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@estudadireitosofia 2021.2 Direito Processual Penal II Direito Processual Penal II Teoria Geral das Prisões O Artigo 5º, inciso LXVI da CF junto com o Artigo 288 do CPP ajudam a determinar um conceito para prisão, sendo esse: o termo “prisão” é o indicativo para pena privativa de liberdade (detenção, reclusão, prisão simples), a captura se da em decorrência de mandado judicial ou flagrante delito, ou, ainda, a custódia, consistente no recolhimento de alguém ao cárcere, e, por fim, o próprio estabelecimento em que o preso fica segredado. No sentindo que mais interessa o direito processual penal, a prisão deve ser compreendida como privação da liberdade de locomoção, com o recolhimento da pessoa humana ao cárcere, seja em virtude de flagrante delito, ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, seja em face de transgressão militar ou por força de crime propriamente militar, definidos em lei. (CF, art. 5º, LXI). Quando falamos em prisão vale lembrar que esse é o último meio do Estado para que aquele indivíduo responda pelo crime. No ordenamento jurídico brasileiro há 3 espécies de prisão: a) Prisão extrapenal: tem como subespécies a prisão civil e a prisão militar. • Importante ressaltar que a prisão civil, de acordo com a Constituição Federal de 88 se dá em duas formas, pelo devedor de alimentos e o depositário infiel. Mas o CF não é auto aplicável, sendo ilegal a prisão de depositário infiel. RE 466.343 - STF entendeu que os tratados Internacionais possuem um status normativo supralegal, tornando inaplicável a legislação infraconstitucional que lhe seja contrária. Súmula Vinculante 25 - É ILÍCITA a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. • Prisão civil só é dada por falta de adimplemento em questões alimentícias. Dentro do tema prisão extrajudicial ainda há a prisão militar que pode ocorrer por transgressões disciplinares e de crime propriamente militar. b) Prisão penal (Carcer ad poenam): é aquela que decorre de sentença em condenatória com trânsito em julgado que impôs o cumprimento de pena privativa de liberdade (STF – ADC’s 43, 44 e 54). • Só poderá ser legalmente aplicada após um devido processo penal no qual tenham sido respeitadas todas as garantidas e direitos do cidadão; • Caracteriza-se pela definitividade c) Prisão cautelar, provisória, processual ou sem pena (Carcer ad custodian): prisão cautelar é aquela decretada ANTES do trânsito em julgado de sentença penal condenatória com o objetivo de assegurar a eficácia das investigações ou do processo criminal. Tem como subespécies a prisão em flagrante, a prisão preventiva, a prisão temporária e as medidas cautelares diversas da prisão. • A prisão cautelar sempre vai levar em conta considerações objetivas, tendo característica transitória e deve ser compreendida como a instrumentalização do processo criminal. Vale ressaltar que a prisão cautelar tem dois importantes pressupostos que precisão ser seguidos para que se dê sua decretação. Pressupostos parra a decretação de uma Prisão cautelar: I. Fumus Comissi Delicti: é a fumaça da prática do delito, caracterizada pela prova da existência do crime e de indícios de autoria. Frise-se que a palavra “prova” dá uma idéia de juízo de certeza e “indício” é usado no sentido de prova semiplena ou menor valor persuasivo. II. Periculum Libertatis: é o perigo que a permanência do acusado em liberdade representa para as investigações, para o processo penal, para a efetividade do direito penal e para a própria segurança social. Art. 283, CPP. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. De acordo com o artigo ascendente a prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitando as restrições em relação a inviolabilidade do domicílio, assim ainda que a pessoa esteja durante o casamento, noite de núpcias, festividades natalinas ou religiosas, final de semana, etc., não há qualquer impedimento para o cumprimento da prisão, já que a regra é que a prisão pode ser levada a efeito em qualquer dia e a qualquer hora. Mas como cita o próprio artigo há restrições: I. Inviolabilidade do domicílio: nas hipóteses de flagrante delito a prisão pode ocorrer durante o dia ou a noite, independentemente de prévia autorização judicial. Art. 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; II. Conceito de dia: é a hipótese em que se possui autorização judicial, neste caso, só poderá ser feita durante o DIA. Mas o que seria o dia? Para a doutrina se estabeleceu dois critérios: o primeiro sendo o cronológico, em que a expressão “dia” é o período das 06:00h às 18:00h, enquanto que o segundo, o critério físico-astronômico estabelece que a expressão “durante o dia” compreende o período da alvorada ao crepúsculo, ou seja, de quando o dia clarear até escurecer, independente do horário. Jurisprudência O que acontece se o juiz decretar a prisão preventiva de ofício (sem requerimento)? • Regra: a prisão deverá ser relaxada por se tratar de prisão ilegal. • Exceção: se, após a decretação, a autoridade policial ou o Ministério Público requererem a manutenção da prisão, o vício de ilegalidade que maculava a custódia é suprido (convalidado) e a Enquanto a prisão penal (carcer ad poenam) objetiva infligir punição àquele que sofre a sua decretação, a prisão cautelar (carcer ad custodiam) destina-se única e exclusivamente a atuar em benefício da atividade estatal desenvolvida no processo penal. Logo a prisão preventiva não pode e não deve ser utilizada pelo Poder Público como instrumento de punição antecipada daquele a quem se imputou a prática do delito. prisão não será relaxada. Foi o que decidiu a 5ª Turma do STJ: O posterior requerimento da autoridade policial pela segregação cautelar ou manifestação do Ministério Público favorável à prisão preventiva suprem o vício da inobservância da formalidade de prévio requerimento. STJ. 5ª Turma. AgRg RHC 136.708/MS, Rel. Min. Felix Fisher, julgado em 11/03/2021 (Info 691). Ainda tratando sobre as restrições quanto ao momento da prisão é importante ressaltar a prisão no Código Eleitoral: Art. 236, CE. Nenhuma autoridade poderá, desde cinco dias antes e até quarenta e oito horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer ELEITOR, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo- conduto. §1º Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de suas funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia gozarão os candidatos desde quinze dias antes da eleição. §2º Ocorrendo qualquer prisão o preso será imediatamente conduzido à presença do juiz competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promoverá a responsabilidade do coator. Em regra, toda e qualquer pessoa pode ser presa. No entanto, há exceções. I. Presidente da República: não está sujeito a nenhuma hipótese de prisão cautelar. Art. 86, §3º, CF. Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão. II. Imunidade diplomática: chefe de Estado, Chefe de Governo estrangeiro, Embaixadores e suas famílias NÃO podem ser presos seja qual for o crime praticado. Quantos aos Agentes Consulares, essa imunidade está restrita aos crimes funcionais. III. Senadores, Deputados Federais,Estaduais e Distritais: Art. 53, §2º, CF Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Segundo o STF, a única hipótese de prisão cautelar a que estão sujeitos é o flagrante de crime inafiançável, não estando sujeitos a prisão preventiva e prisão temporária. O STF entendeu que essa imunidade não é garantia absoluta. HC 89.417. !!!!! CUIDADO: Vereadores NÃO gozam de imunidade prisional. IV. Magistrados e membros do MP: é preciso ter atenção, pois eles estão sujeitos a prisão temporária. Todavia, quanto a prisão em flagrante, esta é restrita aos crimes inafiançáveis. Art. 40, III, Lei 8625/93. Ser preso somente por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará, no prazo máximo de vinte e quatro horas, a comunicação e a apresentação do membro do Ministério Público ao Procurador-Geral de Justiça; No caso de prisão em flagrante de Promotor de Justiça, o Auto de Prisão em Flagrante deve ser lavrado pelo PGJ. E sobre o Advogado??? no exercício da função só poderão ser presos em flagrante de crime inafiançável, assegurada a presença de representante da OAB para a lavratura do APF. Art. 284, CPP. