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Spurgeon - Oração

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PREFÁCIO DO EDITOR PREFÁCIO DO EDITOR 
CONFORTO PARA AS ORAÇÕES FRACASCONFORTO PARA AS ORAÇÕES FRACAS
EIS QUE ELE ESTÁ ORANDOEIS QUE ELE ESTÁ ORANDO
HUMILDADE, A AMIGA DA ORAÇÃO.HUMILDADE, A AMIGA DA ORAÇÃO.
IMPEDIMENTOIMPEDIMENTOS À S À ORAÇÃOORAÇÃO
ORAÇÃO, A PROVA DA SANTIDADEORAÇÃO, A PROVA DA SANTIDADE
OS DOIS GUARDAS: ORAR E VIGIAR OS DOIS GUARDAS: ORAR E VIGIAR 
PEDIDO E ARGUMENTAÇÃOPEDIDO E ARGUMENTAÇÃO
QUANDO DEVEMOS ORAR?QUANDO DEVEMOS ORAR?
PREFÁCIO DO EDITOR PREFÁCIO DO EDITOR 
Não existe nenhuma outra atividade mais difícil, mais intensa e mais necessáriaNão existe nenhuma outra atividade mais difícil, mais intensa e mais necessária
que a oração, o entrar em contato com o Senhor com palavras, lágrimas e atéque a oração, o entrar em contato com o Senhor com palavras, lágrimas e até
mesmo o silêncio. A oração é, de longe, o maior desafio para a alma. A oraçãomesmo o silêncio. A oração é, de longe, o maior desafio para a alma. A oração
em público é fácil de ser feita, comparada à oração particular. Ali está o maiorem público é fácil de ser feita, comparada à oração particular. Ali está o maior
indicador da saúde da sua vida espiritual, ou você ora ou você não ora. Nãoindicador da saúde da sua vida espiritual, ou você ora ou você não ora. Não
existe meio termo.existe meio termo.
De acordo com a Lei do Antigo Testamento, os sacrifícios poderiam ser deDe acordo com a Lei do Antigo Testamento, os sacrifícios poderiam ser de
animais puros, mas o coração do homem sempre foi levado em consideração. Naanimais puros, mas o coração do homem sempre foi levado em consideração. Na
verdade, o coração do homem é determinante na aceitação do sacrifícioverdade, o coração do homem é determinante na aceitação do sacrifício
oferecido.oferecido.
Vemos logo em Gênesis que Deus se agradou de Abel e depois de seu sacrifício,Vemos logo em Gênesis que Deus se agradou de Abel e depois de seu sacrifício,
e se desagradou de Caim e, consequentemente, do seu sacrifício. Que você tenhae se desagradou de Caim e, consequentemente, do seu sacrifício. Que você tenha
em mente aqui que os sacrifícios não determinaram nada na aceitação de Deus,em mente aqui que os sacrifícios não determinaram nada na aceitação de Deus,
mas o que foi principal no aceitar ou não foi o coração daquele que oferecia.mas o que foi principal no aceitar ou não foi o coração daquele que oferecia.
Vemos no Salmo 51, que o rei Davi escreve algo interessantíssimo. “Não teVemos no Salmo 51, que o rei Davi escreve algo interessantíssimo. “Não te
deleitas em sacrifícios nem te agradas em holocaustos, se não eu os traria” (versodeleitas em sacrifícios nem te agradas em holocaustos, se não eu os traria” (verso
16). Olhe bem para o que Davi fala, que Deus não se agrada do simples16). Olhe bem para o que Davi fala, que Deus não se agrada do simples
sacrifício, como se fosse uma conta a se pagar e que depois de paga, asacrifício, como se fosse uma conta a se pagar e que depois de paga, a
consciência do pecador estaria limpa. Se fosse assim, Davi não teria que seconsciência do pecador estaria limpa. Se fosse assim, Davi não teria que se
preocupar, ele era rei em Israel, possuía mais bens que a grande maioria dapreocupar, ele era rei em Israel, possuía mais bens que a grande maioria da
população, se Deus pedisse um boi ou mil bois, Davi poderia trazer e sacrificar.população, se Deus pedisse um boi ou mil bois, Davi poderia trazer e sacrificar.
Mas ele entendia algo essencial, Deus não aceita sacrifícios vazios, Deus nãoMas ele entendia algo essencial, Deus não aceita sacrifícios vazios, Deus não
aceita formalidades sem arrependimento; se Deus fosse como homem, Daviaceita formalidades sem arrependimento; se Deus fosse como homem, Davi
poderia trazer seus sacrifícios e seria perdoado. Mas Davi conhecia o Deus quepoderia trazer seus sacrifícios e seria perdoado. Mas Davi conhecia o Deus que
adorava. “Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; umadorava. “Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um
coração quebrantado e contrito” (verso 17). Ele sabia que o que agradaria a seucoração quebrantado e contrito” (verso 17). Ele sabia que o que agradaria a seu
Senhor, era um coração arrependido pelo pecado.Senhor, era um coração arrependido pelo pecado.
Suas orações são sacrifícios a Deus, como você as tem feito? Você tem buscadoSuas orações são sacrifícios a Deus, como você as tem feito? Você tem buscado
a formalidade sem fervor? Você tem levantado as mãos para cima e agradecidoa formalidade sem fervor? Você tem levantado as mãos para cima e agradecido
por ser um ótimo homem e um ótimo crente? Ou entra diante de Deus de cabeçapor ser um ótimo homem e um ótimo crente? Ou entra diante de Deus de cabeça
baixa, bate no peito e clama por misericórdia? Isso vai definir toda a sua vida, abaixa, bate no peito e clama por misericórdia? Isso vai definir toda a sua vida, a
vida nesta terra e a vida eterna, seja no inferno, seja à direita de Deus.vida nesta terra e a vida eterna, seja no inferno, seja à direita de Deus.
ugusto César Cutrim Magalhães,ugusto César Cutrim Magalhães,
23 de Julho de 2017.
CONFORTO PARA AS ORAÇÕES FRACAS
Sermão de Número 3083
“Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu
 suspiro , ao meu clamor.”
 Lamentações 3:56
JOVENS iniciantes na Graça são muito aptos a se compararem com discípulos
avançados e assim se tornam desencorajados. E santos atribulados caem no
mesmo hábito. Eles olham para aqueles do povo de Deus que estão no topo da
montanha apreciando a luz do Semblante do seu Redentor, e comparando sua
própria condição com a alegria dos santos, eles escrevem coisas amargas sobre si
mesmos e concluem que, certamente, eles não são povo de Deus! Este caminho é
tão tolo quanto alguns carneirinhos pensarem que eles não fazem parte do
rebanho por não serem carneiros adultos, ou tão tolo quanto um homem doente
duvidar de sua existência porque ele não é capaz de andar ou correr como um
homem de boa saúde. Mas já que este mau hábito é muito comum, é nosso dever
ir atrás dos desanimados e cabisbaixos e confortá-los. Esta é nossa incumbência
neste curto discurso. Nós ouvimos as palavras do Mestre, “Consolai, consolai o
meu povo” (Is 40:1), e nós vamos nos esforçar para obedecê-las com a ajuda do
Seu Espírito.
Sobre o assunto da oração, muitos são desanimados porque eles ainda não
podem orar como crentes maduros oram, ou porque, durante alguma crise
peculiar de sua história espiritual, suas orações não lhes aparentam serem muito
ardentes e aceitáveis como é o caso de outros cristãos. Talvez Deus tenha uma
mensagem para alguns atribulados neste presente endereço e que o Espírito
Santo a aplique com poder sobre eles!
“Não escondas o teu ouvido ao meu suspiro”. Esta é uma maravilhosa descrição
de oração, não é? Frequentemente, é dito que a oração tem uma voz – assim é
neste verso – “Ouviste minha voz”. A oração tem uma voz melodiosa no ouvido
do nosso Pai Celestial. Frequentemente a oração é expressa por um clamor.
Assim é neste verso – “Não escondas o teu ouvido... ao meu clamor”. O clamor
é o pronunciamento natural e lamentoso da tristeza e tem tanto poder para mover
o coração de Deus como o choro de um bebê tem para tocar a ternura da mãe.
Mas existem vezes quando nós não podemos falar com a voz, nem mesmo
clamar. E então a oração pode ser expressa por um gemido, ou um lamento, ou
uma lágrima – “o elevar de um suspiro, o cair de uma lágrima”. Mas
possivelmente nós não poderíamos nem chegar a isso e você pode falar, como
um do passado, “Como o grou, ou a andorinha, assim eu chilreava” (Is 38:14).
Nossa oração, ao ser ouvida por outros, pode ser um tipo de expressão irracional.
Nós podemos ainda cair abaixo disso, pois no texto nos temos um tipo de oração
a qual é menos que um gemido ou uma lamentação. Esta é chamada de suspiro – 
“Não escondas o teu ouvido ao meu suspiro”. O homem está muito longe para se
ver a olho nu, ou para o gemido do coração – ele mal respira, mas aquele fraco
fôlegoé uma oração! Apesar de não dito e não expresso por algum som que
poderia chegar aos ouvidos humanos, ainda assim Deus escuta o suspirar da
alma de Seu servo e não esconde o Seu ouvido dele.
Nós devemos ensinar três ou quatro lições do presente uso da expressão
“suspiro”.
I. QUANDO NÓS NÃO PODEMOS ORAR COMO DEVERÍAMOS,
É BOM ORAR COMO CONSEGUIMOS.
Fraqueza corporal  nunca deveria ser argumentada por nós como uma razão
para parar de orar. De fato, nenhum filho Deus pensaria tal coisa como esta. Se
não posso dobrar os joelhos de meu corpo por estar muito fraco, minhas orações
que faço de minha cama devem estar em seus joelhos – meu coração deve estar
em seus joelhos e orar tão aceitavelmente como antigamente. Em vez de relaxar
nas orações pelo fato de nosso corpo sofrer, corações verdadeiros, em tempos
como esse, geralmente dobram suas petições. Como Ezequias, eles viram seus
rostos para a parede para que eles não vejam nenhum objeto terreno e então
olham para as coisas invisíveis e falam com o Altíssimo. Sim, e frequentemente
em uma maneira mais doce e familiar do que eles faziam nos dias de sua saúde e
força; Se nós estamos tão fracos que só podemos nos deitar parados e respirar,
façamos com que cada respiração seja uma oração!
Nem deveria um cristão relaxar nas suas orações por dificuldades mentais.
