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Gestão Industrial II 1 Gestão Industrial II Luiz Carlos de Freitas 1ª e di çã o Gestão Industrial II 2 DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado Texto: Luiz Carlos de Freitas Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói F866ge Freitas, Luiz Carlos de. Gestão industrial II / Luiz Carlos de Freitas ; revisão de Rafael Dias de Carvalho Moraes. – 1. ed. – Niterói, RJ: ASOEC - Universo. Departamento de Ensino à Distância, 2019. 215 p. : il. 1. Indústrias. 2. Contabilidade. 3. Contabilidade de custo. 4. Balanço (Contabilidade). 5. Análise contábil e financeira. 6. Custo industrial. 7. Processos de fabricação. 8. Produtos industrializados - Administração. 9. Engenharia de produção. 10. Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Título. CDD 338.981 Bibliotecária responsável: Elizabeth Franco Martins – CRB 7/4990 Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOECpelo conteúdo do t exto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Gestão Industrial II 3 Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo o momento, ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora. Gestão Industrial II 4 Gestão Industrial II 5 Sumário Plano da disciplina .............................................................................................................. 07 Apresentação da disciplina ................................................................................................ 09 Unidade 1 – Conceito Básico de Contabilidade ............................................................. 15 Unidade 2 – Introdução à Contabilidade de Custos....................................................... 43 Unidade 3 – Fundamentos da Contabilidade de Custos ............................................... 67 Unidade 4 – Sistemas de Custeio de Produção e suas Aplicações ............................... 99 Unidade 5 – Relações: Custo/Volume/Lucro ................................................................... 133 Unidade 6 – Formação do Preço de Vendas .................................................................... 167 Considerações finais ........................................................................................................... 201 Conhecendo o autor ........................................................................................................... 203 Referências ........................................................................................................................... 205 Anexos .................................................................................................................................. 207 Gestão Industrial II 6 Gestão Industrial II 7 Apresentação da Disciplina Prezado(a)s aluno(a)s A disciplina Gestão Industrial II tem por objetivo disponibilizar ao aluno os conhecimentos e habilidades para a gestão dos custos no exercício de suas atividades nos processos de produção de produção ou serviços para atingir as metas perpetuidade no mercado em que atua. O ponto de partida será conhecer como as práticas da contabilidade orienta as etapas da contabilidade de custos considerando que todo processo de produção de demanda origem e aplicação de fatores de produção(tecnologia, material, capital, trabalho) para que possa realizar sua apropriação nas etapas do processo e fornecer subsídios para orientar o gerenciamento dos recursos materiais, humanos e financeiros, de atividades, capitais, etc. Nesse contexto a identificação dos métodos de custeios apropriados às características da empresa poderá ser utilizado não só para otimizar os custos como compreender seu papel na formação dos preços finais capaz de dar lucro e competir no mercado. Assim, vamos compreender o método de custeio por absorção, por departamentalização, por atividades(ABC), custeio direto e indireto. Outro fator importante a ser analisado é a identificação dos custos quando o processo de produção acontece em fases diversas em área ou departamentos ou centros de custos diferentes. As apurações destes custos estão relacionadas ao assunto conhecido como custos conjuntos e possibilitam a empresa conhecer composição dos custos em cada etapa do processo e assim orientar as decisões. Os custos totais compõem o preço final, orienta a recuperação do investimento tanto financeiro como temporal, quando fornecerão subsídios estabelecer o break-even point que indicará quantidade necessário de produção para sua recuperação e a partir dessa quantidade a empresa terá lucros. E para fechar os estudos, veremos a formação dos preços com todas suasvariáveis e forma apurar o equilíbrio que poderá ser o contábil, financeiro ou por margem de contribuição e de segurança. Gestão Industrial II 8 Gestão Industrial II 9 Plano da Disciplina Unidade 1 - Conceito Básico de Contabilidade Nesta primeira unidade faremos um estudo sobre os principais conceitos e as características da Contabilidade e compreender como são aplicados nos processos de gestão da empresa industrial tanto no que se refere ao seu controle como para tomadas de decisão como o ponto de partida para compreender nas unidades seguintes a utilização da gestão de custos e financeiro da empresa industrial. Objetivos da unidade: Conhecer os conceitos e a aplicação da Contabilidade na gestão industrial Conhecer os objetivos e finalidade da aplicação da contabilidade na gestão industrial Conhecer a composição do patrimônio empresarial para o controle na gestão empresarial Conhecer a estrutura do Balanço Patrimonial e suas contas Conhecer as contas de despesas e receitas na gestão industrial para apuração dos resultados financeiros Identificar a origem dos recursos como auxílio da gestão industrial Identificar as contas de receitas no patrimônio empresarial. Gestão Industrial II 10 Unidade 2 - Introdução à Contabilidade de Custos Depois de uma breve introdução à Contabilidade e entender sua contribuição no contexto da disciplina que orienta a identificação da origem e aplicação dos recursos, bem como o registro e controle do patrimônio, nesta unidade teremos a oportunidade de conhecer a Contabilidade de Custos que teve origem nos ambientes das empresas industriais para controle dos estoques. Objetivos da unidade: Conhecer o processo histórico da Contabilidade de Custos Identificar as etapas da utilização do controle de estoques como primeiro passo da Contabilidade de Custos. Compreender a importância do custeio dos custos como parâmetro de gestão. Conhecer o papel da contabilidade gerencial e financeira na gestão dos custos. Identificar os custos diretos, indiretos e demais componentes na produção. Conhecer a esquematização da Contabilidade de Custos como gestão industrial Adequar as ações de gerenciamento à gestão dos custos de produção. Unidade 3 – Fundamentos da Contabilidade de Custos Após tomar conhecimentos dos principais conceitos e variáveis dos custos a serem geridos nas operações industriais, podemos avançar e identificar os custos em processos de fabricação comum no cotidiano da produção empresarial. Veremos também, que existem outras formas de gestão do custo de fabricação obedecendo as diversas etapas dos processos de produção. No caso da produção por processo ou contínua, também conhecida como em série ou em massa, a produção fornece uma saída contínua de produtos ou produtos Gestão Industrial II 11 homogêneos, podendo ser um único produto(automóvel) ou diversos produtos homogêneos(refrigerantes, artigos farmacêuticos). Objetivos da unidade: Identificar os custos de produtos e os de período. Aplicar o rateio dos custos de produtos e de período Gerenciar os custos por processo Realizar a distinção entre os custos por ordem e por processo. Implementar uma cultura de qualidade na gestão dos custos Reconhecer os critérios de gestão dos custos por departamentalização Realizar o rateio dos custos por departamentos. Unidade 4 - Sistemas de Custeio de Produção e suas Aplicações Nessa unidade faremos um estudo sobre os sistemas de custeio de produção, ou melhor, a apropriação dos custos do processo de fabricação que tem por objetivo auxiliar na orientação da gestão industrial e na identificação de seu comprometimento nos preços para atingir as metas de longo prazo que é a perpetuidade da empresa. Objetivos da unidade: Identificar o custo de oportunidade na fabricação de um produto, Apurar o custo de oportunidade para na formação dos preços de venda Apurar os custos dos produtos em produção conjunta Aprimorar o sistema gerencial de custos na utilização de mesmo fator de produção. Estruturar o gerenciamento de custo por absorção. Identificar o custeio baseio em atividades como método de gestão de produção. Gestão Industrial II 12 Unidade 5 – Relações: Custo/ Volume / Lucro Na continuidade de nossos estudos na gestão industrial, após aprofundar conhecimentos sobre os métodos de custeio, vamos avançar analisando a relação existente entre o custo, o volume de