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Sustentabilidade e desenvolvimento econômico APRESENTAÇÃO Você sabe o que é desenvolvimento econômico? O desenvolvimento econômico é um acontecimento histórico que aproxima a economia das demais ciências sociais. Começa a ocorrer nas nações, nos estados e nas cidades que realizam a sua revolução capitalista e se define pelo aumento sustentado da produtividade ou da renda por habitante, juntamente com um sistemático processo de acumulação de capital e incorporação de progresso técnico. O desenvolvimento econômico não se restringirá apenas ao crescimento da produção em uma região, mas principalmente aos aspectos qualitativos relacionados ao crescimento. Sendo assim, torna-se indispensável atentar-se para que ocorra de maneira sustentável, afim de não atingir a qualidade de vida futura. Um grande componente para o desenvolvimento sustentável é a sustentabilidade econômica, ou seja, a otimização dos processos produtivos e a diminuição dos níveis de poluição. A atuação sustentável está cada vez mais presente no dia a dia da população e há empreendedores que estão preocupados com os efeitos de seus processos produtivos e buscam se colocar a par da tendência global por um desenvolvimento que inclua também os aspectos sociais e ambientais. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai analisar a definição de desenvolvimento econômico e as vantagens da sustentabilidade econômica, além da importância da sustentabilidade econômica e ambiental caminharem juntas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a definição de desenvolvimento econômico.• Identificar as vantagens da sustentabilidade econômica.• Analisar a importância da união da sustentabilidade econômica e ambiental.• DESAFIO Você é o engenheiro responsável pela produção de uma empresa de cosméticos e observou que nos últimos anos, a preocupação com a sustentabilidade econômica e ambiental cresceu bastante, já que muitos dos recursos disponíveis no meio ambiente estão se degradando. Diante disso, você percebeu a necessidade de adotar atitudes sustentáveis na empresa em que atua. Sabendo que para uma empresa ser considerada um exemplo em sustentabilidade ambiental, é necessário apresentar medidas voltadas para três dimensões: ambiental, econômica e social. Quais seriam as medidas adotas por você? Apresente pelo menos, cinco ações que seriam implantadas. INFOGRÁFICO Você já percebeu a importância do desenvolvimento econômico e da sustentabilidade para o seu país? O desenvolvimento econômico tem como principal objetivo a melhoria do padrão de vida dos cidadãos, sendo assim, é essencial para os países. Para que haja desenvolvimento econômico, a experiência histórica esclarece que é imprescindível que as organizações garantam a ordem pública ou a estabilidade política, o bom funcionamento do mercado e as boas oportunidades de lucro que estimulem os empreendedores a investir e inovar. Surge então o desenvolvimento sustentável, que é capaz de suprir as carências da geração atual, mas sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. Analise aqui as vantagens da adoção da sustentabilidade econômica. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO Você sabe qual a importância do desenvolvimento econômico e sustentável para a nossa sociedade? Para que o desenvolvimento continue de uma forma que não atinja a qualidade da vida futura, é preciso que todos os setores tenham consciência de incorporar atitudes sustentáveis para evitar a escassez precoce dos recursos naturais que necessitamos. Acompanhe a obra "Princípios da economia", base teórica desta Unidade de Aprendizagem, atentando-se, principalmente, aos capítulos Capital humano, A Terra e outros recursos naturais e Há limites para o crescimento. Boa leitura. RobeRt H . FRank ben S . beRnanke QuaRta ed ição economia PRincÍPioS de Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 F828p Frank, Robert H. Princípios de economia [recurso eletrônico] / Robert H. Frank, Ben S. Bernanke, Louis D. Johnston ; tradução: Heloisa Fontoura, Monica Stefani ; revisão técnica: Giácomo Balbinotto Neto, Ronald Otto Hillbrecht. – 4. