia de suprimentos advém da ideia de logística, conforme apresenta Ballou (2010, p. 5), tendo suas primeiras definições relacionadas ao contexto militar como “as atividades de obtenção, manutenção e transporte de material, pessoal e instalações”. Essas mesmas atividades eram também realizadas nas empresas pelos setores de Finanças, Marketing e Produção de maneira independente e limitada à fronteira da organização. Em 1962, o Council of Logistics Management (CLM), a fim de incentivar estudos no campo, redefiniu o conceito de logística empresarial com a ampliação da aplicação para os fluxos de serviços e a alteração do escopo começando na matéria-prima até o descarte do produto. Rodrigues (2004) mostra que nos anos 1970 a logística passa a ganhar espaço com exemplos de resultados positivos de sua utilização, mas com a resistência de alguns gestores ainda focados na geração de lucros, e não na gestão dos mesmos. Durante essa década, com o surgimento de sistemas de produção mais flexíveis e a disseminação das tecnologias de informação, a logística tornavase cada vez mais estratégica no desenvolvimento do negócio. Durante a década de 1980, com a mudança no cenário macroeconômico, a logística ganhou a atenção dos gestores. 6 Segundo o autor, essa tem como funções primárias o transporte, a gestão de estoques e o processamento de pedidos; elementos que mais contribuem para o custo logístico. Como apoio às atividades primárias, a logística trabalha na armazenagem, manuseio de materiais, programação de produtos e manutenção de informações. Para Ballou (2011, p. 28), a distinção entre logística empresarial e gestão da cadeia de suprimentos é muito difícil. O autor relata que na prática ambas têm a mesma missão de “colocar os produtos ou serviços certos no lugar certo, no momento certo, e, nas condições desejadas, dando ao mesmo tempo a melhor contribuição possível para a empresa”. A grande diferença da gestão da cadeia de suprimentos, para o autor, seria a integração com todas as empresas da cadeia, o que, na visão do mesmo, não se efetiva já que as empresas que praticam a gestão da cadeia de suprimentos acabam se limitando a um elo a montante/jusante da cadeia, pois focam na eficiência do elo que representam, e não de toda a cadeia. Lambert et al. (1998) mostram que, no princípio, a gestão da cadeia de suprimentos era entendida como uma logística fora dos limites da organização, ligada a clientes e fornecedores. No entanto sua diferença aflorou no momento que executivos entenderam que era necessária a integração de todosos processos chaves da cadeia. Destarte, Rodrigues (2004) destaca que, a partir da maior integração entre elos, é possível desenvolver novas competências e produtos/serviços customizados, aumentando o valor agregado e, consequentemente, gerando maior lucratividade, tanto para fornecedores quanto clientes. GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA SAÚDE A gestão da cadeia de suprimentos hospitalar é um recurso muito útil quando o objetivo é produzir e prestar serviços de saúde com qualidade a custos razoáveis. A 7 adoção desta prática originalmente desenvolvida em ambiente industrial, entretanto, é muitas vezes dificultosa. O bom funcionamento do sistema hospitalar está diretamente relacionado à capacidade de suprimento adequado dos materiais e insumos que garantam a produtividade, execução dos procedimentos com qualidade e satisfação dos pacientes. Percebe-se, entretanto, que melhorar a eficiência interna não é suficiente para que estas organizações se mantenham competitivas, sendo necessário administrar fatores externos que exercem influência sobre a organização. Operando num cenário de custos elevados e crescentes, observa-se por parte dos hospitais um movimento ascendente de busca e atenção à gestão da cadeia de suprimentos. Segundo o Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP), gestão da cadeia de suprimentos consiste no planejamento e gestão de todas as atividades associadas à logística interna e inter-organizacional, bem como a coordenação e colaboração entre todos os parceiros da cadeia, sejam eles fornecedores, prestadores de serviço ou consumidores. Assim, a cadeia de suprimentos é uma rede complexa, pois engloba várias empresas em diferentes níveis: fornecedores, fabricantes, distribuidores e consumidores. Embora a diversidade de definições sobre o termo seja ampla, comum a elas é o objetivo da integração. Ela se estende não apenas a empresas e entidades, mas também engloba processos e fluxos de informação. Com a globalização dos mercados e clientes cada vez mais exigentes, muitas empresas têm recorrido à gestão da cadeia de suprimentos como forma de melhorar a competitividade pela contenção de custos, eficiência sistêmica e agilidade nas respostas ao mercado, como lançamento de novos produtos. 