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1ºAula Desenvolvimento Econômico Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • entender o desenvolvimento econômico; • compreender os conceitos e indicadores de desenvolvimento econômico. Vamos começar nossa disciplina desvencilhando o termo “desenvolvimento econômico”, que surgiu somente no século XX, do seu sentido tradicional. Desde então a preocupação dos que se ocupavam com as finanças públicas (Governantes) era aumentar o poder econômico e militar do país soberano. Raramente havia a preocupação com a melhoria de condições socioeconômicas da população, mesmo com as altas taxas de analfabetismo, falta de comida e da alta mortalidade. Bons estudos! 6Desenvolvimento Econômico I Seções de estudo 1- Origens da questão do desenvolvimento econômico 2- Conceito básico sobre desenvolvimento econômico 3- Indicadores de desenvolvimento econômico 1- Origens da questão do desenvolvimento econômico A necessidade por segurança superava os objetivos econômicos, pois as agressões estrangeiras eram frequentes, no caso do regime feudal, procurava-se combinar a subsistência do senhor e a segurança do povo. Esse modelo se manteve equilibrado por muito tempo, mas difi cultava as mudanças necessárias para o desenvolvimento econômico. O surgimento do Estado nacional moderno, as relações econômicas geradas com as expansões marítimas e as riquezas coloniais desempenharam um importante papel para alavancar as economias nacionais europeias (SOUZA, 2008). A questão do desenvolvimento econômico tem elementos empíricos e teóricos, originadas na maior parte dos casos das crises econômicas. Alguns autores acreditam que se encontra no pacto colonial, derivado do pensamento mercantilista, a origem do subdesenvolvimento contemporâneo. Em relação às metrópoles, a grande falha do sistema evidenciou-se por ter atribuído demasiada importância para o afl uxo de metais preciosos como fator de riqueza nacional. Com o crescimento do mercantilismo em meados do século 18, surgiram, portanto as escolas fi siocrática na França e a clássica na Inglaterra, que passaram a se preocupar objetivamente com os problemas do crescimento e da distribuição (SOUZA 2008). Para Jones (2000) o mundo é formado por economias de todas as formas e tamanhos, ou seja, há países muito ricos e muito pobres. Algumas economias crescem rapidamente e outras simplesmente não crescem. Ao pensar em crescimento e desenvolvimento econômico, é útil começar considerando os casos extremos: os ricos, os pobres e os que se movem rapidamente entre eles. O tema crescimento econômico emerge com Adam Smith, que identifi cou os fatores da formação da riqueza nacional; explica como o mercado opera e qual a importância do aumento do tamanho dos mercados para reduzir os custos médios e permitir a produção com lucros. Essa expansão de mercado aumentam a renda e o emprego. Posteriormente Schumpeter diferenciou crescimento e desenvolvimento econômico, sendo esse fenômeno atribuído às inovações adotadas pelo empresário, com a ajuda do crédito. Desenvolvimento econômico: Origem nas crises econômicas. Segundo Souza (2008), a noção de desenvolvimento, atrelada à questão de distribuição, passou a ser mais enfatizada em todos os países. Durante as fases de ocorrência de ondas de inovações (tear mecânico, máquinas a vapor, petróleo, eletricidade, informática, internet, telefonia móvel), a economia dos países inovadores cresce de modo muito mais acelerado. Com isso, expandem- se a renda, o emprego, o nível de bem- estar da população. Em resumo, em outros períodos, com as inovações caindo em domínio público, o nível de atividade se reduz e as corporações dispensam funcionários. A crise de 1930 colocou em evidência o grande problema social do desemprego. Tornou-se evidente a ação do Estado na economia, realizando investimentos diretos e ministrando políticas anticíclicas, com a fi nalidade de diminuir o desemprego. Constatou-se, por exemplo, que as crises se desenrolam com intensidades variadas, segundo diferentes setores e regiões (SOUZA, 2008). A questão do desenvolvimento econômico acentuou- se nesse período histórico, com a aplicação da contabilidade nacional, nascida com a teoria keynesiana. Com esse instrumento, passou-se a comparar a renda per capta dos diferentes países, classifi cando-os como “ricos” ou “pobres”, dependendo do valor da renda média. Com o aperfeiçoamento dos indicadores sociais, passou-se a chamar “subdesenvolvido” os países “pobres”, por apresentarem crescimento instável e insufi ciente, alta taxa de analfabetismo, elevadas taxas de natalidade e mortalidade infantil, predominância da agricultura como atividade principal, baixa produtividade, insufi ciência de capital, etc. Com a ampla divulgação das estatísticas ofi ciais sobre o tema, podemos notar que o problema é de tamanha magnitude, que se tornam necessárias ações humanitárias de combate à pobreza e desigualdade social, visto que 2/3 da população mundial é classifi cada como “pobre”, sendo que os países ricos concentram 5/6 da produção mundial, e consequentemente a renda per capta de seus cidadãos. Após a segunda guerra mundial, a macroeconomia Keynesiana passou a ser aplicada em todo o mundo. Contudo, verifi cou-se sua inadequação para explicar o desenvolvimento, por esse ser um modelo de longo prazo. Os economistas buscaram, então, na História econômica os elementos necessários para a formulação de uma “teoria do desenvolvimento”. A primeira constatação foi a de que o subdesenvolvimento é derivado do desenvolvimento, ou seja, da expansão capitalista de alguns países de ordem oligopolista (FURTADO, 1961, p.180). Embora a visão de Furtado seja passível de críticas, observa-se que o principal entrave do desenvolvimento econômico na visão marxista era de natureza política, uma vez que os países pobres têm uma posição subalterna no contexto da divisão internacional do trabalho. Desse modo, esses países deveriam produzir matérias-primas de baixa complexidade e alimentos baratos para atender os países “centrais” e não depreciar sua taxa de lucro. Essa abordagem histórica, feita, sobretudo por marxistas ia contra correntes mais tradicionais da economia, como os pensadores clássicos. Segundo Souza (2008), modelos econômicos atuais identifi caram a escassez de capital como a causa fundamental do subdesenvolvimento. Os autores de inspiração neoclássica enfatizavam, como estratégia de crescimento e desenvolvimento, o aumento da poupança interna, o afl uxo de capitais externos e a expansão das exportações, fatores esses aceitos pela maioria das correntes de pensamento econômico contemporâneo. 7 2- Conceito básico sobre desenvolvimento econômico Como toda teoria dentro das ciências sociais aplicadas, não há um consenso sobre a defi nição exata do termo “desenvolvimento”. Para Souza (2008), há duas correntes de economistas, a primeira, de inspiração mais teórica, considera crescimento como sinônimo de desenvolvimento. Já a segunda corrente, voltada pela realidade empírica, entende que o crescimento é condição indispensável para o desenvolvimento, porém não sufi ciente. No primeiro grupo podemos citar autores como Meade e Solow, Harrod, Domar e Kaldor. Na segunda corrente de pensadores pode-se destacar Lewis, Hirschman, Myrdal e Nurkse, embora tenham viés ortodoxo, realizavam análises empíricas próximas à realidade das economias mais emergentes. Para o mainstream em economia, ou chamados ortodoxos (MOLLO, 2016), o desenvolvimento deve ser deixado ao mercado que, por meio de preferências individuais e tecnologias desenvolvidas pela iniciativa privada, que estão por trás das demandas e ofertas nos vários mercados, é sufi cientemente efi ciente para buscar a melhor forma. O papel do Estado, por meio dos governos, é visto como inefi ciente para estimular de forma durável o desenvolvimento, tanto com política monetária quanto com política fi scal.No primeiro caso, se por meio de impulsões monetárias, o governo busca aumentar o crescimento da economia, o único efeito duradouro é a infl ação, já que a ortodoxia supõe que a moeda é neutra, não afetando a longo prazo as variáveis reais como produção, emprego e renda, suposto que, como veremos, será negado pela heterodoxia. Para a ortodoxia neoliberal, tais impulsões só levam de forma duradoura à infl ação. (MOLO, 2016). Quanto à política fi scal, para a ortodoxia neoliberal, ela não é adequada, porque produz resultados danosos. Se, por exemplo, o governo decide investir, e para isso tributa, incomoda os agentes econômicos, que reagem reduzindo o investimento. Se, alternativamente, o governo se endivida para fi nanciar o investimento público, isso eleva a taxa de juros e o investimento privado é desestimulado. Trata-se do crowding-out do investimento privado pelo público (BLANCHARD, 2008; SPENCER; YOHE, 1970). Mesmo na correção de externalidades negativas, razão aceita pelos ortodoxos para a intervenção estatal, alguns colocam que surgirão problemas relativos a comportamentos deletérios ou inefi cientes dos agentes privados em razão da intervenção estatal. É o caso do chamado rent-seeking behavior (KRUEGER, 1974). Noções de crescimento e desenvolvimento Se associarmos a noção passada na seção anterior, os modelos de tradição neoclássica, que enfatizam a acumulação de capital, é solução criticada pelos heterodoxos por mostrar um modelo “simplifi cado da realidade” e colocar todos os países na mesma condição de igualdade. A ideia é que o crescimento econômico, distribuindo diretamente a renda entre os proprietários dos fatores de produção, enquadra automaticamente a melhoria da qualidade de vida de toda população. Contudo, para Souza (2008), a experiência empírica tem demonstrado que o desenvolvimento econômico não pode ser confundido com o crescimento econômico, porque os frutos dessa expansão nem sempre benefi ciam