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-8055-097-9 1. Economia. I. Bernanke, Ben S. II. Johnston, Louis D. III. Título. CDU 330 526 PARTE VI A ECONOMIA NO LONGO PRAZO OS DETERMINANTES DA PRODUTIVIDADE MÉDIA DO TRABALHO O que define a produtividade do trabalhador médio em um determinado país em um período específico? As discussões populares desta questão frequentemente confundem a produtividade do trabalhador com a disposição dos trabalhadores de determinada nacionalidade para o trabalho árduo. Em condições normais, uma cultura que pro- mova o trabalho árduo tende a aumentar a produtividade do trabalhador. Entretanto, somente a intensidade do esforço não pode explicar as enormes diferenças na produ- tividade média do trabalho que observamos ao redor do mundo. Por exemplo, a pro- dutividade média do trabalho nos Estados Unidos é aproximadamente 24 vezes maior que na Indonésia e 100 vezes maior que em Bangladesh, embora não haja dúvida de que os indonésios e os bengalis trabalhem muito. Nesta seção, examinaremos seis fatores que parecem ser responsáveis pelas prin- cipais diferenças da produtividade média do trabalho, tanto entre países quanto entre gerações. Mais adiante no capítulo, analisaremos como as políticas econômicas podem influenciar estes fatores para estimular a produtividade e o crescimento. CAPITAL HUMANO Para ilustrar os fatores que determinam a produtividade média do trabalho, introduzi- mos dois modelos de trabalhadores na linha de produção, Lucy e Ethel. Lucy e Ethel na linha de produção Lucy e Ethel têm a função de embalar balas de chocolate e colocá-las em caixas. Lucy, uma embaladora principiante, pode embalar somente 100 balas por hora. Ethel, que teve treinamento para o trabalho, pode embalar 300 balas por hora. Cada uma delas trabalha 40 horas por semana. Qual é a produtividade média do trabalho, em termos de balas embaladas por semana e por hora, (a) para Lucy, (b) para Ethel e (c) para Lucy e Ethel em equipe? Definimos a produtividade média do trabalho em termos gerais como o produto por trabalhador. Note, entretanto, que a medida da produtividade média do trabalho depende do período de tempo que é especificado. Por exemplo, os dados apresenta- dos na Figura 19.3 nos dizem quanto o trabalhador médio produz em um ano. Neste exemplo, estamos preocupados com quanto Lucy e Ethel podem produzir por hora ou por semana de trabalho. Qualquer uma destas maneiras de medir a produtividade do trabalho é igualmente válida, contanto que estejamos informados sobre a unidade de tempo que estamos usando. As produtividades horárias de Lucy e Ethel são dadas no problema: Lucy pode embrulhar 100 balas por hora e Ethel pode embrulhar 300. A produtividade semanal © T h e E ve re tt C o lle ct io n Qual é a produtividade desses empregados? 527CAPÍTULO 19 CRESCIMENTO ECONÔMICO de Lucy é (40 horas/semana) � (100 balas embrulhadas/hora) � 4 mil balas embrulha- das por semana. A produtividade semanal de Ethel é (40 horas/semana) � (300 balas embrulhadas/hora), ou 12 mil balas por semana. Juntas, Lucy e Ethel podem embalar 16 mil balas por semana. Em equipe, sua produtividade semanal média é (16 mil balas embaladas)/(2 semanas de trabalho), ou 8 mil balas por semana. Sua produtividade média por hora em equipe é de (16 mil balas embaladas)/(80 horas de trabalho) � 200 balas por hora. Observe que, conside- rando a equipe, a produtividade média das duas mulheres fica no meio de suas produ- tividades individuais. Ethel é mais produtiva do que Lucy porque teve treinamento para o trabalho, o que permitiu que desenvolvesse habilidadesem um nível mais alto que Lucy. Por cau- sa de seu treinamento, Ethel pode produzir mais que Lucy em um determinado núme- ro de horas. EXERCÍCIO 19.2 Suponha que Ethel faça um treinamento adicional de embalagem de balas e apren- da a embalar 500 balas por hora. Encontre o produto por semana e o produto por hora para Lucy e Ethel, individualmente e em equipe. Os economistas explicariam a diferença no desempenho das duas mulheres dizen- do que Ethel tem mais capital humano que Lucy. O capital humano compreende o talen- to, a instrução, o treinamento e as habilidades dos trabalhadores. Os trabalhadores com um grande estoque de capital humano são mais produtivos do que aqueles com menos treinamento. Por exemplo, uma secretária que saiba usar um programa de edição de textos pode datilografar mais cartas que aquela que não conhece; um mecânico de auto- móveis que esteja familiarizado com um equipamento computadorizado de diagnósticos conseguirá consertar motores que os mecânicos menos treinados não podem. Por que a Alemanha Ocidental e o Japão se recuperaram com tanto sucesso da devastação provocada pela Segunda Guerra Mundial? A Alemanha e o Japão passaram por uma vasta destruição