8 Essas organizações têm encontrado caminhos para superação do paradigma “produtos e serviços com mais qualidade e preços mais baixos”. São considerados fatores relevantes que afetam o desempenho da cadeia de suprimentos: • – Integração: diz respeito à colaboração estratégica com os parceiros da cadeia de suprimentos a montante e a jusante, considerando as atividades de suprimentos, fabricação e distribuição; • – Coordenação: gerenciamento dos fluxos de produtos, serviços, pessoas e informações nos diversos níveis de gestão, envolvendo os diversos membros da cadeia; • – Alinhamento de objetivos: ter compartilhado com os demais membros da cadeia de suprimentos o mesmo objetivo e foco no atendimento aos clientes; • – Relacionamento com clientes: conjunto de processos para o gerenciamento das reclamações e sugestões, construção de relacionamentos de longa duração e satisfação do cliente; • – Parceria estratégica com fornecedores: relação de longo prazo com fornecedores para compartilhamento otimizado de informações e construção de confiança; • – Práticas Lean: voltadas para a eliminação de desperdícios e eficiência interna; • – Princípios Just in Time: são baseados na produção puxada, ou seja, impulsionada a partir da demanda e com estoque reduzido; • – Estratégia de suprimentos: envolve seleção estratégica de fornecedores, alinhamento estratégico e planejamento de longo prazo; 9 • – Compartilhamento de riscos e recompensas: distribuição justa dos riscos, custos e benefícios entre os membros da cadeia de suprimentos, visando o benefício coletivo e a longo prazo. Hospitais prestam serviços de saúde e, para isso, mobilizam uma série de recursos em benefício do diagnóstico e tratamento dos pacientes. São os recursos humanos, como médicos e enfermeiros, equipamentos, salas de cirurgia, consumíveis como gaze e ataduras, dispositivos e implantes de alta tecnologia, além dos diversos tipos de fármacos. Pensando de forma menos direta, temos ainda os insumos aplicados aos serviços de alimentação, limpeza, lavanderia, resíduos, tecnologia da informação e veículos. Percebe-se o quanto a cadeia de suprimentos dos hospitais é ampla, diversa e complexa. Seus principais desafios estão em organizar as atividades para atendimento das demandas com a melhor utilização de recursos possível. A gestão da cadeia de suprimentos em hospitais estende-se também ao fluxo de pacientes, abrangendo tudo o que se refere às decisões de planejamento e controle para adequação à demanda. Em relação a sua composição, são retratados quatro agentes principais: • – Produtores: são os fabricantes de fármacos, dispositivos médicos e cirúrgicos, implantes e suprimentos em geral; • – Compradores: são os agentes que facilitam a distribuição das mercadorias atuando como intermediários entre os produtores e os prestadores de serviços; • – Provedores de serviço: são as clínicas, consultórios e hospitais, que utilizam os bens produzidos; • – Pacientes: são os clientes finais, juntamente com médicos – nos casos em que cirurgias são agendadas e realizadas nos hospitais por estes indicados/escolhidos. 10 Vale considerar que o cliente não vai ao hospital adquirir um produto pronto, mas procurar ajuda médica, passando então a fazer parte integrante do processo de produção. Toda cadeia de suprimentos da área da saúde deve ser trabalhada juntamente com a logística, otimizando tal atividade para atingir as metas com eficiência. LOGÍSTICA APLICADA A CADEIA DE SUPRIMENTOS Existe um conjunto de atividades chamado de logística, onde se tem suprimento de insumos, distribuição de produtos acabados e alguns fluxos reversos relacionados aos processos produtivos em geral. São usadas estratégias baseadas em transporte, estoque e informação nesses processos. O sistema de Logística foca no serviço de atendimento ao cliente com base no projeto e escolha de canais de suprimentos e de distribuição através de recursos de transporte, mesmo estas estratégias vêm se alterando no tempo. Nos anos 60 e 70, produtividade e informática era a grande questão. Já nos anos 80 vem o desafio de menor tempo e qualidade. Finalmente nos anos 90 surgiu a ideia de coordenação externa dos colaboradores e com ela a reestruturação organizacional, gerenciamento de riscos, custos baseados em atividades, e a globalização das operações. O planejamento logístico nas organizações está relacionado à adoção de medidas contínuas que visam à economia de valores gastos com frete e redução de estoques. Nesse sentido, a identificação de modais mais apropriados ao tipo de carga ou ao tipo de infraestrutura presente na região de origem é fundamental para a redução dos valores gastos com fretes, armazenagens, embalagens e transbordos. Conforme Siqueira (2010), a palavra logística é derivada francês Logistique e tendo como significado: "a parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de projeto, desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, 11 distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material para fins operativos ou administrativos". Ainda Segundo Siqueira (2010), a Logística também se refere a satisfação do cliente ao menor custo total. Assim definimos que os termos Logísticos e Cadeia de Suprimentos significam a mesma coisa, já que ambos têm a finalidade de satisfazer o cliente com o menor custo possível. A palavra logística, segundo outros historiadores, é proveniente do antigo grego logos, que significa razão,cálculo, pensar e analisar, a logística é vista também como ramo da ciência militar responsável por obter, dar manutenção e transportar material, pessoas e equipamentos. Outra definição para logística é: O tempo relativo ao posicionamento de recursos. Filho (2001.p.26), nos diz que, Logística é definido como o “Processo de planejar, implementar e controlar eficientemente, ao custo correto, o fluxo e armazenagem de matéria-prima, estoque durante a produção e produtos acabados, desde do ponto de origem até o consumidor final, visando atender os requisitos do cliente.” De acordo com Rabelo (2014), a logística teve inicio na década de 50, onde