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MEDICINA INTERNA – FMBM Profª Dra. Juliana Pamela Barbieri – T23 1 Cirrose Hepática Cirrose hepática é caracterizada pela formação de nódulos de hepatócitos envoltos por fibrose difusa. A fibrose é a cicatrização que segue à destruição de hepatócitos e ao colapso da trama de reticulina que sustenta os hepatócitos. Na cirrose, há comprometimento difuso do fígado. A fibrose aumenta a resistência dos vasos portais e leva à hipertensão portal. Sintomas relacionados à diminuição da função hepática e hipertensão portal. Fígado cirrótico: presença de fibrose, nódulos de regeneração. Etiologias Lesão hepática induzida pelo álcool. Hepatites virais B, C e D. Outras: lesão hepática induzida por drogas ou toxinas, doenças metabólicas, hepatite autoimune, deficiência alfa-1-antitripsina, Doença de Wilson, hemocromatose, distúrbios vasculares, insuficiência cardíaca direita crônica, síndrome de Budd-Chiari, cirrose biliar, cirrose biliar primária, cirrose biliar 2ªria secundária a obstrução crônica, colangite esclerosante primária, atersia biliar, insuficiência congênita de ductos intra-hepáticos (sd de Alagille), cirrose criptogênica (causa desconhecida). Lembrar que, mesmo que seja um paciente etilista crônico, deve-se pesquisar infecção crônica por HCV. Diagnóstico Definitivo: histopatológico Presumido: quadro clínico/alterações laboratoriais. Labs – TGO/TGP: normais ou (não tem mais hepatócitos para produzir; se TGO/TGP >3x normalidade, provavelmente não tem cirrose). VR TGO/TGP: 50. Em hepatites virais agudas, medicamentosas ou isquêmicas: TGOTGP>1000. Enzimas canaliculares – FA (fosfatase alcalina) e GGT (gama-GT): normais ou , pode ter aumento discreto. (Aumentos muito grande de GGT, por exemplo, é indicativo de lesão canalicular por álcool). ALBUMINA TP ↑ (alargado) (fatores de conversão de protrombina em trombina não são mais produzidas adequadamente no fígado e esses pacientes também tem deficiência de vitamina K, também essencial no processo). BILIRRUBINAS ↑ (a custas de indireta que não foi conjugada no fígado e acumula. Em estágios avançados, as duas bilirrubinas se igualam, pois a direta também se acumulam, já que os canalículos estão todos regaçados). Quadro clínico associados as complicações – insuficiência hepática ou hipertensão portal. Alterações clínicas: presença de telangectasias, icterícia, ginecomastia, nodulação hepática, ascite, rarefação de pelos, eritema palmar, atrofia testicular, pancitopenia (consequência da esplenomegalia), petéquias, edema MMII, circulação colateral, hérnia umbilical, esplenomegalia, varizes esofágicas, osteoporose. Insuficiência hepática: Hiperbilirrubinemia – as custas de BI (icterícia). Hipoalbuminemia (edema generalizado) (redução da pressão oncótica). Hiperestrogenismo (ginecomastia, telangiectasias, eritema palmar, rarefação dos pelos) (metabolização MEDICINA INTERNA – FMBM Profª Dra. Juliana Pamela Barbieri – T23 2 do estrogênio ocorre no fígado, que não está funcionante, então há acúmulo de estrogênio; as telagiectasias também ocorre devido a vasodilatação periférica que o estrógeno provoca). Hiperamonemia (fedor hepaticus, encefalopatia hepática). (A amônia chega no fígado para ser metabolizada em amônio, forma que é eliminada, e ocorre acumulo de amônia no sangue, levando a encefalopatia hepática. Menor síntese de fatores de coagulação (distúrbio de coagulação). Alterações dos fatores II, VII, IX, X. Também a diminuição de proteína C e proteína S, então também tem riscos de formar trombo. Alteração no metabolismo da vitamina D e hormônios tireoidianos. Hipertensão portal Pressão sanguínea anormalmente elevada na veia porta. A pressão venosa