de suas cidades e indústrias durante a Segunda Guerra Mundial e começaram o período do pós-guerra empobre- cidos. Contudo, em 30 anos, ambos os países não somente tinham sido reconstruídos, mas tornaram-se líderes industriais e econômicos mundiais. O que explica estes “mi- lagres econômicos”? Muitos fatores contribuíram para a recuperação econômica da Alemanha Ocidental e do Japão da Segunda Guerra Mundial, inclusive a substancial ajuda forne- cida pelos Estados Unidos para a Europa, pelo Plano Marshall, e para o Japão durante a ocupação norte-americana. A maioria dos economistas concorda, entretanto, que os altos níveis de capital humano tiveram importante papel em ambos os países. Ao final da guerra, a população da Alemanha era muito bem instruída, com mui- tos cientistas e engenheiros excepcionalmente qualificados. O país também possuía (e possui até hoje) um sistema extensivo de aprendizagem que fornecia treinamento aos jovens trabalhadores no local de trabalho. Como consequência, a Alemanha tinha uma qualificada força de trabalho industrial. Além disso, a área que se transformou em Alemanha Ocidental tirou substancial proveito do afluxo de trabalhadores qualifica- dos da Alemanha Oriental e do resto da Europa controlada pelos soviéticos, inclusive 20 mil engenheiros e técnicos treinados. Começando no início de 1949, esta concentra- ção de capital humano contribuiu para uma importante expansão de uma Alemanha tecnologicamente sofisticada, com um setor industrial altamente produtivo. Em 1960, a Alemanha Ocidental era um dos principais exportadores de bens manufaturados de alta qualidade, e seus cidadãos experimentavam um dos padrões de vida mais elevados da Europa. O Japão, que provavelmente experimentou uma destruição física maior na guerra do que a Alemanha, igualmente começou o período do pós-guerra com uma força de trabalho técnica e treinada. Além disso, as forças norte-americanas de ocupação rees- capital humano conjunto de fatores, como educação, experiência, inteligência, energia, hábitos de trabalho, confiabilidade, iniciativa e outros, que afetam o valor do produto marginal de um trabalhador 528 PARTE VI A ECONOMIA NO LONGO PRAZO truturaram o sistema escolar japonês e incentivaram todos os japoneses a investirem em uma boa educação. Entretanto, mais do que os alemães, os japoneses enfatizaram o treinamento para o trabalho. Com o sistema do emprego vitalício, em que se esperava que os trabalhadores permanecessem na mesma empresa durante toda a sua carreira profissional, as empresas japonesas investiram extensivamente no treinamento do tra- balhador. A recompensa por estes investimentos em capital humano foi um aumento constante na produtividade média do trabalho, particularmente na indústria de trans- formação. Na década de 1980, os bens manufaturados japoneses estavam entre os mais avançados do mundo e, os trabalhadores japoneses, entre os mais capacitados. Embora os altos níveis de capital humano sejam instrumentais do acelerado cres- cimento econômico da Alemanha Ocidental e do Japão, o capital humano sozinho não pode criar um padrão de vida elevado. O ponto em questão é que a Alemanha Oriental dominada pelos soviéticos, que tinha um nível de capital humano similar ao da Alemanha Ocidental depois da guerra, não teve o mesmo crescimento econômico. Por razões que discutiremos adiante no capítulo, o sistema comunista imposto pelos soviéticos utilizou o capital humano da Alemanha Oriental de forma muito menos efi- ciente do que os sistemas econômicos do Japão e da Alemanha Ocidental. O capital humano é semelhante ao capital físico (como as máquinas e as fá- bricas), pois é adquirido inicialmente por meio de investimento em tempo, energia e dinheiro. Por exemplo, para aprender a usar um programa de edição de texto, uma secretária talvez precise frequentar uma escola técnica à noite. O custo de ir à escola inclui não somente o pagamento da taxa de matrícula, mas também o custo de opor- tunidade do tempo que a secretária gasta assistindo às aulas e estudando. O benefício da educação é o aumento que a secretária terá nos salários quando o curso tiver termi- nado. Sabemos que, pela teoria do custo-benefício, a secretária deve aprender a editar textos somente se os benefícios excederem os custos, incluindo os custos de oportu- nidade. Em geral, então, esperaríamos ver as pessoas adquirindo instruções técnicas adicionais quando a diferença nos salários pagos para os trabalhadores qualificados