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Prof. Joilsom Saraiva Libras Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar asua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 SUMÁRIO A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA ........................................................ 8 1.1 O QUE É COMPETÊNCIA COMUNICATIVA ................................................................ 8 1.2 TIPOS TEXTUAIS ................................................................................................................. 13 1.2.1 A NARRATIVA .............................................................. 15 1.2.2 A DESCRITIVA .............................................................. 16 1.2.3 O DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO ................................... 18 1.3 TIPOS TEXTUAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 PARA SURDOS . 20 FIXANDO CONTEÚDO ................................................................................................ 26 LIBRAS EM FOCO I ..................................................................................... 31 2.1 PRONOMES PESSOAIS ...................................................................................................... 31 2.2 PRONOMES POSSESSIVOS ............................................................................................... 37 2.3 FAMÍLIA .................................................................................................................. 41 2.4 APLICAÇÃO PRÁTICA .............................................................................................. 48 2.4.1 ATIVIDADE 1 ................................................................ 48 2.4.2 ATIVIDADE 2 ................................................................ 48 2.4.3 ATIVIDADE 3 ................................................................ 49 2.4.4 ATIVIDADE 4 ................................................................ 50 FIXANDO CONTEÚDO ................................................................................................ 51 ESTUDO DO LÉXICO ............................................................................. 56 3.1 O LÉXICO DAS LÍNGUAS DE SINAIS (LS) ....................................................................... 56 3.2 A LEXICOLOGIA DAS LS .......................................................................................... 59 3.3 A LEXICOGRAFIA DAS LS ........................................................................................ 63 3.4 A TERMINOLOGIA DAS LS ............................................................................................... 69 FIXANDO CONTEÚDO .............................................................................................. 73 LIBRAS EM FOCO II .................................................................................... 78 4.1 LOCALIZAÇÃO ................................................................................................ 78 4.1.1 LUGARES PÚBLICOS ...................................................... 81 4.1.2 OS CÔMODOS DA CASA ............................................... 82 4.2 PRONOMES DEMONSTRATIVOS ...................................................................................... 83 4.3 PREPOSIÇÕES/LOCUÇÕES PREPOSITIVAS DE LUGAR.................................................. 87 4.4 APLICAÇÃO PRÁTICA .............................................................................................. 90 4.4.1 ATIVIDADE 1 ................................................................ 90 4.4.2 ATIVIDADE 2 ................................................................ 91 4.4.3 ATIVIDADE 3 ................................................................ 91 4.4.4 ATIVIDADE 4 ................................................................ 93 FIXANDO CONTEÚDO .............................................................................................. 94 AS EXPRESSÕES NÃO MANUAIS (ENM) .................................................... 98 5.1 O USO DAS ENM NA LIBRAS E SEUS ASPECTOS GRAMATICAIS ................................. 98 5.2 ASPECTO ...................................................................................................... 100 5.3 FOCO ............................................................................................................ 102 5.4 TÓPICO ........................................................................................................ 104 5.5 AFIRMATIVAS E NEGATIVAS, EXCLAMATIVAS E INTERROGATIVAS .........................106 FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................ 110 UNIDADE 06 LIBRAS EM FOCO III .............................................................................. 114 6.1 AÇÕES COTIDIANAS .................................................................................... 114 6.2 PARTÍCULAS INTERROGATIVAS .................................................................. 119 6.3 APLICAÇÃO PRÁTICA ................................................................................... 123 6.3.1 Atividade 1 ................................................................... 123 6.3.2 Atividade 2 ................................................................... 124 6.3.3 Atividade 3 ............................................................... 125 FIXANDO CONTEÚDO ................................................................................... 126 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ...................................... 130 REFERÊNCIAS ................................................................... 131 CONFIRA NO LIVRO Trataremos sobre competência comunicativa a partir da compreensão das principais sequências textuais, a saber, a narrativa, a descritiva e a dissertativa-argumentativa. Além dos conceitos, identificaremos como o estudo dos tipos textuais podem desenvolver a habilidade linguística dos surdos quando no ensino de Português L2. Na primeira unidade que trata de apresentação prática da Libras, compreenderemos os conceitos léxico-gramaticais dos Pronomes Pessoais e Pronomes Possessivos. Além disso, abordaremos o vocabulário referente às relações de parentesco e, por fim, aplicaremos o aprendizado de forma prática. Nesta unidade discutiremos os aspectos relacionados às ciências do léxico que competem a toda e qualquer língua legítima e natural, incluindo as línguas de sinais. Identificaremos os conceitos relacionados ao léxico, Lexicologia, Lexicografia e Terminologia a fim de associá-los aos estudos das LS. Em mais uma unidade de apresentação prática, trabalharemos com o vocabulário referente à localização e direcionalidade, o que envolve reconhecer espaços públicos e de moradia. Abordaremos aspectos gramaticais a partir da identificação dos conceitos e apresentação dosPronomes Demonstrativos e das Preposições de Lugar. Ao final da unidade, conseguiremos reunir os conhecimentos aqui adquiridos em elaborações de sentenças complexas. As expressões não manuais são um dos parâmetros fonológicos das línguas de sinais e são mais do que complementos discursivos. Nesta unidade, compreenderemos como elas desempenham papel sintático ao incorrer em marcações de sentenças interrogativas, topicalizações e foco; além de considerar sua constituição lexical ao marcar o aspecto e, também, sua manifestação na categorização de sentenças afirmativas, interrogativas e negativas. A Unidade 6 é outra responsável por nos apresentar algum conteúdo prático, como, por exemplo, os verbos indicativos de nossas ações cotidianas. Também aprenderemos sobre palavras e locuções de cunho interrogativo e suas duas funções básicas na comunicação em Libras. Ao finalizar, um apanhado dos conhecimentos abordados será apresentado em questões de plena prática. A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA O QUE É COMPETÊNCIA COMUNICATIVA UNIDADE 01 O estudo da competência comunicativa é imprescindível para formação de sujeitos efetivamente comunicadores. Sua aplicabilidade está para várias habilidades, como podemos perceber na citação de Berruto mencionada no trabalho de Castellanos: A competência comunicativa é uma capacidade que inclui não só a habilidade linguística e gramatical de produzir frases bem construídas e de saber interpretar e fazer julgamentos sobre frases produzidas pelo falante - ouvinte ou por outros, mas necessariamente incluirá, por um lado, uma série de habilidades extralinguísticas inter- relacionadas, sociais e semióticas e, por outro lado, uma habilidade linguística multifacetada e multiforme. (BERRUTO apud CASTELLANOS, 1992, p.100. Tradução nossa.) Ainda, é relevante analisar o conceito de competência comunicativa postulado por Pilleux: O status da comunicação linguística como um sistema gramatical que é usado para comunicação e que faz parte da cultura geralmente não tinha sido considerado antes do trabalho de Hymes. Assim, a comunicação linguística é alcançada por meio do domínio da competência comunicativa, termo que Hymes (1971, 1972, 1974) cunhou da etnografia da comunicação (um cruzamento entre antropologia e linguística), tendência antropológica que começa a se desenvolver no meio a partir da 1960 e início dos anos 1970 (Gumperz e Hymes 1964,1972). Hymes propõe que a competência comunicativa deve ser entendida como um conjunto de habilidades