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Orando no Espírito com Spurgeon

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Orando no Espírito 
com Spurgeon 
 
 
 
Traduzido, adaptado e editado 
por Silvio Dutra 
 
 
 
 
FEV/2016 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A474 
 Spurgeon, Charles H. 
 Orando no Espírito com Spurgeon./ Charles H. 
 Spurgeon : tradução e adaptação Silvio Dutra 
 Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 
 288p.; 14,8x21cm 
 
 1. Oração. 2. Pregação. 3. Alves, Silvio Dutra. 
 I. Título. 
 
 CDD 252 
3 
 
 Sumário 
 
A Chave de Ouro da Oração........................... 4 
Certeza do Êxito na Oração.......................... 29 
Como Suplicar.................................................. 45 
O Dever da Oração Incessante...................... 65 
O Poder da Oração Unânime.......................... 83 
“Orai sem cessar” (I Tes 5.17)....................... 90 
Pedir e Receber................................................ 110 
“Sede perseverantes na oração” 
(Rom 12.12)......................................................... 
 
135 
Nossa Oração Pública...................................... 155 
Verdadeira Oração, Verdadeiro Poder...... 172 
Oração de Davi na Caverna........................... 189 
A Oração Espontânea...................................... 199 
Oração de Intercessão................................... 212 
Ordem e Argumento na Oração.................... 223 
Orai, Orai Sempre............................................ 236 
Oração a Deus em Angústia - um 
Sacrifício Aceitável......................................... 
 
264 
Incentivo a Confiar e Orar............................. 272 
A Intercessão do Espírito Santo.................. 284 
 
 
 
 
 
 
4 
 
A Chave de Ouro da Oração 
 
Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e 
adaptado por Silvio Dutra) 
"Clama a mim e te responderei e te mostrarei 
coisas grandes e ocultas que tu não conheces." 
(Jer 33:3) 
Algumas das obras mais famosas do mundo 
têm o odor do azeite da mediocridade; porém há 
obras, livros e ditos mais espirituais e escritos 
pelos homens que têm o aroma úmido das 
masmorras. Poderia citar vários exemplos, sem 
dúvida, O Peregrino de João Bunyan é melhor 
que um cento deles. E este bom texto que temos 
ante nossos olhos, amolecido e frio com a prisão 
em que Jeremias se encontrava, tem, não 
obstante, um brilho e beleza em si, que jamais 
houve e não haverá, como uma oração 
reconfortante do Senhor para o prisioneiro, 
encerrado no pátio do cárcere. O povo do 
Senhor sempre tem encontrado o melhor de 
seu Deus quando se acha na pior das condições. 
Ele é bom em todo o tempo porém parece dar a 
conhecer sua melhor expressão quando os seus 
estão em seu pior momento. Rutherford teria 
um dito pitoresco; quando era lançado nas celas 
da aflição, recordava-se que o Grande Rei 
guardava ali o seu vinho, de modo que 
imediatamente se poria a buscar as botijas e a 
5 
 
beber. Os que mergulham no mar da aflição são 
os que pegam as pérolas mais preciosas. Com-
panheiros na aflição, vocês sabem que assim é. 
Vocês têm comprovado que Ele é um Deus fiel, 
e que quando abundam as suas tribulações, suas 
consolações superabundam por Cristo Jesus. 
 Ao escolher este texto para esta manhã, minha 
oração é que sua grata promessa seja ouvida no 
coração de alguns dos prisioneiros do Senhor; 
que se encontram amarrados e encerrados e 
não podem sair devido ao seu presente estado 
de espírito pesado, escutem o que E1e lhes diz ao 
ouvido em um suave murmúrio que chega até 
ao coração: "Clama a mim e eu te responderei e 
te mostrarei coisas grandes e poderosas que tu 
não conheces.". 
O texto está dividido naturalmente em três 
partes da verdade. Falaremos destas na medida 
que Deus o Espírito Santo nos capacite. Em 
primeiro lugar, há uma ordem para orar: "Clama 
a mim"; em segundo lugar, a promessa de uma 
resposta: "e te responderei"; em terceiro lugar, o 
estímulo à fé: "e te mostrarei coisas grandes e 
ocultas que tu não sabes.". 
I. A primeira divisão é: UMA ORDEM PARA 
ORAR. 
Não se nos aconselha e recomenda somente que 
oremos, senão que se nos ordena orar. Esta é 
uma grande condescendência. Constroem um 
6 
 
hospital. Considera-se que basta dar livre 
admissão aos enfermos que buscam ser 
atendidos. Porém a diretoria do hospital não 
emite uma ordem no sentido de mandar que 
uma pessoa cruze suas portas. No mais rigoroso 
do inverno se abre uma sala de jantar bem 
abastecida. Divulga-se a notícia: para comer ali, 
os pobres devem apenas pedir; porém não se 
pensa que o Parlamento promulgue uma lei 
obrigando os pobres a entrarem pelas suas 
portas em busca da caridade oferecida. Pensa-se 
que basta se dar a conhecer isto sem emitir 
nenhuma ordenança no sentido de que os 
homens devam aceitá-la. Sem dúvida, é tão 
estranha a vaidade humana, por um lado, faz-se 
necessária uma ordem para que tenha 
misericórdia de sua própria alma., e tão 
maravilhosa é a condescendência do nosso 
Deus misericordioso, por outro, que dá uma 
ordem de amor sem a qual nem sequer um só 
homem nascido de Adão poderia participar da 
festa do evangelho, antes preferiria morrer de 
fome e não obedecer. 
É assim que ocorre com a oração. O povo de 
Deus necessita mesmo de um mandamento 
para orar, pois de outro modo, não o fará. Porém, 
como pode ser isto? Queridos amigos, isto se 
deve a que nós estamos mui sujeitos a 
arrebatamentos de mundanismo, sim é que 
esse não é o nosso estado normal. Não nos 
esquecemos de comer; não esquecemos de 
7 
 
fechar nossas casas; não esquecemos de ser 
diligentes nos negócios; não esquecemos de 
tirar nossas folgas para descansar. Porém, com 
frequência esquecemos de lutar com Deus em 
oração, e ter, como deveríamos, longos períodos 
em consagrada comunhão com nosso Pai e 
nosso Deus. Para muitos professores o maior 
livro é tão pesado que não o podem mover, 
enquanto que a Bíblia, que representa sua 
devoção, é tão pequena que podem colocá-la em 
um bolso de sua roupa. Horas para o mundo! 
Pequenos momentinhos para Cristo! O mundo 
recebe o melhor do nosso tempo, enquanto 
nossa câmara de oração recebe somente os 
desejos. Damos nossa força e juventude aos 
caminhos de Mamon, e nossa fadiga e languidez 
aos caminhos do Senhor. Por isso é que se faz 
necessário um mandamento para participar do 
ato mesmo que deveria constituir nossa maior 
felicidade, do mais alto privilégio que podemos 
ter, isto é, ir ao encontro de nosso Deus. "Clama 
a mim," diz E1e, porque sabe que somos dados a 
esquecer de clamar a Ele. "Que tens, 
dorminhoco? Levanta-te, e clama a teu Deus," é 
uma exortação que necessitamos hoje tanto 
quanto Jonas em meio à tormenta. 
 Ele sabe quão pesados são nossos corações 
quando estamos sob uma sensação de pecado. 
Satanás nos diz: "Por que tens que orar? Como 
pensas prevalecer? Em vão estás dizendo 
“levantar-me-ei e irei a meu Pai”, porque não és 
8 
 
digno nem sequer de ser como um de seus 
empregados. Como podes olhar o rosto do Rei 
depois de havê-lo traído? Como te atreves a 
acercar-te do altar que tu mesmo tens 
manchado, e quando o sacrifício que poderias 
oferecer é pobre e imundo?" Oh, irmãos, quão 
bom é que nos seja ordenado orar. Se Deus o 
ordena, indigno como sou, me arrastarei até o 
estrado da graça. Pois que ele disse: "Orai sem 
cessar," ainda que minhas palavras faltem e meu 
coração divague, todavia poderei balbuciar os 
desejos de minha alma faminta e dizer-lhe: "Oh 
Deus, ensina-me ao menos a orar, e ajuda-me a 
prevalecer diante de ti!". 
Não somos dados a orar devido à nossa 
frequente incredulidade? A incredulidade 
murmura: "Que proveito tem o que busca ao 
Senhor em tal coisa? Seja algo muito trivial, ou 
relacionado com coisas temporais, ou uma 
questão emtorno da qual tem pecado em 
demasia, ou algo demasiadamente elevado, 
demasiadamente difícil, uma questão 
demasiadamente complicada, não tens direito a 
isso diante de Deus!" Isto é o que sugere desde o 
inferno o inimigo imundo. Por isso permanece 
escrito como um preceito para todos os dias e 
apropriadamente para cada caso em que possa 
ver-se envolvido um cristão: "Clama a mim 
...clama a mim." Estás enfermo? Queres ser 
curado? Clama a mim, porque sou o Grande 
Médico! Perturba-te a providência? Temes que 
9 
 
não poderás suster-te com honestidade diante 
dos homens? Clama a mim! Te provocam 
desgostos teus filhos? Estás sentindo aquilo que 
é mais agudo do que os dentes de uma víbora, a 
ingratidão de teu filho? Clama a mim! São tuas 
tribulações, poucas porém dolorosas, como 
pequenas pontas de espinho? Clama a mim! É 
tua carga pesada, tanto que parece que tu cedes 
sob ela? Clama a mim! "Lança sobre Jeová a tua 
carga, e ele te sustentará; não deixará caído para 
sempre o justo.". 
Não devemos dar por encerrado nosso primeiro 
ponto antes de fazer outra observação. Devemos 
alegrar-nos muito no fato de que Deus nos tem 
dado este mandamento em sua palavra para que 
seja seguro e permanente. Poderia ser um 
interessante exercício para alguns de vocês 
descobrir com quanta frequência nos é 
mandado orar. Surpreenderia vocês descobrir 
quantas vezes são-nos dadas palavras como 
estas: "Invoca-me no dia da angústia e eu te 
livrarei"; "Oh, crentes, derramai diante dele 
vosso coração;" "buscai a Jeová enquanto pode 
ser achado, procurai-o enquanto está perto;" 
"Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e se 
vos abrirá;" "Vigiai e orai, para que não entreis 
em tentação." "Orai sem cessar;" "acheguemo-
nos confiadamente ao trono da graça;" "Achegai-
vos a Deus e ele se achegará a vós;" "Perseverai 
na oração." Não é necessário multiplicar os 
exemplos em um ponto em que não posso ser 
10 
 
exaustivo. Basta colher duas ou três desta 
grande bolsa de pérolas. Vamos cristão!, não 
deves jamais perguntar se tens direito a orar; 
não deves jamais perguntar: “É-me permitido 
entrar em sua presença?”. Posto que tens tantos 
mandamentos (e os mandamentos de Deus são 
promessas), podes achegar-te confiadamente 
ao trono da graça celestial, pelo novo e vivo 
caminho do véu que se rasgou. 
Porém, há oportunidades em que Deus não 
somente manda seu povo orar na Bíblia, senão 
que também o faz ordenando-lhes que orem de 
modo direto por meio dos impulsos de seu 
Espírito Santo. Vocês, que conhecem a vida 
interior, haverão de me compreender. Em meio 
de seu trabalho vocês sentem um repentino 
estímulo de retirarem-se para orar. Poderia ser 
que ao princípio não notem particularmente a 
inclinação, porém uma e outra vez, vai e volta: 
"Retira-te e ora!" Enquanto em oração percebo 
que sou como um moinho de água que corre 
muito bem enquanto há água em abundância, 
porém que vai perdendo força à medida que o 
volume de água do rio baixa; ou como o barco 
que navega sobre as águas e estende todo o seu 
velame quando o vento é favorável, porém que 
tem que mover trabalhosamente as velas para 
captar algo de uma pequena brisa favorável. 
Agora, bem, me parece que quando nosso 
Senhor lhes der esta inclinação especial para 
orar, vocês devem duplicar sua diligência. 
11 
 