a economia como um todo e o conjunto da população. Mesmo que a economia cresça a taxas elevadas, o desemprego pode não estar diminuindo na mesma proporção, tendo em vista a tendência da robotização dos termos de produção. O crescimento econômico, portanto, pode estar associado a fatores como: a transferência do excedente de renda para outros países reduz a capacidade de importar e realizar investimentos; os baixos salários limitam o crescimento de atividades que produzem bens de baixo valor agregado, sobretudo alimentação, prejudicando a expansão do setor de mercado interno; há difi culdades para implantação de atividades interligadas às empresas que mais crescem, exportadoras ou de mercado interno. Para Bresser (2008), o processo do desenvolvimento econômico concorre com inúmeros fatores que se encadeiam uns aos outros. Como o crescimento decorre da acumulação de capital e do progresso técnico, é essencial saber se os empresários estão sendo estimulados a investir e inovar. Se não existirem estímulos, é sinal de que o problema está na falta de uma estratégia nacional de desenvolvimento. Se o problema enfrentado pelos empresários for a falta de mão de obra e de técnicos, o ponto de estrangulamento estará na educação. Se, pelo contrário, for uma taxa de câmbio incompatível com o investimento em setores com maior valor adicionado per capita, o problema será essencialmente macroeconômico. A segunda corrente de pensadores, os chamados heterodoxos, encara o crescimento econômico como uma simples variação quantitativa do produto, não melhorando necessariamente o bem-estar da população como um todo, enquanto o desenvolvimento econômico caracteriza-se pela transformação da economia que não concentre renda a uma parcela da população, e que ao mesmo tempo melhore os indicadores socioeconômicos de toda população. Pobreza, miséria e subdesenvolvimento Esse setor amplia-se, portanto, com a redução a pobreza. Estima-se que a população miserável tenha chegado a 1,5 bilhão de pessoas em 2003, enquanto em 1990 o número não passava de 1,3 bilhão. Levando em conta uma renda de até dois dólares por dia, chega-se a uma população de miseráveis, que em 1997 aumentou em todo o mundo, como na Indonésia, Tailândia e Coreia do Sul. A exceção seria a China, onde essa população caiu de 280 milhões, em 1990, para 125 milhões, em 1997 (Banco Mundial, 2003, Distribuição de renda). 3- Indicadores de desenvolvimento econômico Nos anos de 1990, na América Latina, os indicadores sociais melhoraram, apesar do crescimento da divida externa e da infl ação. Isso resultou da difusão da educação, da conscientização social dos governantes e do aumento da renda per capita. A vida média passou de 50 para 65 anos; a taxa de mortalidade infantil reduziu-se de 130 por mil para 50 por mil; a educação primária universalizou-se e a taxa de natalidade reduziu-se de 4,5% para 3%, em função do uso 8Desenvolvimento Econômico I generalizado de anticoncepcionais (HIRSCHMAN, 1996, p. 881-890). Esse mesmo fenômeno parece estar ocorrendo em nível mundial. Entre 1980/98, a taxa de mortalidade de menores de cinco anos caiu nos países de baixa renda de 177 por mil nascidos vivos, para 107 por mil, e de 79 por mil, para 38 por mil nos países de renda média. Melhoria similar ocorreu no número de matriculas nas escolas primárias e secundárias (BANCO MUNDIAL, 2003). O crescimento da renda per capita é fundamental para melhorar indicadores sociais. Essa variável correlaciona-se com os níveis educacionais e liberdades políticas. Imprensa livre e debate público aberto infl uenciam indicadores de bem- estar (BANCO MUNDIAL, 1991, p. 57). A mortalidade infantil declina com o aumento dos níveis de educação feminina. Mães esclarecidas passam a amamentar os recém- nascidos, a esterilizar a mamadeira e a aplicar soro caseiro, o que evita o surgimento de muitas doenças. Porém, além da renda per capita, devem-se considerar indicadores que possam refl etir melhorias sociais e econômicas, como alimentação, atendimento médico e odontológico, educação, segurança e qualidade do meio ambiente. Medidas destinadas a reduzir a pobreza podem ser indispensáveis quando for grande o contingente de pessoas carentes. A distribuição direta de renda através de programas de saúde, educação e alimentação da população mais pobre é indispensável para a melhoria dos indicadores de desenvolvimento (SOUZA, 2008). Indicadores econômicos globais do desenvolvimento mundial Alguns indicadores mostram que o nível de vida vem aumentando em todo o mundo. Entre 1988/1993, a expectativa de vida elevou-se de 60 para 62 anos nos países pobres, de 66 para 68 nas economias de renda média e de 76 para 77 nos países ricos. No período 1985/1990, nesses países, o analfabetismo entre adultos reduziu-se, respectivamente, de 44% para 41%, de 26% para 17% e de 24% para 14%. Entre 1970/1998, a taxa de mortalidade infantil por mil nascidos vivos reduziu-se substancialmente em todo o mundo. Assim, entre 1980/1998, essas taxas caíram, respectivamente, de 97 para 68 nos países pobres, de 60 para 31 nas economias de renda média e de 12 para 6 nos países ricos (BANCO MUNDIAL, 1990, 1995 e 2003). “Em 2001, o PIB per capita (ponderado pela paridade do poder de compra de cada país) variava de US$ 470 em Serra Leoa, o país mais pobre do mundo, a US$ 34.320 nos EUA, o país mais rico e poderoso.” Serra Leoa é o país com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (0,275), a mais alta taxa de mortalidade infantil (182 mortes por mil nascidos vivos) e a menor média de vida (34,5 anos) (Banco Mundial, 2003). Nesse mesmo ano, o PIB per capita dos países de baixa renda foi de US$ 2.230, grupo no qual se incluem a Índia (US$ 2.840) e o Paquistão (US$ 1.890), entre outros países. No grupo das nações de renda média baixa (US$ 4.674), aparecem o Egito (US$ 3.520), o Paraguai (US$ 5.210) e a Turquia (US$ 5.890). O Brasil (US$ 7.360) encontra-se entre as economias com renda médiaalta (US$ 11.377), juntamente com o México (US$ 8.430) e a Argentina (US$ 11.320). Entre os países de alta renda (US$ 26.989), incluem-se os EUA (US$ 34.320) e a maioria dos países europeus (BANCO MUNDIAL, 2003). Os países com as maiores taxas de crescimento anual do PIB per capita, entre 1990/2001, foram China (8,8%) e Coreia do Sul (4,7%). Nesse mesmo período, o PIB per capita se reduziu em alguns países, como Serra Leoa (-6,6%) e Federação Russa (-3,5%). No Brasil, ele ainda aumentou 1,4% no período, sendo bastante baixo seu crescimento na África do Sul (0,29%), país que ainda tem graves problemas raciais, e na Suíça (0,3%), provavelmente por ter chegado a um alto nível de desenvolvimento. Estrangulamentos do desenvolvimento A difi culdade em diversifi car e expandir as exportações e fatores como concentração da renda, educação defasada, falta de mão de obra especializada, defi ciência de infraestrutura e insufi ciência de poupança interna e de investimentos públicos constituem pontos de estrangulamento que precisam ser vencidos, sob pena de bloquear o crescimento da economia. Geralmente, é o Estado quem exerce uma ação coordenadora do desenvolvimento e quem procura vencer esses estrangulamentos. Em fases mais avançadas do processo de desenvolvimento, os principais estrangulamentos decorrem do esgotamento do modelo de substituição de importações, em razão da pequena dimensão do mercado interno para algumas substituições, como bens de capital, da insufi ciência de capital e da concentração da renda. A transição de uma economia de subsistência para uma economia industrializada, com amplo setor de mercado interno, pressupõe a transposição de inúmeros obstáculos criados pelo próprio crescimento econômico. Nesse processo, o desenvolvimento ocorreria por etapas, começando pela economia de subsistência, passando pelas exportações e pelas inovações tecnológicas, e terminando pela era do consumo em massa (ROSTOW, 1971). As etapas do desenvolvimento econômico foram criticadas por autores como Douglas North. Segundo ele, os EUA não teriam seguido um desenvolvimento por etapas, porque não conheceram a fase da economia de subsistência; esse país teria se formado, desde o início, sob o impulso de empreendimentos capitalistas, tendo seu crescimento sido impulsionado pelo dinamismo do mercado mundial. A base exportadora explicaria o desenvolvimento de cada região. E, à medida que os meios de transporte se desenvolviam, novos produtos passavam a ser exportados, dinamizando as atividades interligadas, o comércio e os serviços (NORTH, 1977, p. 295). Na maioria dos países subdesenvolvidos, desde a Grande Depressão da década de 1930, as políticas de desenvolvimento têm enfatizado a industrialização via substituição de importações, com incentivos eventuais às exportações. As principais medidas foram: a) adoção de barreiras alfandegárias e intervenções no mercado cambial, com a manipulação da taxa de câmbio e confi sco de divisas; b) controle quantitativo de importações, a fi m de evitar a fuga de divisas com gastos supérfl uos e proporcionar mercado para a indústria nacional nascente; c) incentivos a indústrias específi cas, através de créditos 9 subsidiados e renúncias fi scais, com a participação de empresas estatais e de empresas estrangeiras; d) aumento do poder de compra das populações rurais, por meio de políticas agrícolas, envolvendo crédito, seguro, preços mínimos, estoques reguladores, investimentos em estradas rurais, comercialização da produção e reforma agrária; e e) implantação de infraestrutura de transportes, energia e comunicações. A tendência moderna é o Estado tornar-se menos intervencionista, com sua atuação voltada para a orientação da economia. Essa coordenação pode ser constituída pela montagem de um banco de projetos em áreas de interesse estratégico e pela busca de grupos. Promovemos na presente aula uma discussão conceitual sobre o desenvolvimento econômico. Foi feita uma introdução sobre o debate teórico entre as teorias econômicas acerca do desenvolvimento, apontando as diferenças entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento econômico que perpassam os respectivos posicionamentos. Iremos ver ao longo da disciplina o refi namento desses conceitos. Retomando a aula 1- Origens da Questão do desenvolvimento econômico Vimos que modelos econômicos atuais identifi caram a escassez de capital como a causa fundamental do subdesenvolvimento. Os autores de inspiração neoclássica enfatizavam, como estratégia de crescimento e desenvolvimento, o aumento da poupança interna, o afl uxo de capitais externos e a expansão das exportações, fatores esses aceitos pela maioria das correntes de pensamento econômico contemporâneo. 