e conhecimentos que permitem que os falantes de uma comunidade linguística se entendam. Em outras palavras, é nossa capacidade de interpretar e usar apropriadamente o significado social das variedades linguísticas, de qualquer circunstância, em relação às funções e variedades da língua e aos pressupostos culturais na situação de comunicação. Refere-se, em outros termos, ao uso como sistema de regras de interação social. (PILLEUX, 2001, online. Tradução nossa) Como podemos perceber nas colocações dos autores, competência linguística envolve mais do que simplesmente conhecer regras gramaticais da língua e reconhecer as palavras desse idioma. Podemos dividir a competência comunicativa em dois âmbitos: a elaboração e a decodificação. A elaboração linguística compromete-se com a produção. Contorna toda e qualquer construção discursiva em todas as suas possibilidades de expressar-se: oral, escrita, imagética e/ou pantomímica, etc. Para tanto, é preciso o desenvolvimento de aptidões tais quais as citadas por Castellanos; a saber “a habilidade linguística e gramatical de produzir frases bem construídas”, assim como “uma série de habilidades extralinguísticas interrelacionadas, sociais e semióticas e, por outro lado, uma habilidade linguística multifacetada e multiforme”. A perícia linguística perpassa, justamente, por aspectos multifacetados que incluem conhecimentos lexicais, sintáticos, semânticos, morfológicos, fonológicos, pragmáticos, além de gramaticais. Essas competências são adquiridas natural e/ou artificialmente, dependendo do contexto do aprendiz; seja ele aprendiz de uma L1 ou L2, e dependendo também do seu ambiente de aquisição; seja o círculo natural de convivência ou a escola. As aquisições naturais de uma língua materna serão aprimoradas e desenvolvidas a partir de perspectivas específicas no ambiente escolar. Além disso, serão as responsáveis por auxiliar no aprendizado de uma língua estrangeira. A partir do conhecimento e potencial de aplicar tais redes, há competência comunicativa na esfera linguística. No entanto, ainda é necessário estabelecer relações extralinguísticas, como as semióticas e sócio-culturais, dado que, conforme indicado por Pilleux (1992), anteriormente mencionado, “a competência comunicativa deve ser entendida como um conjunto de habilidades e conhecimentos que permitem que os falantes de uma comunidade linguística se entendam.” Nessa perspectiva, apenas conhecer critérios linguísticos da língua não será suficiente para produzir enunciados que evidenciam competência linguística. Pense, por exemplo, nas unidades polilexicais como as expressões idiomáticas e provérbios, bem como nas formações metafóricas. Figura 1: Unidades polilexicais Fonte: https://bit.ly/3zZ1Cz5. Acesso em: 27 jul 2021 Nenhuma das considerações acima traz, por si só, todo o sentido do enunciado, embora todas elas estejam escritas de acordo com a norma culta gramatical da Língua Portuguesa. Para que sejam amplamente compreendidas em sua definição mais usual, a metafórica, é preciso ir além da assimilação do significado de cada uma das palavras que as compõem e somar tais conceitos. É preciso conhecimento cultural e social da comunidade linguística falante do Português. Por isso mesmo, será difícil para um aprendiz de Língua Portuguesa como L2 entender o caráter que essas expressões possuem sem que sejam orientados por um falante nativo de LP. Percebem como competência comunicativa vai além de construções corretas e formais? Seu objetivo principal é fazer-se entender aos seus pares linguísticos. https://bit.ly/3zZ1Cz5 A decodificação linguística está para a compreensão do discurso recebido. É o trabalho que o interlocutor realizará ao se deparar com um texto da língua em qualquer modalidade de apresentação. Isso está de acordo com a citação já trazida de Castellanos: “saber interpretar e fazer julgamentos sobre frases produzidas pelo falante - ouvinte ou por outros”. Assim, a concretização da competência comunicativa depende de duas partes: o locutor e o interlocutor. Não basta que apenas a primeira parte cumpra seu papel, é preciso que a segunda tenha aptidão na recepção do texto que lhe foi oferecido. É preciso que o destinatário da mensagem se ocupe em interpretar, julgar e decifrar tal manifestação. Como nos lembrou Pilleux (1992): “interpretar e usar apropriadamente o significado social das variedades linguísticas [...] em relação às funções e variedades da língua e aos pressupostos culturais na situação de comunicação. Refere-se [...] ao uso como sistema de regras de interação social.” Para uma decodificação plena e correta, será preciso que o interlocutor seja partícipe dos conhecimentos linguísticos do seu enunciador e vice-versa. Por exemplo, um intérprete de Libras poderá ser considerado um profissional eficiente, não apenas por ser proficiente nas línguas que utiliza para realizar as traduções, mas, também, por conhecer a capacidade cultural e linguística do seu destinatário. Isso envolverá compreensão dos aspectos já mencionados para o propósito da produção textual, além de compartilhamento dos pressupostos antropológicos e de interação social que permeiam o discurso a ser elucidado.Os domínios de competência comunicativa estão vinculados a basicamente duas modalidades da língua: a semiótica e a semântica. Castellanos (1992) descreve as distinções desses dois domínios no quadro abaixo: Quadro 1: Domínios da língua: Semiótico e Semântico Domínio Semiótico Domínio Semântico A língua como sistema de signos. A língua em funcionamento. Significar. Comunicar. Domínio no âmbito do signo. Domínio no âmbito da frase. Nem a relação do signo com o denotado, nem a relação da língua com o mundo é considerada. Integra a sociedade e o mundo. A língua na sua função mediadora entre o homem e o homem; entre o homem e o mundo. Incorpora a noção de referente: o que é nomeado pelo signo. O signo tem um valor genérico e conceitual. O significado da frase implica a referência ao contexto e à atitude do falante. É uma propriedade da língua. É o resultado de uma atividade do locutor que coloca a língua em ação. Fonte: CASTELLANOS, 1992, online Toda comunicação se dará levando em consideração os campos determinados. De modo que a produção do discurso poderá ser significada e/ou comunicada a partir da intenção do enunciador e de suas habilidades (extra)linguísticas e a decodificação será atingível atrelando competência comunicativa do remetente à do destinatário. Tal competência é o que tornará possível, inclusive, que produção e decodificação sejam feitas no domínio correspondente ao discurso, seja ele pertencente ao conceito genérico do signo ou dependente de contexto. TIPOS TEXTUAIS Como analisamos no subtítulo anterior, a competência comunicativa pode ser avaliada em diferentes tipos de comunicação, que são, apropriadamente, denominadas textuais. Os textos serão rotulados em gêneros, isto é, levando-se em consideração a intenção e a forma desses discursos, lhes são atribuídas classificações. Como já identificado, o texto é lugar de interação e visa comunicar-se. Dependendo da forma como tal comunicação se dará, cada texto será produzido em uma devida estrutura composicional. São essas estruturas e o objetivo na construção de sentido que serão levados em conta na identificação dos gêneros textuais. Lemos em Medeiros e Tomasi: O número de tipos textuais, diferentemente dos gêneros que constituem uma lista aberta, é limitado: descritivo, narrativo, expositivo, argumentativo, injuntivo, dialogal. Esses tipos textuais também são conhecidos como sequências textuais e são identificados pelo léxico utilizado, pela sintaxe, pelos tempos verbais, pelas relações lógicas etc. Uma composição textual não mantém a mesma regularidade o tempo todo: um texto argumentativo não o será o tempo todo; uma descrição pode conter momentos narrativos, uma narração pode ser entremeada de passagens argumentativas. (MEDEIROS; TOMASI, 2017, p.56) Os autores fazem menções importantes a serem consideradas. Além de indicar os tipos textuais mais comuns, ponderam sobre a vivacidade linguística ao identificar que, mesmo que um texto tenha características regulares de um tipo, ele pode discorrer, em alguns momentos, por características mais fortemente próprias a outro tipo. Isso não necessariamente o torna confuso, desordenado ou ilegítimo, desde que tal construção tenha sido feita intencionalmente pelo seu locutor. A regularidade não é meio de avaliação de um texto como linear, claro ou coeso. Apesar da previsibilidade, mesclas de distintos tipos textuais podem enriquecer a mensagem e facilitar a compreensão pelo interlocutor. Os tipos textuais mais comuns também são identificados pelos autores; a saber, descritivo, narrativo, expositivo, argumentativo, injuntivo e dialogal. Ainda sob luz de Medeiros e Tomasi, consideraremos as principais características de cada um deles, a partir da tabela proposta pelos autores, aqui abaixo reproduzida: Quadro 2: Tipos Textuais Sequência Efeito Pretendido Fases Narrativa Manter a atenção do destinatário, estabelecendo uma tensão e subsequente resolução. • Situação inicial • Complicação • Ações desencadeadas • Resolução • Situação Final Descritiva Fazer o destinatário ver minuciosamente elementos de um objeto do discurso, segundo a orientação dada a seu olhar pelo produtor. • Tematização • Aspectualização • Relação • Expansão Argumentativa Convencer o destinatário da validade do ponto de vista do enunciador diante de um objeto do discurso visto como contestável pelo produtor e/ou pelo destinatário. • Premissas • Suporte argumentativo • Contra-argumentação • Conclusão Explicativa/Expositiva Levar o destinatário a compreender um objeto do discurso, visto pelo produtor como incontestável, mas de difícil compreensão para o destinatário. • Constatação inicial • Problematização • Resolução • Conclusão/Avaliação Injuntiva Fazer o destinatário agir segundo uma • Enumeração de ações direção para atingir um objetivo. temporalmente subsequentes Dialogal O propósito é levar o destinatário a manter-se na interação proposta. • Abertura • Operações transacionais • Fechamento Fonte: MEDEIROS; TOMASI, 2017, p.55 As particularidades dos principais tipos textuais estão apresentadas na figura. Falaremos mais sobre três desses tipos textuais, por serem os mais recorrentes no âmbito educacional, a fim de proporcionar maior facilidade na identificação dos mesmos e também aprimorar a perícia em decodificá-los enquanto interlocutores. 