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PALAVRAS 12 Teste de avaliação – 12.º ano novembro 2019 Educação Literária Grupo I (104 pontos) A (48 pontos) Lê atentamente o seguinte texto e consulta as notas apresentadas. 5 10 Ao longe os montes têm neve ao sol, Mas é suave já o frio calmo Que alisa e agudece Os dardos do sol alto. Hoje, Neera, não nos escondamos, Nada nos falta, porque nada somos. Não esperamos nada E temos frio ao sol. Mas tal como é, gozemos o momento, Solenes na alegria levemente, E aguardando a morte Como quem a conhece. Ricardo Reis, Poesia, Manuela Parreira da Silva (ed.), Lisboa: Assírio & Alvim, 2007, p.98. 1. Explicita o modo como o sujeito poético encara a paisagem. 2. Interpreta os versos “Hoje, Neera, não nos escondamos, / Nada nos falta, porque nada somos.” (vv. 5,6). 3. A partir da última estrofe, regista duas expressões que comprovem que o “eu” adota uma filosofia de vida de base clássica e explica o sentido de cada uma delas, justificando essa adoção. 1 PALAVRAS 12 B (40 pontos) MADALENA Mas para onde iremos nós, de repente, a estas horas? MANUEL Para a única parte para onde podemos ir: a casa não é minha... mas é tua, Madalena. MADALENA Qual?... a que foi?... a que pega com S. Paulo?... Jesus me valha! JORGE E fazem muito bem: a casa é larga e está em bom reparo, tem ainda quase tudo de trastes e paramentos1 necessários: pouco tereis que levar convosco. — E então para mim, para os nossos padres todos, que alegria! Ficamos quase debaixo dos mesmos telhados. — Sabeis que tendes ali tribuna para a capela da Senhora da Piedade, que é a mais devota e mais bela de toda a igreja.... Ficamos como vivendo juntos. MARIA Tomara-me eu já lá! (Levanta-se pulando.) MANUEL E são horas, vamos a isto (levantando-se). MADALENA (vindo para ele) Ouve, escuta, que tenho que te dizer; por quem és, ouve: não haverá algum outro modo? MANUEL Qual, senhora, e que lhe hei de eu fazer? Lembrai vós, vede se achais. MADALENA Aquela casa... eu não tenho ânimo.... Olhai: eu preciso falar a sós convosco. — Frei Jorge, ide com Maria aí para dentro; tenho que dizer a vosso irmão. MARIA Tio, venha, quero ver se me acomodam os meus livrinhos; (confidencialmente) e os meus papéis, que eu também tenho papéis: deixai que lá na outra casa vos hei de mostrar... Mas segredo! JORGE Tontinha! Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, edição de Maria João Brilhante, Lisboa, Comunicação, 1982, pp. 121-123 NOTA 1 trastes e paramentos (linhas 8 e 9) – mobílias e objetos decorativos. 4. Situa este excerto na estrutura externa e interna da obra. 5. Madalena e Maria reagem de maneira diferente à decisão anunciada por Manuel. Compara as reações das duas personagens femininas e explicita o modo como essas reações se manifestam, tanto nas suas falas como no seu comportamento. 2 PALAVRAS 12 6. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada espaço. Neste excerto, perante o clima de tensão provocado pela decisão de Manuel, Jorge tenta ___a)___, mostrando-se feliz com a hipótese de a família se mudar para uma casa que fica paredes meias com o convento e destacando as vantagens dessa opção. Jorge revela também ser confidente da sobrinha, quando esta, pedindo-lhe segredo, lhe conta que tem escritos pessoais que lhe há de mostrar. Ao usar a expressão ___b)___, Jorge exprime a relação de afeto e de cumplicidade que os une. a) b) 1. ignorar os medos de Madalena 2. fomentar os receios de Madalena 3. apaziguar os terrores de Madalena 4. depreciar os medos de Madalena 1. “que alegria!” 2. “E fazem muito bem:” 3. “Ficamos como vivendo juntos” 4. “Tontinha!” C (16 pontos) Na lírica camoniana, a Natureza surge como uma forte inspiração para o Poeta e associa-se a outras temáticas. Partindo da afirmação acima transcrita, apresenta, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, o aspeto da lírica camoniana destacado. A tua exposição deverá atestar, através de exemplos, a tua experiência de leitura. Grupo II (56 pontos) Leitura | Gramática Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta. Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida. 5 10 “Alberto Caeiro é o meu mestre”, afirmava Fernando Nogueira Pessoa. E apesar de os leitores do século XXI preferirem claramente o trágico engenheiro Álvaro de Campos ou o solitário urbano Bernardo Soares, a verdade é que é de Caeiro que irradia toda a heteronímia pessoana, pois ele é tudo o que Fernando Pessoa não pode ser: uno porque infinitamente múltiplo, o argonauta das sensações, o sol do universo pessoano. Faz hoje cem anos que Pessoa criou Alberto Caeiro. Tinha 26 anos. “Ano e meio, ou dois anos depois, lembrei-me um dia de fazer uma partida ao Sá-Carneiro – de inventar um poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro como, em qualquer espécie de realidade”. Foi nesta carta a Adolfo Casais Monteiro que Pessoa descreveu o “nascimento” de Caeiro. Apesar de os estudos pessoanos terem demonstrado que a carta não diz toda a 3 PALAVRAS 12 15 20 25 30 verdade sobre a criação do heterónimo, nem dos poemas, a verdade é que aquilo que nela haverá de ficção serve para que Pessoa continue o seu jogo infinito com as racionalmente definidas fronteiras do real e do irreal. “Alberto Caeiro é o homem reconciliado com a natureza, no qual o estar e o pensar coincidem. Ele resolveu todos os dramas entre a vida e a consciência”, diz o filósofo José Gil, que rejeita a ideia defendida por muitos estudiosos da “alma una” de Caeiro. Inês Pedrosa refere que Caeiro seria a “figura da musa” para o poeta, que aliás o descreve em termos helénicos, louro como um deus grego. Segundo a cronologia feita por Pessoa, Alberto Caeiro nasceu em 16 de abril de 1889, em Lisboa. Órfão de pai e mãe, não exerceu qualquer profissão e estudou apenas até à 4.ª classe. Viveu grande parte da sua vida pobre e frágil no Ribatejo, na quinta da sua tia-avó idosa, e aí escreveu O Guardador de Rebanhos e depois O Pastor Amoroso. Voltou no final da sua curta vida para Lisboa, onde escreveu Os Poemas Inconjuntos, antes de morrer de tuberculose, em 1915. Caeiro não é um filósofo, é um sábio para quem viver e pensar não são atos separados. Por isso, não faz sentido considerá-lo menos real do que Pessoa. E cem anos depois, apesar de não ser o poeta mais lido, Alberto Caeiro tem uma materialidade de que só quem não lê poesia se atreve a duvidar. O poeta não precisa de biografia e não precisa de um corpo com órgãos para se alojar em nós, para nos pôr a ver o mundo a partir dos seus olhos, “do seu presente intemporal igual ao das crianças e dos animais”, como escreveu Octávio Paz. Joana Emídio Marques, Diário de Notícias, 8 de março de 2014, p. 47 (adaptado). 1. A centralidade de Caeiro é representada no texto, entre outras, através da expressão (A) “sol do universo pessoano” (linha 6). (B) “poeta bucólico” (linha 9). (C) “homem reconciliado com a natureza” (linha 16). (D) “deus grego” (linha 21). 2. No contexto da poesia pessoana, a expressão “jogo infinito com as racionalmente definidas fronteiras do real e do irreal” (linhas 14-15) remete para (A) a interpenetração da realidade e da imaginação. (B) a separação entre a realidade e a imaginação. (C) a infinitude das fronteiras do real. (D) a infinitude das fronteiras do irreal. 3. Segundo a autora deste artigo, a materialidade de Caeiro é (A) comprometida pela inexistência de um corpo físico. (B) inerente à sua condição de heterónimo de Pessoa. (C) alheia à existência de um corpo físico. (D) resultante da criação da sua biografia. 4. A utilização de “pois” (linha 4) e de “Por isso” (linhas 29) contribui para a coesão (A) frásica. (B) interfrásica. 4 PALAVRAS 12 (C) temporal. (D) lexical. 5. No excerto “Inês Pedrosa refere que Caeiro seria a “figura da musa” para o poeta, que aliás o descreve em termos helénicos, louro como um deus grego.”(linhas 18-19), as palavras sublinhadas são (A) um pronome e uma conjunção, respetivamente. (B) uma conjunção e um pronome, respetivamente. (C) pronomes em ambos os casos. (D) conjunções em ambos os casos. 6. Classifica a oração “que a carta não diz toda a verdade sobre a criação do heterónimo, nem dos poemas” (linhas 12-13). 7. Indica o valor aspetual presente na expressão “O poeta não precisa de biografia” (linhas 31-32). 8. Identifica a função sintática desempenhada pela expressão “viver e pensar” (linha 28) Grupo III (40 pontos) Escrita Se para uns a cidade surge como espaço de plena realização do indivíduo, para outros tal realização está associada apenas à vida em comunhão com a natureza. Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defende um ponto de vista pessoal sobre a temática apresentada. Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo. Bom trabalho! 5
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