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Profa. Ma. Marina Della Torre UNIDADE II Teoria Geral do Processo Penal 1. Princípios constitucionais explícitos 1.1- Concernentes ao indivíduo: a) Presunção de inocência - CF, art.5º, LVII. b) Ampla defesa - CF, art. º, LV. c) Plenitude de defesa - CF, art. 5º, XXXVIII, alínea “a”. 1.2 - Concernentes à relação processual: a) Princípio do contraditório - CF, art. 5º, LV. Princípios constitucionais do processo penal 1.3 – Concernentes à atuação do estado: a) Juiz natural - art. 5º, LIII, CF. b) Publicidade - art. 5º, LX, XXXIII e art. 93, IX, CF. c) Vedação das provas ilícitas - art. 5º, LVI, CF. d) Economia processual - art. 5º, LXXVIII, CF. e) Regentes do tribunal do júri (sigilo das votações; soberania dos veredictos e competência para crimes dolosos contra a vida) - Art. 5º, XXXVIII, alíneas b, c, d, CF. f) Legalidade estrita da prisão cautelar - Art. 5º, incisos, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV, LXVI, LVIII, CF. 1.4 - Princípio constitucional geral do processo penal: a) Devido processo legal - art. 5º, LIV, CF. Princípios constitucionais do processo penal 2. Princípios constitucionais implícitos 2.1- Concernentes ao indivíduo: a) Prevalência do interesse do réu (in dubio pro reo); b) Ninguém será obrigado a produzir prova contra si mesmo. 2.2 - Concernentes à relação processual: a) Princípio da iniciativa das partes; b) Duplo grau de jurisdição. 2.3 – Concernentes à atuação do Estado: a) Juiz imparcial; b) Promotor natural e imparcial; c) Obrigatoriedade da ação penal pública e da indisponibilidade da ação penal; d) Oficialidade; e) Intranscendência; f) Vedação da dupla punição e do duplo processo pelo mesmo fato; g) Duração razoável da prisão cautelar. Princípios constitucionais do processo penal 3. Princípios do processo penal 3.1 - Concernentes à relação processual: a) Busca da verdade real; b) Oralidade, concentração, imediatidade e identidade física do juiz; c) Indivisibilidade da ação penal privada; d) Comunhão da prova. 3.2 – Concernentes à atuação do estado: a) Impulso oficial; b) Persuasão racional; c) Colegialidade. Princípios constitucionais do processo penal Questão: De acordo com os princípios constitucionais de processo penal, assinale a alternativa correta. a) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a imparcialidade do Juiz pode ser de natureza subjetiva ou objetiva. b) Ao acusado que estiver sob o patrocínio da Defensoria Pública para o exercício de sua defesa, não será estendida a garantia da paridade de armas. c) O princípio do contraditório abrange apenas a ciência dos atos processuais no âmbito do procedimento. d) A ampla defesa é uma garantia própria do Tribunal do Júri. e) A defesa técnica é irrenunciável, por se tratar de garantia da própria jurisdição. Interatividade Questão: De acordo com os princípios constitucionais de processo penal, assinale a alternativa correta. a) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a imparcialidade do Juiz pode ser de natureza subjetiva ou objetiva. b) Ao acusado que estiver sob o patrocínio da Defensoria Pública para o exercício de sua defesa, não será estendida a garantia da paridade de armas. c) O princípio do contraditório abrange apenas a ciência dos atos processuais no âmbito do procedimento. d) A ampla defesa é uma garantia própria do Tribunal do Júri. e) A defesa técnica é irrenunciável, por se tratar de garantia da própria jurisdição. Resposta Atividade – período situado entre a entrada em vigor e a revogação de uma lei, durante o qual ela está viva, vigente, produzindo efeitos e alcançando todas as situações ocorridas sob a sua égide. Extratividade – é a incidência de uma lei fora do seu período de vigência. se for anterior à sua entrada em vigor, chama-se retroatividade. Se for posterior, surge a ultratividade. Só excepcionalmente uma lei alcança um período anterior à sua vigência ou posterior à sua revogação. Salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada. Esse período é chamado de vacatio legis, em que a lei ainda não é eficaz, não podendo produzir nenhum efeito. Eficácia da lei processual no tempo Art. 2º do CPP – rege as normas processuais, segundo o qual “a lei processual aplicar-se-á, desde logo, sem prejuízo dos atos realizados sob a vigência de lei anterior.” Isso significa que o legislador adotou o princípio da aplicação imediata das normas processuais: o ato processual será regulado pela lei que estiver em vigor no dia em que ele for praticado (tempus regit actum). Os