porta é normalmente baixa (5-19mmHg), sendo considerada hipertensão portal uma pressão superior a 10mmHg. Varizes esofágicas: HDA (hematêmese, melena, choque circulatório). Circulação colateral tipo porta. Recanalização da veia umbilical (procura caminhos alternativos para chegar na veia cava superior). Doença hemorroidária. Edema de membros inferiores/escrotal. Ascite. Esplenomegalia + hiperesplenismo. Classificação de Child-Pugh: MEDICINA INTERNA – FMBM Profª Dra. Juliana Pamela Barbieri – T23 3 Ascite: Acúmulo de líquido na cavidade peritoneal >25mL. Complicação mais comum do paciente cirrótico. Indica pior prognóstico no paciente cirrótico: mortalidade 40% em 1 ano. Fisiopatologia da ascite: Dificuldade de passagem do sangue no fígado cirrótico ↑ produção do oxido nítrico vasodilatação venosa e arterial ativação SRAA e retenção de sódio e água ↑ líquido intravascular (pela hipoalbuminemia e vasodilatação, extravasa líquido) acúmulo de líquido no peritônio (ascite) e piora da hemodinâmica com retenção de sódio de água. Tto: espironolactona. Anamnese Exame físico: ●Macicez móvel (mais sensível) ●Semicírculo de Skoda ●Sinal do Piparote Diagnóstico: US abodme; paracentese (diagnóstica ou de alívio). Análise do líquido peritoneal: SEMPRE:Celularidade total e celularidade diferencial; albumina; cultura. Se dúvida dx: citologia oncótica, amilase, Tgc, BAAR e cultura para TB. Gradiente albumina soro-ascítico: GASA ≥ 1,1 – Hipertensão Portal. (albumina sérica - albumina ascética) Classificação: ●Grau 1: ascite pequena ou detectada pelo USG ●Grau 2: distensão simétrica e moderada do abdome. ●Grau 3: volumosa ascite com importante distensão do abdome. Indicação de paracentese: toda ascite recém-diagnosticada; hospitalização por piora da ascite; cirrótico com qualquer complicação. Tratamento – ascite: ●Restrição de sódio na dieta – balanço negativo do sódio (eficaz 10-20% dos cirróticos). ●Restrição hídrica – apenas pacientes com hiponatremia, Na < 125. ●Repouso. ●Diuréticos: Espironolactona (100-400mg/dia); Furosemida (40-160mg/dia). Perda ponderal desejada: 0,5kg/dia sem edema periférico. 1 kg/dia com edema periférico. Se grande volume: parecentese alívio; se acima de 5L – infundir albumina 8g/L de líquido retirado. Ascite refratária: TIPS – Shunt Porto-Sistêmico Intrahepático Transjugular. Restrição salina e dose máxima de diuréticos por mais de 1 semana. Perda ponderal de 0,8kg depois de 4 dias ou mais. MEDICINA INTERNA – FMBM Profª Dra. Juliana Pamela Barbieri – T23 4 Ascite grau 2 ou 3 após 4 semanas. Complicações relacionadas ao uso de diuréticos. Peritonite Bacteriana Espontânea Infecçao do líquido ascítico na ausência de um foco infeccioso intra-abdominal. Complicação da cirrose hepática. Baseia-se no encontro de células polimorfonucleares obtida por paracentese. PMN ≥ 250/microL Se < 250 bacteriascite (é apenas colonização e não infecção). Quadro clínico: Geralmente assintomático. Se sintomas: dor abdominal, febre, náuseas, vômito.. . . .. .. .cuuuuu Fisiopatologia: aumento da HP edema de mucosa intestinal translocação bacteriana do intestino/trato urinário bacteremia em líquido ascítico. Além disso, HP leva a shunts-portossistêmicos destruição bacteriana pelo SER prolongação da bacteremia ascética colonização da ascite (bacteriascite) ((redução da opsonização e de fatores do complemento)) PBE. Em quem pesquisar: -TODOS cirróticos que internam com ascite. -Em pacientes internados, se: sinais de irritação peritoneal, sinais de infecção não localizada; encefalopatia hepática; descompensação hepática ou renal. -Pacientes portadores de hemorragia digestiva. Tratamento: ●ATBs com boa penetração peritoneal: Ceftriaxona, EV, 2g/dia. Ciprofloxacino (7 dias EV ou 2 dias EV e 5 dias VO). Amoxacilina + ácido clavulânico. Avaliar queda de 25% do número de PMNs, em segunda paracentese depois de 48h deATB. ●Albumina 1,5g/kg no 1º dia e 1g/kg no 3º dia, se: - creatina > 1 mg/dL - ureia > 60mg/dL - bilirrubina > 4mg/dL Profilaxia primária: Pacientes com hemorragia digestiva – Norfloxacina 400mg 12 em 12h por 7 dias. Proteína no líquido ascítico < 1 (controverso). Profilaxia secundária: Após 1º episódio de PBE – Norfloxacino 400mg AD eternum. Encefalopatia Hepática: Distúrbio neuropsiquiátrico secundária ao acúmulo de substâncias tóxicas (amônia) no sangue. Susbstâncias são absorvidas para o interior da corrente sanguínea a partir do intestino, e passam através PMN < 250: não tem PBE. PMN >250: altamente provável para PBE – inicia tto! Ascite hemorrágica: (>10.000): subtrair 1PMN para cada 250 hemácias. -PBE PMN ≥ 250: tto! -Ascite neutrocítica PMN ≥250, cultura negativa – tto como PBE! -Bacterioascite PMN <250, cultura positiva – não trata. Punção nova após 48h. MEDICINA INTERNA – FMBM Profª Dra. Juliana Pamela Barbieri – T23 5 do fígado, onde as toxinas são removidas. Nas encefalopatia hepática, as toxinas não são removidas por causa da disfunção hepática encefalopatia. Classificação por graus da encefalopatia hepática: Grau 1 – alteração de humor e ritmo do sono. Grau 2 – confusão mental marcada. Asterix – flapping + quando na volta paciente intercala o movimento. Grau 3 – torpor. Grau 4 – coma. Fatores desencadeantes: infecções, hemorragia digestiva, excesso de proteína/constipação, perda da função renal/distúrbios HE, sedativos/excesso de álcool. Tratamento: Correção de fatores desencadeantes. Redução da produção e absorção de amônia. Limpeza do cólon, lactulose, antibióticos (neomicina, metronidazol, rifamixina), dieta normoproteica. Síndrome hepato-renal: É o desenvolvimento de insuficiência renal funcional em pacientes com insuficiência hepática aguda ou crônica que apresentam hipertensão portal e ascite. PBE é importante fator de risco para SHR. Fisiopatologia: Translocação bacteriana pode levar a uma resposta inflamatória com desbalanço nos mecanismos vasodilatadores esplânicos. Devem ser descartadas condições clínicas que levem à insuficiência renal e também patologias renais crônicas. 2 tipos de SHR 1: rápida progressão para falência renal, com evolução em 2 semanas e níveis séricos de creatinina acima de 2,5 mg/dL. Prognóstico muito ruim, com média de sobrevida de 2 semanas sem tto. 2: falência renal de instalação mais lenta e níveis séricos de creatinina acima de 1,5mg/dL. Apresenta melhor prognóstico com o tratamento. Achado clínico: redução do débito urinário. MEDICINA INTERNA – FMBM Profª Dra. Juliana Pamela Barbieri – T23 6 Prova de volume com albumina = diferenciar de IRA pré-renal. 1g/kg (máximo de 100g) por 2 dias consecutivos. Se melhora, é IRA pré-renal. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE SHR 1. cirrose com ascite / insuficiência hepática aguda 2. creatinina sérica >1,5mg/dl (133micromol/l) 3. ausência de melhora da creatinina sérica (redução da cr para <1,5mg/dl) após 48 horas de suspensão do tratamento diurético e expansão volumética com albumina. a dose recomendada de albumina é de 1g/kg/d até o máximo de 100g/dia. 4. ausência de choque. 5. ausência de tratamento recente com drogas nefrotóxicas. 6. ausência de enfermidade renal parenquimatosa indicada por proteinúria >500mg/dia, microematúria (>50hmc/campo) e/ou usg renal anormal. Tratamento de escolha = transplante hepático. Terlipressina + albumina por no mínimo 5 dias e, no máximo, 15 dias. Objetivo: Cr ≤1,5 ou melhora de pelo menos 50% do ClCr.
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