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Núcleo de Educação a Distância
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO
Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino
Revisão Ortográfica: Clarice Virgilio Gomes / Bianca Yuredini Santos
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. 
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas 
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são 
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver 
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo 
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de 
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) 
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. 
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos 
conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professora: Ingrid van der Linden
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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela 
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profissional.
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Esta unidade analisará em âmbito processual penal, as prisões 
cautelares e as medidas cautelares diversas da prisão as nulidades, os 
recursos e também a execução penal. Especificamente, foram enfocadas: 
a) as espécies de prisão cautelar e as demais medidas cautelares; b) a 
diferenciação entre nulidade relativa e absoluta; c) as espécies de recursos 
criminais; e d) os institutos da execução penal. Trata-se de uma pesquisa 
desenvolvida para detalhar cada um dos capítulos abordados pelo Código 
de Processo Penal trazendo seus desdobramentos doutrinários e jurispru-
denciais. Justifica-se pela importância dos temas abordados para a forma-
ção do operador do direito ao qual se direciona essa especialização.
Prisões e Medidas Cautelares Diversas da Prisão. Nulidades. 
Recursos. Execução Penal.
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 CAPÍTULO 01
DA PRISÃO E DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO
Apresentação do Módulo ______________________________________ 11
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Disposições Gerais _____________________________________________
Prisão Temporária _____________________________________________
Prisão Em Flagrante ___________________________________________
Liberdade Provisória ___________________________________________
 CAPÍTULO 02
DAS NULIDADES
Conceito _______________________________________________________
Princípios ________________________________________________________
Nulidades Cominadas No Código De Processo Penal ____________
Momento Limite De Alegação Das Nulidades ___________________
Recapitulando _________________________________________________
47
49
56
63
66
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38
Prisão Preventiva ______________________________________________
Medidas Cautelares Diversas Da Prisão __________________________
Prisão Domiciliar ______________________________________________
Recapitulando _________________________________________________
27
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Espécies De Irregularidades ___________________________________ 52
Nulidade Absoluta X Nulidade Relativa ____________________________ 53
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Pressupostos __________________________________________________
Da Classificação _______________________________________________
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Prazos __________________________________________________________
Da Assistência Ao Preso E Ao Egresso ____________________________
74
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Efeitos _________________________________________________________
Do Trabalho ___________________________________________________
Espécie ________________________________________________________
Dos Órgãos Da Execução Penal _______________________________
Da Execução Das Penas Em Espécie _____________________________
Referências Bibliográficas ______________________________________
Juízo De Admissibilidade ________________________________________
Dos Deveres, Dos Direitos E Da Disciplina ________________________
Recapitulando __________________________________________________
Dos Estabelecimentos Penais ___________________________________
Fechando a Unidade ____________________________________________
Recapitulando __________________________________________________
75
102
77
118
125
138
76
109
88
123
134
130
 CAPÍTULO 03
DOS RECURSOS EM GERAL
 CAPÍTULO 03
EXECUÇÃO PENAL
Teoria Geral Dos Recursos _____________________________________
Noções Gerais _________________________________________________
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Disposições Gerais
Assim como o Direito Processual Civil, o Processo Penal tam-
bém reconhece a existência da tutela cautelar, bem como a tutela de 
conhecimento e de execução. Dentro Código de Processo Penal há me-
didas cautelares que são pessoais e outras patrimoniais. Nesta unidade 
serão analisadas as medidas cautelares pessoais, quais sejam: a prisão 
preventiva e as medidas cautelares diversas da prisão. 
A partir da Lei n. 12.403/11, a prisão em flagrante (que também 
será analisada nessa unidade) passou a ser considerada prisão em fla-
grante, uma prisão precautelar, ou seja, um estágio inicial que poderá 
ser convertido em prisão preventiva ou em medida cautelar diversa da 
DA PRISÃO E DAS MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS DA 
PRISÃO
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prisão, contudo, no presente estudo, veremos que com o advento da Lei 
nº 13.964/2019, a lei denominada de “Pacote Anticrime”, passaremos a 
ver a chamada prisão processual de flagrante. 
A prisão consiste no cerceamento da liberdade de locomoção 
do indivíduo por meio do encarceramento.
Em matéria penal há duas espécies de prisão, quais sejam, 
a prisão pena e a prisão processual. A primeira se efetiva quando do 
cumprimento da pena privativa de liberdade aplicada ao réu na senten-
ça condenatória e é tratada na Parte Geral do Código Penal entre os 
artigos 32 a 42, bem como pela Lei de Execuções Penais.
Tratada entre os artigos 282 a 318 do Código de Processo Penal 
e na Lei n. 7.960/89 (prisão temporária), a prisão processual é, na realida-
de, uma medida cautelar dada a necessidade de isolar-se o suposto autor 
do crime durante a persecução penal, conforme situações previstas em lei.
O Código de Processo Penal de 1941 determinava duas condi-
ções ao indivíduo que estava submetido ao curso de uma investigação 
criminal ou durante o processo penal: ou ele estaria sob prisão provisó-
ria ou em liberdade (AVENA, 2018, p. 1033).
Tem-se que a partir Lei n. 12.403/11, o indivíduo poderia estar 
em três condições distintas, quais sejam: medidas cautelares diversas 
da prisão, em prisão provisória ou aguardando em liberdade o desfecho 
da demanda criminal, no entanto, a lei nº 13.964/2019 recentemente 
trouxe importantes alterações na legislação penal, que serão ampla-
mente analisadas no decorrer dessa unidade
A referida lei também determinou que a natureza da prisão pro-
cessual é de uma medida cautelar. Portanto, para que haja aplicação 
da medida faz-se necessária a existência de dois requisitos: fumus boni 
iuris e periculum libertatis. 
O fumus comissi delicti (fumus boni iuris) consiste em uma “pro-
babilidade da ocorrência de delito (e não de um direito), ou, mais especifi-
camente, na sistemática do CPP, a prova da existência do crime e indícios 
suficientes de autoria” (LOPES JR., 2017, p. 17). Já o periculum libertatis 
(periculum in mora), decorre do perigo de fuga ou destruição de prova, por 
exemplo, que o imputado pode praticar em função de sua liberdade.
As medidas cautelares de natureza pessoal possuem seis ca-
racterísticas principais: (1) jurisdicionalidade, (2) provisoriedade, (3) revo-
gabilidade, (4) excepcionalidade, (5) substutividade e (6) cumulatividade.
A jurisdicionalidade consiste no fato de que as medidas cau-
telares, em regra, devem ser impostas pelo Poder Judiciário. Excep-
cionalmente caberá à autoridade policial conceder fiança nos casos de 
infração, cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 
quatro anos, conforme disposição do art. 322, do CPP.
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O caráter provisório da medida cautelar consiste no fato de 
que seus efeitos apenas persistirão até que haja o provimento final da 
demanda. 
Cabe ressaltar, que a medida cautelar é excepcional e subsidi-
ária, e apenas deverá ser decretada ou mantida caso haja necessidade 
para aplicação da lei penal. Verificando-se a necessidade de tal medida, 
o operador do direito deve aplicar ao caso aquela mais adequada (princí-
pio da proporcionalidade em sentido estrito), ou seja, aquela que impuser 
menor restrição ao direito fundamental do acusado – art. 282, caput, CPP.
Especificamente em relação à prisão preventiva, o atributo da excepcionali-
dade deve ser visto sob dois ângulos: excepcionalidade geral, significando 
que, assim como as demais cautelares, deve ser decretada apenas quando 
devidamente amparada pelos requisitos legais, em observância ao princí-
pio constitucional da presunção de inocência, sob pena de antecipar a repri-
menda a ser cumprida quando da condenação; e, ainda, excepcionalidade 
restrita, isto é, aquela relacionada a sua supletividade diante das demais 
providências cautelares diversas da prisão, em face do que dispõe o art. 
282, § 6.º, no sentido de que “a prisão preventiva será determinada (apenas) 
quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar”. (AVE-
NA, 2018, p. 1044)
Logo, caso o motivo pelo qual a medida cautelar tenha sido 
necessária esteja superado, implicar-se-á na cessação da imposição da 
medida cautelar imposta ao indivíduo. 
É importante salientar que com o advento da Lei nº 13.964/2019, 
a qual já se encontra em vigor no país desde 23 de janeiro de 2020, o 
juiz no prazo máximo de 10 (dez) dias, após o recebimento da denúncia 
ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares 
em curso, lembrando ainda que a lei supra mencionada, ressalta em 
seu artigo 3º-C, § 2º , que as decisões proferidas pelo juiz da garantias 
não vinculam ao juiz da instrução e julgamento. 