o mercado vivia seus dias de tranquilidade, sem grandes cobranças por parte dos consumidores, onde o marketing era responsável pela distribuição dos produtos, os primeiros conceitos de logística surgiram a partir das atividades logísticas militares da Segunda Guerra Mundial, onde a administração mudou o foco da produção para a orientação do marketing começando a avaliar as necessidades dos clientes. Mas o foco na distribuição física, que é o primordial da logística, veio em meados da década de 50 e 70, onde houve um desenvolvimento representativo em relação às teorias e práticas logísticas. Assim, as empresas passaram a melhorar a filosofia econômica de uma gestão melhor dos suprimentos em vez de estímulo de demanda. Ballou (1993), nos fala que, a logística são todas atividades de movimentação e armazenagem que melhoram o fluxo dos produtos desde a fabricação até o consumo 12 final, e também os fluxos de informação que disponibilizam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço de qualidade e menor preço possível. “A Logística é responsável pelo planejamento, operação e controle de todo o fluxo de mercadorias e informação, desde a fonte fornecedora até o consumidor [...]” (MARTINS; ALT, 2005, p.252). E com o desenvolvimento do capitalismo mundial, sobretudo a partir da Revolução Industrial, a logística tornou-se cada vez mais importante para as empresas num mercado competitivo uma vez que a quantidade de mercadorias produzidas e consumidas aumentou, e nos dias de hoje, com a globalização da economia, os conhecimentos de logística são de fundamental importância para as empresas. Goulart e Zanatta (2009), falam que foi em meados de 1980 que a logística surgiu no Brasil, exatamente depois de acontecer a explosão da Tecnologia da Informação. Surgindo algumas entidades dando enfoque a Logística como: ASBRAS (Associação Brasileira de Supermercados), ASLOG (Associação Brasileira de Logística), IMAM (Instituto de Movimentação e Armazenagem), entre outras, com objetivo de disseminar este novo conceito voltado para as organizações. Atualmente, é comemorado no dia 6 de junho é o Dia da Logística. A data é uma referência ao dia em que ocorreu possivelmente o maior movimento logístico já conhecido na história que foi o desembarque das forças aliadas na Europa, ao término da II Guerra Mundial, imortalizado como o “Dia D”. Enfim, a Logística é o principal departamento para exercer a atividade de redução de custo em uma organização, é impossível se pensar em otimização dos recursos, redução de custo, sem que não se pense em Logística antes. Com isso vem a necessidade de aliar conhecimento, habilidade e atitude ao capital humano na área de logística. LOGÍSTICA EMPRESARIAL 13 A logística é uma das atividades econômicas mais antigas e um dos conceitos gerenciais mais modernos. Resumidamente a logística está ligada diretamente à compra, armazenagem e distribuição de materiais e mercadorias, ou seja, é uma ferramenta que está presente desde o início da produção até seu destino final, sempre procurando diminuir custos (CAMPOS; BRASIL, 2008). Diante do contexto de globalização, onde cada vez mais as empresas estão inseridas em um mercado de concorrência global, a logística, ferramenta de gestão moderna, pode assegurar a competitividade das organizações. Esta nova dinâmica de mercado é marcada pela rapidez que transitam as informações tornando o ambiente empresarial cada vez mais incerto e inseguro. Dessa forma, a logística, como ferramenta empresarial, busca garantir a competitividade de um novo modelo de gestão que acompanhe o paradigma pós-industrial, aonde os fluxos de materiais tendem a se movimentar mais rapidamente. (SILVA, 2011). A partir da Segunda Guerra mundial tornou-se nítida a importância das atividades logísticas nas organizações. Com o advento de novas metodologias de produção, exemplificadas pelo just-in-time, no qual se substituiu a antecipação pela reação à demanda, o equacionamento logístico dos fluxos de materiais em toda a cadeia de suprimentos tornou-se fundamental. (LEITE, 2009) A figura a seguir demonstra as diversas áreas de atuação da logística empresarial: 14 As definições de logísticas rementem à conclusão de um processo estratégico de gerenciamento das aquisições, movimentações e armazenagem de peças e produtos acabados (e os fluxos de informações correlatas) através das organizações e dos seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presentes e futuras por meio do atendimento de pedidos a baixo custo (CAMPOS; BRASIL, 2008). Os fluxos logísticos são fundamentais para a atividade empresarial, o objetivo de um gestor da área de logística é na verdade gerir toda a cadeia para reduzir custo e tempo, aperfeiçoar processos e consequentemente ganhar competitividade perante o mercado (SILVA, 2011). Não basta apenas saber que a demanda afeta todo o processo produtivo, desde fornecedores até clientes. A adequada administração do abastecimento de forma integrada exige o conhecimento dos impactos causados (presentes e futuros) nas organizações envolvidas, assim como na sociedade em geral. (CAMPOS; BRASIL, 2008). RESÍDUOS 15 Segundo Faria (2016), os restos sólidos ou semi-sólidos das atividades humanas ou não-humanas compõe o que chamamos de resíduos sólidos , que apesar de descartáveis para quem os criou inicialmente, podem ser de grande valia para outras áreas diferente. Antigamente os resíduos sólidos, até pouco tempo atrasa, eram definidos