e os não qualificados fosse significativa. Custo-benefício 531CAPÍTULO 19 CRESCIMENTO ECONÔMICO A TERRA E OUTROS RECURSOS NATURAIS Além dos bens de capital, outros insumos na produção ajudam a tornar os trabalha- dores mais produtivos, entre eles a terra, a energia e as matérias-primas. A terra fértil é essencial para a agricultura, e os processos produtivos modernos fazem uso intensivo de matérias-primas e energia. Em geral, a abundância de recursos naturais aumenta a produtividade dos tra- balhadores que os utilizam. Por exemplo, um agricultor pode produzir uma colheita muito maior em um país rico em terras, como os Estados Unidos ou a Austrália, do que em um país cujo solo é pobre ou a área de terra arável é limitada. Com a ajuda de máquinas agrícolas modernas e grandes extensões de terra, os fazendeiros norte-ame- ricanos de hoje são tão produtivos que, mesmo sendo menos de 3% da população, fornecem alimento suficiente não somente para alimentar o país, mas também para exportar para o resto do mundo. Apesar de haver limites na oferta de terra arável de um país, muitos outros recur- sos naturais, como petróleo e metais, são obtidos nos mercados internacionais. Como os recursos são obtidos no comércio, os países não precisam ter grandes quantidades de recursos naturais dentro de suas próprias fronteiras para conseguir o crescimen- to econômico. Certamente, alguns países, incluindo Japão, Hong Kong, Cingapura e Suíça, tornaram-se ricos sem terem recursos naturais substanciais próprios. Tão im- portante quanto possuir recursos naturais é a capacidade de utilizá-los de forma pro- dutiva – por exemplo, por meio de tecnologias avançadas. TECNOLOGIA Além do capital humano, do capital físico e dos recursos naturais, a capacidade de um país desenvolver e aplicar tecnologias novas e mais produtivas ajudará a determinar sua produtividade. Considere apenas uma indústria, a do transporte. Há dois séculos, como sugerido pela citação de Stephen Ambrose no começo do capítulo, o cavalo e a charrete eram os principais meios de transporte – certamente um método lento e caro. No século XIX, contudo, os avanços tecnológicos, como o motor a vapor, ajudaram na expansão do transporte fluvial e no desenvolvimento de uma rede nacional de ferrovias. No séculoXX, a invenção do motor de com- bustão interna e o desenvolvimento da aviação, ajudados pela construção de uma infraestrutura extensiva em estradas e em aeroportos, criaram um transporte cada vez mais rápido, barato e seguro. A mudança tecnológica foi claramente uma força motriz na revolução do transporte. As novas tecnologias muitas vezes melhoram a produtividade em indústrias diferentes daquela em que são introduzidas. Por exemplo, no final do século XVIII, os agricultores americanos somente podiam vender seus produtos nos mecados lo- cais e regionais. Agora, a disponibilidade do transporte de carga rápido e refrigerado permite que os agricultores americanos vendam seus produtos em praticamente qual- quer lugar do mundo. Com um mercado maior para vender, os agricultores podem se especializar naqueles produtos mais bem ambientados à terra local e às condições meteorológicas. Da mesma forma, as fábricas podem obter suas matérias-primas onde quer que elas sejam mais baratas e mais abundantes, produzir os bens nos quais são mais eficientes, e vender seus produtos onde quer que elas obtenham o melhor preço. Estes dois exemplos ilustram a teoria das vantagens comparativas: a produti- vidade total aumenta quando os produtores se concentram nas atividades em que são relativamente mais eficientes. Inúmeros outros avanços tecnológicos levaram ao aumento da produtividade, inclusive aperfeiçoamentos na comunicação e na medicina, e o surgimento da infor- mática. Tudo indica que a internet terá um impacto primordial na economia norte- -americana, não apenas na venda a varejo, mas em muitos outros setores. De fato, a maioria dos economistas provavelmente concordaria que as novas tecnologias são a única fonte mais importante para a melhoria da produtividade e do crescimento econômico. Vantagem comparativa 532 PARTE VI A ECONOMIA NO LONGO PRAZO Entretanto, o crescimento econômico não segue automaticamente os avanços da ciência básica. Para fazer o melhor uso do novo conhecimento, uma economia precisa de empreendedores que possam explorar comercialmente os avanços científi- cos, assim como de um ambiente legal e político que incentive a aplicação prática do novo conhecimento. EXERCÍCIO 