Outrossim, antes da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019, 
conhecida como Pacote Anticrime, a antiga redação do artigo 282, § 2º, 
salientava que as medidas cautelares deveriam ser decretadas pelo juiz, 
de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso da inves-
tigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante 
requerimento do Ministério Público, todavia, essa redação foi alterada 
recentemente, importando em uma significativa mudança, uma vez que, 
com a nova legislação, atualmente as medidas cautelares serão de-
cretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da 
investigação criminal, por representação da autoridade policial ou me-
diante requerimento do Ministério Público, portanto, o magistrado não 
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tem mais o condão de decretar quaisquer medidas cautelares de ofício. 
Caso o indiciado ou réu venha a ser condenado, o tempo cum-
prindo em prisão cautelar será descontado de sua pena definitiva. A 
esse instituto dá-se o nome de detração. 
Prisão em Flagrante
A prisão em flagrante é uma espécie de prisão processual e está 
regulamentada entre os artigos 301 a 310 do Código de Processo Penal. 
O flagrante está autorizado pelo art. 5º, inc. XI, da Constituição 
Federal:
a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou 
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
Trata-se de medida restritiva de liberdade de natureza cautelar 
e consistente em ato administrativo, haja vista a dispensa de autori-
zação judicial para sua aplicação, que ocorre durante ou logo após a 
prática da infração. 
Em momento posterior, essa prisão poderá receber análise ju-
dicial de legalidade e adequação que deverá escolher um dos caminhos 
previstos no art. 310, do CPP.
O flagrante pode ser dividido em subespécies, quais sejam: 
(1)próprio; (2) impróprio; (3) presumido; (4) compulsório ou obrigatório; 
(5) facultativo; (6) esperado; (7) preparado ou provocado; (8) prorroga-
do;(9) forjado e (10) por apresentação.
No flagrante próprio o agente é surpreendido cometendo a in-
fração penal ou quando acaba de cometê-la. A prisão ocorre, no máxi-
mo, imediatamente após a infração – art. 302, inc. I e II, CPP.
Já no flagrante impróprio, o agente é perseguido logo após a 
infração em situação que acredite ser o autor do crime. Entretanto, nes-
sa hipótese não há limite temporal para que a perseguição seja encer-
rada – art. 302, inc. III, do CPP.
Tratar-se-á de flagrante presumido ou ficto o momento em que 
o agente é preso, logo depois de cometer a infração, com instrumentos, 
armas, objetos ou papéis que se façam presumir que seja ele o autor 
daquela infração – art. 302, inc. IV, CPP. 
Considera-se sujeito ativo do flagrante aquele que efetua prisão, 
ou seja, pode ser qualquer do povo, integrante ou não da força policial. Mas 
é preciso ressaltar que este não se confunde com o condutor, que é aquele 
que apresenta o preso à autoridade policial, que presidirá a lavratura do 
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auto, não sendo, obrigatoriamente, o mesmo que efetuou a prisão.
Considera-se sujeito ativo compulsório, necessário ou obriga-
tório da prisão em flagrante aquele que tem o dever realizá-la (estrito 
cumprimento do dever legal), ou seja, a autoridade policial e seus agen-
tes, sob pena de sanção disciplinar ou até mesmo de responsabilidade 
penal. Cabe ressaltar que a obrigação pressupõe a possibilidade de 
fazê-la – art. 301, in fine, CPP.
Cuida-se de flagrante facultativo da possibilidade que qualquer 
um do povo possa prender aquele que se encontre em situação de fla-
grante delito. Essa é uma situação opcional e que seu descumprimento 
não impõe qualquer tipo de sanção – art. 301, CPP.
O sujeito passivo é aquele apreendido em situação de flagrân-
cia e que se encontre em quaisquer das situações narradas pelo art. 
302 do Código de Processo Penal. No entanto, há algumas exceções:
a) O Presidente da República não pode ser preso em flagrante, 
somente poderá ser preso com o advento de sentença condenatória 
transitada em julgado – art. 86, § 3º, da CF; 
b) Os diplomatas estrangeiros podem desfrutar da possibilidade 
de não serem presos em flagrante, a depender dos tratados e convenções 
internacionais. Isso porque o art. 1º, inc. I, do CPP determina que suas 
regras são aplicáveis em todo o território nacional, salvo se houver dispo-
sição em sentido contrário em tratados, convenções ou regras de direito 
internacional ratificados pelo Brasil. Em virtude da Convenção de Viena de 
1961 sobre Relações Diplomáticas, ratificada pelo Decreto n. 56.435/65, 
tanto os agentes diplomáticos, como os Embaixadores, não podem ser ob-
jeto de nenhuma forma de prisão (art. 29 da Convenção). Entretanto, em 
relação aos cônsules existe a Convenção de Viena de 1963, ratificada pelo 
Decreto n. 61.078/67, que, em seu art. 41, caput, estabelece que os fun-
cionários consulares não poderão ser detidos ou presos preventivamente, 
exceto em caso de crime grave e em decorrência de decisão de autoridade 
judiciária competente, ou seja, imunidade dos Cônsules, portanto, é mais 
restrita do que a dos demais agentes diplomáticos; 
c) Os Deputados Federais e Senadores só podem ser presos 
em flagrante por crime inafiançável, devendo os autos serem remeti-
dos à respectiva Casa em 24 horas para a votação da maioria de seus 
membros para análise sobre a prisão – art. 53, § 2º, CF. Entendendo a 
Casa pela manutenção da prisão, caberá ao STF converter a prisão em 
preventiva ou não – art. 53, § 1º, da CF;
d) Os Deputados Estaduais só podem ser presos em flagrante 
por crime inafiançável, devendo os autos serem encaminhados em 24 ho-
ras à Assembleia Legislativa, para que se decida sobre a prisão e sua prer-
rogativa de foro perante o Tribunal de Justiça de seu respectivo Estado;
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e) Os Magistrados só poderão ser presos em flagrante por cri-
me inafiançável, devendo a autoridade fazer a imediata comunicação e 
apresentação do magistrado ao Presidente do respectivo Tribunal – art. 
33 da LC n. 35/79; 
f) Os membros do Ministério Público só poderão ser presos 
em flagrante por crime inafiançável, devendo a autoridade fazer em 24 
horas a comunicação e apresentação do membro do MP ao respectivo 
Procurador-Geral– art. 40, inc. III, da Lei n. 8.625/93; 
g) Os advogados somente poderão ser presos em flagrante, 
por motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, 
sendo necessária a presença de representante da OAB, nas hipóte-
ses de flagrante em razão do exercício profissional, para a lavratura do 
auto, sob pena de nulidade. Quando se tratar de crime afiançável no 
desempenho da advocacia, é vedada a prisão em flagrante, devendo 
a autoridade policial instaurar inquérito mediante portaria. Todavia, se 
o crime afiançável não for cometido no desempenho da profissão, será 
plenamente possível a prisão em flagrante, aplicando-se as regras co-
muns do Código de Processo Penal – art. 7º, § 3º, do Estatuto da OAB; 
h) Conforme determinação do art. 228 da Constituição e art. 27 
do Código penal, os menores de 18 anos são inimputáveis, o que significa 
dizer que os menores de 18 anos não estão sujeitos às regras do CPP, e 
aqueles que tiverem 12 anos ou mais e menos 18 anos, estarão sujeitos às 
regras do Estatuto da Criança e do Adolescente, praticando ato infracional 
e não infração penal, podendo sofrer apreensão em flagrante, e não uma 
prisão em flagrante. “Nenhum adolescente será privado de sua liberdade 
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada 
da autoridade judiciária competente” (art. 106, Lei nº8.069/1990); 
i) O motorista que presta pronto e integral socorro à vítima de 
acidente de trânsito não será preso em flagrante, nem lhe será exigida 
fiança (art. 301, CTB). 
A doutrina e a jurisprudência criaram algumas classificações 
para diferenciar situações de flagrância e, a partir disto, estabelecer a 
sua validade. 
Quando alguém é induzido ou instigado a cometer um delito, 
e nessa oportunidade, toma-se providências para que este seja preso, 
denomina-se flagrante preparado. Esta é uma hipótese de consumação 
impossível e, portanto, é nulo por ser considerado atípico.
Nessa toada, o Supremo Tribunal Federal editou a súmula n. 
145: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna 
impossível a sua consumação”, ou seja, trata-se de hipótese de crime 
impossível nos termos do art. 17 do Código Penal.
Contudo, o flagrante preparado não se confunde com o flagrante 
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esperado, uma vez que neste, a autoridade policial tem conhecimento 
da prática da infração em determinado local e lá aguarda o momento da 
execução para que, nesse momento, possa prender o autor em flagrante. 