Quero dizer daquelas perturbações que distraem a mente e impedem a
concentração dos nossos pensamentos. Tais males acontecerão conosco. Alguns
de nós estão frequentemente deprimidos e muitas vezes são jogados para lá e
para cá em sua mente, de forma que se a oração fosse uma operação que
requeresse que as faculdades estivessem todas em dia, como no resolver
problemas matemáticos difíceis, nós não poderíamos, nesses momentos, orar de
forma nenhuma. Mas, irmãos e irmãs, quando a mente está muito pesada, então
não é a hora de desistir de orar, mas em vez disso, redobrar nossas súplicas!
Nosso abençoado Senhor e Mestre foi levado por angustias da mente para a mais
triste condição – Ele disse, “A minha alma está cheia de tristeza até a morte” – e
mesmo por essa razão Ele não disse, “Eu não posso orar”, mas, pelo contrário,
Ele buscou as bem conhecidas sombras do olival e lá descarregou Seu pesado
coração e derramou Sua alma como água perante o Senhor! Que nunca nos
consideremos tão doentes ou distraídos para orar. Um cristão nunca deve estar
em tal estado de mente em que ele deva se sentir obrigado a falar “Eu não sinto
que consigo orar”, ou se ele o fizer, que ele ore até que ele sinta que ele pode
orar. Não orar porque você não se sente apto a orar é como dizer, “Eu não
tomarei o remédio porque estou muito doente”. Ore para orar! Ore por você
mesmo, através da assistência do Espírito, para que você consiga orar! É bom
martelar o ferro quando ele está quente, mas alguns fazem o ferro frio se
esquentar por martelar ele! Nós, às vezes, comemos até que tivéssemos apetite,
então oremos até que possamos orar. Deus irá te ajudar na procura do seu dever,
não na negligência dele.
O mesmo é o caso com relação às doenças espirituais. Algumas vezes não é
meramente o corpo ou a mente que estão afetados, mas nossa natureza interior é
tediosa, estúpida, letárgica, de forma que quando é o tempo de orar, nós não
sentimos o espírito da oração. Além disso, talvez nossa fé esteja tombando e
como nós podemos orar quando nossa fé está tão fraca? Possivelmente nós
suspeitamos de que sejamos realmente povo de Deus e somos molestados pela
coleção de nossas quedas. Agora o tentador irá sussurrar, “Não precisa orar
agora – seu coração não está numa boa condição para isso”. Meus queridos
irmãos e irmãs, você não se tornará apto para orar por se manter longe do Trono
da Misericórdia! Mas se deitar gemendo e suspirando aos pés do Trono é a
melhor preparação para suplicar ao Senhor. Nós não devemos almejar uma
autopreparação do nosso coração para que possamos nos achegar a Deus
corretamente, mas “as preparações do coração no homem e a resposta da língua
são do Senhor” (Provérbios 16:1 – Versão King James). Se eu me sinto
desinclinado a orar, então este é o tempo em que preciso orar mais do que
nunca! Possivelmente quando a alma pula e exulta em comunhão com Deus,
deve ser mais seguro se refrear de orar do que aqueles momentos quando a alma
se arrasta pesadamente à devoção. Ai de mim, meu Senhor, será que minha alma
anda errante longe do Senhor? Então volte, meu coração! Irei te arrastar de volta
pela força da Graça Divina! Não irei parar de clamar até que o Espírito de Deus
te faça voltar para a obediência. O que? Meu irmão cristão, por você se sentir
negligente, esta é a razão pela qual você deveria guardar sua mãe e não servir
seu Deus? Não, fora com sua negligência e dobre sua alma resolutamente ao
serviço! Então, ao sentir uma sensação de não querer orar, seja mais aplicado na
oração! Arrependa-se por não querer se arrepender, lamente por que você não
consegue se lamentar e ore até que você consiga orar – fazendo isto, Deus irá te
ajudar.
Mas, pode surgir uma objeção, de que algumas vezes nós somos colocados em
grandes dificuldades por tais circunstâncias que nós podemos ser dispensados de
orar. Irmãos e irmãs, não existem circunstâncias nas quais nos deveríamos parar
de orar de forma alguma. “Mas eu tenho tantas necessidades”. Quem de nós não
as tem? Se nós estamos dispensados de orar até que nossas necessidades acabem,
certamente nunca chegaríamos a orar, ou oraríamos quando não mais
precisássemos de oração! O que Abraão fez quando ele ofereceu sacrifícios ao
Senhor? Quando o patriarca sacrificou as criaturas determinadas e as deitou no
altar, alguns abutres e pássaros vieram prontos para arrancar pedaços da carne
consagrada. O que o patriarca fez? “E as aves desciam sobre os cadáveres;
Abrão, porém, as enxotava.” (Gn 15:11). Assim devemos pedir para que a Graça
enxote nossas necessidades das nossas devoções.
Aquela foi uma sábia instrução que o profeta deu à pobre mulher quando o
Senhor estava prestes a multiplicar seu azeite. “Vá, pegue a botija” ele disse,
“derrame o azeite e encha as vasilhas emprestadas”. Mas o que mais ele disse?
“E fecha a porta sobre ti” (2 Rs 4:4). Se a porta estivesse aberta, alguns de seus
vizinhos bisbilhoteiros teriam olhado aquilo e dito, “O que você está fazendo?
Você realmente espera encher todos esses jarros com essa pequena botija de
azeite? Por que, mulher? Você deve estar louca!”. Temo que ela não fosse capaz
de realizar aquele ato de fé se os seus objetores não estivessem sido trancados
fora da casa. É uma grande coisa quando a alma pode fechar com ferrolho as
portas contra as distrações e manter fora os intrusos – pois então é que a oração e
a fé irão realizar o seu milagre e nossa alma deve ser cheia com as bênçãos do
Senhor! Ó, que a Graça vença as circunstâncias e ao menos nos faça suspirar
nossas orações se não podemos alcançar a forma mais poderosa de oração!
Talvez, contudo, você declare que suas circunstâncias são mais difíceis do que
posso imaginar, pois você esta cercado daqueles que zombam e, além disso, o
próprio satanás lhe molesta. Ah, querido irmão ou irmã, debaixo de tais
circunstâncias, em vez de restringir a oração, seja dez vezes mais diligente! Sua
posição é preeminentemente perigosa – você não pode se permitir de viver longe
do Trono da Graça – portanto, não tente isto. Sobre a perseguição e ameaça, ore
provocando-as. Lembre-se de como Daniel abriu sua janela e orou ao seu Deus
como ele tinha feito em outros dias? Deixe que o Deus de Daniel seja seu Deus
no seu quarto de oração e Ele será seu Deus na cova dos leões! Sobre o demônio,
tenha certa que nada o expulsará como a oração. Esse par de versos é correto
quando declara que – 
“Satanás irá tremer quando olhar
O mais fraco santo orar!”
Qualquer que seja sua posição, se você não pode falar, chore. Se não pode
chorar, comece a gemer. Se não pode gemer, deixe que falem os “gemidos
inexprimíveis”. E se você nem mesmo pode chegar a isso, deixa que suas
orações sejam ao menos respirações – um desejo vitale sincero – o transbordar-
se de sua vida interior na mais simples e fraca forma, e Deus irá aceitar isso. Em
uma palavra, quando você não consegue orar como deve, cuide para orar
como você pode!
II. Agora, uma segunda palavra de instrução. É claro neste texto, de muitas
outras passagens da Escritura e de observações gerais que: OS MELHORES
HOMENS GERALMENTE ACHAVAM AS MAIORES FALTAS NAS
SUAS PRÓPRIAS ORAÇÕES.
Isso vem do fato que eles apresentaram orações verdadeiras e ainda assim
sentiam muito mais do que podiam expressar. Um mero formalista sempre pode
orar assim que desejar. O que ele deve fazer além de abrir seu manual e ler as
palavras prescritas, ou dobrar seus joelhos e repetir certas frases sugeridas por
sua memória ou por sua imaginação? Como a Máquina de Oração do Tártaro[1],
tendo vento e a roda, toda a oração é realizada! Todo esse dobrar de joelhos,
falar e orar já estão feitos! As orações do formalista sempre são igualmente boas,
ou melhor, sempre igualmente más. Porém o verdadeiro filho vivo de Deus
nunca oferece uma oração que o satisfaz – seus padrões estão acima de suas
capacidades. Ele se maravilha na forma de que Deus o escuta, e mesmo que ela
saiba que será ouvido por amor de Deus à Cristo, ainda assim ele considera isso
um maravilhoso fato de misericórdia condescendente, a saber, que tão pobres
orações como as suas devem chegar aos ouvidos do Senhor dos Exércitos!
Se fosse perguntado em qual ponto os homens santos acham faltas em suas
orações, nós responderíamos, que eles reclamam da pequenez de seus desejos. Ó
Deus, Tu me convidas a abrir minha boca bem aberta e que o Senhor vai enchê-
la de palavras, mas eu não abro minha boca! Tu estás pronto para me conceder
grandes coisas, mas eu não estou pronto para receber grandes coisas! Eu sou
limitado, mas não no Senhor – eu sou limitado nos meus próprios desejos!
Queridos irmãos e irmãs, quando nós lemos sobre Hugh Latimer[2] que ficava de
oelhos perpetuamente clamando “Ó, Deus, dê de volta o Evangelho para
Inglaterra”, e que algumas vezes orava por tanto tempo que não conseguia se
levantar, sendo um homem de idade – e eles tinham que levantá-lo do chão da
prisão – e ele continuava a clamar “Ó, Deus, dê de volta o Evangelho para a
pobre Inglaterra”; nós devemos bem nos surpreender pelo fato de alguns de nós
não orarem desse jeito! Os tempos são maus como os de Latimer e nós temos
uma grande necessidade de orar como ele orou “Ó, Deus, expulse estes papas
mais uma vez daqui e dê de volta o Evangelho para a Inglaterra”. Pense, então,
em John Knox[3]. As orações daquele homem eram como exércitos poderosos e
ele lutava durante toda a noite com Deus para que ele incendiasse a luz do
Evangelho na Escócia. Ele declarou que lhe foi concedido este seu desejo e creio
que realmente o foi, e que a Luz de Deus que queima tão fortemente da Escócia
deve ser muito atribuída às orações daquele homem. Nós não oramos como esses
homens. Nós não temos coração para pedir grandes coisas. Um avivamento está
esperando, a nuvem está passando por cima da Inglaterra, mas nós não sabemos
como trazê-la para baixo! Ó, que Deus ache alguns espíritos verdadeiros que
possam ser os condutores a trazer para baixo o Fogo Divino! Nós precisamos
muito disso, mas nossos pobres suspiros – eles não são muito mais que isso – 
não têm força, nem expansividade, nem coração e nem preponderância em si
mesmos!