produção e o lucro como estratégia necessária para que eficácia na produção e a obtenção dos lucros a que a empresa se destina. Objetivos da unidade: Compreender a importância da análise custo/volume\lucro no processo de gestão dos custos na produção. Compreender a aplicação dos ponto de equilíbrio para identificar o volume de produção necessária para cobrir os custos e fomentar o lucro. Conhecer os métodos de gestão dos custos pelos variados pontos de equilíbrio para atender a determinada necessidade. Compreender como utilizar a margem de contribuição e margem de segurança na gestão de custos na produção industrial Desenvolver competências para estabelecer o custo-padrão necessário a alocação entre os centros de custos ou departamentos. Identificar as variações dos custos-padrão como auxílio à gestão industrial. Unidade 6 - Formação do Preço de Vendas Nesta última unidade da disciplina e após compreender os procedimentos que orientam a gestão em suas diversas fases da produção e áreas na empresa, vamos compreender os procedimentos que a empresa deverá adotar para formar os preços de venda e gerir a produção e o financiamento do capital, da produção e dos investimentos. Gestão Industrial II 13 Objetivos da unidade: Conhecer os componentes na formação dos preços de vendas. Identificar os procedimentos de formação dos preços de vendas Compreender os procedimentos de formação dos preços pelo mark- up, com base no lucro, na receita líquida e a preço de mercado. Compreender os processos de apuração do grau de alavancagem operacional. Compreender os critérios de apuração da alavancagem financeira Desenvolver a utilização do grau de alavancagem operacional e financeira como instrumento de tomada de decisão. Bons estudos! Gestão Industrial II 14 Gestão Industrial II 15 Conceito Básico de Contabilidade 1 Gestão Industrial II 16 Prezado(a)s aluno(a)s, Nesta primeira unidade faremos um estudo sobre os principais conceitos e as características da Contabilidade e compreender como são aplicados nos processos de gestão da empresa industrial tanto no que se refere ao seu controle como para tomadas de decisão como ponto de partida para compreender nas unidades seguintes a utilização da gestão de custos e financeiro da empresa. O Balanço Patrimonial registra as contas e a situação da empresa em determinado período de tempo, normalmente um ano, tendo três grandes grupos: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Por eles será possível identificar os bens, direitos e obrigações que a gestão deverá se atentar, bem como apresentará a situação líquida que poderá ser positiva ou negativa, ou seja, apresentado lucro ou prejuízo. Diante dessas contas e da apuração dos resultados, a empresa poderá ser eficiente no controle das despesas que são necessárias para o cumprimento das operações empresariais, mas, deverá ser controlada para que não comprometa os resultados da empresa e haver desperdício de recursos. Veremos também, o registro e conhecimento da origem dos recursos para aplicação da empresa, ou seja, se são recursos próprios ou dos sócios que possibilitará um resultado mais cômodo na gestão ou se são recursos de terceiros, mediante dívidas que comprometem receitas futuras e consequentemente irá exigir uma gestãode grande eficiência para não comprometer os resultados da empresa. Gestão Industrial II 17 Objetivos da unidade: Conhecer os conceitos e a aplicação da Contabilidade na gestão industrial Conhecer os objetivos e finalidade da aplicação da contabilidade na gestão industrial Conhecer a composição do patrimônio empresarial para o controle na gestão empresarial Conhecer a estrutura do Balanço Patrimonial e suas contas Conhecer as contas de despesas e receitas na gestão industrial para apuração dos resultados financeiros Identificar a origem dos recursos como auxílio da gestão industrial Identificar as contas de receitas no patrimônio empresarial. Plano da unidade: Conceitos Básicos de Contabilidade Campo de aplicação da Contabilidade. Principais conceitos contábeis Objeto da Contabilidade. Objetivo da Contabilidade Finalidade da Contabilidade Patrimônio: elementos básicos e constituição. Ativo, Passivo e situação líquida Resultado, despesas e receitas no Balanço Patrimonial Origens e Aplicação dos Recursos Realize os estudos na sequência do conteúdo e para uma boa compreensão, faça uma primeira leitura sem interrupção, seguida de uma segunda leitura marcando os pontos principais e na terceira procure construir conhecimentos a partir das anotações para desenvolver autonomia para realizar suas atividades. Bons estudos! Gestão Industrial II 18 Conceitos Básicos de Contabilidade A primeira questão a responder nesses estudos está relacionada aos objetivos da Contabilidade na formação do engenheiro de produção e nesta unidade estaremos compreendendo os principais conceitos e aplicação dos diversos conhecimentos nas tomadas de decisão na gestão industrial. Pois a área contábil da empresa armazena e organiza os dados que são fundamentais para conhecer a saúde econômica e financeira da empresa. Veremos alguns conceitos, considerando que a Contabilidade é uma ciência que pode ser incluída no grupo das ciências econômicas e administrativas que dão o suporte às estratégias estabelecidas. Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização(IBRACON apud, RIBEIRO, 1999 p. 33). A Contabilidade é uma ciência que permite, através de suas técnicas, manter um controle permanente do Patrimônio da empresa(RIBEIRO 1999, p. 33). Importante entender saber que o conceito oficial de Contabilidade foi formulado no primeiro Congresso Brasileiro de Contabilistas, na cidade do Rio de Janeiro, no período de 17 a 27 de agosto de 1924, assim descrito: “Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas à administração econômica.”(Deliberação no 29186 apud RIBEIRO 1999, p.33). Vamos refletir! Então, podemos perguntar: o que é Contabilidade? Gestão Industrial II 19 Pode-se verificar que, mesmo possamos encontrar vários conceitos, verificamos que todos convergem para o controle e análise do patrimônio, por meio das informações contábeis. Assim, mesmo que possa encontrar na Contabilidade algumas ramificações, sua teoria é voltada para a estática patrimonial, dinâmica patrimonial e o levantamento patrimonial, estabelecendo assim, princípios e regras de conduta; e suas possíveis aplicações a serem praticadas pelos profissionais da área contábil. Essa estática patrimonial é definida como o estudo dos valores que compõem o patrimônio pela sua forma, estrutura, valor e equilíbrio. Em contrapartida, verifica-se que a dinâmica patrimonial está voltada para o estudo do investimento de valores monetários, ou seja, aplicação de recursos; e para as fontes de financiamento que é o mesmo que captação de recursos. Os levantamentos realizados do patrimônio, representa uma relação entre a natureza estática e dinâmica patrimonial, pois estuda a forma de registrar e disciplinar os fenômenos ocorridos, de modo que possa facilitar as interpretações, de maneira clara e lógica. Então, a Contabilidade, enquanto ciência aplicada, sugere o envolvimento da utilização de técnicas ou procedimentos que a Contabilidade teórica, com os princípios e regras, formalizou para a execução das aziendas(empresas e entidades),. Como exemplo, têm-se a diferenciação da empresa face à empresa e sua formação, a estruturação dos fatos concernentes às compras, vendas, pagamentos e recebimentos, fechamento das contas, levantamento dos resultados e do balanço da empresa. Após entender como a Contabilidade pode contribuir na dinâmica da gestão empresarial seja industrial ou não, vamos avançar e compreender outros conceitos fundamentais na compreensão da gestão econômica e financeira a partir dos dados da estática patrimonial. Gestão Industrial II 20 Campo de aplicação da Contabilidade. Abrange a todas as pessoas que possuem patrimônio, seja física ou jurídica. Enquanto pessoa jurídica, pode ser entidades ou empresas privadas, públicas municipais, estaduais ou federais, ou mistas, ou seja, podendo ser toda e qualquer azienda. Percebe-se que azienda é o mesmo que fazenda, mas, não no sentido de peça de pano ou estrutura de fazenda rural. Vemos que no país o Ministério da Fazenda é uma pessoa jurídica de direito público e tem por objetivo fornecer bens e serviços à sociedade sem a contrapartida de valor cobrado. Em contrapartida, tem- se as empresas que tem por objetivo a obtenção de lucro ao fornecer produtos ou serviços aos consumidores. Abrange também às instituições sem fins lucrativos como as de assistência social, fundações, ONGs, etc. Inclui-se ainda, as pessoas físicas que são imbuídas de direitos e obrigações a partir de seu nascimento e registro nos cartórios de registro civil de pessoas naturais. As pessoas jurídicas se constituem pelos atos praticados para produção ou circulação de bens ou serviços(as sociedades empresariais) e aquelas que não praticam aos de comércio (sociedade simples) e são registradas em órgãos competentes, dependendo do tipo de sociedade, tais como: sociedades empresariais, na junta comercial de cada Estado; sociedade simples, no cartório civil de pessoas jurídicas(quando registradas, tornam-se sociedade de direito e legal). Importante! Azienda é o conjunto de obrigações, bens materiais e direitos, representações em valores ou suscetíveis de apreciação econômica, constitutivos de um patrimônio, considerado juntamente com a pessoa natural ou jurídica que sobre ele tem poderes de administração e disponibilidade, fazenda(FERREIRA, 1999, p. 245). Gestão Industrial II 21 Um exemplo de aplicação da Contabilidade se relaciona ao Imposto de Renda, que tem uma aplicação contábil realizada a cada ano, mediante a busca de informações ou prestação de contas do patrimônio da pessoa física e jurídica junto à Receita Federal. O objetivo de nossos estudos será aplicação nos ambientes das organizações empresariais e mais especificamente direcionado para as empresas industriais. Principais conceitos contábeis Vimos que a Contabilidade fornece informações obre o patrimônio da empresa e vamos avançar tanto em seus aspectos teóricos, bem como práticos da área de conhecimento. Objeto da Contabilidade. Podemos dizer que o objeto da Contabilidade é o patrimônio e que ela registra todas as transações que acontecem na entidade por meio dos lançamentos contábeis, possibilitando obter informações sobre a variação da composição de bens, direitos, obrigações, formação de lucro ou de prejuízo no período apurado, tanto fisicamente quando monetariamente. Assim, tem-se que as informações devem inspirar confiança e segurança aos usuários com agilidade. As informações devemrespeitar o nível de conhecimento de quem destina, pois somente dessa forma será possível utilizá-las para a tomada de decisão. Objetivo da Contabilidade. Seu objetivo é controlar o patrimônio das aziendas mediante a utilização de técnicas contábeis. Para tanto, se baseia em seus princípios que, no Brasil são regulamentados pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade(CFC) 750, de 29 de dezembro de 1993. Gestão Industrial II 22 São eles. Princípio da entidade. Princípio da continuidade. Princípio da oportunidade. Princípio do registro pelo valor original. Princípio da utilização monetária. Princípio da competência. Princípio da prudência. O princípio da entidade se baseia na autonomia do patrimônio pertencente à azienda, em relação a todos os outros patrimônios existentes. Portanto, não se pode confundir com os patrimônios dos seus sócios ou proprietários. A partir do controle do patrimônio, as informações são geradas para atender ao objetivo final da Contabilidade. Finalidade da Contabilidade Pode-se concluir que a finalidade da Contabilidade é gerar informações, de carácter econômico e financeiro a respeito das aziendas, ou seja, informações quantitativas e qualitativas, expressas tanto em termos físicos quanto em termos monetários. Assim, têm-se que a informação contábil é tão importante para os usuários quanto para o gestor de negócios, que o CFC, no ano de 1995, aprovou na Resolução 785 CFC, de 28.07.1995, referente às características da informação contábil. As informações procedentes da Contabilidade devem proporcionar aos seus usuários base segura às suas decisões, satisfazendo as necessidades comuns a um grande número de diferentes pessoas interessadas. Porém, na informação contábil são indispensáveis alguns atributos, tais como, confiabilidade, tempestividade, compreensibilidade e comparabilidade. Dessa forma, podemos concluir que para atender as principais funções é o registro e controle dos atos e fatos administrativos. Gestão Industrial II 23 Patrimônio: elementos básicos e constituição. Então, qual o conceito de patrimônio? Importante! Atos Administrativos é uma ação praticada pela administração que não provoca (podendo vir a provocar) alteração qualitativa e/ou quantitativa no patrimônio da entidade, portanto, a princípio, não interessa à contabilidade. Fatos Administrativos, que também são conhecidos como FATOS CONTABEIS, são acontecimentos verificados na empresa que provocam variações nos elementos patrimoniais, podendo alterar ou não, a situação Líquida Patrimonial. As técnicas utilizadas as atividades contábeis são as seguintes: E escrituração, que compreende o registro dos fatos. Demonstrações contábeis, que são as demonstrações expositivas dos fatos. Auditoria, que busca a confirmação dos registros e demonstrações contábeis. Análise de balanços, que se constitui na análise e interpretação de balanços. Importante! É o conjunto de bens materiais e/ou imateriais, avaliáveis em dinheiro e vinculados à entidade pela propriedade privada ou por cessão a qualquer título, dos quais a mesma possa dispor no giro dos seus negócios.( GRECO e AREND 1997, p. 35) Gestão Industrial II 24 O essencial do patrimônio é sua autonomia em relação aos demais patrimônios existentes, o que significa que a entidade dele pode dispor livremente, dentro dos limites legais, racionalidade econômica e administrativa. O conceito de patrimônio deriva da seguinte equação: Bens + Direitos = Patrimônio Bruto Bens + Direitos – Obrigações = Patrimônio Líquido. Chama-se de Passivo a Descoberto quando o resultado é negativo, ou seja, quando as obrigações superam o valor dos bens e direitos. Bens. Bens é tudo o que possui valor econômico e que pode ser convertido em dinheiro, sendo utilizado na realização do objetivo principal de seu proprietário. São as coisas úteis, capazes de satisfazer as necessidades das pessoas e das empresas e podem ser: Bens de capital, que são aqueles que se destinam a propiciar a produção de outros bens, tais como, matéria-prima e insumos. Bens de uso ou de consumo, que são aqueles aplicados para a satisfação das necessidades imediatas ou em apoio às operações, tais como, computador e data show. Assim os bens podem ser classificados da seguinte forma. Quanto à natureza. Bens materiais, tangíveis ou corpóreos que têm como característica principal sua própria existência e tangibilidade: móveis, utensílios, veículos. Imóveis, ou seja, os terrenos. Bens imateriais, intangíveis ou incorpóreos, tendo como características principais, sua inexistência física ou como coisa. Então trata-se de um bem imaterial: marcas e patentes, direitos industriais, ponto comercial, royalties, entre outros. Gestão Industrial II 25 Ainda podemos classificar os bens quanto à sua posse/propriedade, independente da sua natureza, que pode ser: Quanto à disposição. Bens próprios, que se refere à propriedade detida pela empresa, podendo estar em poder da mesma ou de terceiros. Bens terceiro, que são os bens que a empresa tem posse, ou seja, está usufruindo, perante promessa de devolução ou pagamento. Outra forma de classificar os bens é sob o ponto de vista contábil, quando os bens devem se suscetíveis de avaliação econômica e mensuráveis. E podem ser. Bens numerários. São aqueles que representam: Dinheiro em espécie; cheques de terceiros à sua disposição; vale- refeição, vale-transporte; todos os guardados no cofre. Dinheiro e cheques de terceiros depositados em bancos; Dinheiro aplicado no mercado financeiro; Dinheiros, ordens de pagamento ou cheques remetidos às filiais da empresa. Bens de renda. São bens necessários ao desenvolvimento das atividades da empresa. Podem gerar receitas quando alugados. Têm caráter de investimentos. São exemplos de bens de renda: imóveis não destinados ao uso da empresa e sim de terceiros; obras de artes; imóvel desativado como o uso de uma filial da empresa, alugado a terceiros. Gestão Industrial II 26 Bens de venda. São os bens estocados na empresa para posterior venda ou revenda. Têm caráter mercantil, tais como os produtos fabricados na empresa industrial e vendidos. No caso das empresas comerciais, tem-se as mercadorias que são adquiridas dos fornecedores para serem revendidas. Direitos São os créditos que a empresa possui de terceiros. São bens e valores pertencem à empresa, mas que não estão e, poder dela. São os valores de propriedade da empresa que estão em posse de terceiro, representados por títulos de créditos que o titular ou direito receberá de terceiros, inclusive impostos. São exemplos de direitos: locações a receber, duplicatas a receber, notas promissórias a receber, impostos a recuperar. Obrigações. São bens em poder da empresa que pertencem a terceiros ou os direitos cedidos por eles, gerando dívidas da empresa com os mesmos. São compromissos, assumidos pela empresa de pagar alguém em determinada data. São exemplos: duplicatas a pagar, salários a pagar, impostos a recolher. Diante do que vimos, podemos avançar um pouco mais para a compreensão matemática da equação de equilíbrio do patrimônio, o que nos leva a equação de primeiro grau, onde separamos de um lado as aplicações dos recursos, apresentados pelos bens e direitos adquiridos e do outro lado, as origens dos