Nessa hipótese, não há qualquer interferência externa ou induzimento 
para prática da infração, tudo transcorrerá em seu fluxo normal. Diante 
disto, não há que se falar em invalidade ou irregularidade do ato. 
Situação também diversa é a aquela ocorrida no flagrante for-
jado que, por ser considerado nulo, deve ter a prisão relaxada, haja 
vista que a prisão fora efetivada com base em provas que foram criadas 
a partir de uma infração penal que inexistiu.
Advindo da antiga lei de combate às organizações criminosas, 
o flagrante prorrogado também conhecido como diferido, retardado ou 
prorrogado consiste na hipótese em que a autoridade policial tem a pos-
sibilidade de aguardar o momento mais adequado para realizar a prisão, 
podendo postergarsua intenção para que haja apenas no momento que 
julgar melhor para angariar provas contra os envolvidos. 
Atualmente essa espécie de flagrante é prevista em duas le-
gislações: no artigo 8º da atual Lei de Organizações Criminosas (Lei n. 
12.850/13) e no artigo 53, inc. II, da Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006).
O agente que se entrega à polícia, espontaneamente, sem se-
quer ser perseguido, não está em situação de flagrância e, portanto, 
não se enquadra em nenhuma das hipóteses legais descritas não po-
dendo ser autuado. 
Outro aspecto relevante no estudo da prisão em flagrante é a 
relação entre essa modalidade de prisão e algumas espécies de infra-
ção penal. 
Os crimes de ação penal privada ou de ação penal pública con-
dicionada à representação dependem da manifestação de vontade do le-
gitimado para que haja a lavratura do auto de prisão em flagrante. Isto se 
justifica pelo fato de que o auto de prisão inicia o inquérito policial e, para 
que isso ocorra faz-se necessária a autorização da vítima ou de seu repre-
sentante, conforme disposição dos parágrafos §§ 4º e 5º do art. 5º do CPP.
Considera-se crime habitual aquele que não se consuma em 
apenas um ato, pressupondo uma reiteração de condutas. Para parte da 
doutrina e, em especial Tourinho Filho e Frederico Marques, essa espé-
cie de infração penal não admite prisão em flagrante, pois, esta retrataria 
apenas um recorte, um ato isolado do todo, da infração penal por inteiro, 
e que seria, portanto, conduta atípica. Para outros, a exemplo de Mirabe-
te e Greco Filho, “compreendem possível a prisão em flagrante quando o 
agente for surpreendido na prática de um dos atos que compõem a con-
duta delituosa, exigindo-se, porém, prova inequívoca de atos anteriores” 
(AVENA, p. 1121, 2018). Parte majoritária da doutrina adere ao entendi-
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mento de que é possível o flagrante no caso de crime habitual.
Outra peculiaridade existe quando se trata da prisão em fla-
grante nos crimes permanentes, pois, essa só será possível enquanto 
não cessada a permanência – art. 303 do CPP.
O auto de prisão em flagrante consiste em documento lavrado 
por autoridade policial local em que ocorreu a prisão-captura, ainda que 
tenha sido outro o local onde o crime fora praticado.
O art. 308, do CPP adverte que na hipótese de que não haja 
autoridade policial no local onde o indivíduo fora capturado, o condutor 
deva levar o preso para a autoridade policial do lugar mais próximo. 
Conforme prevê o artigo 304 do CPP, na lavratura do auto de 
prisão em flagrante deverão ser ouvidos o condutor, duas testemunhas 
presenciais e o conduzido. Entretanto, caso não haja duas testemunhas 
presenciais poderão ser ouvidas duas testemunhas de apresentação do 
preso, conforme disposição do art. 304, §1º, do CPP.
O conduzido poderá manter-se em silêncio em exercício da 
garantia constitucional da autodefesa preconizada pelo art. 5º, inc. LXIII 
da CF. 
É importante salientar que as testemunhas presencial e de 
apresentação não se confundem, enquanto a primeira depõe acerca 
do crime praticado e de sua autoria, a segunda apenas confirma que o 
condutor apresenta o preso para a autoridade policial e que afirma ser 
ele o autor do delito. 
Difere-se ainda a testemunha de leitura (testemunha fedatária) 
que, de acordo com o art. 304, §3º, do CPP, caso o preso não saiba ler, 
o auto de prisão em flagrante deverá ser assinado por duas testemu-
nhas que tenha presenciado a leitura deste.
Em seguida, a prisão será imediatamente comunicada à autori-
dade judiciária, ao Ministério Público, à família do preso ou à pessoa por 
ele indicada – art. 306, caput, do CPP e art. 5º, inc. LXII, 2ª parte, da CF.
Essa comunicação não se confunde com a comunicação indi-
cada no parágrafo 1º do mesmo artigo que determina o envio do auto de 
prisão em flagrante ao juízo em 24 horas.
A nota de culpa é o documento entregue ao preso e assinado 
pela autoridade que lavra o auto de prisão em flagrante, devendo nela 
constar o motivo da prisão, o nome do condutor e das testemunhas. 
O prazo para entrega desse documento é de, no máximo, 24 horas, a 
partir da lavratura do auto de prisão em flagrante. 
Ao receber a nota de culpa o preso poderá assiná-la ou recu-
sar-se a assiná-la. Caso haja recusa, a autoridade deve fazer uma certi-
dão constando recusa, que deve ser assinada por duas pessoas. Caso 
a nota de culpa não seja entregue, o flagrante deverá ser relaxado, em 
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virtude da ausência de formalidade. A entrega deste documento asse-
gura ao preso a identificação dos responsáveis por sua prisão .
A desobediência de quaisquer das formalidades do auto de pri-
são em flagrante enseja a nulidade do auto. Todavia, a nulidade atinge 
apenas o auto, não gerando outras consequências nas fases processu-
ais seguintes.
Atualmente, após a mudança advinda com a Lei nº 13.964/2019, 
ao receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 
(vinte e quatro) horas depois da realização da prisão, o juiz deverá 
promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu ad-
vogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do 
Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá de maneira funda-
mentada, relaxar a prisão ilegal, ou converter a prisão em flagrante em 
preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste 
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cau-
telares diversas da prisão, por fim, cabe ainda a hipótese de conceder 
liberdade provisória, com ou sem fiança. (artigo 310, incisos I, II e III do 
Código de Processo Penal).
São consideradas circunstâncias ilegais que por consequência 
autorizam o relaxamento da prisão:
a) Ausência de quaisquer dos requisitos formais na lavratura 
do auto de prisão em flagrante;
b) inexistência de flagrante;
c) atipicidade do fato narrado por aqueles ouvidos no auto de 
prisão;
d) excesso de prisão da prisão.
Com o advento do Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) hou-
ve significativas mudanças no que tange a prisão em flagrante. 
Inicialmente, vejamos que a redação anterior do artigo 283 do 
Código de Processo Penal, dispunha que ninguém poderia ser preso 
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da auto-
ridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória 
transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em 
virtude de prisão temporária ou prisão preventiva, no entanto, na reda-
ção atual do referido artigo, a expressão “sentença condenatória transi-
tada em julgado” foi substituída por “condenação criminal transitada em 
julgado” e expressão “em virtude de prisão temporária ou prisão pre-
ventiva” foi substituída por “em decorrência de prisão cautelar” , apesar 
da mudança na nomenclatura, não houve muita relevância prática.
Todavia, a nova legislação trouxe de forma expressa a neces-
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sidade de realização de audiência de custódia. Denoto que a referida 
audiência já estava sendo adotada no Brasil, a priori vejamos: 
O QUE É A AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA?
A audiência de custódia consiste no direito que a pessoa 
presa possui de ser conduzida sem demora à presença de autorida-
de judicial para que realize a análise da preservação de seus direitos 
fundamentais, observando-se: se sua prisão em flagrante foi legal 
ou deve ser relaxada; se a prisão cautelar deve ser decretada ou se 
ao preso possa ser concedido liberdade provisória ou outra medida 
cautelar diversa da prisão.
 O artigo 306 do Código de Processo Penal prevê as providências 
a serem tomadas pela autoridade policial quando da captura da pessoa. 
 Ocorre quemuitos Estados implantaram a audiência de cus-
tódia (também chamada de audiência de apresentação) por meio de 
normas emanadas pelo Poder Judiciário local que estabelecem a ne-
cessidade de que a pessoa presa seja apresentada a um juiz no prazo 
de 24 horas e que após a manifestação do Parquet e da defesa, decida-
-se pela manutenção ou não da prisão.
 A audiência de custódia está prevista na Convenção Ameri-
cana sobre Direitos Humanos (CADH), também conhecida como Pacto 
de São José da Costa Rica, no art. 7º, item 5, 1ª parte
“toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à 
presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções 
judiciais e tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em 
liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo”.