como objeto sem valor ou utilidade alguma, totalmente descartável, mas com o tempo essa definição foram revistas pela sociedade, devido ao acumulo e a falta de descarte adequado para os mesmos. Nos dias de hoje, a maioria desses materiais pode ser reaproveitada para alguma outra atividade, seja de forma direta, que é o caso das aparas de embalagens laminadas jogadas fora pelas indústrias e reutilizadas na confecção de placas e compensados, ou de forma indireta, no caso de combustível fornecidos para gerar energia usada em diversos processos. Para as empresas, esse resíduos são considerados prejuízos, uma vez que no processo industrial, esse nada mais é do que matéria-prima e insumo não convertidos em produto, assim, sua geração significa perda de lucro para a indústria e, por isso, tecnologias e processos que visem à diminuição dessas perdas ou reaproveitamento dos resíduos são cada vez mais visados (FARIA, 2016). Veja ainda a classificação segundo a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (2004): Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (NBR10004:2004,p. 7). A Figura 1: Origem de resíduos sólidos mostra que esses resíduos são provenientes de vários setores da sociedade atual. 16 Fonte: Resumo Escolar, 2020. Como se pode ver, resíduos sólidos, são resto de produções que não deram certos, ou descartes biológicos e químicos, se não houver uma gestão adequada desse lixo, é certo que haverá grandes danos ambientais, resultando no comprometimento da qualidade de vida, tais como: a emissão de gases nocivos pela putrefação; descarte em galerias pluviais provocando alagamentos e inundações, depósito em áreas de preservação ambiental que contaminam o solo e poluem as águas superficiais e subterrâneas, disposição inadequada que contribui para transmissão de doenças, entre tantos outros. Devido a essa degradação demorada dos resíduos indevidamente descartados, que se instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que define os princípios, objetivos e instrumentos, bem como diretrizes, relativos à gestão e ao gerenciamento desses resíduos sólidos, incluindo os perigosos, em âmbito nacional. Essa Lei , mostra que o governo se preocupa com isso, sendo este um progresso importante para atenuarmos os impactos que os resíduos trazem na vida da sociedade, sendo que a Logística reversa é um dos instrumentos necessários a operação do correto descarte dos resíduos sólidos. 17 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE O estabelecimento de saúde pode ser considerado, como uma estrutura física que atende a sociedade, seja ela voltada para a educação, cuidado, recuperação ou qualquer outro serviço que envolva a saúde. De acordo com a definição da RDC nº 306 de 7 de dezembro de 2004, estabelecimentos de saúde são: “todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, dentre outros similares. Esta Resolução não se aplica a fontes radioativas seladas, que devem seguir as determinações da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, e às indústrias de produtos para a saúde, que devem observar as condições específicas do seu licenciamento ambiental.” De certa forma podemos concluir que estabelecimento de saúde é qualquer local que esteja ligado à saúde e aos cuidados necessários a vida humana ou animal. Os resíduos de serviços de saúde sempre constituiu-se um problema bastante sério para os gestores de saúde, devido principalmente a falta de informações a seu respeito, gerando mitos e fantasias entre trabalhadores, pacientes, familiares, a comunidade vizinha, os aterros sanitários e principalmente aos estabelecimentos de saúde que são por si só fantásticos geradores de resíduos, independente da diversidade de atividades que são desenvolvidas dentro deste local. O desconhecimento e a falta de informações sobre o assunto faz com que, em muitos casos, os resíduos, ou sejam ignorados, ou recebam um tratamento que não condiz com o estremo perigo que esse material pode representar dentro do ambiente de saúde, deixando a própria sorte todos que ali transitam. Não raro lhe é atribuída a culpa por casos de infecção hospitalar e outros tantos males. Assim como qualquer outro estabelecimento, as atividades desenvolvidas nesses locais também produzem resíduos que por sua vez são de alta periculosidade 18 em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podendo representar risco a saúde pública e ao meio ambiente. Estes resíduos apresentam diferentes características, o que determinam uma grande variedade de classificações conforme a descrição da RDC 306 de 7 de dezembro de 2004: GRUPO A - Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção. A1 - Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética. - Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido. - Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta. - Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. A2 - Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica. 19 A3 - Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares. A4 - Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados. - Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares. - Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons. - Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo. - Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. - Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica. - Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações. - Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão. A5 20 - Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons. GRUPO B - Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou aomeio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. - Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações. - Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes. - Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores). - Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas; - Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). GRUPO C Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. - Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clinicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a resolução CNEN-6.05. GRUPO D - Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. 