Devem sempre orar e não desmaiar, porém, 
quando ele põe em seu coração um desejo 
especial de orar, e sente uma atitude peculiar e 
gozo nele, terá, além do mandamento que o 
obriga constantemente, outra ordem que o 
levará a uma grata obediência. Penso que em 
tais ocasiões poderíamos estar na posição de 
Davi, a quem o Senhor disse: "Quando ouvires o 
ruído como de marcha pelas copas das 
palmeiras então te moverás." O ruído de marcha 
nas copas das palmeiras bem poderiam ser as 
pisadas de anjos que viriam apressadamente 
ajudar a Davi, então Davi deveria atacar os 
filisteus, e assim quando as misericórdias de 
Deus se aproximam, suas pisadas são nossos 
desejos de orar; e nossos desejos de orar devem 
ser uma indicação que tem chegado o momento 
divino de favorecer imediatamente a Sião. 
Semeia abundantemente agora, porque tua 
colheita será segura. Luta agora, Jacó, porque 
estás a ponto de converter-te em um príncipe 
que prevalece, e teu nome será chamado Israel. 
Agora é teu tempo, mercador espiritual; o 
mercado está em alta, há muito negócio; teu 
ganho será alto. Preocupa-te em usar de forma 
correta a hora ensolarada, e realiza tua colheita 
enquanto brilha o sol. 
II. Consideremos agora nosso segundo ponto: A 
PROMESSA DE UMA REPOSTA 
Não deveríamos sustentar nem sequer por um 
só momento o horrível pensamento que Deus 
12 
 
não responderá a oração. sua natureza, segundo 
se manifesta em Jesus Cristo, demanda que 
assim seja. Ele tem se revelado no evangelho 
como Deus de amor, cheio de graça e verdade; 
assim, como poderia negar-se a ajudar aos que 
são seus, que humildemente buscam seu rosto 
e seu favor pelo modo que foi estabelecido por 
ele mesmo? 
Em uma ocasião, o senado ateniense considerou 
mais conveniente reunir-se ao ar livre. 
Enquanto estavam sentados em suas 
deliberações, um pardal, perseguido por um 
falcão, voou em direção ao senado. Perseguido 
muito de perto pela ave de rapina, buscou 
refúgio no seio de um dos senadores. Este 
homem de caráter rude e vulgar, tomou a ave de 
seu seio, a lançou contra o solo e a matou. 
Naquele instante todo o senado se pôs de pé, e 
sem uma só voz discordante, o condenaram à 
morte, como indigno de sentar-se no senado 
com eles ou de ser chamado um ateniense, 
posto que havia negado o socorro a uma criatura 
que havia confiado nele. Podemos supor que o 
Deus do céu, cuja natureza é amor, vá lançar de 
seu seio a pobre pomba que para ali voa fugindo 
da águia da justiça e se refugia no seio da sua 
misericórdia? Nos dará o convite para buscar 
seu rosto, e quando nós, como ele sabe, com 
tanta vacilação de temor, reunimos forças para 
voar a seu seio, será então tão injusto e carente 
de graça como para atender em ouvir nosso 
13 
 
clamor e responder-nos? Não pensemos tão mal 
do Deus do céu. 
Recordemos logo, junto com sua natureza, seu 
caráter passado. Me refiro ao caráter que lhe 
tem feito famoso através de suas obras de graça 
passadas. Considerem, meus irmãos, aquela 
grandiosa demonstração de amor - se 
quiséssemos nomear um milhar, não 
poderíamos dar uma melhor ilustração do 
caráter de Deus do que aquele fato grandioso: "O 
que não poupou nem a seu próprio filho, senão 
que o entregou por todos nós. Como - e esta não 
é uma inferência minha, senão inspirada 
conclusão do apóstolo - não nos dará também 
com ele todas as coisas?" Se o Senhor não se 
nega a escutar minha voz sendo pecador 
culpado e inimigo, como vai recusar meu 
clamor agora que tem sido justificado meu 
coração, que não conhecia, e não buscava ajuda, 
se depois de tudo não me escutará agora que sou 
seu filho e seu amigo? As feridas sangrentas de 
Cristo são a segura garantia da oração atendida. 
Em seu conhecido poema The Bag (a Bolsa), 
George Herbert apresenta o Salvador dizendo: 
“Se há algo que queiras mandar ou escrever, 
para entregar nas mãos de meu Pai, creia-me 
que seguramente vai recebê-lo, porque me 
preocuparei do teu encargo. Perto do meu 
coração o podes, e se outros querem empregar-
me assim, a porta acham aberta de par em par, 
14 
 
e, o que enviar, em mãos do Pai entregarei 
acrescentado para que receba mais.” 
Certamente o pensamento de George Herbert 
era que a expiação por si mesma é uma garantia 
de que a oração deve ser ouvida, que a grande 
ferida feita junto do coração do Salvador, que 
ficou exposto à luz para que se visse as 
profundidades do coração da divindade, era una 
prova de que aquele que se senta nos céus quer 
escutar o clamor de seu povo. Se pensas que a 
oração é inútil, estás fazendo uma leitura 
equivocada do Calvário. 
Porém,amados, temos a promessa de Deus a 
respeito, e E1e é Deus, que não pode mentir. 
"Invoca-me no dia da angústia . . . te 
responderei." Não tem dito "Tudo o que pedires 
em oração, crendo, o recebereis?". Por certo, 
não podemos orar a menos que creiamos nesta 
doutrina; "porque é necessário que o que se 
aproxima de Deus, creia que E1e é galardoador 
dos que o buscam"; e se temos alguma dúvida 
quanto a que nossa oração seja ouvida somos 
comparáveis com os que têm ânimo dobre: 
"Porque o que duvida é semelhante à onda do 
mar, que é arrastada pelo vento e é lançada de 
uma parte a outra. Não pense pois, quem o faz, 
que receberá alguma coisa do Senhor." 
Poderia além disso dar força ao nosso 
argumento se disséssemos que nossa 
experiência nos leva a crer que Deus atenderá a 
15 
 
oração. Eu não posso falar por ti; porém posso 
falar por mim. Se há algo que eu sei, algo de que 
estou seguro além de qualquer dúvida, é que as 
palavras de uma oração jamais são gastas em 
vão. Se não há aqui algum homem que se atreva 
a dizê-lo, eu me atrevo a afirmá-lo, e sei que 
posso prová-lo. Minha própria conversão é o 
resultado de longas, afetuosas, ferventes e 
importunas orações. Meus pais oravam por 
mim; Deus ouviu seus clamores, e aqui estou 
para pregar o evangelho. Desde então, tenho me 
aventurado em empresas que estavam muito 
acima de minha capacidade, porém, nunca 
tenho fracassado, porque me tenho lançado nos 
braços do Senhor. 
Vocês sabem como igreja que não tenho tido 
escrúpulos para fixar-me em grandes ideias do 
que poderíamos, fazer para Deus. E tudo a que 
nos temos proposto temos cumprido. Tenho 
buscado a ajuda de Deus, seu socorro e auxílio 
em todas as múltiplas empresas, e ainda não 
posso contar aqui a história de minha vida 
privada enquanto faço a obra de Deus, se a 
escrevesse seria uma prova firme de que há um 
Deus que atende a oração. Ele tem ouvido 
minhas orações, não de vez em quando, não um 
par de vezes, senão muitíssimas vezes, tantas, 
que se tem convertido em um hábito expor 
minha causa diante de Deus com absoluta 
certeza de que aquilo que lhe pedir, Ele me 
concederá. Agora não é um "talvez" ou uma 
16 
 
possibilidade. Sei que meu Senhor me atende, e 
não me atrevo a duvidar, porque seria certa-
mente uma tolice fazê-lo. Assim como estou 
seguro que uma quantidade de força sobre uma 
alavanca levantará uma coisa pesada, eu sei que 
uma certa quantidade de oração traz a bênção. 
Como a primavera tudo enche de flores, assim 
as súplicas asseguram as misericórdias. Em 
todo trabalho há ganho, porém mais que em 
tudo há na obra de intercessão; pois estou 
seguro, porque dele tenho tido minha colheita. 
Lembre-se porém que a oração sempre se 
oferece em sujeição à vontade de Deus; que 
quando dizemos "Deus ouve a oração, não 
queremos dizer com isto que ele sempre nos dá 
literalmente o que pedimos. Todavia queremos 
dizer isto, que ele dá o que é melhor para nós e 
que se ele não nos dá a misericórdia que lhe 
pedimos em prata, a concede em ouro. Se não 
nos retira o aguilhão da carne, nos diz "Basta-te 
a minha graça," e isso finalmente equivale ao 
mesmo. 
Lord Bolinbroke dizia à condessa de 
Huntingdon: "Não entendo, senhora, como 
poderia fazer uma oração sincera que se 
harmonizasse com a vontade divina.". "Meu 
filho, disse ela, "Isso é algo que não oferece 
dificuldade. Se eu fosse da corte de algum 
generoso rei, e ele me desse autorização para 
solicitar dele qualquer favor, eu certamente lhe 
17 
 
diria: "Poderia sua majestade em sua graça 
conceder-me tal e tal favor? Porém, ainda que 
muito o deseje, se de alguma forma empane a 
honra de vossa majestade, ou se segundo o 
critério de sua majestade parece bem que não 
receba tal favor, estarei tão contente sem ele 
como se o houvesse recebido." Assim você pode 
ver que eu posso apresentar sinceramente 
minha petição, porém submissimamente deixar 
a resposta nas mãos do rei.". O mesmo ocorre 
com Deus. Nós nunca oferecemos uma oração 
sem inserir aquela oração: "Porém não se faça 
minha vontade, senão a tua.”. Somente 
podemos orar sem um "se" condicional quando 
estamos seguros de que nossa vontade é a 
vontade de Deus. 
III. Chegamos a nosso terceiro ponto, que, 
penso, está cheio de alento para todos os que se 
exercitam na arte bendita da oração: O 
ESTÍMULO À FÉ: "Te ensinarei coisas grandes e 
ocultas que tu não conheces." 
Notemos que isto originalmente foi dito a um 
profeta em prisão, e a maneira de conhecer as 
verdades reservadas, as verdades mais elevadas 
e misteriosas de Deus, é esperando em Deus em 
oração. Ontem, enquanto lia o livro de Daniel 
notei de forma muito especial como Daniel 
descobriu o sonho de Nabucodonosor. Os 
encantadores, magos, astrólogos e caldeus 
trouxeram seus livros curiosos, e seus 
18 
 