 
O Pacto de São José da Costa Rica foi promulgado por meio 
do Decreto Presidencial n. 678/92. Conforme redação do art. 5º, §3º da 
CF, os tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil 
foi signatário incorporam-se em nosso ordenamento jurídico com status 
de norma jurídica supralegal . Portanto, a CADH é uma norma jurídica 
hierarquicamente superior a qualquer lei ordinária ou complementar, só 
estando abaixo, portanto de normas constitucionais. 
 Diante desse contexto, vários Tribunais Federais e Estaduais 
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editaram atos normativos determinando a realização de audiências de 
custódia com fundamento no artigo 7º, item 5, da CADH.
 Em agosto de 2015, o STF julgou a ADI 5240 proposta pela 
Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol/Brasil) que 
questionava a realização das audiências de custódia por meio de pro-
vimento conjunto do Tribunal de Justiça de São Paulo e Corregedoria 
Geral da Justiça de São Paulo alegando ter havido inovação no orde-
namento jurídico, uma vez que esta somente poderia ter sido criada por 
lei federal e jamais por provimento autônomo, uma vez que esta seria 
competência da União, por meio do Congresso Nacional. 
 Nessa ocasião, o STF entendeu não houve qualquer inovação 
no ordenamento jurídico, uma vez que o direito fundamental do preso de 
ser levado sem demora à presença do juiz está previsto na Convenção 
Americana dos Direitos do Homem, e também no Código de Processo 
Penal brasileiro. O procedimento apenas disciplinou normas vigentes.
Em 15 de dezembro de 2015, o Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ) aprovou a Resolução n. 213/2015 que regulamenta o procedimen-
to nas audiências de custódia. A Resolução determina que todo preso em 
flagrante deverá ser apresentado pela autoridade policial, em até 24 ho-
ras após a prisão, ao juízo, para participação em audiência de custódia. 
Antes da apresentação da pessoa presa ao juiz, será assegu-
rado seu atendimento prévio e reservado por advogado por ela consti-
tuído ou defensor público, sem a presença de agentes policiais, sendo 
esclarecidos por funcionário credenciado os motivos, fundamentos e 
ritos que versam sobre a audiência de custódia. Já na audiência, o ma-
gistrado, após explicar o que é a audiência de custódia e informar ao 
preso sobre o direito ao silêncio, questionará se lhe foi dada ciência e 
efetiva oportunidade de exercício dos direitos constitucionais inerentes 
à sua condição, particularmente o direito de consultar-se com advogado 
ou defensor público, o de ser atendido por médico e o de comunicar-se 
com seus familiares; indagará sobre as circunstâncias de sua prisão ou 
apreensão; perguntará sobre o tratamento recebido em todos os locais 
por onde passou antes da apresentação à audiência, questionando so-
bre a ocorrência de tortura e maus-tratos e adotando as providências 
cabíveis; verificará se houve a realização de exame de corpo de delito, 
determinando sua realização nos casos em que não tenha sido realiza-
do, os registros se mostrarem insuficientes ou a alegação de tortura e 
maus-tratos referir-se a momento posterior ao exame realizado. 
O magistrado não deve formular perguntas com objetivo de 
produzir prova para a investigação ou ação penal relativas aos fatos ob-
jeto do auto de prisão em flagrante. “Após a oitiva da pessoa presa em 
flagrante delito, o juiz deferirá ao Ministério Público e à defesa técnica, 
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nesta ordem, reperguntas compatíveis com a natureza do ato, devendo 
indeferir as perguntas relativas ao mérito dos fatos que possam consti-
tuir eventual imputação, permitindo-lhes, em seguida, requerer o relaxa-
mento da prisão em flagrante, a concessão da liberdade provisória sem 
ou com aplicação de medida cautelar diversa da prisão, a decretação 
de prisão preventiva ou a adoção de outras medidas necessárias à pre-
servação de direitos da pessoa presa. 
Em seguida, o juiz decidirá, no próprio ato e de maneira funda-
mentada. O termo da audiência de custódia será apensado ao inquérito 
ou à ação penal. Observe-se, por fim, que a apresentação à autoridade 
judicial no prazo de 24 horas também será assegurada às pessoas pre-
sas em decorrência de cumprimento de mandados de prisão cautelar ou 
definitiva, aplicando-se, no que couber, os procedimentos previstos na 
Resolução n. 213/2015 do CNJ” (GONÇALVES, p.337, 2018).
Denoto que a nova redação trazida pela Lei nº 13.964/2019 apenas atualizou 
o art. 287, para estabelecer expressamente que o preso será apresentado 
ao Juiz que tiver expedido o mandado, para fins de realização de audiência 
de custódia. 
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 
24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover 
audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constitu-
ído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, 
nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela 
Lei 13.964/19)
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente pra-
ticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do 
caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provi-
sória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos proces-
suais, sob pena de revogação. (Incluído pela Lei 13.964/19) 
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização 
criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deve-
rá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. (Incluído 
pela Lei 13.964/19) 
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização 
da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo res-
ponderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. (Incluído pela Lei 
13.964/19) 
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabe-
lecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem 
motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada 
pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata de-
cretação de prisão preventiva.” (NR) (Incluído pela Lei 13.964/19) – SUS-
PENSO CAUTELARMENTE PELO STF (ADI 6298).
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Portanto, vê-se que anterior a lei denominada de Pacote Anti-
crime (Lei nº 13.964/2019), o judiciário já adotava a audiência de cus-
tódia, não porque estava prevista em lei ordinária, mas sim, porque foi 
implantada por força de regulamentação do CNJ , uma vez que há pre-
visão do ato no Pacto de São José da Costa Rica, que prevê, em seu 
art. 7º, item 5, que “toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, 
sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizadapela 
lei a exercer funções judiciais” , conforme restou explicitado em quadro 
acima, visto isso, o Brasil atualmente continua a adotar a presente audi-
ência, mas agora, prevista como ato processual na legislação brasileira 
e compondo ordenamento jurídico com status de lei ordinária.
Sobre ato da audiência de custódia, vê-se que a audiência é 
realizada logo após a prisão em flagrante, de maneira a permitir que 
haja um contato direto entre o Juiz e o preso, devendo ser acompa-
nhada por um defensor (advogado constituído, defensor público, etc.) e 
pelo Representante do Ministério Público. A finalidade da audiência de 
custódia é verificar a legalidade da prisão e certificar se houve ocorrên-
cia de excessos (maus-tratos, tortura, etc.), devendo o Juiz decidir pela 
decretação da prisão preventiva ou concessão de liberdade provisória. 
Ademais, a audiência deverá ser realizada em até 24 horas, com a pre-
sença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria 
Pública e o membro do Ministério Público.
Importante lembrar que com a Lei nº 13.964/2019, trouxe que a 
não realização da audiência de custódia no prazo de 24 horas, além de 
ensejar a ilegalidade da prisão em flagrante, ensejará a responsabilida-
de da autoridade que deu causa ao descumprimento do mandamento 
legal, todavia, O Supremo Tribunal Federal, em decisão liminar na ADI 
6298, suspendeu a eficácia do §4º do art. 310 do CPP, portanto, a pre-
visão de que a não realização de audiência de custódia sem motivação 
idônea ensejaria a ilegalidade da prisão, com o consequente relaxa-
mento da prisão, está SUSPENSA até o julgamento do mérito da ADI.
Para finalizar, no tocante a possibilidade de realização da au-
diência de custódia por videoconferência, restou vetado o trecho da lei 
(Lei nº 13.964/19) em que proibia a realização de audiência de custódia 
por meio de videoconferência (art. 3º B, § 1º, do Código de Processo 
Penal, nesse sentido, destaco atual jurisprudência sobre o assunto:
EMENTA: HABEAS CORPUS. DESCAMINHO. IMPORTAÇÃO IRREGULAR 
DE PRODUTOS PARA FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS. DESO-
BEDIÊNCIA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. DANO QUALIFICADO. PRISÃO 
EM FLAGRANTE. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA REALIZADA POR MEIO DE 
VIDEOCONFERÊNCIA. INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. NULIDADE DO DE-
CRETO DE PRISÃO PREVENTIVA. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Por ocasião da 
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sanção presidencial à Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime), restou vetado o 
trecho da lei que proibia a realização de audiência de custódia por meio de 
videoconferência (art. 3º-B, § 1º, do CPP). Dessa forma, não havendo qual-
quer proibição quanto à sua utilização, é válida a audiência realizada pelo 
juízo impetrado. 2. De acordo com a Resolução nº 43/2019, complementada 
pela Resolução nº 60/2019, ambas desta Corte, que tratam da regionalização 
da competência criminal, os processos criminais da Subseção Judiciária de 
Campo Mourão - PR passaram à atribuição da 1ª Vara Federal de Umuarama 
- PR, não havendo falar em incompetência do juízo para examinar o caso. 