21 - papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em antissepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1; - sobras de alimentos e do preparo de alimentos; - resto alimentar de refeitório; - resíduos provenientes das áreas administrativas; - resíduos de varrição, flores, podas e jardins. - resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde GRUPO E Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares. IMPACTOS AMBIENTAIS Os resíduos de serviços de saúde constitui uma parte respeitável do total de resíduos sólidos urbanos, não pela demanda gerada, mas pelo potencial de risco que significam à saúde da população e do meio ambiente, através da contaminação do solo, das águas superficiais e subterrâneas, pelo lançamento de RSS em lixões ou aterros controlados, que também proporcionam riscos à população local. Segundo a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) número 1, de 23 de janeiro de 1986, impacto ambiental é: 22 “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I. A saúde, a segurança e o bem-estar da população; II. As atividades sociais e econômicas; III. A biota; IV. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V. A qualidade dos recursos ambientais”. Atualmente a geração dos resíduos sólidos de saúde, pode ser considerada um dos maiores desafios enfrentados pelas administrações municipais. Conforme o crescimento da demanda de resíduos nos depósitos, aumentam os custos e a dificuldade por áreas ambientalmente seguras para acomodá-los. Devido a isso, é necessário um conjunto de medidas, com vista à redução de geração de lixo, partindo da busca por um método se segregação eficiente que diminua o volume de resíduos a serem despejados no solo. Com a retificação dos procedimentos de manejo, é possível prevenir grande parte dos impactos causados pela incorreta eliminação desses resíduos. LOGÍSTICA REVERSA Segundo Leite (2002), a Logística Reversa é uma área da Logística que é responsável por planejar, operar e controlar o fluxo, e as informações logísticas correspondentes ao retorno dos produtos a indústria, onde os produtos pós-venda, serão recolhidos através dos canais de Distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. A implantação do sistema de logística reversa é mais um elemento rumo ao desenvolvimento sustentável do planeta, pois possibilita a reutilização e redução no consumo de matérias-primas. Conforme O Eco (2014), em 2013 a ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), publicou no ano de 2012, que aproximadamente 40% dos resíduos sólidos no Brasil não foram coletados e, assim, tiveram descarte impróprio. Ou seja, aproximadamente 24 milhões de toneladas de 23 lixo foram descartados de forma irregular nos aterros e lixões, locais sem o devido leque de sistemas necessários para a proteção do meio ambiente e da saúde pública. Toda as pesquisas e outros dados já antigos mostravam a necessidade de descartar adequadamente os resíduos sólidos, foi criado em 2010 a Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), onde a logística reversa é definida como instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. A logística reversa possibilita a volta dos resíduos sólidos para as indústrias de origem, evitando a poluição e contaminação do meio ambiente (O ECO, 2014). Com a implantação da logística reversa, da conscientização para a educação ambiental e seus benefícios, será possível reduzir os impactos originados por descartes residuais indevidos, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos urbanos e obter um balanço ambiental positivo. E Ainda, será um passo enorme rumo ao desenvolvimento sustentável do planeta, onde possibilita a reutilização e redução no consumo de matérias-primas. A responsabilidade socioambiental é cada vez mais valorizada pelos consumidores, que se tornam mais exigentes e atentos à conduta das organizações, exigindo informações sobre o relacionamento da empresa com o meio ambiente e sobre a forma como a empresa lida com a sustentabilidade de produtos e serviços que oferecem, de forma que a observação desses fatores impacta diretamente na decisão de compra dos consumidores brasileiros (INSTITUTO AKATU, 2013). Atrelada a esse fator, está a velocidade no descarte de produtos após o primeiro uso e a obsolescência programada, que gera desequilíbrio entre as quantidades descartadas e as quantidades reaproveitadas de materiais, resultando no crescimento do lixo urbano e, consequentemente, fazendo com que o lixo se transforme em um fator relevante à saúde pública. 