recursos de onde surgiram os recursos para comprar os bens ou adquirir os direitos, teremos a seguinte equação. Imagine uma situação em que você tome de empréstimo em um banco $20000,00, no período “n” e sem juros. A equação será dada por: Gestão Industrial II 27 ATIVO PASSIVO Dinheiro em caixa: $20 000,00 Obrigações: $20 000,00 Total do ativo: $20 000,00 Totaldo passivo: $20 000,00 Passado algum tempo, resolveu comprar um eletrodoméstico no valor de $5000,00. ATIVO PASSIVO Dinheiro em caixa: $15 000,00 Obrigações $20 000,00 Eletrodoméstico : $ 5 000,00 Total do ativo: $20 000,00 Total do passivo: $20 000,00 Podemos observar nesse exemplo simples que houve movimentação do patrimônio, mas o equilíbrio entre a aplicação dos recursos e sua origem manteve- se nas duas situações. Isto explica porque uma gestão eficiente dos recursos da empresa acontece com os registros e controles corretos dos mesmos em todas operações que se relacional a compras, vendas, empréstimos, pagamentos, etc. As legislações relacionadas à Contabilidade mencionam demonstrações financeiras para o controle das organizações empresariais, isto é o resultado econômico da atividade contábil através do Balanço Patrimonial. Vamos refletir! Então o que é Balanço Patrimonial? O Balanço Patrimonial, demonstra a situação patrimonial de uma empresa, com ou fins lucrativos, em determinado tempo, apresentando o ativo, o passivo e o patrimônio líquido, sempre sob valores históricos, ou seja, sob valores do momento do lançamento. Gestão Industrial II 28 Vamos compreender como as variações que apresentamos podem influenciar na situação patrimonial da empresa registrada pela Contabilidade. Ativo, Passivo e Situação Líquida Patrimônio A T I V O P A S S I V O Bens (B) Obrigações (O) Direitos (D) Patrimônio Líquido ( PL) Total do Ativo Total do Passivo Ativo (A) Sendo a Contabilidade a ciência do patrimônio, o ativo é a parte positiva do patrimônio. São as aplicações de capitais. É o conjunto de valores que expressa o investimento e no Balanço Patrimonial. É lançado do lado esquerdo. Nele está contido, os bens e direitos que uma empresa possua aplicações como recursos ou capitais. De acordo com a Lei 6.404/76, o ativo é composto de três grupos de contas: Ativo circulante(longo prazo). Nesse grupo as contas são agrupadas às outras contas e que os seus itens serão transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a curto prazo, ou seja, dentro de um ano. Ativo realizável(longo prazo). A diferença entre ativo realizável e ativo circulante está no prazo. Enquanto no ativo circulante os itens se movimentam em até um ano, no ativo realizável os itens se movimentam a partir de um ano; por isso é um ativo de longo prazo. Gestão Industrial II 29 Ativo permanente. São ativos que a empresa possui e dificilmente serão vendidos, pois não destinados à venda e sim a destinados à formação de infraestrutura para a empresa, a fim de gerar resultados positivo. Por isso, é intitulado como permanente, pois a empresa não tem a intenção de vender; embora possa fazer a substituição, por exemplo, por uma nova tecnologia. Então tem-se que: A = B + D Passivo (P) O Passivo representa as dívidas ou as obrigações que a empresa tem com terceiros, a curto e longo prazo. É a parte exigível do patrimônio, ou seja, valores que os credores cobrarão com o vencimento. Por isso, são consideradas as obrigações como elementos negativos, enquanto que os bens e direitos são elementos positivos. Então, o Passivo evidencia as origens dos recursos provenientes de terceiros e conforme a Lei 6.404/76, é composto de quatro grupos de contas. Passivo circulante(exigível curto prazo). São as obrigações ou dívidas que a empresa tem para com terceiros, vencíveis num prazo de até um ano. Passivo exigível(longo prazo). São as obrigações ou as dívidas que a empresa tem para com terceiros, vencíveis num prazo superior a um ano. Resultados de exercícios futuros. Compõem o grupo de contas posicionado do lado direito do Balanço Patrimonial, porém, pouco utilizado na prática. Patrimônio Líquido. É a situação líquida patrimonial que a empresa apresenta. Ou seja, após deduzir dos bens e dos direitos, as obrigações de uma empresa, que representam o patrimônio bruto; temos então o Patrimônio Líquido. Está posicionada também do lado direto do Balanço Patrimonial, apenas por uma questão de equilíbrio. Gestão Industrial II 30 Patrimônio Líquido. É obtido pela sobra quando somamos bens e direitos e deduzimos das obrigações. Assim, o Patrimônio Líquido pode ser positivo, negativo ou nulo, é também chamado de situação líquida patrimonial. Embora esteja localizado do lado direito do Balanço Patrimonial, não é elemento do Passivo Exigível e Passivo não-exigível, pois representa as obrigações da empresa para com os proprietários. Representa a própria riqueza da empresa. São registradas no Patrimônio Líquido, as origens de recursos próprios, dos sócios, acionistas ou proprietários. De acordo com a Lei 6 404/76, o Patrimônio Líquido é composto de: Capital social. Corresponde, numa sociedade anônima, ao total de ações comprometidas na constituição da empresa. Reservas. São os valores acumulados no Patrimônio Líquido, para posterior utilização. Lucros ou prejuízos acumulados. Se a empresa, no final do período, sendo o exercício social igual a um ano, tiver lucro, o que sobra após as devidas distribuições do lucro irá compor o saldo da conta lucros acumulados. Então, tem-se que o Patrimônio Líquido(PL), situação líquida patrimonial(SLP) ou Passivo não-exigível, é o mesmo que recursos próprios, capitais próprios ou fontes próprias e é registrado do lado direito do Balanço Patrimonial. PL = SLP Importante! Se a empresa tiver prejuízo, não haverá distribuições a serem feitas, e, ainda, diminuirá o Patrimônio Líquido, pois representará uma parte negativa. Gestão Industrial II 31 Representação gráfica das variações do patrimônio. Tem por objetivo demonstrar as diferentes situações ou estados patrimoniais que uma empresa pode apresentar, ou seja, demonstrar na estrutura do Balanço Patrimonial o valor registrado do Patrimônio Líquido, após subtrair do Ativo o valor das obrigações. Partindo dessa assertiva, podemos observar que o patrimônio pode apresentar três situações líquidas diferentes. Situação líquida patrimonial superavitária, positiva ou ativa. Tomemos o exemplo hipotético do Balanço Patrimonial de uma empresa, como segue. Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO Bens $60 000,00 Direitos $40 000,00 Obrigações - dívidas $30 000,00 Patrimônio Líquido - Riqueza líquida $70 000,00 Total do Ativo $100 000,00 Total do Passivo $100 000,00 Observe que se somarmos os Bens aos Direitos($100 000,00), teremos um Ativo maior que as obrigações($30 000,00). Logo, B + D > O, teremos uma situação líquida patrimonial(PL), positiva, ativa, ou superavitária. Gestão Industrial II 32 Situação líquida patrimonial negativa, passiva ou deficitária Tomemos que no período seguinte os seguintes dados. Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO Bens $60 000,00 Direitos $40 000,00 Obrigações - dívidas $110 000,00 Patrimônio Líquido - riquezas líquidas $ 10 000,00 Total do Ativo $100 000,00 Total do Passivo $100 000,00 Nesse caso, estamos diante de uma situação de falta de recursos na empresa para as aplicações necessárias e, consequentemente, restará dívidas com terceiro para pagar. Observar que ao somar os bens e direitos($100 000,00), será menor que as obrigações com terceiros($110 000,00), então teremos que: B + D < O. Logo, estamos diante de uma situação líquida patrimonial(PL) será negativa, passiva ou deficitária em $10 000,00. Resumindo a situação líquida patrimonial. Será positiva ou superavitária,porque os elementos do Ativo positivos(bens e direitos) superam os elementos negativos(obrigações). Será ativa, porque os elementos do Ativo(bens e direitos) superam os elementos do Passivo exigível(obrigações). Gestão Industrial II 33 Será negativa ou deficitária, porque os elementos negativos(obrigações) superam os elementos positivos(bens e direitos). Será passiva porque os elementos do Passivo(obrigações superam os elementos do Ativo(bens e direitos). Será nula quando a soma dos bens e direitos forem iguais as obrigações, tendo com isso, a riqueza líquida(PL) = 0. Observa-se que a partir do Balanço Patrimonial a empresa terá o controle de sua situação ou estado, ou seja, o resultado econômico. Então vamos compreender esse conceito. Resultado, despesas e receitas no Balanço Patrimonial Todas aziendas buscam a obtenção de resultado, seja como meio ou como fim. As entidades, por exemplo, embora tenham como objetivo fim o bem-estar social, podem obter como objetivo meio um resultado favorável, o lucro. Porém, as empresas, visam sempre o lucro como objetivo fim, mas podem como objetivo meio, obter um resultado igual a bem-estar social. Nas organizações empresariais, resultado é o que se obtém após o confronto de receitas e despesa num período contábil. Se as receitas auferidas num determinado período superam as despesas incorridas no mesmo período, então o resultado será positivo, ou seja, lucro. Isso terá como consequência o aumento do Patrimônio Líquido. Caso as despesas incorridas sejam superiores às receitas auferidas, o resultado será negativo, ou seja, prejuízo; o que consequentemente diminuirá o Patrimônio Líquido. Para entender o resultado do patrimônio é preciso conhecer os elementos que interferem no mesmo compostos pelas Receitas e as Despesas. E, essas são identificadas e representadas por um componente patrimonial ou um componente de resultados denominado de “conta”. Gestão Industrial II 34 Todas ocorrências diárias nas empresas, responsáveis pela gestão do patrimônio(como compras, vendas, pagamentos, recebimentos, etc) são registrados pela contabilidade em contas próprias. Vejamos um esquema para entender como as contas são utilizadas no controle do patrimônio. Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO Bens Caixa Veículos Direitos Duplicatas a receber Promissórias a receber Obrigações Fornecedores Duplicatas a pagar Patrimônio líquido Capital Lucros acumulados Veja que as contas representam os elementos componentes do patrimônio. Dividem-se em ativas(bens e direitos) e passivas(obrigações e Patrimônio Líquido). Outro componente importante no controle das contas patrimoniais, são as “contas de resultado” que representam as variações patrimoniais e dividem-se em contas de Despesas e Receitas, e sua representação técnica é a seguinte. Vamos refletir! Pergunta-se, então: o que é uma conta? Conta é a representação gráfica do débito e do crédito, quando de um lançamento contábil na movimentação de bens, direitos ou obrigações. Gestão Industrial II 35 Contas de Resultado Despesas Receitas Vejamos um exemplo hipotético: Receitas totais = $80 000,00 Despesas totais = $ 20 000,00 Resultado = $ 60 000,00 (positivo) Neste caso, há uma situação de lucro de $60 000,00, pois Receitas > Despesas. Outro exemplo: Receitas totais = $100 000,00 Despesas totais = $ 140 000,00 Resultado = $ 40 000,00(negativo) Neste caso, há uma situação de prejuízo de $40 000,00, pois Receitas < Despesas. Vamos aprofundar nos conceitos de despesas e receitas para melhor compreender as contas de resultados. Despesas. Caracterizam-se pela participação no consumo de bens e/ou pela utilização de serviços, tendo por objetivo a obtenção da receita, que poderá participar de forma direta ou indireta nas atividades empresariais. Então, pode-se dizer que os gastos são necessários ao desenvolvimento das operações das aziendas. Assim, podemos dizer que as despesas poderão diminui o Ativo ao aumentar o Passivo, pois as despesas são as variações negativas do Patrimônio Líquido. Gestão Industrial II 36 São exemplos de despesas: material de limpeza; material de expediente; energia elétrica; prêmios de seguros; impostos; despesas de juros; aluguéis passivos ou despesas de aluguéis; despesas de salários, etc. Receitas. As receitas são oriundas da venda de bens ou da prestação desserviços, ou seja, acontecem pelas entradas de elementos para o ativo, sob forma de dinheiro ou diretos a receber, proveniente das operações das aziendas. Portanto, dizemos que as receitas são variações positivas do Patrimônio Líquido. As principais formas de uma empresa auferir são: as vendas de mercadorias, produtos ou serviços; sendo, as mercadorias para as empresas comerciais, os produtos para empresas industriais e a prestação de serviços para as empresas civis e prestadoras de serviços. São exemplos de receitas patrimoniais: aluguéis ativos ou receitas de aluguéis; juros ativos ou receitas de juros; receitas de serviços; vendas de mercadorias ou receitas com vendas, etc. Origens e Aplicação dos Recursos Se analisar o Balanço Patrimonial sob uma ótica financeira, teremos a evidência de que o Passivo colocará à disposição da empresa os recursos necessários para sua aplicação, que se posicionará na formação do ativo patrimonial. Diante deste exposto podemos entender que na análise contábil a aplicação dos recursos se posicionará na composição do Ativo, ou seja, na compra de móveis e utensílios, imóveis, na formação do caixa, dos bancos etc. Então, podemos identificar qual são as origens dos recursos. Recursos próprios. Nesse caso, os recursos disponibilizados para empresa se originam dos próprios sócios e constitui do Capital Social, inicial componente do Patrimônio Líquido. Incluem ainda, os recursos Gestão Industrial II 37 próprios advindos de recursos dos mesmos sócios para aumento do capital, bem como os recursos oriundos dos lucros apurados na atividade empresarial em uma unidade de tempo. Recursos de terceiros. São os recursos oriundos de terceiros, contraindo obrigações com dívidas para aplicar em seus ativos de bens e serviços, pagar salários, tributos, empréstimos, etc. Análise do passivo No Balanço Patrimonial, os recursos de terceiros são representados pelo Passivo Exigível e os recursos próprios pelo Patrimônio Líquido. A soma dos recursos de terceiros com os próprios forma o capital total a disposição da empresa, representado pela equação. Uma análise do passivo, possibilita à empresa identificar as fontes ou origens dos recursos que financiam as operações da empresa. Poderá verificar um caso em que o passivo exigível seja financiado por recursos de terceiros mediante endividamento, ou de outra forma, quando se verificar um patrimônio líquido superior ao passivo exigível, indicando que os ativos foram financiados por recursos próprios, ou capital próprio que traduz em maior segurança para os credores e investidores. Leitura complementar! MULLER, Aderbal Nicolas. Contabilidade Básica: elementos fundamentais. Pearson Prentice Hall. SP:2007. MULLER, Aderbal Nicolas. Contabilidade Introdutória. Pearson Prentice Hall. SP:2012. Gestão Industrial II 38 Nessa unidade vimos como a Contabilidade poderá ser grande importância para o sucesso da empresa industrial a partir do conhecimento da aplicação dos elementos componentes do Balanço de Patrimonial. Conhecer as contas do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido implica em criar as condições para as tomadas de decisão na gestão econômico-financeira da empresa. Identificar o peso de cada conta nos resultados da empresa e sua influência negativa ou positiva, deficitária ousuperavitária é de grande relevância na gestão empresarial. Gerir os recursos de terceiros e aplicá-los com eficiência e destino é um desafio constante da gestão empresarial. A utilização dos dados do Balanço patrimonial coloca o gestor com conhecimento apurado da situação quanto aos bens, direitos e obrigações que compõem a estrutura da empresa, fazer novos investimentos e atender às exigências legais. Assim, encerramos os nossos estudos básicos da compreensão relacionada à Contabilidade que ser de grande importância par ao contexto da próxima unidade que se relaciona à Contabilidade de Custos. Bons estudos e vamos para a próxima unidade. É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Gestão Industrial II 39 Exercícios – Unidade 1 01) O Ativo consiste: a) No conjunto de Bens, Direitos e Obrigações b) No conjunto de Bens e Direitos c) No Patrimônio Líquido d) No saldo entre Ativo e Passivo e) Na Situação Líquida Ativa 02) A situação Líquida patrimonial é representada pelo Patrimônio Líquido, logo o mesmo vem a receber também o nome de Capital a) De terceiros b) Social c) Autorizado d) Próprio e) Acumulado 03) O patrimônio apresenta os seguintes aspectos: a) Realizado ou não-realizado b) Bom ou ruim c) Numérico ou alfabético d) Quantitativo e qualitativo e) Abstrato e qualitativo Gestão Industrial II 40 04) A equação fundamental da contabilidade na nomenclatura da Contabilidade é a seguinte. a) Ativo = Passivo b) Ativo + Passivo c) Ativo + Passivo = Patrimônio Líquido d) Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido e) Ativo = Passivo + situação Líquida 05) Marque a alternativa que contenha o exemplo de direitos na Balanço Patrimonial. a) Caixa b) Fornecedores c) Contas a pagar d) Contas a receber e) Móveis e utensílios 06) Na Contabilidade, o Patrimônio de uma empresa é o conjunto de bens, direitos e obrigações. Contabilmente, as obrigações da empresa estão localizadas no a) ativo circulante b) ativo não circulante c) patrimônio líquido d) capital social e) passivo Gestão Industrial II 41 07) A respeito das contas de receitas e despesas, assinale a opção correta. a) As contas de receitas e despesas são contas de resultado, também denominadas de contas temporárias, pois seus saldos são encerrados para a apuração do resultado da entidade. b) As contas de receitas e despesas, denominadas contas patrimoniais, são encerradas no final do período para a apuração do resultado. c) Despesa corresponde ‡ entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro ou de direitos a receber d) Receitas representam o reconhecimento de um passivo, com o aumento de obrigações a serem cumpridas para com clientes. e) As contas de despesas são de natureza credora, e as contas de receita são de natureza devedora. 