3. Inviável a aplicação, no caso em tela, da decisão proferida no Conflito 
de Competência nº 168.522/PR, julgado em 11-12-2019 pela 3ª Seção do 
STJ. É que no presente feito a discussão travada é acerca de prisão em 
flagrante e no referido conflito de competência a discussão versa sobre o 
cumprimento de mandado de prisão expedido por autoridade de localidade 
diversa daquela em que efetivada a prisão (Curitiba/PR x Guarulhos/SP). 
4. A decisão proferida pelo Ministro DIAS TOFFOLI nos autos da Reclama-
ção para Garantia das Decisões n.º 0008866-60.2019.2.00.0000, que deferiu 
medida liminar para suspender a Resolução CM nº 09/2019 do Tribunal de 
Justiça de Santa Catarina, possui eficácia restrita ao âmbito daquele Tribunal 
de Justiça, não abarcando os feitos em tramitação perante a Justiça Federal 
da 4ª Região. 5. Ordem de habeas corpus denegada. (TRF4, HC 5007186-
39.2020.4.04.0000, SÉTIMA TURMA, Relator LUIZ CARLOS CANALLI, jun-
tado aos autos em 17/03/2020) (grifei).
Prisão Preventiva
A prisão preventiva é uma prisão de natureza cautelar. Tem-se 
que anterior a entrada em vigor da lei nº 13.964/2019, a prisão preventi-
va era decretada pelo juiz de ofício ou a requerimento das partes quan-
do presentes seus requisitos previstos em lei e ocorrerem as hipóteses 
autorizadoras, tanto durante a fase de inquérito policial, bem como na 
fase processual, antes do trânsito em julgado da sentença.)
Todavia, com a entrada em vigor da nova lei denominada de 
Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019), o artigo 311 do Código de Pro-
cesso Penal, passa a ganhar uma nova redação “Em qualquer fase da 
investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva 
decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante 
ou do assistente, ou por representação da autoridade policial”, portanto, 
observa-se que com a legislação atual, o juiz não pode mais decretar 
a prisão preventiva de ofício, conforme era visto antes da modificação 
trazida pela nova legislação.
É sabido que a decretação de tal medida tem caráter excepcio-
nal e apenas deverá ser adotada quando a liberdade do indivíduo possa 
comprometer a prestação jurisdicional. Destarte, não há que se falar em 
violação à presunção de inocência, uma vez que esta prisão tem caráter 
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meramente processual, não constituindo pena, devendo, conforme art. 5º, 
inc. LXI, da CF, ser escrita e devidamente fundamentada por autoridade ju-
diciária competente. Caso a fundamentação seja considerada insuficiente 
ensejará a revogação da prisão por meio da interposição de habeas corpus 
Essa modalidade de prisão rege-se pelos princípios da “taxati-
vidade, adequação e proporcionalidade, não se sujeitando a regime de 
aplicação automática” (GONÇALVES, p. 339, 2018).
A prisão preventiva pode ser requerida pelo Ministério Público, 
pela autoridade policial, pelo Ministério Público, do querelante ou do assis-
tente, ou por decretação da prisão preventiva de ofício pelo Juiz, ou seja, o 
Juiz não pode mais decretar a prisão preventiva representação da autori-
dade policial, portanto, não cabe mais sem que haja provocação, situação 
em que era cabível antes da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019.
Vale ressaltar que o art. 20 da Lei 11.340/06 (“Lei Maria da Pe-
nha”) tem em sua redação que, em qualquer fase do inquérito policial ou 
da instrução criminal, cabe a prisão preventiva do agressor, decretada 
pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante re-
presentação da autoridade policial, porém, tendo em vista as recentes 
mudanças legislativas, entendo que a redação do art. 311 (que veda a 
decretação ex officio) possui redação mais recente, cabendo a aplica-
ção da lei prevista no Código de Processo Penal. 
Para que haja a decretação da prisão preventiva faz-se neces-
sário a presença do pressuposto positivo e do pressuposto negativo e 
as hipóteses de cabimento da prisão presentes no artigo 313, do CPP. 
O pressuposto positivo, ou seja, o fumus comissi delicti consis-
te na prova da existência do crime e indício suficiente de autoria asso-
ciado a, no mínimo, uma das hipóteses de periculum libertatis, quais se-
jam: garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência 
da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal – art. 
312, caput, do CPP. 
O pressuposto negativo consiste no fato de que para que seja 
decretada a prisão preventiva, o agente não pode estar acobertado por ne-
nhuma das excludentes de ilicitude, conforme prescreve o art. 314, do CPP. 
São hipóteses de periculum libertatis – art. 312, do CPP:
Atualmente, a prisão preventiva poderá ser decretada como 
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da 
instruçãocriminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando 
houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de 
perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. 
a) Garantia da ordem pública: a expressão ordem pública confere 
um conceito extremamente vago, indeterminado, e dessa amplitude se-
mântica se valem as decretações da maior parte das prisões preventivas. 
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Como bem cita BADARÓ, a jurisprudência tem utilizado a ex-
pressão para ressignificar várias situações, quais sejam, de periculosi-
dade do indivíduo, gravidade do delito, comoção social, credibilidade das 
instituições, perversão do crime, repercussão midiática, preservação da 
integridade física do acusado ou ameaça a prestação jurisdicional.
A corrente intermediária confere interpretação constitucional à 
acepção da expressão ordem pública, acreditando que a mesma está 
em perigo quando o criminoso simboliza um risco, pela possível reitera-
ção criminosa, caso permaneça em liberdade.
b) Garantia da ordem econômica: essa hipótese foi incluída 
ao art. 312, do CPP pela Lei n. 8.884/94 com a finalidade de prevenir 
e reprimir os crimes contra a ordem tributária (artigos 1º a 3º da Lei n. 
8.137/90), os crimes contra o sistema financeiro (Lei n. 7.492/86), os 
crimes contra a ordem econômica (artigos 4º a 6º da Lei n. 8.137/90 e a 
Lei n. 8.176/91), etc. 
c) Conveniência da Instrução criminal (tutela da prova): tutela-
-se a livre produção probatória, evitando o comprometimento da busca 
da verdade. Consiste em prisão cautelar instrumental.
d) Assegurar aplicação da lei penal: tem por fim evitar a fuga do 
agente que deseja eximir-se de eventual cumprimento da sanção penal. 
É conhecida como prisão cautelar final.
e) quando houver prova da existência do crime e indício su-
ficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do im-
putado, ambas hipóteses foram incluídas recentemente em razão da 
Redação dada pela Lei 13.964/19.
Todas as hipóteses de periculum libertatis analisadas acima au-
torizam a decretação da prisão preventiva, devendo a decisão proferida 
pelo Juiz ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência 
concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação 
da medida adotada, não podendo, em nenhuma hipótese, ser admitida 
a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de 
cumprimento de pena ou decorrência imediata de investigação criminal, 
bem como, pela apresentação ou recebimento de denúncia.
Outrossim, pondero ainda que a decisão que substituir ou dene-
gar a prisão preventiva, também deverão ser motivadas e fundamentadas.
São hipóteses de cabimento da decretação da prisão preventi-
va – art. 313, CPP:
I - Crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade 
máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em senten-
ça transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do 
art. 64 do Código Penal;
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III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a 
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiên-
cia, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.
O parágrafo único do mesmo artigo determina que também 
será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identi-
dade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficien-
tes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em 
liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a 
manutenção da medida. 
Ademais, outra importante mudança trazida pela lei do Pacote 
Anticrime, foi no tocante a necessidade de manutenção da prisão preven-
tiva, uma vez que o artigo 316, em seu parágrafo único, trouxe na reda-
ção que o órgão emissor da decisão deverá revisar a necessidade de sua 
manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, 
de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. Nesse sentido, destaco re-
cente julgado do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais: 
EMENTA: HABEAS CORPUS - TRÁFICO DE DROGAS - CONVERSÃO DA 
PRISÃO EM FLAGRANTE EM PREVENTIVA - DECISÃO FUNDAMENTADA 
- REITERAÇÃO DE IMPETRAÇÃO ANTERIOR - ILEGALIDADE DA PRISÃO 
PREVENTIVA - INOCORRÊNCIA - DECISÃO REVISADA HÁ MENOS DE 90 
DIAS - AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. Tratando-se alguns 
dos pedidos de mera reiteração de habeas corpus anteriormente impetra-
do, não se conhece dessa parte do pedido, nos termos da súmula n° 53 do 
TJMG. Não há que se falar em ilegalidade da prisão preventiva, tendo em 
vista que a necessidade da manutenção da custódia cautelar foi reanalisada 
pelo Juízo a quo há menos de 90 (noventa) dias, respeitando o disposto 
no artigo 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal, com redação 
dada pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime). (TJMG - Habeas Corpus Cri-
minal 1.0000.20.008483-8/000, Relator(a): Des.(a) José Luiz de Moura Fa-
leiros (JD Convocado) , 8ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 05/03/0020, 
publicação da súmula em 05/03/2020) – grifei. 