2- Conceito básico sobre desenvolvimento econômico O processo do desenvolvimento econômico concorre com inúmeros fatores que se encadeiam uns aos outros. Como o crescimento decorre da acumulação de capital e do progresso técnico, é essencial saber se os empresários estão sendo estimulados a investir e inovar. Se não existirem estímulos, é sinal de que o problema está na falta de uma estratégia nacional de desenvolvimento. Se o problema enfrentado pelos empresários for a falta de mão de obra e de técnicos, o ponto de estrangulamento estará na educação. Se, pelo contrário, for uma taxa de câmbio incompatível com o investimento em setores com maior valor adicionado per capita, o problema será essencialmente macroeconômico. 3- Indicadores de desenvolvimento econômico Os países com as maiores taxas de crescimento anual do PIB per capita, entre 1990/2001, foram China (8,8%) e Coreia do Sul (4,7%). Nesse mesmo período, o PIB per capita se reduziu em alguns países, como Serra Leoa (-6,6%) e Federação Russa (-3,5%). No Brasil, ele ainda aumentou 1,4% no período, sendo bastante baixo seu crescimento na África do Sul (0,29%), país que ainda tem graves problemas raciais, e na Suíça (0,3%), provavelmente por ter chegado a um alto nível de desenvolvimento. Crescimento e Desenvolvimento Econômico. Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/papers/2007/07.22. crescimentodesenvolvimento.junho19.2008.pdf. Desenvolvimento econômico regional – uma revisão histórica e teórica. Disponível em: https://www.rbgdr.net/revista/ index.php/rbgdr/article/view/679. Em direção a uma síntese entre o crescimento econômico e a justiça social. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901974000300010. Vale a pena ler Vale a pena Descomplicando a Economia analisa o crescimento econômico. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=By80lBD7iE8&feature=emb_title. Vale a pena assistir Minhas anotações 2ºAula O desenvolvimento econômico em perspectiva histórica Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • entender o funcionamento da economia no longo prazo; • compreender alguns estímulos por trás do crescimento e desenvolvimento econômico contemporâneo. Vamos discutir, na aula de hoje, alguns fatos sobre o fenômeno do crescimento econômico no longo prazo. Em seguida, resumirei a experiência histórica de crescimento dos últimos dois séculos, dividida em suas principais fases. Por fim, analisaremos a distribuição de renda no mundo ao longo da história, com ênfase nos últimos 200 anos. Bons estudos! 12Desenvolvimento Econômico I Seções de estudo 1- O crescimento econômico na história: alguns fatos estilizados 2- O crescimento econômico moderno 1- O crescimento econômico na história: alguns fatos estilizados Conforme Veloso (2013), vivia-se em um mundo de pobreza generalizada, não muito diferente daquele evocado por Thomas Hobbes, no Leviatã, para quem a vida do homem em seu estado “natural” era “solitária, pobre, sórdida, brutal e curta”. Em princípio, a caracterização da história econômica mundial como sendo dominada por pobreza generalizada parece incompatível com o legadomaterial e cultural das gerações passadas, sob a forma de templos, palácios, obras de arte etc. que chegaram aos dias atuais. Porém, conforme lembra, entre outros, Robert Lucas, era perfeitamente possível às sociedades agrárias do passado sustentarem civilizações impressionantes a partir da extração de excedentes da maioria camponesa e sua posterior canalização aos proprietários de terras e às elites urbanas. O que tais sociedades não conseguiam proporcionar era um aumento signifi cativo no padrão de vida da maioria das pessoas. Contudo, nos últimos 200 (vale dizer, os 0,2% mais recentes da história humana) ou, no máximo, 500 anos, tal estado de coisas passou a fi car para trás. Essa mudança envolveu o início de um processo que ganharia a designação de crescimento econômico “moderno” e que, com o passar do tempo, iria permitir ao habitante médio de várias sociedades contemporâneas, pela primeira vez na história, gozar de um conforto material digno das elites do passado (VELOSO, 2013). A história humana de baixa renda média desde sempre, de crescimento sustentado dos padrões de vida, pode ser representada pela curva de renda per capita exibida no Gráfi co 1. A curva de PIB per capita resume o primeiro fato estilizado a que se referiu na Introdução desta aula, isto é, os séculos de baixíssimo (ou nenhum) crescimento dos níveis de renda per capita. Fonte: Elaboração própria, a partir de dados Maddison(2010) o Livi-Bacci(2007). Tal situação decorria, fundamentalmente, do fato de o crescimento econômico em sociedades agrárias estar limitado por uma combinação de dependência extrema de um fator relativamente fi xo (a terra) e lento progresso técnico. Sob esse regime, épocas de crescimento econômico vinham acompanhadas de crescimento demográfi co (por melhoria da alimentação ou antecipação dos casamentos, com aumento correspondente da fecundidade), daí resultando uma expansão do PIB total. A esse fenômeno dá-se o nome crescimento extensivo, isto é, aquele que envolve maior uso dos fatores de produção (nesse caso, trabalho e terra), principais insumos em economias agrárias (VELOSO, 2013). Porém, o crescimento demográfi co, ao mesmo tempo, colocava pressão sobre recursos fi nitos (e a terra era o principal fator de produção em economias pré-industriais), o que – em um contexto de progresso técnico lento – implicava retornos decrescentes na produção. Ao fi nal, o crescimento do PIB total era compensado pelo aumento populacional, de tal forma que, no longo prazo, não havia – em um mundo pré-industrial – crescimento duradouro do PIB per capita. As sociedades agrárias tradicionais respondiam ao crescimento econômico com aumento da população, e não dos padrões de vida. Como resultado, os níveis de renda médios tenderam a gravitar em torno de um patamar baixo, não signifi cativamente distinto do que prevalecia, por exemplo, na Antiguidade (VELOSO, 2013) O padrão de estagnação que caracterizava todas as sociedades agrárias, pré-industriais – envolvendo altos e baixos de uma renda média pouco acima da renda de subsistência –, dá-se o nome “regime malthusiano”, em alusão ao celebrado pastor inglês, autor do Ensaio sobre o princípio da população, de 1798. Segundo a teoria de Malthus (1798), existe um potencial na espécie humana de se reproduzir mais rapidamente que seus meios de subsistência. Isso levou Malthus a concluir que o embate entre essas duas forças levaria inevitavelmente a crises de mortalidade – os chamados controles “positivos” –, nas quais o crescimento demográfi co seria limitado pela desnutrição, doenças e morte. Tal destino seria universal e inescapável, segundo o autor, a não ser que as sociedades cultivassem práticas visando a limitar o crescimento demográfi co através de hábitos morais – os chamados controles “preventivos”. Assim, para Malthus, a chave para tal prudência passava pela restrição ao acesso à instituição do casamento, por exemplo, via celibato. Existe grande controvérsia na literatura especializada acerca da prevalência, antes da Revolução Industrial, de uma relação negativa entre crescimento demográfi co e padrão de vida (renda per capita). Em outras palavras, em que medida o mundo pré-industrial era universal e inescapavelmente malthusiano é matéria para acalorados debates na academia. A noção de crescimento “smithiano” (que será abordada na aula 3) está associada aos ganhos de efi ciência proporcionados pela especialização. A ideia é que, quanto maiores a população e a demanda, maiores os incentivos para uma intensifi cação da divisão do trabalho na qual os indivíduos se especializam em fazer determinada tarefa. Com a especialização, aumentam as possibilidades de ganhos de comércio, proporcionando aumento da efi ciência alocativa na economia (VELOSO, 2013). 