atos anteriormente praticados não serão retroagidos, pois eles permanecem válidos, já que praticados segundo a lei da época. A lei processual só alcança os atos praticados a partir da sua vigência (dali para frente). Lei mais severa – As normas de natureza processual aplicam-se aos processos em andamento, ainda que o fato tenha sido cometido antes de sua entrada em vigor e mesmo que sua aplicação se dê em prejuízo do agente. É que sua aplicação no tempo não se encontra regida pelo art. 5º, XL, CF, o qual proíbe a lei retroagir para prejudicar o acusado. Esse dispositivo se refere somente à lei penal e não processual. Eficácia da lei processual no tempo A lei processual não se interessa pela data em que o fato foi praticado. Pouco importa se cometido antes ou depois da sua entrada em vigor, pois ela retroage e o alcança, ainda que mais severa. Da aplicação do princípio tempus regit actum derivam dois efeitos: 1. Os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior são considerados válidos e não são atingidos pela nova lei processual, a qual só vige dali em diante. 2. As normas processuais têm aplicação imediata, pouco importando se o fato que deu origem ao processo é anterior à sua entrada em vigor. Encerra-se a vigência da lei com sua revogação expressa ou tácita. Uma lei só pode ser revogada por outra que determine expressamente a cessação de sua eficácia, ou, ainda, que seja incompatível ou regule inteiramente a matéria anteriormente tratada (revogação tácita). Revogada uma lei processual, não mais poderá ser aplicada, uma vez que a incidência da posterior será imediata, regulando o processo daí em diante. Eficácia da lei processual no tempo Entrada em vigor de lei processual nova quando o prazo recursal já havia se iniciado – De acordo com o art. 3º da Lei de Introdução do Código de Processo Penal (Decreto-lei n.3.931/41), “o prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do que o fixado no Código de Processo Penal”. Tal regra, embora trate especificamente da entrada em vigor do CPP, em 1º de janeiro de 1942, pode ser aplicada, por analogia, a todos os prazos que estejam em curso quando da entrada em vigor de uma nova lei processual. Eficácia da lei processual no tempo A natureza penal ou processual de uma norma deve ser verificada de acordo com o seu conteúdo, e não meramente pelo instrumento legislativo em que está contida, posto que existem, excepcionalmente, regras de conteúdo processual no Código Penal (pedido de explicações em juízo nos crimes contra a honra – art.144, do CP) e vice-versa. São as chamadas normas heterotópicas. Assim como existem leis que tratam integralmente de determinados crimes e que, em razão da sua abrangência, contêm normas de direito material e também processual, como a Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas) que além de definir os crimes e as penas dos delitos ligados a entorpecentes, prevê o respectivo procedimento apuratório. Eficácia da lei processual no tempo Para se estabelecer quando uma norma tem conteúdo penal ou processual, podem ser utilizados os seguintes critérios: a) Aquela que cria, extingue, aumenta ou reduz a pretensão punitiva ou executória do Estado, tem natureza penal.Exemplos: Lei que cria ou revoga causas extintivas da punibilidade; que aumenta ou reduz a pena; que altera o prazo prescricional ou decadencial; que cria ou revoga causa interruptiva ou suspensiva da prescrição etc. b) Aquela que gera efeitos exclusivamente no andamento do processo, sem causar alterações na pretensão punitiva estatal, tem conteúdo meramente processual. Exemplos: a que cria novas formas de citação; que trata dos prazos procedimentais ou recursais; que estabelece o número máximo de testemunhas; que dispõe sobre a forma e o momento da oitiva de testemunhas ou do interrogatório do acusado em juízo etc. Eficácia da lei processual no tempo Normas híbridas ou mistas: São aquelas que possuem conteúdo concomitantemente penal e processual, gerando, assim, consequências em ambos os ramos do Direito. Em tais casos, em atenção à regra do art. 5º, XL, da CF, a lei nova deve retroagir sempre que for benéfica ao acusado, não podendo ser aplicada ao reverso, para prejudicar o autor do delito praticado antes da sua entrada em vigor. Resumindo: se a lei nova contiver conteúdo misto (penal e processual) e tornar maiores os requisitos para a obtenção do benefício, não poderá ser aplicada àqueles que tenham cometido o delito antes de sua entrada em vigor. Eficácia da lei processual no tempo