A prisão preventiva é regida pela cláusula rebus sic stantibus, 
ou seja, cessados os motivos que justificam a manutenção da prisão, 
a revogação é obrigatória, devendo o juiz revogar a medida, de ofício, 
ou por provocação, sem a necessidade de oitiva prévia do Ministério 
Público. O promotor será apenas intimado da decisão judicial, para se 
desejar, apresentar o recurso cabível à espécie. Contudo, uma vez pre-
sentes novamente os permissivos legais, nada obsta a que o juiz a de-
crete novamente, quantas vezes se fizerem necessárias. 
Prisão Domiciliar
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A prisão domiciliar consiste no recolhimento do (a) indiciado 
(a) ou acusado (a) em sua residência, só podendo dela ausentar-se 
com autorização judicial. Trata-se, na realidade, de maneira especial 
de cumprimento da prisão preventiva, sem que constitua modalidade 
autônoma de medida cautelar pessoal.
Essa substituição da prisão preventiva possibilita que o (a) indi-
ciado (a) ou réu permaneça fechado em sua residência em determinadas 
hipóteses, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. Trata-
-se de direito subjetivo do (a) preso (a) que tem como hipóteses, aquelas 
previstas no artigo 318 do Código de Processo Penal, quais sejam: 
a) maior de 80 (oitenta) anos;
b) extremamente debilitado por motivo de doença grave; 
c) imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 
6 (seis) anos de idade ou com deficiência; 
d) gestante; 
e) mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; 
f) homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do 
filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. 
Vale frisar que a prisão preventiva imposta à mulher gestan-
te, mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será 
substituída por prisão domiciliar, desde que não tenha cometido crime 
com violência ou grave ameaça a pessoa ou que não tenha cometido o 
crime contra seu filho ou dependente. 
A vedação nos parece óbvia. Conceder prisão domiciliar à mu-
lher que agride o próprio filho ou seu dependente é inadmissível e beira 
o absurdo. Seria até desnecessário ter lei vedando tal concessão, pois o 
próprio bom senso veda, mas como o bom senso foi jogado fora nos últi-
mos anos de vida forense no País é melhor dizer... é sempre bom dizer .
Lembrando que a substituição de que tratam os arts. 318 e 
318-A do Código de Processo Penal, poderá ser efetuada sem prejuízo 
da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 
319 da mesma lei.
Cabe ressaltar que a prisão domiciliar dos artigos 317 e 318 do 
Códigode Processo Penal não se confundem com aquela prevista no art. 
117 da Lei de Execuções Penal (Lei n. 7.210/84) que se destina ao con-
denado por sentença definitiva e que, portanto, cumpre pena em regime 
aberto, bem como também não se confunde com a medida cautelar diver-
sa da prisão estipulada pelo art. 319, inc. V também no CPP, que deno-
mina-se recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga. 
O art. 318, do Código de Processo Penal utiliza o verbo poderá 
para indicar a existência de discricionariedade do juiz. No entanto, ha-
vendo prova idônea que confirme hipótese legal, o juiz deverá conceder 
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a medida, independentemente de outros fatores, haja vista que se trata 
de direito subjetivo do réu.
Prisão Temporária
A prisão temporária é uma prisão de natureza cautelar, com 
prazo preestabelecido de duração, cabível exclusivamente na fase do 
inquérito policial, determinando o encarceramento em razão das infra-
ções seletamente indicadas na legislação. Tem por fim impedir que o 
investigado possa dificultar a colheita de provas durante a fase investi-
gativa de crimes de maior gravidade.
A medida poderá ser decretada pelo juiz por representação da 
autoridade policial ou a requerimento do Ministério Público, não sendo 
possível a decretação de prisão temporária ex officio. 
Essa modalidade restringe sua aplicabilidade à cláusula de re-
serva jurisdicional e, em face do disposto no art. 2º da que a instituiu, 
qual seja, a Lei n. 7.960/1989, somente podendo ser decretada pela 
autoridade judiciária, mediante representação da autoridade policial ou 
requerimento do Ministério Público. A temporária não pode ser decreta-
da de ofício pelo juiz, pressupondo provocação.
A prisão temporária apenas estará em harmonia com o princípio 
da presunção de inocência se admitida como prisão processual em cará-
ter cautelar e suas hipóteses de cabimentos forem analisadas conjunta-
mente aos pressupostos do periculum libertatis e fumus comissi delicti .
O art. 1º da Lei n. 7.960/1989 trata da matéria, admitindo a 
temporária nas seguintes hipóteses:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito 
policial;
II - quando o Indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer 
elementos ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer 
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indi-
ciado nos seguintes crimes: 
a) homicídio doloso; 
b) sequestro ou cárcere privado; 
c) roubo; 
d) extorsão; 
e) extorsão mediante sequestro; 
f) estupro; 
g) atentado violento ao pudor ; 
h) rapto violento ; 
i) epidemia com resultado de morte; 
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j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia 
ou medicinal qualificado pela morte; 
l) quadrilha ou bando ;
m) genocídio, em qualquer de suas formas típicas; 
n) tráfico de drogas; 
o) crimes contra o sistema financeiro; 
p) os crimes hediondos e assemelhados, quais sejam, tráfico, 
tortura e terrorismo, mesmo os não contemplados no rol do art. 1º da Lei 
n. 7.960/1989, por força do § 4º do art. 2º da Lei n. 8.072/1990 (Lei de 
Crimes Hediondos), são suscetíveis de prisão temporária.
Muito se discute acercado cabimento da temporária no que tan-
ge ao preenchimento dos elementos que justifiquem a decretação da me-
dida. Há várias correntes sobre o tema, predominando aquela que admite 
a prisão temporária com base no inciso III obrigatoriamente, uma vez que 
ele materializaria o fumus comissi delicti, trazendo o rol dos crimes que 
admitem essa modalidade prisão e, além dele, uma das hipóteses que 
representam o periculum libertatis, quais sejam, os incisos I ou II: ou é im-
prescindível para as investigações, ou o indiciado não possui residência 
fixa, ou não fornece elementos para a sua identificação.
Em regra geral, a prisão temporária é decretada por 5 dias, 
prorrogáveis por mais 5 dias em caso de comprovada e extrema neces-
sidade. Entretanto, se tratando de crimes hediondos e assemelhados, 
como por exemplo tráfico, terrorismo e tortura (parágrafo 4º, art. 2º, Lei 
n. 8.072/1990), o prazo da prisão temporária é de 30 dias, prorrogáveis 
por mais 30 dias, em caso de comprovada e extrema necessidade.
Lembrando-se que a prorrogação pressupõe requerimento fun-
damentado, cabendo ao magistrado deliberar quanto a sua admissibili-
dade e ouvir membro do Ministério Público quando o pedido for realiza-
do pela autoridade policial, não cabendo prorrogação de ofício.
Conforme redação do artigo 2º, § 7º da Lei n. 7.960/89, vencido 
o prazo de duração da medida o preso deve ser colocado em liberdade 
imediatamente, independentemente da expedição de alvará de soltura. 
O juiz ao receber o requerimento do Ministério Público ou a re-
presentação da autoridade policial, devendo nessa última hipótese ouvir 
membro do Parquet, terá vinte e quatro horas para proferir sua decisão, 
decretando, de forma fundamentada, a prisão temporária ou indeferindo-a.
O magistrado poderá, de ofício, ou em razão de pedido do Minis-
tério Público ou da defesa, determinar a realização de algumas providên-
cias: que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclareci-
mentos da autoridade policial e submete-lo a exame de corpo de delito.
Por interpretação extensiva ao art. 581, V, do CPP, cabe recurso 
em sentido estrito contra a decisão que denega a decretação da prisão 
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temporária e habeas corpus contra aquela que a decreta. Se a prisão for 
mesmo decretada, será expedido um mandado de prisão em duas vias e 
uma delas será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa.
Vale destacar ainda que não há que se falar em constrangimento 
ilegal devido à expiração do prazo determinado na lei para a duração da 
prisão temporária, ante a superveniência de decreto de prisão preventiva. 