Então, quão grave nós caímos a respeito da fé!  Nós não oramos como se
acreditássemos. Orar acreditando na oração é um sofrimento e uma luta, mas
nossas orações são meros assopros e bafejos, pequenos suspiros – nada mais que
isso. Deus é verdadeiro e nós oramos a Ele como se Ele fosse falso. Ele quis
dizer o que Ele disse, e nós tratamos Sua Palavra como se Ela fosse falada de
brincadeira. O maior erro de nossas orações é a falta de fé.
Quão frequentemente nos falta seriedade! Tais homens como Lutero tinham
seus desejos do Céu porque eles queriam  tê-los! O Espírito de Deus os fez
resolutos em intercessão e eles não sairiam de perto do Trono da Misericórdia
até que seus apelos fossem atendidos. Mas nós somos frios, e consequentemente
fracos, e nossas pobres, pobres orações nos cultos, no nosso quarto em secreto e
no altar da família definham e quase morrem!
Quão mais, infelizmente, é a impureza de nossos motivos  de oração! Nós
pedimos por avivamento, mas queremos que nossa própria igreja ganhe a bênção
de ter o crédito por isso! Nós oramos a Deus para abençoar nosso trabalho e isto
porque desejamos escutar homens dizerem que somos bons trabalhadores. A
oração é boa em si mesma, mas nossos dedos sujos a estragam. Ó, que possamos
oferecer súplicas como elas devem ser oferecidas! Bendito seja Deus, Aquele
que é o Único que pode lavar nossas orações por nós, mas, mais
verdadeiramente, nossas próprias lágrimas devem ser choradas de novo e nossas
orações devem ser oradas novamente. Mesmo a melhor coisa que nós façamos
deve ser lavada na Fonte de Sangue, ou de outra forma, Deus somente a pode
olhar como um pecado.
Outra falta que bons homens olham em suas súplicas é que eles mantém certa
distância de Deus enquanto oram, que eles não se achegam perto o bastante
Dele. Não é verdade que alguns de vocês são oprimidos por uma sensação de
distância que existe entre vocês e Deus? Você crê que existe um Deus e acredita
que Ele irá lhe responder, mas não é sempre que você vem direto para Ele, até
Seus pés, e toma posse Dele e diz, “Ó, meu Pai, escuta a voz de Seus escolhidos
e deixe o clamor do sangue de Seu Filho venha diante de Ti!”. Ó, queremos
orações que possam ir além do véu e se aproximem do Trono da Misericórdia!
Ó, queremos pessoas suplicantes que são familiarizados com os querubins e com
o brilho que sai do meio de suas asas! Que Deus nos ajude a orar melhor! Mas
disso estou certo – vocês que têm as melhores súplicas são exatamente aqueles
que pensam o mínimo de suas próprias orações e que são os mais gratos a Deus
por Ele deseja escutar a vocês – e os mais ansiosos para eu Ele os ajude a orar de
uma maneira mais nobre.
III. A terceira lição é esta – O PODER DA ORAÇÃO NÃO É MEDIDO
POR SUA EXPRESSÃO EXTERNA.
O suspiro é uma oração da qual Deus não esconde Seu ouvido. É, sem sombra de
dúvida, uma grande Verdade de Deus, e também cheia de conforto, de que
nossas orações não são poderosas na proporção de suas expressões, pois, se fosse
assim, o Fariseu teria obtido sucesso já que ele tinha melhores dons de oratória
do que o Publicano tinha. (Lc 18:10-14). Não tenho dúvida de que se houvesse
um culto normal, e o Fariseu e o Publicano estivesse lá, nós teríamos chamado o
Fariseu para orar. Não creio que o povo de Deus teria apreciado sua oração, nem
teria sentido alguma afinidade de espírito com ele e ainda assim, muito
naturalmente, por pensar em seus dons, ele teria se levantado e se comprometido
com a devoção pública ou, se aquele Fariseu não tivesse feito isso, sei de outros
Fariseus que o fariam. Sem dúvida o espírito daquele homem era mau, mas sua
expressão era boa – ele podia colocar sua oração tão ordenadamente e a
proclamar muito cuidadosamente. E que todo homem saiba que Deus não se
importa com isso! O suspiro do Publicano alcançou Seu ouvido e ganhou a
bênção, porém as palavras orgulhosas do Fariseu foram uma abominação para
Ele!
Se nossas orações fossem eficientes na proporção de sua expressão, então a
retórica seria mais valiosa que a Graça e a educação escolástica seria melhor que
a santificação – mas isso não é verdade. Alguns de nós podem ser capazes de se
expressar muito fluentemente através da força de dons naturais, mas deveria ser
sempre uma pergunta inquietante para nós se nossa oração seria uma que Deus
receberia, pois nós devemos saber, e saber de uma vez, que nós frequentemente
oramos melhor quando nós balbuciamos e gaguejamos – e nós oramos pior
quando as palavras fluem como uma torrente, uma atrás da outra! Deus não é
movido por palavras – elas não passam de barulhos para Ele. Ele só é movido
pelos pensamentos profundos e pelas emoçõesverdadeiras que estão no mais
fundo do espírito. Seria algo ruim para você, que é necessitado, se Deus só nos
escutasse de acordo com a beleza de nossas palavras, pois talvez seja que sua
educação foi tão negligenciada que não exista esperança para você ser capaz de
falar gramaticalmente bem. E, além disso, poderia ser que, por sua informação
limitada, você não usasse palavras que soassem tão bem. Mas o Senhor ouve os
pobres, os ignorantes e os necessitados! Ele ama escutar o seu clamor. O que
importa para Ele a gramática de uma oração? É a alma que Ele quer! E se você
não consegue amarrar corretamente nem três palavras do inglês da rainha,
mesmo assim se sua alma consegue de alguma forma suspirar a si mesma diante
do Altíssimo – se é algo quente, de coração, sincero e sério – existe poder na sua
oração e não menos poder nela por causa de palavras quebradas, nem seria
vantagem para você, visto ao que o Senhor se importa, se essas palavras não
fossem quebradas, mesmo que fossem bem compostas! Isso não é um conforto
para nós, então?
Mesmo que sejamos abençoados com facilidade de se expressar, nós, algumas
vezes, notamos que nosso poder de proclamação nos falha. Debaixo de grande
pesar, um homem pode não falar como ele é conhecido a fazer. Circunstâncias
podem fazer a língua mais eloquente se tornar pesada. Não importa – sua oração
é tão boa quanto era antes. Você clama a Deus em adoração pública e se senta
pensando que sua confusa oração não foi de serviço para a Igreja. Você não sabe
em que balanças Deus pesa sua oração – não em quantidade, mas em qualidade – 
não por uso de vestimenta externa verbal, mas pela alma interna e seriedade
intensa que havia ali é que Ele pesa o valor! Não é verdade que algumas vezes
quando você se levanta de seus joelhos em seu quarto, em secreto, e diz, “Acho
que não orei, não me senti orando de verdade”? Nove de cada dez vezes, essas
orações que não achamos aceitáveis são as mais importantes para Deus. Mas
quando nós nos gloriamos em nossa oração, Deus não irá querer saber dela! Se
você vê alguma beleza em sua própria súplica – Deus não olha isso – pois,
evidentemente, você estava olhando para sua oração e não para Ele! Mas quando
a alma vê tanto de Sua glória que chega clamar, “Eis que agora me atrevi a falar
ao Senhor, ainda que sou pó e cinza” (Gn 18:27). Quando a alma vê tanto de Sua
Santidade que ela é dificultada a se expressar pela profundidade de sua própria
humilhação, ó, então é quando esta é sua melhor oração! Pode haver mais oração
em um gemido do que em uma liturgia inteira. Pode existir uma devoção mais
aceitável em uma lágrima que molha o bando da igreja do que em todos os hinos
que nos cantamos, ou em todas as súplicas que nós fizemos! Não é o exterior, é o
interior! Não são os lábios, é o coração que o Senhor leva em consideração! Se
você consegue somente suspirar, suas orações serão aceitas pelo Altíssimo!
Desejo que esta verdade possa ir para casa com cada um de nós que diz, “Eu não
consigo orar”. Isso não é verdade. Se para orar fosse necessário falar por um
quarto de hora, ou que fosse necessário pronunciar coisas bonitas, então eu
admitiria que você não conseguiria orar! Mas se for só falar de seu coração,
“Deus, tem misericórdia de mim, um pecador”, então consegue sim, e se oração
não é nada sobre o falar, mas sim desejar, ansiar, esperar por misericórdia,
perdão e por salvação, então nenhum homem pode falar “Eu não consigo”, a não
ser que ele seja honesto o suficiente para completar a frase: “Eu não consigo,
porque eu não vou orar. Amo os meus pecados demais e não tenho fé em Cristo.
Não desejo ser salvo”. Se você quer orar, Ó meu ouvinte, então você consegue
orar! Ele que dá o querer, adiciona a habilidade para isso!
E ó, deixe-me dizer, não durma esta noite até que você tenha tentado e
experimentado o poder da oração! Se você sente um fardo em seu coração, diga
ao Senhor! Cubra seu rosto e fale com Ele. Nem isso acredito que você precise
fazer, pois, suponho que Ana não cobriu seu rosto quando Eli olhou seus lábios
movendo e pensou que ela estava bêbada (1 Sm 1:9-15). Não, seus lábios nem
precisam mover! Sua alma pode agora dizer, “Salve-me, meu Deus! Convença-
me do meu pecado, me leve até a Cruz! Salve-me esta noite! Não me deixe
terminar mais um dia como Seu inimigo! Não me deixe ir para meus afazeres
por mais uma semana sem ser perdoado, com Sua ira suspendida sobre mim
como um relâmpago! Salve-me, salve-me, Ó meu Deus!”. Tais orações, mesmo
que sem palavras pronunciadas, não são impotentes, mas serão ouvidas no Céu!
IV. Iremos concluir com essa quarta lição prática – ORAÇÕES FRACAS
SÃO OUVIDAS NO CÉU.
Por que que orações fracas são entendidas e ouvidas por Deus no Céu? Aqui
estão três razões.
Primeiro, a oração mais fraca, se for sincera, foi escrita pelo Espírito Santo
no coração, e Deus sempre reconhecerá a caligrafia do Espírito Santo.
Frequentemente, alguns caros amigos da Escócia mandam para o Orfanato[4]
algumas porções do que um deles outro dia chamou de “dinheiro imundo” – isto
é, notas de uma libra sujas. Bem, certamente, essas notas de uma libra parecem
que tem um pequeno valor. Mas ainda assim, elas carregam a assinatura própria
e são bem aceitas – e sou muito grato por elas. Muitas orações que são escritas
pelo Espírito Santo no coração parecem escritas com tinta fraca, e além disso,
parecer ser apagadas e sujas por nossas imperfeições. Mas o Espírito Santo pode
sempre ler Sua própria caligrafia. Ele conhece Suas próprias anotações e quando
Ele emitiu uma oração, Ele não a negará. Portanto, o suspiro ao qual o Espirito
Santo trabalhou em nós, será aceito por Deus.