13 Mesmo tais ganhos advindos da maior divisão do trabalho não são sustentáveis ao longo do tempo, porém. Em algum momento, uma economia experimentando os ganhos de especialização irá se estabilizar em um nível de efi ciência mais elevado, mas deixará de apresentar aumentos da renda per capita. Contudo, os ganhos de produtividade associados à especialização não se esgotam aí. Conforme argumenta Karl G. Persson, a maior divisão do trabalho, estimulada pelo crescimento demográfi co também abre a possibilidade para ganhos de efi ciência associados ao aprendizado (learning by doing). Tais ganhos podem ser percebidos quando se atenta para o fato de que, à medida que um indivíduo adquire experiência na produção, maiores os ganhos potenciais advindos da observação de regularidades no processo produtivo, do acaso e da tentativa e erro. O conhecimento novo (e útil) assim adquirido permite alargamento do conhecimento técnico e irá gerar maior produção e/ou melhoria na qualidade dos produtos para um dado emprego de insumos. Em outras palavras, permite aumentos de efi ciência (produtividade) (VELOSO, 2013). As sociedades pré-industriais se deparavam com dois tipos de forças opostas: as primeiras, de natureza malthusiana (Aprofundaremos os conceitos na aula 3), puxavam-nas na direção da estagnação; as segundas, via maior divisão do trabalho e learning by doing na produção, empurravam-na para a frente lentamente, com ganhos de renda per capita. A Figura a seguir resume essa ideia. Nesse sentido (energético), a Revolução Industrial foi um divisor de águas na história da humanidade, ao permitir o rompimento defi nitivo das amarras que prendiam as economias orgânicas. A partir dela, as sociedades passariam a dispor, crescentemente, de fontes (quase) ilimitadas de energia que não competiam com a produção de alimentos pela ocupação de terras agricultáveis. Mas não foi apenas nesse sentido que a Revolução Industrial mudou o mundo. O caráter verdadeiramente revolucionário da Revolução Industrial manifesta-se em, pelo menos, duas outras formas: na economia e na demografi a. No primeiro caso, ele reside no fato de a Revolução Industrial ter alterado os parâmetros do crescimento econômico (VELOSO, 2013). Havia progresso técnico antes da Revolução Industrial, mas seu papel no crescimento econômico era modesto. Já durante a Revolução Industrial e após, o crescimento passou a ser cada vez mais dominado por melhorias na tecnologia. Esta, ao contrário de outras formas de crescimento econômico, não incorria em rendimentos decrescentes e, portanto, poderia se sustentar no tempo. O resultado desse novo tipo de crescimento, acumulado nos últimos 200 anos, é a enorme prosperidade de que desfruta parcela considerável da humanidade nos dias atuais. Já do ponto de vista demográfi co – o segundo aspecto revolucionário que se deseja enfatizar –, nota-se também uma infl exão na trajetória da população mundial a partir da virada do século XVIII para o XIX (ver a curva correspondente no gráfi co1), coincidindo, portanto, com a Revolução Industrial e, em parte, decorrente dela (VELOSO, 2013). Sendo assim, nos 175 anosda era Cristã anteriores à Revolução Industrial, estima-se que a população mundial tenha passado de 250 para 770 milhões de habitantes (isto é, uma taxa de crescimento média de 0,06% a.a.). Nos dois séculos a partir de 1750, essa taxa de crescimento praticamente multiplicou-se 10 vezes (para 0,6% a.a.) Se, conforme visto até aqui, existe grande debate na literatura quanto ao ritmo e à natureza do crescimento econômico no período pré-industrial, a disponibilidade de estimativas mais confi áveis para a renda per capita de diversas partes do mundo a partir de 1820 permite uma interpretação ligeiramente menos controversa dos fatos desde então. A próxima seção se dedica justamente a descrever e interpretar o crescimento econômico mundial – e das principais regiões – nos últimos 200 anos, vale dizer, a história do crescimento econômico moderno disseminado por vários países (VELOSO, 2013). 2- O crescimento econômico moderno O desenvolvimento da tecnologia é a fonte que permite o crescimento econômico, mas é apenas um potencial. Uma condição necessária, mas não sufi ciente. Para que a tecnologia seja utilizada efi ciente e amplamente, e, de fato, para que sua utilização estimule seu próprio desenvolvimento, devem ser feitas adaptações institucionais e ideológicas, pois são estas que ocasionam o uso apropriado das inovações geradas pela acumulação crescente do conhecimento humano. Para citar exemplos do crescimento moderno: a energia a vapor e elétrica e as usinas de larga escala necessárias para explorá-las não são compatíveis com empresa familiar, analfabetismo ou escravidão - tudo isso predominava antigamente, mesmo na maior parte do mundo desenvolvido (KUZNETS, 1985). Não obstante, a multiplicação dos níveis de renda per capita ao longo dos dois séculos de crescimento econômico moderno não se deu de forma homogênea no tempo ou no espaço. Em outras palavras, países/regiões diferentes cresceram a taxas distintas em períodos diferentes. A Tabela 1 deixa isso claro, ao dividir a experiência de crescimento econômico do mundo e de suas principais regiões desde a Revolução Industrial, segundo seis períodos, a saber: 1820- 1870, 1870-1913, 1913-1950, 1950-1973, 1973-1990 e 1990- 2008 (VELOSO, 2013) 14Desenvolvimento Econômico I Tabela 1 Fonte: Veloso, 2013. Observando a tabela acima podemos verifi car que a renda média por habitante do mundo se multiplicou no período por mais de 11 vezes em termos reais. Esse desempenho equivale a uma taxa de crescimento médio anual da renda per capita de 1,3% ou, ainda, a uma renda individual que dobrou a cada 55 anos. Insistindo nesse ponto: comparada à virtual estagnação dos padrões de vida médios no mundo pré-industrial, tem-se a real dimensão do avanço material observado nos últimos dois séculos. Quanto aos diversos subperíodos, um primeiro exame dos dados da Tabela 1 revela taxa de crescimento da renda per capita entre 1820 e 1870 já em ritmo claramente “moderno”, mesmo que à época vários países ainda estivessem presos ao regime malthusiano. Essa taxa se acelera durante a primeira onda de globalização (1870-1913) para arrefecer no entreguerras. A chamada Era de Ouro (1950- 1973), por sua vez, irá se caracterizar pelas mais elevadas taxas de crescimento do PIB per capita na história, após o que a expansão desse indicador se dará em um ritmo mais lento – ainda que um pouco superior ao que prevaleceu nas décadas que antecederam a Primeira Guerra (VELOSO, 2013). Raramente fi ca claro se alguma distinção deve ser feita entre teoria econômica e modelo econômico, contudo, alguns têm argumentado que o termo teoria deve ser reservado para afi rmações refutáveis ou irrefutáveis não ambíguas sobre os complexos inter-relacionamentos do mundo econômico real, enquanto que o termo modelo, reservado para abstrações, construções lógicas (e usualmente matemáticas) que elaboram uma “teoria” inicial ou, com base num conjunto de postulados iniciais, geram uma afi rmação teóricas (JONES, 1979). Já os determinantes “últimos” do crescimento são muitos, mas a literatura tem enfatizado a importância de três, a saber: a geografi a (latitude, proximidade a cursos de água, clima etc.); o comércio internacional (no sentido amplo, incluindo benefícios e custos de participar dos fl uxos internacionais de mercadorias, serviços, capitais e mão de obra); e as instituições (defi nidas como arranjos sociopolíticos formais e informais que desempenham importante papel em promover ou retardar o crescimento) A geografi a infl uencia as taxas de crescimento econômico através de diversos canais. Diretamente, através da existência de depósitos de recursos naturais comercializáveis, a exemplo de petróleo, diamantes e outros minerais que sirvam de fonte de renda para um país. A qualidade do solo e a pluviosidade, por sua vez, determinam a produtividade da terra e, em última instância, a renda. A geografi a também infl uencia o ambiente epidemiológico de um país, com efeitos sobre morbidade e crescimento. Indiretamente, ela afeta o crescimento econômico via dois outros canais (VELOSO, 2013). Primeiramente, ao limitar a extensão em que um país consegue se integrar ao mercado internacional (pensar em países montanhosos e sem acesso ao mar, como a Bolívia e o Butão). Em segundo lugar, ao ajudar a moldar as instituições de um país, a exemplo do que ocorreu com as colônias de povoamento que viriam a dar origem aos Estados Unidos, contrastadas com a América portuguesa tropical, típica colônia de exploração, com instituições (posse de terra, acesso ao voto etc.) distintas daquelas vigentes nas 13 colônias britânicas na América do Norte. Parte da literatura dá destaque ao papel da integração na economia mundial (isto é, comércio) como sendo um fator adicional por trás do crescimento econômico. Segundo esse argumento, o grau de abertura de uma economia tem impacto positivo sobre o crescimento, através dos ganhos de especialização e do poder das importações de forçar um aumento na produtividade dos produtores domésticos (Veloso, 2013) Considerando a variação e intensidade dos mecanismos de transmissão do padrão negativo entre a dotação de recursos naturais e o crescimento econômico, em decorrência do tipo de recurso natural de maior dotação, em que pese especialmente àqueles incluídos como exportadores de petróleo e outras fontes de energia, a literatura aponta que haverá quatro canais proeminentes de transmissão conforme Carvalho (2018): 1) existência do que fi cou convencionado chamar de “Dutch Disease”, que signifi ca um efeito perverso das exportações dos recursos naturais, sobre a taxa de câmbio e o salário real, elevando-os, com um consequente aumento da volatilidade da taxa de câmbio – vulnerabilidade externa, e efeito detrimental sobre outros setores da economia; 2) conformação de um comportamento social, de natureza “rentseeking”, por parte dos produtores, muito estimulada por um comportamento protecionista e estratégias de desenvolvimento lideradas pelo estado; 3) agentes com falsa sensação de segurança, e um governo mergulhado em uma inefi ciência burocrática e mesmo corrupção no gerenciamento desses recursos, em geral haveria, portanto, uma baixa qualidade das instituições e; 4) pelas características da economia, intensiva no uso de recursos naturais em consonância com uma mão de obra não qualifi cada, são realizados poucos investimento em capital humano, com efeito na redução dos setores mais inovadores, bem como, decréscimo da produtividade (média) do trabalho Finalmente, as instituições têm recebido atenção crescente da literatura de crescimento, à medida que, por exemplo, o respeito aos direitos de propriedade, a existência de estruturas regulatórias adequadas, a qualidade 15 e independência do poder judiciário e a capacidade da burocracia estatal são elementos importantes para o início do processo de crescimento econômico e sua sustentação no tempo.Esses três determinantes “últimos” servirão de base, no restante desta seção, para uma breve análise do crescimento econômico agregado e das principais regiões do mundo nos seis subperíodos em que se dividiu a história moderna. O crescimento econômico no “longo século XIX” (isto é, até as vésperas da Primeira Guerra) comporta duas fases distintas, separadas pelo ano de 1870 (VELOSO, 2013). Entre 1820 e 1870, o crescimento da renda per capita mundial se deu em ritmo mais lento, ainda que notavelmente superior ao observado nos séculos anteriores à Revolução Industrial. O resultado até 1870 deveu-se, quase exclusivamente, ao desempenho dos primeiros países a se industrializarem, na Europa e Estados Unidos. Por seu turno, os chamados países “retardatários” continuavam, em sua maioria, ainda imersos em um mundo malthusiano de pouco avanço na renda per capita (e, em alguns casos, possíveis recuos, como na Ásia e América Latina). O ritmo de crescimento da maior parte das economias iria se acelerar a partir dos anos 1870, fruto dos avanços tecnológicos trazidos pela chamada Segunda Revolução Industrial, combinados aos ganhos trazidos pela maior integração entre as economias (VELOSO, 2013). Para a intensificação do comércio internacional no século XIX (quando cresceu em um ritmo quatro vezes superior ao da economia), contribuiu uma combinação de avanços tecnológicos e institucionais. Entre os primeiros destacam-se melhoramentos na tecnologia de transportes e comunicações (ferrovias e navios a vapor; telégrafo elétrico) Do lado institucional, ressaltam-se: o desmantelamento gradativo das restrições mercantilistas que emperravam as trocas até então (ver os processos de independência nas Américas e o fim das restrições coloniais); a redução das tarifas médias de importação (até o final dos anos 1870); e, a partir de 1871, a consolidação do sistema de padrão-ouro internacional (e as taxas de câmbio fixas a ele associadas) (VELOSO, 2013). É provável que, mais que em qualquer outra época, tenha sido durante o século XIX que a geografia exerceu um papel decisivo na determinação das trajetórias de crescimento econômico das diversas regiões do globo. Nessa linha, Jeffrey Williamson argumenta que os padrões de especialização produtiva dos países – determinados pela dotação relativa de fatores e, em última instância, por condições climáticas, tipos de solo etc. – foram reforçados durante o período. Para o autor, os ganhos generalizados proporcionados pela chamada “grande especialização” da época (na qual os países do “centro” se especializaram na produção e exportação de manufaturados e os da “periferia” na produção e exportação de commodities) se deram na direção “correta” prevista pelo modelo ricardiano de vantagens comparativas. O primeiro fator é facilmente explicado. Diante do barateamento dos custos de produção na indústria têxtil algodoeira (o principal setor industrial à época) trazido pela Revolução Industrial, países com expressiva produção baseada em manufaturas rurais passaram a sofrer a concorrência avassaladora de têxteis britânicos produzidos por maquinofaturas (fábricas). O resultado foi a expansão das exportações têxteis britânicas, solapando não apenas a produção doméstica naqueles países como também o predomínio de têxteis indianos no mercado internacional. Já os outros dois fatores ressaltados por Williamson exigem um pouco mais de elaboração. O primeiro caso (práticas de rent-seeking por parte da elite de fazendeiros e donos de minas) decorre da especialização que se seguiu ao início da globalização “clássica”, na segunda metade do século XIX. Países asiáticos e latino-americanos, em particular, passariam crescentemente a produzir e exportar commodities, movimento que seria impulsionado, ainda, pela melhoria dos termos de troca dos países primário- exportadores então observada. Consequentemente, reforçou- se, nesses países, o poder de grandes proprietários rurais e de minas, que impuseram domesticamente políticas que excluíam a maior parte da população do acesso ao voto e, crucialmente, à educação (VELOSO, 2013). Por fim, o terceiro ponto destacado por Williamson envolve a chamada “loteria das commodities”. A ideia aqui é que as dotações climáticas e geográficas dos países da periferia os levaram a se especializar na produção e exportação de uns poucos produtos primários. Isso, por sua vez, tornava o investimento (cujos recursos provinham, em geral, dos lucros derivados do comércio exterior) muito suscetível à oscilação dos preços internacionais daqueles produtos. Ao final, países como Cuba (açúcar) e, em menor grau, Brasil e Colômbia (café) enfrentaram – por força da maior volatilidade (e, no caso do açúcar, tendência inequívoca de queda) dos preços desses produtos comparativamente, por exemplo, a lã, trigo e carnes exportados pela Argentina e Uruguai – taxas de investimento igualmente voláteis, prejudicando assim a sua trajetória de crescimento no longo prazo (VELOSO, 2013). Seja como for, a globalização “clássica” do século XIX chegaria ao fim com a eclosão da Primeira Guerra Mundial e o freio imposto ao comércio internacional de bens, capitais e mão de obra. À destruição física trazida pelo conflito bélico e a retomada descoordenada do padrão-ouro nos anos 1920 seguiram-se a crise de 1930 (a Grande Depressão) e o colapso da cooperação internacional, com a maior parte dos países implementando medidas comerciais e cambiais protecionistas, visando a “empobrecer o vizinho”. Esse processo de “desglobalização”, revertendo a integração dos mercados de bens e fatores observada na segunda metade do século XIX, contribuiu para desacelerar ainda mais o ritmo de crescimento econômico. Uma nova guerra em escala mundial, de proporções ainda mais destruidoras, ajudou a compor um quadro de baixo crescimento médio no mundo no período 1913-1950 (0,88% a.a., contra 1,3% a.a. entre 1870-1913). As políticas de desenvolvimento não devem enfatizar apenas o fortalecimento e a dinamização do mercado interno, uma vez que investimentos em atividades econômicas ligadas à exportação, mesmo que isolados, podem induzir o crescimento de atividades a ela vinculadas, em decorrência dos efeitos de encadeamento que elas propiciam. Portanto, deve- se induzir o investimento em atividades que são dotadas de elevados índices de encadeamento, de forma que parcela do investimento induzido resultaria em efeitos de encadeamento para frente (forward effects) ou para trás (feedback effects). Assim, o planejamento de investimentos tem, necessariamente, 16Desenvolvimento Econômico I de considerar também as external economies resultantes dos efeitos em cadeia e da infraestrutura criada pelo Estado, que reduzem os custos de produção e impulsionam os processos de desenvolvimento (HIRSCHMAN, 1961). Enquanto o entreguerras confi gura subperíodo de crescimento da renda per capita mundial atipicamente lento, as duas décadas e meia do pós-Segunda Guerra entrariam para a história como a Era de Ouro (1950-1973), assim chamada por ter testemunhado as mais elevadas taxas de crescimento do PIB per capita na Europa Ocidental, Estados Unidos, Japão e diversas economias em desenvolvimento (inclusive o Brasil). Com efeito, todas as regiões e principais economias do mundo à época se benefi ciaram dessa fase de crescimento, fossem elas capitalistas ou socialistas, países do (então) chamado Primeiro, Segundo ou Terceiro Mundo. Assim, entre 1950 e 1973, o PIB per capita mundial aumentou, em média, 2,92% a.a., com desempenho particularmente elevado na Europa (tanto Ocidental como Oriental) e, sobretudo, no Japão. O PIB per capita dos Estados Unidos e da América Latina também cresceu a taxas recordes nesse período – respectivamente, de 2,45% a.a. e 2,58% a.a., tendo o Brasil crescido ainda mais (3,73% a.a.), conforme se vê na Tabela 1 (VELOSO, 2013). Um dos propulsores dessa fase foi a retomada dos fl uxos de comércio,em mais um exemplo do papel desse último como determinante “último” do crescimento. A criação e posterior ampliação da Comunidade Econômica Europeia – um novo arranjo institucional, favorecendo o comércio no continente – reforçam esse ponto. No curto prazo, conforme Blanchard (2010) “as variações no produto originam se das variações na demanda por bens”, ou seja, é a demanda quem determinada a produção. Relacionando a produção, renda e gasto em bens, Dornbusch (2009, p. 186) afi rma que “o gasto determina o produto e a renda, mas o produto e a renda também determinam o gasto”, onde a demanda é o impulsionador. No médio prazo, importante para a produção é o lado da oferta, ou seja, o quanto a economia pode produzir. Isso depende do grau de avanço da tecnologia do país, de quanto capital está sendo usado, e do tamanho e da qualifi cação de sua força de trabalho. Esses fatores são os determinantes fundamentais do nível de produto de um país. Já, no longo prazo, os determinantes do produto são fatores como o sistema de ensino de um país, a taxa de poupança e a qualidade do governo. Portanto, se quisermos entender o que determina o nível de produto, a longo prazo, devemos examinar esses fatores (BLANCHARD, 2010) Os modelos de crescimento que buscam explicar a elevação da capacidade produtiva ao longo do tempo são tratados na literatura como modelos de crescimento de longo prazo. Assim sendo, partindo do entendimento de que crescimento é a expansão do produto real ao longo do tempo e, se a curto prazo, agregados como o consumo ou gastos do governo são importantes para a expansão do produto, a longo prazo o crescimento é dado, pela acumulação de capital, inovações tecnológicas ou elevação da efi ciência do trabalho (LOPES e VASCONCELOS, 2009) A Era de Ouro chegou ao fi m devido a uma combinação de choques adversos (colapso do sistema de taxas de câmbio fi xas sob Bretton Woods e primeiro choque do petróleo) e, nos casos europeu e japonês, ao próprio esgotamento dos