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso. Uso de algemas: Medida de natureza excepcional que só pode ser adotada nas seguintes hipóteses: a) Para prevenir ou impedir a fuga do preso; b) quando houver risco de agressão do preso contra os policiais, terceiros ou si mesmo. Súmula vinculante 11. Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do estado. • A Súmula vinculante criou a obrigação de justificar por escrito a utilização da medida (uso de algemas). A prisão especial é uma modalidade de cumprimento de pena para o preso cautelar. Assim, o cidadão só tem direito a prisão especial ANTES do trânsito em julgado de sentença penal condenatória. • O preso especial tem direito a permanecer separado dos demais presos. Art. 295, §1º, CPP. A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local DISTINTO da prisão comum. Art. 295, § 2º, CPP. Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento. Quem tem direito a prisão especial? Essa regra vale para pessoas com curso superior e também para governadores, prefeitos, parlamentares, oficiais militares e magistrados, entre outros. ATENÇÃO! Não confundir prisão especial com “seguro”. Art. 84, §2º, Lei 7210/84 (LEP). O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da administração da justiça criminal ficará em dependência separada. Sala de Estado-Maior É uma sala instalada no comando das Forças Armadas ou de outras instituições militares destituídas de grades ou de portas fechadas pelo lado de fora. Ela se assemelha a prisão especial porque as duas são formas de cumprimento de prisão cautelar até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. • Tem direito a sala de estado-maior os juízes, membros do MP, membros da Defensoria Pública e Advogados. • Frise-se que para o advogado, o estatuto da OAB prevê que não havendo sala de estado- maior na localidade, o advogado terá direito a prisão domiciliar. Art. 7º, V, Lei 8.906. São direitos do advogado: V – não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado-Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar; • Todavia, segundo o STF não se trata de garantia absoluta, podendo o advogado, a depender do caso concreto, permanecer preso, desde que em celas individuais Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado. Parágrafo único. O mandado de prisão: a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade; b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos; c) mencionará a infração penal que motivar a prisão; d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração; e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução. Destrinchando os requisitos do Mandado de Prisão: a) Ser lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade competente: nada impede que o mandado seja lavrado por um escrevente ou por um funcionário da justiça, o que é INDISPENSÁVEL é a assinatura da autoridade judiciária competente, elemento essencial à existência do mandado de prisão; b) Designar a pessoa que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos: de maneira semelhante ao que ocorre na denúncia (CPP, art. 41), não são necessários todos os dados referentes à qualificação da pessoa que tiver de ser presa (RG, filiação, alcunha, sexo, cor da pele, data de nascimento, naturalidade, endereço residencial). No entanto, diante dos frequentes casos de homônimos, deve- se buscar individualizá-la da melhor maneira possível, a fim de se evitar abusos e/ou erros; c) Mencionará a infração penal que motivar a prisão: impõe-se, aqui, uma interpretação extensiva, eis que a lei disse menos do que queria dizer. Isso porque, em se tratando de prisão civil do devedor de alimentos, não há infração penal. Destarte, o dispositivo em questão deve ser lido: mencionará a infração penal ou o motivo legal que der ensejo à prisão; d) Declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração: tendo em conta que a Constituição Federal preceitua que ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança, do mandado deve constar o valor da fiança se a infração for afiançável, sob pena, inclusive, de restar caracterizado o delito de abuso de autoridade previsto no art. 9º, parágrafo único, II, da Lei n. 13.869/19. O conceito de infrações afiançáveis deve ser feito a partir de uma interpretação a contrario sensu dos arts. 323 e 324 do CPP; e) Será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução: quem tem atribuição para fazer cumprir o mandado de prisão é o oficial de justiça, a autoridade policial ou seus agentes. Particulares ou funcionários públicos de outras categorias não detêm autorização para efetuar o cumprimento de mandado de prisão, nem mesmo por delegação. Além dos requisitos constantes do art. 285, outros são apontados pela doutrina: a) colocação da comarca, vara e ofício de onde é originário; b) número do processo e/ou do inquérito onde foi proferida a decisão decretando a prisão; c) nome da vítima do crime; d) teor da decisão que deu origem à ordem de prisão (preventiva, temporária, etc.); e) data da decisão; f) data do trânsito em julgado (quando for o caso); g) pena aplicada (quando for o caso); h) prazo de validade do mandado, que equivale ao lapso prescricional.134 Vale ressaltar os seguintes artigos: Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. §1º HAVENDO URGÊNCIA, o juiz poderá requisitar a prisãopor qualquer meio de comunicação, do qual deverá constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada. §2º A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as precauções necessárias para averiguar a autenticidade da comunicação. §3º O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da efetivação da medida. Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. §1º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão determinada no mandado de prisão registrado no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da competência territorial do juiz que o expediu. §2º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada, ainda que sem registro no Conselho Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias para averiguar a autenticidade do mandado e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar, em seguida, o registro do mandado na forma do caput deste artigo. §3º A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de cumprimento da medida o qual providenciará a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo que a decretou. §4º O preso será informado de seus direitos, nos termos do inciso LXIII do art. 5o da Constituição Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria Pública. §5º Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2o do art. 290 deste Código. §6º O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o registro do mandado de prisão a que se refere o caput deste artigo. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm Prisão em Flagrante Também chamada de flagrante delito, é uma medida de autodefesa da sociedade, consubstanciada na privação da liberdade de locomoção daquele que é surpreendido em situação de flagrância, a ser executada independentemente de prévia autorização judicial (CF, art. 5º, LXI). É importante ressaltar que a expressão “delito” abrange não só a prática de crime, como também a de contravenção. Nesse caso, todavia, tratando-se de infração de menor potencial ofensivo, não se procede à lavratura de Auto de Prisão em Flagrante, mas sim de Termo Circunstanciado de Ocorrência, caso o agente assume o compromisso de comparecer ao Juizado ou a ele compareça imediatamente (Lei no 9.099/95, art. 69, parágrafo único). A prisão em flagrante tem as seguintes funções: a) evitar a fuga do infrator; b) auxiliar na colheita de elementos informativos: persecuções penais deflagradas a partir de um auto de prisão em flagrante costumam ter mais êxito na colheita de elementos de informação, auxiliando o dominus litis na comprovação do fato delituoso em juízo; c) impedir a consumação do delito, no caso em que a infração está sendo praticada (CPP, art. 302, inciso I), ou de seu exaurimento, nas demais situações (CPP, art. 302, incisos II, III e IV); d) preservar a integridade física do preso, diante da comoção que alguns crimes provocam na população, evitando-se, assim, possível linchamento. Inicialmente, a prisão em flagrante funciona como mero ato administrativo, dispensando-se autorização judicial. Exige apenas a aparência da tipicidade, não se exigindo nenhuma valoração sobre a ilicitude e a culpabilidade. Na sistemática do CPP, o flagrante se divide em quatro momentos distintos: captura, condução coercitiva, lavratura do auto de prisão em flagrante e recolhimento à prisão. Diversamente da prisão preventiva e da prisão temporária, a prisão em flagrante independe de prévia autorização judicial, estando sua efetivação limitada à presença de uma das situações de flagrância descritas no art. 302 do CPP. Na elaboração do Código de Processo Penal e na redação antiga do art. 310, a prisão em flagrante, por si só, era fundamento suficiente para que o acusado permanecesse preso durante todo o processo, salvo se o delito fosse afiançável ou nas hipóteses em que o acusado livrava-se solto (antiga redação do art. 321 do CPP). Esse sistema, todavia, sofreu profunda modificação com a Lei no 6.416/77, que inseriu um parágrafo único ao art. 310 do Código de Processo Penal, segundo o qual se o juiz verificasse, pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão preventiva, deveria conceder ao capturado liberdade provisória sem fiança, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação. Inicialmente, a Sujeito ativo da prisão em flagrante é aquele que efetua a prisão do cidadão encontrado em uma das situações de flagrância previstas no art. 302 do CPP. Pode ser qualquer pessoa, integrante ou não da força policial, inclusive a própria vítima. Não se confunde com o condutor, que é a pessoa que apresenta o preso à autoridade que presidirá a lavratura do auto, nem sempre correspondendo àquele que efetuou a prisão. Sujeito Passivo: em regra, qualquer pessoa pode ser presa em flagrante. Há exceções, que já foram abordadas anteriormente ao tratarmos das imunidades prisionais. Prisão Preventiva A prisão preventiva é uma medida de natureza cautelar utilizada como um instrumento do juiz em um inquérito policial ou já na ação penal, ou seja, ela é um instrumento processual. Pode ser usada antes da condenação do réu em ação penal ou criminal e até mesmo ser decretada pelo juiz. Em ambos os casos, a prisão deve seguir os requisitos legais para ser aplicada, regulamentados pelo artigo 312 do Código de Processo Penal. Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. §1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). §2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. 1. Provas de materialidade e indícios de autoria (fumus comissi delicti); 2. Perigo gerado em deixar o sujeito livre (periculum libertatis); 3. Não couber as medidas cautelares diversas da prisão ou quando descumprir alguma dessas medidas; 4. Para visar: a) Garantia da ordem pública; b) Garantia da ordem econômica; c) Conveniência da instrução criminal; d) Garantia da aplicação da lei penal. 5. Baseada em fatos novos; 6. Decisão fundamentada. 1. Crimes dolosos com pena privativa abstratamente cominada maior que 4 anos; 2. Se o agente já tiver sido condenado por outro crime doloso, sentença transitada em julgado, exceto se já passou o período depurador; 3. Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência ou para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; 4. Quando houver dúvida sobre a identidade civil dapessoa ou quando está anão fornecer elementos suficientes para esclarecê-la. A prisão preventiva pode ser revogada quando o juiz observar que os motivos que ensejaram a prisão não existem mais (rebus sic stantibus) e essa revogação pode ser de ofício. OBS.: Nunca será preventiva se tiver indícios de que praticou o crime em excludente de ilicitude. OBS2.: O juiz é o responsável por decretar a prisão preventiva, mas ele não pode fazer isso de ofício no inquérito ou na ação penal (alteração do pacote anticrime). Uma vez decretada a prisão preventiva a cada 90 dias ela precisará passar por revisão para garantir a necessidade de manter a prisão. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art282. Prisão Temporária É a modalidade de prisão exclusiva da fase investigatória (PIC ou IP). Não se admite durante a fase processual. → Como já pontuado essa modalidade pode ocorrer na fase de investigação, mas não só no IP, pois essa não é a única forma de investigação pré-processual, pode se dar, por exemplo no inquérito civil e na investigação criminal presidida pelo MP. Obs.: Doutrinariamente se existe prisão especial e só é possível realiza-la naquela fase, ela deve ter prioridade. Ex.: se um caso se encontra na fase de investigação será priorizada a prisão temporária, não a preventiva. Já os tribunais superiores analisarão o caso concreto para definir de acordo com o que é apresentado. Obs2.: Relembre!!! Os pressupostos para a prisão temporária estão presentes em lei própria, é importante perceber que houveram alteração com o pacote anticrime, vejamos: Lei 7.960/89 Art. 1° Caberá prisão temporária: I. quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II. quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; III. quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: III deverá estar sempre presente, combinado com o inciso I ou II (entendimento majoritário), mas é importante se atenção ao enunciado 9 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ: Para a decretação da Prisão Temporária (Lei n. 7.960/1989) é necessária a aplicação cumulativa do inc. III com o inc. I do art. 1º da Lei n. 7.960/1989. As hipóteses de admissibilidade da prisão temporária estão presentes em um rol taxativo, ou seja, apenas nesses casos será possível pedir essa modalidade de prisão. Art. 1, III, a-p, da Lei 7.960/89. Observe: a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e Fumus Comissi Delicti: é a fumaça da prática do delito, caracterizada pela prova (materialidade + autoria) da existência do crime e de indícios de autoria. Periculum Libertatis: é o perigo que a permanência do acusado em liberdade representa para as investigações, para o processo penal, para a efetividade do direito penal e para a própria segurança social. Periculum libertatis Fummes comissi dellicti http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art148 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art148 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art157 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art157 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art158 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art158 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art159 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art159 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art213. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art214 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art214 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art219 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976); o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986). p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído pela Lei nº 13.260, de 2016) O prazo para prisão temporária está no art. 2º da lei 7. 960/89 e em regra o prazo é de até 5 dias podendo ser prorrogado por mais 5 dias (mediante autorização judicial). Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da REPRESENTAÇÃO da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. A prorrogação dar-se-á mediante DECISÃO JUDICIAL. §1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. Manifestação obrigatória do MP; O parecer do MP não vincula a decisão do juiz de direito! §2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento. §3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito. Decisão de ofício do juiz para prisão é realmente válida? Posterior ao pacote anticrime não se admitia o entendimento de que o juiz impusesse a prisão temporária, precisa de requerimento ou representação da autoridade policial ou MP. §4° Decretada a prisão temporária, expedir- se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa. §4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019) §5° A prisão somente poderá ser executada depois da expediçãode mandado judicial. Importante lembrar: conversão – para doutrina não pode haver conversão, já para os tribunais superiores é possível §6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição Federal. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art219 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art219 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art267§1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art267§1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art288 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6368.htm#art12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6368.htm#art12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13260.htm#art18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13260.htm#art18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art40 §7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação da prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019) Ultrapassado o prazo de 5 dias deve acontecer o relaxamento imediato da prisão, não precisando estar atrelado a nenhuma decisão judicial (o que precisa estar atrelado a decisão judicial é a prorrogação dos dias). §8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária. (Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019) Aqui trata-se da contagem do prazo, para entender o artigo é segue o exemplo: se a prisão se deu às 22hrs de uma segunda-feira começará a ser contada dali, ou seja, já se “perdeu” quase um dia todo de prisão. Importante: Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos. Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de 1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação: "Art. 4° ............................................................... i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade;" Prisão temporária e o Crime hediondo O conteúdo sobre a prisão temporária em caso de crime hediondo está disposta no art. 2º, §4º da Lei Nº 8.072/90. Vejamos: Art. 2º, §4º. A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. • Aqui o prazo será de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 (sob determinação judicial); • Caso o juiz decida pela prisão, só ele poderá decidir pela liberdade. Ex.: o delegado em 15 dias consegue concluir o que precisava, não mais necessitando do acusado em prisão temporária, nesse caso ele NÃO pode soltar (de ofício) o réu, precisa requerer ao juiz o relaxamento da prisão. • Atenção!!! Se o delegado representar pedido de 15 dias, sendo deferido pelo juiz, findado esse prazo haverá o relaxamento automático da prisão. Jurisprudência relevante: HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRISÃO TEMPORÁRIA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PARECER ACOLHIDO. 1. A prisão temporária, por sua própria natureza instrumental, é permeada pelos princípios do estado de não culpabilidade e da proporcionalidade, de modo que sua decretação só pode ser considerada legítima caso constitua medida comprovadamente adequada e necessária ao acautelamento da fase pré-processual, não servindo para tanto a mera suposição de que o suspeito virá a comprometer a atividade investigativa (HC n. 286.981/MG, Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 1º/7/2014). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art40 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art40 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art40 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art40 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4898.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4898.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm 2. No caso, a instância ordinária, em virtude de representação da autoridade policial e requerimento do Ministério Público, decretou a prisão temporária com o intuito de garantir a efetiva apuração dos fatos, notadamente pela gravidade concreta do delito e porque, após o ocorrido, o paciente não foi mais localizado, o que dificulta a continuidade e conclusão das investigações criminais. 3. Ordem denegada. (HC 379.690/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 04/04/2017, DJe 17/04/2017). • Demanda a presença substancial de comprovação do que o indivíduo fez. Então, a mera ausência de residência fixada no art. 1º, II é nula. Prisão Domiciliar A prisão domiciliar é uma forma de execução da prisão preventiva e consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial (art. 317 do CPP). É a limitação da locomoção, se dá exclusivamente no ambiente domiciliar, para que haja saídas (em outros lugares) deve haver autorização judicial. “Conversão da prisão preventiva em prisão domiciliar”. Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I. maior de 80 anos; II. extremamente debilitado por motivo de doença grave; É preciso laudo médico comprovando o estado do réu; Se for possível disponibilizar o tratamento no sistema carcerário NÃO será concedida a prisão domiciliar, não importa a gravidade da doença. III. imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos de idade ou com deficiência; Aquela criança SÓ tem aquele recluso como responsável. IV. gestante; V. mulher com filho de até 12 anos de idade incompletos; VI. homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 anos de idade incompletos. Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. O requerente da prisão temporária (autoridade policial ou MP) poderá pedir a quantidade de dias que acredita ser suficiente, não é obrigatório que sejam os 5 ou 30 dias completos. Então, por exemplo, se a Delegada titular do caso de Pedro acredita que em 4 (ou 15 dias) conseguirá resolver as demandas necessárias ela pedirá essa quantidade de dias. Aqui o que é relevante para concessão da prisão domiciliar é o estado de debilidade do paciente, não a gravidade do que lhe acomete. Por exemplo, Vitor (réu em prisão preventiva) é portador do vírus HIV, que é considerada uma doença grave, se for possível que continue o seu tratamento com o coquetel para HIV dentro do cárcere não lhe será concedida prisão domiciliar. PORÉM, se Vitor contraiu pneumonia e, em decorrência da doença que porta, ficou em estado de extrema debilidade precisandode monitoramento de homecare, será concedida a ele prisão domiciliar. Se liga no exemplo: Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: I. não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II. não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código. Atenção: HC 168.900/MG, REL. MIN. MARCO AURÉLIO, JULGADO EM 24/09/2019 (INFO 953): Em 20/02/2018, a 2 a Turma do STF (STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski) reconheceu o direito subjetivo das gestantes, puérperas (grávidas que tiveram filhos a pouco tempo), mães de menores de 12 anos incompletos ou de pessoas com deficiência de gozar da prisão domiciliar do art. 318 do CPP. 1. A mulher tiver praticado crime mediante violência ou grave ameaça; 2. a mulher tiver praticado crime contra seus descendentes (filhos e/ou netos); 3. em outras situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício, a exemplo da prática de crimes graves cujo convívio com a mãe pode prejudicar o desenvolvimento do menor (ex. situação na qual a mulher foi presa em flagrante com uma enorme quantidade de armamento em sua residência bem como havia indícios de que ela integra grupo criminoso voltado ao cometimento dos delitos de tráfico de drogas, disparo de arma de fogo, ameaça e homicídio. STF. 1a Turma. Esse Habeas Corpus que o poder legislativo introduziu no CPP o art. 318-A utilizando os mesmos requisitos, foi incluído pela lei Nº 12.403/11. ▪ ATENÇÃO! Norberto Avena afirma que, de acordo com o art. 300 do CPP, os presos provisórios não podem ficar juntos aos condenados definitivamente. Assim, apesar de não previsto no art. 318, se não for possível haver separação, poderá ser decretada a prisão domiciliar. Legislação Especial Penal X Código de Processo Penal Em relação a prisão domiciliar. Prisão domiciliar na LEP Prisão domiciliar no CPP 1. Maior de 70 anos; 2. Acometido de doença grave; 3. Com filho menor ou deficiente físico ou mental; 4. Gestante. 