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Características Gerais: CASO CLÍNICO: Sr. José Carlos, 66 anos, casado, pai de dois filhos, é aposentado e abriu um negócio próprio. Há 5 anos, no pré- operatório de uma cirurgia de hérnia umbilical, descobriu ter pressão alta e que sua glicose estava um pouco alta. Nesta época, ele foi referenciado do Hospital Universitário, pois, segundo a cardiologista que lhe atendeu, “sua hipertensão poderia ser tratada no posto”. Ele foi à Unidade de Básica de Saúde para levar seus exames: sua glicemia era de 120 mg/dL, e a hemoglobina glicada (HbA1c), de 6,4%. Seu peso era de 96 kg, e o índice de massa corporal (IMC), de 36 kg/m2. Sempre foi sedentário, nunca teve colesterol alto e nunca fumou. Foi solicitado um teste oral de tolerância à glicose (TOTG) que mostrou glicemia de jejum (GJ) de 118 mg/dL e pós-sobrecarga de 189 mg/dL. Disseram-lhe que ele tinha “diabetes leve” e que precisaria ter uma alimentação saudável e fazer atividade física para não ter complicações no futuro. No princípio, o medo o fez seguir as orientações recebidas, pois sua mãe “tinha falecido de diabetes”. Mas, como “não sentia nada” e teve necessidade de trabalhar mais para dar conta das despesas da casa e da família, primeiro abandonou a atividade física, depois relaxou com a alimentação. Como faltava às consultas, não fazia exames. Há 2 meses, procurou novamente o serviço médico, pois notou perda de peso e não estava dormindo bem (acordava para urinar muito à noite). Ficou preocupado com seu peso – 92 kg – e com a pressão – 150/90 mmHg –, e seus exames mostraram glicemia de 180 mg/dL e HbA1c de 7,4%. Que medidas são importantes para Sr. José em relação à prevenção das complicações do diabetes? a) Tratamento da obesidade, da hipertensão e da dislipidemia, o que reduz substancialmente o risco de complicações b) Prescrição de agentes antiplaquetários em baixas doses para todos os diabéticos c) Rastreamento das complicações quando as pessoas apresentam sintomas sugestivos d) Rastreamento para retinopatia e microalbuminúria após 10 anos de diagnóstico DIABETES: • Trata-se de um quadro de hiperglicemia crônica • Há defeito na ação da insulina ou na secreção dela; pode ocorrer ambas ao mesmo tempo Sociedade brasileira de diabetes classifica como: • Diabetes Mellitus 1: doença autoimune que para a produção de insulina pelo pâncreas. • Diabetes mellitus 2: associada a hábitos de vida + fatores genéticos • Ainda existem outros tipos específicos de DM e DMG (diabetes mellitus gestacional) • É um dos principais problemas manejados pelo MFC (médico de família e comunidade) • Fatores relacionados: envelhecimento, obesidade, sedentarismo e maior sobrevida dos pacientes • Ainda causa internamentos porém com queda dos números (provável melhora do suporte da APS) QUANDO PENSAR EM DIABETES MELLITUS: • A maioria dos pacientes é assintomático, quando muito alta (PAS>18mmHg) pode haver dor na nuca, dores de cabeça, tontura) • Pode surgir a suspeita na presença de uma complicação • Rastrear se PAS acima de 135mmHg ou PAD maior que 80mmHg • Poliuria (excesso de urina) • Polidipsia (excesso de sede) • Polifagia (fome excessiva) • Perda ponderal inexplicada • Cansaço • Visão embaçada • Candidíase Aula 10 - IESC Estratégia de Cuidado do Paciente Diabético DIAGNÓSTICO: • Pode ser feito com glicemia em jejum, glicemia casual, glicemia 2h após sobrecarga de 75g de glicose • HbA1c – hemoglobina glicada - incorporada recentemente como critério diagnostico, mas não substitui os critérios por glicemia plasmática • Se os sinais são sugestivos + glicemia casual acima de 200 = fecha diagnóstico • Se assintomático (ou sintomas leves), necessário 2 