estranhos instrumentos, e começaram a 
pronunciar suas abracadabras e a realizar toda 
sorte de encantamentos misteriosos, porém 
todos fracassaram. Que fez Daniel? Se pôs a orar, 
e sabendo que a oração de um corpo unido de 
homens prevalece melhor que a oração de um 
só, vemos Daniel convidando a seus irmãos a 
unirem-se a ele em fervente oração para que 
Deus, em sua infinita misericórdia, pudesse dar-
lhe a conhecer a visão. E no caso de João, que é o 
Daniel do Novo Testamento, recordareis que ele 
viu um livro na mão direita daquele que estava 
assentado no trono, um livro selado com sete 
selos, não achando-se ninguém digno de abrir 
os selos. Que fez então João? O livro foi aberto 
pelo Leão da Tribo de Judá, que havia 
prevalecido para abrir o livro, porém está 
escrito que antes que o livro se abrisse, "eu 
chorava muito." Sim e as lágrimas de João, que 
eram suas orações líquidas, foram no que lhe 
respeita, as chaves sagradas pelas quais foi 
aberto o livro selado. 
Irmãos no ministério, vocês que são mestres na 
Escola Dominical, e todos os que são estudantes 
na escola de Jesus Cristo, lhes rogo que 
recordem que a oração é seu melhor meio de 
estudo. Como Daniel entenderão o sono e a 
interpretação, quando o buscarem em Deus. E 
como João verão os sete selos abertos 
entregando as preciosas verdades depois que 
houverem chorado muito. "Se clamares à 
19 
 
inteligência, e à prudência deres a tua voz; se 
como a prata a buscares, e a procurares como a 
tesouros, então entenderás o temor de Jeová, e 
acharás o conhecimento de Deus.". As pedras 
não se rompem senão por meio do uso aplicado 
do martelo, e o picador de pedras usualmente se 
põe de joelhos. Utiliza o martelo da verdade, e 
além disso exercita o joelho da oração e as 
doutrinas da Revelação, duras como rocha, 
necessárias a vosso entendimento, se abrirão 
diante de vocês o exercício dela e da oração. 
“Orar bem é estudar bem" é uma sábia sentença 
de Lutero, que tem sido citada com tanta 
frequência, que apenas nos temos atrevido a 
fazer uma alusão a ela. "Haver orado bem é 
haver estudado bem.". Podes abrir-te caminho 
através de qualquer coisa com a vara da oração. 
Os pensamentos e os raciocínios podem ser 
como cunhas de um arado que podem abrir um 
caminho até a verdade, porém a oração é a 
chave, a alavanca que abre o cofre de ânimo do 
mistério sagrado, para obter o tesouro ali 
escondido somente para quem pode abrir com 
esforço uma via para alcançá-lo. O reino dos 
céus todavia sofre violência e os violentos o 
arrebatam. Cuidem em trabalhar com o 
poderoso implemento da oração, e nada poderá 
opor-se a vocês. Todavia, não devemos deter-
nos aqui. Temos aplicado o texto a um só caso. 
Se pode aplicar a centenas. Queremos assinalar 
outro. O santo deve esperar descobrir uma 
experiência mais profunda e conhecer mais de 
20 
 
uma vida espiritual mais elevada ao dedicar-se 
mais à oração. Há diferentes traduções do meu 
texto. Uma versão diz: "Te mostrarei coisas 
grandes e reservadas que tu não conheces." 
Agora bem, nem todos os progressos na vida 
espiritual são igualmente fáceisde alcançar. 
Estão presentes as estruturas comuns e os 
sentimentos de arrependimento, fé, gozo e 
esperança que desfruta toda a família. Porém há 
uma esfera superior de rapto, de comunhão e de 
união consciente com Cristo que estão longe de 
ser lugares comuns para os crentes. Todos os 
crentes vêm a Cristo. Porém nem todos podem 
por seus dedos nas feridas dos cravos, nem 
meter suas mãos em seu lado. Nem todos temos 
o privilégio que João teve de reclinar-se sobre o 
peito de Jesus, nem o de Paulo de ser arrebatado 
ao terceiro céu. 
Na arca da salvação encontramos o primeiro, 
segundo e terceiro pisos. Todos estão na arca, 
porém nem todos estão no mesmo piso. A 
maioria dos crentes, quanto ao rio da 
experiência, têm a água somente até os 
tornozelos. Outros tem vadeado o rio até que as 
águas lhes cheguem aos joelhos; uns poucos 
encontram a água até ao peito. Porém somente 
uns poucos - quão poucos! Encontram-se no rio 
de tal modo que podem nadar, cujo fundo não 
pode ser tocado. Meus irmãos, há alturas no 
conhecimento experimental das coisas de Deus 
que o olho da águia da perspicácia e do 
21 
 
pensamento filosófico não tem logrado ver. E há 
sendas secretas que a razão e o juízo ainda não 
têm aprendido a transitar. Somente Deus nos 
pode levar até ali. Porém a carruagem em que 
nos leva, e os cavalos de fogo que conduzem a 
carruagem, são as orações prevalecentes. A 
oração que prevalece é vitoriosa pela 
misericórdia de Deus. "Com seu poder venceu o 
anjo; venceu o anjo e prevaleceu; chorou e lhe 
rogou; em Betel lhe falou, e ali falou conosco.". A 
oração que prevalece conduz o crente até o 
Carmelo e o habilita para cobrir os céus com 
nuvens de bênçãos, e a terra com correntes de 
misericórdia. A oração prevalecente leva o 
crente ao alto do monte de Pisga e lhe mostra a 
herança que tem reservada. O eleva ao Tabor e o 
transfigura até que na semelhança de seu 
Senhor, como Ele é, assim somos nós neste 
mundo. Se queres alcançar algo mais alto que a 
ordinária experiência de humilhação, 
contemple a rocha que é mais alta que tu, e com 
os olhos e de cima dela olhe através das janelas 
da oração importuna. 
Assim que, para crescer na experiência, deve 
haver muita oração. 
Rogo a vocês que tenham paciência comigo 
enquanto aplico este texto a um, dois ou três 
casos mais. É certamente verdadeiro para o que 
sofre provas. Se em oração espera em Deus, 
receberá uma liberação muito maior que 
22 
 
pudera haver sonhado: "Coisas grandes e 
poderosas que tu não conheces.". Este é o 
testemunho de Jeremias: "Te aproximaste no dia 
que te invoquei, disseste: “Não temas.". 
Advogaste, Senhor, a causa de minha alma; 
redimiste minha vida.". E com Davi dá-se o 
mesmo: "Na minha angústia invoquei o Senhor, 
e me respondeu pondo-me num lugar 
espaçoso... Te louvarei porque me tens ouvido, 
foste-me por salvação.". E também: "Clamaram 
a Jeová em sua angústia e ele os livrou de suas 
aflições. Os dirigiu por caminho direito para que 
viessem à cidade habitada.". "Meu marido 
morreu," disse a pobre mulher, "e tem vindo o 
credor para levar meus dois filhos como 
servos.". Ela esperava que Eliseu possivelmente 
dissesse: "Quanto deves? Eu pagarei." 
Em lugar de fazer isso, ele multiplicou o azeite 
até que pôde dizer-lhe: "Paga a teus credores, 
e" - para quê era o "e"? - "tu e teus filhos vivam do 
que restou.". Com muita frequência ocorrerá 
que Deus não somente ajudará a seu povo a 
cruzar os lugares lamacentos do caminho, Ele os 
levará a salvo através de toda a viagem. 
Foi um milagre realmente notável. Quando em 
meio da tormenta Jesus Cristo veio caminhando 
sobre o mar, os discípulos o receberam no 
barco, e não somente se acalmou o mar, senão 
que está escrito: "O barco, chegou em seguida à 
terra para onde iam.". 
23 
 
Essa foi uma misericórdia superior ao que 
haviam pedido. Às vezes os escuto orar usando 
uma citação que não está na Bíblia: É poderoso 
para fazer todas as cousas muito mais 
abundantemente do que podemos pedir ou 
entender." Não diz assim na Bíblia. Eu não sei o 
que podemos pedir ou o que podemos entender. 
Porém diz: "É poderoso para fazer todas as 
cousas muito mais abundantemente do que 
pedimos ou entendemos.". 
Então, queridos amigos, quando estivermos em 
grande tribulação digamos somente: "Agora 
estou em prisão; qual Jeremias, orarei como ele 
o fez, porque tenho o mandamento de Deus de 
fazê-lo; e esperarei, como ele o fez, até a hora por 
mim desconhecida. E1e não somente vai 
conduzir o seu povo através da batalha, 
protegendo suas cabeças nela, senão que os 
levará adiante com os estandartes ondeando, 
para repartir despojos com os poderosos, e 
reclamar sua porção com os fortes. Esperai 
grandes coisas de um Deus que lhes dá 
promessas tão grandes como estas. 
Além disso, há aqui um estímulo para o obreiro. 
Meus queridos amigos, esperai muito de Deus 
em oração, pois tendes a promessa de que E1e 
fará por ti cousas maiores do que as que 
conheces. Não sabemos quanta capacidade de 
serviço há em nós. Aquela queixada de jumento 
tirada da terra, que poderia fazer? 
24 
 