benefícios, em termos de aumento da produtividade, trazidos pela transferência de recursos da agricultura para a indústria. Os retornos decrescentes associados às estratégias de desenvolvimento econômico voltadas “para dentro”, tanto em sua versão socialista como entre os países em desenvolvimento que seguiram o modelo de industrialização por substituição de importações (ISI), também se tornaram explícitos ao fi nal do período 1973-1990 (Veloso, 2013). Os resultados concretos sobre as taxas de expansão do PIB per capita, dessa estratégia liberalizante nos anos 1990 não foram os esperados nos países em desenvolvimento e, nas economias em transição (ex-socialistas), podem ser considerados muito ruins. Assim, enquanto a América Latina jamais retomou as taxas de expansão do PIB per capita observadas nos anos 1950 e 1960, as ex-repúblicas soviéticas cresceriam menos de 0,8% a.a. entre 1990 e 2008.31 Já nas economias industriais avançadas (exceto o Japão), o crescimento do PIB per capita entre 1990 e 2008 ocorreu em um ritmo ligeiramente inferior – mas ainda bastante razoável (VELOSO, 2013). Também na década de 1990, ganhou corpo importante fenômeno na Ásia, na qual o crescimento espetacular da economia da China (e, em menor ritmo, da Índia) contrasta com o início de longa estagnação da economia japonesa, até então um exemplo de “milagre” econômico. Dado o ritmo em que vem se dando o crescimento dos dois gigantes asiáticos – compreendendo cerca de 40% da população global –, seus efeitos se fazem sentir sobre as diversas regiões do globo. Em particular, a América Latina e a África, tradicionais fornecedores de matérias-primas no mercado mundial, foram claramente benefi ciadas pela expansão asiática; suas taxas de crescimento econômico no período 1990-2008 (de 1,8% e 1,2% a.a., respectivamente), se não são extraordinárias, ao menos representam avanço em relação à virtual estagnação do período anterior. A especialização no fornecimento de commodities agrícolas e os ganhos obtidos a partir daí são testemunho, outra vez, de dois dos determinantes “últimos” referidos do crescimento (a geografi a e o comércio) (VELOSO, 2013). Da breve história do crescimento econômico moderno vista aqui, fi ca claro o padrão desigual daquele fenômeno, tanto no tempo como no espaço. Experiências de crescimento regional em ritmos diversos em diferentes períodos, ao longo de quase 200 anos de história, teriam de resultar, inevitavelmente, em níveis distintos de renda per capita nos países. Assim, tomadas em conjunto, as Tabelas 1 e 2 permitem concluir que as rendas per capita de todas as regiões do mundo cresceram nos últimos dois séculos, embora algumas tenham crescido mais que outras (VELOSO, 2013) Trabalhando com as chamadas “tabelas sociais” (social tables) – conjuntos de estimativas de renda média e população de diferentes classes sociais de determinada sociedade, feitas por contemporâneos –, Branko Milanovic, Peter Lindert e Jeffrey Williamson conseguiram estimar indicadores de concentração de renda em 28 economias pré-industriais, indo desde Roma antiga (no ano 14 d. C.) à Índia às vésperas de sua independência, em 1947 (Veloso, 2013). Vamos citar três conceitos de desigualdade defi nidos na 17 literatura conforme (Veloso, 2013). Conceito 1: desigualdade internacional não ponderada; nesse caso, cada país entra com uma renda per capita única e o coefi ciente de Gini é calculado como se todos os países tivessem o mesmo tamanho. Conceito 2: permanece a hipótese de que todos os habitantes de determinado país recebem o equivalente à sua renda per capita; diferentemente do conceito 1, porém, cada país entra com um número de observações proporcional à sua população. Conceito 3: a unidade de análise deixa de ser os países e passa a ser os indivíduos; é como se estivéssemos interessados na distribuição de renda entre cidadãos do mundo e não (como nos conceitos 1 e 2) na distribuição de renda entre brasileiros, chineses, argelinos etc. “médios”. Na prática, os dois primeiros conceitos buscam medir o que se pode designar como desigualdade internacional (entre nações) e estão na base da enorme literatura acerca da existência (ou não) de divergência entre a renda per capita dos diversos países. Já o conceito 3 capta o grau de desigualdade global (isto é, entre indivíduos, independentemente de seu país de residência) no mundo. O Gráfi co 2 mostra o comportamento, ao longo dos últimos 200 anos, desses três conceitos de desigualdade de renda. A globalização implica, obviamente, em que a desigualdade entre a humanidade global esteja recebendo mais atenção. Somente com o desenvolvimentismo pós-Segunda Guerra Mundial, a desigualdade entre as nações do mundo recebeu atenção pública. A atual onda de globalização está provocando a comparação entre outras categorias humanas, como as mulheres do mundo, as crianças do mundo, domicílios em todo planeta. Começando pela medida de desigualdade internacional (conceitos 1 e 2), percebe-se nítido fenômeno de divergência após a Revolução Industrial à medida que uns poucos países europeus (acrescidos dos Estados Unidos) começavam a se industrializar e auferir os benefícios, sobre os níveis de renda per capita, do crescimento econômico moderno. A maior parte dos demais, por seu turno, ainda estava presa à dinâmica malthusiana, apresentando renda per capita estagnada no século XIX. Como resultado, a diferença da renda média dos países mais ricos para os mais pobres, que era de, no máximo, 4:1 em 1820, saltou para mais de 60:1 no início do século XXI (Veloso, 2013). Gráfi co 2 Da combinação de crescimento moderno de uns poucos e estagnação (ou crescimento lento) da maior parte dos países resultou um aumento contínuo (brevemente interrompido no entreguerras) do coefi ciente de Gini, segundo o conceito 1. Já a desigualdade internacional medida pelo conceito 2 apresenta trajetória ligeiramente distinta:um salto mais abrupto no pós-guerra seguido de recuo modesto a partir da década de 1980 (em função, sobretudo, dos avanços na renda per capita de dois países pobres e populosos: China e Índia). Não obstante, o sucesso recente dos dois gigantes asiáticos, o grau de desigualdade internacional de renda observado no início do século XXI é o mais elevado da história (ao menos segundo o conceito 1) (VELOSO, 2013). Com relação à medida de desigualdade global de renda (captada pelo conceito 3), a série se inicia em um patamar signifi cativamente mais elevado que nos outros dois indicadores e cresce ininterruptamente até os dias atuais, quando revela um nível de desigualdade também superior ao indicado pelos outros dois conceitos. Como se vê, entre o início do século XIX e o início do XXI, houve um aumento de cerca de 20 p.p. no coefi ciente de Gini (conceito 3). Adicionalmente, ocorreu uma mudança na natureza dos determinantes desse conceito de desigualdade global. Enquanto no início do século XIX o principal determinante da desigualdade entre cidadãos do mundo eram as diferenças de renda dentro dos países, no início do século XXI ela decorre majoritariamente de diferenças nas rendas per capita entre os países. Nos termos de Branko Milanovic, até o século XIX a posição de um indivíduo na distribuição da renda global era determinada, principalmente, por sua classe social; modernamente, o que conta é, sobretudo, o seu local de residência (VELOSO, 2013). Já a estabilidade recente (ainda que em um patamar nitidamente elevado com um Gini em torno de 0,70) desse indicador de desigualdade é resultante de três forças que vêm atuando nas últimas décadas, duas no sentido de agravar a desigualdade e outra a atenuando. As duas primeiras referem-se ao aumento da desigualdade dentro dos principais países do mundo (Estados Unidos, China e Índia, por exemplo), ao qual se soma a divergência na renda média dos diferentes países (já que os países muito pobres vêm crescendo menos que os demais nas últimas décadas). Agindo em sentido contrário está o rápido crescimento da renda per capita de China e Índia, dois países que ainda são pobres, no sentido de que sua renda per capita é inferior à renda média mundial. Do comportamento da renda per capita desses dois países dependerá a tendência futura da desigualdade global. Esta aula abordou, sob uma perspectiva histórica, o desenvolvimento econômico em suas duas principais dimensões: o crescimento e a distribuição de renda. Retomando a aula 1- O crescimento econômico na história: alguns fatos estilizados O resultado desse novo tipo de crescimento, acumulado 18Desenvolvimento Econômico I nos últimos 200 anos, é a enorme prosperidade de que desfruta parcela considerável da humanidade nos dias atuais. Já do ponto de vista demográfi co – o segundo aspecto revolucionário que se deseja enfatizar –, nota-se também uma infl exão na trajetória da população mundial a partir da virada do século XVIII para o XIX coincidindo, portanto, com a Revolução Industrial e, em parte, decorrente dela. 2- O crescimento econômico moderno Enquanto no início do século XIX, tal desigualdade decorria, sobretudo, das diferenças de renda (classe) dentro dos países, crescentemente a desigualdade de renda global é explicada pela divergência da renda per capita dos diversos países. O caminho do desenvolvimento econômico. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=yWAgvoWGgRA. Vale a pena assistir Sociedade e Economia: estratégias de crescimento e desenvolvimento. Disponível em: http://repositorio. ipea . g ov.b r/b i t s t r eam/11058/3225/1/L iv ro_ SociedadeeEconomia.pdf. Crescimento Econômico X Desenvolvimento Econômico. Disponível em: http://www.academicoadm. com.br/2018/03/03/crescimento-economico-x- desenvolvimento-economico/. Vale a pena ler Vale a pena Minhas anotações 3ºAula Desenvolvimento Econômico Segundo os Pensadores Clássicos Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender a origem das crises capitalistas e compreender as variáveis que afetam a acumulação de capitais; • emprego e crescimento econômico; • reconhecer os aspectos do crescimento econômico na visão dos economistas clássicos. Esta aula tem como objetivo mostrar como os economistas clássicos abordaram a questão do desenvolvimento econômico e quais as teorias por traz de cada escola. Vamos procurar delimitar as origens das crises capitalistas que afetam principalmente a acumulação de capitais, o nível de emprego e o crescimento econômico. Bons estudos! 