19.4 Um novo tipo de papel de embrulho foi inventado para tornar a embalagem das balas mais rapida e fácil. A utilização deste papel aumenta o número de balas que uma pessoa pode embalar à mão em cerca de 200 por hora, e o número de balas que uma pessoa pode embalar na máquina em 300 por hora. Utilizando os dados de nossos exemplos de Lucy e Ethel, desenvolva uma tabela como a Tabela 19.3 que mostre como esse avanço tecnológico afeta a produtividade média do trabalho. Ainda se aplicam os rendimentos marginais decrescentes? Por que a produtividade do trabalho nos Estados Unidos cresceu tão rapidamente desde 1995? Durante as décadas de 1950 e 1960, a maioria dos países industrializados experimen- tou um rápido crescimento no PIB real e na produtividade média do trabalho. Entre 1947 e 1973, por exemplo, a produtividade do trabalho dos Estados Unidos cresceu 2,8% ao ano.4 Entre 1973 e 1995, entretanto, o crescimento dessa produtividade caiu pela metade, para 1,4% ao ano. Outros países experimentaram semelhantes decrésci- mos de produtividade, e muitos artigos e livros foram escritos na tentativa de descobrir as razões. Nos últimos anos, no entanto, houve uma reação no crescimento da produ- tividade, particularmente nos Estados Unidos. Entre 1995 e 2007, a produtividade do trabalho nos Estados Unidos cresceu em média 3% ao ano. O que causou essa reação? Ele pode ser sustentado? Os economistas concordam que a recuperação do crescimento da produtividade resultou do rápido progresso tecnológico e do aumento do investimento nas novas tecnologias da informação e da comunicação (TIC). Pesquisas indicam que a produ- tividade cresceu rapidamente naqueles setores que produzem a TIC, como os chips de silício e as fibras óticas, e naqueles setores que utilizam a TIC. A utilização desses avanços produziu uma onda de efeitos em áreas que variam da produção de auto- móveis à administração do estoque. O crescimento rápido da internet, por exemplo, tornou possível para os consumidores comprar e encontrar informações on line. Mas isso também ajudou as empresas a aumentar sua eficiência, melhorando a coordena- ção entre os fabricantes e os seus fornecedores. Por outro lado, não houve aceleração no crescimento da produtividade do trabalho naqueles setores que não produzem nem utilizam muita TIC.5 Os otimistas argumentam que os avanços na computação, nas comunicações, na biotecnologia e nos outros campos da TIC permitirão que o crescimento da produti- vidade continue nesta taxa elevada. Outros são mais cautelosos, argumentado que os aumentos no crescimento da produtividade destes desenvolvimentos podem ser mais provisórios que permanentes. É difícil saber qual dos pontos de vista está correto. empreendedores pessoas que criam novos negócios econômicos 541CAPÍTULO 19 CRESCIMENTO ECONÔMICO HÁ LIMITES PARA O CRESCIMENTO? Neste capítulo, vimos que, mesmo taxas de crescimento econômico relativamente bai- xas, se sustentadas durante um longo período, produzirão grandes aumentos no tama- nho da economia. Este fato levanta a seguinte questão: o crescimento econômico pode continuar indefinidamente sem esgotar os recursos naturais e causar graves danos ao ambiente global? A premissa de que vivemos em um mundo finito, de recursos limita- dos, implica que, cedo ou tarde, o crescimento econômico deve chegar ao fim? A preocupação de que o crescimento econômico pode não ser sustentável não é nova. Um importante livro de 1972, The Limits to Growth7, relatou os resultados de simulações computadorizadas que sugeriram que, a menos que o crescimento demo- gráfico e a expansão econômica fossem interrompidos, o mundo logo ficaria sem seus recursos naturais, como a água potável e o ar respirável. Este livro, assim como alguns trabalhos posteriores de mesmo viés, levanta algumas questões fundamentais que não caberiam aqui. Entretanto, de certa forma suas conclusões são enganosas. Um problema com a tese sobre os “limites do crescimento” encontra-se em seu conceito subjacente de crescimento econômico. Aqueles que enfatizam os limites am- bientais impostos ao crescimento pressupõem que esse crescimento econômico seguirá sempre a fórmula do mais que temos agora – mais fábricas de cigarro, mais automó- veis poluentes, mais lanchonetes. Se fosse o caso, certamente haveria limites para o crescimento que o planeta pode sustentar. Todavia, o crescimento do PIB real não toma necessariamente essa forma. Os crescimentos do PIB real também podem