Ademais, Deus, nosso sempre bendito Pai, tem um ouvido ligeiro para o suspiro
de cada um de Seus filhos. Quando uma mão tem um filho doente, é maravilhoso
o quão ligeiro seu ouvido é o atendendo. Que boa mulher, nós nos maravilhamos
como ela não cai no sono. Se você contratou uma enfermeira, as chances são de
dez para um que ela dormiria. Mas o filho querido, no meio da noite, não precisa
pedir por água, ou nem mesmo falar – só um pequeno suspiro – quem ouvirá
isso? Ninguém exceto a mãe! Mas seus ouvidos são rápidos, pois estão no
coração de seu filho. Então, se existe algum coração no mundo que anseia por
Deus, o ouvido de Deus já está no coração daquele pobre pecador! Ele o ouvirá.
Não existe um único bom desejo no mundo que o Senhor não tenha escutado.
Lembro-me quando, uma vez, estava um pouco temeroso de pregar o Evangelho
aos pecadores como se fossem pecadores, e mesmo assim, eu o queria fazer,
então costumava falar, “Se você tem somente uma milionésima parte de desejo,
venha a Cristo!”. Ouso dizer mais do que aquilo hoje, mas ainda assim quero
fazê-lo, e o farei de uma vez – se você tem uma milionésima parte de desejo, se
você tem somente um pequeno suspiro – se você deseja ser reconciliado, se você
deseja ser perdoado, se você deseja ser desculpado, se existe ao menos metade
de um bom pensamento formado em sua alma, não o ponha em questão, não o
sufoco e não pensei que Deus irá rejeitá-lo!
E, então, há outra razão, a saber, que o Senhor Jesus Cristo está sempre pronto
para pegar a mais imperfeita oração e a aperfeiçoar para nós. Se nossas orações
tiverem que subir aos Céus como elas são, elas nunca teriam obtido sucesso.
Mas elas acham um Amigo neste caminho, e então, elas prosperam. Um pobre
homem tem uma petição para ser mandada para alguma agência do governo. Se
ele tivesse que escrever isto por si mesmo, todos os oficiais da rua Downing[5]
ficariam confusos sobre o que a petição significaria. Mas o pobre homem é sábio
o bastante para achar um amigo que pudesse escrever, ou ele viria até o seu
pastor e diria, “Pastor, o senhor poderia escrever essa petição corretamente para
mim? O senhor poderia colocar em um bom inglês, para que esta fosse
apresentada?”. E então a petição iria de uma forma diferente. Dessa forma, o
Senhor Jesus Cristo toma nossas pobres orações, as adapta e apresenta a petição
com a adição de Sua própria Assinatura– e o Senhor nos manda uma resposta de
paz.
A mais fraca oração no mundo é ouvida quando esta tem o selo de Cristo em si.
Quero dizer que Ele coloca Seu Sangue Precioso sobre ela. E aonde quer que
Deus veja o Sangue de Cristo, Ele deve e irá aceitar o desejo que ela endossa. Vá
a Jesus, pecador, mesmo que você não consiga orar, e deixe que o suspirar de sua
alma seja, “Seja misericordioso comigo, limpa-me, salva-me” e assim será feito,
pois Deus não escutará tanto sua oração como escuta o Sangue de Seu Filho,
“que fala melhor do que o de Abel.” (Hb 12:24). Uma voz mais alta prevalecerá
sobre a sua! E seus fracos suspiros irão até Deus cobertos com as súplicas
Onipotentes do Grande Sumo Sacerdote que nunca apela em vão!
Tive por objetivo, desta forma, confortar os aflitos que dizem que não pode orar,
mas antes de eu terminar, devo adicionar como indesculpáveis são aqueles que,
sabendo de tudo isto, continuam sem orar, sem Deus e sem Cristo! Senão
houvesse nenhuma misericórdia para se obter, você não seria culpado se não a
tivesse. Se não houvesse nenhum Salvador para os pecadores, um pecador
poderia ser desculpado por continuar no pecado. Mas existe uma Fonte e ela está
aberta – por que, então, você não se lava nela? Misericórdia é para ser ganha
“sem dinheiro e sem preço” (Is 55:1) – é para ser ganha por se pedir  por ela.
Algumas vezes, pobres homens são amordaçados, condenados em uma cela e
sentenciados para serem enforcados. Mas suponha que eles tivessem um perdão
gratuito só por pedir por ele, e eles não fizessem isso – quem teria pena deles?
Deus dará Suas bênçãos para todo aquele que é movido a busca-las com
sinceridade às Suas mãos sob somente essa única condição – que a sua alma
confie em Jesus! E ainda isso não é uma condição, pois Ele dá o arrependimento
e a fé, e capacita pecadores a crerem no Seu querido Filho! Eis Cristo
crucificado, a mais triste e, ao mesmo tempo, a mais alegre visão debaixo do céu
amais vista! Eis o eterno Filho de Deus feito carne e sangrando Sua vida! Uma
maravilha insuperável de aflição e amor! Olhe para Ele que salvará você!
Mesmo que estejas aos pés da cova ou na beira do inferno, por um olhar ao Jesus
crucificado sua culpa será cancelada, suas dívidas serão para sempre anuladas
diante do Trono de Deus e você mesmo será levado à alegria e paz. Ó, que você
dê esse olhar!
Suspire a oração, “Senhor, dê-me a fé de Seus eleitos e salve-me com uma
grande salvação!”. Apesar de ser somente um suspiro, ainda assim, como o
antigo puritano falava, quando Deus sente o respirar de Seu filho sobre Sua face,
Ele sorri. E Ele irá sentir o seu respirar, sorrir para você e lhe abençoar. Que Ele
assim o faça, em nome de Jesus! Amém.
EIS QUE ELE ESTÁ ORANDO
 Pregado em Setembro de 1885
“E pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso
chamado Saulo; pois eis que ele está orando”.
 Atos 9:11
Estas palavras são a marca da conversão genuína. “Eis que ele está
orando” é uma testemunha mais confiável da conversão de um homem do que,
“eis que ele canta”, ou “eis que ele lê as Escrituras”, ou “eis que ele prega”.
Essas coisas podem ser admiravelmente feitas por homens que não foram
regenerados! Mas se, no sentido que Deus tem pelo termo, um homem
realmente ora, nós podemos saber com certeza que ele passou da morte para a
vida. Oração verdadeira é uma evidência do vivificar espiritual – o Espírito
Santo colocou vida espiritual no coração do homem que ora, pois oração é o
respirar de uma vida espiritual. Oração é o resultado do sentimento de
necessidade que surge da nova vida – o homem não oraria a Deus se ele não
sentisse que ele tivesse uma urgente necessidade de bênçãos que só podem ser
concedidas pelo Senhor. Enquanto expressa seu sentimento de necessidade e
apela a Deus por ajuda, o homem que ora dá evidência de estar em paz com seu
Senhor e curado de sua alienação natural. Aquele eu ora, crê, e assim revela a fé
que salva. Algumas formas de oração mostram uma grande fé, mas toda
verdadeira oração é obra da fé, seja pequena ou grande. Será que um homem
clamaria a Deus por misericórdia se ele não acreditasse Nele? Será que ele
suplicaria ao Trono da Misericórdia se ele não esperasse obter seu desejo?
Assim, caros amigos, o tipo verdadeiro de oração é um comprovante da
existência da vida espiritual na sua consciência de necessidade, no seu se voltar a
Deus e na sua fé Nele.
Oração é o autografo do Espírito Santo sobre o coração regenerado.
Oração é, também, uma admirável forma de comunhão com Deus e, e como a
mente carnal não pode ter comunhão com Deus, esta se torna prova da
regeneração, a evidência da adoção! Aquele que ora tem algum conhecimento de
Deus, algum entendimento com o Grande Invisível. O hábito de oração privada e
a constante prática do coração de comunhão com o Altíssimo são os mais certos
indicadores da obra do Espírito Santo sobre o coração. Quando pode ser dito de
um homem, “Eis que ele está orando”, o selo do Grande Rei está sobre ele! Ele
carrega o aval do Esquadrinhador de Corações. Assim que o Senhor deu a
Ananias esta certa indicação de que Saulo de Tarso era um homem convertido,
por dizer a ele, “Eis que ele está orando”.
No caso de Saulo, esta indicação era especialmente notável. “Eis que ele
está orando” tinha um significado especial em relação a este fariseu convertido.
Mostrarei isso durante o sermão. É como se fosse uma grande maravilha que o
rei Saul, do Velho Testamento, tivesse profetizado. Algo tão inesperado e
maravilhoso que o evento se tornou um provérbio – “Está Saul também entre os
profetas?” (1 Sm 10:12). Mas era uma maravilha igual quando este mais
moderno Saulo foi visto orando! Está Saulo de Tarso também entre aqueles que
oram pela misericórdia de Jesus? O próprio Senhor dos Céus menciona isto
como um prodígio! Ele aponta para isso como se fosse uma coisa a ser
contemplada e de se maravilhar, pois Ele diz ao Seu servo Ananias, “Eis que ele
está orando”.
I. Nós começaremos nosso discurso com a seguinte observação – 
Esta expressão a respeito de Saulo de Tarso é notável, pois ELA IMPLICA
QUE ELE NUNCA HAVIA ORANDO ANTERIORMENTE . “Eis que ele
ora” não poderia ser falado a respeito de um homem que já orava em situações
anteriores.
Isto é muito arrebatador, pois Saulo era um fariseu e, portanto, um
homem que habitualmente repetia orações. Fariseus se orgulhavam da
regularidade, do número e da duração de suas orações. Talvez não houvesse
nenhum dia da vida de Saulo em que ele se não tivesse orado, segundo sua
própria percepção. Muitos judeus devotos passavam nove horas por dia em
oração, pois eles ocupavam uma hora com reais súplicas, mas antes disso se
sentavam durante uma hora antes e uma hora depois de fazer essas súplicas – e
isto era feito três vezes ao dia! Fariseus geralmente ofereciam orações não
somente no templo o nas sinagogas, mas até nas esquinas das ruas onde
poderiam ser vistos por outros homens. Qualquer que fosse a qualidade de suas
orações, elas muitas em quantidade. Se algum fato público fosse tão
evidenciado de forma que ninguém pudesse negá-lo, tal fato era que Saulo de
Tarso passava muito tempo orando e, portanto, é mais surpreendente que o
próprio Senhor disse a Ananias à respeito deste constante e devoto fariseu, “Eis
que ele está orando”.