08) Quais os tipos de bens que existem? a) Bens de vida sem vida b) Bens de valor e sem valor c) Bens que possuem corpo e os que não possuem corpo d) Bens de necessidade e sem necessidade e) Bens com características de direito Gestão Industrial II 42 09) Em relação ao conceito de origem de recurso, apresente as funções de recursos que a empresa poderá utilizar. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10) Dentro da demonstração financeira Balanço Patrimonial, aparecem os termos ativo e passivo. O que querem dizer? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Gestão Industrial II 43 2Introdução à Contabilidade de Custos Gestão Industrial II 44 Depois de uma breve introdução à Contabilidade e entender sua contribuição no contexto da disciplina que orienta a identificação da origem e aplicação dos recursos, bem como o registro e controle do patrimônio, nesta unidade teremos a oportunidade de conhecer a Contabilidade de Custos que teve origem nos ambientes das empresas industriais para controle dos estoques, evoluiu para ser uma área de conhecimento importante para orientar o gerenciamento da empresa, abrangendo os estoques, o custeio dos custos diretos e indiretos no processo de produção e transformação e fornecer informações para a tomada de decisão em todos os aspectos estratégicos da empresa. Teremos a oportunidade de conhecer duas outras importantes áreas de conhecimento e que se complementam que é a Contabilidade Financeira que trabalha com informações de aspectos monetários e são utilizados com uma visão de futuro e a Contabilidade Gerencial que utiliza das informações para tomadas de decisão no processo de gestão da empresa. Para que possam ser utilizadas essas informações, faz-se necessária a identificação dos componentes dos custos que envolvem a produção e classificá-las de acordo com sua natureza que podem estar relacionados à produção, ou à quantidade, ou como ganho, despesa, desembolso entre outros. Para que a gestão dos custos ocorra de forma a ser eficaz, o processo de gerenciamento de se faz presente quando as funções de gerenciamento como planejamento, organização, coordenação comando e controle deverá ser a preocupação constate de todas áreas da empresa de forma a otimizar a utilização dos recursos e fazer da empresa competitiva. Objetivos da unidade: Conhecer o processo histórico da Contabilidade de Custos Identificar as etapas da utilização do controle de estoques como primeiro passo da Contabilidade de Custos. Compreender a importância do custeio dos custos como parâmetro de gestão. Gestão Industrial II 45 Conhecer o papel da contabilidade gerencial e financeira na gestão dos custos. Identificar os custos diretos, indiretos e demais componentes na produção. Conhecer a esquematização da Contabilidade de Custos como gestão industrial Adequar as ações de gerenciamento à gestão dos custos de produção. Plano da unidade: Processo histórico da Contabilidade de Custos Contabilidade de Custos Terminologias em custos Esquema de aplicação da Contabilidade de Custos Campo de atuação da Contabilidade de Custos Planejamento na Contabilidade de Custos Realize os estudos na sequência do conteúdo e para uma boa compreensão, faça uma primeira leitura sem interrupção, seguida de uma segunda leitura marcando os pontos principais e na terceira procure construir conhecimentos a partir das anotações para desenvolver autonomia para realizar suas atividades. Bons estudos. Gestão Industrial II 46 Processo histórico da Contabilidade de Custos Depois de conhecermos um pouco da importância da Contabilidade no contexto da gestãoindustrial, iremos encaminhar nossos estudos que tem por objetivo aprofundar os recursos e técnicas da Contabilidade de Custos para avaliação das diversas realidades da gestão de estoques, custeio e as variações dos custos no contexto produtivo. Antes porém, precisamos compreender o processo histórico da Contabilidade de Custos na evolução da própria natureza da organização empresarial. E nesse contexto, podemos dividir a evolução dos sistemas de produção em duas fases: primeiro, o sistema familiar, de corporações ou doméstico e em segundo momento, o sistema de produção fabril. Na primeira fase, até o século XVI, não havia grande necessidades de sistema de contabilidade profundos para controle porque todo o processo de gestão, de controle e de produção acontecia de forma simples e ocorria entre os próprios familiares. Não havia grandes concorrências entre os agentes produtores, com baixa existência de tecnologia e acumulação. E não exigia sofisticação de sistemas de contabilidade para controle. Com o aumento da população e o recipiente surgimento de área urbana e o crescimento da população exige modificação no processo produtivo e de controle. Essas modificações obrigaram os artesãos, que atendiam as necessidades da época, a se organizarem para conviver com as demandas crescentes em função do aumento da população e as concorrências. Esse processo deu origem ao Sistema de Corporações, que tinha por objetivo conviver com a concorrência e com as dificuldades relacionadas à produção e controle. O mestre artesão, proprietário e contratador dos recursos s respondia por toda organização e controle. Com o crescimento dos mercados e das áreas urbanas, seguido da evolução tecnológica, novos modelos de sistema produtivo começaram a disputar a hegemonia do sistema corporativo. Surge, assim, o intermediário que negociava as aquisições de matérias primas e as encomendas da produção para o consumidor final. Assim surgia outra fase da organização da produção, iniciada no século XVII, Gestão Industrial II 47 com a crescente predominância do chamado sistema de produção fabril, com uma visão empreendedora e de negócio, ou seja, o intermediário se reveste da figura do empreendedor. Com espírito de empreendedor, o intermediário negociava com os fornecedores, fazia o levantamento de recursos financeiros necessários e deu origem às fábricas, pela reunião dos artesãos em um local organizado para dinamizar a produção e esses passam a ser assalariados, quando utiliza-se da estrutura de produção, equipamento e organização desse empreendedor. O mestre artesão, com suas habilidades e competências se transformam em supervisores das fábricas. Aqui, percebe-se a necessidade de controle dos recursos produtivos, dos custos do material e do trabalho. Porém, não se via a presença da Contabilidade de custos e sim a Contabilidade Financeira, que oriunda do período do mercantilismo tinha por objetivo atender às necessidades de controle das relações comerciais, prevalecia até o século XVIII na Revolução Industrial. A apuração dos resultados em suas operações com mercadorias se dava a partir da seguinte disposição: Estoques Iniciais (+) Compras (-) Estoques Finais = Custo das Mercadorias Vendidas(CMV). A partir desses dados era possível obter o Lucro Bruto, confrontando-se dos Custos das Mercadorias Vendidas com as receitas de venda dos produtos. Então teremos: Vendas (-) Custo das Mercadorias Vendidas = Lucro Bruto E, partindo do Lucro Bruto, extrai-se às despesas de vendas dos produtos, do financiamento das operações e relacionados à manutenção da empresa. Assim teremos: Lucro Bruto (-) Despesas com Vendas, Despesas Financeiras e Despesas Administrativas = Lucros ou Perdas Vê-se a predominância, da busca do resultado financeiro a partir de um controle simples adotado nesta fase, sem dar valor aos aspectos da Contabilidade como hoje conhecemos. Sabe-se que as informações da Contabilidade atendem as diversas necessidades da gestão empresarial e dos negócios e devem seguir Gestão Industrial II 48 normas rígidas de geração. E como vimos, a preocupação dos controles permeava a identificação dos lucros e assim, leva à compreensão de que dão início a duas áreas importantes que se relacionam com as questões financeira e gerenciais. Então vamos aprofundar um pouco sobre a Contabilidade financeira e gerencial. Contabilidade Financeira: o que é? É utilizada basicamente para atender às necessidades externas e para isso ocupa-se com a elaboração de demonstrações financeiras para terceiros tais como os credores, os acionistas, os seus fornecedores, clientes. Portanto, ela tem por objetivo de atender os stakeholders. Por servir a um ambiente externo, a Contabilidade Financeira é condicionada a apresentar os requisitos fiscais e as imposições legais e normalmente são preparadas para um ano para que possibilite fazer comparações sobre a posição financeira, a rentabilidade e o desempenho da empresa em determinado período. É importante destacar também, que a Contabilidade Financeira não somente é importante para o público externo, pois ela fornece instrumentos para a gestão interna com informações que faculte a previsão, planejamento e