24 Há uma tendência mundial na descartabilidade dos produtos, motivada por crescente surgimento de inovações e ciclos de vida cada vez menores. Atrelado a isso, está o aumento da sensibilidade ecológica dos consumidores, que faz com que os mesmos pressionem o poder público no sentido de sancionar novas leis que obrigam a gestão de resíduos de pós-consumo, além das que abordam questões relativas à proteção de defesa do consumidor (SILVEIRA, 2017). Todos esses fatores, somados, impelem as empresas a adotar práticas de logística reversa. Leite (2009) destacou alguns fatores como pontos principais davisibilidade que o tema vem tomando. O primeiro deles é o aumento da demanda, que vem ocorrendo desde a Segunda Guerra Mundial. Em seguida, ele apresenta a variedade da oferta aliada à alta obsolescência de produtos. Leite (2009) apresenta, também, a fidelização dos clientes com serviços de pós-venda; a valorização da imagem da empresa que se mostra socioambientalmente responsável; por fim, e provavelmente um dos mais importantes desses fatores, o surgimento de legislações e regulamentos que obrigam a organização a agir de maneira ambientalmente adequada. Desse modo, a logística reversa apresenta-se no sentido de reduzir o impacto ambiental gerado pelos processos logísticos empresariais. De acordo com o Conselho Executivo de Logística Reversa, “Logística reversa é o processo de movimentação de mercadorias do seu destino final típico para outro ponto, com o objetivo de obter valor de outra maneira ou efetuar a disposição final dos produtos”. O que significa verificar se há alguma possibilidade de atribuir àquele produto valor econômico, ecológico, logístico, legal, de imagem corporativa, entre outros, fazendoo retornar ao ciclo produtivo. E, em último caso, fazer a disposição final do produto, quando do final de sua vida útil, ou seja, quando o resíduo se torna rejeito (LEITE, 2009). A diferença de resíduos e rejeitos está no fato de que os resíduos apresentam um valor econômico agregado, já que são reaproveitados no processo produtivo, enquanto os rejeitos não possuem essa característica (DEMAJOROVIC, 1995). A lei 12.305/2010 conceitua a Destinação Final Ambientalmente Adequada de Resíduos Sólidos da seguinte forma: 25 Destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos (BRASIL, 2010). Em seu Art. 3º, Inciso VII, a lei 12.305/2010 define Disposição Final ambientalmente adequada como a distribuição ordenada de rejeitos em aterros, de acordo com normas operacionais específicas, visando evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos (BRASIL, 2010). As formas mais conhecidas de disposição final de resíduos são: o aterro sanitário, o aterro controlado e o lixão a céu aberto. No Brasil, o Aterro Sanitário é a única forma permitida por lei. NORMAS E LEGISLAÇÃO REFERENTE AOS RESÍDUOS SÓLIDOS E DE SERVIÇOS DE SAÚDE Ao longo dos anos 1970 e 1980, quando o conceito de desenvolvimento sustentável foi proposto pela primeira vez, no Relatório Brundtland, em 1988, as pessoas começaram a prestar atenção nas questões ambientais relacionadas à logística (BURSZTYN, Marcel; BURSZTYN, Maria, 2012), mas apenas na década de 1990 consolidou-se o principal marco regulatório a tratar do gerenciamento ambiental do País: a Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela Lei n° 6.938 de 1981 (BURSZTYN, Marcel; BURSZTYN, Maria, 2012). A legislação pertinente aos Resíduos de Serviços de Saúde é ampla no país. Seguindo uma ordem cronológica, o primeiro instrumento legal a ser desenvolvido foi a portaria nº 53/1979 do Ministério do Interior, que trata do uso de incineradores como tratamento de resíduos de serviços de saúde. No ano de 1981, foi sancionada a Lei Federal nº 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente e, logo no ano seguinte, a Lei Federal nº 8.080, 26 que dispõe da Política Nacional de Saúde. Em 1991, com o Decreto Federal nº 100, instituiu-se a Fundação Nacional de Saúde e, no mesmo ano, a Resolução nº 6, de 19/09, que dispõe sobre o tratamento dos resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos. Dois anos mais tarde, estabeleceu- se a Resolução Conama nº 5, que dispunha sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários, e estabelecimentos prestadores de serviços de saúde. Ela foi alterada pela Resolução nº 358, revogando-se as disposições que tratam de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde. Em 1999, foi instituída a Lei Federal nº 9.782, que define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências. A Resolução Conama 283, de 2001, dispõe sobre o tratamento e destinação final dos RSS, altera o Plano de gerenciamento de Resíduos de Saúde para PGRSS, além de explicar seu funcionamento prático. No ano de 2002, duas resoluções foram estabelecidas. A Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa nº 50, que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. A outra Resolução foi a do Conama nº 316, que dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos. A Resolução RDC Anvisa nº 306, de 07/12/2004, estabelece os requisitos mínimos e o termo de referência para a realização de auditorias ambientais. No ano seguinte, foram instituídas a Lei Federal nº 11.105, que dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança e a Resolução Conama nº 358, que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. Em 2007, foi instituída a Lei Federal nº 11.445, que dispõe sobre a Política Nacional de Saneamento Básico e após tramitar 20 anos no Congresso, em 2 de agosto de 2010, foi promulgada a Lei nº 