surgir de produtos novos ou de melhor qualidade. Por exemplo, não muito tempo atrás, as raquetes de tênis eram artigos relativamente simples, feitas principalmente de madeira. Hoje, são feitas de materiais sintéticos recentemente inventados, e projetadas para melhorar o desempenho, usando sofisticadas simulações de computador. Como estas novas raquetes de tênis de alta tecnologia são mais valorizadas pelos consumidores do que as antigas feitas de madeira, sua introdução aumentou o PIB real. Da mesma forma, a introdução de novos medicamentos contribui para o crescimento econômico, assim como a expansão do número de canais de televisão, dos aparelhos digitais e das vendas pela internet. Assim, o crescimento econômico não precisa seguir a fórmula do cada vez mais as mesmas coisas antigas; pode significar produtos e serviços mais novos, melhores e talvez mais limpos e eficientes. Um segundo problema com a tese dos “limites do crescimento” é que ela negli- gencia o fato de que o aumento da riqueza e da produtividade expande a capacidade da sociedade de tomar medidas para proteger o ambiente. De fato, os países mais poluídos no mundo não são os mais ricos, mas aqueles que estão em uma fase rela- tivamente inicial de industrialização. Nesta fase, os países devemdedicar um volume de seus recursos para as necessidades básicas – alimentação, moradia, saúde – e para a expansão industrial contínua. Nestes países, o ar puro e a água podem ser vistos mais como um luxo do que uma necessidade básica. Nos países mais desenvolvidos economicamente, onde as necessidades mais básicas são encontradas mais facilmente, os recursos extras estão disponíveis para manter o ambiente limpo. Assim, o contínuo crescimento econômico pode levar a uma menor, e não maior, poluição. Um terceiro problema com a ideia pessimista do crescimento econômico é que ele ignora o poder do mercado e de outros mecanismos sociais para tratar a escassez. Durante as crises do petróleo da década de 1970, os jornais eram repletos de man- chetes sobre a crise de energia e o iminente esgotamento das reservas de petróleo no mundo. Contudo, 30 anos mais tarde, as reservas de petróleo conhecidas no mundo são na verdade maiores do que na década de 1970.8 A situação energética de hoje é bem melhor do que a esperada há 30 anos porque o mercado funcionou. A redução do fornecimento de petróleo levou a um aumento nos preços e isso mudou o comportamento tanto dos demandantes quanto dos ofer- 7 Donella H. Meadows, Dennis L. Meadows, Jørgen Randers, and William W. Behrens III, The Limits to Growth (New York: New American Library, 1972). 8 Os recentes aumentos nos preços do petróleo novamente causaram preocupação. 542 PARTE VI A ECONOMIA NO LONGO PRAZO tantes. Os consumidores fizeram isolamento em suas casas, compraram carros e dispo- sitivos mais eficientes em relação à energia utilizada e mudaram para fontes de ener- gia alternativas. Os ofertantes se envolveram em uma massiva caça a novas reservas, abrindo importantes novas fontes na América Latina, na China e no Mar do Norte. Em resumo, as forças do mercado ajudaram a sociedade a responder com eficácia à crise energética. Geralmente, a escassez de qualquer recurso desencadeia mudanças nos preços que induzem os ofertantes e demandantes a lidar com o problema. Simplesmente ex- trapolar as tendências econômicas atuais para o futuro ignora o poder do sistema de mercado de reconhecer a escassez e fazer as correções necessárias. Para complementar os ajustes do mercado, podem ser esperadas ações governamentais estimuladas por pressões políticas, como a alocação de fundos públicos para preservar o espaço aberto ou reduzir a poluição do ar. Apesar das deficiências da perspectiva dos “limites para o crescimento”, a maio- ria dos economistas concordaria que nem todos os problemas criados pelo crescimen- to econômico podem ser tratados de forma eficiente pelo mercado ou pelo processo político. Os problemas ambientais globais, provavelmente mais importantes, como a possibilidade do aquecimento global ou da destruição em curso das florestas tropicais, são um particular desafio para as instituições econômicas e políticas existentes. A qua- lidade ambiental não é comprada nem vendida nos mercados e, portanto, não atingirá automaticamente seu nível otimizado por meio dos processos de mercado (lembre-se da teoria do equilíbrio). Nem os governos locais nem nacionais podem enfocar de forma eficiente problemas que são de escopo