1.2.1 A Narrativa O tipo textual narrativo propõe uma construção que desencadeia uma sequência de fatos a partir da perspectiva da(s) personagem(ns). Conforme a Fig.2 nos indica, essa continuidade de ocorrências se dá, basicamente, pela ordenação de situações iniciais, mediais e finais. Normalmente, haverá uma circunstância de conflito que atingirá seu clímax no momento de maior contratempo e o seguimento para a situação final. Medeiros e Tomasi detalham: Na sequência narrativa, temos uma sucessão de eventos: um evento ou fato é consequência de outro evento, constituindo seu elemento principal a delimitação do tempo. Observamos ainda na narrativa uma unidade temática: a ação narrada precisa apresentar um caráter de unidade; daí privilegiar um sujeito agente; embora possam ser muitas as personagens, haverá uma que será a principal. (MEDEIROS; TOMASI, 2017, p. 58) A sucessão de eventos pode acontecer em ordem cronológica e/ou psicológica e será apoiada em evidências importantes relacionadas às ações das personagens do relato. Outras características também são indicadas pelos autores como, por exemplo, a presença de personagem antropomorfa, evidências de um juízo de valor ou moral no decorrer ou ao final da narrativa inferida pelo leitor e o traço de verossimilhança. 1.2.2 A Descritiva As sequências descritivas, como depreendemos pela sua nomenclatura, servem para expor de modo minuciado, pormenorizado e detalhado um acontecimento ou evento, seres inanimados e animados, fenômenos e tudo mais que possa receber atribuições em especificidade. Lemos em Medeiros e Tomasi: Em geral, a sequência descritiva ocupa-se apenas de parte de um todo; selecionamos o que queremos transmitir ao leitor ou ao ouvinte, o que de certa forma já implica ausência de neutralidade. Preocupa- nos designar o que queremos informar, nomeando os objetos ou pessoas; em seguida, definimos objetos e pessoas para que o interlocutor tenha ideia precisa da extensão dos enunciados, dos atributos essenciais e específicos do objeto da descrição; finalmente, esse tipo de texto vale-se da individuação, necessária para tornar singular o objeto do enunciado; é essa individuação que especifica, distingue, particulariza. (MEDEIROS; TOMASI, 2017,p. 66) Ao indicar que “a sequência descritiva ocupa-se apenas de parte de um todo”, os autores retomam uma consideração importante: normalmente, a descrição será o excerto de uma totalidade, podendo contribuir para o objetivo da apresentação singularizada em sequências como, por exemplo, a narrativa. É assim no caso de gêneros textuais que apelam para o caráter distintivo mais recorrentemente, como os Relatos, Biografias e Diário. Como dito, a composição descritiva, “especifica, distingue, particulariza”; de modo ser impossível construir essas pertenças com total ausência de juízo de valor. É certo que algumas características, sendo próprias daquilo/daquele que está sendo categorizado, serão tomadas e reconhecidas por toda e qualquer pessoa a descrevê-las. No entanto, outras considerações acabam por indicar a avaliação pessoal do locutor, tendo em conta sua experiência e ponto de vista. Veja um exemplo: Clarice Lispector nasceu na aldeia de Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1920. Era filha de Pinkouss e Mania Lispector, casal de origem judaica que fugiu de seu país diante da perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa. Ao chegarem ao Brasil, fixaram residência em Maceió, Alagoas. [...] Clarice tinha apenas dois meses de idade. Por iniciativa de seu pai, todos mudaram o nome. Nascida Haya Pinkhasovna Lispector, passou a se chamar Clarice. Depois, a família mudou-se para a cidade do Recife [...]. Aprendeu a ler e escrever e logo começou a escrever pequenos contos. Foi aluna grupo escolar João Barbalho, onde fez o curso primário. Estudou inglês e francês e cresceu ouvindo o idioma dos seus pais o iídiche. Ingressou no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio público da cidade. (FRAZÃO, 2021, online) No caso de textos biográficos, detalhamentos são feitos ao longo da sequência e indicam descrições tanto factuais, como o nome, local de nascimento e eventos da vida de uma pessoa, como também descrições baseadas nos critérios do emissor da mensagem. Note que a autora da biografia de Clarice Lispector traz minúcias isentas de julgamento, mas quando indica que a literata, ainda criança “ingress[a] no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio público da cidade”, atribui uma particularidade ao colégio que lhe é própria. Qual(is) razão(ões) justifica(m) considerar o Ginásio Pernambucano o melhor colégio público da cidade? É uma demanda absoluta? Evidente que não. Assim, mesmo que não propriamente concebido pela autora do texto, percebemos uma demanda de contribuição avaliativa e crítica. Haverá sequências descritivas com maior ou menor grau de parecer pessoal, assim como também haverá mais ou menos trechos descritivos em um discurso, a depender do seu gênero textual e intenção comunicativa. 1.2.3 O dissertativo-argumentativo No âmbito pedagógico, especialmente no percurso educacional dos anos finais da educação básica, a sequência textual dissertativa-argumentativa é uma das mais executadas e avaliadas, dada a necessidade e intento de despertar a leitura e escrita crítica do aluno, bem como sua capacidade de enunciar, objetar e arrazoar. Na obra de Medeiros e Tomasi, a enunciação argumentativa é referenciada e, em seguida, há a consideração do tipo explicativo/expositivo, que também pode ser chamado dissertativo. Esse último tem por propósito dar ao interlocutor informações suficientes para que conheça o objeto de apresentação ofertado pelo remetente do discurso. É uma sequência que se distingue da descritiva, pois a descrição apresenta detalhamentos de um referente conhecido ou familiar ao interlocutor, enquanto que a sequência expositiva ou dissertativa irá discorrer sobre um objeto do discurso não familiar, de difícil compreensão para o destinatário. Por isso, apresentará a exposição a partir de uma problematização constatada e de indicações de resoluções até a conclusão ou avaliação final. Já a sequência argumentativa pode ser concomitante à dissertativa quando no caso de assim ser solicitado. O texto argumentativo: [...] dispõe de longa tradição. Já a retórica clássica tratava dela. A sequência argumentativa preocupa-se em explicar, analisar, classificar, avaliar a realidade do mundo. É o tipo de sequência predominante nos discursos científicos, filosóficos, nos editoriais jornalísticos. A argumentação está sempre presente em qualquer que seja o tipo de texto: há uma voz que se estabelece em contato com outra, manifestando um ponto de vista, buscando a adesão do interlocutor ou de um auditório às teses defendidas. Todavia, se em qualquer texto podemos detectar uma argumentação, um juízo sobre as coisas do mundo, “é só a sequência argumentativa que terá a estrutura constitutiva do raciocínio” (WACHOWICZ, 2010, p. 95). (MEDEIROS; TOMASI, 2017, p.75) As teses argumentativas terão, portanto, o objetivo de “busca[r] a adesão do interlocutor ou de um auditório às teses defendidas”. Na necessidade de não apenas apresentar um referente circunstancial, a argumentação quer convencer. Por isso, utiliza de recursos como premissas, defesa de ponto de vista, exemplificação para embasamento do discurso, contra-argumentação de construções antagônicas, propostas de intervenção e/ou sugestões de adesão ao ato enunciativo, etc. Logo, mesmo que inicialmente o receptor tenha pensamento distinto daquele promovido pelo remetente, o objetivo desse último é estabelecer, através da argumentação, a conclusão que deseja alcançar. Necessário ressaltar que características de escrita serão especialmente aqui relevantes, pois a argumentação efetiva necessita de textos convincentes, coerentes e coesos. Para tanto, a pessoalidade deve ser evitada, a fim de identificar construções comuns ao coletivo, e não ao indivíduo. A sequencialidade lógica e macroestrutural é fator expressivo para uma escrita dissertativa- argumentativa com bom encadeamento. A escrita à base da norma culta padrão da língua também contribui para uma compreensão mais ampla das informações e dá peso de confiabilidade à