A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas no território brasileiro, sem prejuízo das convenções, tratados e regras de direito internacional. Vigora o princípio da territorialidade (lex fori ou locus regit actum), segundo o qual, os processos e julgamentos realizados no território brasileiro, aplica-se a lei processual penal nacional (soberania nacional). A territorialidade vem consagrada no art.1º do CPP. Eficácia da lei processual penal no espaço Exceções – as exceções mencionadas neste artigo não são exceções à territorialidade da lei processual brasileira, mas apenas à territorialidade do Código Processual Penal. É possível também a aplicação de outras normas processuais positivadas na C.F. em leis extravagantes, por exemplo, nos casos de crimes de responsabilidade, de crimes militares, eleitorais, falimentares, entorpecentes, infrações de menor potencial ofensivo etc. O inciso I – contempla verdadeira hipótese de excludente da jurisdição criminal brasileira, isto é, os crimes serão apreciados por tribunais estrangeiros segundo suas próprias regras processuais. A lei processual brasileira também se aplica aos atos referentes às relações jurisdicionais com autoridades estrangeiras que devem ser praticados em nosso país, por exemplo, o cumprimento de carta rogatória, homologação de sentença estrangeira, procedimento de extradição etc. Eficácia da lei processual penal no espaço Regra: Não se confunde o fato criminoso com o processo penal que o apura. Quando uma infração penal é cometida fora do território nacional, em regra, não será julgada no Brasil. Exceção: existem, entretanto, algumas hipóteses excepcionais de extraterritorialidade da lei penal brasileira em que será aplicada a lei nacional embora o fato criminoso tenha se dado no exterior. Ex: crime contra a vida ou liberdade do Presidente da República (art. 7º, I, a,, do CP). Neste caso, é claro que o trâmite da ação penal deverá obedecer as regras do CPP brasileiro, uma vez que a ação penal tramitará no Brasil. Em resumo: A lei penal brasileira pode ser aplicada a fato ocorrido no exterior (extraterritorialidade da lei penal), mas a ação penal seguirá os ditames da lei processual brasileira (territorialidade da lei processual). Para que fosse possível se falar em extraterritorialidade das regras processuais nacionais, seria preciso que o CPP brasileiro fosse aplicado em ação em tramitação no exterior, o que não existe. Extraterritorialidade da lei penal e territorialidade da lei processual Questão: A lei processual penal tem eficácia em todo território nacional. Isto, porque a norma processual tem por objeto disciplinar a atividade estatal (jurisdição), e essa atividade é manifestação do poder soberano do Estado, desse modo, não poderia ser regulada por leis estrangeiras. Diante dessa assertiva, explique, de maneira objetiva, no que consiste a “eficácia da lei processual penal no espaço”. Qual o princípio por ela adotado? É possível a aplicação do Código de Processo Penal Brasileiro fora do território nacional? Qual o significado das exceções contidas no art. 1º do CPP? Explique. Interatividade Questão: A lei processual penal tem eficácia em todo território nacional. Isto, porque a norma processual tem por objeto disciplinar a atividade estatal (jurisdição), e essa atividade é manifestação do poder soberano do Estado, desse modo, não poderia ser regulada por leis estrangeiras. Diante dessa assertiva, explique, de maneira objetiva, no que consiste a “eficácia da lei processual penal no espaço”. Qual o princípio por ela adotado? É possível a aplicação do Código de Processo Penal Brasileiro fora do território nacional? Qual o significado das exceções contidas no art. 1º do CPP? Explique. Resposta: O dispositivo acima mencionado, de forma bastante evidente, determina, como regra geral, a aplicação do princípio da territorialidade, segundo o qual a norma processual a ser aplicada é aquela vigente no local em que se realiza o ato processual. Nosso ordenamento jurídico adotou, portanto, o princípio da territorialidade, que, no entanto, não é absoluto, comportando exceções previstas em convenções, tratados e regras de direito internacional (territorialidade temperada). As exceções previstas no referido artigo são alternativas à aplicação do CPP, trazendo regras de natureza processual previstas também na legislação brasileira que não seja o CPP. NÃO são, portanto, exceções ao princípio da territorialidade. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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