Veja como o Senhor examina os julgamentos dos homens! Na opinião
de todos os que conheciam Saulo de Tarso, o discípulo de Gamaliel, ele era
muito doado à oração. Mas Aquele que examina os corações e conhecia bem
Saulo – e sabia verdadeiramente o que oração é – Ele aqui declara que agora
sim, finalmente, Paulo começa a orar! Apesar de todo seu anterior excesso e
ostentação de devoção, Saulo, em toda sua vida, nunca tinha orado de forma
alguma! O que os seus amigos considerariam como uma grande quantidade de
oração, o Senhor não considera nada daquilo! Até que a primeira quebrantada
confissão de pecado viesse do pobre cego perseguidor de Jesus, o Senhor
considerava que ele nunca tinha orado! Quero empurrar esse fato para a casa de
alguns que aqui estão presentes conosco,esta manhã. Me refiro àqueles que, de
uma maneira formal, tem sempre orando e apesar disso nunca oraram
espiritualmente. Sua mãe lhe ensinou uma forma de oração – você repetiu esta
forma por toda sua meninice e juventude. Neste momento você está bem regular
em dobrar seus joelhos, tanto de manhã quanto de noite, e ainda sim, nenhuma
oração jamais saiu de seu coração ao coração de Deus!
Você vai constantemente ao lugar de adoração; você é diligente em
observar cada ordenança cristã; você se junta àqueles que respondem a pregação,
ou você abaixa sua cabeça e escuta em silêncio à proclamação extemporânea do
seu pastor e, portanto, você supõe que ora – e mesmo assim esta é uma
suposição vã! Se alguém fosse falar que você não ora, você ficaria muito
zangado! E mesmo assim é possível que esta afirmação seja totalmente
verdadeira. Espero tanto que hoje, pela primeira vez, você em uma seriedade
verdadeira possa clamar ao Senhor Deus e faça com que Ele testemunhe que
agora, de fato, você ora! Você irá então ter em pouca estima todas as suas
repetições sem coração de orações e irá clamar a Deus, o Espírito Santo, que nos
ajuda nas nossas enfermidades, já que nós sabemos que não oramos como
devemos orar.
Já lhes disse que os fariseus eram notados por suas orações e, portanto,
parece mais maravilhoso ainda o fato de que o Senhor tenha anunciado que
Saulo de Tarso tinha então começado a orar. Porém, isto foi verdade – ele agora
estava oferecendo pela primeira vez uma oração verdadeira. Aquela oração do
fariseu da qual lemos do capítulo dezoito de Lucas era para ser uma oração, mas
não havia nenhuma partícula de oração nela! Ele não pediu por nada. Ele não
confessou nenhuma necessidade, nem suplicou por uma promessa. Ele não
procurou por misericórdia, nem mencionou expiação pelos pecados. Sua ação de
graças formal era manchada de uma autoestima orgulhosa e era mais a
ostentação da vaidade do que um pedido em humildade! Muito do que é
chamado de oração é uma casca e não o interior de uma oração. Suponha que
você pegue a melhor forma do que um dia já foi escrito e vai lendo através
daquilo da forma mais ordenada possível – você pode fazer isso e continuar a
fazer isso durante uma vida de setenta anos – e ainda assim você nunca terá
buscado a Deus com verdadeira diligência!
Se você preferir compor suas próprias orações, você pode fazer isso
durante toda a sua vida e faça orações que podem ser excelentes em linguagem.
Você pode ainda fazer uma nova oração toda manhã e toda noite – e ainda assim
pode não existir um único átomo de verdadeira oração em todo esse
derramamento de piedade! E se sua primeira oração ainda deve ser feita? Que
solene sugestão para você que foi criado no colo da piedade e vestido nas roupas
da religião! Não me admiro que isso lhe ofenda tão rapidamente. Esse exame de
coração não pode ser colocado de lado como se eu não estivesse falando com
você. A não ser que seu coração fale com Deus; a não ser que sua alma venha a
um contato espiritual com o Grande Pai dos espíritos, sua forma de oração, não
me importa se é litúrgica ou extemporânea, de nada vale! Deus não é o Deus dos
mortos, mas dos vivos – e isto se aplica as orações tanto quanto aos homens – 
“Deus abomina o sacrifício
Onde um coração não possa ser achado”
Uma única frase de um verdadeiro coração suplicante, como, “Ó Deus,
tem misericórdia de mim, pecador!”, vale mais do que grandes trabalhos dos
lábios!
Oração verdadeira deve ser espiritual e as orações de Saulo nunca havia
sido isso antes. Palavras são somente o corpo da devoção – a confissão do
pecado, a ansiedade pela misericórdia, o gemer pela Graça – estas são a alma e o
espírito da oração! Um homem pode ter repetido as palavras mais seletas e estas
podem ter sido o corpo externo de uma verdadeira oração, pois seu coração as
seguiu de verdade – mas, por outro lado, nós podemos usar as mesmas
excelentes expressões e não termos orado coisa alguma – pois pode não existir
nenhuma inclinação do coração a Deus. Um homem pode não pronunciar
nenhuma palavra. Ele pode sentar-se em absoluto silêncio e mesmo assim pode
estar orando o mais eficientemente possível. Moisés clamou a plena voz quando
não disse sequer uma palavra e Ana foi ouvida no templo quando não emitira
nenhum som, mas somente os seus lábios se moviam! Eu considero que aquelas
orações que não podem ser expressas pela linguagem são, frequentemente, as
mais profundas e fervorosas. Quando os desejos são tão pesados que colocam
fardos em nossas palavras e chegam mesmo a esmagá-las, então eles são os mais
prevalentes para Deus. Existe poder naquele solene silêncio o qual é “a geada na
boca, mas o fogo da mente”, quando a alma flui como uma corrente forte em um
leito tão profundo e escondido até que alcance o coração de Deus e triunfa Nele.
De qualquer maneira, a oração que não é espiritual não é considerada
pelo Senhor nem como uma oração, pois “Deus é Espírito, e importa que os que
o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:24). Você pode, se quiser,
adorar a Deus com órgãos como os ingleses fazem, ou você pode orar com
moinhos de vento, como fazem os tártaros[6] - ambas são muito parecidas ao meu
ver – mas a sua adoração e a sua oração não serão medidas pelos assopros dos
foles, nem pelas voltas das pás ou velas. Elas serão medidas somente pelo
trabalho do coração que foi feito nelas. Se o espírito não tem união com Deus,
não houve oração. Pode ser que haja música e oratória, mas não haverá oração se
a natureza espiritual não houver falado com o Pai dos espíritos. Perceba, então,
que nós só começamos a orar quando começamos a viver vidas espirituais.
Seguinte a isso, Saulo nunca orou uma única correta oração do tipo do
qual o Senhor pode aceitar. Saulo, até então, não conhecia o Senhor Jesus e,
portanto, ele não conhecia o caminho de acesso ao Pai através do Seu Filho, a
quem Ele apontara como Mediador. Saulo conhecia a letra da Verdade de Deus
de acordo com a Lei Cerimonial, mas ele não conhecia o espírito da Lei que é
incorporado por Jesus. Ele tinha buscado estabelecer sua justiça própria, mas ele
não havia se submetido à justiça de Cristo e, desta forma, em suas orações ele
não estava atravessando a estrada que leva ao coração de Deus. Se um homem,
usando um rifle em Wimbledon[7] em uma competição por prêmio, fosse avisado,
“Não é o alvo à direita, mas é o alvo à esquerda que deve ser acertado”, e se ele
continuasse a atirar para a direita, mesmo que ele acertasse bem no centro do
alvo, ainda assim ele não tinha marcado nenhum ponto! Dessa forma, como
aquele não era o alvo determinado na competição, seus melhores tiros não
contavam para nada.
Quando um homem não ora pelo caminho apontado pelo Senhor, nem
através de Jesus Cristo, nem em dependência do Espírito Santo, ele não ora de
forma nenhuma! Por mais bela que seja sua oração, é somente um pecado
esplêndido. Se você contrata um empregado para fazer um trabalho e ele
obstinadamente persiste em fazer uma outra coisa, ele não ganhará seu salário.
Por mais que ele trabalhe diligentemente naquilo que você nunca determinou
que ele tivesse trabalhado, ele não receberá nada de suas mãos. Dessa forma se
você orar a Deus de uma maneira que Deus nunca ordenou; se você se recusa a
usar o nome que Ele apontou; se você negligencia o cultivo o único, santo e
humilde espírito que o Senhor aceita, você poderá orar até que sua língua
atravesse o céu de sua boca, mas no julgamento de Deus, você não orou de
forma nenhuma e não receberá nada do Senhor!
É certo, também, que Saulo de Tarso nunca tinha mencionado o nome
de Jesus em suas orações e, portanto, Deus considerava que ele não havia orado.
Saulo havia ouvido sobre Jesus, mas ele rejeitou Suas afirmações e odiou Seu
povo. Nosso Pai Celeste nunca esconde os ouvidos ao nome de Jesus quando
este é honestamente suplicado. Mas Ele não irá nos ouvir se nós desprezarmos
aquele Nome abençoado. “Porque também debaixo do céu nenhum outro nome
há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (At 4:12). Não hánenhum outro nome pelo qual podemos nos aproximar com esperança do Trono
da Misericórdia! Saulo havia rejeitado aquele Nome e tinha se baseado em seu
próprio nome e, por esse motivo, ele nunca havia orado. Suponha que um rei
faça uma lei ordenando que toda petição que for apresentada a ele deve conter
um determinado selo que seus representantes colocaram de graça em cada
petição. Então se um homem negligenciasse ou se recusasse a ter sua petição
assim sancionada, ele não podia se espantar que suas petições fossem tratadas
como insolências e que não fossem respondidas! Na prática, tal homem nunca
havia mandado nenhuma petição, desde que ele tinha recusado a cumprir com a
regulação sem a qual nenhuma petição seria recebida! Amigos, que nós
possamos entender que nós devemos nos humilhar e com todo o coração clamar
ao precioso sangue do Senhor Jesus Cristo em oração, pois a força da oração está
primariamente em nossa súplica pelo Nome e pela Obra de nosso Bem-Amado
Filho de Deus! Nós devemos nos colocar de um lado e nos escondermos atrás do
Senhor Jesus – pois nós e nossas orações só podem ser aceitas no Amado,
através da Pessoa, do mérito, do sacrifício, da intercessão eterna do Senhor Jesus
Cristo! Se nós não oramos no nome de Jesus, nós não oramos de forma alguma!