explanação. Os tipos de sequências textuais não se esgotam por aqui. Analisamos três das principais estruturas discursivas a fim de elucidar sua finalidade e estrutura e fazê-los perceber a necessidade do alto grau de compreensão léxico-gramatical e de maturidade linguística necessário para produção de discursos considerados competentes. A competência comunicativa está muito além de uma boa construção sintática. Ela envolve alcançar uma produção que, ao chegar ao destinatário, valide o intento do locutor por ser decodificada conforme seu objetivo. TIPOS TEXTUAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 PARA SURDOS A competência comunicativa parte dos princípios já analisados nos tópicos anteriores. Ela se dá a partir da materialidade da linguagem em forma de discurso linguístico em suas distintas formas. Para tanto, é imprescindível que as formas básicas de comunicação e efetivação textuais sejam conhecidas e reconhecidas pelos falantes da comunidade linguística. Sabendo que a língua é uma atividade social, a verbalização só poderá acontecer através de construções de sequências textuais padronizadas com as regras léxico-gramaticais próprias a essa comunidade. Nessa perspectiva de letramento e produção de sentido, lemos em Salviano (2014): [...] cabe à escola a função de promover aprendizado de leitura e escrita de modo que permita aos seus alunos interação plena com a sociedade em todas as suas facetas formais ou informais. Como ter habilidade em fazer isso com o aluno padrão, isto é, com o aluno que faz parte do grupo base da sociedade, tem sido amplamente discutido nas Faculdades de Educação em todo o Brasil através de disciplinas, projetos, trabalhos, livros, etc. Mas como conseguir a mesmahabilidade com um grupo minoritário que também faz parte dos assentos das escolas? Como conseguir essa habilidade com alunos surdos que têm uma visão de mundo absolutamente diferente da nossa, como ouvintes? E caso trabalhe com uma turma de escola inclusiva, ou seja, com alunos surdos e ouvintes, como caminhar de modo a promover a mesma competência para ambos os grupos? [...] E como fazer isso de um modo que privilegie a visão, já que é por esse sentido que os surdos captam as informações e o mundo externo? (SALVIANO, 2014, p.59) As funcionalidades e as classificações de sequências e gêneros textuais da Língua Portuguesa são as mesmas para todo corpo social que partilha dessa língua e cultura. Logo, qualquer indivíduo que recebe e perpassa informações em LP e que possui plena ou certa medida de civilidade a partir de enunciações produzidas ou decodificadas nessa língua deve ter a competência linguística necessária para desenvolver habilidade suficiente em tal perspectiva, estando, então, capaz de firmar um percurso educacional adequado, além de habilitar-se para o exercício da sua cidadania. A competência será aprimorada no ambiente escolar, responsável por desenvolver consciência regulamentadora da inata faculdade da linguagem e da L1 já adquirida. Sendo a escola mediadora na construção de sentido, deverá propiciar compreensão e refinamento de competência linguística e, portanto, reconhecimento e produção apta dos tipos textuais, a todo público que atenda; inclusive à comunidade surda. Por que haverá distinção de metodologias para surdos e ouvintes, quando na busca por um objetivo linguístico semelhante? A resposta está, basicamente, na modalidade de captação e expressão desses dois grupos. Figura 2: A verbalização em línguas de distintas modalidades Fonte: BRASIL, 2009, p.19 Perceba a enunciação comunicativa trazida na Fig.3. Temos ali, verbalizações em Libras e em Língua Portuguesa. Para os partícipes do diálogo em língua de sinais, notamos que duas variantes são necessárias para entender e para se fazer entender: a visão e o espaço. É através da visão que há captação do que está sendo dito e é no espaço que tal manifestação acontece. Por isso, a Libras e as outras tantas línguas de sinais são denominadas línguas espaço-visuais. Já o discurso em LP que está sendo transmitido pelo canal televisivo não depende da visão do interlocutor ouvinte para ser compreendido. Mesmo estando de costas para o remetente da mensagem ou fora do seu campo visual, é possível captar e decodificar a mensagem pelo canal auditivo. E, para produzir uma mensagem, usa-se o aparelho fonoarticulatório. Consequentemente, a Língua Portuguesa pode ser classificada oral-auditiva; pois suas variantes de produção e decodificação são, respectivamente, a articulação oral e o sistema auditivo. Essa diferença de modalidade aporta aos indivíduos surdos e ouvintes distinções no modo de ver o mundo, de se apropriar dos conceitos, de relativizar, de ser alfabetizado e, de um modo geral, de aprender. Não há, quando se tratando apenas da falta da audição, imputamento de perdas cognitivas para o surdo. O que temos, no seu caso, é simplesmente uma diferença comunicativa modal que demanda metodologias próprias à sua especificidade linguística, como, por exemplo, o estabelecimento de uma relação ensino-aprendizagem a partir de ferramentas visuais e que não se primem exclusivamente pelos fonemas sonoros. Reconhecendo uma forma de aprendizado particular dos surdos, a legislação brasileira reconhece, através da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, a Libras como meio oficial de comunicação da pessoa surda. Tal feito determina consequências importantes no processo educacional do surdo, incluindo sua relação com textos de línguas orais. Sendo o meio de expressão da comunidade surda, a Libras deve ser encarada como sua L1 e, então, como meio de instrução dessa comunidade. Toda pessoa surda deve receber a educação básica por meio da língua de sinais. Consequentemente, o Português será uma L2, ou seja, uma língua estrangeira.Destarte, não é possível e nem expectável que um aprendiz de L2 tenha proficiência e aproveitamento absolutamente semelhante à de um nativo no desenvolvimento da competência comunicativa. Tanto mais se a comparação entre esses aprendizes está para línguas de modalidades distintas. Não é realista supor que uma pessoa privada do pleno sentido da audição reconheça características de uma língua que estão alicerçadas em sistemas sonoros – justamente o que não é capaz de alcançar. Levando isso em consideração, as regências legislativas e documentos oficiais no âmbito educacional promovem metodologias funcionais e efetivas para que o processo educacional do surdo se dê com o melhor acesso à competência comunicativa em uma perspectiva bilíngue que lhe caiba. Considerando os aspectos mencionados, trabalhar as sequências textuais com surdos a fim de lhes desenvolver a competência comunicativa deverá, necessariamente, perpassar pela sua L1 como ferramenta de instrução e pelo aprendizado do Português na modalidade escrita como L2. [...] levando em conta a importância da L1 na aprendizagem do Português como L2 na modalidade escrita por surdos, Fernandes (2006) comenta que, se houver uma base linguística assegurada pelo acesso à Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como L1, substituindo a oralidade em conteúdo e função simbólica, o surdo conseguirá aprender a escrita do Português. Isso porque, como aponta Fernandes (2006), as palavras são processadas como um todo quando são percebidas pelo surdo, sendo reconhecidas em sua forma ortográfica e ligadas a uma significação. A partir desse processo cognitivo, os surdos podem aprender estruturas linguísticas sem conhecer seus sons. No entanto, se não houver sentido, não haverá leitura por parte do aprendiz, pois ler não é apenas memorizar palavras isoladas, e sim compreender e negociar sentidos na interação com o texto. (TEIXEIRA, 2017, online) Somente apoiado na aquisição de sua língua natural, o surdo poderá processar as formas textuais, produzi-las e decodificá-las com domínio de proficiência em sua própria língua e com suficiente conhecimento na L2, isto é, a língua oral. Os benefícios de uma metodologia que respeita as especificidades linguísticas da comunidade os permite alcançar, ainda, habilidades cognitivas diversas, engajamento no processo pedagógico, criticidade social, autonomia léxico-gramatical, etc. Teixeira sugere propostas eficazes nesse sentido: Fernandes (2006) destaca também a importância de materiais ricos em imagens e ilustrações, pois eles permitem a contextualização visual do texto, a elaboração de hipóteses sobre os sentidos da escrita e a leitura das imagens, de modo que o aluno, a partir de seu conhecimento de mundo, poderá inferir possíveis efeitos de sentidos produzidos pelo texto. Após a seleção dos textos, Tomlinson (2003) sugere que sejam pensadas atividades que levem o aprendiz a experienciar o texto de diversas maneiras. Para que haja o desenvolvimento de um leitor crítico que vê o texto como objeto cultural, inserido em uma rede de relações sócio-históricas (Fernandes, 2006, p. 12), é preciso que seja propiciada a reflexão sobre os aspectos lexicais, gramaticais e funcionais do texto, que podem estar explícitos ou implícitos na organização textual. (TEIXEIRA, 2017, online) Uma construção de conhecimento através de elementos visuais e da Libras enquanto elemento de ensino figurará em competência comunicativa. Figura 3: Oferta de formação pedagógica em sala de aula com alunos surdos Fonte: https://bit.ly/3zY13p9. Acessoem: 30 jul 2021 O educador