Nada se sabe para que serve. Porém nas mãos de 
Sansão, que não pode fazer? Nada se pode 
duvidar agora que Sansão a maneja. E tu, amigo, 
frequentemente tens te considerado tão 
desdenhável como este osso e tens dito: "Que 
posso fazer?". Sim, porém quando Cristo pelo 
seu Espírito te toma, o quê não podes fazer? 
Certamente podes adotar a linguagem do 
apóstolo Paulo e dizer; "Tudo posso em Cristo 
que me fortalece.". 
Todavia, não deveis depender da oração sem 
esforço. Em uma escola havia uma menina que 
conhecia ao Senhor. Muito graciosa, sensível e 
confiante. Como deve ser, a graça se 
desenvolveu na menina conforme a sua posição. 
suas lições sempre eram as melhores da classe. 
Outra menina lhe disse: "Como consegues que 
tuas lições estejam sempre bem?". "Oro a Deus 
para que me ajude a aprender minhas lições," 
respondeu ela. "Bem," pensou a outra, "Eu farei o 
mesmo.". No dia seguinte, quando fez a lição não 
sabia nada, e sentindo-se desgraçada se queixou 
à outra colega e lhe disse: "Por que eu orei a Deus 
pedindo-lhe que me ajudasse a aprender a lição 
e não aprendi nada? Para que serviu a oração?". 
"Porém, te sentaste para aprendê-la?" "Oh, não," 
disse ela. "Nem sequer olhei o livro.". "Ah," disse 
a outra, "Eu pedi a Deus que me ajudasse a 
aprender a lição, porém em seguida me sentei 
para estudá-la, e prossegui até que a soubesse 
bem, e a aprendi com facilidade, porque meu 
25 
 
desejo sincero, que havia expressado a Deus, era 
que me ajudasse a ser diligente em meu esforço 
para cumprir meus deveres." 
Assim ocorre com alguns que vêm as reuniões 
de oração e oram, e logo se acham de braços 
cruzados e se vão esperando que a obra de Deus 
siga adiante. Como a mulher que disse: "Voa, 
voa, poderoso evangelho," porém não pôs 
dinheiro no ofertório. sua amiga lhe tocou o 
braço e lhe disse: "Porém, como pode voar, se tu 
não lhe dá as asas?". Há muitos que parecem ser 
muito poderosos em oração, maravilhosos em 
suas súplicas, porém logo requerem que Deus 
faça o que eles podem fazer por si mesmos, e 
portanto, Deus não faz nada por eles. “Deixarei 
meu camelo solto,”, disse um árabe a Maomé, 
“e confiarei na providência”. “Amarra-o 
firmemente”, disse Maomé, “ e depois confia na 
providência”. 
Assim, vocês que dizem, "Orarei e entregarei 
minha igreja, ou minha classe, ou minha obra ao 
cuidado de Deus,", mas bem poderias ouvir a voz 
da experiência e da sabedoria que diz: "Faz o 
melhor de tua parte; trabalha como se tudo 
dependesse do teu trabalho; como se teu 
próprio braço pudesse trazer-te a salvação"; "e 
quando houveres feito tudo bem. Descansa 
sobre aquele sem o qual é em vão levantar-se 
cedo, sair tarde e comer o pão do esmero. E se 
26 
 
ele te der um caminho abençoado, dá-lhe 
graças.". 
Não lhes deterei por muitos minutos mais,porém quero destacar que esta promessa deve 
provar sua utilidade para consolar aos que 
intercedem em favor de outros. Vós, que estais 
clamando a Deus para que salve a vossos filhos, 
que abençoe vossos vizinhos, que tenha 
harmonia com vossos maridos e com vossas 
esposas, em sua misericórdia, podereis receber 
consolo disto: "Te mostrarei cousas grandes e 
ocultas que tu não conheces.". 
Não podes imaginar a grande bênção com que 
Deus te abençoaria. Se somente chegas e ficas 
parado à sua porta, não podes dizer o que Ele lhe 
tem reservado. Se não rogas, nada receberás. 
Porém se lhe rogas, não te irás a dar com ossos e 
restos de carne, senão se dirá ao que serve a tua 
mesa: "Toma essa carne primorosamente 
servida e coloque ante este pobre homem.”. 
Rute foi a rebuscar as espigas; esperava ter 
umas poucas espigas, porém Boaz lhe disse: 
"Que recolhesse também espigas entre as 
gavelas, e não a censureis," e além disso, à hora 
da comida: "Venham aqui e come do pão, e 
molha teu bocado em vinagre.”. Ela encontrou 
um marido onde somente esperava encontrar 
um punhado de cevada! Assim ocorre quando 
oramos pelos outros, Deus pode dar-nos tais 
misericórdias que cairemos perplexos ante elas 
27 
 
pois que esperávamos somente um pouco. 
Lembrem-se do que disse a Jó: “Jeová disse...: 
Meu servo Jó orará por vós porque certamente 
atenderei a ele para não tratar-lhes 
afrontosamente, porquanto não tendes falado 
de mim com retidão como meu servo Jó.”. E 
Jeová retirou a aflição de Jó, quando ele orou por 
seus amigos, e aumentou ao dobro todas as 
coisas que Jó havia tido. 
Agora, esta palavra para terminar. Alguns de 
vocês estão buscando sua conversão. Deus tem 
vivificado o interesse de vocês por orar por suas 
próprias almas. Não lhes alegra ir para o 
inferno. Vocês querem o céu. Querem ser 
lavados no sangue precioso. Querem a vida 
eterna. Queridos amigos, eu lhes rogo que se 
apropriem deste texto – Deus mesmo o tem dito 
para vocês: "Clama a mim e te responderei e te 
mostrarei coisas grandes e ocultas que tu não 
conheces.". Toma imediatamente a palavra de 
Deus. Regresse para casa, entra no teu quarto, 
fecha a porta e prova-o. Jovens, provai e vede se 
ele é fiel ou não. Se Deus é verdadeiro, não 
podereis buscar misericórdia em suas mãos por 
meio de Cristo e receber uma resposta negativa. 
Posto que sua própria promessa e seu caráter o 
obrigam, ele deve abrir-lhes as portas da 
misericórdia quando lhe clamarem de todo o 
coração. Deus te ajude, crendo em Cristo Jesus, 
a clamar em voz alta a Deus e sua resposta de paz 
está já a caminho para encontrar-se contigo. O 
28 
 
ouvirás dizer: "Teus pecados, que são muitos, 
têm sido perdoados.". 
Que Deus os abençoe por causa do seu amor! 
Amém. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
Certeza do Êxito na Oração 
Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e 
adaptado por Silvio Dutra) 
“Por isso vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e 
achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que 
pede recebe, o que busca, encontra; e a quem 
bate, abrir-se-lhe-á.”. (Lc 11.9,10). 
Buscar ajuda em um ser sobrenatural em 
tempo de angústia é um instinto da natureza 
humana. Não dizemos que a natureza humana 
não renovada ofereça uma oração 
verdadeiramente espiritual, ou que possa 
exercer a fé salvadora no Deus vivo. Porém, não 
obstante, como criança que cora na escuridão 
com desejo angustiante de receber ajuda de um 
ou de outro lugar, dificilmente pode saber de 
onde, a alma com profundo pesar quase 
invariavelmente clama a algum ser 
sobrenatural no seu pedido de socorro. Não há 
pessoas mais dispostas a orar em tempo de 
angústia que aquelas que têm ridicularizado a 
oração em tempos de prosperidade; e 
provavelmente não há orações mais reais e em 
conformidade com os sentimentos da hora que 
as que o ateu tem oferecido sob a pressão do 
temor da morte. 
30 
 
Este instinto de procurar ajuda sobrenatural foi 
colocado pelo próprio Deus no homem, de 
forma que possa se deixar achar especialmente 
pelos seus escolhidos, tanto para dar-lhes a 
salvação quando os chama, como para socorrê-
los em suas aflições. O homem ora porque há 
algo na oração. Como quando Deus deu a suas 
criaturas o dom da sede, é porque existe a água 
para saciá-la, e a sede é o sinal de que o corpo 
necessita de ser reabastecido pela água. Da 
mesma forma, há uma sede espiritual que 
indica a necessidade da alma de ser 
reabastecida com a graça de Deus. Assim, 
quando Deus inclina os homens a orarem é 
porque a oração tem uma bênção 
correspondente que está unida a ela. 
Encontramos uma poderosa razão para esperar 
que a oração seja efetiva pelo fato de que é uma 
instituição de Deus. Na palavra de Deus, 
repetidas vezes se nos dá o mandamento de 
orar. As instituições de Deus não são vazias. 
Posso crer que o Deus infinitamente sábio me 
tem ordenado um exercício que é ineficaz e que 
não é mais que um jogo de meninos? Me ordena 
orar, e contudo, a oração não tem mais 
resultado do que o silvo do vento? Se não há 
resposta à oração, a oração é um monstruoso 
absurdo e Deus é o autor dele. E isto é uma 
blasfêmia se alguém se atreve a afirmá-lo. 
Nenhum homem que não seja um tonto seguirá 
orando uma vez que se lhe tem provado que a 
31 
 
oração não faz qualquer efeito diante de Deus, e 
nunca recebe uma resposta. A oração é uma 
tarefa de idiotas e loucos, e não para pessoas sãs, 
se fosse verdade que seus efeitos terminam no 
mesmo homem que ora. 
Jesus sabia que surgiriam muitas dificuldades 
em relação à oração, e poderiam fazer vacilar a 
seus discípulos, assim, eliminou toda oposição 
mediante uma afirmação incontroversível: “Por 
isso vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e 
achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que 
pede recebe, o que busca, encontra; e a quem 
bate, abrir-se-lhe-á.”. No texto, o Senhor faz 
frente a todas as dificuldades, em primeiro 
lugar, dando-nos o peso da sua autoridade: “Por 
isso vos digo”. Em segundo lugar, dando-nos 
uma promessa: “Pedi e dar-se-vos-á, etc”. E 
recordando-nos um fato indiscutível: “todo o 
que pede recebe, o que busca encontra, e a 
quem bate abrir-se-lhe-á”. Temos aqui três 
feridas mortais para as dúvidas que o crente 
possa ter em relação à oração. 
I. Em primeiro lugar, NOSSO SALVADOR NOS 
DÁ O PESO DA sua PRÓPRIA AUTORIDADE: 
“Por isso vos digo”. 
A primeira marca de um seguidor de Cristo é 
que crê em seu Senhor. De nenhum modo 
podemos seguir ao Senhor se levantamos 
dúvidas acerca de pontos que Ele tem 
estabelecido positivamente. Embora uma 
32 
 
doutrina esteja rodeada de dez mil dificuldades, 
o dito do Senhor Jesus suprime todas elas. No 
que concerne aos verdadeiros crentes. Estes 
sabem que há condições que acompanham a 
oração triunfante e perseverante. Eles sabem 
quais renúncias têm que fazer quanto à carne, 
ao mundo e ao diabo, para se manterem na 
Palavra do Senhor, e assim poderem conhecer a 
sua vontade, para pedirem de acordo com ela, 
submetendo-se a tudo que está ordenado por 
Deus, ou pelo menos esforçando-se neste 
sentido, à medida que crescem no 
conhecimento do Senhor e da sua vontade, 
renunciando ao próprio eu, para serem achados 
em conformidade com a santidade de Cristo. Se 
as palavras dele estiverem em nós, e se 
estivermos nele, para que Ele permaneça em 
nós, então pediremos o que quisermos, que seja 
conforme a sua vontade, e nos será feito. 
Mas, como dizíamos, a declaração do nosso 
Mestre é todo o argumento que necessitamos 
para sabermos que nossas orações são ouvidas e 
respondidas, quando atendem às condições a 
que nos referimos antes. Quando Ele diz: “Por 
isso vos digo” todo debate e dúvida chegam ao 
fim. Porque Ele tem dito, e isto põe um ponto 
final em tudo o mais. 
Se a natureza tem leis irreversíveis, não importa 
porque Aquele que criou todas as coisas diz: 
“pedi e dar-se-vos-á”. Então certamente será 
33 
 
assim, sejamquais forem as leis da natureza. 
Sendo o Criador o Senhor conhece todo o 
mecanismo de todas as forças do universo, e 
assim Ele diz: “Pedi e dar-se-vos-á”. Não há 
forças naturais ou espirituais que possam 
impedir o cumprimento da palavra do Senhor. 
Pedi e dar-se-vos-á. Agora, quem é que diz isto? 
É o que tem estado com o Pai desde o princípio, 
e Ele conhece quais são os propósito de Deus e 
como é o coração de Deus, porque tem dito em 
outro lugar, “o Pai mesmo lhes ama”. Agora, já 
que Ele conhece o decreto do Pai, e o coração do 
Pai, pode dizer com absoluta certeza de um 
testemunho ocular que não há nada no 
conselho eterno que entre em conflito com esta 
verdade e de que o que pede recebe, e o que 
busca acha. Ele tem lido os decretos do princípio 
ao fim. Não tem tomado o livro e não tem 
desatado os sete selos, declarando as 
ordenanças do céu? Ele lhes diz que nada há que 
seja contra os teus joelhos dobrados e teus olhos 
molhados com lágrimas, e com o fato de que o 
pai abra as janelas dos céus para fazer chover 
sobre ti as bênçãos que tu estás buscando. Mais 
ainda, Ele mesmo é Deus: os propósitos dos céus 
são seus propósitos, e aquele que ordenou o 
propósito aqui da segurança de que nada há nele 
que impeça a eficácia da oração. “Eu vos digo”. E 
quando Ele diz cessam todos os argumentos 
contrários. E as tuas dúvidas são lançadas ao 
vento, porque sabes que Ele ouve a oração. 
34 
 