Além disso, gostaria que vocês notassem que a verdadeira oração não
pode vir de homens cujo caráter é contrário à mente de Deus. Aquele que
contradiz sua oração, não orou. Sua vida tem, com efeito, suplicado contra seus
lábios. Saulo de Tarso se opôs ao Filho de Deus – como ele poderia estar no
favor de Deus? Ele não acreditava no Evangelho, mesmo que o selo de Deus
estivesse nele – como, então, Deus iria receber sua oração? Como o Senhor
ouviria a ele, se ele não ouvia ao Senhor? Como Deus nos aceitará se não
aceitarmos o Seu Filho? Se nós nos colocarmos em oposição ao Seu Evangelho,
não teremos nós fechado a porta da misericórdia em nós mesmos? Enquanto nós
fingimos que batemos no portão dos Céus, estamos virando a chave para nos
trancarmos fora de lá! Saulo era muito mais que um opositor, ele havia se
tornado um perseguidor – podem perseguidores experimentar o favor de Deus?
Podemos esperar receber uma bênção de Deus quando estamos amaldiçoando o
Seu povo? Como pode um perseguidor orar?
Saulo de Tarso era, evidentemente, cheio de ódio e crueldade – como ele
poderia orar? O amor é a matéria-prima dos filhos de Deus! “Qualquer que ama
é nascido de Deus” (1 Jo 4:7) - mas Saulo tinha concebido um nojo intenso
contra os seguidores do Crucificado, que ele os arrastava para prisão e consentia
com a sua morte! Irmãos e irmãs, nós não temos o direito de perseguir nenhumcom a sua morte! Irmãos e irmãs, nós não temos o direito de perseguir nenhum
homem por sua religião ou irreligião – seja ele católico, judeu, mulçumano ouhomem por sua religião ou irreligião – seja ele católico, judeu, mulçumano ou
infiel, nós não devemos fazer nada de ruim para ele, nem roubá-lo de nenhum deinfiel, nós não devemos fazer nada de ruim para ele, nem roubá-lo de nenhum de
seus direitos, por mais errada que seja sua visão de mundo. Nós somos obrigadosseus direitos, por mais errada que seja sua visão de mundo. Nós somos obrigados
a sermos justos e corretos a todos os homens, qualquer que seja suas convicçõesa sermos justos e corretos a todos os homens, qualquer que seja suas convicções
religiosas, ou noções irreligiosas. Injustiça não é amiga da Verdade de Deus! Nósreligiosas, ou noções irreligiosas. Injustiça não é amiga da Verdade de Deus! Nós
não devemos lutar as batalhas de Deus com as armas de nossa vontade doente.não devemos lutar as batalhas de Deus com as armas de nossa vontade doente.
Pois o fato de nós odiarmos aqueles que estão em erro, falarmos deles comPois o fato de nós odiarmos aqueles que estão em erro, falarmos deles com
desprezo, lhes desejarmos fazer mal ou os machucá-los não é de acordo com odesprezo, lhes desejarmos fazer mal ou os machucá-los não é de acordo com o
Espírito de Cristo. Você não pode expulsar satanás pelo nome de satanás, nemEspírito de Cristo. Você não pode expulsar satanás pelo nome de satanás, nem
corrigir um erro com violência, nem superar o ódio com ódio. A arma decorrigir um erro com violência, nem superar o ódio com ódio. A arma de
conquista do cristão é o amor e se Paulo tivesse buscado derrubar aquilo que eleconquista do cristão é o amor e se Paulo tivesse buscado derrubar aquilo que ele
considerava como erro usando o amor, ele não seria considerado tão culpado.considerava como erro usando o amor, ele não seria considerado tão culpado.
Quem quer que eles sejam, justos ou ímpios, homem ou mulher, ele osQuem quer que eles sejam, justos ou ímpios, homem ou mulher, ele os
obrigava a blasfemar o nome de Jesus, aquele a quem ele considerava ser umobrigava a blasfemar o nome de Jesus, aquele a quem ele considerava ser um
impostor. Ele buscava dominar sobre suas consciências e os oprimir por suasimpostor. Ele buscava dominar sobre suas consciências e os oprimir por suas
crenças. Como, então, Deus ouviria sua oração? Se você tem o espírito de ódiocrenças. Como, então, Deus ouviria sua oração? Se você tem o espírito de ódio
em você, este torna nula sua devoção e faz com que sua oração não seja umaem você, este torna nula sua devoção e faz com que sua oração não seja uma
oração. No amor está a essência da oração e a oração deve ser a flor e a coroa dooração. No amor está a essência da oração e a oração deve ser a flor e a coroa do
amor. Se eu atravessar o mundo odiando meus semelhantes pelo fato de elesamor. Se eu atravessar o mundo odiando meus semelhantes pelo fato de eles
serem diferentes de mim; se estou determinado a forçar minhas doutrinas sobreserem diferentes de mim; se estou determinado a forçar minhas doutrinas sobre
outros com mão de ferro, eu não posso levantar essa mesma mão para orar! Umoutros com mão de ferro, eu não posso levantar essa mesma mão para orar! Um
coração malicioso polui o sacrifício que ele mesmo oferece. Quando vou a Deuscoração malicioso polui o sacrifício que ele mesmo oferece. Quando vou a Deus
em oração, posso estar ofendendo Ele quando suponho que O estou agradando.em oração, posso estar ofendendo Ele quando suponho que O estou agradando.
Amigo, se você esta vivendo uma vida ímpia, não me importa com qualAmigo, se você esta vivendo uma vida ímpia, não me importa com qual
regularidade você dobra seus joelhos em aparente devoção, não existe nadaregularidade você dobra seus joelhos em aparente devoção, não existe nada
nisso! Se você não está vivendo como um cristão deveria, suas oraçõesnisso! Se você não está vivendo como um cristão deveria, suas orações nãonão
provam nadaprovam nada  – suas preces da manhã ou da noite, suas orações em família e  – suas preces da manhã ou da noite, suas orações em família e
seus cultos de oração são apenas a imitação da verdadeira oração e nada mais.seus cultos de oração são apenas a imitação da verdadeira oração e nada mais.
Você pode ter sido batizado e pode ter participado da Ceia do Senhor,Você pode ter sido batizado e pode ter participado da Ceia do Senhor,
mas tudo isso foi zombaria – uma caricatura de santidade e nada além disso – amas tudo isso foi zombaria – uma caricatura de santidade e nada além disso – a
não ser que você se esforce através da santidade e trabalhe para conformar suanão ser que você se esforce através da santidade e trabalhe para conformar sua
vida com a vontade de Deus. Deus irá nos ouvir quando nós O ouvirmos – Elevida com a vontade de Deus. Deus irá nos ouvir quando nós O ouvirmos – Ele
irá fazer nossa vontade quando fizermos a Dele. Mas a persistência emirá fazer nossa vontade quando fizermos a Dele. Mas a persistência em
experimentar o pecado, especialmente a satisfação na inimizade e o ódio sãoexperimentar o pecado, especialmente a satisfação na inimizade e o ódio são
destrutivos à oração, até que sejamos livres dessas coisas, nós não estaremosdestrutivos à oração, até que sejamos livres dessas coisas, nós não estaremos
orando!Esteja em paz com todos os homens ou não me fale de oração! Deixe deorando! Esteja em paz com todos os homens ou não me fale de oração! Deixe de
lado toda oposição ao Evangelho do Senhor Jesus ou você não pode orar mais dolado toda oposição ao Evangelho do Senhor Jesus ou você não pode orar mais do
que um demônio do Abismo!que um demônio do Abismo!
Novamente – Saulo, com todas suas orações, nunca tinhaNovamente – Saulo, com todas suas orações, nunca tinha
verdadeiramente orado porque averdadeiramente orado porque a humildade estava ausentehumildade estava ausente  de suas devoções.  de suas devoções.
Que teste este é! Saulo andava pelo mundo crendo que ele era um homem justo.Que teste este é! Saulo andava pelo mundo crendo que ele era um homem justo.
Ele não usava textos das Escrituras entre seus olhosEle não usava textos das Escrituras entre seus olhos[8][8]? Que homem piedoso ele? Que homem piedoso ele
era! Ele não tinha barras nas suas roupas – barras azuis? Que santo ele era! Seráera! Ele não tinha barras nas suas roupas – barras azuis? Que santo ele era! Será
que ele não jejuava três vezes por semana e pagava os dízimos da menta, dasque ele não jejuava três vezes por semana e pagava os dízimos da menta, das
ervas e do cominho? Não existia um homem melhor em todos os domínios deervas e do cominho? Não existia um homem melhor em todos os domínios de
César do que Saulo, isto em seu próprio julgamento! Quando ele orava, existiaCésar do que Saulo, isto em seu próprio julgamento! Quando ele orava, existia
um grande sabor de justiça própria em seu exercício religioso e isso fazia oum grande sabor de justiça própria em seu exercício religioso e isso fazia o
Altíssimo se enojar. O Senhor se deleita em espíritos humildes e contritos, masAltíssimo se enojar. O Senhor se deleita em espíritos humildes e contritos, mas
os orgulhosos, Ele rejeita. Não havia confissão de pecado, nem choro poros orgulhosos, Ele rejeita. Não havia confissão de pecado, nem choro por
misericórdia através da propiciação – sua oração era a expressão da gratidão demisericórdia através da propiciação – sua oração era a expressão da gratidão de
que Saulo era o Hebreu dos Hebreus, com relação à Lei, irrepreensível!que Saulo era o Hebreu dos Hebreus, com relação à Lei, irrepreensível!
Nas cortes mais altas, onde a aparência exterior não é nada e DeusNas cortes mais altas, onde a aparência exterior não é nada e Deus
enxerga o coração, seus discursos piedosos não eram contados como orações deenxerga o coração, seus discursos piedosos não eram contados como orações de
forma alguma. Se você se sente satisfeito com suas próprias orações, permita-meforma alguma. Se você se sente satisfeito com suas próprias orações, permita-me
sugerir que você não ora, pois são poucos aqueles que oram corretamente e estãosugerir que você não ora, pois são poucos aqueles que oram corretamente e estão
satisfeitos com suas próprias petições. Aqueles que supõem que pertencem àsatisfeitos com suas próprias petições. Aqueles que supõem que pertencem à
“família boa o suficiente” irão se descobrir ruins o bastante, e aqueles que se“família boa o suficiente” irão se descobrir ruins o bastante, e aqueles que se
consideram suficientemente bons serão trancados fora do Céu! Se você tem umaconsideram suficientemente bons serão trancados fora do Céu! Se você tem uma
ustiça própria fabricada em suas orações, jogue-a aos cachorros! Justiça própriaustiça própria fabricada em suas orações, jogue-a aos cachorros! Justiça própria
é o fermento que o Senhor nos manda jogarmos fora, pois Ele abomina isso eé o fermento que o Senhor nos manda jogarmos fora, pois Ele abomina isso e
considera-o como poluidor de Sua Páscoa. Se você ora como uma pessoaconsidera-o como poluidor de Sua Páscoa. Se você ora como uma pessoa
merecedora, apelando para suas próprias boas obras, existe uma enorme mentiramerecedora, apelando para suas próprias boas obras, existe uma enorme mentira
no fundo de suas orações e isto mostra que você nunca orou na vida!no fundo de suas orações e isto mostra que você nunca orou na vida!