global. A não ser que sejam estabelecidos mecanismos internacionais para tratar dos problemas ambientais globais, esses proble- mas podem se agravar com a continuação do crescimento econômico. Por que a qualidade do ar é tão ruim na cidade do México? Os países em desenvolvimento, como o México, que não são totalmente industrializados nem desesperadamente pobres, em geral têm graves problemas ambientais. Por quê? Uma preocupação quanto ao crescimento econômico é que ele causará níveis cada vez maiores de poluição ambiental. Os estudos empíricos mostram, entretanto, que a relação entre a poluição e o PIB real per capita está mais para um U invertido (veja a Figura 19.6). Ou seja, como os países se movimentam de níveis muito bai- xos de PIB real per capita para níveis “de renda média”, a maioria das medidas da poluição tende a se agravar, mas a qualidade ambiental melhora quando o PIB real Equilíbrio PIB real per capita Po lu iç ão d o a r A Figura 19.6 A relação entre a poluição do ar e o PIB real per capita. Empiricamente, a poluição do ar aumenta com o PIB real per capita até um ponto e começa então a declinar. A poluição máxima do ar (o ponto A) ocorre em um nível de PIB real per capita aproximadamente igual àquele da cidade do México. 543CAPÍTULO 19 CRESCIMENTO ECONÔMICO per capita aumenta a partir de um outro ponto. Um estudo da relação entre a qua- lidade do ar e o PIB real per capita descobriu que o nível do PIB real per capita no qual a qualidade do ar é pior – indicado pelo ponto A da Figura 19.6 – é quase igual ao nível da renda média no México.9 E, na verdade, a qualidade do ar na cidade do México é excepcionalmente ruim, como qualquer visitante daquela imensa metrópo- le pode atestar. É compreensível que a poluição pode se agravar com a industrialização de um país, mas o que faz a qualidade ambiental melhorar quando o PIB real per capita al- cança níveis muito altos? Há diversas explicações para este fenômeno. Comparadas às economias de renda média, as economias mais ricas estão relativamente mais con- centradas em serviços “limpos” e valiosos, como as finanças e a produção de softwa- res, ao contrário das indústrias extremamente poluidoras, como as fábricas pesadas. Nas economias ricas, é também mais fácil que existam técnicas para o desenvolvi- mento de tecnologias antipoluição sofisticadas e com custos mais baixos. Contudo, a razão principal para que as economias mais ricas tendam a ser mais limpas é a mesma que vemos nas casas das pessoas ricas, que geralmente são mais limpas e em melhores condições do que as casas dos pobres. Quando a renda aumenta acima do nível necessário para satisfazer as necessidades básicas, mais recursos sobram para os “luxos”, como um ambiente limpo (a teoria da escassez). Para a família rica, os recursos extras pagarão por um serviço de limpeza; para um país rico, pagarão por dispositivos de controle da poluição nas fábricas e nos automóveis. De fato, as leis antipoluição são geralmente mais inflexíveis e rigorosas em países ricos do que em países de renda média e pobres. RECAPITULANDO CRESCIMENTO ECONÔMICO: DESENVOLVIMENTO E PROBLEMAS � O crescimento econômico tem custos substanciais, notavelmente o sacrifício do consumo atual que é exigido para liberar recursos a fim de criar novas tecnologias e novo capital. As taxas de crescimento mais elevadas devem ser levadas a cabo somente se os benefícios compensarem os custos. � As políticas para promover o crescimento econômico incluem políticas para aumentar o capital humano (educação e treinamento); políticas que promo- vam a poupança e a formação de capital; políticas que incentivam a pesqui- sa e o desenvolvimento; e a provisão de uma estrutura legal e política na qual o setor privado pode operar produtivamente. Deficiências na estrutura legal e política (por exemplo, corrupção oficial ou direitos de propriedade mal definidos) constituem um importante problema para muitos países em desenvolvimento. � Algumas pessoas argumentaram que os recursos finitos implicam limites para o crescimento econômico. Esta visão negligencia os fatos de que o crescimento pode tomar a forma de melhores, em vez de mais, bens e serviços; esse aumen- to de riqueza libera recursos para proteger o ambiente; e esses mecanismos políticos e econômicos existem para cuidar de muitos dos problemas associa- dos ao crescimento. Entretanto, estes mecanismos podem não funcionar bem quando problemas ambientais ou outros que derivam do crescimento