deverá proporcionar práticas pedagógicas que indiquem seu conhecimento sobre a forma de aprender do surdo. Quanto aos tipos textuais, é preciso que as práticas levem em consideração a relação leitura/escrita do surdo quanto à língua oral vigente no seu ambiente social. https://bit.ly/3zY13p9 1. De acordo com os conceitos analisados na Unidade, o que é a competência comunicativa? a) O domínio das variações linguísticas. Uma comunidade linguística é formada por indivíduos com diferentes níveis de competência lexical. De modo que conhecer as variações utilizadas nessa comunidade nos permite alcançar competência comunicativa com todos os partícipes. b) Estabelecimento de habilidades que excedem a compreensão dos domínios gramaticais e/ou sintáticos e alcançam conhecimentos extralinguísticos, como noções socioculturais, possibilitando domínio da mensagem por parte do locutor e plena compreensão por parte do interlocutor. c) Possuir um rol vocabular considerável e significativo. Esse conhecimento será essencial tanto para produzir textos compreensíveis como para reconhecer os textos de outrem. d) A habilidade de produzir sentenças de acordo com a norma culta padrão, de modo a auxiliar o remetente da mensagem na sua compreensão global. e) O domínio cultural do corpo social utilitário de dada língua, pois, como a língua é também formada pela cultura, só se terá competência linguística através do uso das ferramentas culturais. 2. ITAME/2020 – adaptada - Leia o texto para responder à questão: Dom Quixote (Miguel de Cervantes) Há aproximadamente quatrocentos anos, na aldeia de La Mancha, na Espanha, vivia um fidalgo de poucas posses materiais, mas muitos livros, e que adorava experimentar os desafios da vida e cujo passatempo era ler contos e mais contos de cavalaria. Era este nobre senhor alto, magro, de cinquenta e poucos anos, queixo pontiagudo, cabelo grisalho desgrenhado e certo ar de loucura no olhar. De sobrenome Quixada ou Quesada, embora não rico, era muito conhecido pelos lavradores e tinha fala de boa pessoa entre os moradores da comunidade em que vivia. [...] FIXANDO CONTEÚDO O trecho acima possui uma sequência narrativa, no entanto, também se caracteriza como: a) argumentativo. b) expositivo. c) descritivo. d) injuntivo. e) dialogal. 3. VUNESP/2020 - Leia a tira para responder à questão. Fonte:https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/8d244b2e-ee O efeito de sentido da tira é construído a partir da atribuição, pelos personagens, de significados diversos à seguinte palavra ou expressão: a) sua tia. b) decorar. c) toda a nossa casa. d) já acho difícil. e) tabuada de dois. 4. No que diz respeito ao uso de tipos textuais no ensino de Língua Portuguesa, a distinção metodológica no ensino de surdos e ouvintes se dará, dentre outros motivos, por: a) As funcionalidades e as classificações de sequências e gêneros textuais da Língua Portuguesa serem diferentes para a comunidade surda e para a http://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/8d244b2e-ee comunidade ouvinte. b) Não existir componentes fonêmicos e fonológicos nas línguas de sinais. c) Os surdos possuírem déficit linguístico relacionado à estrutura de uma língua oral, não podendo, portanto, ser alfabetizado em Português. d) Serem as línguas de sinais de modalidade espaço-visual, pois a produção dos componentes linguísticos acontece no espaço físico mediada pelas mãos e é captada pelos olhos. e) Não haver coincidência léxico-gramatical entre a Libras e a Língua Portuguesa. Dessa maneira, a competência comunicativa dependerá de reconhecer estruturas linguísticas distintas. 5. De acordo com os conceitos de elaboração e decodificação, relacione a primeira coluna com a segunda. Qual das duas ações as personagens mencionadas realizam em cada situação apresentada? ( 1 ) Elaboração ( 2 ) Decodificação ( ) Olavo estuda para a prova de Biologia sublinhando as ideias principais dos resumos enviados pela professora. ( ) Lurdinha escreve um cartão de agradecimento pelos presentes recebidos em seu aniversário. ( ) Ana envia uma mensagem de texto produzida apenas com emojis e imagens por meio de um aplicativo do seu celular. ( ) Malthus escolhe o jantar no menu do restaurante. ( ) Beto analisa a bula do remédio que tomará pelos próximos sete dias. A sequência correta é: a) 1 – 1 – 2 – 2 – 2 b) 2 – 1 – 2 – 1 – 1 c) 1 – 2 – 2 – 1 – 1 d) 2 – 2 – 1 – 1 – 1 e) 2 – 1 – 1 – 2 – 2 6. A legislação brasileira já determina a Libras como meio de comunicação e expressão da pessoa surda pelo estabelecimento da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Dentre as consequências dessa determinação, no que diz respeito ao processo de ensino e aprendizagem da comunidade surda, são verdadeiras as alternativas: I. Considerar a Libras como L1 da comunidade surda. II. Considerar a Libras como meio de instrução no processo educacional da comunidade surda. III. Considerar a Libras como substituta da língua oral, isto é, o Português. a) I. b) I, II. c) II. d) II, III. e) Todas as alternativas. 7. FUNCAB/2015 - adaptada - Ensinar aos alunos com surdez, assim como aos demais alunos, a produzir textos em português objetiva torná-los competentes em seus discursos, oferecendo-lhes oportunidades de interagir nas práticas da língua oficial e de transformar-se em sujeitos de saber e poder com criatividade e arte. Para que essa aprendizagem ocorra, a educação escolar deve apresentar aos alunos com surdez a diversidade textual circulante em nossas(os): a) práticas sociais. b) ritos de passagem. c) produções literárias. d) práticas culturais. e) práticas bilíngues. 8. SETA/2018 - Observe o extrato de texto abaixo e responda o que se pede: “Faz um domingo frio e ensolarado em Porto Alegre. O céu muito azul, depois de dias de chuva, é um convite a sair de casa. O Parque da Redenção, o mais popular da capital gaúcha, está lotado. Jovens casais conduzem carrinhos de bebês. Idosos tomam sol ou leem jornal. Atletas domingueiros passam com o fôlego curto. Jovens andam de bicicletas ou sentam-se em grupos animados sobre o gramado. (...)” O trecho acima tem como ideia central: a) os jovens conversarem em grupo; b) os carrinhos de bebê que circulam pelo parque; c) as condições do tempo que propiciam distrações ao ar livre; d) a popularidade dos parques de Porto Alegre; e) o fôlego dos atletas de fim de semana. LIBRAS EM FOCO I PRONOMES PESSOAIS UNIDADE 02 Os pronomes pessoais são aquelas palavras que servem para se referir a outra da classe dos substantivos. Normalmente, os pronomes acompanham ou substituem nomes na medida que primam pela coesão e coerência textuais, evitando, por exemplo, as repetições. Aqui, trataremos dos pronomes pessoais do caso reto; aqueles que, via de regra, exercem função de sujeito. Os pronomes pessoais vão referir-se às três possíveis pessoas do discurso, seja no contexto singular ou plural. Veja dois exemplos: Como podemos notar, a substituição dos substantivos Álvaro e aulas por pronomes pessoais mantém o sentido e torna as orações melhor compreensíveis na medida que recuperam o agente do enunciado sem repetições desnecessárias. São pronomes pessoais do caso reto: Pessoas verbais Português 1ª pessoa do singular eu 2ª pessoa do singular tu – você 3ª pessoa do singular ele – ela 1ª pessoa do plural nós 2ª pessoa do plural vós – vocês 3ª pessoa do plural eles – elas Porser uma língua espaço-visual e, também, por ter um recorrente processo de formação de palavras a partir do critério de iconicidade, a elaboração de algumas lexias em Libras pode variar, especialmente quando se trata de determinar referentes. Em Língua Portuguesa, o processo de detalhamento da pessoa verbal também pode acontecer, quando, por exemplo, inserimos nele informações de cunho demonstrativo, direcional e/ou qualitativo. Em Libras, porém, essas informações são simultâneas ao discurso, pois são identificadas ao interlocutor em um único sinal que comporta a apresentação do pronome pessoal bem como algum detalhamento ao seu respeito. Analisaremos os casos específicos na apresentação dos pronomes pessoais em Libras. Os pronomes eu (1ª pessoa do singular) e tu/você (2ª pessoa do singular) são identificados pelo apontamento. Para identificar a pessoa eu, há o apontamento, com o indicador, para o próprio enunciador. Para distinguir a pessoa tu/você haverá o apontamento, também com o dedo indicador, para o interlocutor, ou seja, para a pessoa com quem se fala. Nessa perspectiva, é essencial considerar o direcionamento. O apontamento será orientado para o local onde o interlocutor está posicionado. Em Libras, o pronome referente à 3ª pessoa do singular (ele/ela) também será efetivado a partir do apontamento. Mas, diferentemente do que acontece nas pessoas tu/você, o apontamento será para um ponto distinto daquele em que estão locutor e interlocutor. É uma atribuição física de um espaço convencionado que contempla uma terceira pessoa, alheia à conversa naquele momento. Nesse espaço determinado para ele/ela, sempre que a mesma pessoa for mencionada será referida nessa localidade escolhida. Ainda, é importante indicar que a variação de gênero para tal pessoa não acontece da mesma forma como se dá em Língua Portuguesa. Em Português, a formação da palavra masculina ou feminina passa pelo processo de sufixação; ou seja, o radical da lexia acrescido do sufixo próprio ao gênero (EL+E