Digo novamente, isto mostra que é terrível o trabalho de muitas pessoasDigo novamente, isto mostra que é terrível o trabalho de muitas pessoas
que se baseiam em uma religião exterior. Querido amigo, não fique contrariadoque se baseiam em uma religião exterior. Querido amigo, não fique contrariado
ou com raiva se isto for com você para casa. Se, diante dos seus olhos, toda aou com raiva se isto for com você para casa. Se, diante dos seus olhos, toda a
montanha de “trigo” de seu celeiro foi levada pelo vento como se fosse palha,montanha de “trigo” de seu celeiro foi levada pelo vento como se fosse palha,
graças a Deus que isto foi levado agora, pois ainda há tempo para recolher ograças a Deus que isto foi levado agora, pois ainda há tempo para recolher o
verdadeiro trigo! É melhor para você fazer esta descoberta tristeverdadeiro trigo! É melhor para você fazer esta descoberta triste agoraagora do que a do que a
fazer quando chegar à morte, e acordar em outro mundo onde não haveráfazer quando chegar à morte, e acordar em outro mundo onde não haverá
esperança de corrigir o erro! Que este pensamento chegue a cada professor deesperança de corrigir o erro! Que este pensamento chegue a cada professor de
religião esta manhã – que você que foi um homem ou uma mulher que orou porreligião esta manhã – que você que foi um homem ou uma mulher que orou por
tantos anos, assim como Saulo de Tarso, ao máximo de seus anos e que abundoutantos anos, assim como Saulo de Tarso, ao máximo de seus anos e que abundou
na aparência exterior da devoção – venha a orar a Deus pela primeira vez!na aparência exterior da devoção – venha a orar a Deus pela primeira vez!
II.II. Isto nos traz à minha segunda reflexão, e está é,Isto nos traz à minha segunda reflexão, e está é, ÉÉ
MOSTRADO NO TEXTO QUE ERA UMA COISA EXTRAORDINÁRIAMOSTRADO NO TEXTO QUE ERA UMA COISA EXTRAORDINÁRIA
PARA TAL PESSOA COMEÇAR A ORAR DAQUELA FORMA.PARA TAL PESSOA COMEÇAR A ORAR DAQUELA FORMA. ÉÉ
colocado com um “eis”, uma marca de admiração, “Eis que ele está orando!”. Écolocado com um “eis”, uma marca de admiração, “Eis que ele está orando!”. É
uma coisa muito difícil, algo muito maravilhoso, para um homemuma coisa muito difícil, algo muito maravilhoso, para um homem
verdadeiramente orar, um homem que durante toda sua vida orava de umaverdadeiramente orar, um homem que durante toda sua vida orava de uma
maneira falsa! É um milagre da Graça trazer um Fariseus para clamar pormaneira falsa! É um milagre da Graça trazer um Fariseus para clamar por
misericórdia da mesma forma que um penitente publicano! Não chega a ser nemmisericórdia da mesma forma que um penitente publicano! Não chega a ser nem
a metade da maravilha que um homem sem religião começasse a orar,a metade da maravilha que um homem sem religião começasse a orar,
comparado a um professor presunçoso orando. A mais extraordinária conversãocomparado a um professor presunçoso orando. A mais extraordinária conversão
que poderia ocorrer aqui hoje, não seria a de Elimas, o mágico, (Atos 13:8), masque poderia ocorrer aqui hoje, não seria a de Elimas, o mágico, (Atos 13:8), mas
sim a de Saulo, o Fariseu! A mais extraordinária conversão na era apostólica foisim a de Saulo, o Fariseu! A mais extraordinária conversão na era apostólica foi
de um homem que, desde sua tenra idade, foi mergulhado em justiça e satisfaçãode um homem que, desde sua tenra idade, foi mergulhado em justiça e satisfação
próprias que vem da atenção ao ritual, à cerimônia e à forma de piedade. “Eispróprias que vem da atenção ao ritual, à cerimônia e à forma de piedade. “Eis
queque eleele está orando”. está orando”.
É difícil para ele orar, pois ele foi um formalista por um longo tempo.É difícil para ele orar, pois ele foi um formalista por um longo tempo.
Ele esteva tão enraizado aoEle esteva tão enraizado ao hábitohábito  de devoção formal e tão satisfeito com isto de devoção formal e tão satisfeito com isto
que é extremamentedifícil trazê-lo a enxergar coisas espirituais. A letra mata emque é extremamente difícil trazê-lo a enxergar coisas espirituais. A letra mata em
mais sentidos que um só – e um homem tão morto não tem vida para as coisasmais sentidos que um só – e um homem tão morto não tem vida para as coisas
espirituais. Se ele vai para o seu quarto na hora da oração, ele percorre osespirituais. Se ele vai para o seu quarto na hora da oração, ele percorre os
mesmos velhos trilhos sem o mínimo de sentimento e coração. Ele repetemesmos velhos trilhos sem o mínimo de sentimento e coração. Ele repete
palavras, mas é o mesmo para ele do que ler em uma língua desconhecida. Apalavras, mas é o mesmo para ele do que ler em uma língua desconhecida. A
tendência é dizer a mesma coisa vez após vez até que os lábios se movamtendência é dizer a mesma coisa vez após vez até que os lábios se movam
mecanicamente e a alma durma profundamente. A Bíblia é lida, mas a mentemecanicamente e a alma durma profundamente. A Bíblia é lida, mas a mente
está cochilando. O sermão é ouvido, mas o coração está vagando. Qual é o bemestá cochilando. O sermão é ouvido, mas o coração está vagando. Qual é o bem
disso? Mesmo assim, quão difícil é para os homens saírem disto!disso? Mesmo assim, quão difícil é para os homens saírem disto! É mais fácilÉ mais fácil
comparecer a milhares de assembleias, ou ir à igreja todos os dias dacomparecer a milhares de assembleias, ou ir à igreja todos os dias da
semana do que oferecer uma única oração verdadeira!semana do que oferecer uma única oração verdadeira!
É muito difícil para você que é rico em devoção falsaÉ muito difícil para você que é rico em devoção falsa[9][9] entrar no Reino entrar no Reino
dos Céus. É difícil colocar o Manto da Justiça de Cristo nas costas daqueledos Céus. É difícil colocar o Manto da Justiça de Cristo nas costas daquele
homem que acredita que seu próprio manto é tão bom e tão necessário quanto ohomem que acredita que seu próprio manto é tão bom e tão necessário quanto o
de Cristo – ele vestem seus próprios trapos a tanto tempo que se unirão a ele! Elede Cristo – ele vestem seus próprios trapos a tanto tempo que se unirão a ele! Ele
é muito orgulhoso para mendigar, pois ele tem vivido com um cavalheiro emé muito orgulhoso para mendigar, pois ele tem vivido com um cavalheiro em
seus próprios ganhos. Ele tem sido rico e grande em bens por tanto tempo – eseus próprios ganhos. Ele tem sido rico e grande em bens por tanto tempo – e
não necessita de nada – que ele cresceu tão acostumado à sua forma de religiãonão necessita de nada – que ele cresceu tão acostumado à sua forma de religião
externa e superficial, que você não consegue o fazer, a não ser que haja umexterna e superficial, que você não consegue o fazer, a não ser que haja um
milagre da Graça, buscar aquilo que é verdadeiro e profundo.milagre da Graça, buscar aquilo que é verdadeiro e profundo.
Novamente, a justiça própria é um grande impedimento para vir a CristoNovamente, a justiça própria é um grande impedimento para vir a Cristo
em oração. Nos dias de Cristo, os publicanos e as prostitutas entraram no Reinoem oração. Nos dias de Cristo, os publicanos e as prostitutas entraram no Reino
antes mesmo que os Fariseus que se consideravam justos! É uma grande coisaantes mesmo que os Fariseus que se consideravam justos! É uma grande coisa
conquistar o “eu” pecaminoso, mas é uma coisa ainda maior derrotar a naturezaconquistar o “eu” pecaminoso, mas é uma coisa ainda maior derrotar a natureza
“ justa”. O homem que é completamente mal e sente isto, pede por misericórdia,
mas aqueles outros são maus no seu coração e não se sentem assim e, portanto,
não buscarão o Senhor. Eles acreditam que fizeram tudo que deveriam ter feito – 
enrolando-se nos seus farrapos de justiça, eles imaginam que são aptos o
suficiente para entrar no Banquete Real sem colocar as vestes nupciais que o Rei
providenciou (Mt 22:1-14). Custa, para um homem que considera a si mesmo
usto, um grande esforço para se colocar para orar. Se ele soubesse somente que
sua justiça própria é só uma parte de sua imundície, ele mudaria isto. A Escritura
diz “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo
da imundícia” (Is 64:6). Quando nós vemos nossas justiças assim, ficamos
felizes em nos livrar delas, pois elas são repugnantes e si mesmas e a tola doença
do orgulho envenena cada parte delas!
O homem que é acostumado a orar sem seu coração e a ser religioso
sem ser convertido é difícil de ser posto para orar, pois ele é preconceituoso com
o caminho da Graça. Ele arquitetou sua mente de tal maneira que não verá a Luz
de Deus porque acredita em sua própria luz. Você fala com ele sobre a salvação
pela Graça, redenção pelo sangue precioso e justificação somente pela fé, mas
ele não suporta essas conversas – elas podem servir para os ímpios, mas ele é de
outra raça! Ele está encoberto pelas glórias de si mesmo e, portanto, ele não pode
ver a Glória de Deus na face de Jesus Cristo. O hábito da religião superficial e
externa, sendo uma vez formado, é tão difícil para ser quebrado quanto para o
etíope mudar a sua cor de pele. Um homem abraça sua justiça própria como se
abraça à sua vida. Pele por pele, sim, tudo que um homem tem, ele irá dar por
sua vida legalista, a vida do seu eu.
Apesar disso, um homem que se considera justo sabe que todos pensam
que ele é justo e, assim, ele não pode se humilhar por tais orações e confissões
como cabem aos pecadores comuns. Se você fala para ele sobre se converter; por
que falar, senhor? Ele não precisa de conversão! Ele nasceu  bom! Ele sempre
foi um cristão! Ele não precisa de nenhuma mudança  – você não sabe quão
bom cavalheiro ele é! Ele nunca chora no amargor de sua alma, “Deus, tem
misericórdia de mim, um pecador”. Por que ele deveria? Sua mãe e pai foram
pessoas extremamente boas e ele “nasceu de novo” no batismo e até então foi
confirmado! O que mais você precisa? Se lavar no sangue de Jesus? Bem, talvez
ele precise disso como os outros também, mas não há um pecado grande nele,
certamente, nada pelo que ele deveria ser condenado. Pessoas desse tipo são
raramente levadas a orar. Elas podem ser chamadas de prata reprovada, pois o
Senhor as rejeitou. Se tais pessoas um dia serão salvas, isso irá maravilhar
homens e anjos – e o próprio Senhor irá clamar, “Eis que ele está orando!”.