econô- mico são de escopo global. Escassez 9 Gene M. Grossman; Alan B. Krueger, “Environmental Impacts of a North American Free Trade Agreement,” in Peter Garber, ed., The Mexico–U.S. Free Trade Agreement (Cambridge, MA: MIT Press, 1993). Vejatambém Grossman and Krueger, “Economic Growth and the Environment”, Quarterly Journal of Economics, May 1995, pp. 353–378; and World Bank, World Development Report: Development and the Environment, 1992. DICA DO PROFESSOR Você sabe o que compreende o desenvolvimento econômico e ambiental? O vídeo a seguir foi elaborado para mostrar a você um pouco mais sobre a definição de desenvolvimento econômico, as vantagens da sustentabilidade econômica e a importância da união da sustentabilidade econômica e ambiental. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Como podemos definir o desenvolvimento econômico? A) Produção de bens e serviços. B) Crescimento da força de trabalho. C) Grau de aperfeiçoamento tecnológico. D) Aumento da capacidade produtiva da economia. E) Crescimento econômico e melhoria da qualidade de vida da população 2) Como você sabe, a sustentabilidade econômica visa tanto a evolução da instituição, como os princípios relacionados às questões ambientais. Qual seria uma das vantagens da adoção da sustentabilidade econômica para as organizações? A) Menor economia financeira em médio e longo prazo. B) Pior imagem para os consumidores. C) A imagem melhora diante da sociedade. D) Quantidade em vez de qualidade. E) Degradação do meio ambiente. 3) Como você sabe, o desenvolvimento econômico é imprescindível para as nações. A preocupação imediata é com um desenvolvimento que seja capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. Sendo assim, é essencial um desenvolvimento unido à sustentabilidade. Afinal, o que compreende o desenvolvimento sustentável? A) Sustentabilidade ambiental. B) Sustentabilidade econômica. C) Sustentabilidade ambiental, política e econômica. D) Sustentabilidade política. E) Sustentabilidade econômica e política. 4) Qual seria um exemplo de ação economicamente sustentável, realizada pelo governo? A) Incentivos fiscais para empresas que reciclam ou desenvolvem tecnologias que visam o desenvolvimento sustentável. B) Punição para empresas que realizam medidas economicamente sustentáveis. C) Maior arrecadação de impostos para organizações que desenvolvam ações de sustentabilidade econômica. D) Fiscalização em organizações que não realizam danos ambientais. E) Geração de empregos com o uso exagerado de recursos naturais. 5) Qual a importância de aliar a sustentabilidade econômica à ambiental para que haja um desenvolvimento saudável do país? A) Para evitar a destruição dos recursos naturais que são a base da própria produção. B) Apenas as forças de mercado são necessárias. C) O desenvolvimento econômico poderá ocorrer sem a sua união com a sustentabilidade. D) Para cumprir as leis da legislação ambiental. E) A fim de promover a consciência ecológica. NA PRÁTICA O uso consciente dos recursos naturais é muito benéfico para a maioria das empresas e diversas são as razões para as organizações que praticam o desenvolvimento sustentável ter a tendência de crescer. A primeira justificativa é a própria propaganda que está sendo cada vez mais aceita pela população. O segundo motivo se refere aos investimentos em longo prazo, especialmente nas áreas que necessitam de recursos do meio ambiente, considerados não renováveis: as instituições que trocam as tecnologias que degradam a natureza por outras mais sustentáveis percebem um bom lucro. Dessa forma, a empresa se torna mais independente dos preços impostos pelo mercado externo, o que costuma encarecer muito os valores das matérias-primas quando elas estão em carência no mercado. Além disso, existem organizações que renovam suas tecnologias de produção de energia, de extração e de projetos sociais. Veja uma das empresas que focou seus esforços na sustentabilidade econômica e ambiental, favorecendo um desenvolvimento econômico agradável à nação. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Desenvolvimento econômico vs. Preservação ambiental Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Desenvolvimento econômico versus meio ambiente: direto ao assunto com Rubens Teixeira Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA INDÚSTRIA: COMO CONSTRUIR ESSA MENTALIDADE? Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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