20Desenvolvimento Econômico I Seções de estudo 1- Os precursores: mercantilistas e fi siocratas 2- Desenvolvimento segundo Adam Smith 3- Desenvolvimento segundo David Ricardo 1- Os precursores: mercantilistas e fi siocratas Mercantilistas Para os mercantilistas, a riqueza das nações depende do afl uxo externo de metais preciosos. Essa ideia levou à expansão do comércio internacional, provocando crescimento econômico entre as nações envolvidas. A grande crítica do sistema era desconsiderar o papel das importações no processo de desenvolvimento econômico. Procurava-se então sobrevalorizar as exportações e comprimir as importações. Isso provocou o protecionismo da atividade econômica interna contra os produtos importados, que no longo prazo mostrava-se prejudicial ao desenvolvimento. Ao longo dos anos constatou-se que essa política difi cultou a difusão tecnológica e a adoção de processos de redução de custos. Dentro do mercantilismo, tudo era feito para a acumulação de ouro e prata assim, o Estado deveria pautar suas ações para tal. Na França, cujos principais expoentes foram Montchrétien, Cantillon e Colbert, o sistema mercantilista adquiriu a forma industrialista. Procurava-se incentivar a indústria como forma de se obter uma balança comercial superavitária. Nesse sentido, o Estado concedia & monopólio a alguns indivíduos para a produção de determinados bens, fi xava a taxa de juros e estabelecia salários máximos, a fi m de manter a competitividade das exportações. Normas governamentais limitavam o consumo interno de bens de luxo cortados, tais como tapeçarias, cristais, louças, tecidos e couros manufaturados (SOUZA, 2008). Colbert (1619-1683) procurou conquistar os mercados externos pelo aprimoramento da qualidade dos produtos franceses. Aos poucos, a ênfase em poucos, a ênfase em relação à moeda foi passando para a esfera da produção, com as grandes nações fazendo de tudo para aumentar o seu poder comercial, Nesse sentido, cada metrópole estabeleceu um pacto colonial com suas colônias. Mediante esse pacto, todo o comércio externo das colônias efetuava-se apenas com a metrópole, que fi xava os preços e as quantidades dos produtos comercializados (HUGON, 1988). Os preços das manufaturas importadas pelas colônias deveriam ser os mais elevados possíveis, enquanto eram fi xados em níveis extremamente baixos os preços das matérias- primas e alimentos adquiridos pela metrópole. Da mesma forma, somente os navios metropolitanos transportavam os bens comercializados entre as colônias e a metrópole respectiva (Hugon, 1988, P. 79). Essa política promoveu uma Revolução Comercial na Europa e consolidou as economias nacionais dos grandes países europeus, mas estabeleceu as raízes do subdesenvolvimento contemporâneo. Contudo, o sistema mercantilista tinha sua coerência interna. De um lado, a preocupação em expandir as exportações contribuía para desafogar os estoques de mercadorias e elevar o nível de renda e de emprego; de outro lado, o afl uxo de moeda ajudava a reduzir a taxa de juros e, com isso, estimulava o nível do investimento e o crescimento econômico (SOUZA, 2008). O pensamento mercantilista considerava que “uma taxa de juros indevidamente alta era o maior obstáculo ao desenvolvimento da riqueza; e os mercantilistas haviam também compreendido que a taxa de juros dependia da preferência pela liquideze da quantidade de moeda” (KEYNES, 1990, p. 262). Entre os mercantilistas ingleses, destacaram-se Thomas Mun e John Law. Thomas Mun (1571-1641) defendeu a reexportação, quando o valor vier a superar as importações realizadas para esse fi m. Ele deu um passo além da concepção mercantilista de então, ao afi rmar que o fundamental do enriquecimento de um país está no comércio exterior, por desenvolver a atividade Econômica interna, Então na simples acumulação de reservas (SOUZA, 2008). John Law (1671-1729) acreditava que a escassez de “metais preciosos” poderia ser sanada com a emissão de papel-moeda sem o lastro correspondente. Fundou o Banco Royale, na França, em 1716, desencadeando um processo visionário, uma vez que não houve o aumento simultâneo da produção. Segundo Hugon (1988, p. 77), esse fato foi o responsável pela rejeição do crédito durante todo o século 18, o que prejudicou o desenvolvimento dos bancos e da própria atividade produtiva. Fisiocratas Os fi siocratas, conhecidos como “Os Economistas”, combatiam a doutrina mercantilista ao propor uma conduta liberal por parte do Estado é ao transferir a atenção da análise da órbita do comércio para a da produção. Segundo eles, a indústria e o comércio apenas transformam e transportam valores; o produto líquido somente é gerado na agricultura, por meio do fator terra, que é uma dádiva da natureza. Há uma funcionalidade entre os setores econômicos, e a riqueza circula entre as três classes sociais: classe produtiva (capitalistas e trabalhadores da agricultura), classe estéril (capitalistas e trabalhadores dos demais setores) e a classe ociosa (proprietários de terras) (SOUZA, 2008). O “Tableau Économique”, do Dr. Quesnay, tem exatamente a fi nalidade de pôr em evidência essa ordem natural. A sociedade se compõe de três classes: uma “produtiva”, formada de agricultores; outra, constituída pelos proprietários imobiliários, e, fi nalmente, a classe chamada “estéril”, compreendendo os que se dedicam ao comércio, à indústria, aos serviços domésticos e às profi ssões liberais. A fome e as epidemias dizimavam periodicamente grande número de pessoas. Segundo os fi siocratas, a terra produz valor por sua fertilidade, seguindo leis físicas. Com essa lei natural regulando a ordem econômica, os agentes precisariam poder agir livre e naturalmente. Ao criar obstáculos à circulação de pessoas e de bens, o Estado estaria inibindo essa ordem natural. Argumentavam que “as relações econômicas Hluem 21 no organismo social como o sangue no corpo humano” (HUGON, 1988, p. 91). Até fi ns do século 19, as taxas de mortalidade eram extremamente altas. As principais causas dessas altas taxas eram: escassez de alimentos, grande incidência de doenças transmissíveis, defi ciências de saneamento, falta de higiene e baixos padrões materiais de vida. Contribuíram para reduzir a taxa de mortalidade o uso generalizado do sabão, o aumento da produção de alimentos e o progresso material proporcionado pela Revolução Industrial, bem como o progresso da medicina, a partir das descobertas de Pasteur em 1870 (existência de bactérias) e do emprego de antibióticos e inseticidas (Mirador, 1995, 9138). o aumento da demanda de produtos agrícolas; e (c) estímulo ao comércio exterior, para escoar a produção agrícola (SOUZA, 2008). Os fi siocratas consideravam a despesa do consumidor como o principal determinante da renda. Com maior consumo, os preços agrícolas aumentariam, estimulando a acumulação de capital. Desse modo, vs preços dos produtos agrícolas”, deveriam ser altos, para estimular o aumento da produção e da produtividade. Esta é a doutrina do caro e abundante, ou teoria do bom preço. O bom preço é aquele que elimina” “a lucro puro e é fi xado pela concorrência no mercado. Com preços mais altos, os consumidores precisam ser compensados pela redução da carga tributária, através de um imposto único sobre a atividade agrícola. Essa proposta justifi cava-se porque, segundo os fi siocratas, não teria sentido tributar uma atividade que não produzisse excedente de valor sobre o seu custo de produção. À ideia social subjacente da redução da pressão sobre os pobres era a de que os produtores seriam benefi ciados pelo aumento da produção, do consumo e dos lucros. A arrecadação pública deveria crescer pelo aumento do produto nacional e pela redução da evasão fi scal (SOUZA, 2008). Não obstante à preferência pela atividade agrícola, fi siocratas defendiam a manutenção de uma importante atividade manufatureira como instrumento de elevação geral do nível de renda. Em relação aos preços das manufaturas, a postura fi siocrática era oposta”, eles deveriam ser baixos para estimular o consumo, o que se refl etiria no aumento da produção n reg or nível de renda provocaria a manufatureira e na maximização da renda agregar expansão do consumo dos produtos agrícolas, induzindo novos investimentos na agricultura e o crescimento dos demais setores de atividade. Entretanto, os fi siocratas consideravam os gastos em bens de luxo prejudiciais a noção do bom preço. Quanto maiores os gastos com bens de luxo, tanto menos se elevariam os preços agrícolas, levando a agricultura à dispor de menos recursos para investimentos, Essa doutrina fi siocrática do bom preço para os produtos agrícolas contrastará com a doutrina do barato e abundante dos economistas clássicos, como será redução do excesso de regulação (SOUZA, 2008) A esse respeito, Quesnay é formal e afi rma: “Não se deve impedir, de forma alguma, o comércio exterior dos produtos da terra; porque tal é a venda, tal é a reprodução. Que por forma alguma se faça baixar o preço dos gêneros e das mercadorias no reino; porque o comércio recíproco com o estrangeiro se tornaria desvantajoso para a nação” (QUESNAY, 1978, p. 117-118). 