ou EL+A). Em Libras, há dois fatores a serem considerados. O primeiro é que a variação de gênero não necessariamente acontecerá em todas as enunciações. É possível que apenas a sinalização do apontamento mantenha o discurso pleno de sentido. O segundo fator é que, quando tal indicação for apresentada, acontecerá pelo processo prefixal: prefixo marcador de gênero (masculino/feminino) + radical da palavra (apontamento). Como dissemos, em Libras, a própria forma de enunciação do pronome poderá apresentar detalhamentos do referente. É especialmente o caso das pessoas verbais do plural. Essa, ao lado, é a forma comum do pronome nós (1ª pessoa do plural). Todavia, dependendo do contexto, podemos apropriar à sinalização desse pronome as especificidades da contextualização própria ao referente. Veja, abaixo, as possibilidades de sinalizações como nós dois, nós três e nós quatro. Note que, no primeiro, temos uma alusão específica aos dois referentes do emissor da mensagem e, nos outros casos, temos semelhança de movimento do sinal primário com modificação da configuração de mão que recupera o número de referentes. Mesmas considerações podem ser feitas para o pronome vós/vocês (2ª pessoa do plural). Temos a forma primária que indica no espaço neutro os elementos partícipes dessa pessoa verbal através de um apontamento com movimento alongado. Contudo, podemos estender o agente ao contexto quando houver particularidades e acrescentar tais distinções no próprio sinal, como no caso de vocês dois, vocês três, etc. Para a 3ª pessoa do plural eles/elas haverá também a possibilidade de agregar ao sinal primitivo características da circunstância comunicativa. Perceba: o apontamento referente às pessoas referenciadas alheias àquele discurso acontece posicionando-as em um local distinto daquele em que o remetente da mensagem e o seu destinatário estão. Note que o olhar do enunciador está direcionado ao seu interlocutor, enquanto que sua indicação com as mãos está em outro ponto físico do espaço discursivo. É possível agregar nesse sinal indicações peculiares da pessoa verbal eles/elas, como em eles dois, eles três, etc. A construção das referências às pessoas do discurso pode ser explícita ou implícita: Na construção de uma frase em Libras, é possível a omissão do sujeito. Isso acontece nos casos em que o(s) locutor(es) e o(s) interlocutor(es) do discurso reconhecem o contexto e já compreendem sobre quem a enunciação está se referindo ou quando esse sujeito já foi anteriormente citado, sendo desnecessária sua repetição. (PAULA, 2020, p.62) Portanto, caberá ao produtor do texto optar por indicar os pronomes pessoais de maneira manifesta ou subentendida. Cada realidade e situação comunicacional é que lhe permitirá determinar as melhores circunstâncias para essa escolha. PRONOMES POSSESSIVOS Os pronomes possessivos levam em consideração os pronomes pessoais para estabelecer a eles uma relação de posse com algo ou alguém. Assim, ele indica a qual pessoa verbal o elemento referente é designado. Os pronomes possessivos vão concordar com o possuidor em alguma(s) da(s) três possíveis pessoas do discurso, seja no contexto singular ou plural. Nas variações de gênero e número, eles concordam com o que é possuído. Veja exemplos: São pronomes possessivos: Pessoas verbais Português 1ª pessoa do singular meu(s); minha(s) 2ª pessoa do singular teu(s); tua(s) 3ª pessoa do singular seu(s); sua(s) dele; dela 1ª pessoa do plural nosso(s); nossa(s) 2ª pessoa do plural vosso(s); vossa(s) de vocês 3ª pessoa do plural seu(s); sua(s) deles; delas Em Libras, os pronomes possessivos terão a concordância em pessoa, e não em gênero e/ou ao referente possuído. Por exemplo, retomemos as sentenças anteriormente analisadas: A menção do pronome em ambos os casos se refere a algo possuído por Álvaro, a saber, a casa ou o sítio. De modo que a pessoa possuidora desses elementos é a mesma: Álvaro = ele (3ª pessoa do singular). Portanto, ao enunciar as duas frases em Libras, o pronome possessivo será o mesmo; já que ele concorda com o possuidor, e não com o objeto possuído. Logo, seja esse referente possuído de gênero masculino ou feminino e/ou de número singular ou plural, isso não será levado em conta na construção do texto na língua de sinais, diferentemente de como acontece em Língua Portuguesa. O pronome meu (referente a algo possuído pela 1ª pessoa do singular) é realizado colocando a palma da mão aberta no peito. Em algumas obras didáticas, também é possível encontrar a forma variante com a CM de P no peito. Os pronomes teu (referente a algo possuído pela 2ª pessoa do singular) e seu (referente a algo possuído pela 3ª pessoa do singular) possuem a mesma configuração de mão e movimento. No primeiro caso, o ponto de articulação e a orientação da palma estarão voltados para o interlocutor, enquanto que no segundo caso esses parâmetros serão estabelecidos em direção àquela pessoa alheia ao discurso. Note que a expressão não manual também coincide com essa variação: quando se menciona teu, o olhar está para o interlocutor direto. Quando se menciona seu, o olhar recai sobre a terceira pessoa, normalmente estabelecida ao lado do remetente da mensagem. Para as pessoas do plural, teremos uma coincidência lexical com o pronome nosso (referente a algo possuído pela 1ª pessoa). Ele será semelhante à forma do pronome pessoal nós. Os pronomes possessivos vosso (referente a algo possuído pela 2ª pessoa do plural) e seu(s) (referente a algo possuído pela 3ª pessoa do plural) terão a mesma forma dessaspessoas verbais do singular (teu e seu(s)). Porém, para o plural, o movimento será mais alongado, estendendo-se no espaço neutro quando da sinalização. É importante indicar que, assim como acontece em Português, em Libras, há, ainda a possibilidade de indicar uma sentença com ideia de posse a partir de uma construção em locução. Veja: É importante indicar que, assim como acontece em Português, em Libras, há, ainda a possibilidade de indicar uma sentença com ideia de posse a partir de uma construção em locução. Veja: O uso do sinal pertencer/próprio também favorece a construção de discursos que aportam o sentido de propriedade/posse. FAMÍLIA Reconhecer as lexias referentes aos graus de parentesco é um recurso fundamental pois, considerando o âmbito familiar o núcleo primário do cidadão, é ali que as primeiras referenciações são identificadas, compreendidas e reproduzidas. Mesmo na aquisição de uma L2, as associações familiares podem ser as primeiras a acontecer. Ao conhecer a árvore genealógica de parte da família real brasileira, identificaremos os sinais referentes aos graus de parentesco. Figura 4: A família real brasileira Fonte: https://bit.ly/3iqPJMt. Acesso em: 07 ago 2021 Observe que: • Dom Pedro IV é marido do primeiro casamento de Dona Maria Leopoldina, pai de Dom Pedro II e sogro de D. Teresa Cristina de Bourbon. • Dona Maria Leopoldina é esposa de Dom Pedro IV, mãe de Dom Pedro II e sogra de D. Teresa Cristina de Bourbon. • Dom Pedro II é filho de Dom Pedro IV e de Dona Maria Leopoldina, irmão de D. Francisca e cunhado de D. Francisco de Orléans. • Dom Pedro IV é neto de Dom Pedro III e sobrinho de Dom José. • Dona Maria Clementina é tia de D. Pedro IV. Se ela tivesse um filho, ele seria primo de D. Pedro IV. https://bit.ly/3iqPJMt Vamos considerar o vocabulário em Libras para as lexias de família. Figura 5: Sinal da lexia “família” Fonte: https://bit.ly/3ikFQ2I. Acesso em: 08 ago. 2021 No caso da variação de gênero dos substantivos, basta adicionamos à lexia base o prefixo próprio ao masculino e/ou feminino que são, respectivamente: Assim, a produção de palavras representativas do mesmo grau de parentesco, porém com variação do gênero, terá apenas o prefixo distinto, https://bit.ly/3ikFQ2I obedecendo a seguinte estrutura: [prefixo de gênero] + [raiz da palavra]. Tomemos por exemplo as palavras marido e esposa. Ambas referem-se aos cônjuges, de modo que terão a mesma raiz, por se tratar de mesma relação de parentesco. Para identificar se estou tratando do cônjuge masculino (marido) ou do feminino (esposa), acrescentamos o prefixo desse referente. A raiz de cônjuge será: De modo que, então, teremos: Dessa forma ocorrerá a indicação de gênero para todos os outros substantivos que nomeiam a classe familiar, quais sejam as seguintes raízes das palavras referentes a: No âmbito familiar, também é usual o vocabulário referente à condição civil, quais sejam: APLICAÇÃO PRÁTICA Com os conhecimentos adquiridos no livro Libras I e com as novas compreensões dadas até aqui, vamos realizar algumas aplicações práticas para ampliar nossos conhecimentos. 2.4.1 Atividade 1 Retorne à árvore genealógica da família real brasileira colocada no subtítulo 2.3 desta unidade. Com base na análise da figura, determine quais são as relações familiares entre: • D. Pedro III e D. Maria Francisca Benedita; • D. Ana de Jesus Maria e D. Antonio Pio; • D. Amelia de Beauharnais e D. Maria Amelia; • D. Maria Amelia e D. Januária. 