tomada de decisões. Alguns autores, entendem que apresenta como a forma mais pura de contabilidade, devido a manutenção eficaz dos registros e relatórios financeiros fornecem informações relevantes para terceiros. Portanto, enfatiza proporcionar uma visão correta da posição financeira da empresa, ela se baseia principalmente nas análises do Balanço Patrimonial; Demonstrativo de Resultados de Exercícios e Demonstrativo de Fluxo de Caixa. Importante! Os stakeholders são os públicos de interesse de uma organização. São as partes interessadas e envolvidas voluntária ou involuntariamente com a mesma, onde há um objetivo específico de relacionamento, trazendo benefícios para ambas as partes. Gestão Industrial II 49 São elas: Atende ao público externo, ou seja, são os agentes não participam do processo de tomada de decisão. Tem natureza histórica, ou seja, considera as transações passadas, confirmadas. Unidades monetárias, ou seja, consideram as transações em termos monetários. Aspecto legal. Tem valor legal e sofrem auditorias para atender os aspectos externos. Custos históricos e transações são necessárias para a Contabilidade Financeira. Depois da análise da Contabilidade Financeira, vamos compreender a Contabilidade Gerencial( do inglês Management Accounting) no contexto da gestão industrial. É considerada como a contabilidade que é utilizada pelos gestores e administradores no cotidiano das empresas. As características da Contabilidade Gerencial são as seguintes. Tem natureza seletiva, pois as informações contábeis a serem utilizadas pela gestão são escolhidas a partir dos objetivos a serem alcançados. Fornecem as informações sem influem nas decisões. Importante! A pergunta agora seria a seguinte: quais são as características da Contabilidade Financeira? Gestão Industrial II 50 Não se limita a regras da Contabilidade Financeira, ou seja, tem preocupação com a utilidade das informações. Não possui regras e convenções específicas, pois atende à dinâmica da gestão em dado momento. Eficiência interna melhorada, devido as informações utilizadas é possível analisar o desempenho real de todas áreas em relação ao seu orçamento. Utiliza-se de base histórica da Contabilidade Financeira para as análises de desempenho. Portanto, podemos observar que a Contabilidade Financeira e Gerencial, apresentam características diferentes, mas se complementam quando podem ser aproveitadas no processo de tomadas de decisão. E as principais diferenças que podemos apontar são as seguintes. Por um lado a ContabilidadeFinanceira acompanha toda informação financeira da empresa e por outro, a Gerencial registra e relata toda informações, sejam elas financeiras ou não. Enquanto que os usuários da Contabilidade Financeira podem ser internos ou externos, os da Gerencial serão apenas internos à empresa. Enquanto que a Financeira se baseia em dados históricos, a gerencial se baseia em tomadas de decisões futuras. A Financeira é reportada publicamente, enquanto que gerencial tem a particularidade de ser confidencial. Enquanto que a Financeira, trabalha somente com informações monetárias, a gerencial trabalha com todas, monetárias e não monetárias, tal como registro de estoque, vendas, etc. Quanto aos relatórios utilizados, na Financeira há padronização enquanto que na gerencial não há rigidez. Gestão Industrial II 51 Quanto ao aspecto legal, a financeira é obrigatória para atender questões fiscais, tributárias, enquanto que a gerencial tem caráter de busca de eficiência. Quanto a periodicidade, a financeira atende normalmente a um ano, enquanto que a gerencial é realizada de acordo com as necessidades da empresa. Para melhor compreender a diferença, vamos apresentar alguns exemplos. 1 – Receitas com vendas. Na Contabilidade Financeira as receitas com vendas são deduzidas dos Custos das Mercadorias Vendidas ou dos serviços prestados, o que provoca uma redução do Lucro Bruto. Por outro lado, na gestão gerencial, as receitas com vendas podem ser deduzidas dos Custos Variáveis de Produção, gerando assim, a Margem de Contribuição. Essa informação possibilita saber quando se apura nas vendas, para absorver os custos despesas fixas, resultado assim o lucro. 2 – Princípio do Custo de Aquisição. Na Contabilidade Financeira, o custo mercadoria vendida é o custo da formação computando, o custo médio ponderado do estoque de onde foi baixada aquela mercadoria, atendendo o Princípio Contábil do Custo de Aquisição ou de Formação. Enquanto que, no tratamento gerencial, o custo variável que entra no cálculo da margem pode ser o custo de reposição que é diferente do custo médio variável da mercadoria estocado quando são baixados os itens vendidos no mês. Como vimos, a Contabilidade Financeira, trabalha custos históricos e custos concorrentes, ou seja, decisões gerenciais devem lidar com o futuro, prospectivamente, e consequentemente, estimar custos futuros que serão mais valiosos para as tomadas de decisões. E dessas necessidades, surgiram a Contabilidade de Custos. E, devido às essas combinações, vemos que a Contabilidade de Custos, devido às técnicas de orientação de gerenciamento, torna-se um instrumento classificável como Contabilidade Gerencial e evolui no tempo. Gestão Industrial II 52 E, a partir dessas premissas vamos utilizar da tabela seguinte para verificar as comparações existentes a Contabilidade Financeira e Gerencial. Adaptada de TAVARES, 1994. ÍTENS CONTABILIDAE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL Usuários de relatórios Externos e internos Internos Objetivo dos relatórios Atender as necessidades e facilitar análise dos usuários externos Facilitar as etapas do gerenciamento: POCCC e da tomada de decisão Forma dos relatórios Origens e Aplicações dos Recursos, Balanço Patrimonial, Demonstração dos Resultados, Demonstração das Variações dos Patrimônio Líquido Relatório de desempenho, de custos, para tomadas de decisões, orçamentos. Frequência dos relatórios Mensal, semestral, anual, sazonal. Quando surgir a necessidade. Custos utilizados Dados históricos Históricos e esperados Bases de mensuração Moeda corrente Variadas bases de moeda Restrições das informações Princípios contábeis aceitos Não tem, exceto quando indicado pela administração Arcabouço técnico e teórico Ciências Contábeis. Utiliza-se de outras áreas: finanças, economia, estatística, comportamento organizacional, pesquisa operacional Características das informações Deve ser objetiva Orientada relevante no tempo Perspectivas dos relatórios. Orientação histórica Orientada para o futuro Após compreender o processo histórico, podemos avançar para uma introdução à Contabilidade de Custos. Gestão Industrial II 53 Contabilidade de Custos Sabe-se que as empresas industriais são divididas em departamentos ou áreas para que possam ser geridas para atender aos seus objetivos de produção ou fabricação e tornar-se competitivo no mercado. Portanto, com o tempo foi-se observando a necessidade de estruturação de um sistema de gestão de estoques, de organização e avaliação dos inventários, daí surge a Contabilidade de Custos com suas técnicas e metodologias que atendiam às necessidades de controle dos materiais utilizados na produção. Daí a compreensão de que os estudos empresariais estão associados à avaliação de estoques, que são procedimentos de natureza externa, mas, fornecendo informações importantes no processo gerencial. Então, o que é Contabilidade de Custos? É o ramo da contabilidade financeira que utiliza técnicas específicas para identificar, classificar e registrar os custos ligados diretamente à produção de bens e/o serviços. É um componente fundamental da contabilidade gerencial, pois, transmite as informações relacionadas com a estrutura dos custos, facilitando, assim, as tomadas de decisões. É usada mais especificadamente na atividade industrial, bem como na prestação de serviços(SANTOS, p. 30, 2008). Observa-se que um dos objetivos da Contabilidade de Custos é a determinação do Custo dos Produtos Vendidos(CPV) que tem grande importância nana apuração dos resultados. Quando analisado no contexto de indústria e comércio, verifica-se que o CPV é semelhante ao CMV que é Custo das Mercadorias Vendidas, tendo como diferenças apenas a produção para a primeira e a comercialização para a segunda. Gestão Industrial II 54 Nas empresas industriais, além, dos estoques e matéria direta e indireta para a produção que necessita ser controlado, existem outros que demandam a mesma atenção que são os estoques relacionados ao estoque de produtos em elaboração e o estoque de produtos acabados. Assim, exige uma apuração e a consolidação dos gastos envolvidos na produção dos bens estocados, com a apuração de montantes de materiais, da mão-de-obra e de gastos gerais de fabricação aplicados na produção de cada um desses bens. Assim que a necessidade da adoção de um sistema de registro e acompanhamento, da apropriação e rateio de gastos, como também complexos lançamentos contábeis