1. maior de 80 (oitenta) anos; 2. extremamente debilitado por motivo de doença grave; 3. imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; 4. gestante; 5. mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; 6. homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. 7. mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa ou não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. LEP: trata-se do indivíduo que está cumprindo pena definitiva; CPP: cumprimento de pena temporária, ou seja, modalidade de prisão cautelar que se dá durante o processo. Jurisprudência relevante: Sobre a execução provisória: É possível a concessão de prisão domiciliar, ainda que se trate de execução provisória da pena, para condenada gestante ou que seja mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência. STJ. 5ª Turma. HC 487.763-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 02/04/2019 (Info 647). Sobre o período em que o indivíduo esteve em prisão domiciliar: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO HABEAS CORPUS. DETRAÇÃO DA PENA E PRISÃO DOMICILIAR. POSSIBILIDADE. PERÍODO DA CUSTÓDIA A SER APURADO PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Qualquer prisão processual deve ser detraída da pena final imposta, não importa o local de seu cumprimento - cadeia, domicílio ou hospital -, devendo, portanto, a decisão ser mantida por seus próprios fundamentos. 2. Tendo sido constatada a prisão domiciliar da paciente, o período correspondente deve ser detraído do tempo total de pena fixada a ser aferido pelas instâncias ordinárias. 3. Agravo regimental improvido. (AgRg no AgRg nos EDcl no HC 442.538/PR, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 05/03/2020, DJe 09/03/2020) Sobre a possibilidade da negação da prisão domiciliar de mulheres gestantes ou mães ou responsáveis por crianças ou pessoas com deficiência: Habeas Corpus Substitutivo De Recurso Próprio. Tráfico De Drogas. Prisão Preventiva. Segregação Fundada Na Garantia Da Ordem Pública. Risco De Reiteração. Expressiva Quantidade E Variedade De Entorpecentes, Além De Petrechos. Fundamentação Idônea. Substituição Por Prisão Domiciliar. Cabimento. Art. 318-a Do Código De Processo Penal. Princípios Constitucionais Da Fraternidade E Da Dignidade Da Pessoa Humana. Prioridade Absoluta Da Criança. Habeas Corpus Coletivo N. 143.641/Sp. Prevalece A Aplicação Na Parte Que A Lei Não Regulou - Situações Excepcionalíssimas. Preenchimento Dos Requisitos Positivos E Negativos Para Prisão Domiciliar. Cumulação Com Medidas Cautelares Alternativas. Ordem Não Conhecida. Habeas Corpus Concedido De Ofício. (Hc 470.549/To, Rel. Ministro Reynaldo Soares Da Fonseca, Quinta Turma, Julgado Em 12/02/2019, Dje 20/02/2019). Medidas Cautelares Distintas da Prisão Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: I. comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II. proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; III. proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias Em suma: o período de prisão domiciliar deverá ser computado para prisão definitiva, ou seja, se precisa pagar 10 anos e 30 dias, ficou 30 dias em prisão domiciliar, só restará 10 anos. É possível que seja negado pelo juiz a prisão domiciliar dessa categoria, mas é preciso fundamentar o caso concreto. relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV. proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; V. recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; VI. suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; VII. internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi- imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; VIII. fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; IX. monitoração eletrônica. § 1o (Revogado). § 2o (Revogado). § 3o (Revogado). § 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares. Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando- se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. As autoridades responsáveis pelos órgãosde controle marítimo, aeroportuário e de fronteiras serão comunicadas sobre a proibição, ao passo que o réu terá de depositar o passaporte em juízo em 24 horas. A recusa em entregar o documento no prazo ensejará a decretação da prisão preventiva. Fiscalização O juiz, ao aplicar qualquer das medidas cautelares, deve estabelecer a forma de fiscalização de seu cumprimento, sem prejuízo da possibilidade de o MP supervisionar a execução da medida cautelar, diretamente ou com o concurso de órgãos ou instituições públicas. Duração Não há previsão de prazo máximo de duração das medidas cautelares, o que autoriza a conclusão de que os efeitos da decisão que as decreta devem perdurar enquanto subsistir a sua necessidade. Deve o juiz, entretanto, notadamente no que se refere à prisão, pautar-se pelos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade para estabelecer os casos em que a duração da medida se mostra excessiva. Detração Na medida em que, segundo o art. 42 do CP, apenas o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, e de internação provisória (art. 319, VII, do CPP), são passíveis de detração, não há espaço para cômputo na pena ou na medida de segurança do período de cumprimento das demais medidas cautelares. Detração é a subtração do tempo da medida cautelar da pena total. ATENÇÃO! Avena sustenta que no tocante ao recolhimento domiciliar no período noturno e nos http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm dias de folga (art. 319, V, do CPP), o respectivo período poderá ser objeto de detração apenas na hipótese em que fixado o regime inicial aberto. Liberdade Provisória O direito à liberdade provisória tem fundamento constitucional no art. 5º, inc. LXVI, segundo o qual “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”. As mudanças produzidas no CPP pela Lei nº 12..403/11, a liberdade provisória deixa de ser tratada apenas como medida de contracautela, substitutiva apenas da prisão em flagrante, e passou a ser dotado também de feição cautelar, desempenhando o mesmo papel que é atribuído à prisão cautelar, porém com menor grau de sacrifício da liberdade de locomoção do agente. Sua aplicação pode se dar de duas formas: a) Poderá o juiz tanto condicionar a manutenção da liberdade do acusado ao cumprimento de uma das medidas elencadas no art. 319 ou como sanção processual justificada pela verificada insuficiência da medida menos gravosa para proteção do interesse ameaçado; b) Poderá o juiz substituir a situação de prisão em flagrante, ou mesmo a prisão preventiva ou temporária, por uma das medidas menos gravosas arroladas no art. 319, que funcionarão como alternativas para obviar a providência extrema, somente justificada ante a constatação de que essa medida seja igualmente eficaz e idônea para alcançar os mesmos fins, porém com menor custo para esfera de liberdade do indivíduo. Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. Critérios para aplicação das medidas cautelares: a) necessidade para aplicação da lei penal, ou para a investigação ou a instrução criminal, ou para evitar a prática de infrações penais; b) adequação à gravidade do crime, às circunstâncias do fato e às condições pessoais do indiciado ou acusado. Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 anos. Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 horas. Com a Reforma, todo crime passou a ser, em tese, afiançável, salvo nas hipóteses dos arts. 323 e 324 deste Código. De qualquer forma, os Tribunais Superiores entendem que a vedação à fiança não implica na vedação à concessão de liberdade provisória sem fiança. Assim, tem-se por inócua qualquer vedação legal à concessão de fiança. !!! Possibilidade de fiança? O art. 322 trás essa possibilidade, mas há duas limitações, uma para quem vai conceder a fiança (que pode ser a autoridade policial ou o juiz de direito). A segunda restrição são os arts. 323 e 324 (onde NÃO pode ter fiança, mas pode haver concessão de liberdade provisória). ** Discussão sobre liberdade provisória para crimes de alta periculosidade onde o STF decidiu que pode sim ser concedido, pois se analisa o indivíduo e não a periculosidade do crime cometido. Nesse caso não Nesse momento de concessão da liberdade provisória (ou para qualquer medida que não seja prisão) será analisado apenas o fummos comissi delicti. terá direito a fiança, mas o juiz poderá sim analisar a possibilidade. Art. 323. Não será concedida fiança: I - nos crimes de RACISMO; II - nos crimes de TORTURA, TRÁFICO ILÍCITO de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como CRIMES HEDIONDOS; III - nos crimes cometidos por GRUPOS ARMADOS, CIVIS OU MILITARES, CONTRA A ORDEM CONSTITUCIONAL E O ESTADO DEMOCRÁTICO; IV - (revogado); V - (revogado). Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: I - aos que, no mesmo processo, TIVEREM QUEBRADO FIANÇA ANTERIORMENTE CONCEDIDA ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código; II - em caso de PRISÃO CIVIL OU MILITAR; III - (revogado); IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312). Aprofundamento Jurisprudencial OBS..: Não é necessário que o juiz escute o MP previamente nos casos de conversão do flagrante em liberdade provisória com fiança. STF: Se, no caso concreto, estiverem presentes os pressupostos para a decretação da prisão preventiva, o crime será considerado inafiançável (art. 324, IV, do CPP) mesmo que não esteja listado no art. 323 do CPP (AC 4036 e 4039, em 25/11/2015). Assim entende-se que os crimes inafiançáveis são aqueles presentes no rol taxativo dos artigos 323 e 324, bem como todos aqueles crimes que, analisados no caso concreto, estiverem presentes os pressupostos para a decretação de prisão preventiva. Crimes que, a princípio, não são inafiançáveis, considerando que não se encontram listados no art. 323 do CPP, ou seja, não são crimes absolutamente inafiançáveis, podem se tornar inafiançáveis desde que, no caso concreto, estejam presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva, pois, assim, estará configurada uma situação que não admite fiança (art. 324, IV, do CPP). A fiança poderá ser atribuída pela autoridade policial (art. 323, I, II e III). E peça autoridade judicial (art. 326, I, II e III). Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade (policial ou judiciária) que a conceder nos seguintes limites: I. de 1 a 100 salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 anos. A autoridade policial só poderá conceder fiança se a PPL imputada ao crime não for superior a 4 anos (art. 322). II. de 10 a 200 salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 anos. § 1º Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser: STF: O juiz, para indeferir o pedido da defesa para dispensa da fiança, deverá fundamentar sua decisão na análise da capacidade econômica do agente. Não se pode, portanto, manter a fiança sem levar em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm consideração esse fator essencial, fundamentando apenas, por exemplo, na vida pregressa do acusado (2ª T, HC 114731, em 01/04/2014). STF: Não estando previstos os pressupostos da prisão preventiva e não tendo o acusado condições de pagar a fiança, o que se pode presumir pelo fato de ser assistido pela Defensoria Pública, conclui-se que nada justifica a manutenção da prisão cautelar (1ª T, HC 129474, em 22/09/2015). Art. 325, §1º. Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser: I. dispensada, na forma do art. 350 deste Código; Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso. Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo, qualquer das obrigações ou medidas impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do MP, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva. II. reduzida até o máximo de 2/3; III. aumentada em até 1.000 vezes. Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade (policial ou judiciária) terá em consideração a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, até final julgamento. Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada. Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado. Restrição para aquele que está em liberdade provisória e afiançado. Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar. Dizer que a fiança será sempre definitiva significa que, quando prestada para assegurar a liberdade provisória do indiciado ou do réu, não está mais sujeita ao procedimento de verificação, que se instaurava no passado. Houve época em que a fiança era provisória, isto é, para apressar o procedimento de soltura, depositava o interessado determinado valor, que poderia ser metal precioso, por exemplo, estando sujeito à verificação posterior sobre o seu real preço de mercado, além de se passar à análise das condições pessoais do beneficiário. Mas, em determinados casos, o legislador permitiu o reforço de fiança, conforme se verá no art. 340. O recurso cabível contra a decisão que concede, nega, arbitra, cassa ou julga inidônea a fiança é o RESE. Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar em julgado a sentença condenatória. Marco temporal. Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade policial a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá em 48 horas. Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pagamento das custas, da indenização do dano, da prestação pecuniária e da multa, se o réu for condenado. Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda no caso da prescrição depois da sentença condenatória (art. 110 do CP). Como será distribuído o valor da fiança no processo. Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado sentença que houver absolvido o acusado ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código. Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será cassada em qualquer fase do processo. Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência de delito inafiançável, no caso de inovação na classificação do delito. Art. 340. Será exigido o reforço da fiança: I. quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente; II. quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras preciosas; III. quando for inovada a classificação do delito. Quebramento da Fiança Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: I. regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; II. deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; III. descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; IV. resistir injustificadamente a ordem judicial; V. praticar nova infração penal dolosa. Além das hipóteses acima, a fiança também será quebrada se o afiançado mudar de residência,sem prévia permissão da autoridade processante, ou se ausentar-se por mais de 8 dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado (art. 328). Contra a decisão que declara quebrada a fiança cabe RESE (art. 581, VII). Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação da prisão preventiva Perda da Fiança Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta. Se o condenado se apresentar, o valor remanescente, após os descontos referentes às custas, à indenização do dano, à prestação pecuniária e à multa, será devolvido. O quebramento da fiança se dá nas hipóteses dos arts. 328 e 341. Já a perda ocorre quando o réu, após ter sido condenado, não se apresenta para o início do cumprimento da pena. Tanto no quebramento quanto na perda, o valor da fiança servirá ao pagamento dos encargos e o remanescente será recolhido ao fundo penitenciário. No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva. Questões e Processo Incidentais Processos paralelos ao processo principal que precisam ser resolvidos antes do mérito da causa principal. Esses procedimentos acessórios giram em torno da causa principal e serão divididos em duas categorias: a) Questões prejudiciais: são as questões que devem ser discutidas antes do mérito, antes do assunto principal, mas aqui será uma questão de natureza MATERIAL, ou seja, pode ser tanto criminal ou extracriminal. b) Processos incidentais: processo ou procedimento que deve ser decidido antes do mérito (antes da causa principal), aqui trata-se de uma questão de natureza processual, ou seja, só pode estar ligada ao próprio processo. (arts. 92 a 94 CPP) São aquelas que exigem solução antes do julgamento do processo criminal, essas afetam a tipicidade. OBS.: as questões prejudiciais afetam apenas o aspecto da tipicidade da conduta (caracterização do tipo fundamental ou incidência do tipo derivado), não interferindo na ilicitude ou na culpabilidade. Características Para que uma determinada questão seja considerada prejudicial em face da matéria de fundo discutida no processo criminal, deve apresentar as seguintes características:a) Anterioridade lógica: a questão prejudicial condiciona a questão principal discutida no processo penal, interferindo diretamente no julgamento desta última demanda. b) Necessariedade: para que se esteja diante de uma hipótese de prejudicialidade, é imprescindível que o juiz criminal dependa do resultado de uma determinada questão, para que possa considerar típica a ação atribuída ao agente. c) Autonomia: a questão prejudicial pode ser objeto de um processo autônomo, cível ou criminal, distinto daquele em que figura a questão prejudicada. Antes de continuar o estudo das questões prejudiciais é preciso ter atenção para NÃO CONFUNDIR as questões prejudiciais com as questões preliminares. Classificação As questões prejudiciais classificam-se em: I. Penais (homogêneas, ou comuns, ou imperfeitas, ou não devolutivas): são classificadas assim se pertencerem ao mesmo ramo do direito em que se insere a questão prejudicada; Então, será homogênea (penal) quando tanto a questão prejudicada, quanto a questão prejudicial tratarem de direito penal. Ex.: crime de receptação que pressupõe a procedência do crime de furto. II. Extrapenais (heterogêneas, ou jurisdicionais, ou perfeitas, ou devolutivas): são classificados assim caso interfiram em esfera jurídica distinta (cível, tributária, empresarial, etc). Então, será heterogênea quando tiver a questão prejudicial e a questão prejudicada em ramos diferentes do direito. Ex.: crime de bigamia, vai ter a questão prejudicada no dir. penal e a questão prejudicial no cível ou outro ramo do direito. É preciso se atentar, pois as questões prejudiciais extrapenais (heterogêneas) se subdividem em outras categorias, vejamos mais sobre isso: As questões prejudiciais extrapenais (heterogêneas), por sua vez, subdividem-se em devolutivas absolutas ou obrigatórias, se impuserem ao juiz criminal a suspensão do processo criminal até que sejam elas decididas na esfera própria por decisão transitada em julgado, e devolutivas relativas ou facultativas, se apenas conferirem ao juiz a faculdade de determinar essa suspensão. Com mais detalhes observe a classificação em relação a suspensão: → Questões prejudiciais extrapenais Obrigatórias (necessárias ou devolutivas absolutas): o processo será suspenso até que a decisão no outro ramo (por exemplo, cível) seja resolvido. Estão regulamentadas no art. 92 do CPP e versam sobre matérias atinentes ao estado civil lato sensu do indivíduo, abrangendo aspectos familiares Questões prejudicais X Questões Preliminares Não se pode confundir as questões prejudiciais com as questões preliminares. • As questões prejudiciais dizem respeito, essencialmente, ao mérito da causa, influindo, diretamente, na natureza da sentença a ser proferida pelo juiz. • Por outro lado, as questões preliminares, de natureza estritamente processual, refletem tão somente na regularidade formal do processo. O aspecto comum entre as questões prejudiciais e as questões preliminares refere-se à circunstância de que ambas devem ser conhecidas antes do julgamento do mérito, ou seja, que sejam resolvidas antes de se findar o processo. São aquelas que, apesar de repercutirem no aspecto relacionado à existência da infração penal (tipicidade), resolvem-se no próprio juízo criminal, de forma quase que automática, na ocasião da sentença. Por isso é que são chamadas de não devolutivas, pois não devolvem (não remetem) a um juízo distinto do criminal o enfrentamento da matéria que as constitui. Ao contrário das homogêneas, as questões heterogêneas versam sobre outras áreas do direito (civil, comercial, tributário etc.). (condição de casado, de solteiro, de pai, de mãe, de filho etc.), aspectos pessoais (idade, sexo, condição mental etc.) e aspectos políticos (nacionalidade, naturalidade, cidadania etc.). Essas questões são consideradas devolutivas porque devolvem (remetem) o julgamento da matéria que as compõe ao juízo cível. Por outro lado, são absolutas porque o seu surgimento no curso de um processo criminal obriga o magistrado à sua suspensão, até que, no juízo extrapenal, seja a matéria resolvida por decisão transitada em julgado. Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a citação dos interessados. Versa sobre o estado civil da pessoa; Cabe recurso em sentido estrito da decisão de suspensão, já a decisão de não suspensão não cabe recurso. → Questões prejudiciais extrapenais Facultativas (devolutivas relativas): nessa situação ficará a escolha do juiz suspender ou não o processo. Previstas no art. 93 do CPP, são aquelas que concernem à matéria distinta do estado civil das pessoas, v.g., fatos geradores de tributos, propriedade etc. São chamadas de devolutivas, pois há a possibilidade de devolução (remessa) ao juízo cível da matéria que as constitui para exame prévio. De outra sorte, são consideradas relativas porque, nesse caso, a suspensão do processo criminal não é obrigatória, podendo o juiz optar entre suspendê-lo ou não. Caso não venha a suspender o processo, ele próprio, na sentença, decidirá a prejudicial, porém sem efeito erga omnes, ou seja, vinculando unicamente o resultado desta sua deliberação ao âmbito do processo criminal em exame. Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente. §1º O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo, retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa. §2º Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso. §3º Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-lhe o rápido andamento. Versa sobre outras coisas. Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores, será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes. (arts. 95 CPP) Tem natureza de direito processual, não está ligada ao mérito da causa principal e sim a regularidade formal, questões processuais que serão resolvidas pelo próprio juízo criminal. No processo penal o réu pode se defender de duas formas: direta (atacando o mérito) ou indireta (atacando o processo), assim as exceções são defesas indiretas, ligadas as questões processuais, que devem ser decididas pelo juiz criminal antes do mérito da causa principal. Em suma: As exceções são consideradas meios de defesa indireta, uma vez que versam sobre a ausência de condições da ação ou de pressupostos processuais. Quando o juiz reconhece sua incompetência de ofício é chamado de objeção; Não suspende o processo principal (art. 111). ClassificaçãoAs exceções classificam-se em: I. Peremptórias: acarretam a extinção do processo. Ex.: exceção de coisa julgada. Extinguem o processo e tratam sobre as exceções de litispendência e coisa julgada. II. Dilatórias: embora não impliquem a extinção do processo, transferem o seu exercício. Ex.: exceção de incompetência do juízo. Prorrogam o processo/julgamento de mérito e tratam sobre as exceções de suspeição, incompetência e ilegitimidade de parte. Das exceções Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de: I. suspeição; II. incompetência de juízo; III. litispendência; IV. ilegitimidade de parte; V. coisa julgada. Como visto acima os processos incidentais (exceções) estão previstos no artigo 95 do Código de Processo Penal, agora vejamos essas exceções de maneira mais detalhada: → Exceção de Suspeição/impedimento: possui natureza dilatória e objetiva afastar o juiz do processo criminal. Esta exceção deve ser proposta por meio de petição fundamentada, acompanhada de prova documental e do rol de testemunhas, caso necessário. Em termos de legitimidade, a exceptio suspicionis pode ser arguida pelas partes, diretamente ou por meio de procurador com poderes especiais. Defesas indiretas que visão combater questões processuais ligadas a imparcialidade do julgador; Arts: 97, 97, 252, 253 e 254. Validade dos atos praticados pelo juiz suspeito: A validade ou não dos atos praticados pelo juiz excepto depende do resultado concreto da exceção de suspeição, bem como da forma como tenha ele deixado de oficiar nos autos. Considere-se, pois, as seguintes situações: a) O juiz, ao receber a exceção de suspeição contra ele endereçada, acolhe-a e, voluntariamente, deixa de oficiar no processo, encaminhando a ação penal a seu substituto legal (art. 99 do CPP): neste caso, conforme se infere do citado art. 99 do CPP, nenhuma nulidade é determinada, apenas dispondo o legislador que o processo seja encaminhado ao juiz substituto. b) O juiz não acolhe a exceção e, em vez disso, encaminha os respectivos autos ao tribunal competente. Nesta sede, o procedimento é julgado procedente, sendo comandado o seu afastamento do processo criminal e o envio dos autos do processo a outro juiz (art. 101 do CPP): nesta hipótese, incide o art. 101 do CPP dispondo que, julgada procedente a exceção pelo tribunal a que foi encaminhada, ocorrerá a nulidade de pleno direito dos atos praticados pelo juiz declarado suspeito, presumindo-se, muito corretamente, a existência de prejuízo processual em decorrência de sua insistência em atuar no processo apesar do ingresso da exceção. Aqui, portanto, diferentemente da situação contemplada no art. 99 do CPP, será absoluta a nulidade dos atos praticados pelo juiz exceto. → Exceção de Incompetência: trata-se de exceção com aplicação restrita à incompetência territorial, que possui caráter relativo, sendo vinculada sua arguição ao prazo e à forma previstos em lei. OBS.: se for o caso de incompetência funcional ou em razão da matéria, que têm natureza absoluta, é dispensada a arguição via exceção, podendo tais vertentes ser suscitadas por meio de simples petição acostada ao processo criminal, ou verbalmente em audiência com consignação em ata, ou até mesmo como preliminar de uma peça processual. A exceção de incompetência possui natureza dilatória, pressupondo a existência de denúncia ou queixa ajuizadas e em tramitação em foro incompetente. Poderá ser oposta verbalmente ou por escrito, conforme autorizado pelo art. 108 do CPP, perante o juiz da causa principal, mas não será juntada aos autos, formando procedimento apartado (art. 111 do CPP). Aqui será trabalhado o princípio do juiz natural; Caberá recurso em sentido estrito; O réu poderá pedir HC para evitar de ser julgado por juiz incompetente; Art. 109; Ex.: o juiz se entende como incompetente a julgar aquela matéria, pois, por exemplo, não está dentro da sua delimitação territorial, assim envia a demanda para outro juiz. → Exceção de Litispendência: trata-se de exceção de natureza peremptória, sendo cabível na hipótese de tramitarem, no mesmo juízo ou em juízos diversos, duas ou mais ações contra o mesmo réu, envolvendo o mesmo fato. Em suma, é oponível quando houver ações penais idênticas em andamento, o que pressupõe: a) igualdade de sujeito passivo; b) identidade de causa de pedir; c) igualdade de pedido. OBS.: não é possível cogitar do ingresso de exceção de litispendência quando se tratar de duplicidade de inquéritos policiais, ainda que sejam idênticos os fatos em apuração. Dessa forma, caso haja, em curso, dois inquéritos distintos visando à investigação do mesmo fato criminoso, a solução a ser adotada pelo investigado apenas poderá ser a impetração de habeas corpus ou de mandado de segurança, conforme seja ou não o crime investigado punido com prisão (Súmula 693 do STF). A parte vai arguir que já há um outro processo igual (com o mesmo pedido) aguardando julgamento; Pode ser dada de ofício pelo juiz e cabe apelação. → Exceção de Ilegitimidade da parte: refere- se, primordialmente, à ilegitimidade ad causam, ou seja, à titularidade do direito de ação (polo ativo) e à capacidade para figurar como réu (polo passivo) na relação processual. Nesta hipótese, terá natureza peremptória, implicando seu reconhecimento em nulidade desde o início da ação (art. 564, II, do CPP). OBS.: tem-se considerado possível o seu ingresso também em hipóteses de ilegitimidade ad processum, relativa está à capacidade necessária para a prática de atos de natureza processual. Exemplos: a) representação oferecida por quem não é o representante legal da vítima de crime de ação penal condicionada; b) querelante menor que outorga procuração a advogado para intentar queixa-crime. Nesta hipótese, poderá ser tanto dilatória quanto peremptória, tudo dependendo da natureza e gravidade do vício detectado no caso concreto. Ad causam: existe um problema na titularidade para figurar tanto no polo passivo quanto no polo ativo. → Exceção de Coisa julgada: é exceção de natureza peremptória, que tem seu fundamento na garantia de que ninguém pode ser punido mais de uma vez pelo mesmo fato. Logo, poderá ser deduzida quando se encontrar em tramitação processo criminal por fato já decidido em outro processo por sentença transitada em julgado, o que a difere da exceção de litispendência, que pressupõe a coexistência de dois ou mais processos idênticos em andamento. OBS.: Se for instaurado procedimento investigatório para apuração de fato que já foi objeto de sentença transitada em julgado, os caminhos para o respectivo trancamento serão o habeas corpus ou o mandado de segurança, sempre se observando os termos da Súmula 693 do STF. Visa extinguir o processo, pois já existe outro processo que já tem decisão transitada em julgado; O juiz pode conhecer de ofício e cabe apelação; Se a parte pede e o juiz indefere, não cabe apelação, mas cabe HC. Conforme se infere do art. 114 do CPP, surge conflito de jurisdição toda vez que duas ou mais autoridades judiciárias pretenderem oficiar no mesmo processo (conflito positivo) ou recusarem-se a nele atuar (conflito negativo). OBS.: a expressão conflito de jurisdição utilizada pelo legislador é imprópria, pois todo juiz regularmente investido possui jurisdição, assim compreendido o poder que lhe é conferido para declarar o direito. Logo, não podem existir jurisdições em conflito, mas sim competências em conflito, discutindo-se, então, quem, dentre todos os juízes investidos de jurisdição, poderá declarar o direito em determinado caso concreto. Segundo a norma do art. 115 do CPP, o conflito de jurisdição poderá ser suscitado pelas
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