2.4.2 Atividade 2 Assista à vídeo aula produzida pela TV INES no link abaixo: Link: https://bit.ly/3uvI587. Identifique no texto: • Os sinais reconhecidos por você e, portanto, já aprendidos; • Sinais novos, porém do mesmo campo semântico tratado nesta unidade; • Classificadores utilizados junto aos sinais para elucidar o discurso; • Estruturação das sentenças; de modo a reconhecer como as construções em Libras são independentes da gramática da Língua Portuguesa e, a partir dessa constatação, auxiliar você nas suas próprias organizações frasais a fim de rejeitar o Português sinalizado. Dica: uma boa maneira de se chegar a conclusões assertivas, conforme sugerido no último item, é transcrever a forma como o texto foi sinalizado em Libras. https://bit.ly/3uvI587 Isso permite que você tenha uma imagem visual de cada um dos elementos das orações e estabeleça critérios que te permitirão sinalizar com clareza e propriedade. 2.4.3 Atividade 3 Faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o professor uma das duas possibilidades abaixo: • Sua árvore genealógica; • Uma árvore genealógica fictícia. Dê indicações sobre os principais membros da família. Veja um modelo: “Minha avó se chama Aurora. Ela tem 82 anos e mora na roça. Ela gosta de costurar, de...” Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações compreendidas pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas por você. Aceite sugestões de adaptação de estruturação de sentenças e, caso seja necessário, refaça o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus interlocutores. 2.4.4 Atividade 4 Conheça o filme A Família Bélier. Leia a sinopse do longa retirada do site https://bit.ly/3FjOiJF. Paula é uma adolescente francesa que enfrenta todas as questões comuns de sua idade: o primeiro amor, os problemas na escola, as brigas com os pais… Mas a sua família tem algo diferente: seu pai, sua mãe e o irmão são deficientes auditivos. É Paula quem administra a fazenda familiar e que traduz a linguagem de sinais nas conversas com os vizinhos. Um dia, através de seu professor, ela descobre ter o talento para o canto, podendo integrar uma escola prestigiosa em Paris. Mas como abandonar os pais e os irmãos? Antes de assistir ao filme, encontre no excerto acima duas colocações equivocadas no que diz respeito aos estudos das línguas de sinais, surdez e cultura surda. Como podemos solucioná-las no texto? • Agora, assista ao filme. • Faça uma resenha crítica dos aspectos relativos aos conteúdos já trabalhados levando em consideração o cotidiano da família Bélier. O que você pode perceber ali que corrobora ou apresenta-se em desacordo com os aspectos teóricos já estudados? Embora seja um roteiro fictício, é possível se lembrar das perspectivas sobre surdez e cultura surda já apresentadas no decorrer do seu curso e ponderar sobre isso tendo essa família como referência. • Prepare uma sinopse do filme em Libras. Na sua sinalização, identifique a relação de parentesco entre as personagens e algumas características de cada uma delas. https://bit.ly/3FjOiJF 1. Prefeitura de São Roque do Canaã/2020 - No trecho "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", o termo destacado é: a) Primeira pessoa do singular. b) Segunda pessoa do singular. c) Terceira pessoa do singular. d) Segunda pessoa do plural. e) Primeira pessoa do plural. 2. O detalhamento de informações quantitativas, como aspectos de unicidade, dual, trial, etc., pode ser incorporado a um sinal base na constituição: a) dos pronomes possessivos referentes às pessoas do singular. b) dos artigos possessivos referentes às pessoas do plural. c) dos pronomes pessoais referentes às pessoas do singular. d) dos pronomes pessoais referentes às pessoas do plural. e) de todos os pronomes. 3. Instituto AOCP/2015 – adaptada. Sobre as categorias gramaticais da Libras, é correto afirmarque: a) o classificador é uma forma que existe em número ilimitado em uma língua e estabelece um tipo de concordância. b) os pronomes pessoais não possuem um sistema pronominal para representar as pessoas do discurso. c) a incorporação de nomes e pronomes é muito frequente e invisível, devido às características espaciais e icônicas dos sinais. d) os pronomes são configurações de mãos que, relacionadas à pessoa, animal e objeto, não funcionam como marcadores de concordância. e) os pronomes possessivos, como os pessoais e os demonstrativos, não possuem marca para gênero e estão relacionados às pessoas do discurso e não ao objeto possuído. FIXANDO CONTEÚDO 4. A produção de sinais com prefixação referente à concordância de gênero se dá pelo processo: a) de composição. b) de classificação. c) de iconicidade. d) de arbitrariedade. e) de gramaticalização. 5. Os sinais abaixo significam, respectivamente: I) II) a) I) gênero feminino e II) tia b) I) mãe e II) sobrinha c) I) avó e II) neto d) I) pai e II) tio e) Nenhuma das alternativas. 6. Prefeitura de Itambaracá/2020 – adaptada - Leia o texto para responder a questão: E se a 2ª Guerra Mundial não tivesse acontecido? Sem a fundação da ONU e a invenção da bomba atômica para evitar a eclosão de um conflito entre potências, o mundo seria um lugar mais violento Por Fábio Marton Para que a 2ª Guerra não tivesse acontecido, bastaria uma traição. E nem seria a primeira: embora França e Reino Unido fossem aliados da Tchecoslováquia no papel, não reagiram quando Hitler começou a ocupação do país, em 1938. O estopim do conflito veio só em setembro de 1939, quando as duas potências fizeram valer sua aliança com a Polônia e declararam guerra à Alemanha – mas não à União Soviética, que fechou com o Führer para invadir seu quinhão de território polonês pelo outro lado. Hitler não tinha muito interesse em avançar rumo ao Oeste: considerava os britânicos colegas arianos, possíveis aliados. E não faltavam fãs de Hitler entre os anglo-saxões: o parlamentar Edward Mosley, na Inglaterra, criou a União Nacional dos Fascistas e o herói nacional Charles Lindenberg, nos EUA, usou sua fama como primeiro aviador a cruzar o Atlântico para defender pautas de extrema direita. Ficaríamos, então, com uma guerra entre alemães e soviéticos em 1941, quando Hitler rasgou o acordo Molotov-Ribbentrop, de 1939, que permitiu a divisão da Polônia. Quem venceria? Na vida real, a URSS aniquilou a Alemanha pelo front leste e foi a principal responsável pela vitória aliada. A questão é que os soviéticos não teriam conseguido sozinhos. Eles tiveram acesso a material bélico americano e britânico e os nazistas perderam força quando foram obrigados a lutar em frentes múltiplas após a invasão da Itália, em 1943, e o Dia D, em 1944. Além disso, os japoneses deixaram os alemães em desvantagem sem querer quando dedicaram todas as suas atenções ao conflito contra os EUA no Pacífico em vez de invadir a URSS pela Sibéria. O ataque a Pearl Harbor é considerado pela maioria dos historiadores um erro estratégico crasso – ao contrário do que os líderes japoneses cogitaram, os EUA não pretendiam atacar o Japão. A opinião pública americana se opunha à guerra, e se oporia ainda mais caso França e Reino Unido tivessem permanecido neutros.[...] Disponível em: https://bit.ly/3B3NQwl. No quarto parágrafo, o pronome sublinhado retoma: a) os soviéticos. b) os alemães. c) os japoneses. https://bit.ly/3B3NQwl d) os nazistas. e) os americanos. 7. Associe a primeira coluna com a segunda. ( 1 ) sinal referente à indicação do gênero masculino. ( 2 ) sinal referente ao verbo casar e também à raiz do substantivo referente ao cônjuge. ( 3 ) sinal referente ao substantivo bebê. ( 4 ) sinal referente ao substantivo mulher. ( ) Fonte: https://bit.ly/2Y8ScEp. ( ) Fonte: https://bit.ly/39Y1Z29. ( ) Fonte: https://bit.ly/3mkugWD. https://bit.ly/2Y8ScEp https://bit.ly/39Y1Z29 https://bit.ly/3mkugWD ( ) Fonte: https://bit.ly/3B0rvzD. Será a resposta correta a seguinte sequência: a) 3 – 1 – 2 – 4 b) 2 – 4 – 3 – 1 c) 3 – 4 – 2 – 1 d) 1 – 2 – 4 – 3 e) 4 – 3 – 1 – 2 8. A tradução para a frase abaixo sinalizada é: a) Minha prima tem 20 anos de idade. b) Minha tia está com 29 anos de idade. c) Eu tenho uma tia com 26 anos de idade. d) Meu primo tem 20 anos de idade. e) Eu tenho um tio que tem 29 anos de idade. https://bit.ly/3B0rvzD ESTUDO DO LÉXICO O LÉXICO DAS LÍNGUAS DE SINAIS (LS) UNIDADE 03 O estudo do léxico data dos primórdios. Por isso, a definição de léxico é retratada por diversos autores, cada um indicando aspectos que lhes parecem mais pertinentes a considerar. Faremos, a seguir, um apanhado com algumas das reflexões acerca dessa conceitualização, a fim de elucidar o tema desta unidade. O léxico duma língua seria o conjunto das unidades submetidas às regras da gramática dessa língua, sendo a conjunção da gramática e do léxico necessária e suficiente à produção (codificação) ou à compreensão (descodificação) das frases duma língua. (REY- DEBOVE, 1984, p. 46) Rey-Debove (1984) especifica o léxico como a completude das unidades da língua que estão construídas de acordo com a norma culta daquele idioma. São essas unidades que constituirão as estruturas linguísticas e comunicativas da sociedade falante de tal língua. Basílio (2011) concorda que é através do léxico que a construção de enunciados se dá. Ela acrescenta, ainda, a função do léxico: designar e categorizar os elementos do mundo apontando-os ao âmbito da linguagem. O léxico é uma espécie de banco de dados previamente classificados, um depósito de elementos de designação, o qual fornece unidades básicas para a construção de enunciados. O léxico, portanto, categoriza as coisas sobre as quais queremos nos comunicar, fornecendo unidades de designação, as palavras, que utilizamos na construção de enunciados. (BASÍLIO, 2011, p. 9) Analisamos, abaixo, as palavras de