e controles paralelos denominados de extraoficiais, deu fundamento para se constituísse na Contabilidade de Custos um conjunto de técnicas e de procedimentos dando origem à sua própria criação. Atualmente, a Contabilidade de Custos, reflete em todas as atividades empresariais como instrumento gerencial do planejamento e do controle e, principalmente, na tomada de decisão. Abrange avanços, tais como os métodos quantitativos e modelos de decisão, produtividade padrões de desempenho, conceitos de ciências comportamentais, contabilidade de recursos humanos, teoria da curva d aprendizado e conceitos avançados de marketing. Percebe-se também, que as empresas de serviços têm dedicado atenção na utilização dos mecanismos da Contabilidade de Custos devido à possibilidade de fornecer grande número de dados para a tomada de decisões cotidianamente e de longo prazo. Terminologias em custos Segundo MARTINS(p. 24, 1998), “produzir é transformar os meios econômicos em produtos ou serviços possíveis de serem consumidos ou utilizados”, no processo de apuração dos custos dessa transformação ou de produção é o total desses custos incorridos em determinado período, estando ou não totalmente acabada. Gestão Industrial II 55 A partir dessa colocação,podemos delinear algumas definições de custos. Custo da produção acabada. São aqueles envolvidos na produção acabado no período em análise, abrangendo ainda, os custos presentes na elaboração do início do período e foram concluídos no mesmo período. Custos primários. São os custos elementares e diretos envolvidos na produção ou fabricação, tais como o da mão-de-obra e material direto. Custo de transformação. É o total dos custos de produção exceto os de matéria-prima, material secundário e de embalagem. São custos necessários à transformação dos produtos(mão de obra indireta, material de consumo, energia elétrica, combustível, etc). Além dessas definições, existem outras que podem ser classificados como segue. Quanto à sua incidência do produto, podem ser. Diretos. São os custos que podem ser facilmente identificados diretamente com o produto, sem a necessidade de se efetuar o rateio. Indiretos. São os custos que não põem ser apropriados diretamente ao produto e, por isso, necessitam de um critério de rateio, que é atribuição de custos a departamentos o a produtos calculada sobre uma base determinada para sua alocação. Quanto à sua relação com a quantidade produzida, podem ser. Custos variáveis. São os que variam diretamente com as quantidades produzidas: a matéria-prima. Custos fixos. São aqueles que não se alteram em função do volume de produção ou comercialização. Com isso, ele será cada menor por unidade, quanto maior for a produção. Custos semifixo ou semivariáveis. São os custos que variam de acordo com a produção, porém, não há relação direta. Gestão Industrial II 56 Além das operações de produção ou fabricação, a gestão dos custos na empresa envolve também com a distribuição e administração. Eis que os gastos com a distribuição não são atribuídos aos produtos porque são formados no setor comercial da empresa e incidem sobre o produto acabado e vendido, tais como as comissões pagas. Esses custos são apurados no momento de sua ocorrência e designados como despesas. Também, são atribuídos ao período em análise, os gastos oriundos das ações que são necessários ao funcionamento da empresa, tais como, as despesas de administração, que não tem relação direta com o custo/volume/lucro. Diante dessa abordagem, vamos verificar também, as terminologias que são comuns para a Contabilidade Financeira e os custos. São eles. Ganho. É um lucro não relacionado à atividade operacional da empresa, como a venda de bem por valor superior ao saldo registrado na Contabilidade, denominado de ganho de capital, ganhos de variação cambial, etc. Prejuízo. É o resultado negativo de uma transação ou de um conjunto de transações de um período, o resultado negativo da soma das receitas menos as despesas do período em questão, ou seja, as despesas suplantaram as receitas desse período. Desembolso. É o pagamento resultante da compra (aquisição) de um bem ou serviço. É a saída financeira da empresa, entrega de ativos. Ex.: Pagamento de uma fatura. Gastos. "Esforço financeiro" com que a entidade arca para obter bens (produtos) ou serviços. Somente é considerado gasto no momento que existe o reconhecimento contábil da dívida ou da redução do ativo dado em pagamento. O Gasto pode representar tanto um custo como uma despesa. Ex.: Gasto com matéria-prima, gasto com comissões sobre vendas. Custo. Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. É um gasto reconhecido como custo no momento da fabricação de um produto ou execução de um serviço. Gestão Industrial II 57 Ex.: matéria-prima, mão de obra direta. Despesa. Gasto que provoca redução do patrimônio. Bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. Ex.: comissão sobre vendas. Investimento. É todo o gasto para aquisição de ativo, com finalidade de obtenção de benefícios a curto, médio ou a longo prazo. Podemos concluir que todo custo é um investimento, mas nem todo o investimento é um custo. Ex.: Matéria-prima, máquina para a fábrica, ações de outras empresas. Perdas. São bens ou produtos consumidos de forma anormal e involuntários. São gastos não intencionais decorrentes de fatores externos, fortuitos ou da atividade produtiva normal da empresa. Ex.: Perdas com estoque deteriorados, incêndios. Rateio. É o processo de divisão dos custos indiretos de produção aos centros de custos (departamentos), observando critérios pré-estabelecidos para sua alocação Depois de conhecidos os itens básicos de aplicação da Contabilidade de Custos no âmbito da gestão empresarial, vamos compreender como tornar-se essa aplicação adequada ao processo gerencial. Esquema de aplicação da Contabilidade de Custos Também conhecido como ciclo básico da Contabilidade de Custos, vamos apresentar os conhecimentos básicos para a gestão dos custos na empresa. Sabemos que o objetivo principal da Contabilidade de Custos é classificação, o agrupamento e o controle dos custos incorridos diretamente ou não no processo de produção ou transformação para determinar os valores do estoque e dos custos dos produtos vendidos. Daí, a necessidade de identificar as etapas de apuração dos valores dos custos unitários de produção, como segue: Gestão Industrial II 58 Separação dos custos e despesas envolvidas. Há necessidade de se fazer a distinção entre os custos e as despesas, pois os primeiros estão relacionados com a produção e as despesas são contabilizadas no Demonstrativo do Resultado do Exercício. Apropriação dos custos diretos. São os custos relacionados aos insumos e matérias primas utilizadas diretamente a cada produto elaborado na empresa. Juntam-se a estes, os demais custos ligados diretamente aos produtos e devem ser apropriados. Apropriação dos custos indiretos. São aqueles que para serem apropriados devem ser utilizados de critérios de rateio que estejam ligados ao princípio de Causas e Efeitos, quando se observa que o agente causador do fato, corresponde a determinada variação patrimonial quantitativa e deva ser debitado pelo respectivo valor. Assim os custos indiretos devem ser atribuídos a quem competem, ou seja, àquele setor que se utilizou deles. Apuração do Custo Unitário, do Custo do Produto Vendido e Estoque final. Aqui, verifica-se que podem ser apontados os custos totais de produção e deles extrair os custos unitários ao dividir pelas quantidades produzidas ou transformadas. Dos unitários, será possível o Custo dos Produtos Vendidos(CPV). E deles, considerando a quantidade total poderá obter o Estoque Final. Então, têm-se que os custos dos produtos são determinados pelo somatório de todos elementos de custos atribuídos no processo de produção. Porém, no processo de transformação de matéria prima em produtos acabados, são necessários outras atividades como os relacionados a mão de obra(MOD), instalações, máquinas e equipamentos, energia elétrica, materiais auxiliares, lubrificantes, água, gastos com manutenção entre outros. Como apurar os custos de um produto? De forma simplificada e para o estágio de nossos estudos, temos: Custo do Produto = Custo de matérias-primas + custos de transformação(MOD). Gestão Industrial II 59 Como sabemos que os custos de transformação são compostos de dois tipos de custos, podemos identificar os três fatores de custos que compõem o produto final. Então, Custo do produto = custo das matérias primas + custo da mão-de- obra + outros custos de fabricação. Existem também outros custos que são chamados de gastos gerais de fabricação ou de produção. São também, chamados de custos indiretos de fabricação e podem ser classificados em três categorias: Materiais indiretos, que são os lubrificantes, materiais de limpeza, materiais de manutenção e de reparos, etc. Mão-de-obra indireta, que são
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