Porém às vezes surge em nossa mente uma 
terceira dificuldade, que está associada com 
nosso próprio juízo acerca de nós mesmos e 
nossa avaliação de Deus. Sentimos que Deus é 
muito grande, e trememos na presença de sua 
majestade, sentimos que somos muito 
pequenos, e que, além disso, somos vis, e parece 
uma coisa incrível que uma insignificância 
culpável tenha poder para mover o braço que 
move o universo. Me pergunto se não é esse 
temor culpável o que nos impede 
frequentemente que oremos. Porém Jesus 
responde docemente: “Eu vos digo: Pedi e dar-
se-vos-á.”. E pergunto novamente, quem é o que 
diz “eu vos digo”? É aquele que conhece tanto a 
grandeza de Deus como a fraqueza do homem. 
Ele é Deus e desde sua excelsa majestade, 
imagino ouvir-lhe dizer: “Eu vos digo: Pedi e dar-
se-vos-á”. 
Porém Ele também é homem como nós, e diz: 
“Não tenhas medo de tua insignificância, 
porque eu, osso de teus ossos, e carne de tua 
carne te asseguro que Deus ouve a oração do 
homem.”. E, se contudo o terror do pecado nos 
espante, e nosso pesar nos deprime, eu lhes 
recordaria que quando diz: “Eu vos digo”, Jesus 
nos dá a autoridade, não somente de sua pessoa, 
senão de sua experiência. Jesus era dado a orar. 
Nunca ninguém orou como ele o fez. Ele passava 
as noites em oração, e dias inteiros em fervente 
intercessão. Ele é quem nos diz: “Eu vos digo, 
35 
 
pedi e dar-se-vos-á”. Jesus provou o poder da 
oração. 
Além disso, recordem que se Jesus podia falar 
positivamente aqui, há razões maiores ainda 
para crer nele agora, porque passou além do 
véu, e se assentou à destra de Deus Pai, e a voz 
que agora nos vem não nos chega do homem 
pobre que usa uma túnica sem costura, senão do 
sacerdote entronizado que nos diz desde a 
destra de Deus: “Eu vos digo: pedi e dar-se-vos-
á”. Vocês não creem no seu nome? Se creem, 
então como poderia cair em terra uma oração 
que se oferece sinceramente nesse nome? 
Quando apresentas a tua petição no nome de 
Jesus, uma parte da sua autoridade reforça as 
tuas orações. Se tua oração é recusada, Cristo é 
desonrado. Não podes crer que isso possa 
ocorrer. Posto que tens confiado nele. Creia que 
a oração oferecida por meio dele deve ter êxito, 
e o terá. 
II. Agora recordaremos que NOSSO SENHOR 
NOS APRESENTA UMA PROMESSA 
Note-se que a promessa é dada para diversas 
formas de oração: “Eu vos digo: Pedi e dar-se-
vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á.”. 
O texto claramente afirma que todas as formas 
de oração verdadeira serão escutadas, com a 
condição de serem apresentadas por 
intermédio de Jesus Cristo, e são para bênçãos 
prometidas. Algumas são orações verbalizadas 
36 
 
em que os homens pedem, não devemos jamais 
deixar de oferecer a oração expressada pela 
língua, porque a promessa é que o que pede será 
ouvido. Porém, há outros que sem descuidar a 
oração ativa, porque pelo uso humilde e 
diligente dos meios eles buscam as bênçãos que 
necessitam. seus corações falam com Deus por 
meio de seus anelos, seus esforços, suas 
emoções e seus trabalhos. Que não cessam de 
buscar, porque certamente acharão. Há outros 
que, em seu ardor, combinam as formas mais 
apaixonadas, atuando e falando, porque 
clamam, e isso é uma forma intensa de pedir e 
uma forma veemente de buscar. Assim a oração 
cresce desde o pedir – que é sua vocalização, sua 
declaração, até o buscar – que é suplicar; e 
clamar – que é importunar. Para cada uma 
destas etapas da oração há uma promessa clara. 
O que pede terá aquilo que pediu. Porém, o que 
busca tendo ido mais além, encontrará, 
desfrutará, estreitará entre suas mãos, saberá 
que tem obtido. E o que clama, irá mais longe 
ainda, porque entenderá, e se lhe abrirão as 
coisas preciosas. Não somente terá a bênção e o 
desfrute, senão que a compreenderá, entenderá 
com todos os santos quais sejam as alturas e as 
profundidades. Contudo, quero que notem o 
seguinte, que engloba tudo, seja qual for a forma 
de oração, terá êxito. Se somente pedis, 
recebereis; se buscais, achareis; se clamais, será 
aberto, porém em cada caso lhes será feito 
conforme a vossa fé. As cláusulas da promessa 
37 
 
que temos diante de nossos olhos não se nos 
apresentam coletivamente, como dizemos no 
direito: o que pede e busca e clama, receberá, o 
que busca achará e o que clama lhe será aberto. 
Não é quando combinamos as três coisas que 
recebemos a bênção, embora indubitavelmente 
se as combinamos receberemos uma resposta 
combinada; porém se exercemos somente uma 
destas três formas de oração, de todos os modos 
teremos o que nossa alma necessita. 
Estes três métodos da oração exercitam uma 
variedade de nossa graça. Os pais comentam 
sobre esta passagem que a fé pede, a esperança 
busca e o amor clama, e vale a pena repetir esse 
comentário. A fé pede porque crê que Deus dará; 
havendo pedido, a esperança espera, e em 
consequência busca a bênção; o amor leva mais 
perto ainda, e não receberá uma negativa de 
Deus, antes deseja entrar em sua casa e cear 
com Ele, e por isso clama à sua porta até que lha 
abram. Porém, voltamos ao nosso ponto 
original. Não importa qual é a graça que se 
exerce, uma bênção corresponde a cada uma. Se 
a fé pede, receberá; se a esperança busca, 
achará, e se o amor clama, lhe será aberto. Estes 
três modos de orar nos convêm em diferentes 
situações de angústia. Ali estou, pobre mendigo, 
à porta da misericórdia, peço e receberei. 
Porém, me extravio, de modo que não posso 
falar com Aquele a quem uma vez pedi tão 
exitosamente; então posso buscá-lo com a 
38 
 
certeza de que o acharei. E se estou na última das 
etapas, não somente pobre e confuso, senão 
também imundo como para sentir-me separado 
de Deus, como leproso que é lançado fora do 
acampamento, então posso clamar e a porta se 
me abrirá. 
Cada uma desta diferentes descrições das 
orações é sobremaneira sincera. Se alguém 
dissesse: “Não posso pedir”, nossa resposta 
seria: “não entendes a palavra.”. Com toda a 
segurança qualquer pessoa pode pedir. Uma 
criança pode pedir. Muito antes que o bebê saiba 
falar, ele pode pedir. Não necessita de palavras 
para pedir o que necessita, e não há um só entre 
nós que esteja incapacitado de pedir. Não é 
necessário que as orações sejam belas. Creio 
que Deus abomina as orações floreadas. Quando 
oramos, quanto mais sincera for nossa oração 
melhor, a linguagem mais sincera, a mais 
humilde, que expressa o que queremos dizer, é 
a melhor de todas. 
A segunda palavra é buscar, e certamente não 
hádificuldade para buscar. Poderia haver 
dificuldades para encontrar, porém não para 
buscar. Quando a mulher da parábola perdeu o 
dinheiro, ela acendeu uma luz e a buscou. Não 
creio que tenha estado alguma vez na 
universidade, ou que foi qualificada como 
doutora em medicina, ou que houvesse estado 
diante da Junta Escolar como mulher de sentido 
39 
 
superior, porém ela podia buscar. Todo o que 
deseja fazê-lo pode buscar, seja homem, mulher 
ou criança; e para estimular-lhes, a promessa 
não é dada de alguma forma filosófica particular 
quanto ao buscar, senão estabelece 
simplesmente, “o que busca acha”. 
Agora vejamos o “clamar” ou “chamar”, que é 
traduzido em nossa Bíblia como “bater”. Bater à 
porta é o mesmo que clamar ou chamar à porta. 
A ideia é que alguém venha nos atender. Muito 
bem, quando éramos crianças, sempre 
encontrávamos métodos para chamar. Uma 
pedra ou um bico com nossa bota serviam para 
chamar a atenção daqueles que eram muito 
altos em relação à nossa estatura. Qualquer 
coisa servia para bater na porta. De nenhum 
modo estava isso além da nossa capacidade. 
Portanto, Jesus o põe desta maneira como para 
dizer-nos: “Não necessitas ter escolaridade, 
preparação, talento, e nem gênio para orar. 
Pede, busca, chama, isso é tudo, e há uma 
promessa para cada uma destas formas de orar. 
Crerás na promessa? É Cristo quem a dá. Jamais 
tem saído de seus lábios uma mentira. Oh, não 
duvidem dele. Se tens orado, prossegue orando, 
e se nunca tens orado, Deus te ajude para que 
comeces ainda hoje. 
III. Nosso terceiro ponto é que JESUS DÁ 
TESTEMUNHO DO FATO DE QUE A ORAÇÃO É 
OUVIDA 
40 
 