Nesse sentido destaco recente jurisprudência do Tribunal de 
Justiça mineiro: 
EMENTA: "HABEAS CORPUS" - HOMICÍDIO QUALIFICADO - PRISÃO 
TEMPORÁRIA - REVOGAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - PERDA DO OBJETO 
- SUPERVENIÊNCIA DE PRISÃO PREVENTIVA - PEDIDO PREJUDICADO. 
Considera-se prejudicado o pedido de revogação da prisão temporária se 
tal prisão não mais subsiste, encontrando-se o paciente preso em razão de 
custódia preventiva decretada em seu desfavor. (TJMG - Habeas Corpus 
Criminal 1.0000.19.131102-6/000, Relator(a): Des.(a) Alexandre Victor de 
Carvalho, 5ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 05/11/0019, publicação da 
súmula em 06/11/2019) – grifei. 
A prisão apenas será executada após a expedição do respectivo 
mandado. Após a prisão, a autoridade deve informar ao preso acerca de 
seus direitos constitucionais — o direito de permanecer calado, de ter sua 
prisão comunicada aos familiares ou pessoa por ele indicada etc. Confor-
me redação do art. 3º da Lei n. 7.960/89, os presos temporários devem 
permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos (provisó-
rios ou condenados). Em todas as comarcas e seções judiciárias deve 
haver plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder Judiciário e 
do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão temporária.
É importante destacar que quando se fala no tema prisão tempo-
rária, há autores que consideram este tipo de prisão como sendo incons-
titucional, senão vejamos o posicionamento da doutrina de Paulo Rangel 
“Prisão temporária é também inconstitucional por uma razão muito sim-
ples: no Estado Democrático de Direito não se pode permitir que o Estado 
lance mão da prisão para investigar, ou seja, primeiro prende, depois in-
vestiga para saber se o indiciado, efetivamente, é o autor do delito. Trata-
-se de medida de constrição daliberdade do suspeito que, não havendo 
elementos suficientes de sua conduta nos autos do inquérito policial, é 
preso para que esses elementos sejam encontrados”.
Liberdade Provisória
A partir da interpretação da Constituição de 1988, é possível 
perceber que a liberdade é a regra, enquanto a prisão cautelar ocupa 
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uma posição provisória, de exceção, conforme pode-se perceber diante 
do princípio da presunção de inocência – art. 5º, inc. LVII, da CF.
Trata-se de um direito subjetivo garantido constitucionalmente 
no art. 5º, inc. LXVI, da CF: “ninguém será levado à prisão ou nela man-
tido, quando a lei admitir liberdade provisória, com ou sem fiança”.
Diante desse contexto, a liberdade provisória configura-se como 
situação de liberdade dada àquele preso em flagrante, atendidos requisi-
tos para que possa aguardar ao processo em liberdade, pagando fiança 
ou não fiança, conforme determinar o caso, sem que haja liberdade plena.
Ressalto que com o advento da Lei nº 13.964/2019, caso o juiz 
verifique pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato 
em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput 
do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade 
provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os 
atos processuais, sob pena de revogação ou ainda, se verificar que o 
agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou 
milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a 
liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares (artigo 310, §§ 1º 
e 2º do Código de Processo Penal). 
Este instituto da liberdade provisória, tem por fim inibir a con-
tinuidade de uma prisão cautelar desnecessária, mas em contrapartida 
mantém o acusado vinculado ao processo.
Com a nova redação do art. 319, foi estabelecido um sistema polimorfo, com 
amplo regime de liberdade provisória, com diferentes níveis de vinculação 
ao processo, estabelecendo um escalonamento gradativo, em que no topo 
esteja a liberdade plena e, gradativamente, vai-se descendo, criando restri-
ções à liberdade do réu no curso do processo pela imposição de medidas 
cautelares diversas, como o dever de comparecer periodicamente, de pagar 
fiança, a proibição de frequentar determinados lugares, a obrigação de per-
manecer em outros nos horários estabelecidos, a proibição de ausentar-se 
da comarca sem prévia autorização judicial, o monitoramento eletrônico, o 
recolhimento domiciliar noturno. Quando nada disso se mostrar suficiente e 
adequado, chega-se à ultima ratio do sistema: a prisão preventiva.
Dessa forma, a liberdade provisória é uma medida alternativa, de caráter 
substitutivo em relação à prisão preventiva, que fica efetivamente reservada 
para os casos graves, em que sua necessidade estaria legitimada. (LOPES 
JR., p. 118, 2017)
É importante ressaltar que os institutos a seguir não se con-
fundem: relaxamento da prisão em flagrante ou em prisão preventiva 
devido à ilegalidade da prisão seja ela originária ou posterior ;a revoga-
ção da prisão preventiva ou da medida cautelar diversa da prisão ou a 
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concessão da liberdade provisória com ou sem fiança. 
Há discussão doutrinária acerca natureza do instituto que pode 
acarretar em consequências distintas :
1ª corrente – liberdade provisória ligada a prisão em flagrante: 
Trata-se de vantagem que garante ao preso em flagrante responder ao 
processo em liberdade – art. 310, inc. III, do CPP.
2ª corrente – liberdade provisória como instituto autônomo: tra-
ta-se de mecanismo aplicado quando imposta uma das medidas caute-
lares alternativas à prisão dispostas nos art. 319 e 320, do CPP. Con-
forme interpretação do art. 321, do CPP, se acusado estiver cumprindo 
a medida cautelar será considerado liberdade provisória, ainda que não 
estivesse preso em flagrante. Este dispositivo admitiria a concessão de 
liberdade provisória antes de realizada a prisão.
3ª corrente – liberdade provisória aplicável apenas ao preso em 
flagrante, se presentes as hipóteses autorizadoras: esta corrente compre-
ende que tal benefício apenas seria aplicável às prisões em flagrante, uma 
vez que o art. 310, inc. III, do CPP é disciplinado no capítulo que trata da 
“prisão em flagrante” e traz a expressão “liberdade provisória”. Completan-
do o referido artigo, o art. 321 refere quando se utiliza do verbo “conceder”, 
ou seja, depreende-se que se trata de a uma concessão de benefício a 
alguém que já se encontra preso, condição prévia para tal concessão.
A doutrina clássica classifica o instituto em: (1) obrigatória, (2) 
permitida e (3) vedada.
• Liberdade Provisória Obrigatória: refere-se a um direito incon-
dicional do infrator que ficará em liberdade, mesmo tendo sido surpre-
endido em flagrante.
• Liberdade Provisória Permitida: É admitida quando não esti-
verem presentes os requisitos de decretação da preventiva, e quando a 
lei não vedar expressamente.
• Liberdade Provisória Vedada: É vedada quando couber pri-
são preventiva e nas hipóteses que a lei estabelecer expressamente a 
proibição.
Contudo, muito se questiona em se fazer a distinção entre a 
liberdade provisória obrigatória da liberdade provisória permitida, haja 
vista que não se trata de uma faculdade do magistrado .
Em resumo, as hipóteses em que a liberdade provisória é ve-
dada pela lei encontram abrigo nos artigos 323 e 324, do CPP. Há hipó-
tese de vedação no artigo 44 da Lei n. 11.343/2006, que dispõe que os 
crimes relacionados ao tráfico de drogas previstos nos artigos 33, caput 
e § 1º, e 34 a 37 dessa Lei eram insuscetíveis de liberdade provisória, 
bem como no art. 7º da Lei n. 9.034/1995, determinando a vedação de 
concessão da liberdade provisória aos agentes com intensa e efetiva 
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participação em organização criminosa.
Entretanto, em relação a vedação constante na Lei de Drogas 
foi declarada inconstitucional pelo STF, de forma incidental, no julga-
mento do Habeas Corpus n. 104.339/SP (DJ 05.12.2012). A partir de 
então “firmou-se o sentido de que está superada a vedação irrestrita à 
concessão do benefício aos agentes de crime relacionado à narcotra-
ficância, facultando-se ao julgador deixar de concedê-lo, unicamente, 
quando presentes os requisitos do art. 312 do CPP, o que deve ser 
analisado caso a caso” (AVENA, p. 1200, 2018).
Em relação à vedação da Lei n. 9.034/95, esta foi tacitamente 
revogada pelo art. 1º, inc. II da Lei n. 12.694/12 e, posteriormente tal 
legislação fora integralmente revogada pela Lei n. 12.850/13.
Outra hipótese de vedação à liberdade provisória que foi decla-
rada inconstitucional pelo STF na ADI 3.112/DF, estava no artigo 21 do 
Estatuto do Desarmamento – Lei n. 10.826/03.