12.305, que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que visa a obrigatoriedade da Logística Reversa de pós- 27 consumo de resíduos: pneus; pilhas e baterias; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; produtos eletroeletrônicos e seus componentes; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e luz mista; e embalagens em geral. A lei determina que deve envolver, como atores, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, além das empresas, que tem como obrigação elaborar o plano de gerenciamento de resíduos sólidos e a sociedade civil, no sentido de efetuar a devolução após o uso, aos comerciantes ou distribuidores, dos produtos e de suas embalagens (BRASIL, 2010). A lei, ainda, apresenta e define termos como logística reversa, resíduos, rejeitos e gerenciamento de resíduos sólidos. A Lei nº 12.305/2010 representa um grande avanço, uma vez que institucionaliza a responsabilidade e a corresponsabilidade de cada participante da cadeia de suprimentos e resíduos. A legislação também prevê a não geração de resíduos e, quando não for possível, que haja uma redução, em sequência, a reutilização, a reciclagem e, por fim, o tratamento dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010). Com o Decreto Federal nº 7.404, de 23/12/2010, a lei 12.305/2010 foi regulamentada, criando-se o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências. Por fim, apresenta-se a Resolução Conama nº 430, de 13/05/2011, que dispõe sobre as condições e os padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de março de 2005, do Conama. De todos os instrumentos legais, os que mais têm sido utilizados como referência para boas práticas no gerenciamento de resíduos de serviços de saúde são a Resolução RDC ANVISA nº 306, de 2004, que dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde; e a Resolução Conama nº 358/2005, que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. A RDC 306/04 defineo GRSS da seguinte forma: 28 O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2004). Com relação às normas brasileiras referentes aos RSS, apresentam-se a NBR 12.807, de 1º de abril de 1993, que define os termos empregados em relação aos resíduos de serviços de saúde (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1993); além da NBR 12.808, que classifica os resíduos de serviços de saúde quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, dividindoos em resíduos de classe A (infectantes), classe B (químico, farmacêutico e radioativo) e classe C (comum), para que tenham gerenciamento adequado (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006); a NBR 12.809, que fixa os procedimentos exigíveis para garantir condições de higiene e segurança no processamento interno de resíduos infectantes, especiais e comuns, nos serviços de saúde (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1993); e, por fim, a NBR 12.810, de mesma data, que fixa os procedimentos exigíveis para coleta interna e externa dos serviços de saúde, sob condições de higiene e segurança (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1993) e, ainda, a NBR 13.853 que fixa as características de coletores destinados ao descarte de resíduos de serviços de saúde perfurantes ou cortantes, tipo A.4, conforme a NBR 12808 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1997). Com relação às normas técnicas referentes aos RSS, além das que já foram abordadas, apresentam-se a NBR 7500, que estabelece a simbologia convencional e o seu dimensionamento para produtos perigosos, a ser aplicada nas unidades de transporte e nas embalagens, visando explicitar os riscos e os cuidados a serem tomados no transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento, de acordo com a carga contida. Surgiu no sentido de substituir a NBR 8286, que tratava do emprego da sinalização nas unidades de transporte e de rótulos nas embalagens de produtos perigosos, sendo cancelada em 2003 (ABNT, 1994). 29 A NBR 9190, de 1993, que classificava sacos plásticos para acondicionamento de lixo quanto à finalidade, espécie de lixo e dimensões foi cancelada e substituída pela NBR 9191, que estabelece os requisitos e métodos de ensaio para sacos plásticos destinados ao acondicionamento para coleta. Por fim, em 2004, foi criada a NBR 10.004 que tem por objetivo classificar os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente, considerando que os resíduos radioativos não são objeto desta norma, pois são de competência exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear (ABNT, 2004). Para o gerenciamento interno dos RSS no estabelecimento de saúde, a classificação adotada deve ser a indicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2004). GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE O GRSS abrange um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, visando minimizar a produção de resíduos e proporcionar destinação e disposição final ambientalmente adequada aos resíduos gerados, de forma eficiente, visando à proteção aos trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (BRASIL, 2004). O gerenciamento envolve todas as etapas de planejamento, bem como todos os recursos necessários ao processo, o que contempla recursos físicos, recursos financeiros, recursos técnicos, recursos materiais, entre outros, envolvidos no manejo dos RSS (BRASIL, 2004). O principal material legal que deve ser desenvolvido pelos hospitais é o Plano de Gerenciamento de Resíduos Serviços de Saúde (PGRSS) (CONAMA 358/2005; RDC 306/2004). Só é possível desenvolvê-lo e implementá-lo com eficácia, segundo a resolução, conhecendo-se a classificação de resíduos de acordo com suas características de grau de risco e aspectos de biossegurança, bem como as normas 30 locais relativas à coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos serviços de saúde, estabelecidas pelos órgãos locais responsáveis por estas etapas (BRASIL, 2004). O PGRSS aponta e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, no âmbito das organizações, observando suas características e riscos, de acordo com o Quadro 1, apresentado a seguir. 