Havendo dado uma promessa, logo acrescenta: 
Podeis estar completamente seguros de que 
esta promessa será cumprida, não somente 
porque eu vos digo, senão porque é e tem sido 
sempre assim. Quando um homem diz que 
manhã após manhã sairá o sol, e cremos, porque 
sempre tem sido assim. Nosso Senhor nos diz, 
como fato indiscutível, que através de todas as 
eras o verdadeiro pedir tem sido seguido pelo 
receber. Recordem que quem afirma este fato o 
conhece. Se eu afirmasse um fato, poderias 
responder-me: “Sim, no que respeita ao que tu 
tens observado, é verdade”, porém a observação 
de Cristo não tem limites. Jamais tem havido 
uma oração verdadeira que Ele não tenha 
conhecido. As orações aceitáveis ao Altíssimo 
lhe chegam pela via das feridas de Cristo. Daí 
que o Senhor Jesus pode falar com 
conhecimento pessoal, e sua declaração é que a 
oração tem tido êxito: “Todo o que pede recebe, 
e o que busca encontra.”. 
Neste ponto devemos supor, desde logo, as 
limitações que iniciaria o sentido comum 
ordinário, e que são estabelecidas pelas 
Escrituras. Não é que todo o que peça com 
frivolidade ou maldade a Deus, vá obter o que 
pediu. Deus não responderá cada petição néscia, 
ociosa e desconsiderada do coração não 
regenerado. De nenhum modo. As Escrituras 
colocam o limite: “Não recebeis porque não 
pedis, ou pedis mal”. Há um pedir mal que 
41 
 
nunca obterá o que pede. Porém tendo em conta 
estas cousas, a declaração de nosso Senhor não 
tem outra limitação: “Todo o que pede recebe.”. 
Cabe recordar que frequentemente, ainda 
quando os ímpios e os perversos têm pedido a 
Deus, têm recebido. Com muita frequência no 
dia da angústia têm clamado a Deus, e Ele lhes 
tem respondido. Como te atreves a dizer isso? 
Diz alguém. Não o digo eu, a Escritura é quem o 
diz. A oração de Acabe foi respondida e o Senhor 
disse: “Não tens visto como Acabe se tem 
humilhado diante de mim? Pois porquanto se 
tem humilhado diante de mim, não trarei o mal 
em seus dias; nos dias de seu filho trarei o mal 
sobre sua casa.”. Assim também, o Senhor ouviu 
a oração de Joacaz, filho de Jeú, que fez o que era 
mau diante do Senhor (II Rs 13.1-4). Os israelitas 
também, quando por seus pecados foram 
entregues a seus inimigos, clamaram a Deus, 
pedindo libertação e receberam sua resposta, 
contudo, o Senhor mesmo testifica a respeito 
deles que somente o lisonjeavam com seus 
lábios. Muitas vezes, no tempo de enfermidade 
e no tempo de dor, Deus tem atendido às 
orações dos ingratos e dos maus. Pensas que 
nada dá senão aos bons? Tens ficado ao pé do 
Sinai e tens aprendido a julgar segundo a lei dos 
méritos? Que eras quando começaste a orar? 
Eras bom e justo? Não te tem mandado Deus que 
faças bem aos maus? Crês que Ele te mandaria 
fazer algo que ele mesmo não faria? Não tem 
42 
 
dito que envia a chuva sobre justos e injustos? 
Não está dando bênçãos cotidianas a quem lhe 
maldiz? Esta é uma das glórias da graça de Deus. 
Bem, agora se Deus tem ouvido as orações ainda 
que de homens que não o buscam da maneira 
mais elevada, e lhe tem dado libertação 
temporal em resposta aos seus clamores, não te 
ouvirá com maior razão quando te humilhas na 
sua presença, e desejas ser reconciliado com 
Ele? 
O publicano estava de pé e tão quebrantado de 
coração que não se atrevia a levantar os olhos ao 
céu. Contudo, Deus o contemplou desde acima 
e atendeu à sua oração. Manassés tinha sido um 
cruel perseguidor dos santos, e não havia nele o 
que pudesse servir-lhe de recomendação diante 
dos olhos de Deus. Mas Deus lhe ouviu desde 
suas prisões e concedeu liberdade à sua alma. 
Pelo seu próprio pecado Jonas chegou ao ventre 
do grande peixe. Contudo, desde o seio do 
inferno clamou e Deus lhe ouviu. “Todo o que 
pede recebe, e o que busca acha e ao que chama 
se lhe abrirá.”. Todo o que. Eu não creio que 
entre os condenados ao inferno haverá alguém 
que se atreva a dizer: “Eu busquei ao Senhor e 
ele me recusou.”. 
Não se achará no dia final da redenção uma só 
alma que possa dizer: “Chamei à porta da 
misericórdia, porém Deus se negou a abrí-la.”. 
Isto não poderá ocorrer de modo algum, porque 
43 
 
Deus não pode negar-se a si mesmo. Ele não 
pode deixar de ser fiel à sua Palavra para a 
cumprir, pois tem dito “Todo o que... recebe, 
acha, abrir-se-lhe-á”. Se tens dúvidas, faça a 
prova, se já tens provado, prova novamente. 
Estás vestido de farrapos? Não importa, todo o 
que pede recebe. Estás imundo pelo pecado? 
Não tem importância, todo o que busca 
encontra. Te sentes como se estiveras de todo 
separado de Deus? Tampouco importa, chama e 
a porta será aberta, para que você seja atendido. 
Quando o Senhor disse estas palavras, ele 
poderia haver recorrido à sua própria vida como 
evidência. Em todo caso, nós podemos nos 
referir à mesma agora e demonstrar que 
ninguém pediu a Cristo sem receber. A mulher 
sirofenícia descobriu que todo aquele que pede 
recebe. A mulher que sofria de hemorragia e 
tocou a veste do Senhor, não estava pedindo, 
estava buscando, e encontrou. 
“Tenho pedido fé”. Diz alguém. Bem, que queres 
dizer com isso? Crer em Jesus é um dom de 
Deus, porém além disso deve ser um ato teu. 
Pensas que Deus crerá por ti, ou que o Espírito 
Santo crê no nosso lugar? Que tem que crer o 
Espírito Santo? Tu deves crer por ti mesmo ou te 
perderás, caso não conheças ainda ao Senhor. 
Ele não pode mentir. Ele tem dito que o que crer 
e for batizado será salvo. Se alguém pede em 
oração para ser salvo, mas não crê ao mesmo 
tempo no Senhor Jesus, não pode ser salvo. 
44 
 
Porque a Palavra não diz: “Ora e serás salvo”, 
mas sim “crê e serás salvo”. Confia no Senhor e 
serás salvo, e tua oração será respondida. 
Se na tua constante comunhão com o Senhor te 
sentes movido a orar pela salvação de 
determinada pessoa, continua orando com 
esperança porque obterás a resposta à tua 
oração. Há muitos que têm tido a resposta às 
suas orações por outros depois de mortos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
Como Suplicar 
 
Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e 
adaptado por Silvio Dutra) 
“Eu sou pobre e necessitado; ó Deus, apressa-te 
em valer-me, pois tu és o meu amparo e o meu 
libertador. Senhor, não te detenhas!” (Sl 70.5). 
Oh! Quantas convicções errôneas temosfixado 
em todas as nossas relações com as pessoas, não 
sabendo a forma de dar a devida honra e 
deferência a quem é digno de honra, conforme 
está determinado pelo Senhor. E com o próprio 
Deus também não sabemos como convém sobre 
a maneira de nos dirigirmos a Ele, e isto é algo 
para ser aprendido ao longo de toda a vida. Mas 
podemos aprender muitas coisas básicas a este 
respeito, e temos um bom professor para isto na 
pessoa de Davi. 
Os pintores, na antiguidade costumavam 
aprender debaixo dos pés dos grandes mestres. 
Eles estavam convencidos de que poderiam 
alcançar mais facilmente os níveis de 
excelência se estivessem na escola de homens 
eminentes. Os homens têm gasto grandes 
somas em dinheiro para que seus filhos possam 
ser aprendizes das pessoas que são as melhor 
preparadas em seus ofícios e profissões. Agora 
se algum de nós quiser aprender a sagrada arte 
46 
 
e mistério da oração, é bom que estude as 
produções dos grandes mestres desta ciência. 
As condições da oração ouvida, em relação ao 
comportamento e à vida do que ora, a sua 
atitude, o objeto de sua petição, e tantas outras 
minúcias, podemos aprender da vida daqueles 
que prevaleceram com Deus na oração. E não 
houve quem melhor entendesse a arte da 
oração do que o salmista Davi. Ele também 
conhecia a forma de louvar, e seus salmos se 
converteram na linguagem dos bons homens de 
todas as épocas. Ele entendeu tão bem como se 
deve orar, que se nós captarmos o seu espírito, e 
seguir sua maneira de orar, teremos aprendido 
a suplicar a Deus da maneira que melhor 
prevalece. Põe diante de ti, em primeiro lugar ao 
Filho e Senhor de Davi, o mais poderoso de todos 
os intercessores, e junto a Ele encontrarás a 
Davi como um dos mais admiráveis modelos 
para ser imitado. 
Então consideraremos nosso texto como uma 
das produções de um grande mestre em 
assuntos espirituais, e o estudaremos orando 
todo o tempo que Deus nos ajude a orar da 
mesma maneira. 
Em nosso texto teremos a alma de alguém que 
suplica com êxito sob quatro aspectos: em 
primeiro lugar, vemos a alma que confessa: “eu 
sou pobre e necessitado”. Logo, temos a alma 
que suplica, porque usa sua pobre condição 
47 
 
como argumento para pedir, e acrescenta: “ó 
Deus, apressa-te em valer-me”. Em terceiro 
lugar podes ver uma alma premida pela 
urgência, porque exclama: “apressa-te”, e varia 
a expressão porém conserva a mesma ideia: 
“Senhor, não te detenhas!”. E tens em quarto e 
último lugar, uma alma que se aferra a Deus, 
porque o salmista o expressa deste modo: “pois 
tu és o meu amparo e o meu libertador.”, assim 
se agarra a Deus com suas mãos, como para não 
deixá-lo ir até haver obtido a bênção. 
I. Então, para começar, vejamos neste modelo 
de súplica UMA ALMA QUE CONFESSA 
O lutador se despe antes de começar a luta, e a 
confissão faz o mesmo pelo homem que está por 
apresentar sua causa diante de Deus. O que 
corre nas pistas da oração não pode esperar o 
triunfo a menos que, por meio da confissão e 
arrependimento e fé, se despoje de todo o peso 
do pecado. Para a salvação da alma é necessário 
que se reconheça pela operação do Espírito, a 
condição de miséria espiritual em que nos 
encontramos por conta do pecado, para que 
Deus possa nos salvar tornando-nos ricos com a 
sua graça. No caso de crentes, que têm 
necessidades específicas, é necessário o 
reconhecimento e pesar diante de Deus destas 
necessidades e da nossa total incapacidade de 
atendê-las. A alma confessa que é pobre e 
necessitada e Deus se move para suprir a vida 
48 
 
daquele que ora com o que for necessário à 
manutenção da sua vida, enquanto ele se 
mantém em obediência e fiel à vontade de Deus, 
porque os seus olhos repousam sobre os justos e 
sobre os que se humilham, mas Ele resiste ao 
soberbo. 
Agora, temos que recordar sempre que a 
confissão é absolutamente necessária para o 
pecado quando busca pela primeira vez ao 
Salvador. O que busca, não pense que achará a 
paz para o seu coração atribulado, enquanto não 
tiver reconhecido a sua transgressão e 
iniquidade diante do Senhor. Pode fazer tudo o 
que desejar, mesmo tentar crer em Jesus, 
porém irá descobrir que a fé dos eleitos de Deus 
não está ainda nele, a menos que esteja disposto 
a fazer uma confissão completa de suas 
transgressões, e desnudar seu coração diante de 
Deus. Geralmente nós não fazemos doações de 
caridade a pessoas que não a necessitam. O 
médico não dá seu medicamento a quem não 
está enfermo. O cego junto ao caminho a 
mendigar. Se ele tivesse dúvida quanto à sua 
cegueira, o Senhor teria passado de largo 
adiante dele. Ele abre os olhos aos que se 
confessam cegos, porém ao demais diz: “porque 
dizeis vemos, o vosso pecado permanece”. Aos 
que eram levados diante dele, perguntava: “Que 
queres que eu te faça” para que sua necessidade 
fosse publicamente reconhecida. Tem que ser 
49 
 