Até mesmo a intensidade e o fervor religiosos podem se tornar
impedimentos para a conversão de um homem quando o ardor é pela falsa fé. O
mais sério formalista está envolto em aço e as flechas do Evangelho
ricocheteiam nele. Alguns adoram cada prego da porta da igreja e cada azulejo
da capela; se um padre atravessasse a rua, eles estariam prontos para beijar o
chão em que ele pisa! Como estes podem ser trazidos à simplicidade da fé? Entre
os inconformados não existem pessoas que são obcecados com insignificâncias,
conservadores com velhos métodos, inflexíveis nos hábitos, ferozes por formas
exteriores e ainda assim vazios de vida espiritual? Aqueles que não têm nada
dentro de si ou da Graça espiritual são frequentemente os mais ardentes pelos
sinais exteriores e visíveis. O homem que não tem nenhum centavo é o mais
obcecado por uma aparência respeitável, ele crê que se não mantém uma boa
aparência, logo sairá nos jornais. Um sincero e gracioso cristão é tentando, pelo
contrário, a pensar tão pouco da sua “fachada” do que a ter em boa estima. Ele
valoriza ao máximo sua vida e fé interiores no Senhor Jesus. Falo novamente,
irmãos e irmãs, é uma coisa tão maravilhosa que um homem externamente
religioso venha um dia a começar a orar com sinceridade que isto é considerado
como um prodígio! “Eis que ele está orando”.
Veja o que foi necessário no caso de Saulo para fazer com que ele orasse
 – o próprio Senhor Jesus teve que aparecer e o trazer aos seus joelhos! Nada
menos que uma Luz brilhando do Céu poderia lhe mostrar sua maldade! Ó, que
tal Luz possa brilhar sobre as almas dos “justos”! O homem orgulhoso caindo ao
chão, empurrado deseus altos lugares! Até que ele esteja ao chão, ainda haverá
glória em sua carne. Ele teve ser atacado com cegueira, para que ele esteja
pronto para aceitar a enxergar pela fé. Por três dias ele não deve comer ou beber,
para fazer com que ele largue o vício desta terra e o faça se alimentar do Pão do
Céu. Grande deve ser a agonia do seu espírito, pois ele, que era tão intensamente
usto aos seus próprios olhos, não podia ser trazido a Cristo sem ser grandemente
machucado. Ele, que havia confiado em si tão completamente e por tanto tempo,
devia ser arrancado pelas raízes antes que ele pudesse largar suas confianças
carnais. É necessária, assim como foi, uma especial intervenção da Graça para
trazer um professor religioso a orar em espírito e verdade!
III. E agora quero que você perceba, em terceiro lugar, que embora
fosse uma grande maravilha que Saulo tenha orado, ainda assim É
DIVINAMENETE DECRETADO NO TEXTO QUE ELE O FIZESSE.
Algum de vocês poderia gostar de ter ouvido a oração de Saulo de Tarso.
Olhe pare ele agora! Este bom homem! Quão humilhado, quão modesto ele é!
Sua oração começou com uma completa e dolorosa confissão de pecados. Ele
não ofereceu nenhuma desculpa ou diminuição dos seus erros. Saulo olhou para
Ele, que fora traspassado por ele e chorou por Ele. Ele reconheceu que era o
principal dos pecadores – “Pois que persegui a igreja de Deus”. A única coisa
que ele poderia ter falado com uma forma de pedido de desculpas era, “o fiz
ignorantemente, na incredulidade.” Olhe para ele lá, sozinho em um quarto, com
seus olhos abertos mas ainda assim cego, ele chora copiosamente, clama e se
humilha diante do Senhor. De fato, ele está orando! No outro dia, enquanto ele
estava pela estrada de Damasco, todos o olhavam como um santo, mas agora,
por sua própria confissão, ele é um pecador do mais alto nível! Escute como ele
difama a si mesmo! Ele se arrepende no pó e nas cinzas! Ele ora por
misericórdia. Ele implora para que seja perdoado por seus vermelhos pecados.
Ele reconhece que se fosse mandado para o inferno, isso seria mais do que justo,
mas ele implora para que pelo nome do Salvador, ele seja poupado e permitido
que veja a Luz do Rosto de Deus. Quase consigo ouvi-lo fazendo esta triste
confissão. Eis que ele está orando!
Agora você o encontrará reconhecendo sua enorme necessidade. Ele diz,
“Senhor, eu necessito de tudo! Não é somente uma coisa que me falta, mas não
tenho nada do que é digno de se ter. Preciso de um novo coração e um espírito
certo. Preciso da Verdade de Deus nos meus lugares mais escondidos e que, no
meu interior, eu possa conhecer a sabedoria”. Ele não tinha nada para se
orgulhar – ele saiu de um orgulhoso milionário para um mendigo! Ele deve ter
chorado, “Senhor, recobre a minha visão novamente, mas especialmente me
forneça a visão espiritual. Tire todas as escamas do meu coração assim como dos
meus olhos! Ajude-me a ver Jesus como meu Salvador! Ajude-me a viver para
Sua Glória, como antes eu vivia para prossegui-lo”. Desta vez ele estava orando
 – e ninguém tinha dúvida disso!
Posso vê-lo misturando com essa oração, o mais humilde tipo de
adoração. Como ele iria adorar Jesus de Nazaré como seu Deus, agora que ele
foi conquistado por Ele?! Como ele choraria, “Meu Senhor, meu Senhor, eu
estava perseguindo a Ti? Tu és o Messias O qual todas as 12 tribos esperavam, e
eu O rejeitei? Não fui eu quem me sentei para ver Teu servo, Estevão, ser
apedrejado e guardei os mantos daqueles que atiraram pedras nele, e eu que
respirava ameaças contra Ti, meu Senhor?”. Certamente a mais profunda
reverência de seu espírito castigado devem ter sido um aromo doce ao Senhor, à
medida que Saulo se prostrava no pó diante Dele, e vez por vez falava, “Mas
longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo”.
“Eis que ele está orando”.
Perceba que súplicas ele fez. Nunca lhe surpreendeu a maneira como
Saulo deve ter suplicado ao Senhor? Suplicar é a parte mais verdadeira e mais
forte da oração. Agora, como Saulo de Tarso suplicou? Sem dúvida nenhuma ele
implorou pela promessa, “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os
seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para
o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” (Is 55:7). Ele conhecia as
Escrituras do Velho Testamento melhor do que nós conhecemos e é certo que ele
as usaria em sua oração. Eu o escuto chorar, “Ó Senhor, Tu disseste: ‘Vinde
então, e argui-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos
como o carmesim, se tornarão como a branca lã.’” (Is 1:18). É certo que ele
percorreu cada letra do Salmo 51 – pois este se encaixava a ele exatamente.
“Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha
língua louvará altamente a tua justiça.” (Sl 51:14).
Você não acha que depois de que ele tivesse buscado todas essas
promessas, ele iria, então, considerar todas as características da Lei Cerimonial
que apontavam para Cristo? Como o capítulo 53 de Isaías deve ter resplandecido
em sua mente! Ele estava cego, mas que luz deve ter flamejando em seu espírito
à medida que ele via o Homem de Dores, que sabia o que era sofrer, e que
escutava o profeta dizer, “Verdadeiramente Ele tomou sobre si as nossas
enfermidades, e as nossas dores levou sobre si... o castigo que nos traz a paz
estava sobre Ele”. Como Saulo deve ter começado a chorar a Jesus, “Ó, Filho de
Deus, seja minha Expiação, seja minha Oferta pelo Pecado, seja meu Sacrifício
da manhã e da tarde! Seja para mim o aspergir do sangue do Cordeiro Pascal!”.
Sabendo, como ele sabia, todos os modelos da Lei Judaica, ele deve ter
encontrado neles rico conforto, agora que, contemplando Jesus, ele achou a
Chave de cada um desses modelos!
E, amados, tudo isto deve ter sido levado em um maravilhoso fervor. Se
nós pudéssemos ter ficado à porta e escutado, teríamos entendido porque o
Senhor disse, “Eis que ele está orando”. Antes, você deveria ouvi-lo repetindo
palavras, mas agora ele gemia, chorava, soluçava e derramava lágrimas! Antes,
você teria dito para si mesmo, “Ele está dizendo suas preces”, mas desta vez era
como se um homem lutasse por sua vida ou estivesse em amargor pela morte de
seu único filho! Todas as orações anteriores eram falsidades, mas esta era
verdadeira! Todo o resto era somente uma performance, mas agora ele realmente
se relacionou com o Altíssimo! “Eis que ele está orando”. Agora sim ele era um
verdadeiro israelita, e eis que ele sai mais do que vencedor através Daquele que
o ensinou a orar!
IV. Em último lugar, nós vemos que tão logo que ele orou, ERA
MAIS DO QUE EVIDENTE DE QUE O SENHOR HAVIA ACEITADO A
SUA ORAÇÃO. Como sei por este texto que, “Eis que ele está orando”? Bem,
sei isso do texto, primeiramente, porque Deus está aqui testemunhando que ele
tinha orado. Não deveria o Senhor está em uma reunião de oração e escutar
uma dúzia de nós falarmos nossas preces e ainda assim não falar “Eis que ele
está orando”? Mas se uma voz do Céu falasse à respeito de alguém, “Eis que ele
está orando”, nós saberíamos que aquele homem fora aceito pelo Senhor. Assim
aconteceu com Saulo. A primeira vez que ele orou, Deus o ouviu. Tente isto,
meu amigo, tente! Se esta vai ser sua primeira oração esta manhã, suspire ela a
Deus com uma fé humilde e Ele irá te ouvir!
Sabemos que Deus aceitou a sua primeira oração, pois Deus estava
prestes a respondê-la!  Ele estava aprontando Ananias para ir e confortar o
pobre arrependido e cego. Deus está prestes a responder sua oração, meu querido
irmão, esta manhã, se você chorar a Ele. Talvez esteja presente aqui no
Tabernáculo o homem que irá falar com você depois que você deixar essas
paredes, ou alguém logo irá lhe chamar para dizer-lhe o caminho da paz mais
perfeitamente. Se você largar hoje o caminho da justiça própria e devoção
formal, e começar a chorar ao Deus Vivo, Deus irá se encontrar com você!
Além disso, nós temos certeza que Deus aceitou sua primeira oração,

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