2- Desenvolvimento segundo Adam Smith O grande livro de Smith constitui um marco na história da Economia Política. O economista alemão, Roscher, referindo-se a essa obra, disse haver ela “tornado inútil tudo o que a precedera e inspirado tudo quanto se lhe seguira”. A primeira parte desse juízo é exagerada e falsa; a segunda, perfeitamente exata: a esse título participa Smith, com os fi siocratas, da paternidade da Economia Política. Smith cria uma ciência econômica que apresenta inúmeros pontos de semelhança com a dos fi siocratas (HUGON, 1988). Tal como estes, busca estabelecer as leis naturais explicativas dos fenômenos econômicos e das suas relações. E como eles, acaba também no liberalismo. Mas soube, melhor que eles, assentar solidamente o estudo dos problemas econômicos em bases mais científi cas e vastas (SOUZA, 2008). Partindo de um ponto de vista menos acanhado que o dos fi siocratas, amplia o seu campo: ao invés da produtividade agrícola toma como problema econômico central o trabalho, entendido como “trabalho ajudado pelo capital”, ou seja, atividade produtiva. E, fazendo do trabalho, assim compreendido, a fonte da riqueza, reage contra a concepção metalista dos mercantilistas e a noção exageradamente agrária dos fi siocratas (SOUZA, 2008). A fi losofi a da psicologia individual Para Smith, o fundamento metafísico deve ser posto de lado: a psicologia individual explica, por si só, resultar o interesse geral — espontânea e não mais providencialmente — da soma dos interesses pessoais. O liberalismo econômico assenta-se sobre essa base: uma vez que o interesse individual coincide com o interesse geral, deve-se, na prática, deixar plena liberdade de ação aos interesses privados (HUGON, 1988). Para Hugon (1988), o liberalismo não só se impõe, mas também muda de caráter: laiciza-se. Daí por diante a ciência econômica, graças a essa motivação psicológica, poderá, com maior fl exibilidade, evoluir no sentido de tornar mais exatas suas concepções, as quais, aliás muito posteriormente à Escola Clássica, vão-se tornar bem precisas nas teorias modernas das escolas hedonistas. Essa divisãodo trabalho, cuja efi cácia Smith aponta, não pode, entretanto ser aplicada ou levada ao extremo em qualquer lugar ou em qualquer tempo. Ela requer a existência prévia de duas condições imperativas: a extensão do mercado e a abundância dos capitais. Para poder produzir em abundância, indispensável é ter mercados sufi cientes à disposição: a produção de uma nação depende da extensão de seus mercados. No entanto, enquanto o liberalismo dos fi siocratas tinha origem na harmonia das leis da natureza, o de Adam Smith explicava-se pela psicologia individual. Nesse último caso, a ideia é a de que o interesse coletivo fi ca assegurado quando os particulares procuram benefício próprio. Por exemplo, o interesse particular na exportação benefi cia a coletividade, pela ampliação dos mercados, aumento da divisão do trabalho e a maior efi ciência produtiva resultante (SOUZA, 2008). 22Desenvolvimento Econômico I Na busca de vantagens pessoais, o homem estaria voltando-se para si próprio, em um egoísmo aparente, porque, ao agir assim, estaria contribuindo para o aumento do produto e do bem-estar social. Os interesses individuais, realizados livremente, em cada mercado de produto ou fator, seriam harmonizados coletivamente por uma espécie de “mão invisível”. Essa fi losofi a de Adam Smith vem da escola escocesa do senso moral inato, segundo a qual o comportamento humano resulta da interação de instintos egoístas e altruístas. À doutrina utilitarista de Jeremy Bentham (1748-1832), segundo a qual o consumidor deseja um produto por sua utilidade na satisfação de uma necessidade, indica da mesma forma que o homem age infl uenciado pela comparação de prazer e pena que resultam de seus atos. O aspecto comum da teoria utilitarista e da escola escocesa do senso moral inato é o princípio da harmonia de interesses, resultante da interação dos indivíduos em sociedade. Apesar de entender que mais gastos expandem a renda e o emprego, Adam Smith defendeu a parcimônia porque aumenta o estoque do capital fi nanceiro, fator necessário para contratar trabalhadores produtivos e aumentar o nível do produto. Isso era necessário, porque para Adam Smith, como para os demais economistas clássicos, a programação de aumento da produção precisava ser acompanhada de um “fundo de salários” para contratar trabalhadores produtivos, matérias-primas e bens de capital. Tendo em vista que o interesse coletivo resulta das ações individuais privadas, pela teoria individualista de Adam Smith, torna-se indispensável assegurar a cada indivíduo o direito de procurar seus próprios interesses, livre de pressões de grupos, mas sempre dentro da lei e da ordem (MEIER e BALDWIN, 1968, p. 39). Sendo assim, para maximizar a riqueza das nações, não se pode, sob hipótese alguma, tolher a liberdade individual para empreender e empregar trabalho produtivo; no mesmo sentido, não se deve bloquear o desenvolvimento dos demais elementos fundamentais, que permitem a expansão do emprego, como a abertura de novos mercados, a divisão do trabalho e a acumulação de capital (SOUZA, 2008). A riqueza das nações O fator primordial da riqueza nacional, o trabalho produtivo, aparece em evidência no primeiro parágrafo da obra de Adam Smith, A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas, de 1776: “O trabalho anual de cada nação constitui o fundo que originalmente lhe fornece todos os bens necessários e os confortos materiais que consome anualmente. O mencionado fundo consiste, sempre, na produção imediata do referido trabalho ou naquilo que com essa produção é comprado de outras nações” (SMITH, 1983, v. 1, p. 35). O trabalho torna-se fertilizado, ou produtivo, pela adição de mais capital, que aumenta sua produtividade e o valor do produto total. São as trocas e o aumento das áreas de mercado que criam a demanda, possibilitando maior volume de produção, com menor custo e emprego de trabalho produtivo e capitais adicionais. O trabalho útil, ou produtivo, em oposição ao trabalho improdutivo, defi ne-se como o trabalho que produz um excedente de valor sobre seu custo de reprodução. Desse modo, a riqueza deriva da quantidade de trabalho produtivo empregada no processo produtivo, em relação à população total. Quanto maior for essa relação, assim como a produtividade do trabalho, maior será o produto social de uma economia. A produção de cada ano será tanto maior quanto mais trabalhadores produtivos forem contratados, a qual depende da divisão do trabalho e do estoque de capital, que permite aumentar a produtividade do trabalho (SOUZA, 2008). O uso da máquina aumenta a destreza do trabalhador e reduz o tempo para a fabricação de um objeto. Com o aumento da produção por trabalhador, dispõe-se de maiores quantidades de bens para trocar, em relação às necessidades individuais de consumo. Segundo Adam Smith, o princípio que dá origem à divisão do trabalho é a propensão humana à troca. Nenhum trabalhador pode ser autossufi ciente a ponto de produzir todos os bens de que necessita, porque alguns produtos requerem habilidades especiais. Assim, ele produz aqueles bens para os quais possui maiores habilidades, ou maiores recursos produtivos, adquirindo os produtos para os quais as difi culdades de obtenção são maiores, refl etindo-se em maiores custos de produção. Essa habilidade na produção de bens provém da especialização do trabalhador em tarefas específi cas, proporcionada pela divisão do trabalho (SOUZA, 2008). A pequena dimensão do mercado interno limita a divisão do trabalho. Isso explica por que certos tipos de trabalho só podem ser realizados em cidades grandes. Desse modo, a dispersão espacial da população rural difi culta à especialização dos trabalhadores. Depreende-se em Adam Smith que a industrialização aparece ligada ao fenômeno da urbanização. A aglomeração espacial da população condiciona o surgimento das atividades; a concentração econômica e a localização dos recursos naturais e outros fatores ampliam os fl uxos migratórios de fatores que aumentam as desigualdades regionais. No início da formação das regiões, as populações tendem a concentrar- se junto aos rios e mares, principalmente na proximidade de portos marítimos ou Hluviais. Consciente disso, Adam Smith enfatizou a importância do aperfeiçoamento dos meios de transporte para reduzir seus custos e estender os mercados (SOUZA, 2008). Mercados mais amplos possibilitam que alguém produza um produto específi co, demandando maior especialização. Muitas vezes, a produção de um bem, como alfi netes ou pregos, apenas para o mercado local torna-se tão pequena, que ela não se justifi ca. Quando o mercado torna-se regional, nacional e internacional, torna-se viável alguém produzir esses bens em larga escala; os custos médios se reduzem com a subdivisão do processo produtivo em tarefas mais simples, desde a operação de estender o arame, cortar, fazer a cabeça, afi ar a ponta, empacotar, expedir aos clientes, cobrar etc. A redução dos custos de transporte aumenta o alcance dos bens, que passam a ser exportados para regiões ou países mais distantes. Menores custos de produção agem no mesmo sentido, porque aumentam a competitividade das empresas e elas passam a atuar em novos mercados. 3- Desenvolvimento segundo David Ricardo Os Principies of Political Economy and Taxation”, publicados em 1817, constituem a obra principal de Ricardo e sua 23 principal contribuição à Escola Clássica. Escreveu-os por imposição dos fatos: na época entre os interesses da indústria e os da agricultura. Esse antagonismo se acirra ao ser suspenso o bloqueio continental: percebe a Inglaterra que, por diversas razões, entre elas o monopólio da navegação, se haviam desenvolvido nos anos anteriores, no continente, indústrias que faziam agora concorrência às exportações inglesas. Para poder competir nos mercados exteriores, necessário seria às indústrias britânicas reduzir o preço de venda e, portanto,
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