assim para todos nós: devemos oferecer a 
confissão, ou não podemos obter a bênção. 
Permitam-me que fale a vocês que desejam 
encontrar a paz com Deus, e a salvação por meio 
do precioso sangue de Jesus. Vocês farão bem 
em fazer uma confissão muito sincero e muito 
explícita diante de Deus. É certo que vocês não 
têm nada para esconder, porque nada há que 
possam esconder. Ele já conhece a culpa de 
vocês, porém ele quer que vocês a conheçam, e 
por isso manda que a confessem. Entra no 
detalhe dos seus pecados reconhecendo-os 
secretamente diante de Deus. Reconhece a 
maldade do pecado, pede a Deus que lhe faça 
senti-la. Não o trates como se fosse uma coisa 
pequena, porque não é. Deus odeia o mínimo 
pecado. Para redimir o pecador dos efeitos do 
pecado, Cristo mesmo teve que morrer, e de 
outra sorte não poderia haver perdão de 
qualquer pecado, por mínimo que fosse. 
Procure ver o pecado como Deus o vê, como 
uma ofensa contra tudo o que é bom, uma 
rebelião contra tudo o que é amável. Veja o 
pecado como traição, como ingratidão, como 
uma coisa baixa e egoísta. 
Nunca espere que o Rei do céu perdoe a um 
traidor, se este não confessa e abandona sua 
traição. Até o pai mais terno espera que o filho 
se humilhe quando tem causado uma ofensa, e 
não deixará de mostrar-lhe a face franzida até 
50 
 
que ele com lágrimas diga: “pai, tenho pecado”. 
Você se atreve a esperar que Deus se humilhe 
diante de você, e não seria ao contrário que Ele 
te constrangeria a se humilhar a Ele? Você quer 
que Ele faça vista grossa às suas faltas e feche os 
olhos às suas transgressões? Ele terá 
misericórdia, porém é santo. Está disposto a 
perdoar, porém não tolera o pecado, e portanto, 
não pode lhe perdoar se você segue acariciando 
os seus pecados, ou se atreve a dizer: “não tenho 
pecado”. Assim pois dá-te pressa, lhe rogo, e 
apresenta-te diante do trono da graça com isto 
em teus lábios: “Eu sou pobre e necessitado; ó 
Deus, apressa-te em valer-me, pois tu és o meu 
amparo e o meu libertador. Senhor, não te 
detenhas!”. Com tal reconhecimento começas 
bem a tua oração, e por Jesus Cristo prosperarás 
nisto. 
Amados leitores, o mesmo princípio se aplica à 
igreja de Deus. Estamos orando por uma 
demonstração do poder do Espírito Santo nesta 
igreja, para o fim de orarmos com êxito nisto, é 
necessário que unanimemente façamos a 
confissão que se acha em nosso texto: “eu sou 
pobre e necessitado”. Temos que reconhecer 
nisto que carecemos de poder. A salvação é de 
Jeová e não podemos salvar uma só alma. O 
Espírito de Deus está escondido em Cristo, pelo 
que devemos buscá-lo diante do que é o grande 
Cabeça da Igreja. Não podemos enviar o Espírito, 
e nada podemos fazer sem Ele. 
51 
 
Ele sopra onde quer. Devemos sentir isto 
profundamente e reconhecê-lo honestamente. 
Antes de abençoar a sua igreja, Deus quer que 
saiba que a bênção vem completamente dele, 
não com exército, nem com força, senão com o 
seu Espírito, diz o Senhor. 
A lição que aprendemos da experiência que 
Deus concedeu aGideão para confirmar que 
faria por meio dele aquilo que havia designado, 
é muito instrutiva. Lemos em Jz 6.36-40: “Disse 
Gideão a Deus: Se há de livrar a Israel por meu 
intermédio, como disseste, eis que eu porei uma 
porção de lã na eira: se o orvalho estiver 
somente nela, e seca a terra ao redor, então 
conhecerei que hás de livrar a Israel por meu 
intermédio, como disseste. E assim sucedeu; 
porque ao outro dia se levantou de madrugada 
e, apertando a lã, do orvalho dela espremeu uma 
taça cheia de água. Disse mais Gideão: não se 
acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só 
esta vez; rogo-te que mais esta vez faça eu a 
prova com a lã: que só a lã esteja seca, e na terra 
ao redor haja orvalho. E Deus assim o fez 
naquela noite: pois só a lã estava seca, e sobre a 
terra ao redor havia orvalho.”. Gideão tem sido 
retratado nesta passagem como um homem 
cheio de dúvidas, medroso, mas isto não faz 
honra ao seu caráter, porque Deus não teria 
respondido ao coração que duvida do seu poder. 
Vemos de outra forma, uma prova da fé que 
Gideão tinha em Deus, e por isso mesmo foi 
52 
 
chamado por Ele para liderar Israel, pois Ele cria 
que Deus era poderoso para fazer o que fez. 
Vemos uma atitude de prudência e de 
confirmação, de que quem o estava chamando 
era de fato o Senhor, porque nenhum outro 
poderia fazer o que Ele fez. A lição que Deus 
ensinou a Gideão e que também nos ensina 
nesta passagem é que sem o orvalho da sua 
graça nada podemos fazer. Não é porque 
estamos no auge de um ministério que Deus 
normalmente abençoa, ou porque estamos 
numa igreja que Deus normalmente visita com 
sua graça, porém nos faz ver que as visitações do 
seu Espírito são o fruto da sua soberana graça, e 
são dons do seu amor infinito, e não da vontade 
do homem, nem pelo homem. Como disse 
Tomás Fuller: “os ventos de Deus podem mudar 
e serão tão gloriosos de uma maneira como de 
outra.”. Tal qual o Senhor fizera com a lã de 
Gideão, numa noite encharcou a lã com o 
sereno, deixando tudo seco ao redor, e numa 
outra noite fez o contrário, deixou a lã seca e 
encharcou tudo ao seu redor. O pedido de 
Gideão foi sábio, porque o orvalho que cai numa 
região, não pode cair num só pequeno ponto (a 
lã), e não ao redor, como também não pode 
deixar de cair num único pequeno ponto, 
enquanto cai em todo o seu redor. Isto somente 
Deus pode fazer pelo seu poder. Isto nos revela 
que no que se refere especialmente a milagres, 
dependemos inteiramente dele e da sua 
soberana vontade. Somos de fato, diante dele, 
53 
 
pobres e necessitados. Nada podemos fazer 
quando o feito excede a nossa capacidade 
pessoal. Dependemos inteiramente do Espírito 
que age como quer e onde quer e sobre quem 
quer, assim como o vento que sopra onde quer. 
É muito significativo que antes que desse de 
comer aos milhares de pessoas, Jesus pediu que 
os discípulos fizessem antes o inventário das 
provisões que estavam disponíveis, para que 
ninguém dissesse que o milagre foi feito com os 
recursos do próprio homem que estavam 
disponíveis no momento. Quando Jesus 
ordenou aos discípulos que lançassem as redes 
à direita do barco e eles o encheram de peixes, 
ele não fez o milagre até que eles tivessem 
confessado que haviam trabalhado a noite 
inteira e que não tinham conseguido pescar 
nenhum peixe. Assim, souberam que naquele 
milagre o êxito foi inteiramente devido ao seu 
Senhor. Devemos entender e aprender isto, e 
quanto mais cedo o consigamos, melhor. 
Por isso dou graças a Deus quando nos limpa a 
alma de toda autosuficiência e vaidade e 
bendigo o seu grande nome quando nos levar a 
sentir a pobreza de nossa alma como igreja, 
porque é certo que então virá a bênção. 
Um pai e crente fiel, chora porque o dinheiro 
mal dá para pagar as contas e já não pode ofertar 
e ajudar a outros como gostaria, e na sua 
pobreza financeira chora diante de Deus, não 
54 
 
murmurando, mas prosseguindo com sua alma 
grata e satisfeita ao Senhor, mesmo com o quase 
nada que tem, reconhece sua pobreza e 
necessidade, e incapacidade de inverter a 
situação, porque todas as portas parecem ter 
sido fechadas. Não demora muito e a resposta 
vem do céu trazendo a provisão necessária para 
tornar aquele coração confiante na certeza de 
que há um Deus no céu que cuida de cada uma 
das nossas necessidades. 
Quando o fogo vem do céu como resposta à 
nossa oração, dá-se o mesmo que se deu com 
Elias, podemos colocar água, uma, duas, três 
vezes sobre o altar onde nos oferecemos como 
sacrifício vivo e santo ao Senhor, e o fogo 
queimará a oferta, e nenhuma água poderá 
apagá-lo. Se nesta igreja, se deseja que o Senhor 
nos abençoe grandemente, o Senhor pode 
enviar-nos a prova de derramar água, uma, 
duas, ou três vezes. Pode desalentar-nos, afligir-
nos, provar-nos e fazer-nos esmorecer, até que 
vejamos que não é o pregador, nem a 
organização, não é o homem senão 
completamente de Deus, o Alfa e o Omega, que 
vem a bênção da igreja, daquele que opera todas 
as cousas de acordo com o conselho da sua 
vontade. Assim, tenho demonstrado que para 
ter uma boa sessão de oração o melhor é 
começar com a confissão de que somos pobres e 
necessitados. Aprendamos com o rei Davi que 
prevaleceu diante de Deus. 
55 
 