31 32 O manejo é a ação de gerenciar os resíduos em seus aspectos intra e extra estabelecimento, desde a geração até a disposição final. Ele contempla os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública e ao meio ambiente (BRASIL, 2005). É obrigatória a segregação dos resíduos na fonte e no momento da geração, de acordo com suas características, para fins de redução do volume dos resíduos a serem tratados e dispostos, garantindo a proteção da saúde e do meio ambiente (BRASIL, 2015). Observar para que a coleta seletiva aconteça de forma adequada na fonte também é fundamental para que o gerenciamento de resíduos seja menos oneroso, já que a ação corretiva custa mais do que a preventiva. Define-se coleta seletiva como a “coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição” (BRASIL, 2010). É o meio que permite a separação dos resíduos gerados, para em seguida, terem sua destinação e disposição final de forma adequada. Para o gerenciamento interno dos RSS no estabelecimento de saúde, a classificação adotada deve ser a indicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (BRASIL, 2004) O acompanhamento do gerenciamento de resíduos deve acontecer desde a geração até a disposição final dos mesmos, por parte dos geradores e do responsável legal, nos termos da lei nº 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. REFERENCIAS 33 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS (ABRELPE). Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015. São Paulo, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Resíduos de serviços de saúde – classificação. Brasília, 1993. AVERO, S. A. J.; SENHORAS, E. M. Logística Reversa como meio de Instrumentalização organizacional do desenvolvimento sustentável. Revista de Administração de Roraima, Roraima, v. 4, n. 1, p. 152-156, 2014. BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. Tradução de: Hugo T. Y. Yoshizaki. _______________. Logística Empresarial. Transportes Administração de Materiais, Distribuição Física. São Paulo. Editora Atlas, 2001. BERTO, D. N.; CZYKIEL, R.; BARCELLOS, M. D. de. Treinamento sobre resíduos sólidos de serviços de saúde (RSSS) em hospitais de Porto Alegre/RS na percepção de profissionais atuantes. Revista de Gestão em Sistemas de Saúde – RGSS, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 41-62, jul./dez. 2012. BOLDRIN, V. P. et al. A gestão ambiental e logística reversa no processo de retorno de embalagens de agrotóxicos vazias. Revista de Administração e Inovação, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 29-48, fev. 2007. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Manualde gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília, 2010. CORRÊA, L. B. et al. O saber resíduos sólidos de serviços de saúde na formação acadêmica: uma contribuição da educação ambiental. Interface - Comunic., Saúde, Educ., v. 9, n. 18, p. 571-84, set./dez., 2005. DIAZ, P. S. et al. Gerenciamento de resíduos: estudo descritivo-exploratório no pronto-socorro de um hospital-escola. Online Brazilian Journal of Nursing, v. 12, n. 4, p. 964-974, 2013. DOI, K. M.; MOURA, G. M. S. S. Resíduos sólidos de serviços de saúde: uma fotografia do comprometimento da equipe de enfermagem. Revista gaúcha de enfermagem, Porto Alegre, v. 32, n. 2, p. 338-344, 2011. 34 FILHO, Armando Oscar Cavanha. Logística: Novos Modelos. 2.ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. FLEURY, P. F. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2005. MELO, M. S. Estudo sobre resíduos de serviço de saúde no hospital universitário de Brasília, Brasil, 2007. 2007. 106 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Brasília, 2007. NOVAIS, A. G. Logística e Gerenciamento de Cadeia de Distribuição. São Paulo. Editora Campus, 2001. RIZZON, F.; NODARI, C. H.; REIS, Z. C. Desafio no gerenciamento de resíduos em serviços públicos de saúde. Revista de Gestão em Sistemas de Saúde, v. 4, n. 1, p. 40-54, jan./jun., 2015. ROSA, C. D. P.; MATHIAS, D.; KOMATA, C. C. Custo de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde(RSS): estudo de caso da unidade de terapia intensiva de infectologia de um hospital público em São Paulo. Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 127-143, maio/ago., 2015. SALES, C. C. L. et al. Gerenciamento de resíduos sólidos dos serviços de saúde: aspectos do manejo interno no município de Marituba, Pará, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, n. 6, p. 2231-2238, 2009. SILVEIRA, J. H. P. Gestão Ambiental. Belo Horizonte: Poisson, 2017. TRIDAPALLI, J. P.; FERNANDES, E.; MACHADO, W. V. Gestão da cadeia de suprimento do setor público: uma alternativa para controle de gastos correntes no Brasil. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 45, n. 2, p. 401-33, mar./abr., 2011.
Compartilhar