São hipóteses de liberdade provisória obrigatória:
a) Infrações de menor potencial ofensivo - art. 69, parágrafo 
único, da Lei n. 9.099/95: prevê que àquele surpreendido quando da 
prática de infração de menor potencial ofensivo, em sendo “imediata-
mente encaminhado ao juizado” ou assumindo o compromisso de a ele 
comparecer, “não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança”; 
b) Porte de drogas para consumo pessoal - art. 48, § 2º, da Lei 
n. 11.343/06: A Lei de Drogas apresenta uma situação peculiar, pois, o 
usuário de drogas será encaminhado à lavratura do termo circunstan-
ciado, com a colheita do respectivo compromisso de comparecimento. 
Contudo, mesmo não se comprometendo, ainda assim está vedada a 
sua detenção (§ 3º, art. 48). Mesmo não assumindo o compromisso, 
ainda assim não ficará preso, o que configura mais um caso deliberda-
de provisórias em fiança incondicionada.
c) Acidentes de trânsito de que resultem vítimas, havendo pres-
tação de socorro - art. 301 da Lei 9.503/97: trata-se de hipótese que não 
prevê prisão em flagrante haja vista que houve prestação de socorro. Por 
configurar crime de menor potencial ofensivo, aplica-se o regramento do 
art. 69, parágrafo único da Lei n. 9.099/97 (art. 294, da Lei n. 9.503/97).
d) Infrações que permitem ao réu livrar-se solto (art. 283, § 1º, 
do CPP): caberá liberdade provisória, àqueles que estiverem respondendo 
por infrações a que a multa seja a única pena comida – art. 283, § 1º, do 
CPP. Por conseguinte, faz-se possível a aplicação do art. 309, do CPP que 
autoriza a autoridade policial a liberar o indivíduo, logo após a lavratura do 
auto de prisão em flagrante, independentemente do arbitramento de fiança. 
Considerando a liberdade provisória o gênero, há de se reco-
nhecer a existência das seguintes espécies:
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• Liberdade provisória com fiança;
• Liberdade provisória sem fiança.
A fiança é uma garantia real, patrimonial, prestada para se as-
segurar a liberdade do indiciado ou réu durante o processo penal desde 
que preenchidas determinadas condições, sendo efetivada por meio do 
pagamento em dinheiro ou na entrega de valores ao Estado.
Este instituto apenas poderá ser aplicado pela autoridade po-
licial às infrações leves punidas com penas privativas de liberdade não 
superior a quatro anos conforme determinação do art. 322, do CPP.
Após o requerimento para arbitramento de fiança, advindo por 
indiciado/réu ou Ministério Público, o magistrado tem o prazo de qua-
renta e oito horas para decidir sobre a concessão e, caso ultrapasse tal 
prazo, caberá habeas corpus por constrangimento ilegal. 
Trata-se de crimes inafiançáveis:
- o crime de racismo; 
- os crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos;
- os crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, 
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
Conceito Fiança Vínculo
Restringi-
da a quais 
tipos de 
infrações?
Liberdade 
provisória 
sem fiança 
e sem vín-
culo
o c o r r e r á 
quando a 
l i b e r d a d e 
p r o v i s ó r i a 
for concedi-
da obriga-
toriamente, 
sem que 
haja nenhu-
ma condi-
ção ao be-
n e f i c i a d o , 
devendo a 
autor idade 
policial la-
vrar o auto,
X X
- infrações 
cuja pena 
de multa 
é a única 
c o m i n a d a 
- infrações 
cujo máxi-
mo de pena 
privativa de 
l i be rdade , 
seja isola-
da, cumula-
da ou alter-
nada, não 
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e em segui-
da liberar 
o agente
passe a 
três meses
Liberdade 
provisória 
sem fiança 
e com vin-
culação
O infrator 
permanece-
rá em liber-
dade, sub-
metendo-se 
às exigên-
cias legais, 
sem neces-
sidade de 
realizar ne-
nhum imple-
mento pe-
cuniário. Há 
duas pos-
sibilidades: 
havendo ex-
cludente de 
ilicitude com 
vínculo de 
compareci-
mento a to-
dos os atos 
e havendo 
a conces-
são de fian-
ça sendo 
o acusado 
h i p o s s u f i -
ciente apli-
car-se-a a 
l i b e r d a d e 
provisór ia.
X V
Demais in-
f r a ç õ e s
É preciso salientar que o instituto da liberdade provisória, quan-
do concedida mediante fiança, é sempre condicionada, exigindo a lei, que 
afiançado esteja compelido ao adimplemento pecuniário e outros deveres:
- comparecimento perante a autoridade, toda vez que for inti-
mado para os atos do inquérito e da instrução; 
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- impossibilidade de mudar de residência, sem prévia permis-
são da autoridade competente; 
- proibição de ausentar-se por mais de oito dias de sua residência, 
sem comunicar àquela autoridade o lugar em que poderá ser encontrado; 
- vedação à prática de novas infrações.
Ocorrerá a quebra da fiança quando houver o descumprimento 
injustificado de algum dos deveres descritos acima pelo afiançado, po-
dendo ser determinada de ofício ou por provocação e tem as seguintes 
consequências:
– recolhimento ao cárcere, efetivando-se a prisão que foi evita-
da pela prestação de fiança, ou restabelecendo-se aquela previamente 
existente.
– perda de metade do valor caucionado, que será destinado ao 
Tesouro Nacional (Fundo Penitenciário Nacional, art. 346, CPP). A outra 
parte será devolvida. Mesmo que ao final o réu seja absolvido, a quebra 
não é revertida.
– impossibilidade, naquele mesmo processo, de nova presta-
ção de fiança (art. 324, I, CPP). 
A decisão judicial que impõe a quebra da fiança admite recurso 
em sentido estrito conforme o art. 581, inc. VII, CPP.
De acordo com o art. 584, §3º, do CPP, o recurso terá efeito 
suspensivo apenas quanto ao perdimento da metade do valor prestado 
em fiança, podendo ser interposto até mesmo pelo terceiro que prestou 
fiança em favor de outrem. 
Caso seja julgado procedente, a fiança volta a subsistir, sendo 
o afiançado colocado em liberdade, retornando todos seus efeitos - art. 
342, CPP.
Havendo trânsito em julgado da sentença condenatória e caso 
o condenado venha a frustrar a efetiva punição, negando-se ou evadin-
do-se para não cumprir a pena, fugindo da autoridade policial, a fiança 
poderá ser julgada perdida – art. 345, do CPP.
Mais uma vez, esta decisão admite o recurso em sentido estri-
to, por meio do mesmo fundamento legal, e também tem efeito suspen-
sivo quanto à destinação do valor remanescente, conforme se depreen-
de do art. 584, caput, CPP.
Na mesma toada, será considerada cassada a fiança que:
– for concedida por equívoco. Deve ser cassada, de ofício, ou 
por provocação. Somente o judiciário pode determinar a cassação.
– ocorra uma inovação na tipificação do delito, reconhecendo-
-se a existência de infração inafiançável (art. 339, CPP). Oferecida a de-
núncia, a fiança deve ser prontamente cassada, seja por requerimento 
do Ministério Público, seja de ofício.
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– houver aditamento da denúncia, imputando-se mais uma in-
fração ao réu. Como no concurso material as penas mínimas devem ser 
somadas, se isso ocorrer e ultrapassar o limite legal (pena mínimade 
dois anos), deve haver a cassação.
A decisão de cassação da fiança admite recurso em sentido 
estrito, entretanto, sem efeito suspensivo. Uma vez julgado procedente 
o recurso, a fiança será reestabelecida. Se a fiança for cassada, diz-se 
que a mesma foi julgada inidônea. 
É possível que haja a cassação em fase recursal. 
Em alguns casos, é possível que o valor da fiança não seja 
suficiente, ou que haja depreciação material ou perecimento de bens 
hipotecados ou caucionados; ou que haja nova classificação do delito, 
que tenha repercussão, em razão da alteração da pena, no quantitativo 
da fiança etc. Nestas hipóteses, é preciso que haja o reforço da fiança, 
conforme art. 340 do CPP.
Caso não haja o reforço, a fiança vai ser julgada sem efeito, 
sendo o valor inicialmente prestado devolvido, com o consequente re-
colhimento ao cárcere, expedindo-se mandado de prisão. 
Contra a decisão que julga sem efeito a fiança caberá recurso 
em sentido estrito, sem efeito suspensivo. 
É possível que haja dispensa do reforço caso o agente seja 
considerado hipossuficiente. Nesta hipótese, o agente permanece em 
liberdade com pleno efeito da fiança prestada.
Medidas Cautelares Diversas da Prisão 
As medidas cautelares diversas da prisão estão previstas no 
art. 319, do CPP, quais sejam:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo 
juiz, para informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência

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