II. Em segundo lugar, quando a alma se tem 
despojado do peso dos méritos e da 
autosuficiência, e começa a orar, então nos 
encontramos diante de UMA ALMA QUE 
SUPLICA. 
“Eu sou pobre e necessitado; ó Deus, apressa-te 
em valer-me, pois tu és o meu amparo e o meu 
libertador. Senhor, não te detenhas!”. O leitor 
cuidadoso notará quatro súplicas neste único 
versículo. 
Deus é quem tudo faz. É quem opera o querer e 
o efetuar. Mas você tem que atender as 
condições que Ele mesmo estabeleceu para 
abençoar o seu povo: obediência à sua vontade, 
à sua Palavra, e isto implica muitas coisas. Lutar 
com Ele em súplica, ser submisso a quem é 
devido, amar com apreço os pastores, o cônjuge, 
os filhos, enfim, andar em fidelidade nos seus 
deveres para com o Senhor, guardando a sua 
Palavra e esforçando-se para honrar o seu 
nome. A bênção virá no entanto não pelo nosso 
mérito decorrente da nossa obediência, esta é 
condição, mas não é a causa, a causa é sempre o 
próprio Senhor, lembre-se sempre que somos 
pobres e necessitados, nada há em nós, mesmo 
em nossa fidelidade que nos recomende à 
benção de Deus. 
Sobre este tema quero destacar que é hábito da 
fé, quando está orando, usar súplicas. Que sejam 
até mesmo suspiros do coração, mas que sejam 
56 
 
expressões da alma que se move diante do Deus 
vivo e procura o seu socorro e auxílio. Os que são 
simples pronunciadores de orações, de 
nenhum modo estão orando, porque se 
esquecem de se oferecer a Deus. Porém aqueles 
que querem prevalecer, oferecem suas razões e 
seus poderosos argumentos e debatem a 
questão com Deus. Os que lutam o fazem de 
acordo com certas regras. Têm um estilo de se 
lançar sobre o oponente. E a arte da luta da fé é 
suplicar a Deus, e dizer com ousadia: “que seja 
assim e assim, por tais e tais razões”. 
Quando Jacó temia seu irmão Esaú, ele se 
colocou diante de Deus e lembrou-Lhe que ele 
estava vindo àquele lugar em obediência a Ele e 
que Ele lhe havia prometido que lhe faria bem. 
Estando em grande aperto, se firmou na 
promessa do Senhor: “Disseste: eu te farei 
bem.”. E o Senhor o ouviu e o abençoou. 
Irmãos, aprendemos assim a suplicar com os 
preceitos e promessas, e com qualquer outra 
coisa que possa servir-nos; porém tenhamos 
sempre algo em que basear nossa súplica. Não 
faças conta de ter orado se não tens 
argumentado porque o argumentar é a medula 
mesma da oração. O que suplica com 
argumentos conhece o segredo de prevalecer 
com Deus, especialmente se apela ao sangue de 
Cristo, porque isso abre a fechadura dos 
tesouros celestiais. 
57 
 
A fé invocará ousadamente todas as relações da 
graça de Deus. Poderás Lhe dizer: “Não és tu o 
Criador?Desampararás a obras das tuas mãos? 
Não és o Redentor? Normalmente a fé se deleita 
em lançar mão da paternidade de Deus. “Tu és 
Pai e nos castigarás e matarás? Um pai e não 
proverás? Um pai e não te compadeces e nem 
tens misericórdia? Um pai e negas o que teu 
filho pede?”. 
Os que oram de verdade são como pessoas 
sérias que vão ao banco sacar dinheiro. Elas não 
saem da agência até que tenham retirado o seu 
dinheiro. Assim, são pessoas frívolas aqueles 
que jogam a oração, digo que jogam, porque não 
pedem com seriedade e não esperam o 
recebimento da resposta de Deus, e assim são 
pessoas puramente frívolas, que não honram ao 
Senhor. Não lhe dão a oportunidade de provar a 
sua completa fidelidade. O Senhor não está 
jogando ou brincando quando faz promessas. 
Não foi um jogo quando derramou o seu sangue, 
e não devemos converter a oração numa 
frivolidade, orando com um espírito que nada 
espera. 
O Espírito Santo é sério e nós devemos também 
ser sérios. Devemos ir em busca de uma bênção, 
e não ficarmos satisfeitos até que a tenhamos 
alcançado. Como o caçador, não fica satisfeito 
por haver corrido, tantas milhas, e não está 
contente até que tenha colhido uma presa. 
58 
 
Ademais, a fé apela às proezas de Deus. 
Contempla o passado e diz: “Senhor, tu me 
salvaste em tais e tais ocasiões, me faltarás 
agora?”. “Tens me trazido até este ponto para 
que ao final seja posto em vergonha?”. A fé 
conhece as antigas misericórdias de Deus, e as 
converte em argumentos para obter favores 
presentes. Porém todo teu tempo se terá ido se 
tratas de mostrar sequer a milésima parte dos 
argumento da fé. 
Contudo, às vezes os argumentos da fé são 
muito singulares. Como ocorre no nosso texto, 
de nenhum modo se conforma às regras da 
orgulhosa natureza humana ao suplicar: “Eu 
sou pobre e necessitado, oh Deus apressa-te em 
socorrer-me”. Esta não é a maneira com que os 
homens suplicam, porque dizem: “Senhor, tem 
misericórdia de mim, porque não sou tão 
pecador como os outros.”. Porém a fé faz sua 
leitura sob uma luz mais realista, e baseia seus 
argumentos na verdade. “Senhor, posto que 
meu pecado é grande, e tu és o grande Deus, que 
tua misericórdia seja concedida a mim.”. 
Vocês conhecem a história da mulher siro-
fenícia. É um grande exemplo da ingenuidade 
do arrazoamento da fé. Veio a Cristo a suplicar 
por sua filha, e ele não lhe respondeu palavra 
alguma. Que creem que disse seu coração? 
“Bem, está bem, porque não me tem recusado. 
Posto que não tem falado não me tem 
59 
 
recusado.”. Animando-se com isto, começou a 
suplicar de novo. Deste vez Jesus lhe falou de 
forma um tanto áspera, e então seu valente 
coração disse: “Por fim tenho alcançado o que 
esperei. Logo terei uma obra maravilhosa.”. Isso 
também a alegrou, e então, quando Ele a 
chamou de cachorro, ela respondeu: “porém 
um cachorrinho é parte da família, tem alguma 
conexão com o amor da casa. Embora não coma 
à mesa, recebe as migalhas que caem dela, e 
agora te tenho a ti, grande Amo, ainda que seja 
um cachorrinho. A grande misericórdia que te 
estou pedindo, embora seja muito grande para 
mim, para ti é somente uma migalha. Conceda-
ma te rogo.”. Poderia fracassar o que estava 
pedindo? Impossível. Quando a fé tem um 
desejo, sempre encontra um caminho, e obterá 
a vitória quando todas as coisas pressagiam uma 
derrota. Ainda que o próprio Deus nos ponha à 
prova indicando que não está muito interessado 
em resolver nossos problemas. 
Não é um argumento contundente afirmar que 
estamos aflitos e necessitados. Não é esse o 
principal argumento diante da benevolência, 
seja humana ou divina? Não é nossa 
necessidade a melhor razão que podemos 
oferecer? 
III. No ponto seguinte devo ser breve. É UMA 
ALMA PREMIDA PELA NECESSIDADE 
60 
 
“Apressa-te em valer-me, pois tu és o meu 
amparo e o meu libertador. Senhor, não te 
detenhas!”. Podemos pedir urgência a Deus, se 
todavia não somos salvos, porque nossa 
necessidade é urgente. Estamos em perigo 
constante, e perigo da pior espécie. Oh, pecador, 
dentro de uma hora, dentro de um minuto, 
podes encontrar-te onde a esperança já não te 
visitará mais. Portanto, clama: “Dá-te pressa, 
Oh, Deus, livra-me, apressa-te em socorrer-
me!”. O teu caso é um que não admite demoras. 
Não tens tempo para perder. És uma alma 
premida, porque tua necessidade é urgente. E 
recorda, se estás realmente numa necessidade, 
e o Espírito está operando em ti, terás a sensação 
de urgência e deves atuar com urgência. Um 
pecador comum poderia contentar-se com 
esperar, porém um pecador vivificado quer 
misericórdia agora mesmo. Um pecador morto 
permanecerá quieto, porém um pecador 
vivificado não pode descansar até que o perdão 
tenha sido selado em sua alma. Se tens urgência 
agora, fico contente com isso, porque na tua 
urgência alcançarás a posse da vida espiritual. 
Quando já não podes viver sem um Salvador, o 
Salvador virá a ti, e tu te regozijarás nele. 
Irmãos, membros desta igreja, a mesma 
verdade tem valor para vocês. Deus virá para 
abençoá-los, e virá prontamente, quando a 
sensação de urgência se faça mais profunda e 
urgente. Oh, quão grande é a necessidade desta 
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igreja! Não se acostume ao seu fracasso. Não se 
acostume à sua enfermidade, se esta é 
espiritual. Não se acostume á frieza de coração. 
Isto nos fará mundanos, nos colocará longe da 
santidade, nos dividirá, trará discórdias de todas 
as espécies. Satanás se regozijará, e Cristo será 
desonrado, a menos que obtenhamos uma 
maior medida do Espírito Santo. Nossa 
necessidade, então receberemos a bênção que 
desejamos se a buscarmos com o espírito de 
urgência em Deus. De minha parte, irmãos e 
irmãs, desejo sentir um espírito de urgência 
dentro de minha alma enquanto suplico a Deus 
o orvalho de sua graça descendo sobre esta 
igreja. Jesus tem dito que devemos orar sempre 
e não desmaiar. Deus nos tem convidado a nos 
aproximarmos do trono da graça. Ele te motiva, 
te ordenando que acudas a Ele, e tem prometido 
que tudo o que pedirmos em oração, crendo, o 
receberemos. Então venha com urgência, venha 
em forma importuna, venha com esse 
argumento: “estou pobre e necessitado, não te 
detenhas, oh Deus meu”, e seguramente virá 
uma bênção, não tardará. Que Deus nos conceda 
o poder de vê-la, para que lhe demos toda a 
glória. 
IV. Esta é outra parte da arte e mistério da 
oração: A ALMA QUE SE AFERRA A DEUS. 
A alma tem suplicado, tem mostrado a urgência, 
e agora se aproxima de Deus e se agarra a Ele. 
62 
 
Agarra-o com uma das mãos e diz? “Tu és minha 
ajuda”, e com a outra mão: “Tu és meu 
libertador.”. 
Agora, pecador, possa Deus ajudá-lo a dizer 
nesta manhã ao bendito Cristo de Deus: “Tu és 
minha ajuda e meu libertador.”. Talvez te 
queixes de não poder ir longe, porém, pobre 
alma, tens outra ajuda? Se a tens, não podes ter 
dois ajudadores em uma só mão. “Oh, não,”, 
digas, “não tenho ajuda alguma. Não tenho 
esperanças senão em Cristo.”. Então, pobre 
alma, posto que tens as mãos vazias, essa mão 
vazia foi preparada intencionalmente para 
aferrar-se a teu Senhor. Aferra-te a Ele. O 
Senhor ama a ousadia dos pobres pecadores. 
“Oh”, diz alguém, “porém sou tão indigno. “Ele 
veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Ele 
não é Salvador dos que se creem justos. Ele é 
Salvador dos pecadores: “amigo dos pecadores.” 
é seu nome. Tu que te sentes indigno, aferra-te 
a Ele. “Oh,”, diz alguém. “porém não tenho 
direito”. Bem, posto que tu não tens direito, tua 
necessidade será teu clamor: é tudo o que 
necessitas pedir. Parece-me ouvir alguém que 
diz: “é demasiado tarde para que eu suplique 
pedindo graça. “Não pode ser, é impossível, 
enquanto vivas e desejes a graça, não será 
demasiado tarde para buscá-la. 
Qualquer momento é o tempo oportuno para 
invocar o nome de Jesus. Assim não deixes que o 
63 
 
diabo te tente com o pensamento de que é 
demasiado tarde. Acode a

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