Correia (2011) no que diz respeito à definição de léxico. Encontramos ali a menção coincidente de léxico como conjunto das palavras de uma língua. A autora nos indica que nesse conjunto estão tanto as novas unidades como as lexias arcaicas. Por último, temos o apontamento que os elementos gramaticais formadores de palavras também são considerados parte do léxico. O léxico de uma língua é o conjunto virtual de todas as palavras de uma língua, isto é, o conjunto de todas as palavras da língua, as neológicas e as que caíram em desuso, as atestadas e aquelas que são possíveis tendo em conta as regras e os processos de construção de palavras. O léxico inclui, ainda, os elementos que usamos para construir novas palavras: prefixos, sufixos, radicais simples ou complexos. (CORREIA, 2011, p.227) Percebemos, portanto, na definição de léxico, o prevalecimento de conceitos comuns como, por exemplo, ser o conjunto de unidades da língua e o responsável pela construção de enunciados que possibilitam uma comunicação eficiente. Haensch et al. (1982) já indicavam unidade nas definições e também descreveram seu conceito de léxico como o conjunto das unidades formadoras do discurso, seja no âmbito individual ou no coletivo. Entre as diversas definições de 'léxico' existem pontos comuns, já que sempre se define ‘léxico’ como um conjunto de significantes verbais ou de signos [...] que estão acima do nível de distinção e que podem servir de partes componentes de proposições e textos. Para maior clareza da definição, decidiremos aqui pela solução que consiste em eliminar elementos linguísticosdo conjunto de todos os elementos que pertençam à linguagem: se excluímos os grupos de fatores ‘conteúdo’ e 'situação de comunicação’ (fatores relevantes para o ato de comunicação), nós temos o conjunto de significantes. Se, além disso, dispensarmos todos os significantes não verbais, teremos o conjunto de significantes verbais. Além disso, excluiremos a distinção e as regras relativas à combinação de significantes. Após essa múltipla eliminação de elementos, temos como definição do léxico 'o conjunto de monemas e sinmonemas' do discurso individual, do discurso coletivo, do sistema linguístico individual ou do sistema lingüístico coletivo. (HAENSCH et al., 1982, p. 91. Tradução nossa) As definições de léxico deixam claro sua importância para as comunidades linguísticas. São as ciências do léxico que retratam e conduzem as estruturas linguísticas e comunicativas de uma sociedade. A análise e constituição dos enunciados de uma língua se dão através do léxico. Portanto, não existe comunicação sem léxico. Não existe comunidade linguística que não esteja embasada sobre as ciências do léxico. Voltar os estudos lexicais para o âmbito das línguas de sinais reforça-as como línguas legítimas e confirma que as ciências do léxico são válidas para qualquer modalidade de língua: sejam as orais auditivas ou as visuais espaciais. Conforme definições já trazidas, podemos afirmar que há, nas línguas de sinais, legitimidade nos seus vocábulos e nos processos de formação de palavras. Na compreensão mais comum de léxico como sendo, não apenas as palavras que compõe o inventário de uma língua, mas também as regras gerais dessa língua que permitem a formação de novos itens, posicionamos o léxico da Libras nesta categoria. Os recursos para que o rol vocabular de uma língua continue a se renovar a partir do momento que seja necessária a criação de novas lexias são campo de estudo das ciências do léxico. Igualmente ao que acontece nas línguas orais, nas línguas de sinais as unidades lexicais compõem-se de morfemas que se unem na formação das palavras. Anteriormente a esse processo, no entanto, é preciso considerar a existência do fonema. Lemos a definição de fonema em Quadros e Karnopp (2004, p.18): “[fonemas] são segmentos usados para distinguir palavras quanto ao seu significado, através de traços distintivos.” Assim, a Fonologia, a partir dos fonemas, é explicativa e interpretativa no sentido de que “a análise fonológica busca o valor dos sons em uma língua, ou seja, sua função linguística (Massini-Cagliari e Cagliari, 2001, p.106).” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p.18). Nesse sentido, baseando-nos nos estudos de Willian Stokoe, na década de 60, passamos a especificar as unidades mínimas, os fonemas, na formação de palavras das línguas de sinais. A Fonética e a Fonologia são áreas da Linguística que têm por finalidade pesquisar e descrever as unidades mínimas distintivas de significado nas quais as palavras e/ou enunciados de uma língua podem ser decompostas. A fonética descreve as propriedades articulatórias e perceptivas das unidades mínimas, ou seja, os aspectos físicos dos sinais. A fonologia determina a estrutura e a forma como essas mínimas partículas podem ser organizadas e combinadas. Assim, a partir dos parâmetros fonológicos da Libras, as relações lexicais são evidenciadas, por exemplo, pelos processos de formação de palavras. Tais relações descrevem o léxico real da Libras e definem seu léxico virtual. Conforme o trabalho de Nascimento (2009), o fundo lexical da Libras, isto é, os recursos linguísticos identificados nessa língua para construções e ampliação de seus vocábulos, inclui os parâmetros fonológicos, classificadores, empréstimos linguísticos, elementos prototípicos e morfemas-base. As regras abstratas relacionadas ao fundo lexical e que estão de acordo com a origem da língua são classificadas como léxicon. A LEXICOLOGIA DAS LS A partir de uma compreensão do objeto de estudo lexical, podemos aprofundar-nos nas suas ciências; isto é, nas disciplinas que contemplam o léxico de uma língua. Abbade (2011) é apenas uma dentre os inúmeros autores responsáveis por elucidar a temática das ciências do léxico. Ela determina: A lexicologia enquanto ciência do léxico estuda as suas diversas relações com os outros sistemas da língua, e, sobretudo as relações internas do próprio léxico. Essa ciência abrange diversos domínios como a formação de palavras, a etimologia, a criação e importação de palavras, a estatística lexical, relacionando-se necessariamente com a fonologia, a morfologia, a sintaxe e em particular com a semântica. (ABBADE, 2011, p.1332) Como identificado na abordagem etimológica da palavra, a Lexicologia trata do estudo lexical em suas diversas perspectivas. A Lexicologia conceitua os elementos lexicais que servem como instrumentos para a Lexicografia e para a Terminologia. Por exemplo, é a Lexicologia que determina distinções definitórias fundamentais como a diferença entre palavra, vocábulo e lexia. É também a Lexicologia que identifica estudos estruturais do léxico a partir de fundamentos linguísticos e extralinguísticos. Assim o é para as línguas orais e também no caso das línguas espaço visuais. As considerações acerca do léxico das línguas de sinais e suas atribuições também estão para a Lexicologia. Os estudos de unidades lexicais, unidades polilexicais, fraseologismos, neologismos, arcaísmos, etc. perpassam por essa área de estudo e são de extrema importância dado que, como nos lembra Basílio (2011), ao reconhecermos a língua tanto como sistema de classificação como sistema de comunicação, podemos considerar o léxico diretamente relacionado a ambas as funções, já que é atuante como banco classificatório de elementos de designação e também possibilita construções comunicacionais. Tomemos como exemplo os aspectos relacionados à produção de neologismos em Libras. Sendo uma língua natural, a Libras adota todos os recursos de linguagem identificados nas línguas orais. Um deles é a capacidade (e necessidade) da formação de neologismos lexicais para melhor atender aos discursos pronunciados. Identificar o fator neológico e considerar suas especificidades é trabalho que nos permite tanto confirmar as línguas de sinais como língua genuína, como também compreender as suas demandas no âmbito da Lexicologia. Como sistema dinâmico, o léxico é passível de extensão e dentre as estruturas que podem sofrer alteração estão os processos de formação de palavras_ também identificados e especificados, por exemplo, pela Morfologia. Daí a menção assertiva da autora Abbade (2011) trazida na introdução desta seção ao afirmar que a Lexicologia trabalhará, então, a partir de “suas diversas relações com os outros sistemas da língua.”. No caso das línguas de sinais, a Lexicologia também cumprirá sua função tal qual disciplina de identificação e estudo do léxico em consonância com outros domínios linguísticos e extralinguísticos tais quais a Morfologia, a Fonologia, a Semântica, etc. No que diz respeito à Morfologia, a Lexicologia poderá decodificar e descrever, como citamos anteriormente, as construções neológicas encontradas em circulação na comunidade surda, mas ainda não registradas em uma obra lexicográfica. São os estudos lexicológicos que nos permitem identificar aspectos como construções formais, semânticas e por empréstimo na elaboração e divulgação de uma nova lexia. Quanto à Fonologia, os cinco principais parâmetros fonológicos da Libras podem estar associados à Lexicologia quando da sua utilização em palavras consideradas pares mínimos, bem como nas homônimas. Por último, o critério semântico também está atrelado aos estudos do léxico, tendo em vista que, no reconhecimento da
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