glicemias de jejum acima de 126mg/dl • Se forte suspeita clínica (dois ou mais fatores de risco) e glicemia entre 100e126mg/dl – indicado solicitar TTOG75g ANAMNESE E EXAME FÍSICO: • História completa da doença • Identificação de comorbidades (risco cardiovascular ou transtornos mentais, como ansiedade e depressão, que interferem na adesão) • Identificar dificuldades, expectativas e medos do paciente • Exame físico orientado para verificar presença de risco cardiovascular e complicações macro e microvasculares • Exame dos pés, avaliação de sensibilidade, palpação de pulsos, presença de feridas, infecções e deformidades METAS PARA TRATAMENTO: METAS DO TRATAMENTO: • Redução da glicose • Redução da PA • Adequação do peso • Adequação do perfil lipídico • HbA1c <7% Tratamento não farmacológico: • Atividade física • Dieta adequada • Aconselhamento sobre não uso de álcool, cigarro e outras drogas • Tem efeito semelhante aos antidiabéticos orais e auxiliam a reduzir risco cardiovascular (RCV) global MEV: mudanças no estilo de vida • Dieta e exercício físico • Obesidade e sedentarismo afetam a sensibilidade da insulina • Atividade física reduz HbA1c, reduz RCV e melhora autoestima • Exercícios físicos por mais de 150 minutos semanais de intensidade moderada e vigorosa • Retinopatia proliferativa e neuropatia autonômica grave contraindicam exercícios vigorosos e alteração da sensibilidade ou lesões nos pés requerem cuidados com o calçado e o tipo de atividade realizada • Redução de 5 a 10% do peso corporal Tratamento Farmacológico: Se sobrepeso ou obesidade a melhor opção é metformina • Promove discreta perda de peso e reduz níveis de LDL • Dose inicial de 500 ou 850 mg após a refeição, preferencialmente no jantar • Efeitos colaterais são frequentes mas diminuem com o passar do tempo e são minimizados • Pessoas com TFG <30ml/min tem contraindicação para metformina • Se o objetivo for emagrecimento escolher sulfonilreias • Usar com cautela em idosos pelo risco de hipoglicemia • Clorpropamida e glibenclamida apresentam maior risco de hipoglicemia • Não devem ser utilizados em pacientes com perda significativa de função renal • Podem ser usados associados a metformina INSULINOTERAPIA: • Indicado ao diagnostico quando há sintomas proeminentes, ou no curso de tratamento, quando há falha ou contraindicação de fármacos orais, ou ainda situações como gestação • Introduzida em dose única antes de deitar-se (bed time), associada a antidiabéticos orais (terapia combinada) é a estratégia preferencial para início de terapia de insulina do DM2, possui benefício de requerer menores doses de insulina e reduz o risco de hipoglicemia • Ajuste de dose de forma progressiva e adequada, evitando hipoglicemia • Ajuste de doses de forma progressiva e adequada, evitando hipoglicemia • Manter metformina e outros agentes orais de acordo com a individualidade de cada paciente PROGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES POSSÍVEIS: • Quando diagnosticado e tratado corretamente, tem bom prognóstico • Complicações agudas e crônicas podem afetar a qualidade de vida • Rastreio de complicações deve ser realizado anualmente EDUCAÇÃO EM SAÚDE: • Orientar o paciente sobre sua doença e ter certeza de que ele entendeu • Orientações sobre cuidados com os pés • Orientar sobre o que reduz os riscos de complicação • Orientações sobre a doença e acompanhamento com equipe multi Referências: • Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática [recurso eletrônico] / Organizadores, Gustavo Gusso, José Mauro Ceratti Lopes, Lêda Chaves Dias; 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019. 2 v. • Capítulo 178
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